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IN D IC E

EDITORIAL - Valter Cardoso Junior Pag 02

O CURSO DE CIÊNCIAS DA RELIGIÃO DO


USJ: IDENTIDADES E DESAFIOS - Marivone
Piana Pag 03

RELIGIÃO: ARTE OU CIÊNCIA - Diógenes


Braga Ramos Pag 05

MULHERES E RELIGIÃO - Jaqueline Zarbato Pag 05

Dar Esmola ou Incentivar o Desenvolvimento da


Consciência - Sandra Goedert Pag 06

QUAIS AS VANTAGENS DO
"DESCOBRIMENTO DO BRASIL"? - Anelise
Eli Gonzaga Pag 07

PROPOSTA DE REDAÇÃO:DESAFIO
PROPOSTO NA DISCIPLINA LITERATURA E
PRODUÇÃO DE TEXTO II DA PROFESSORA
ANGELITA MENDES - VALTER CARDOSO
JUNIOR Pag 09

CRISE EXISTENCIAL: ENTENDENDO O


ABSURDO DA VIDA - Fábio Dias Silveira Pag 10

DESPERTA PARA O INTER RELIGIOSO -


Ricardo Oliveira Pag 11

FRAGMENTOS Pag 12

APOIO Pag 12

EQUIPE Pag 13

CONTATO Pag 13

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EDIÇÃO I - ANO I - JUNHO/2010

REVISTA BI-MESTRAL DE CIÊNCIAS DA


R E L IG IÃ O E E N S IN O R E L IG IO S O

EDITORIAL

Um grande orgulho para todos os munícipes de São José e em especial nós acadêmicos, é o Centro
Universitário Municipal.
Somos cerca de 1.200 acadêmicos trilhando nosso caminho universitário nas Ciências da
Administração, Contábil, Pedagógica e das Ciências da Religião.
Não temos duvidas de nossas responsabilidades e compromisso com nosso Município e com nossa
comunidade.
Especificamente, nós acadêmicos do Curso de Ciências da Religião, que neste segundo semestre
de 2010, estaremos priorizando trabalhos de pesquisa que visam oferecer um olhar mais tolerante e um
dialogo aberto de cunho inter-religioso.
Assim, a criação desta revista, hoje em caráter experimental, tem por objetivo criar espaço para
nossos mestres e companheiros acadêmicos de Ciências da Religião, colocarem seus conhecimentos e
multiplicando idéias.
Sabemos que a religião é um tema difícil de ser trabalhado, sabemos também, que muitos
problemas ao se discutir este tema, nascem exatamente da incapacidade de entendermos o diferente.
Por este motivo estamos buscando compreender que a religião não é somente o que acontece nas
igrejas, templos, mesquitas, seitas e filosofias religiosas, ela transcende em nossa cultura, por isso se faz
necessário expandir nosso conhecimento para dimensionar exatamente as suas influências no dia a dia de
nossa ou outra qualquer comunidade.
Neste sentido, todos nós, acadêmicos de Ciências da Religião, Administração, Pedagogia e
Contabilidade, colocamo-nos a disposição de nossas autoridades e principalmente de nossa comunidade,
para que conheçam a nossa firme vontade de sermos multiplicadores dos conhecimentos aqui adquiridos,
para repassar aos nossos futuros alunos e ou empregá-los nas empresas que atuam em nosso município, e
que com certeza absorverão nossa mão de obra, que esperamos seja a mais qualificada possível.

Valter Cardoso Junior


Acadêmico da 4ª fase da Faculdade Ciências da Religião do Centro Universitário Municipal de São José/SC

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EDIÇÃO I - ANO I - JUNHO/2010

