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Musical de
Rogério Viana
Curitiba – Paraná
Fevereiro de 2005/Fevereiro de 2007
DIREITOS RESERVADOS (C)
RG 13.376.801 – SSPSP
CPF 033.859229-68
2
Para
3
Salão de Barbeiro antigo
4
Personagens
Ditado Popular
5
Sinopse
6
PRIMEIRO ATO
CENA I
Veneno
(O som de um chorinho, na flauta e violão, é o TEMA DO VENENO. Veneno entra caminhando
devagar olhando para os lados do palco e um foco de luz o acompanha e na medida em que
ele caminha, as luzes do palco são acesas. Ele pára no centro do palco, ao lado do banco.).
Veneno
Bás noite.
Que pratéia mais das boa, que pratéia maraviósa!
Agardeço a presencia de todo oceis.
Se quisé me chamá
Dereito, pra eu dá só atenção
Chame pelo premero nome
Nome verdadeiro, de coração
É só chamá pelo Veneno
Que a todos arresponderei
Com carinho e afeição
7
Pois sou Veneno no nome
Mais sem veneno no
Meu simprório coração
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CENA II
Elias - Dorfinho
(Elias entra em cena e fica ao lado da cadeira de barbeiro. Dorfinho chega na barbearia.
Veneno sai de cena – TEMA MUSICAL DO ELIAS)
Elias
Dorfinho
Hoje não vim fazê a barba, nem cortá o cabelo. Vim prosiá com ocê.
Sei que ocê anda triste, que tem argo na sua vida que tá tirando seu
sossego. Quê se assucede, cumpradri?
Elias
Dorfinho
Dorfinho
Elias
Arre! É mermo o tár!
9
CENA III
Zurmira – Cróvis - Veneno
(Cróvis entra pela lateral do palco e fica no balcão anotando alguma coisa numa cadernetinha,
com um lápis. Zurmira entra em cena, pelos fundos do palco. Vai em direção ao balcão da
venda. TEMA MUSICAL DO CRÓVIS/ZURMIRA)
Zurmira
Cróvis
Bãos dia, Zurmira! Ocê veio trazê novidade ou só veio fuxicá? Aliás,
é o que ocê mais sabe fazê. Ocê intregô o presente pra ela,
Zurmira?
Zurmira
Cróvis
Zurmira
É a mais pura das verdade! Ela até mandou dizê que é pra ocê
descavocá seu dinhero e comprá coisa mió, pois ela aceita o
presentinho por prova de amizade. Mas disse que de amor num é
mermo!
Cróvis
10
Zurmira
Mais eu inté falei pro ocê que ela num era de se acostumá com
pôca coisa... com esta mixaria. Ela é das tar que só gosta du bão e
du mió!
Se ocê quisé mermo terá que abrir as burra e comprá coisa das
boa. Só umas lembrancinha não vai agradá a tarzinha exigente.
(Veneno entra em cena. Ele fica perto dos músicos. Elias e Dorfinho continuam conversando.
Zurmira volta para os fundos do palco.)
Veneno
(Os músicos tocam MARICOTA, SAI DA CHUVA – de Marcelo Tupinambá – que é cantada por
Curió, Passarinho, Mocinha e Inezinha)
Coro:
Maricota (Mocinha)
11
Coro:
Maricóta sai da chuva,
etc...
Maricota (Mocinha)
Lá no céu tá fuzilano
Vejo as nuvens a se mexê
Pode sê que seja engano
Se chovê logo se vê...
Coro:
Maricóta sai da chuva,
etc...
Maricota (Mocinha)
Coro:
Maricóta sai da chuva,
etc...
Maricota (Mocinha)
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CENA IV
Elias – Dorfinho – Mocinha – Inezinha - Cróvis
Dorfinho
Inezinha
Mocinha
Inezinha
Elias
Inezinha
Elias
13
Mocinha
Pode acreditá que eu tamém gosto destas moda! Adoro todas elas
que ocê manda ponhá no arto-falante, Dorfinho. Ocê faz dedicatória
pra Inezinha, num é? Mais quem é que tá lá ponhando estas moda
pra nóis?
