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INTRODUÇÃO

Neste seminário o objetivo é reconhecer a escola como um espaço institucional, onde


não se ensina, ao nível de se transformar em agente de processo democrático, onde a
informação é transmitida e não aplicada a onde o conteúdo enriquece seu aprendizado.

O espaço institucional, “escola”, é mantida pela sociedade, como local a......... ganha
identidade como aluno e o qual vai para aprender; a função social que a escola ........
historicamente; o acesso à escola e seus indicadores de sucesso e fracasso.

Pela definição, a escola deve ser um lugar muito atraente e agradável, pois lazer quer
dizer descanso e consagrado, por sua vez, é um adjetivo que qualifica o que é sagrado, o
que é santo.

Primeiramente vem a família, depois vem a escola, é o primeiro grupo social a que
pertencemos. Os grupos sociais são importantes para aprendermos a interagir com
pessoas, a conhecer novos comportamentos e a respeitar uns aos outros.
Além do mais a escola é fonte de conhecimento, tanto formal quanto informal, é um
espaço onde o aluno é a principal fonte de riqueza da escola, além de ser uma inclusão
social, promove no aluno o sentido de importância na comunidade.

Durante todo nosso crescimento, precisamos de um referencial, e essa é uma das


principais funções da escola. Cada fase do aluno, novas necessidades e capacidades
devem ser exploradas, para isso, a escola deve dispor de uma classe de profissionais de
orientadores educacionais (Professor e Psicólogo).

As escolas formam o caráter e a personalidade de um povo, podendo, se bem planejada,


oferecer as bases necessárias para o triunfo do indivíduo, em caso contrário. Por isso,
nossas escolas precisam ser reformuladas através de planos lúcidos e lógicos. Por meio
de plena e consciente articulação de planejamento adaptado à realidade de nossos dias.
O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DE
CRIANÇAS E JOVENS
A escola tem um papel muito importante, principalmente na infância, onde começa a
interação da criança-sociedade. É na promoção de mecanismo prepositivos, como
diálogo e participação, e que as relações sociais deverão estar apoiados para o
desenvolvimento social e humano das crianças e jovens.
A escola deve ser um instrumento que promove a socialização e as melhorias nas
condições da vida.

Hoje em dia a qualidade desejada constituem-se em referências para sua família e


comunidades quando projetam o futuro de seus filhos. A escola é uma instituição que
promove cidadania e constroem a paz em cada indivíduo. Para que a escola se torne
uma instituição de potencial é preciso que haja o diálogo, o respeito, o companheirismo
e a comunicação, que faz parte no desenvolvimento do indivíduo.
O papel da escola é lembrar que, nós educadores, somos a referência, o espelho, para
cada aluno no seu desenvolvimento.

A seguir os 9 mandamentos para ser um bom cidadão, os quais deverão ser ensinados
diariamente, para que sua fome física seja saciada, mas sim os 9 mandamentos que irão
saciar a formação e o desenvolvimento da vida social de cada indivíduo, só assim
teremos um futuro melhor.

Ser solidário: Solidariedade é um laço que nos vincula a outros indivíduos. Hoje, é uma
palavra de ordem para a harmonia social.
Prestar o bem aos semelhantes, ajudá-los, mostrar compreensão, honestidade e
preocupação com todas as pessoas é uma das maiores virtudes que se pode ter, uma
ferramenta das mais sólidas para construirmos uma sociedade mais justa e democrática.

Ter respeito: É uma palavra que nos faz encarar determinadas situações, tais como:
consideração, diferença, obediência, referência, medo, temor etc...
O respeito pode ser referido no trânsito, na escola, no trabalho, na rua ou até mesmo no
ônibus, respeitar as outras pessoas é um principio básico que uma pessoa pode fazer,
para que ela possa ser respeitada.

Ser Sincero: Que se refere ser sincero, que diz uma franqueza, o que se sente, também
uma pessoa sincera, verdadeira, sem disfarce, sem malícia, até mesmo maldades.
Quando buscamos a confiança de outras pessoas, devemos ser sinceros em tudo o que
fazemos, em nossas palavras, em nossas ações e acima de tudo em nossos pensamentos.
Ser sincero, ganhamos lealdade, confiança e mais facilmente ganhamos a amizade de
outras pessoas.

Dizer sempre a verdade: Dizendo a verdade, ganha-se confiança. Com confiança, se


ganha a amizade. A harmonia e progresso social dependem, e muito, dessas qualidades.

Cooperar: Pode ser dito trabalhar em comum, auxiliando, ajudando etc...


Participar é sempre fundamental. A cooperação mútua entre as pessoas de bons valores
constrói caminhos de esperança para toda a sociedade.

Não agredir o seu semelhante: Para que o semelhante seja agredido, não precisa ser só
fisicamente, por palavras também, violência sempre gera mais violência. Devemos
sempre dizer não a qualquer tipo de violência ou agressão. Pois devemos ter bondade,
educação e responsabilidade.
Perdoar: Que se refere ao um ato de conceder perdão, absolver sua culpa, se desculpar
pelo que fez e até mesmo pelo que não fez.
Ao manter-se ressentido com alguém, nuca se tem o repouso devido para o corpo e para
alma. O rancor não às levas a lugar nenhum, apenas serve para criar mais problemas.

Dialogar: Se refere a ato de conversar com outra pessoa ou com outro grupo.
Muitos problemas, brigas, discussões e incompreensões poderiam ser fácil de serem
resolvidas se existisse diálogo entre as pessoas envolvidas.
Procure sempre conversar, trocar idéias, experiências, buscar explicações e antes de
tudo, aprenda a conhecer as outras pessoas.
Agir conforme a consciência e de acordo com os valores éticos e morais: Não estamos
sozinhos no mundo, e tudo o que não queremos para nós, também não devemos querer
para as outras pessoas. Aprender a conviver é essencial para melhor saborear nossa vida.

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

A história da educação no Brasil deu-se início em 1549, com a chegada dos primeiros
padres jesuítas, na sede do governo na colônia, e instalou-se ali a primeira das milhares
escolas, movidas por intenso sentimento de fé, cultura e civilização do nosso país e por
mais de 200 anos, eles foram praticamente os únicos educadores no Brasil. Fundaram as
escolas de ler, contar e escrever, mas a prioridade dos jesuítas era sempre a escola
secundária, onde a sua qualidade era reconhecida por modalidades de estudos
equivalentes aos de ensino superior.

Nossas primeiras escola reuniam, crianças indígenas e portuguesas, mas com o tempo
os indígenas foram sendo excluídos do ensino. Em 1759, os padres jesuítas expulsos de
suas colônias, e deixaram um vazio que não foi preenchido. Nas décadas seguintes, foi
imposto pelo marquês de pombal, a instituição do “Subsídio Literário”, que não
prosseguiu adiante. Só em 1808, quando Portugal foi invadido pelos Franceses, a
família Real e a sede do Reino de Portugal, se transportaram para o Brasil – colônia, a
educação toma novos rumos, a presença da corte e a Realeza que os rodeavam, trouxe
novos hábitos e costumes para o cotidiano Brasileiro.

Os portos, que antes eram reservados aos navios portugueses, abre para embarcações de
outros países, foram criadas bibliotecas, museus e a grande educacional de D. João VI,
mas que voltou-se para as necessidades da corte, que oferecia seus cursos em
instituições cientificas, ensino técnico e dos primeiros cursos superiores, como os de
medicina no estado do Rio de Janeiro e de Bahia, que tiveram o objetivo de preencher
demandas de formação profissional, além de dar continuidade a marginalização do
ensino primário.
Com a independência do país, em 1823, algumas mudanças no panorama sócio-político
e econômico, começaram a serem mais pensados e desejados, inclusive em termos de
política educacional, mas só em 1823, que pela primeira vez, se associou apoio
universal e educação popular, uma como base da outra. Também foi debatida a criação
de universidades no Brasil com várias propostas apresentadas.

Como resultados desse movimento de idéias, surgiu o compromisso do império, na


constituição de 1824, em assegurar “instrução primária gratuita a todos os cidadãos”,
confirmado logo depois pela lei de 15 de Outubro de 1827, que determinou a criação de
escolas de primeiras letras, em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três
instâncias do poder público. Teria sido a liberdade da educação, caso tivesse sido
implementada, da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não foi a frente.

Em seu lugar, surgiram as cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, fortalecendo o


sentido profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI.
A falta de idealismo da educação básica, instituída em 1834, foi mantida pela
República, impedindo o governo central de agir e assumir posição estratégica de
formulação do ensino fundamental, assim, a educação permanecia voltada
exclusivamente, para os interesses das classes dominantes; os grandes fazendeiros, a
nobreza e o alto funcionalismo.