ESPAÇO DE MESTRE sobre o fenômeno religioso. O Projeto Pedagógico


do Curso destaca:
O C U R S O D E C IÊ N C IA S D A R E L IG IÃ O
D O U S J : ID E N T ID A D E S E D E S A F IO S O Curso de Ciências da Religião, no USJ, é composto por
diferentes áreas de conhecimento que fazem uma leitura do
Drª Marivone Piana: Professora do Centro Universitario fenômeno religioso sob diferentes aspectos. Dentre os vários
Municipal de São José (USJ) campos possíveis de leitura, estabelecemos um olhar a partir
dos seguintes eixos: Filosófico; Histórico; Sociológico;
IN T R O D U Ç Ã O Antropológico; Psicológico; e Educacional.
Estes eixos norteadores constituem o campo das Ciências da
O Curso de Ciências da Religião do USJ Religião, sem desconsiderar outras áreas de conhecimento
(Centro Universitário Municipal de São José) é que também são fundamentais, mas que estão no Curso aqui
uma iniciativa que se coloca como pioneira no proposto com articulação entre os demais, como é o caso da
Estado de Santa Catarina, por pretender, além de Teologia, da Geografia, da Epistemologia, entre outros. (USJ,
formar Licenciados em Ensino Religioso, formar, 2008, p. 5).
também, Cientistas da Religião, profissionais que
estão despontando, na atualidade como pessoas O campo das Ciências da Religião, desta
capacitadas a discutir, analisar e propor ações forma, só pode ser compreendido a partir de uma
diante da complexidade e diversificação das perspectiva de transdisciplinaridade. Um olhar que
religiões e da religiosidade em diferentes contextos procura ir além dos limites estabelecidos pelas
mundiais. ciências específicas, articulando saberes até o
O presente artigo pretende abrir o debate ponto de não poder mais separá-los para a análise
em torno da identidade deste Curso, cujas dos diferentes fenômenos. (MORIN, 2005).
especificidades desafiam educadores e acadêmicos Outra marca identitária que pode ser
no processo de aprendizagem. Pretende, também, destaca deste Curso, é a Prática como Componente
pontuar alguns desafios que precisam ser Curricular, que está estruturada no Projeto
considerados, tendo em vista a qualidade do Curso Pedagógico e operacionalizada, a cada semestre,
e as demandas que se apresentam para se pensar o durante o desenvolvimento do Curso como uma
fenômeno religioso na contemporaneidade. das ações de maior impacto na formação dos
acadêmicos. Isso porque enfatiza a articulação
T R A Ç O S D A ID E N T ID A D E entre ensino, pesquisa e extensão a partir da práxis.
Os aspectos teóricos são permeados pelas
O Curso está organizado considerando as experiências práticas e estas apontam para novos
diferentes Matrizes Religiosas: Semita, Oriental, olhares necessários para o aprofundamento do
Africana, Indígena, Mediúnica e Afro-Brasileira, campo das Ciências da Religião.
numa perspectiva interdisciplinar, interreligiosa e
de respeito ao diferente. Desta forma, pretende-se D E S A F IO S A S E R E M C O N S ID E R A D O S
aprofundar os estudos a partir de diferentes
compreensões de religião e religiosidade, não O Curso de Ciências da Religião do USJ traz
priorizando nenhuma denominação religiosa em inovações em seu aspecto identitário mas também
particular, uma exigência para quem pretende ser apresenta desafios a serem considerados que vão
Cientista da Religião. surgindo no processo do seu desenvolvimento.
A identidade do campo das Ciências da Dentre estes desafios que se apresentam o principal
Religião, no USJ, é demarcada por áreas de deles é o reconhecimento pela comunidade
conhecimento que, com suas especificidades de acadêmica do USJ e pela comunidade josefense,
teorias, métodos, perspectivas de análise, dentre que, devido à trajetória de hegemonia religiosa
outros, contribuem para um olhar diversificado tanto na história da sociedade brasileira quanto na
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trajetória do Ensino Religioso no Brasil, que impulsiona o ser educador em sala de aula.
priorizou uma única denominação religiosa, A marca identitária de um Curso com este
durante muitos anos, cria uma resistência para que se apresenta só tem sentido se a sua
pensar e operacionalizar políticas e práticas em operacionalização deixar uma herança teórica e
torno da abordagem das Ciências da Religião. prática, para as gerações futuras, mas isso precisa
Um outro desafio que se apresenta é o processo de ser gestado no presente, eis o nosso principal
constituição de um quadro de professores já com desafio.
formação em Ciências da Religião, por ser uma
área de conhecimento que está ainda em R E F E R Ê N C IA S B IB L IO G R Á F IC A S
estruturação. Isso sem desconsiderar os
profissionais com reconhecida capacitação e, USJ. Projeto político pedagógico do curso de
muitos deles, com experiências já no campo das Ciências da Religião: bacharelado e licenciatura
Ciências da Religião. plena em Ensino Religioso. São José: USJ, 2008.
O processo de reconhecimento do Curso, MORIN, Edgar, et.al. (Org.). Educação e
que está em andamento, é um desafio e uma Complexidade: os sete saberes e outros ensaios. 3ª
expectativa, tendo em vista que, só a partir dele é ed. São Paulo: Cortez, 2005.
que se pode repensar a própria estrutura do Curso,
tendo em vista o seu aprimoramento, no sentido de
atender às expectativas de alunos, professores e
comunidade.
O processo de gestão do Curso, em todas as
suas dimensões, de forma democrática,
participativa e colegiada, considerando as idéias e
posturas divergentes também se coloca como um
desafio. Tomar as decisões de forma colegiada,
considerando os diferentes atores envolvidos no
processo é uma aprendizagem que só se
operacionaliza na prática e esta, muitas vezes, é
marcada pelas contradições e paradoxos.