Dorfinho
Tem dia que fica o Curió, tem otros que fica o Passarinho. Hoje eu
deixei o Veneno mexendo nos pareio do arto-falante pra mim. Ele e
o Zé do Fole (ou Adelaide) adora uma moda tocada na sanfona! O
Zé do Fole (ou Adelaide) ôve só pra prendê mió!
(Os músicos tocam Saudades de Matão. A primeira parte com o acordeon, tocada por Zé do
Fole (ou Adelaide), que desce do praticável e segue em direção ao meio do palco. Na segunda-
parte da música, todos cantam, inclusive Elias e Dorfinho, Mocinha e Inezinha)
Saudades de Matão
(Jorge Galati, Antenógenes Silva e Raul Torres)-
-------------G--------------- D7--------------------------G
Neste mundo eu choro a dor / Por uma paixão sem fim
--------------------------D7------------------------------- G
Ninguém conhece a razão / Porque eu choro no mundo assim
-------------------------D7-------------------- G
Quando lá no céu surgir / Uma peregrina flor
G7-------------------- C--------------------- D7---------------------- G
Pois todos devem saber / Que a sorte me tirou foi uma grande dor
---------D7--------- G---------- D7----------------------- G
Lá no céu junto a Deus / Em silêncio minh’alma descansa
--------D7------------- G
E na terra, todos cantam
---------C----------------- D7---------------------G ----- G7
Eu lamento minha desventura nesta grande dor
C---- G7------- C------------------------ G7
Ninguém me diz / Que sofreu tanto assim
------------------------------------------C------------------ C7
Esta dor que me consome / Não posso viver / Quero morrer
---------------------------------F
Vou partir prá bem longe daqui
------------------------C----- G7------- C
Já que a sorte não quis / Me fazer feliz.
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Elias
Dorfinho
Inezinha
Mocinha
Elias
Dorfinho
Quem sabe o Elias não escreve uns versos bem bonitos pra ocê,
Mocinha. Não é, Elias?
Elias
Ara... Sei não, Dorfinho. Sei não... ocê que mexe com as moda é
que sabe. Mais eu inté gostaria de aprendê tamém.
Inezinha
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Cróvis
Mocinha
Inezinha
Dorfinho
Elias
Cróvis
Oceis dois trapaiando minha vida. Inté pareci que oceis tem inveja.
Basta eu botá reparo em arguém que oceis estica o zóio gordo. Que
mardição. Num sei como fui imprestá dinhero pro cê, Dorfinho, pra
compra os pareio do arto-falante!
Dorfinho
Cróvis
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Elias
Falando ansim ocê parece que tem algo cum eu. Tenho nada com
ocê não, agiota de uma figa! Sarta fora! Ocê me deixa infastiado.
Cróvis
Dorfinho
Óia, Cróvis. Ocê não se mete com o Elias que ele é home dos bão,
não fica de futrica na vida de ninguém. Só sabe trabaiá... Agora
cumigo tá tudo acertado. Ocê emprestô a bufunfa, eu suei feito um
burro véio pra pagá e paguei tudinho. Adevorvi cada centavo. Intão
num devo favô ninhum pro cê.
Elias
Cróvis
Quando eu for arcaide desta vila ocês vão vê o que é bão pra tosse!
Vô mandá tirar este arto-falante no mermo dia da posse!
Dorfinho
Cróvis
Oceis fique isperto. Nada de cruzar meus caminho de novo, viu, sô?
(Uma moda de viola, no fundo. A luz vai caindo bem devagar. Os atores saem do palco. A
moda de viola continua com o sapateado, tipo catira, um desafio de batidas com os pés)
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SEGUNDO ATO
Cena I
Veneno – Cornélio Pires - Elias
(Veneno retorna para o centro do palco. Está com um pé apoiado no banco da praça. Entra
Cornélio Pires. Na medida em que Cornélio Pires vem entrando, os músicos tocam e cantam
Viola Quebrada – Mário de Andrade e Ary Kerney)
VIOLA QUEBRADA
(Cornélio Pires declama os versos iniciais da CABOCLA TEREZA – Raul Torres e João
Pacífico, que é cantado por todos os músicos)
CABOCLA TEREZA
TOM : E
INTRO: ( B7 A B7 E E7 ) 2X
FALADO:
Lá do alto da montanha, numa casinha bem estranha, toda feita de sapê
Parei uma noite o cavalo prá mor de dois estalos, que eu lá dentro vi batê.