Na década de 1920, apo a primeira grande guerra, o povo começou a repensar, com a
industrialização e a crescente urbanização, o povo passou reivindicar o direito de
freqüentar a escola, inúmeras reformas do ensino primário foram feitas em âmbito
estadual, e com isso surgiu a primeira grande geração de educadores. Anísio Teixeira
Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Almeida Jr., entre outros, que lideraram o
movimento de renovação no setor educacional.

Em 1930, foi criado o ministério de Educação e Saúde, que teve o papel central na
organização do nosso sistema de ensino e das universidades. A constituição promulgada
após a revolução de 1930, em 1934 consignou avanços significativos na área
educacional, incorporando muito do que havia sido debatido em anos anteriores. Entre
1945 e 1964, o pais viveu uma época de democracia política e crescimento econômico,
foi a época que vai desde a queda do Estado Novo até a Revolução de 1964, quando se
inaugurou um novo período autoritário, durante esse período instalou-se em 1961
depois de 13 anos de discussão, a primeira lei de diretrizes e Bases da educação (LDB),
campanhas e movimentos de alfabetização de adulto e expansão do ensino primário e
superior, ocorreu um admirável movimento em defesa da escola pública, universal e
gratuita, na fase em que procedeu a aprovação da LDB.

Em 1971, uma nova LDB aumentou a obrigatoriedade de educação de 4 para 8 anos,


integrou todos os níveis de ensino e acabou com a separação entre secundários e
técnicos, mas não foi a solução, continuaram a existir dois ensinos: um destinado aos
ricos, e outro aos pobres.
A constituição de 1988, trouxe importantes vitórias para educação, como a extensão da
obrigatoriedade da escolarização e de, pouco a pouco, se alcançar a gratuidade no
ensino médio, procurou introduzir inovações e compromissos, com destaque para a
universalização do ensino fundamental e irradiação do analfabetismo.
Em 1996, foi aprovada uma terceira LDB, ao terminar a década d 1990, o país já
oferecia vagas no ensino fundamental para todas as crianças e adolescentes, o aspecto
essencial então, era dar mais atenção à qualidade.

RECURSOS PARA MANTER A ESCOLA PÚBLICA;


GESTÃO FINACEIRA COMPARTILHADA

Vamos conhecer as duas formas de aplicação dos recursos.


Aplicação Descentralizada: essa é administrada pela própria escola e por uma unidade
executiva a ela associada;
Aplicação Centralizada: é administrada por órgão executor, Secretaria de Educação
Estadual, Municipal ou do Distrito Federal.

Recursos Públicos:
Esses recursos Públicos, o orçamento é anual e aprovado pelo governo, ou seja,. A
União, o Estado ou o Município.
A sua origem está nos impostos e nas contribuições sociais.

Recursos Privados:
Esses recursos vem da própria comunidade, na qual a escola está inserida, bem como de
outras parcerias, contribuições, doações e até mesmo de projetos comunitários.

A Constituição Federal determina em seu artigo 212, que a União deve aplicar,
anualmente, ao menos 18%, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no
mínimo 25% da receita proveniente de impostos na manutenção e no desenvolvimento
de ensino.

De acordo com o artigo 211, parágrafo 2º e 3º, os municípios atuarão prioritariamente


no Ensino Fundamental e o Distrito Federal atuará de forma idêntica nos ensinos,
fundamental e médio.
Para o recebimento dos recursos do PDDE, é necessário a criação de uma unidade
executora, que realiza as despesas.
Todas as escolas públicas que tenham mais de cem alunos, devem ter uma unidade
executora própria para o recebimento dos recursos do PDDE, cujos valores são
destinados de acordo com o número de alunos de cada escola.

A constituição também criou um fundo conhecido por FUNDEB, que recolhe 15% de
cada desses impostos: ICMS, IPI, FPE e FPM.
Alguns desses recursos são vinculados à determinados níveis de ensino, outros são
específicos e devem serem aplicados em programas exclusivos.

A gestão financeira se compõe de três etapas fundamentais: Planejar, Executar e Prestar


Contas.
Executar
Gastar o dinheiro não é tão simples assim, a princípio exige do(a) gestor(a) muita
atenção para uma série de detalhes.
As formas de liberação dos recursos orçamentários e financeiros a serem utilizados nas
escolas, os mecanismos de contratação, pagamento e comprovações das despesas.
Também esses mecanismos, estão os:
Cheques emitidos pela escola ou unidade executora;
As notas fiscais de gastos realizados;
Os recibos de serviços prestados;
Todos esses instrumentos constituem o registro de gestão financeira realizada na escola
e deve ser cuidadosamente acompanhados e arquivados.

Prestar Contas
É o momento de comprovar as despesas realizadas.
Prestar Contas sugere a publicação de um relatório que foi alcançado com os recursos
obtidos, depois de um plano de trabalho, discutido e aprovado pelos gestores e pela
representação da comunidade escolar.

Também sugere a presença de um contador; A escola precisa prestar contas de todas as


despesas que foram realizadas com os recursos públicos à ela destinados por meio de
programas orçamentários específicos.

Com relação aos recursos financeiros privados, a escola deve atender aos critérios de
prestação de contas estabelecidos pela instituição.

Todas as despesas realizadas pela escola, devem ser apresentadas à comunidade, porque
a mesma precisa estar consciente de todas as aplicações feitas em benefício da escola.

É importante que o conselho escolar verifique atentamente a prestação de contas e que a


comunidade tenha conhecimento em que foi gasto os recurso financeiros.

GESTÃO PARTICIPATIVA
A ELEIÇÃO DO DIRETOR DA ESCOLA

Profissionais da are de educação defendem mudanças nas regras para a escolha dos
diretores de escolas públicas.

Em alguns municípios, os diretores são indicados pelo prefeito e não passam por
nenhum tipo de seleção.

O perfil dos diretores influencia na qualidade das escolas, e mesmo para se fazer uma
eleição é preciso que se indique alguém com um preparo técnico, o diretor deve ser um
educador, que tenha posição pedagógica e administrativa.

São esses os grandes desafios para o Gestor:


Coordenar uma proposta que precisa ser gestada no coletivo, administrar os conflitos
dela decorrente e arcar com todos os ônus que lhe são inerentes;
Respeito as diferenças, à pluralidade de idéia e concepções pedagógicas, à liberdade e à
Tolerância.

Perfil Profissional
Como gestor público, o Diretor de escola deve reunir em seu perfil profissional,
características que lhe possibilitem: observar, pesquisar e refletir sobre o cotidiano
escolar.

Compreender os condicionamentos político e sociais para promover a integração com a


comunidade;
Propor e planejar ações que, incorporem as demandas e anseios da comunidade local;
Valorizar a gestão participativa;
Reconhecer a importância das ações de formação continuada para o aprimoramento dos
profissionais;
Cuidar para que as ações de formação continuada se traduzam efetivamente em
contribuição ao enriquecimento da prática pedagógica em sala de aula;
Acompanhar e avaliar o desenvolvimento da proposta pedagógica.

É possível vislumbrar educadores verdadeiramente comprometidos com a instituição em


que trabalham, assumindo também o seu papel de gestor, diante dos alunos e dos pais,
responsabilizando-se pela saúde e responsabilidade da escola.

APM - ASSOCIAÇÃO PAIS E MESTRES

A APM ( Associação de Pais e Mestres) é um projeto que auxilia a escola, tem por
finalidade colaborar na melhoria do processo educacional, seja na assistência escolar, na
integração entre família, escola e comunidade.

Não terá caráter político, racial, religioso e nem fins lucrativos.


A APM propõe:
a) Melhoria do ensino;
b) O desenvolvimento de atividades de assistência escolar;
c) A manutenção, conservação, dos equipamentos e instalações do prédio;
d) A programação de atividades culturais e de lazer que envolvam os pais.

Há ainda o quadro social e os direitos dos associados, junto também de seus deveres,
sendo esses:
Defender, por atos e palavras, o bom nome da escola e da APM;
Conhecer o estatuto da APM;
Participar das reuniões;
Prestar à APM, serviços gerais ou de sua especialidade profissional, conforme suas
responsabilidades.

Ela é administrada pelos seguintes órgãos:


Assembléia geral;
Conselho Deliberativo;
Diretoria Executiva;
Conselho Federal.

O balanço anual será submetido à Apreciação do Conselho Fiscal, que deverá


manifestar-se no prazo de 5 dias, até 10 dias antes da convocação da Assembléia Geral.
Cabe a APM a administração direta ou indireta da cantina escolar e outros órgãos
existentes na escola, geradores de recursos financeiros.
Os bens permanentes doados a APM, ou por ela adquirido, serão identificados,
contabilizados, inventariados e integrarão o seu patrimônio.

O prazo de duração da APM é indeterminado, podendo ser dissolvido somente por


deliberação da Assembléia Geral, obedecendo as disposições legais.

Outra gestão participativa e de muito valor é o programa Escola da Família, que


funciona todos os finais de semana, tendo como objetivo trazer e aproximar as famílias
da comunidade para a unidade escolar de seu bairro.