C O N S ID E R A Ç Õ E S F IN A IS

Fazer parte deste Curso, com tantos


desafios e possibilidades é motivo de
congraçamento e também de preocupação. Isso por
que são aprendizagens gestadas no cotidiano, mas
também necessidade de fazer o melhor de um
projeto pioneiro para o Estado de Santa Catarina e
para o município de São José.
Pensar um Curso que possa fazer a
diferença e deixar sua marca como sendo um dos
espaços de articulação de saberes e práticas no seu
cotidiano é algo que empolga, mas também exige
ações cada vez mais eficazes no sentido de
encontrar caminhos para a operacionalização de
políticas públicas que levem em conta o campo das
Ciências da Religião. Essa é a utopia que
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RELIGIÃO: ARTE OU CIÊNCIA M U L H E R E S E R E L IG IÃ O

Prof. Diógenes Braga Ramos: Professor do Centro Profª. Jaqueline Zarbato - Professora do Centro Universitário
Universítário Municipal de São José (USJ). Municipal de São José

Nada mais significativo para este momento Ao iniciar esse texto, surgem algumas
de surgimento de um canal para discussão sobre questões sobre a relação entre religião e as
Ciências da Religião e suas implicações do que mulheres. Na verdade, se analisarmos
uma reflexão sobre a religião nos dias de hoje. historicamente, a participação feminina nas religiões
Com isso, nesta primeira edição da revista gostaria apresenta-se apenas no campo da prática religiosa
de propor uma aproximação ao fenômeno através dos rituais, de certa forma, como guardiãs da
religioso e suas possibilidades de leitura em memória do grupo religioso.
diálogo com a cultura. Relaciona-se neste caso, uma série de
E uma das formas de se observar a religião concepções histórico-antropológicas sobre a função
através da cultura pode ocorrer pela relação da da mulher no campo religioso, uma vez que, se
mesma com as artes, como propõe o teólogo Paul delimita espaços de circulação, concepção e
Tillich, que entende que o sagrado se revela apreensão da religiosidade diferentemente para
através da cultura. Diante disso, o grande desafio homens e mulheres. Pode-se dizer que, as funções
para nos aproximarmos do fenômeno religioso, são bem demarcadas, partindo de um olhar
não se institui pela ciência mas sim como olhamos androcêntrico. A teóloga italiana, Adriana Valerio
para a mesma. Com isso, a cultura nos desafia a (2005) faz uma análise acerca da atuação de
romper paradigmas ressignificando preceitos e mulheres em torno da religião, as quais propuseram
conceitos e uma das formas para que se de tal interpretações diferenciadas dos conceitos
mudança do olhar de aproximação à religião se teológicos e de textos da Escritura. Segundo a
estrutura de uma forma poética, como diz autora, “o rastro de pensadoras nunca se exauriu e
Nietzsche em seu texto, Os discursos de retoma vigor nos dias atuais com os estudos e as
Zaratustra: “eu só poderei crer num Deus que reflexões de teólogas que impulsionam suas igrejas
soubesse dançar” (p. 68, 2008). a buscar novos modos de viver a igualdade e a
Desta forma o grande desafio atual é diversidade, com o intuito de reconhecer na
romper com o método científico que não valorize diversidade um valor imprescindível para a fé no
a experiência do indivíduo frente ao evento Deus Uno e Trino”.
religioso e sim, dialogar com está experiência que De que forma devemos compreender a
se transforma em arte poética na busca dos anseios presença feminina nas religiões? Que significado
religiosos. Expressando os anseios do homem e atribuem às religiões em suas vivências com relação
suas dualidades existenciais como verificamos nas às mulheres? E qual a sua representação?
