JORNAL DA ONG PACHAMAMA - ANO III / NÚMERO 08 / JUL/AGO/SET 2009
Foto: Ana Paula Carvalho
EDITORIAL por Lucidor Flores
A arte de
experimentar delícia
É IMPRESCINDÍVEL aprender a arte de vi-
ver para experimentar delícia. Sim, aprender
a viver significa sermos conscientes, plenamen-
te conscientes, deste sagrado planeta que nos
hospeda.... O qual estamos consumindo num
ritmo enlouquecido... Sim, a frugalidade é ne-
cessária para viver a delícia e para assegu-
rar-nos que muitas gerações sigam experimen-
tando-a. Frugalidade, consciência e sensibili-
dade são necessárias... e autoconhecimento.
A Mística Andina é uma senda de au-
toconhecimento e consciência social e ecoló-
gica. Estamos aqui para agitar tua consciên-
cia, para que não durmas... Somos uma es-
pécie de mosquito prateado, luminoso, que
te chama a atenção sobre a vida, sobre o
consumo, sobre a sensibilidade, sobre a cons-
ciência, sobre o afeto, sobre os vínculos amo-
rosos, com tudo. E fazemos esta tarefa de acor-
dar-te, dia após dia, assim não desperdices
nenhum de teus dourados dias em lamento,
autovitimização e em consumo obsessivo, con-
dutas mecânicas e cruéis.
Nestes dias tenho escrito a Prática dos 21
dias e tenho sentido a delícia imensa que é
tocar o coração da gente. Este professar, esta
profissão, é o mais natural num ser humano.
É natural ajudar a tribo a acordar, a serem
conscientes, sensíveis, fortes, solidários e amo-
rosos!
A delícia vem a nosso coração quando es-
tamos plenamente satisfeitos, e isto só ocorre
quando o deva do amor dança livre em teu
coração! E isto é o mais necessário neste mo-
mento em Pachamama, na Mãe-Terra.
Quando teu sentir está insatisfeito, quando
estamos infelizes somente consumimos, e as-
sim, gastamos a Pachamama... Nas últimas
três décadas temos consumido 30% dos re-
cursos do planeta... Por quê? Por termos co-
rações carentes... insatisfeitos...
Amados, deliciemo-nos com o grátis, com
o belo e harmonioso que está ali, ao nosso
alcance, livre e maravilhosamente vivo, na vi-
da, e me refiro a “la Pacha” amada, e me
refiro a você! Sim, você! Não gastes, delicia-
te nesta sagrada vida, e assim paramos com
a destruição planetária e vivemos uma vida
feliz, sagrada e deliciosa... Sim
sim sim!!!
Estamos preparando a mo-
chila, para pegar novamente a
estrada desde Pelotas no RS...
ali nos espera Porto Alegre,
Floripa, Curitiba, Brasília, For-
taleza, e todos vocês, amados
seres vivos!
Irradio a vocês esta delícia,
este jeito frugal e leve, andino,
e esta misteriosa canção que
chega a mim, desde toda a
vida!
Nesta edição, delicie-se com
os artigos que abordam formas
simples e eficazes de ter mais
consciência no cotidiano e as-
sim carimbarmos nosso passa-
porte para experimentar o mun-
do das delícias, este mundo,
aqui e agora!
Quanta delícia neste planeta água!