Tem como atividades; muitos jogos, brincadeiras e oficinas de artesanato como: pintura
em tecido, madeira, tela, decoração em unha, cabelo, além do prazer de aprender uma
profissão com arte.
As famílias transformam o aprendizado em lucro, uns tem essas oficinas como única
fonte de renda.

A EDUCAÇÃO COMO UMA FUNÇÃO SOCIAL

As ações humanas são modificadas de uma forma análoga.


Como o meio social educa os seus membros imaturos é o que temos mais especialmente
que mostrar, não é muito difícil ver como é que ele molda os hábitos externos de ação.
Até os cães e os cavalos modificam as sua ações quando se associam a seres humanos.

Uma criança que cresce numa família de músicos, tem inevitavelmente as suas
capacidades musicais estimuladas, sejam elas quais forem. Se não se interessa por
música e não adquiri alguma competência nesse campo, fica de fora, é incapaz de
participar da vida do grupo a que pertence. Algumas formas de participação na vida
daqueles com quem o indivíduo se relaciona são inevitáveis; nesse aspecto, o meio
social exerce uma influência educativa ou formativa inconscientemente e independente
de quaisquer propósitos estabelecidos.

O desenvolvimento nos jovens das atitudes e disposições necessárias a vida contínua e


progressiva de uma sociedade não tem possibilidade de se realizar pela transmissão
direta de crença, emoções e conhecimento.

DE CRIANÇA A ALUNO: UM PROCESSO A SER


ESTUDADO
A Criança
Uma criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento. São chamadas de
recém-nascidas, do nascimento até um mês de idade. E nós pedagogos somos os
responsáveis por cuidar dos aspectos cognitivos, ou seja, intelectual e social da criança,
desde a pré-escola.
A infância é o período que vai desde o nascimento até aproximadamente o 11º ano de
vida de uma pessoa, é um período de grande desenvolvimento onde o ser humano
desenvolve-se psicologicamente, envolvendo graduais mudanças no comportamento da
pessoa e na aquisição das bases de sua personalidade. È um período no qual a criança
cresce fisicamente e matura-se psicologicamente.

Após isto vem a adolescência. Embora em várias crianças ocorra o que se chama
puberdade precoce, deve-se esclarecer que tais crianças ainda não tem maturidade
psicológica suficiente para serem consideradas adolescentes, mesmo tendo o porte físico
de um.

Do nascimento até o início da adolescência, os pais são os principais modelos da


criança, com quem elas aprendem, principalmente por imitação. Filhos de pais os
abusam ou negligenciam tendem a sofrer de vários problemas psicológicos, inclusive,
depressão.

Estágios da Criança
0 – 18 MESES
Neste estágio, o bebê é totalmente dependente de terceiros (geralmente dos pais) para
quaisquer coisas como locomoção, alimentação ou higiene. Neste período, bebê aprende
atos básicos de locomoção como sentar, engatinhar, andar. Este período é caracterizado
pelo egocentrismo, pois o bebê não compreende que faz parte de uma sociedade, e o
mundo para ele, gira em torno de si mesmo.

18 MESES – 3 ANOS
O principal aspecto dessa faixa etária é o desenvolvimento gradual da fala e da
linguagem.
A criança lentamente passa a compreender melhor o mundo a sua volta, e aprender que
neste mundo há regras que precisam ser obedecidas, embora ainda bastante
egocêntricas.

3 – 4 ANOS
Crianças desta faixa etária começam a desenvolver aspectos básicos de responsabilidade
e de independência. São altamente ativas em geral, constantemente explorando o mundo
a sua volta, passam também a aprender que na sociedade existem coisas que elas podem
fazer, também passam a aprender padrões de comportamento de um processo chamado
identificação. As crianças passam a se identificar com outra pessoa por causa de vários
motivos, incluindo laços de amizade, passam a ver diferenças entre pessoas do sexo
masculino e feminino, tanto nos aspectos físicos quanto nos aspectos psicológicos,
como os estereótipos dados a ambos os sexos pela sociedade. Ex: menino brinca com
bola e menina brinca com boneca

5 – 9 ANOS
Na maioria das sociedades, as crianças já aprenderam regras e padrões de
comportamentos básicos da sociedade por volta do quinto ano de vida. Elas aprendem
então a discernir-se uma dada ação é certa ou errada. A vida social da criança passa a ser
cada vez mais importante, e é comum nesta faixa etária o que se chama de o(a) melhor
amigo(a).
Nesta idade, regras básicas da sociedade são mais bem compreendidas e a
racionalização também é uma habilidade que é aprendida e constantemente melhorada.
A comparação que uma criança faz de si mesmo à outra também a auto-imagem e a
auto-estima da criança, o tipo de auto-imagem formado durante a infância pode
influenciar o comportamento desta pessoa na adolescência e na vida adulta.
Pré-adolescência
A partir dos 10 anos de idade, crianças passam a dar mais importância a um grupo de
amigos que possuem gosto semelhante.
Neste período a vida das crianças passam a ter mais responsabilidade (deveres), ao
mesmo tempo em que passam a querer exigir mais respeito de outras pessoas –
particularmente dos adultos.
A pré-adolescência é marcada pelo inicio das intensas mudanças físicas que
transformam a criança em um adulto; é o inicio da puberdade, marcada principalmente
pelo aumento do ritmo do crescimento corporal e pelo amadurecimento dos órgãos
sexuais.

O papel dos pais


Os pais de uma criança têm papel fundamental no desenvolvimento psicológico da
criança, além de serem os responsáveis pelo sustento dela. Uma das principais
preocupações dos pais é ajudar a criança em desenvolvimento, a crescer normalmente.
Os pais são responsáveis por cuidar da criança e de suas necessidades físico-
psicologicas, de recompensar suas ações positivas e punir suas ações negativas,
ensinando-lhe corretos modelos de comportamentos.
Todas as crianças possuem certas necessidades psicológicas tais como: sentir-se amadas
e queridas pelos pais.
Espera-se mais maturidade e responsabilidade quando essa passa a ir à escola
regularmente – a partir dos seis ou sete anos de idade. As crianças passam a freqüentar,
regularmente, um lugar, onde regras existem e devem ser cumpridas – onde os padrões
de comportamento não mudam de um dia para o outro.

O aluno (segundo Piaget)


O desenvolvimento cognitivo da criança ou indivíduo é determinado pelo impulso de
preservar o equilíbrio com o meio. Sempre que uma criança recebe um estimulo
externo, ela age, a fim de restabelecer o equilíbrio. Essa ação pode ser uma adaptação
ou uma organização.
A adaptação assumiu duas fases básicas: a assimilação, em que a criança integra um
novo dado às estruturas que já possui; e a acomodação, onde a criança é que se modifica
para adquirir um novo conhecimento.
A organização articula esse processo, de maneira constante, onde o indivíduo constrói e
reconstrói sua estrutura cognitiva, tornando-se cada vez mais apto a manter seu
equilíbrio com o meio. Como tais processos ocorrem em faixas etárias semelhantes para
a maioria das pessoas, é possível distinguir os estágios do desenvolvimento cognitivo,
que são 4:

Sensório Motor ( do nascimento aos 2 anos): A partir de reflexos neurológicos básicos,


o bebê constrói mentais para assimilar o mundo que o cerca. A interação com o meio se
dá pela ação, de maneira direta e imediata, sem a interferência da representação. Usar
um cabo de vassoura para alcançar um brinquedo distante, por exemplo, é um ato de
inteligência que aparece no fim dessa fase.

2- Pré operatório (dos 2 aos 7 ou 8 anos): A criança torna-se capaz de substituir um


objeto por um símbolo, por isso essa fase também é chamada de fase da inteligência
simbólica. Essa capacidade de representação possibilita a aquisição da linguagem e a
criação de imagens mentais, que se traduzem nas fantasias, nos jogos de faz-de-conta.
O egocentrismo (incapacidade de se colocar no lugar do outro), o nominalismo (dar
nomes a objetos quando não sabe como chamá-los), o animalismo (atribuir alma a seres
inanimados), a super determinação (teimosia) e a necessidade de descobrir a causa de
tudo (os famosos “por quês”), também são características.

3- Operatório – concreto (dos 7 ou 8 aos 11 anos): Nessa fase a criança começa a


perceber a relação entre causas e efeitos. Já percebe que alterações de formas, não
geram, necessariamente, alterações de conteúdo, por exemplo: se tirar meio litro de
água de uma jarra e despejar num aquário, percebe que a quantidade de água continua
sendo meio litro. Isso está ligado à noção de conservação (no caso, da quantidade) e de
reversibilidade, isto é: indica que a criança percebe que as ações são reversíveis e
podem ser desfeitas. Ela também é capaz de ordenar elemento segundo determinado
critérios (por exemplo, tamanho), formando conjuntos, e de compreender e seguir
regras. Por essa segunda capacidade é que já consegue organizar-se em grupos
hierarquizados, podendo exercer ou seguir uma liderança. Nessa fase, a criança também
é capaz de selecionar diferentes aspectos situacionais para obter dados da realidade.
Embora não se limite mais a uma representação imediata, ainda depende do mundo
concreto para chegar à abstração.