obras da artista mexicana Frida Khalo. Com isso, Essas questões impulsionam a reflexão sobre
recorro a Bachelard, “o que se percebe não é nada, a subjetividade presente nas manifestações de
comparado com o que se imagina” (A chama de religiosidade, além de propiciarem um
uma vela, 1989, p. 9). aprofundamento na análise sobre o percurso
Para vivenciar e decifrar os segredos da feminino nos espaços religiosos. Ou seja, focalizar
religião é preciso romper com os dogmas na manutenção de uma determinada religião e a
científicos do empirismo da prova, para se representação para as mulheres nos faz mencionar
esconder nas palavras de Otávio Paz, “a operação que nem sempre é fácil identificar a especificidade
poética não é diferente do conjuro, do feitiço e de dos percursos das mulheres nas variadas religiões.
outros processos da magia. A atitude do poeta tem Conforme Clifford Geertz(1989), a religião vai
muita semelhança com a do mago” (O arco e a reforçar os modelos sociais, desta forma a mulher se
lira,1982, p. 64). envolve por esses valores patriarcais. O papel da

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EDIÇÃO I - ANO I - JUNHO/2010

mulher pode ser diversificado e merece ser


codificado, numa intrínseca relação entre o que se
PERSPECTIVA ACADÊMICA
espera da mulher no campo da religião e o que ela
DAR ESMOLA OU INCENTIVAR O
espera, ao estar imersa numa religião. Fazendo
DESENVOLVIMENTO DA
com que as mulheres rompam com o perfil
C O N S C IÊ N C IA
andocêntrico que se estabelece apenas na prática
religiosa e na subjetividade da mesma, para se
Sandra Goedert - Acadêmica do Curso Ciências da Religião
identifique a própria formação do indivíduo na
do Centro Universitário São José – USJ – 4ª fase.
esfera religiosa que se estabelece por essa
representação feminina.
Fato comum na vida de muitos cristãos é o
dar esmola, embora Jesus tenha dito: “Para acabar
com a fome não dê o peixe, ensine a pescar.”
Seria este ensine a pescar, um diálogo no
sentido de promover o despertar da consciência
ética no ser humano? Afinal, o que vemos hoje em
dia nas ruas é milhares de pessoas carentes e
solitárias sem saberem para onde ir, sem rumo.
Atirar uma moeda ao pedinte de rua,
arrumar o guarda-roupa e se despojar das tralhas
incomodativas e remetê-las aos necessitados é uma
tarefa simples, difícil mesmo é dispor de um tempo
para ensinar, quer seja ele um filho, um colega de
aula, ou qualquer outra pessoa menos esclarecida,
quiçá uma atenção especial a alguém carente ou
solitário. Isto sim é que é o bicho, pois não nos
dispomos a doar o que nos é precioso, nestes
tempos modernos - o próprio tempo. Afinal de
contas tempo é dinheiro, diz o slogan capitalista.
Abraham Lincoln, por sua vez, dizia: “Não
poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres
por eles aquilo que podem e devem fazer por si próprios”.
Por mais que seja louvável a doação de
alguns bens aos necessitados, há que se ter em
mente que tudo isto é um paliativo momentâneo e
passageiro.
No dizer deste dois homens, que fizeram
história a seu tempo, muito mais que matar a fome
física, necessário se faz saciar a fome da alma, pois
com a alma saciada qualquer ser humano poderá se
erguer do chão que o arrasta para os píncaros
sociais, através de sua auto-estima revigora e que
será de suma importância para o seu soerguimento.
Por fim, há que se entender de uma vez por
todas que, a fome é a conseqüência da precária
condição sócio-econômica, política e cultural de
uma nação.
A premissa para o desenvolvimento social e
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humano é a implantação de um sistema QUAIS AS VANTAGENS DO