NESTA EDIÇÃO
Um outro mundo é possível
PLASMANDO SONHOS COLETIVOS por Radha Dédalos ......................................................... p. 2
Relato
Você tem sede de quê? por Belladona Aguilar ............................................................................ p. 2
Sempre atual
AGENDA por Melusina Iriarte .................................................................................................. p. 2
GRUPOS ATIVOS por Melusina Iriarte ..................................................................................... p. 2
Por mais consciência
CONSUMIR MENOS, UM ATO DE AMOR por Arathi Iriarte e Luzclarita Cruz ............................... p. 3
Tópicos especiais
DEUS, O MUNDO E O HOMEM por Sofia Mendizabal ............................................................. p. 4
Alimentação
DESPERTANDO PARA O QUE VAI A MESA por Anabella Aguilar .................................................. p. 4
Perguntas e respostas
A CONSCIÊNCIA É QUE TORNA A VIDA IMPORTANTE por Melissa Molina ............................... p. 5
Mudando paradigmas
FINANÇAS E LIBERDADE por Aaron Molina .............................................................................. p. 6
Concurso
DELÍCIAS DE PACHAMAMA por Isolda Molina .......................................................................... p. 6
Gestando um mundo novo
AS ÁGUAS SAGRADAS por Tiaguas Dédalos ............................................................................. p. 7
Gastronomia saudável
BERINJELA DELICIOSA por Jazmin Mendizabal .......................................................................... p. 7
Peregrininho – Já temos mascote!!! por Amankay Sandoval, Ayka Cruz e Ramiro Mendizabal ......... p. 8
 UM OUTRO MUNDO É POSSÍVEL
Associação Pachamama: Andanças, aprendizados,
Um portal de plasmar sonhos simplicidade e guerrilhas
por Radha Dédalos ecoespirituais
Todo começo é apenas um começo.
E depois que começa, é só deixar fluir,
respeitando o tempo de cada um. Nossa
ASSOCIAÇÃO PACHAMAMA é uma
intenção de plasmar nossos sonhos
grupalmente. Certa vez, li nas lições da
Escola (Escola Espiritual da Mística
Andina – cursos virtuais) uma frase do
Mestre que me tocou bastante: “Para plas-
mar sonhos é preciso confiança e inten-
sidade, e, se forem coletivos, paciência e
participação.”
Nossos sonhos, por serem coletivos,
não são quaisquer sonhos. São sonhos
de Pachamama, em que suas andorinhas,
de asas com poucas plumas ainda, in-
tentam servi-la para a transformação de
um mundo melhor, mais justo, mais soli-
dário, mais criativo.
Plasmar sonhos, por pequeninos que
sejam, desencadeia toda uma onda
energética que se interliga a uma conspi-
ração maior, e estimula outros sonhos a
acontecerem. Plasmar sonhos juntos, ao
mesmo tempo em que servimos à nossa
Mãe, faz com que estejamos trabalhan-
do nossos egos, os mais variados. Já
SEMPRE ATUAL
pensaram que beleza, dois em um: plas-
me seus sonhos e já trabalhe duas áre-
as: o serviço e o trabalho das sombras. E
vai limpando e limpando e nos transfor-
mando nos seres de luz que somos.
É preciso lembrar que plasmar sonhos
é igual a uma casa, não é simplesmente
da noite para o dia que a construímos. A
casa se constrói em longo prazo. Colo-
camos as madeiras, os tijolos e as te-
lhas, mas pode vir um vendaval e derru-
bar parte do telhado. E os obreiros con-
tinuam, re-inventando outras maneiras,
driblando obstáculos, caindo e levantan-
do, escolhendo outros materiais.
Por isso companheiros sagrados, não
podemos desistir de nossa caminhada, é
importante ter paciência e participação
para construirmos nossas casas de so-
nhos, nossos lares mágicos. Pela rede
do Ayllu podemos perceber diversas ati-
vidades conspirando por um mundo
melhor. Estamos expandindo, vários pro-
jetos começando e a energia circulando.
Seja um colaborador, entre em contato
conosco: ong_pachamama@yahoo.
com.br
RELATO
por Belladona Aguilar
Uma vez, eu estava com muita sede,
muita sede e queria muito sentir a raiz
de tudo... Queria sentir a verdade em
meu coração... e coloquei algumas coi-
sas em uma mochila e fui com mais
duas amigas viajar... pois meu coração
dizia que talvez por ali eu encontrasse
alguma resposta, alguma água pura
que eu pudesse beber... e sim... uma
porta da consciência se abriu... uma
portinha que nunca mais fechou... e via-
jando de carona, de carro, caminhão...
acampando em beiras de estradas com
amigos que íamos fazendo no cami-
nho... percebi o que era a cultura do
medo... a cultura que nos impõem a
televisão, os jornais, as revistas, todo
um esquema armado para sermos me-
díocres e medrosos e para nos impedir
que tenhamos aventuras... para nos
impedir de cumprirmos nosso propó-
sito de amor, ALEGRIA e liberdade nesta
terra... essa cultura vai sempre te dizer
NÃO e vai sempre falar mal de você...