4- Operatório – Formal (dos 12 aos 16 anos): essa fase marca a passagem do


pensamento concreto para o pensamento hipotético – dedutivo, o que permite ao
adolescente compreender metáforas. Ele torna-se capaz, também, de manter uma
conversação dialética, ou seja, a partir de diferentes pontos de vista, chegar a uma
conclusão comum. Dentro dos grupos hierarquizados podem surgir ainda, relações de
cooperações e reciprocidade.
Na educação Piagetiana, portanto, o professor deixa de ser um mero repetidor de
conteúdo e passa a ser um guia da criança, orientando-a durante seu processo de auto-
construção do conhecimento. Ele não é mais alguém que ensina, e sim, alguém que
facilita o aprendizado, respeitando as fases biológicas do desenvolvimento.

O aluno (segundo Vigotsky)


O trabalho de Vigotsky sobre a relação entre desenvolvimento e aprendizagem se chama
Abordagem Histórica – Cultural, ele elaborou uma teoria que tem por base o
desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico e o papel
da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento. Para ele a criança não nasce,
mas sim, em um mundo humano, começa a sua vida rodeada de cultura e de
conhecimento criados pelas gerações anteriores, a criança vai se aprimorando nesta
cultura e se relacionando racialmente com ela, desde o seu nascimento ela já
compartilha sua vida com adultos, seus costumes, seus modos de falar e de estar no
mundo.
Para a abordagem histórico – cultural, a relação entre o homem e o meio é sempre
medida por produtos culturais humanos como:
O instrumento – é tudo aquilo que se interpõe entre o homem e o meio ambiente,
ampliando e modificando suas formas de ação. Ex: as maquinas etc. Não só ampliam as
ações dos homens na natureza, lhes dando mais oportunidade de agir.
O signo – é um instrumento psicológico, para representar o que está ausente, o homem
utiliza a palavra, o desenho e os símbolos.
O outro – é um adulto, ou responsável, é todo aquele que compartilha uma relação com
a criança. E na relação com o outro que a criança vai fazendo suas significações de
realidade.

O funcionamento psicológico do homem está nas interações sociais e o aprendizado


ajuda e impulsiona o desenvolvimento.
Então, para Vigotsky a relação, criança x escola, ajuda e muito no desenvolvimento de
cada indivíduo pois é ali que ele passa a interagir com variedades culturais e isso ajuda
no desenvolvimento da criança, para ele existem 2 níveis de desenvolvimento:
O Real – já adquirido ou formado;
O Potencial – capacidade de aprender com o outro.

Para ele, é a linguagem que abre caminho para a zona de desenvolvimento proximal
(Potencialidade para aprender, que não igual para todos): é a distância entre o nível de
desenvolvimento real e potencial e cada um tem o seu ritmo diferente, uns mais rápido,
outros nem tanto.

A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO


AUTO CONCEITO E DO AUTO ESTIMA DE SEUS
ALUNOS
A importância da escola na formação do indivíduo vem através do auto conceito e da
auto estima, pois o texto tem como abordagem a formação da auto estima do aluno, um
tema que vem sendo visto por alguns profissionais da educação, como o caminho para a
obtenção de bons resultados escolares e conseqüentemente, na vida adulta destes alunos.
As prioridades são apontadas com as estratégias mais utilizadas pela escola, na figura do
professor, como atitudes, que acredita viáveis para resolução de problemas de sala de
alua
Em outro momento, tendo como base, teóricos que tratam desse assunto, são
apresentados sugestões considerados ideais para que, a relação professor aluno,
contribuam para o aprendizado e para conquista da auto – estima do aluno, através do
relacionamento afetivo pautado em respeito, autonomia e compreensão entre ambos.

Esta pesquisa tem como objetivos, refletir sobre a afetividade como fator importante no
relacionamento professor aluno, desenvolvendo análises sobre a interligação entre a
aprendizagem e a afetividade na formação da auto-estima; analisar que ações
pedagógicas favorecem a afetividade no trabalho do professor e identificar as
dificuldades na relação professor e aluno, que envolvem a questão da afetividade com a
aprendizagem além de discutir a postura do professor diante das dificuldades no
relacionamento com alunos.

Este trabalho foi desenvolvido com enfoque qualitativo e de cunho bibliográfico em


que, por meio desta metodologia, compreendi os acontecimentos históricos
educacionais r as relações sociais que indicaram a trajetória da relação professor e aluno
tendo como ponto fundamental à questão afetiva na formação do aluno e sua vinculação
com o processo educacional.
Através da pesquisa, observei que a afetividade e a educação são desafios para
aprendizagem significativa e consiste num processo de educação para a vida, numa
parceria entre professor, aluno, família e comunidade, grupos sociais tão importantes no
sucesso da aprendizagem do aluno.

Confirmando desta forma, que o funcionamento psíquico humano não é composto


somente da dimensão cognitiva, ma também, pela dimensão fundamental de sua
existência que é afetiva. Nesta perspectiva verificou que a afetividade, moral e educação
estão intrinsecamente ligadas na aprendizagem. A afetividade influência de maneira
significativa à forma pela qual os seres humanos resolvem os conflitos de natureza
moral. A organização do pensamento influência o sentimento, e o sentir também
configuram a forma de pensar. Neste sentido, a afetividade perpassa...

Os funcionamentos psíquicos, assumindo papel organizativo nas ações e reações. Sabe-


se, no entanto, que a escola não é a solução para todas as dificuldades existentes do ser
humano, porém, como órgão educacional que tem como uma das suas funções, a
formação do cidadão como sujeito construtor do seu contexto histórico, pode e deve
contribuir para mudanças significativas na relação professor e aluno, pois, além da sala
de aula que oferece conteúdos e provas, a afetividade está presente em cada ação e
busca seu espaço no espelho, que a turma repassa aos técnicos quando dispõem do
diário de notas, conselho de classes, conselho escolar e tantos outros instrumentos e
setores que retratam esta relação.

Por conseguinte, para a construção da auto-estima é necessário buscar a


responsabilidade e não a culpa, criar um clima de confiança que faça com que a pessoa
sinta-se genuinamente aceita, compreendida e respeitada, sentimentos que ajudam a
trabalhar núcleos emocionais que bloqueiam condutas inadequadas. Os educadores sabe
que as crianças aprendem melhor quando estão satisfeitas com elas mesmas e que bons
sentimentos são importantes.

N o entanto, alguns professores desconhecem seu papel de “espelho”, dentro de uma


sala de aula, esquecendo que seus alunos os admiram e estão preocupados em ser igual a
eles, acabando por imitá-los em suas atitudes em até pensamentos. Se os professores
percebessem essa imitação sem dúvida procurariam policiar suas palavras e posturas.
Que maravilhoso seria, se os professores e alunos pudessem espelhar-se em fatos em
fatos e pessoas positivas, que amassem.

PENSAMENTO
Se um professor assume aulas de uma classe e crê que ela não aprenderá, então está
certo e ela terá imensas dificuldades. Se ao invés disso, ele crer no desempenho da
classe, ele conseguirá uma mudança, porque o cérebro humano é muito sensível a essa
expectativa sobre o desempenho.
ESTIGMAÇÃO: A PROFECIA (AUTO-
REALIZADORA) QUE SE INSTALA NAS SALAS DE
AULAS DA ESCOLA: CAUSAS DO FRACASSO
ESCOLAR
As causas do Fracasso Escolar
O tema fracasso escolar encontra-se constantemente em pauta nas discussões dos orgãos
oficiais e dos especialistas responsáveis pela educação. Não é de hoje que medidas
político-administrativas e pedagógicas vêm sendo elaboradas e adotadas e, da mesma
forma, pesquisas vêm sendo realizadas com o intuito de solucionar problemas referentes
ao grande número crianças em idade escolar que estão fora da escola, seja porque nela
nunca ingressaram ou porque sofreram o processo de evasão ou repetência.

Recentemente pesquisas como as de Patto (1996); O problema dentro do pensamento


histórico brasileiro, empenhando-se em desvaler como são construídas e consolidadas
as idéias de desvalorização e os preconceitos em relação aos indivíduos da classe
trabalhadora e, muitas vezes legitimados sob um discurso cientificista.