educacional renovador, moderno e consciente, "DESCOBRIMENTO DO BRASIL"?
voltado para a ética desses mesmos fatores:
social, político e cultural. A partir desta Anelise Eli Gonzaga - 4ª Fase da Faculdade Ciências da
valorização, o homem será estimulado de modo Religião do USJ
que sua alma seja saciada com o despertar de sua
consciência e venha ele próprio produzir sua Inicialmente a visão que os índios tiveram
sustentação e manutenção no meio que vive. com a chegada dos Europeus, foi relacionada como
Mas o despertar da consciência é um um fato dos deuses, ou seja, assimilaram o mesmo
trabalho do próprio ser que queira e esteja de acordo com sua crença, povo enviado pelo Deus
disposto a crescer, pois jamais deveremos impor Maíra. (RIBEIRO, 1117)
nossa forma de ser e pensar a quem quer que seja, Quando os Europeus desembarcaram na
já que cada um esta em seu momento. Jamais nova terra, os índios observaram que eram pessoas
impor, mas auxiliar aqueles que queiram “... feias, fedidas e infectados por algumas doenças
levanta-te e siga-me”. (Cárie dentária, coqueluche, tuberculose, sarampo),
Porém isso era de menos, nem imaginavam que
essa gente iria explorá-los, apossando-se de tudo
que lhes pertencessem, suas terras, suas esposas,
obrigando-os através das formas mais cruéis a
esquecerem sua cultura, englobando crenças,
mitos, ritos, hábitos, tudo que até então era a alegria
dos que ali viviam.
Os recém-chegados se consideravam
superiores aos primitivos, tinha a imagem do índio
como vadio, viviam vida inútil sem prestança. Já os
índios achavam os recém-chegados aflitos demais, e
o mais curioso para os mesmos era que os Europeus
acumulavam riquezas, como se cada dia fosse o
último, com objetivo de deixar tudo como herança
para seus descendentes após sua morte.
Os índios viviam de modo sustentável,
respeitavam a natureza e lhes eram gratos por tudo
que a mesma lhes oferecia. Essa etapa é muito bem
relatada no Livro de Darcy Ribeiro, " O Povo
Brasileiro". (1997). O povo vadio que vivia a vida
sem presteza, segundo os invasores, tinham uma
visão muito além de sua época, pensavam no
amanhã de uma forma bem diferente dos até então
superiores.
Podemos observar através desses
acontecimentos, que a maior causa dos impactos
ambientais hoje existentes foi a ganância, visando
somente lucro.
Será que realmente os índios eram os
primitivos, inferiores?
Além de uma guerra biológica, devido as
doenças trazidas pelos invasores, que mataram
muitos índios, houve o choque de cultura. Além da
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EDIÇÃO I - ANO I - JUNHO/2010