Apeei com muito jeito, vi um gemido perfeito, e uma voz cheia de dó:
- Vancê Tereza, descansa, jurei de fazê vingança, pra mode de meu amor.
Pela réstia da janela, por uma luzinha amarela, dum lampião apagando.
Vi uma cabocla no chão, e um cabra tinha na mão
Uma arma alumiando.Virei meu cavalo a galope, risquei de espora e chicote
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Sangrei a anca do talo, desci a montanha abaixo, galopando o meu macho
Seu dotô eu fui chamá. Vortemo lá prá montanha, naquela casinha estranha
Eu e mais seu dotô, topemo um cabra assustado, que chamando nóis prum
lado
A sua história contô :
E A E B7
HÁ TEMPO FIZ UM RANCHINHO / PRÁ MINHA CABOCLA MORAR
A B7 A B7 E
POIS ERA ALI NOSSO NINHO / BEM LONGE DESTE LUGAR
A E B7
NO ALTO LÁ DA MONTANHA / PERTO DA LUZ DO LUAR
A B7 A B7 E
VIVI UM ANO FELIZ / SEM NUNCA ISSO ESPERAR
A E B7
E MUITO TEMPO PASSOU / PENSANDO EM SER TÃO FELIZ
A B7 A B7 E
MAS A TEREZA, DOUTOR , / FELICIDADE NÃO QUIS
A E B7
OS MEUS SONHOS NESSE OLHAR / PAGUEI CARO MEU AMOR
A B7 A B7 E
PRÁ MODE DOUTRO CABOCLO / MEU RANCHO ELA ABANDONOU
A E B7
SENTI MEU SANGUE FERVER / JUREI A TEREZA MATAR
A B7 A B7 E
O MEU ALAZÃO ARRIEI / E ELA FUI PROCURAR
A E B7
AGORA , JÁ ME VINGUEI / É ESTE O FIM DE UM AMOR
A B7 A B7 E
ESSA CABOCLA MATEI / É A MINHA HISTÓRIA DOUTOR.
Veneno
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(Um ponteado de viola vai marcando os versos de Veneno e Cornélio Pires)
Cornélio Pires
Veneno
Cornélio Pires
Veneno
Cornélio Pires
20
Veneno
Cornélio Pires
Cena II
(Veneno e Cornélio Pires vão se juntar com Elias. Uma música de fundo é tocada, solo de
viola, um violão e a sanfona, bem baixinho)
Veneno
Elias
Veneno
Óia... vim não! Vim pra ocê fazê mia barbicha. E truxe comigo o
cumpadri Tietê, que veio me avisitá. Ele tamém vai querê que ocê
apare, bem aparadinho, o cabelo dele.
Elias
Muito bão. Intão seja bem vindo, sinhô Tietê. Areceba meus mió
cumprimento, de todo o meu coração.
Cornélio Pires
Elias
21
Veneno
(Veneno senta na cadeira do barbeiro, Elias coloca um pano branco em volta do pescoço dele,
ajeita uma espuma branca com um pincel e aplica no rosto dele. Começa a afiar a navalha
cenográfica. Cornélio Pires fica em pé, observando)
Elias
Veneno
Cornélio Pires
Veneno
Cornélio Pires
Apontando otra image. E esta ôtra, quem qui é? Ah... esta é meu
subrinho, lá de Sumpaulo..., falava nhô Calixto.
22
Tirando o guspe do pito, nhô Calixto, disse com a maió cara de
inocenti: Ué, é um ispêio!
(Elias para de cortar a barba, para ouvir o final da piada e dar risada)
Veneno
Elias
Cornélio Pires
Elias
Veneno
Cornélio Pires
Nhô Firmino botô reparo: Tunico, ocê já falô com o pai dela, o seu
tio?