Se de um lado estas pesquisas revelam que a escola se constitui como produtora das
desigualdades sociais e da dominação, por outro revelam que no interior da escola,
assim como na sociedade, surgem contradições que favorecem um embate de idéias e
atitudes que poderão provocar rupturas nos discursos e práticas cristalizadas que ali se
processam.
Entretanto, convivemos ainda com a predominância dos aspectos biológicos,
emocionais, culturais e familiares para explicar as causas do fracasso escolar. Como diz
Patto (1996), o preconceito e a desvalorização impregnam toda a prática escolar “desde
as discussões referentes à política educacional até a relação diária de professores com
seus alunos”.

Persistindo a tendência em se vincular o fracasso escolar `”deficiência” do aluno, na


escola, muitas vezes, as crianças são tratadas como “incompetentes”, não tendo o direito
de se expressarem, cabendo ao professor incutir-lhes “o” saber. A não adaptação a esse
saber é um problema exclusivo da criança-aluno, que por razões pessoais, emocionais,
culturais, familiares, etc.,não consegue se sair bem.
Duas conseqüências, no plano pedagógico, decorrem deste papel dominador da escola: a
submissão ou agressividade. Ambas dificultam a aprendizagem porque atingem a auto-
estima da criança. Dessa forma, a escola assume função estigmatizadora, criando o
estereótipo do aluno marginalizado, que é, na maioria das vezes, aquele proveniente das
camadas populares. Atribui-se ao próprio sujeito marginalizado a culpa pela sua
exclusão.

Por que Estudar o Tema Fracasso Escolar?


Embora existam muitos estudos a respeito do fracasso escolar, estudá-lo torna-se
importante por se tratar de um tema polêmico, que continua dividindo vários estudiosos
no que se refere aos fatores intervenientes na produção do fracasso. E ainda, apesar do
volume de pesquisas sobre o tema investigado, poucos abordam o problema a partir da
ótica da criança-aluno. Investigar o fracasso escolar a partir do ponto de vista do
excluído é, a nosso ver relevante, por explicar através da fala das próprias crianças-
alunos os efeitos produzidos pelo rótulo de fracassado escolar, ao considerar as
diferentes versões que elas produzem sobre sua condição de escolar e, os efeitos da
imputação do estigma de fracassado em sua subjetividade.

Assim o “dar voz” ao excluído nos permitirá, entre outros aspectos, considerar e
compreender o seu potencial para aprendizagem que, geralmente, é desqualificado pelo
sistema de ensino e ainda nos ajudará a compreender como os alunos se colocam nas
situações escolares e as estratégias que constroem para lidar com as frustrações ou
dificuldades aí vivenciadas.

Quais as representações que os alunos considerados fracassados ou portadores de


dificuldades escolares constroem a respeito de si como aprendiz não-aprendiz; como
concebem o cotidiano escolar e as práticas que ali se processam? São questões entre
outras que procuramos investigar nesta pesquisa.

Ao tomar como foco de investigação as representações dessas crianças-aluno, não


podemos deixar de considerar como parte importante da pesquisa os determinantes
político-pedagógicos que regem a escola pública brasileira e que integram a construção
e estruturação do cotidiano escolar, os quais possivelmente estarão presentes nas
representações elaboradas pelas crianças-aluno. Assim como estarão presentes no
discurso dos demais atores escolares: professores, diretores coordenadores e pais.

Por isso a análise das representações estará dimensionada por um contexto político
educacional, orientado pela nova lei de Diretrizes e Bases (LDB/1996), marcada pela
progressão continuada pela divisão do ensino fundamental em dois ciclos: Ciclo I (1ª a
4ª série) e Ciclo II (5ª a 8ª série) e pela municipalização do ensino fundamental e,
conseqüentemente por todas as implicações decorrentes dessas mudanças.

Acreditam que a família precisa educar melhor os filhos, pois não cabe à escola dar
educação “de base”. Entretanto os casos mais graves de indisciplina e agressividade
devem ser resolvidos por um profissional especializado, pois o professor não tem
suporte para dar conta de tais situações. O desgaste decorrente destas situações impede
que o professor ministre uma boa aula e prejudica os alunos que têm interesse em
aprender.

A comparação do desempenho das crianças-aluno acorre com freqüência nas reuniões e


conseqüentemente alguns pais sentem-se mais valorizados, enquanto outros saem
humilhados, cabisbaixos não se sentem no direito de perguntar, de questionar.

O relacionamento com a instituição escolar não é menos conflitante e as críticas à


administração e a organização escolar aparecem com freqüência. Elas queixam-se das
intromissões sofridas no trabalho em sala de aula, da falta de apoio material e
pedagógico e da falta de respeito por parte da direção e coordenação que não valorizam
o trabalho dos professores.

Desta forma procuram estratégias, tias como os alunos, para dar conta das frustrações
daí precedentes. Estratégias que ora desqualificam os alunos e seus familiares e mesmo
os seus pares, ora na busca de argumentos que disfarce erros ou enganos cometidos. Na
tentativa de manter uma imagem intocável e de perfeição acabem sofrendo um enorme
desgaste físico e psíquico.
Nesse processo de desqualificação e de submissão, as professoras também se sentem
lesadas quando se referem à implantação da Progressão continuada. Acreditam, elas,
que a Progressão Continuada só piorou a situação educacional. Estão assustadas e
preocupadas com o grande número de alunos que ainda não estão alfabetizados, mas
que freqüentam a 3ª ou 4ª séries. A fala da diretora ilustra a opinião das professoras no
tocante a esse assunto:

“É um crime um aluno que não sabe ler nem escrever estar na 3ª ou 4ª séries, afinal
são conhecimentos a serem adquiridos até a 2ª série.”

As professoras apresentam uma visão crítica das mudanças ocorridas no sistema


educacional, mas esta parece referir-se muito mais a uma perda de controle e de poder
do que realmente uma preocupação com a melhoria da qualidade do ensino, pois ao
defenderem a reprovação ou a permanência do aluno na série anterior desejam um
retorno a um estado de coisa, que sabemos não é a solução. Não se trata de culpabilizar
os professores pelos problemas advindos dessa política, mas como responsáveis diretos,
in lócus, pela aprendizagem da crianças-aluno é necessário que se dêem conta de que
são as pessoas mais aptas a buscarem soluções para o problema. Para além da queixa
faz-se necessário que busquem alternativas coletivas, que pensem e reflitam. Claro que
se torna imprescindível questionar as políticas educacionais que costumeiramente são
impostas, assim como reivindicar mudanças, mas acreditar que voltando ao que era
estará solucionado o problema é no mínimo um descompromisso ético com a profissão
que exercem e com os sujeitos de sua ação.

Embora se mostrem consciente da má qualidade de educação pública e da precariedade


do ensino oferecido, em especial aos alunos da classe popular, assim como das
condições opressivas a que estão submetidos as professoras alimentam a crença em um
aluno ideal, passível de ser modelado conforme um padrão de ensino, cujo resultado
determinará a condição do aluno de capaz ou incapaz. Mesmo fazendo críticas aos
determinantes políticos institucionais, estas se esvanecem quando avaliam os problemas
enfrentados no cotidiano da sala de aula, de forma que as justificativas acabam
novamente recaindo no aluno, por sua vez incompetência, indisciplina ou desinteresse
ou em aspectos familiares: desinteresse, pobreza ou desestruturação familiar.

È possível que o desanimo, a falta de norte, a exasperação tanto com os alunos, como
com as pais e com os próprios pares resultados da situação difícil na qual vivem
diariamente, deparam-se com a falta de apoio tanto emocional, quanto de recursos
pedagógicos. Há na escola, para os professores, assim como para os alunos a ausência
de um interlocutor para as suas angustias e seus medos. O professor sente necessidade
de um interlocutor, é isso que ele procura quando se queixa dos alunos. De acordo com
Kupfer “o que está em jogo nestas queixas é o modo como os professores imaginam seu
papel, e quais os discursos em torno desse papel que impedem seu exercício eficaz.
Implícito em suas queixas há toda uma historia de trabalho sem reconhecimento e de
desorientação, sentimento de impotência e de incompetência que precisa ver
clarificada.

Ao que pudemos perceber há de fato no cotidiano escolar um embate de idéias e


atitudes.
Como no das crianças, o discurso dos demais envolvidos na ação educativa traz em si a
ambigüidade, a duvida. Aparecem lacunas onde podem ser provocados questionamentos
e reflexões, em que novas práticas e representações podem ser gestadas, em que novas
formas de agir e de pensar, nas escola, possam ser construídas, as mudanças, portanto
devem ser iniciadas neste cotidiano, incluindo na discussão e neste processo os sujeitos
da prática educativa- acriança-aluno.

A CONSTITUIÇÃO DA IDENIDADE E DA
DIVERSIDADE: UMA ESCOLA PARA TODOS

Não tem como falar que a escola é lugar onde a criança ganha seu espaço de
aprendizado, respeito, valores culturais e étnicos, político-religioso, isto posto sem falar
que a mesma é para todos sem distinção.