cultura do índio ser questionada era criticada e dominada por uma política ideológica e
julgada de várias formas, um fato que podemos economicamente para elites municipais com fortes
citar foi a Antropofagia (ato de comer carne interesses nas terras dos índios e seus recursos
humana), ou seja, os índios ao capturarem algum ambientais. Muitas vezes a população rural precisa
prisioneiro, acreditavam que comendo-o, iriam disputar às escassas oportunidades de sobrevivência
adquirir sua bravura, sua coragem. em sua região com os membros de sociedades
Os donos da terra tornaram-se escravos do indígena que ali vivem.
trabalho e suas esposas foram exploradas Idealizada: pela população urbana, que vive
sexualmente, os Europeus começaram a inventar distanciada das áreas indígenas, tende a ter deles
uma nova vida para o povo indígena, sem direito a uma imagem favorável, embora os veja como algo
escolha ou opinião, essa nova vida seria de acordo muito remoto. Os índios são considerados a partir
com os padrões normais de acordo com a cultura de um conjunto de imagens e crenças amplamente
Européia. disseminados pelo senso comum, eles são os donos
Com todos os ocorridos dessa época, ficam da terra e seus primeiro habitantes, aqueles que
expressas as relações opostas: de um lado os sabem conviver com a natureza sem degradá-la.
índios, acostumados com a solidariedade, dar mais São também vistos como parte do passado.
do que receber, do outro o Europeu que se Atualmente os diferentes segmentos da
achavam superior e mais evoluídos, ou melhor, o sociedade brasileira estão se conscientizando de que
conflito do índio saudável, não conhecedor da os índios são seus contemporâneos. Eles vivem no
gravidade das doenças trazidas pelos Europeus e mesmo país, participam da elaboração de leis,
as verdadeiras intenções daquela nova gente. elegem seus candidatos e compartilham problemas
Hoje de acordo com a Ciência semelhantes, como as conseqüências dos problemas
Antropologia, sabemos conhecer e estudar a fundo ambienteis e das diretrizes e ações do governo nas
outras culturas, sendo que para obter o verdadeiro áreas da política, economia, saúde, educação e
conhecimento ou o mais próximo da realidade do administração pública no geral.
objeto ou indivíduos estudado, devemos nos Qualquer grupo social humano elabora e
"desligar" de nossos valores, nossa crenças, constitui um universo completo de conhecimentos
convivendo e respeitando o fato a ser estudado, integrados, com fortes ligações como o mundo em
não que concordaremos com tudo ou aceitaremos, que vivem e se desenvolvem. Entendendo cultura
mas iremos "vestir a tanga do nativo" não para como o conjunto de respostas que uma determinada
julgar ou opinar e sim adquirir conhecimento sociedade humana, das experiências por ela vivida
sobre o fato a ser estudado. e aos desafios que encontra ao longo do tempo,
percebe-se o quanto as diferentes culturas são
"Para compreender a cultura é preciso relativizar seus dinâmicas e estão em contínuo processo de
valores. Para isso é necessário um exercício de re- transformação.
significação, no sentido de também tentar enxergar nossa No entanto, é importante frisar que as
cultura ocidental, moderna e industrializada, sob outro variadas culturas das sociedades indígenas
prisma, como se o óbvio inexistisse. (OLIVEIRA, 2006). modificam-se constantemente e reelaboram-se com
o passar do tempo, como a cultura de qualquer
A cultura de cada indivíduo está relacionada à outra sociedade humana.
sociedade na qual o mesmo convive. Fazendo um Conhecendo como foi a história dos índios,
paralelo referente a sociedade indígena, como a imposição da cultura européia,
observamos que esse povo é visto hoje de duas principalmente, surge uma dúvida, se não houvesse
formas pela sociedade brasileira: a forma aquele choque de culturas da época do
Preconceituosa e forma Idealizada. descobrimento, se o índio daquela época fosse
Preconceituosa - parte mais daqueles que valorizado e respeitado, e os Europeus ao invés de
convivem diretamente com os índios, a população inventarem uma nova vida para os mesmos, se
rural. Pressupõe-se que seja porque a mesma é infiltrasse no grupo e vivessem de modo igual
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aquela população que escravizaram, como seria o PROPOSTA DE REDAÇÃO


