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Autobiografia

Sou o Ricardo da Silva Ferreira e a vida começou para mim a 4


de Fevereiro de 1980, era uma da tarde quando dei o primeiro grito
ao mundo a anunciar a minha chegada. Logo aí fui uma desilusão
para os meus pais que esperavam uma rapariga e saiu mais um
menino para arreliar mesmo os mais pacientes.
Sou o mais novo com cinco anos de diferença para outro rapaz
que acho que foi o único a ficar radiante com a vinda de mais um
rapaz para partilhar as brincadeiras. A minha infância foi normal, ou
seja, fui feliz a minha maneira, tive uma educação que considero
muito boa, embora os meus pais estivessem muito ausentes devido a
questões profissionais.
Na minha adolescência o tempo era repartido entre a escola e
casa. Fui sempre um bom aluno, nunca ninguém chamou a atenção e
cumpria sempre o que me era proposto. Cheguei ao 12º ano e como
sempre acabei o terceiro período com aproveitamento e faltava o
derradeiro obstáculo, os exames nacionais.
O meu irmão entretanto tinha-se tornado agente da Guarda
Nacional Republicana e as histórias e aventuras que contava eram
cativantes ao ponto de indirectamente me influenciar a seguir o seu
trajecto. Coincidência as provas de ingresso foram no mesmo período
que os exames nacionais e apenas conseguia estudar para um deles,
tomei uma decisão, tentei a minha sorte para um futuro que me
parecia interessante, a G.N.R, mas infelizmente algo burocrático
aconteceu que originou que, apenas recebesse a carta a marcar o
exame 1 dia antes do mesmo com a matéria que iria sair, como é
obvio tornou-se uma tarefa muito difícil o que se veio a confirmar com
o reprovamento do teste. A desilusão foi enorme porque tinha perdido
duas oportunidades.
Era tempo de tentar dar um rumo a minha vida profissional e
surgiu a oportunidade de trabalhar numa loja de informática, coisa
que sempre me agradou porque como qualquer jovem com 18 anos
passava muitas horas frente a um computador. Tive pouco tempo
porque me foi dada a hipótese de ingressar no ramo da hotelaria
muito mais perto de casa e com outras condições. Não hesitei e fui
admitido no Casino de Espinho na área do bingo, mas cedo se veio a
revelar uma desilusão porque a minha maneira de ser não pactuava
com certas atitudes ilícitas que estava sujeito e então logo comecei a
tentar uma alternativa consoante os meus estudos. Com muita sorte
felizmente encontrei o que viria a ser um marco importante na minha
vida, uma empresa metalúrgica em Rio Meão de renome que me
deram a oportunidade de chefiar uma secção não obstante da minha
inexperiência e idade.
Foi uma adaptação rápida e produtiva para ambas as partes,
enriqueci muito a minha experiência e a minha percepção humana
dos problemas e relações entre as pessoas. Tinham todos mais idade
Ricardo Ferreira – 3º Trabalho
do que eu, idade para serem meus pais, e no entanto o respeito era
mutuo e gratificante. Amadureci ao saber ouvir cada um com as suas
diferenças, criamos entre todos uma grande empatia e isso reflectia-
se no trabalho. Fiz grandes amigos, chorei com eles, sorri com eles,
tivemos despedidas dramáticas, tivemos situações hilariantes.
Como tudo na vida muda, o meu caso não foi excepção.
Mudaram-se chefias a nível da administração e entraram com o apoio
do estado novos colegas com habilitações a nível académico e
originou mudanças que vieram por fim a afectar-me, mas com sorte
mantive-me ao mesmo nível e junto da “família” que trabalhava.
Como um infortúnio nunca vem só, um famigerado degrau mudou
tudo, tropecei e contraí uma lesão grave de ligamentos que resultou
numa estadia dolorosa entre casa e hospitais durante quase um ano e
meio o que veio a tornar-se fatal numa renovação de contrato.
Ao fim de 3 anos saí dessa empresa deixando muito e bons
amigos que ainda hoje me convidam para convívios deles onde sou
muito acarinhado. Depois de parcialmente curado da lesão e na altura
em que iria começar a lutar outra vez para entrar no ritmo de vida
profissional para o qual todos ou quase todos temos que nos sujeitar
tive outro infortúnio, devido a doença de um familiar tive que
permanecer em casa para lhe prestar assistência. Situação que hoje
não lamento porque o teria repetido sem hesitações.
Tive assim quase 1 ano e meio até que por fim o sofrimento de
todos acabou da maneira já esperada e vi-me novamente “livre” para
ter que tentar dar novo rumo a vida. E agora com 28 anos inscrevi-me
no centro de novas oportunidades para tentar acabar os estudos para
ter mais um trunfo nesta “luta” comum a todos.
Tomei conhecimento deste curso e não pude hesitar e “atirei-me”
de cabeça para conseguir entrar porque é uma dupla oportunidade de
alcançar o objectivo de completar os estudos e ter uma formação
numa área que sempre me fascinou e com a qual tenho uma
proximidade grande visto que 90% dos meus familiares são da área.
Esta é para já a minha curta experiência de vida, sendo isto apenas
um pequeno resumo de tudo a que fui sujeito para o mal e para o
bem.
È vivendo que se sabe viver. Tudo na vida é uma lição de vida até
nos pormenores que julgamos insignificantes. Foi-me facultado esta
pequena reflexão á qual eu me senti de imediato e intimamente
ligado: “ Vive a vida e os momentos como se fossem os últimos,
aproveita tudo o que te é possível aproveitar para que um dia quando
morreres descobrires que não vives-te”, fiz disto o meu lema, CARPE
DIEM.
Espero que tudo o que possa deixar cá nesta vida sirva de lição
boa ou má para que outros a possam viver melhor do que eu…

Ricardo Silva Ferreira

Ricardo Ferreira – 3º Trabalho

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