Uma escola para ser inclusiva exige três aspectos importantes:

1) É entender que inclusão é a capacidade de reconhecer o outro e, assim ter o


privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. Inclusão
não é somente estar junto, até mesmo porque estar junto é estar aglomerado com
pessoas que não conhecemos, inclusão é estar com, é integrar com o outro.

2) Um bom projeto pedagógico que começa pela reflexão, diferentemente do que


muitos possam pensar, inclusão é mais doa que rampas e banheiros adaptados.
Este projeto é para valorizar a cultura, a história e as experiências anteriores das
crianças.

3) A escola deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplinados.


Professores não dando conta do recado e pais não participando. Rever as práticas
de ensino.

Sem deixar descartável que a escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba
tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, disponíveis na
maioria das redes. Enquanto isso a direção tem que continuar exigindo dos dirigentes o
apoio previsto em lei.

Em nosso país o maior problema é que as redes de ensino e as escolas não cumprem a
lei. A nossa constituição garante desde de 1988 o acesso de todos ao ensino
fundamental, sendo que os alunos com necessidades especiais, que dão ensino adaptado,
todos sabem que elas tem o direito de ir para a escola regular.

Esta tarefa de incluir cabe a cada um de nós tomarmos consciência de nossa capacidade
para podermos acreditar na capacidade e potencial de cada ser humano principalmente
os que têm algum tipo de deficiência.
UMA PESQUISA SOBRE OS INDICES DE
FRACASSOS (EVASÇAO E REPETENCIA) NA
DECADA DE 90 E SUA EVOLUÇÃO E
CONSEQUENCIAS
O mundo vem assistindo nos últimos 25 anos transformações profundas no tratamento à
questões educacionais que, no caso brasileiro, tornaram mais dramáticas nossas
desigualdades de oportunidades.
Trabalhando com a analise recente sistematizada por Manoel Castells, as mudanças que
vem ocorrendo não são só tecnológicas, mais principalmente culturais e
organizacionais. Na “nova economia informacional”, afirma Castells, o ponto chave
para o desenvolvimento econômico é a educação. O que conta neste mundo não é a
máquina e nem a tecnologia, mas a capacidade das pessoas de processar informações,
criar situações, criar alternativas e resolver problemas. O importante não é mais
acumular uma grande quantidade de informações, mais sim saber buscar essas
informações. Assim a educação deve desenvolver em cada pessoa sua capacidade
cognitiva e analítica e quem não for alcançado por um sistema educacional eficiente,
terá poucas chances num mundo que cada vez mais individualiza o sistema de trabalho
e no qual a inclusão ( ou exclusão” depende cada vez menos da inserção coletiva das
pessoas. A educação é hoje para a sociedade informacional o que foi a energia da
sociedade industrial, conclui Castells.

Os Grandes Dramas da Educação Básica

No Brasil, em meados da década de 80, um físico chamado Sérgio Costa ribeiro, com
sua mania de entender o que estava por trás dos números, passou a gritar aos quatro
cantos que havia algo de muito estranho com as nossas estatísticas educacionais. Sua
conclusão foi quase singela: os números mostravam que havia no país uma enorme
discrepância entre a quantidade de crianças na faixa etária de 7 a 14 encontrada pelo
Censo Populacional do IBGE e as matriculas nas oito séries do ensino fundamental. Em
suas palestras ele costumava brincar dizendo que o Brasil era o único caso no mundo
em que uma geração valia por quase duas. Sérgio era um otimista e enfatizava que esse
dado deveria ser olhado como positivo, ou seja, a educação já estava incorporada como
um valor para a grande maioria da população, que colocava seus filhos na escola, lutava
por mantê-los nela e havia escolas em número suficiente para matricular essas crianças
que começavam sua trajetória escolar.
O fato de haver mais crianças matriculadas em algumas dessas séries do que a
população na faixa etária teve uma explicação imediata: era causado pela repetência que
“segurava” as crianças, e a evasão provocava muitas vezes o fenômeno da dupla
contagem. Os dados levantaram outra explicação importante: na maior parte das vezes o
“evadido” era um repetente em potencial, ou seja, era aquela criança que no meio do
ano não estava com bom aproveitamento e era “aconselhada” pela escola a abandonar
os estudos naquele ano e voltar no ano seguinte para não ser considerada repetente. Mas
essas eram considerações estatísticas. Atrás delas estava escondido um trágico
fenômeno: o fracasso escolar.
O que é fracasso escolar? Nos anos seguintes esse tema foi bastante estudado, e hoje já
se possui um quadro bem mais definido dos seus vários aspectos. Deixemos as
estatísticas para mais adiante, e vamos nos deter primeiro em aspectos qualitativos.
O fracasso escolar é uma chaga que se instalou no nosso sistema educacional e condena
parte considerável da nossa população ao analfabetismo e ao analfabetismo funcional. O
analfabeto funcional é a pessoa que sabe identificar as letras e consegue juntar silabas,
mas não consegue juntar uma frase nem compreender um texto. Essa pessoa não é capaz
de ler um manual, de compreender regras escritas, de comunicar-se via eletrônica e
portanto é um excluído desta nova sociedade que esta se definindo. E pensem bem que
tragédia: parte dos nossos analfabetos entre 15 e 29 anos, que somavam cerca de
2.960.000 em 1997 (cerca de 7% da população nessa faixa etária) segundo o IBGE-
PNAD, freqüentou a escola e foi expulsa dela por ter “fracassado”. E esses dados
levaram em conta apenas os analfabetos e não incluem os analfabetos funcionais.
Durante muito tempo considerou-se que o principal fator para um a criança deixar a
escola era a necessidade de trabalhar para ajudar a família. Essa situação existe, mas
está longe de ser a principal determinante da evasão escolar. Estudos tem demonstrado
que o fracasso escolar é o responsável pelo êxodo escolar. Estudos têm demonstrado
que o aprendizado dos alunos: “a análise dos resultados das avaliações da educação
básica, como o Sistema de Avaliação da Educação básica (SAEB), a avaliação de
concluintes do ensino médio e o Exame Nacional do ensino Médio (ENEM) confirmam:
quanto maior a distorção série/idade dos alunos, pior o seu desempenho. Um aluno que
conclui o ensino fundamental aos 18 anos, após uma série de reprovações, tem
rendimento médio inferior ao do aluno que conclui as oito séries na idade adequada, ou
seja, aos 14 anos (MEC, 1999:35).
Imaginem a seguinte situação: a criança entra na escola e começa a apresentar
dificuldades para alfabetizar-se. Solução: repetir o ano, uma, duas, três vezes ou mais se
necessário, sendo ela considerada a única responsável pelo próprio fracasso. Quando
consegue superar a barreira da alfabetização, não se desenvolve em matemática, e
novamente “repete”. Não estuda, não presta atenção, é “fraca da cabeça”, dizem. Numa
mesma classe, já tendo às vezes 12 anos, convive com colegas de 7. Os colegas a
consideram burra, para a escola é incapaz, e os pais são convencidos de que ela é
incapaz mesmo. Por que continuar na escola, se todos acham que é perda de tempo? Sua
auto-estima está destruída, está marcada pela sociedade. Seu futuro já está definido: está
excluída. Quem já fez pesquisa de campo e teve a oportunidade de estar em alguma
escola percebeu no rosto dessas crianças o sinal do fracasso.
As estatísticas mostram a dimensão dessa tragédia. Na contagem populacional que o
IBGE fez em 1996, 42% dos jovens brasileiros entre 15 e 19 anos declaram não estar
freqüentando a escola e, destes, 46% disseram ter abandonado definitivamente os
estudos ao concluir menos de cinco anos de escolaridade. Entre esses jovens
encontraremos certamente muitos analfabetos funcionais. Ao observarmos os dados por
região, a gravidade da situação se acentua. Na região nordeste, 65% dos jovens de 15 a
19 anos que estavam fora da escola tinham completado menos de 5 anos de
escolaridade; na região norte eram 59%; na região centro-oeste, 41%; na sudeste, 36% e
na sul, 34%. Essa é a enorme parcela de “Fracassados” do nosso país.
Foi assim que, a partir da década de 80, os formuladores de políticas públicas na área de
educação começaram a mudar a ênfase de suas recomendações, voltando sua atenção
pra o q eu acontecia dentro da escola. Foi também a partir daí que os governos
começaram a ouvir desses formuladores que, mais importante do que construir escolas,
era dirigir seus investimentos para a qualidade da escola, a qualidade da vida escolar de
cada criança ou jovem, a qualificação dos professores, os equipamentos escolares, a
oferta e qualidade do livro didático e a avaliação, não como critério para aprovar ou
reprovar o aluno, mas para aprovar ou reprovar a escola. Se uma grande quantidade de
alunos não aprende ou se evade, deve-se pensar que a principal responsável pela
situação é a escola e não o aluno.
Essa não foi mudança fácil na mentalidade dos governantes, dos políticos e dos
educadores. Por desconhecimento da situação real do nosso sistema escolar que havia
crescido muito ou por “interesses na indústria da construção de escolas”, uma
administração era avaliada pelo número de salas de aula que havia construído e não por
ter conseguido baixar a taxa de evasão e repetência. Essas escolas, inauguradas com
grande alarde pelos governantes e patrocinadas por políticos com interesses eleitorais
naquela região (isso na melhor das hipóteses, pois havia muitas denúncias de que os
interesses eram também econômicos ligados às empreiteiras que construíram as escolas
e depois financiavam campanhas eleitorais), eram muitas vezes erguidas em áreas que
possuíam escolas prontas com vagas ociosas. Quem trabalhou na administração pública
nesse período, sabe como era difícil fazer prevalecer o critério da demanda real diante
das pressões políticas.
A outra fonte de resistência estava nos próprios educadores e professores. A discussão
em torno da promoção automática ou dos ciclos ( um aluno na primeira série, mesmo
que não estivesse alfabetizado deveria ser promovido para a segunda série, ou ainda,
ciclos de quatro anos, ou seja, só haveria uma avaliação no final de quarta série e no fila
da oitava série) provocava – e ainda provoca – fortes reações contrárias. Os professores
justificam sua posição com o argumento de que era muito difícil trabalhar com uma
classe onde os alunos tinham diferentes níveis de conhecimento. Contra esse argumento,
alguns educadores levantavam outro: ele enfrentaria a mesma dificuldade tendo numa
classe um aluno de 7 anos e outro de 12, pois o de 12 poderia estar defasado no
aprendizado formal, mas não na sua idade emocional, e de experiência, ingredientes
fundamentais para a aplicação de qualquer prática pedagógica.
A volta do olhar dos formuladores e de alguns administradores para dentro da escola
começou a colocar questões que, se ainda não foram resolvidas, pelo menos provocaram
uma guinada radical nas políticas públicas para a educação. O novo rumo estava se
definindo: a escola deveria deixar de ser uma formadora de “fracassados” para ser uma
formadora de cidadãos com capacidade cognitiva e crítica.
Uma das primeiras perguntas que se colocou foi por que essas crianças e jovens
fracassavam? Afinal, o que acontece dentro da escola?
Sabemos que a situação de pobreza da população tem um papel importante nesse êxodo
escolar e nas taxas de repetência. Os dados mostram que a escola tem se democratizado
nas últimas três décadas e, portanto, cada vez mais crianças das camadas mais pobres
entram na escola. Não podemos menosprezar esse fato, mas não queremos que ele
esconda outro, talvez tão importante quanto as desigualdades sociais e econômicas: o
que acontece dentro da escola.
Quanto mais pobre for a população, maior o papel desempenhado pela escola no seu
processo de inserção na sociedade. A escola representa para muitas dessas crianças e
jovens o único ambiente estruturado de convivência, antes até de ser um ambiente de
aprendizado de letras e números. Se pensarmos nas populações das periferias das
cidades médias e grandes, cujas condições habitacionais são bastante precárias,
compostas de famílias que apresentam um grau elevado de desagregação (basta lembrar
o número crescente de famílias mantidas apenas pela mãe) e taxas de desemprego que
atingem os níveis mais elevados nos momentos de crise econômica, a escola deveria
cumprir o papel de acolhê-las, situá-las, exercitar a convivência e a tolerância, e nunca
de expulsá-las. A construção de sua auto-estima é o que mais importa. A sua capacidade
de aprender, agora sim, as letras e os números vai depender muito dessa acolhida.
Escolas sem manutenção adequada, com vidros quebrados e as carteiras em condições
precárias, as paredes sujas, o encanamento entupido, professores desmotivados porque
mal preparados e com salários baixos, professores com medo da violência que já
ultrapassou os portões como temos visto pela imprensa, dificilmente poderão ser
acolhedoras. Como transformar essa escola para que ela possa exercer seu papel?