mundo hoje, em aspectos gerais, principalmente DESAFIO PROPOSTO NA DISCIPLINA
em relação aos aspectos ambientais? LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTO II DA
PROFESSORA ANGELITA MENDES.
B IB L IO G R A F IA
Valter Cardoso Junior – 4ª Fase da Faculdade
OLIVEIRA, M. J. Antropologia e Cultura. Ciências da Religião do USJ
Florianópolis: Mimeo, 2006
OLIVEIRA, M. J. Antropologia e Ciência. “O Duque de She dirigiu-se a Confúcio, dizendo: - Temos em
Florianópolis: Mimeo, 2006 nossa terra um homem direito. Seu pai furtou uma ovelha, e o
RIBEIRO, D. O enfrentamento dos Mundos. In: filho depôs contra ele. – Na nossa cultura, retrucou Confúcio,
RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro. S.P.: Cia das ser direito é proceder de maneira diferente. O pai oculta a
letras, 1997 culpa do filho, e o filho, a do pai. Gente direita é assim “que
PÁDUA, José Augusto. Um Sopro de Destruição: se comporta”(Bertrand Russel, Máximas de Confúcio 1957).
Pensamento Político e Crítico Ambiental no
Brasil Escravista, 1786 - 1888/ José Augusto Sabe-se que o grande campo de batalha do
Pádua - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002 homem é sem dúvida alguma a luta diária sobre a
questão do que é bom e do que é mal e este conflito
esta dentro de nossas mentes, portanto decisões
dependem única e exclusivamente de cada um de
nós, passando pela ética que sustenta os
comportamentos de nossa moral que é quem define
nossos tipos de ação.
Facilmente se presume que na terra do
Duque de She, a filosofia cultural existente era a de
que dois caminhos sustentavam suas decisões
morais, o bem e o mal.
Logo, o filho ao testemunhar contra o pai, o
caracterizava como um homem direito, pois estaria
seguindo o caminho que lhe parecia ser o melhor,
dentro dos princípios éticos e culturais de sua
comunidade.
Ao contrário, Confúcio estabeleceu um
posicionamento dentro de sua cultura ética, em que
tudo deveria ser harmonia na sociedade e cuja base
era a família, na qual a piedade filial era a primeira
das virtudes.
Entretanto, tais observações demarcam que
para uma mesma situação ou tomada de decisão em
comunidades filosóficas diferentes também haverá
entendimentos diferentes.
Lembramos aqui o ditado popular que
conhecemos em nosso Brasil que diz: “nem tanto ao
mar nem tanto a terra”, quando se quer julgar
situações que não conhecemos bem.
Assim também acontece ao analisarmos o
texto desta proposta, antes de tudo devemos
lembrar que se trata de diálogo entre culturas
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diferentes, portanto, ao tomar a decisão de quem CRISE EXISTENCIAL: ENTENDENDO O


está correto correríamos o risco de estar ABSURDO DA VIDA
cometendo injustiças.
Fábio Dias Silveira - Acadêmico do Curso de Ciências da
Religião do USJ.

Quando falamos de “crise existencial”


falamos de “colapso pessoal”, ou seja, tudo aquilo
que quebra a logica racional pessoal e nos remete a
destruir princípios para enfim reconstruí-los, mas as
vezes entramos em uma neura tão forte que somos
impossibilitados de repensar e nos entregamos ao
desespero.
Albert Camus (1913-1960), fez sua famosa
afirmação de que a única pergunta realmente
filosófica era se a vida valia a pena¹. Mas não vamos
nos apegar a isso agora, pois este ensaio tem o
objetivo de provocar futuras pesquisas dentro das
Ciências da Religião e o movimento existencialista.
Uma crise tem mais de uma interpretação,
como estamos envolvidos com as Ciências da
Religião, vamos trabalhar com três eixos. A crise
pessoal, a crise ideológica, e a crise existencial.
A crise pessoal é o fenômeno de
relacionamento interpessoal que nós por algum
motivo somos levados a criar identidades
alternativas, como por exemplo um chat na internet,
onde nos é permitido ser pessoas que não somos, só
que pode acontecer de que aquela identidade que
criamos, seja mas agradável do que realmente
somos, então somos levados a começar a assumir
uma “mascara” que muitas vezes não nos serve e
isso faz com que entramos em crise, ou seja, a crise
pessoal ou crise de identidade é a quebra do perfil
próprio na tentativa de assumirmos outras ou que de
tanto experimentarmos outras identidades, não
reconhecemos mais a própria.
Já a crise ideológica esta ligado a
movimentos sociais, onde o indivíduo a partir do
momento que começa a participar de um movimento
social, começa a vivenciar aquela ideia de tal
maneira que é capaz de se sacrificar por elas. Um
exemplo são os movimentos socialistas de extrema
esquerda ou estrema direita que politicamente se
tornam muito influentes. A crise ideológica é o
rompimento com esses ideias a partir de uma
revelação social, que nada mais é descobrir que
talvez este não seja o caminho, então o individuo
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começa trazer um novo discurso ao grupo e RETRATO POÉTICO