Acho que vou percisá de sua ajuda, nhô Firmino. Fale com o pai
dela. Me dá uma ajuda pra eu arresorvê este pobrema. E lá se foi o
nhô Firmino falar com o nhô Belinazo. E se picou...
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Rapaiz dos bão, trabaiadô, não fica de trelelê... Num bebe, não
fuma e nem joga baraio. É um santo rapaiz. Dos bão, arrespondeu
Nhô Belinazo.
Até que eu sei. Mas casá gente mia com a parentaia, num quero e
num aceito.
Nar...fa...be...to!!! Nar...fa...be...to!!!
Veneno
(virando-se para a platéia, com a mão em concha, como se confidenciasse, faz um aparte)
(Depois dos risos, Elias limpa o rosto de Veneno com uma toalha)
Elias
Veneno
24
Elias
Veneno
Elias
Cena III
Elias – Cornélio Pires – Veneno - Dorfinho
(Chega na barbearia, Dorfinho)
Dorfinho
Veneno
Dorfinho
Cornélio Pires
Dorfinho
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Elias
Veneno
Tristeza do Jeca
D G D A7
Nestes versos tão singelos / Minha bela,
D G D A7
Meu amor / Pra você quero cantar o meu sofrer
D D7 G D
E a minha dor / Eu sou que nem o sabiá
B7 Em A7
Quando canta é só tristeza / Desde galho
D
onde ele está
A7 D
Nesta viola eu canto e gemo de verdade
A7 D
Cada toada representa uma saudade (bis)
D G D A7 D
Eu nasci naquela serra / Num ranchinho beira-chão
G D A7 D D7
Todo cheio de buraco / Onde a lua faz clarão
G D B7 Em
Quando chega a madrugada / Lá no mato a passarada
A7 D
Principia um barulhão (refrão)
D G D
Vou parar com a minha viola
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A7 D
Já não posso mais cantar
G D A7 D D7
Pois o jeca quando canta tem vontade de chorar
G D B7 Em
O choro que vai caindo/ Devagar vai se sumindo
A7 D
Como as águas vão por mar ( refrão )
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TERCEIRO ATO
Cena I
Veneno – Zurmira (Dalila) – Inezinha – Elias – Dorfinho – Cróvis - Mocinha
(O cenário ganha bandeirinhas coloridas de festa junina. Todos os personagens estão no
centro do palco. Pedestais antigos com microfones serão colocados em linha, na frente do
palco. Os músicos tocam as tradicionais canções juninas)
Veneno
Agora vou chama a Dalila para comigo cantá. Vem cá meu amor...
Vamos cantá a bela e paixonada moda dos caipirinhas querido lá do
grandioso Paraná, nossos querido amigo Nhô Belarmino e Nhá
Gabriela...
Mocinhas da Cidade
Tom: C
C G7 C
As mocinhas da cidade, são bonita e dançam bem
C G7 C C7
As mocinhas da cidade, são bonita e dançam bem
F G G7 C C7
Dancei uma vez com uma moreninha e já fiquei querendo bem
F G G7 C
Dancei uma vez com uma moreninha e já fiquei querendo bem
C G7 C
E o sol já vai entrando, e as saudades vem atrás
C G7 C C7
E o sol já vai entrando, e as saudades vem atrás
F G G7 C C7
Vou buscar aquela linda moreninha para mim viver em paz
F G G7 C C7
Vou buscar aquela linda moreninha para mim viver em paz
C G7 C
Fui na casa da morena, pedir água pra beber
C G7 C C7
Fui na casa da morena, pedir água pra beber
F G G7 C C7
Não é sede não é nada moreninha eu vim aqui para te ver
F G G7 C C7
Não é sede não é nada moreninha eu vim aqui para te ver
C G7 C
28
Embora o teu pai não queira, que eu me case com você
C G7 C C7
Embora o teu pai não queira, que eu me case com você
F G G7 C C7
Mas depois de nóis casado moreninha ele vai me compreender
F G G7 C
Mas depois de nóis casado moreninha ele vai me compreender
Veneno
Agora vamu vê uma artista aqui do arraiá. Inezinha mostre pra nóis
tudo o que ocê sabe cantá, imitando um bêbo...