O QUE ESTÁ SENDO FEITO E QUAIS OS PRICIPAIS RESULTADOS

Alterar esse quadro não é nada fácil. Como vimos, são inúmeros os problemas que
precisam ser destacados simultaneamente para mudar a escola por dentro.

Mas nem tudo é desesperança. O quadro descrito a se alterar significativamente no fim


da década de 80, mas foi na década de 90 que os resultados alcançados tanto na
continuidade do avanço nos índices de cobertura, quanto nos sinais cada vez mais
visíveis de que está melhorando a qualidade do ensino e com ela a “acolhida” das
crianças e jovens. Fica difícil, e aliás pouco importa, apontar qual fator está sendo o
principal responsável por esse mudança, ou então a quem atribuir as glórias dos bons
resultados. Mas na verdade é que foram os esforços conjugados dos três níveis de
governo federal, estadual e municipal, a uma convergência de políticas corretas e
duradouras, os responsáveis pelos resultados. Quais foram os principais norteadores
dessas políticas?

Segundo documento do Ministério da Educação(MEC/Inep, 1999) e outras avaliações


que têm sido publicadas nos últimos anos, as políticas implantadas procuraram
principalmente:

• Buscar um novo padrão de eqüidade na oferta do ensino fundamental


obrigatório, mediante a garantia da universalização do acesso, implantação de
um novo modelo de financiamento, com a criação do Fundef (Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério) e a promoção de ações focalizadas para corrigir desigualdades
sociais, econômicas e regionais;

• Basear o esforço de universalização e melhoria da qualidade na descentralização


dos programas e dos recursos públicos destinados ao financiamento do ensino,
mediante a adoção de critérios transparentes e universais, eliminando
intermediações que não deixam o dinheiro chegar à escola;

• Dar ênfase na melhoria da qualidade da Educação básica, apoiada em políticas


de valorização dos professores inclusive com incentivos salariais, na distribuição
em tempo hábil e na avaliação do livro didático, na TV Escola e outros
instrumentos de educação a distancia para apoiar o professor no seu desempenho
em classe e na sua atitude diante dos alunos, na introdução do computador na
escola, na implantação de parâmetros curriculares nacionais, no treinamento
intenso de dirigentes escolares desde secretarias estaduais e municipais até os
diretores e secretários das escolas;

• Criar e implantar o sistema de ciclos e promover regularmente programas de


aceleração de aprendizagem. Possibilitando àqueles alunos com idade acima do
recomendável para a série, que freqüentam classes especiais, que avancem
rapidamente nos estudos e alcancem a série compatível;

• Apoiar os programas de alfabetização de jovens e adultos através de parcerias


com empresas, ONG’s, universidades e prefeituras, principalmente nos
municípios com as mais altas taxas de analfabetismo;

• Criar cursos de supletivos para dar prosseguimento à escolaridade dauqeles


jovens e adultos que se alfabetizaram;

• Desenvolver e implantar um sistema nacional de avaliação e de indicadores de


desempenho periódicos, o único capaz de informar aos executores das políticas
se estamos melhorando ou não e apontar onde estão as falhas;

• Apoiar e incentivar as políticas de inclusão dos portadores de deficiência no


ensino regular, principalmente se considerarmos que muitas vezes dificuldade no
aprendizado é considerada deficiência mental;

• Descentralizar os gastos com a merenda escola, colocando os recursos na escola,


para que ela administre sua compra e distribuição, evitando desvio e desperdício.

É difícil dizer, mas talvez a mudança mais importante na década de 90 quanto ao


financiamento da educação foi a criação do Fundef através da Emenda Constitucional
n° 14. Com o Fundef houve uma divisão mais clara das responsabilidades da cada nível
de governo, e o dinheiro da educação foi aplicado onde estavam os alunos. Agora faz
toda a diferença porque só é vantagem para os governos estaduais ou municipais que
mantiveram as crianças na escola, pois os recursos do Fundo serão repassados conforme
o número de crianças matriculadas, segundo informações do Censo Escolar que o
ministério da Educação realiza anualmente em todo país. Com essa mudança, a evasão
passa a representar perda de recursos para os estados ou municípios. Além disso, o
Fundef favoreceu o desenvolvimento da colaboração entre os três níveis de governo,
criando também mecanismos de estímulos à participação da comunidade (cada
município e cada estado devem formar um conselho que fiscaliza a aplicação dos
recursos).

Ainda sobre a distribuição dos recursos, a descentralização chegou até a escola com os
programas Dinheiro Direto na Escola do governo federal e inúmeros programas
semelhantes de governos estaduais e municipais. Essas medidas estimularam a
participação dos pais na gestão através das APM’s (Associação de Pais e Mestres) que
passaram a ser responsáveis por esses recursos e se multiplicaram pelo país, com a
criação de cerca de 50 mil desde 1995. Essas iniciativas tornaram mais fácil também a
aproximação de varias ONG’s que passaram a ser parceiras na melhoria da escola,
tendo agora nas APMs sua base de apoio, execução e fiscalização.