Mas quando na vida, a gente sente
que é “querido”, a gente sente que a
vida é doce e vai cuidando de cada
passinho que damos, aí a gente vai!
Fluindo e contente, com o coração
rezadeira e curandeira... que quando o
filho do jagunço estava muito doente,
ela foi lá e o curou... e eles matam um
pataxó por dia lá... eles não deixam os
índios pegarem uma fruta do pé... D.
Maria falou que era para a gente falar
para vocês como era sofrido lá para
eles... Ela deu a outra face... aquele pai
que passou pelo pior que um pai pode
passar também... deu a outra face...
E assim fui indo... sentindo-me cada
vez menor perto da dignidade dessa
gente... essa gente que também faz parte
da conspiração... da conspiração de luz,
de rebeldia, mas que fique claro que
rebeldia é dar a outra face, quando o
mundo te empurra a vingança, a amar-
gura...
Estamos agora falando muito em
ecoespiritualidade... e olho para mim
mesma e vejo o quanto ainda falta para
mim... um bom detergente ecológico
chamado SIMPLICIDADE... talvez essa
seja a palavra base para a
ecoespiritualidade... ser simples... com
as pessoas, com os ambientes, com
nossa própria mente... com o que con-
sumimos... ser simples... e ...AGITADO-
RES... como disse Lucidor em seu

Agende-se: Encontros anuais cheio de generosidade, porque quan-

do a gente tá feliz fica mais generoso,
solto e leve...
satsang... que devemos ser AGITADO-
RES... que água parada apodrece... e
que quando chegarmos ao final dessa
da MA e viagens iniciáticas Nessa viagem eu conheci tanta gen-
te boa... tantos maestros... tanta po-
nossa linda vida, possamos falar: EU
AGITEI MUITO!
breza.... e dignidade... foi por essas sur- ... e eu, Belladona, ainda não agitei
• Encontro Nacional de Encerramento dos 21 dias – em Morretes/PR, dias presas do destino que em uma parte muito... quero agitar muito mais... não
19 e 20 de setembro. desse caminho, fui parar na casa dos só porque ouvi o maestro falar... mas
• Viagem Iniciática à Índia – de 26 de setembro a 20 de outubro. pais daquele moço, índio pataxó que porque meu coração anseia por isso...
foi queimado vivo em um ponto de e acredito que todo coração bem in-
• Dezembro – Encontro do Ayllu – Final de ano festivo em Pelotas, 12 de ônibus de Brasília... Lembram-se dis- tencionado também... e vejo agora uma
dezembro. so? E eles nos receberam com os olhos oportunidade única de servir... porque
cheios de carinho... O pai... com os estamos juntos! E se não sabemos
Reuniões Abertas de Meditação olhos de uma andorinha... de um pas-
sarinho sábio... e tomamos um café ali
como... temos um monte de irmãos que
podem nos ajudar, nos dar idéias e
• Acontece em várias cidades do Brasil, semanalmente, encontros de medi- com eles... Ele poderia ser um homem compartilhar...