Moda da pinga
Co'a marvada pinga é que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dô meus taio
Pego no copo e dali num saio
Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio
Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!
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Seja quarqué tempo vai pinga na goela, oi lá!
Veneno
Agora o Elias e o Dorfinho vão cantá uma moda especiá, desta que
é pra todo mundo cantá. Uma moda das boa, de fazê o pinho chorar
e o coração se apaixoná...
(Elias e Dorfinho cantam RIO DE LÁGRIMAS – Tião Carreio, Piraci e Lourival Santos)
Rio de lágrimas
O rio de Piracicaba
Vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
O rio de Piracicaba
Vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
O rio de Piracicaba
30
Vai jogar água pra fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
Elias
(Elias canta, com vocal de todos, Chuá, chuá, de Pedro Sá Pereira e Ary Pavão)
Chuá, chuá
Deixa a cidade formosa morena
Linda pequena e volta ao sertão
Beber da água da fonte que canta
E se levanta do meio do chão
Se tu nasceste cabocla cheirosa
Cheirando a rosa, no peito da terra
Volta pra vida serena da roça
Daquela palhoça no alto da serra
Veneno
Não vamos deixá nenhuma lágrima mais rolá. Neste dia de muita
alegria, os caipirinha fica todo inspirado e qué pra todos mostrá
como é tão bem educado. Educação com as coisa da vida, educado
pra mais de metro. Intão nóis não vai deixá mais ninguém queto!
31
(Todos cantam MORENINHA LINDA, de Tonico, Priminho e Maninho)
MORENINHA LINDA
G D7
Meu coração tá pisado
G
Com a flor que murcha e cai
C D7
Pisado pelo desprezo
G
De um amor quando desfaz
C D7
Deixando triste a lembrança
G
Adeus para nunca mais
D7 G
Moreninha linda do meu bem querer
D7 G D7 G D7 G
É triste a saudade longe de você
D7 G
O amor nasce sozinho não é preciso plantar
C D7 G
A paixão nasce no peito, farsidade no olhar
C D7 G
Você nasceu para outro, eu nasci pra te amar
D7 G
Moreninha linda do meu bem querer
D7 G D7 G D7 G
É triste a saudade longe de você
D7
Eu tenho meu canarinho
G
que canta, quando me vê
C D7 G
Eu canto por ter tristeza, canário por padecer
C D7 G
Da saudade da floresta, e eu saudade de você
CABELO LOIRO
D C
Cabelo loiro vai lá em casa passear
G
Vai, vai cabelo loiro
32
D7 G
Vai cabar de me matar (2x)
D
Estou na sombra da noite
C
Pensando na luz do dia
D7
O dia inteiro penso estar
D
À noite em sua companhia
D C
Cabelo loiro vai lá em casa passear
G
Vai, vai cabelo loiro
D7 G
Vai cabar de me matar (2x)
D C
Você disse que bala mata, bala não mata ninguém
D7 D
a bala que mais me mata é o desprezo do meu bem
D C
Cabelo loiro vai lá em casa passear
G
Vai, vai cabelo loiro
D7 G
Vai cabar de me matar (2x)
D C
casa de pobre é ranchinho, casa de rico é de telha
D7 D
se ter amor fosse crime minha casa era cadeia
D C
Cabelo loiro vai lá em casa passear
G
Vai, vai cabelo loiro
D7 G
Vai cabar de me matar (2x)
D
Quanto mais tu me despreza
C
A dor no meu peito inflama
D7
Quem eu quero não me quer
33
D
E quem eu quero não me ama
D C
Cabelo loiro vai lá em casa passear
G
Vai, vai cabelo loiro
D7 G
Vai cabar de me matar (2x)
D
Beija flor que beija a rosa
C
Se despede do jardim
D7
Assim fez o meu amor
D
Quando despediu de mim
D C
Cabelo loiro vai lá em casa passear
G
Vai, vai cabelo loiro
D7 G
Vai cabar de me matar (2x)
Veneno
Eita que moda das boa!!! Agora é hora de dançá. Vamo formá os
casar. Sapequem umas moda das boa pra gente dançá!