Os resultados começam a aparecer:

Queda de Taxas de Analfabetismo nas Fixas da População. O que pode estar


indicando que temos cada vez menos “fracassados”. As taxas de analfabetismo entre a
população com até 29 anos de idade vêm regredindo anualmente. Na faixa de 15 a 19
anos, o recuo foi de 12,2% em 1991, para 6%, em 1997. Na faixa etária de 20 a 24, a
queda no período foi de 12,2% para 7,1%, e na faixa de 25 a 29 anos, a queda foi de
12,7% para 8,1%. As mulheres têm melhorado rapidamente sua situação em relação aos
homens; a taxa para as mulheres entre 15 e19 anos era de 9% em 1991 e regrediu para
4% em 1997. Entre as mulheres na faixa de 20 a 24 anos, a taxa recuou de 10,5% para
5,5%, e no grupo entre 25 e 29 anos, o recuo foi de 11,5% para 6,4%.

Aumento do Número Médio dos Anos de Estudo. Em 1960, o numero médio de anos
de estudo para a população com 10 anos ou mais estava em torno de 2 anos. Em 1997
estava em torno de 6 anos, mais um sinal de que nosso sistema educacional se encontra
em uma curva ascendente. Em 80, os homens estavam em vantagem quanto aos anos
médios de estudo em relação as mulheres.
(3,9 anos para os homens e 3,5 anos para as mulheres), mas essa situação se inverteu na
década de 90, quando as mulheres melhoraram rapidamente seu perfil educacional. No
período entre 1990 e 1996, a média de nãos de estudos aumentou de 5,1 entre os
homens, e de 4,9 para 6 entre mulheres, o que indica um salto de quase um ano para as
mulheres, enquanto eles avançavam meio ano, segundo o mesmo documento do MEC.

Crescimento da Matricula em Todos os Níveis de Ensino: Com destaque para o


ensino médio. O crescimento da matricula no ensino fundamental foi de 13% entre 1994
e 1999, segundo dados do Censo Escolar de 1999. Com isso o Brasil atingiu nesse ano
uma taxa de escolarização líquida de 95,5% na faixa de 7 a 14 anos. Em 1999, pela
primeira vez. O Censo Escola registrou variação negativa de 1,5% em matriculas nas
séries iniciais do ensino fundamental e uma variação positiva de 4,8% nas quatro séries
finais, o que é uma ótima noticia, ou seja, as crianças estão conseguindo vencer a
barreira inicial da alfabetização e dos números apontada anteriormente, progredindo de
série. Mas a expansão atingiu 57,3%, uma média de 11,5% ao ano. Um numero maior
de pessoas está terminando as oito séries do ensino fundamental e prosseguindo seus
estudos para o ensino médio.

Diminuição das Desigualdades Regionais. Na região Nordeste as matriculas no ensino


fundamental cresceram cerca de 27% contra 13% no resto do país, e no ensino médio
cresceram 62% contra 57% no conjunto do país.

Melhoria do fluxo no Ensino Fundamental coma Queda das Taxas de Evasão e


Repetência. No ensino fundamental a taxa de promoção que já vinha aumentado nos
anos anteriores, evoluiu entre 1995 e 1997 (apenas dois anos) de 65,5% para 74,5%
enquanto no mesmo período as taxas de repetência e evasão diminuíram de 26,7% para
18,7% e de 8,3% para 6,8% respectivamente. Por outro lado, a distorção idade/série nas
séries iniciais que era de 64,1% em 1991, caiu para 46,6% em 1998. Esses são
resultados para serem comemorados, pois significam que a escola está acolhendo muito
melhor nossos jovens, mostrando uma tendência de superação do triste quadro
apresentado na primeira parte deste trabalho.

Melhoria da Qualificação dos Professores da Educação Básica. O numero de


professores tem crescido bastante nos últimos anos: entre 1994 e 1999, o crescimento
foi de 9,6% no ensino fundamental e de 35,7% no ensino médio segundo o Censo
Escolar do MEC. Mas apesar disso, houve uma evolução na qualificação desses
professores leigos era muito elevado. Professor leigo é aquele que está encarregado de
ministrar aulas sem ter completado o nível escolar exigido para aquela série. Assim, por
exemplo, é o professor de primeira a quarta série que não terminou as oito séries do
ensino fundamental. Dados do MEC indicam que o número de professores leigos no
ensino fundamental caiu 41,1% no período de 1994 a 1999, o numero de professores
com nível médio completo subiu 7,5% e com superior completo aumentou 24,4%. Para
o ensino médio a qualificação também está aumentando: houve uma queda de 65,5% no
numero de professores leigos e um acréscimo de 45,3% no numero de professores com
curso superior completo. São dados realmente impressionantes!

Municipalização do Ensino. Seguindo o que prescreve a Lei De Diretrizes e Bases da


Educação, houve um acelerado processo de municipalização do ensino fundamental. Em
1997 havia cerca de 18 milhões de alunos nas escolas estaduais de ensino fundamental e
12 milhões de alunos e as municipais “ganharam” cerca de quatro milhões (MEC/Inep,
1999).

Essas são as boas noticias, mas há ainda um longo caminho e percorrer.

O QUE FALTA FAZER

Nas discussões. Nem sempre fáceis, entre educadores e formuladores de políticas


publicas para educação há uma unanimidade: em educação demora um certo tempo para
que uma política implantada comece a apresentar seus resultados, mas os efeitos
negativos da interrupção das ações é imediato. Não se está querendo dizer que essas
ações não devam ser avaliadas periodicamente e, se for o caso, alteradas com base
nessas avaliações. Mas mudar o rumo de acordo com os caprichos dos dirigentes
governamentais, apenas para que cada dirigente deixe sua marca, é um erro gravíssimo
de conseqüências irreversíveis muitas vezes para toda uma geração. Infelizmente, com
algumas exceções, essa tem sido a pratica no caso brasileiro. Nesse sentido, procurou-se
nesse artigo não atribuir às vitórias alcançadas até aqui a este ou aquele governo. Quem
está ganhando é o país que pode hoje visualizar um quadro de inserção no novo século
com um pouco mais de otimismo. E essa ressalva torna-se mais importante quando
destacamos o que falta fazer.

Não se pretende aqui elaborar todos os aspectos da complexa realidade educacional, não
só por falta de espaço, mas para não passar a sensação de que é uma tarefa impossível.

Em primeiro lugar, o analfabetismo é sem duvida ainda uma das evidencias do atraso
educacional do país, sobretudo em comparações internacionais. O Brasil segue exibindo
uma das taxas de analfabetismo mais elevadas da América Latina, na população com 15
anos ou mais de idade. Em números absolutos, são 15,8 milhões de pessoas, sem
considerar os analfabetos funcionais cuja contagem é muito mais complexa. Apesar da
redução dessas taxas mostradas anteriormente, observa-se ainda uma forte tendência de
regionalização do analfabetismo e sua concentração nas áreas rurais das regiões Norte e
Nordeste e na periferia dos grandes centros urbanos. Embora obvio, vale destacar que
pobreza e analfabetismo caminham juntos. Os esforços de toda a sociedade que temos
assistido nos últimos tempos precisam ser redobrados para que se possa, nos próximos
cinco anos, eliminar essa chaga.

Em segundo lugar, a distorção série/idade continua sendo um problema grave. Mais da


metade (54,3%) doa alunos da quinta série do ensino fundamental estão fora da idade.
Além disso, há 7 milhões de jovens de 7 a 17 anos no ensino básico fora da idade ideal
para a série que freqüentam. Outro dado que impressiona: 8,5 milhões de jovens
matriculados no ensino fundamental tinham 15 anos ou mais e já deveriam estar no
ensino médio. Dos alunos do ensino médio, 3,7 milhões de jovens tinham 18 anos ou
mais. As ações para melhoria da qualidade da escola precisam ser incentivadas ao lado
de um apoio maciço aos programas de aceleração do aprendizado e doas cursos
supletivos presenciais ou à distancia.

Em terceiro lugar, o país possui ainda 600 mil professores de educação básica sem
formação superior, situação que precisará ser alterada até 2007 por exigência da Lei de
Diretrizes e Bases. Nesse esforço é muito esforço é muito importante o papel das
universidades públicas e privadas e a busca de formas efetivas de financiamento dos
professores do ensino básico no caso das instituições particulares.

E finalmente, em quarto lugar, temos hoje 7,8 milhões de alunos matriculados no ensino
médio e as previsões indicam que em 2002 serão cerca de dez milhões. Hoje há falta de
vagas na rede pública em muitas regiões: aqui sim necessidade de investimentos em
construção de salas de aula ou reforma de edificações para acolher esse número
crescente de jovens. Quanto mais rápido se corrigir o fluxo escolar do ensino médio
fundamental, mais dramática será a situação de falta de vagas no ensino médio. Nesse
caso, o futuro já chegou.

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