tação em grupo. Você é nosso convidado. Confira abaixo as cidades, amargurado, com rancor de qualquer Participe das ações solidárias em
telefones, o dia da semana e o horário das meditações. homem branco... mas não era... E co- Pelotas. Escreva para xirupachamama
• Fortaleza: 5ª feira 19h (85) 3253-2868 / (85) 8875-2130 nheci D. Maria, índia benzedeira, @gmail.com
• Brasília: sábado 17h (61) 9655-7043 / (61) 8150-9992
• SP Capital: 2ª feira 19h (11) 8947-8684
• Curitiba: sábado 17:30 (41)9945-5932
• Florianópolis:
Campeche 4ª feira 19:30 (48) 8803-8500 / (48) 3232-27051
Centro 6ª feira 20h (48) 9909-8707 / (48) 3223-5747
• Lages: 3ª feira 19h (49) 3224-0705
• Santa Maria: 2ª feira 20h (55) 9947-3105
• Porto Alegre: 2ª feira 20h (51) 9995-2107 / (51) 98749998
(51) 3028-2045
• Guaíba: 4ª feira 20:30 (51) 9957-8677 / (51) 9824- 3096
• Pelotas: 2ª feira 17:21 (53) 9981-5940
4ª feira 20h (53) 9993-9453
5ª feira 20h (53) 9982-3011 / (53) 9981-6529
• São Lourenço: 3ª feira 19:30 (53) 9121-7366 / (53) 9982-3011
• Arroio Grande: 6ª feira 20h (53) 9122-2993 / (53) 9981-6529
• Rio Grande:
Centro 3ª feira 20:30 (53) 3232-7579 / (53) 8407-7833
Cassino domingo 20h (53) 8117-5749
• Jaguarão 3ª feira 20h (53) 9153-5479/(53) 9981-6529
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POR MAIS CONSCIÊNCIA
Pequenos atos de amor, uma grande atitude!
por Luzclarita Cruz e Arathi Iriarte
Muitas vezes deixamos de fazer pequenas coisas
pensando que isso não vai resolver o grande problema
que temos à frente. Em geral, temos essa atitude frente
a tudo em nossa vida. Mas pensemos bem, ninguém
começa a andar, correndo. Primeiro vamos passinho a
passinho. Assim deve ser nossa compreensão de como
resolver os grandes embates.
Atualmente recebemos grande quantidade de infor-
mações sobre o desgaste da terra, sobre os efeitos
danosos do homem sobre o planeta, sobre como a
ganância humana está destruindo esse ser que nos aco-
lhe e alimenta. Todos nós sabemos que é necessário
fazer algo. Então, nos colocamos placidamente na po-
sição de achar que o governo deve fazer algo, porque
se apenas eu fizer, uma pequena atitude não vai resol-
ver. Mas não é assim. Se cada um de nós fizer um
pouquinho e conseguir trazer um amigo para a causa, já
teremos um grande movimento. O que falta? ATITUDE.
O filme “Home - Nosso Planeta, Nossa Casa” nos
faz pensar em nossas atitudes ou na ausência delas...
Gandhi dizia que qualquer conhecimento só se trans-
forma em sabedoria quando passa pelo crivo da emo-
ção. Se puderem, assistam ao filme e o divulguem ao
maior número de pessoas possível. O filme nos toca
emocionalmente, e só assim será possível promover-
mos mudanças efetivas de atitude.
E depois, reavaliem suas vidas. Certamente já reali-
zamos algumas mudanças no nosso modo de vida, mas
podemos sempre fazer mais. E o que estamos fazendo?
Talvez usando papel reciclado, usando e/ou imprimin-
do nos dois lados da folha, desligando a torneira en-
quanto escovamos os dentes, tomando banhos mais
rápidos, diminuindo o uso de copos plásticos, usando
sacolas retornáveis. Enfim, uns fazem mais outros me-
nos, mas, de modo geral, estamos fazendo apenas o
que é cômodo, o que deveria ser nada mais que nossa
obrigação. Mas, e aquelas mudanças verdadeiras? O
que mudamos de fato em nosso confortável estilo de
vida? Fazemos o suficiente?
Nós ESCOLHEMOS estar nesse planeta nessa épo-
ca, então, vamos lá, arregaçar as mangas e tomar atitu-
des que vão de fato fazer a diferença. Sejamos NÓS a
mudança que queremos ver no mundo!!! Por onde co-
meçar? Refletindo...