(Zurmira/Dalila junta-se a Elias. Dorfinho, se ajeita com Inezinha. Uma das cantoras vai dançar
com Cornélio Pires. Cróvis vai conversar com Mocinha. A música é tocada bem baixo)
Cróvis
Mocinha
Cróvis
34
Mocinha
Cróvis
Mocinha
Óia... presente bão mermo vem direto do coração. São palavra, são
poesia, são moda, são alegria, são verso feito com a voz do
coração, do sentimento.
Cróvis
Mocinha
(Zurmira pára de dançar com Elias e vai conversar com Cróvis. Elias pega uma cadernetinha e
escreve nela)
Zurmira
Ocê gostô de falá com a Mocinha? Nem foi me tirá pra dançá.
Cróvis
Zurmira
Mais ocê é mesmo muito dos burro! Num se fala sobre presente
que se dá. Espera ela puxá conversa. Depois ocê fala. Num fale
nada antis dela querê conversá com ocê.
(Elias escreve mais no caderninho. Cróvis vai para o balcão e também pega uma cadernetinha
e escreve. Elias chama Veneno)
Elias
35
(Veneno pega o papel e pega outros papéis com Dorfinho, Inezinha, Zurmira e Cróvis. E
começa a anunciar no microfone a entrega do correio elegante, chamando cada destinatário
para pegar o papel com ele)
Veneno
Será que tem argo para ... sim... agora é pra Mocinha.
E tem mais uma, duas, são três pra Mocinha.
(Mocinha pega os papéis e faz sinal para Inezinha conversar com ela. Ficam no lado da
barbearia)
Veneno
Mocinha
36
Nossa! Acho que foi o Cróvis! Eu falei pra ele iscrevê pra mim. Só
pode sê ele mermo. Num acredito que ele iscreveu isto. Mas é tudo
verso bonito!
Inezinha
Será que foi ele mermo? Óia que não pode sê! Logo ele... Sei não...
Veneno
(Cornélio Pires se aproxima e os dois contam, juntos, dois casos engraçados de caipiras)
Cornélio Pires
Veneno
Cornélio Pires
Veneno
Cornélio Pires
37
Zurmira (Dalila)
(gritando)
Cornélio Pires
Inezinha
ô Cardinho, ô Cardinho... o pai falô pra mãe que vai aranjá uma
noiva procê, inda hoje...
Cornelio Pires
Veneno
Que bão, que bão... se ela fô mansa de arreio e não tivé o queixo
duro, se fô certa de boca, pode comprá que eu vô montá nela assim
que chegá...
Cornélio Pires
Nhô Cerinha, narfabeto de pai e di mãe, mais ladino que ele só,
aprovocô o cumpadri Gerardo:
Veneno
Intão, ocê disse que sabe lê... pois diga o que a práca tá dizendo.
38
Cornélio Pires
Veneno
Pê com ô com rê.... por... Vi com i... por ri, por, poriivido...
Cornélio Pires
Veneno
Véio nóis num é... mais nóis tem veia. Intão... não podemo passá...
Cornélio Pires
Vortêmo?
Veneno
Vortêmo, cumpradri!
(Mocinha vai para o lado da vendinha, dobra os papéis, coloca numa bolsinha e vai conversar
com Cróvis, que fica meio sem jeito)
Mocinha
Inezinha vou logo falá com o Cróvis. Intão tenho que conferi si os
verso são mermo dele, apois... Depois eu conto pro cê.
Inezinha
Óia Cróvis. Num imaginei que ocê fosse me presenteá com aquelas
jóia! São pérola, verdadeiras pérola.
39
Cróvis
Mocinha
Tudo tem a hora certa pra gente falá. Mais ocê me mandô estas
jóias que vão ficá guardada aqui comigo nesta borsinha...
Cróvis
Mocinha
Hoje é o dia de falá com ocê. Gostei muito de tudo que ocê me
mandô. São lindos presente para o meu coração. Estou discubrindo
que ocê é deferente. Eu gosto muito deste presente, oh Cróvis...
Cróvis
Mocinha
Viu só... ? Fui agardecê ele pelos belos presentes. Ele inté ficou
meio perdido, meio tímido...Acho que ele num esperava eu
arespondê assim tão direto.