dependendo do grau de radicalismo acaba sendo
expulso do grupo ou sai por si dó por reconhecer DESPERTA PARA O INTER RELIGIOSO
que aquele ideal já não corresponde com seus
princípios². Ricardo Oliveira - 4ª Fase Faculdade Ciências da Religião.
Por fim a crise existencial esta ligada a
princípios mais essenciais da vida ou do existir, é Queridos...
o fenômeno humano capas de levar um indivíduo Vos deveis despertar para o inter – religioso.
ao suicídio, como mostra “O Suicídio” de Émile O respeito mútuo para com os irmãos de outra fé.
Durkheim, 1897. nada mais é que a lacuna Queridos... Vos sabeis que devemos acreditar num
humana de tentar entender perguntas como, de Deus plural.
onde vim? Para onde vou? Quem somos? Porque Um Deus com várias faces!
existimos? Estas são na verdade perguntas Um Deus que de tão plural...
seculares que fazer parte do principio Torna – se único!
fundamental humano, ou seja, nós só vivemos Uma unidade na diversidade.
porque queremos ter estas respostas, ou Queridos...
acreditamos que alguém um dia vai respondê-las. Não endureceis vossos corações.
A a partir do momento que nos deparamos a Não deixem seus dogmas tamparem vossas vistas.
possibilidade de que estas perguntas podem não Não sejam hipócritas, a ponto de desprezarem o que
ter respostas, isso leva a crise existencial. Para é diferente de vossas tradições.
um existencialista estes aspectos são mais Queridos...
possíveis de superar, como Jean Paul Sartre que Sejam abertos ao diálogo.
diz “todo o existente nasce sem razão, prolonga- Pois ai é que encontra – se a essência!
se por fraqueza e morre por encontro A única essência que poderia existir: “A paz”.
imprevisto”³. Queridos...
Ou seja, ser humano e existir, nada mais é Vos sois pobres, mas
que reconhecer o absurdo que a vida é, assim Não sejam pobres na ignorância, e
vivemos livres para pensar, agir, reagir e existir. Nos falsos testemunhos.
A instituição é apenas pedra!
B IB L IO G R A F IA E Deus é a força motora.
Força no qual leva...
¹ Irwin, William, Metallica e a Filosofia Um A transcendência que espera – te.
Curso Intensivo de Cirurgia Cerebral: A Milícia Por isso queridos...
do metal e o Clube do Existencialismo, São Todos são importantes.
Paulo, Ed. Madras, 2008. Dentro de suas raízes!
² Recomendo assistir o filme American History X E deveis ir de encontro com o outro... Num ósculo,
(no Brasil – A Outra História Americana), por que isso é preciso
EUA/1998.
³ Sartre, Jean Paul, A Náusea, A edição
empregada é de 1976, Editora Publicações
Europa-América, Mira-Sintra, Portugal. pp 168.

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EDIÇÃO I - ANO I - JUNHO/2010

FRAGMENTOS A P O IO
“Só existem quatro tipos de pessoas no mundo”,
escreveu certa vez a ex-primeira-dama americana
Rosalynn Carter. “

“Os que já cuidaram de alguém, os que estão


cuidando de alguém, os que cuidarão de alguém
e os que precisarão dos cuidados de alguém.”
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(Seleções Reader”s Digest, maio de 2010, pg.
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124 –Resportagem “Alguém com quem contar”,
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de Camille Peri).
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EDIÇÃO I - ANO I - JUNHO/2010

E Q U IP E CONTATO
FÁBIO DIAS SILVEIRA (ARTE, DESENHO,
DIAGRAMAÇÃO E REVISÃO FINAL). EMAIL: reperspectiva@gmail.com

GILBERTO BATISTA NOTARGIACOMO BLOG: www.revistaperspectiva.blogspot.com


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RICARDO OLIVEIRA (ORGANIZAÇÃO).

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