Inezinha
Ocê falou dos versinhos? E o que ele falô? Ele aconfirmô que
escreveu os versinho pro cê?
40
Mocinha
Cráro! Falei destas belezuras que ele me mandou. Talveiz ele num
seja um home ruim, marvado como falam. Pode ser que ele seja
tímido e não goste de se amostrá... Mais aconfirmô tudinho, sim.
Inezinha
Mais será mermo? Óia... é difíci de acreditá ele iscrevê versinho pro
cê. Mais, milagre de Santo Antonho acontece...
Mocinha
Intão... ele inté falô que vai me mandá mais presentinho. Vô esperá
Inezinha
Mocinha
Mostro sim... Ocê é minha mió amiga. Mas fiquei feliz com os
versinho do Cróvis. Ele chama os versinho de presentinho!
Presentinho bem delicado, num é Inezinha? Eu chamo de pérolas,
as quadrinhas e ele disse que é tudo rubi... Que lindo!
(Curió e Passarinho cantam Você Vai Gostar – de Elpídio dos Santos e Flor do Cafezal – Luiz
Carlos Paraná – Todos fazem o coral)
Tom: Am
Am
Fiz uma casinha branca
A7
Lá no pé da serra
E7
Pra nós dois morar
Fica perto da barranca
Am
Do Rio Paraná
A paisagem é uma beleza
A7
Eu tenho certeza
Dm
41
Você vai gostar
Fiz uma capela
Am E7
Bem do lado da janela
A
Pra nós dois rezar
Quando for dia de festa
E
Você veste o seu vestido de algodão
Quebro meu chapéu na testa
A
Para arrematar as coisas do leilão
A7 D
Satisfeito eu vou levar
C#7
Você de braço dado
F#
Atrás da procissão
D A
Vou com meu terno riscado
F#7 B7 E7 A
Uma flor do lado e meu chapéu na mão
Flor do Cafezal
Tom: D
Introd A7 D
A7 D
Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal
A7 D
Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal
A D A D
Ai menina, meu amor, branca flor do cafezal
A D A D
Ai menina, meu amor, branca flor do cafezal
A G D
Era florada, lindo véu de branca renda
A7 D
Se estendeu sobre a fazenda, igual a um manto nupcial
A G D
E de mãos dadas fomos juntos pela estrada
A7 D
Toda branca e pefumada, fina flor do cafezal
A7 D
Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal
A7 D
Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal
A D A D
Ai menina, meu amor, branca flor do cafezal
A D A D
42
Ai menina, meu amor, branca flor do cafezal
A G D
Passa-se a noite vem o sol ardente bruto
A7 D
Morre a flor e nasce o fruto no lugar de cada flor
A G D
Passa-se o tempo em que a vida é todo encanto
A7 D
Morre o amor e nasce o pranto, fruto amargo de uma dor
A7 D
Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal
A7 D
Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal
Introdução
Veneno
Cornélio Pires
Veneno
Aqui, nas nossas festa nóis anuncia e as pessoa logo faz fila pra
vim decramá. Ispere só. Mais vô pedi, desta vez, que ocê faça a
apresentação das decramação.
Cornélio Pires
Intão é só começa!
(Veneno vai até o microfone)
Veneno
43
(O primeiro da fila é Dorfinho)
Cornélio Pires
Dorfinho
Estas quadrinhas eu fiz pra alguém que estimo muito. E ela já deve
sabê. Vai pro cê, intão.
Eu chorava de dá pena
Minhas lágrima caia no chão
Agora que ela gosta de mim
Não mais dói meu coração
Cornélio Pires
Inezinha
44
Tanta pena eu sentia
Mas nada eu podia fazê
Se ele nada me pedia
Como eu podia sabê
Cornélio Pires
Veneno
Cabecinha No Ombro
Tom: A
A E7 A A7
Encosta a tua cabecinha no meu ombro e chora
D A
E conta logo a tua mágoa toda para mim
E7 D A
Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora,
E7
que não vai embora
A
que não vai embora
E7 D A
Quem chora no meu ombro eu juro que não vai embora,
E7
que não vai embora
A A7
45
porque gosta de mim
D A E7 A
Amor, eu quero o teu carinho, porque eu vivo tão sozinho
Bm D A
Não sei se a saudade fica ou se ela vai embora,
E7 A
se ela vai embora,se ela vai embora
Bm D A
Não sei se a saudade fica ou se ela vai embora,
E7 A
se ela vai embora,porque gosta de mim
Dorfinho
Inezinha
Tom: G
G
Cheguei na beira do porto
D
Onde as ondas se espáia
G
As garça dá meia volta
D
E senta na beira da praia
E o cuitelinho não gosta
G DCDG
Que o botão de rosa caia, ai, ai, ai
G
Aí quando eu vim de minha terra
D
Despedi da parentaia
G
46
Eu entrei no Mato Grosso
D
Dei em terras paraguaia
Lá tinha revolução
G DCDG
Enfrentei fortes bataia, ai, ai, ai
G
A tua saudade corta
D
Como aço de navaia
G
O coração fica aflito
D
Bate uma, a outra faia
Os óio se enche d`água
G DCDG
Que até a vista se atrapaia, ai, ai, ai
Cornélio Pires
Elias
Eu nunca pensei que fosse fazê poesia. Mais coração a gente não
controla. Os verso vão parecendo quando a gente menos ispera.
Fiz uns versos, são capenga, mais são feito com tanta emoção. Fiz
pra quem eu tamém amo, com toda força do meu coração.
47
Pórva, espingarda e cutia,
Um facão fala-verdade,
E uma viola de harmunia,
Pra mata minha sodade.
(todos batem palmas. Os versos lidos por Elias são de Cornélio Pires e do poeta Emiliano
Perneta – A uma desconhecida- do livro Ilusão e Outros Poemas – páginas 150/160)
Elias
(enquanto Elias está lendo, Mocinha abre a bolsa e pega os papéis e acompanha cada verso)
48
Como zéfiro fala ao ouvido da rosa!
Cornélio Pires
Mocinha
Elias
Cróvis
Mocinha
49
Cróvis
Mocinha
(Zurmira tenta se afastar e sair de cena, mas volta e enfrenta a situação, exibindo o anel e a
pulseira)
Cróvis
Zurmira, sua mardita, sua marvada, sua arcovitera! O que ocê fez
com meus presente, que mandei ocê integrar pra Mocinha? Ocê me
inganô, dizendo que tinha intregue os presentinho pra Mocinha.
Zurmira
Ocê num mandô eu integrá nadica de nada. Ocê me deu este anér
e esta purseira como prova do seu amor por mim, se isqueceu,
gióta de uma figa?
Agora tá sartando fora do nosso cumpromisso de noivado?
Ocê me deu as jóia para me alegrá e casá com ocê!
Cróvis
Fui inganado por todos oceis. Passaram a perna ni mim. Estou todo
esfolado com os gorpe! Me estriparo todo, tô todo estrupiado! Me
tiraro o côro! Gente marvada!
Eu bem que falei que o Cróvis num sabia nem iscrevê dereito... Eu
avisei, ocê ficou toda animada com os versos...
50
Intão, quem mandô foi o Elias, não o Cróvis.
Ocê desfaça o malentendido e peça descurpa pro Elias que deve tá
ofendido com a confusão que ocê criou.
Elias
Mocinha
Ocê não tem discurpa pra pedi. Foi tudo farta de atenção. Agora
que eu descobri que ocê é um home dos bão, que merece todo meu
respeito e consideração.
Elias
Mocinha
(Todos batem palmas e os músicos começam a tocar músicas de quadrilha. Enquanto a dança
começa, Mocinha e Elias saem de cena. Veneno segue todos. Mocinha veste um vestido de
noiva caipira, Elias veste um paletó apertadinho e põe um chapéu de palha na cabeça. Veneno
veste roupa de padre. Todos voltam para dançar o final da quadrilha, fazem o túnel, e a
festança acaba com o casamento caipira).
51
Veneno / padre
Mocinha
Elias
Veneno
(Os noivos se abraçam e se beijam. A quadrilha continua. Todos formam uma fila e vão saindo
do palco, enquanto a luz vai se apagando).
FIM
52