- Precisamos mesmo comprar tanto? Precisamos
mesmo trocar tanto de celular, de ter tantos lançamen-
tos tecnológicos? O lixo tecnológico daqui a pouco
Foto: Arathi Iriarte
Sacolas de pano, use!
tomará conta do mundo...
- Precisamos de tanta roupa? Precisamos estar sem-
pre na moda? Faz diferença no que somos? Precisa-
mos comprar tanto, só porque é bonito e barato? PRE-
CISAMOS de tudo isso?
- E o lixo que geramos? Para onde ele vai? Que tal
nos comprometermos a diminuir pelo menos pela me-
tade a quantidade de lixo seco que geramos? E para
quem tem essa opção, que tal encaminhá-lo para reci-
clagem?
- E que tal nos responsabilizarmos por nosso lixo
orgânico? Aqueles que moram em casas podem fazer
composteiras ou minhocários, e para quem mora em
apartamentos, já existe uma solução muito simples de
minhocário para apartamento (www.minhocasa.com.br).
Assim, diminuímos a quantidade de resíduos enviada
para os lixões, e também a quantidade de plásticos
misturados ao nosso lixo orgânico.
- Levamos nossa caneca para podermos recusar os
copos plásticos que nos ofereçam? Para as mulheres
com bolsas, isso é ainda mais fácil. Existe
um copo de plástico duro feito em cama-
das que se encaixam, que vem com uma
tampa que, quando fechado fica bem pe-
queno (uns 2 dedos de altura), redondi-
nho, e fácil de transportar.
- E nossas sacolas retornáveis? Quem
ainda não usa, é um bom procedimento e
podemos carregar sempre conosco (inclu-
sive em viagens) e também evitar sacolas
plásticas em outras compras que fazemos.
Assim vamos semeando essa idéia por to-
dos os lugares em que andamos.
- Damos ou pedimos carona a nossos
amigos quando vamos a um mesmo lu-
gar? Ou priorizamos o conforto (sempre
ele...) que a liberdade de voltarmos para
casa a hora que quisermos oferece? E as-
sim vemos quase tantos carros quanto o
número de pessoas nos lugares...
Mas além de mudarmos velhos hábi-
tos, devemos também pensar em REDU-
ZIR. Qualquer coisa produzida supõe um
desgaste energético à Terra. Pensem, o
papel reciclado requer muita água e ener-
gia elétrica para sua produção, o mesmo acontece com
o álcool combustível, e todas as coisas. Assim, cuidar
do que temos, não é necessariamente apego, pois tudo,
absolutamente TUDO que precisamos repor, foi produ-
zido com esforço do planeta. Portanto, evitar desperdí-
cios dentro de casa é também de grande ajuda.
Bom, se analisarmos friamente nosso dia-a-dia, nos-
so estilo de vida, vamos encontrar muitos outros exem-
plos de situações que podem ser mudadas. Ao fazer-
mos mudanças somente no que é fácil e não nos custa
quase nada, estamos, verdadeiramente encarando nos-
so compromisso assumido ao encarnarmos nesse mo-
mento crucial pelo qual a Terra passa? Estamos cumprin-
do nossa responsabilidade para com as próximas gera-
ções, que receberão esse planeta das nossas mãos?
Vejam alguns dados para reflexão:
- Nos últimos 50 ANOS, modificamos mais a su-
perfície do planeta do que nos 2.000 mil anos da nossa
história.
- Metade da população pobre do mundo vive em
países ricos em recursos. E metade da riqueza mundial
encontra-se nas mãos dos 2% mais rico da população.
- 1 em cada 6 seres humanos vive em um ambiente
precário, sem acesso às necessidades básicas de água,
saneamento e eletricidade.
- A temperatura média dos últimos 15 anos foi a
mais alta de que se tem registro.
- A calota de gelo do mundo perdeu 40% de sua
espessura em 40 anos. Ao redor do Pólo Norte, a
calota polar perdeu 30% da sua superfície nos últimos
30 anos. E com isso, nosso maior reservatório de água
doce do planeta vai escoando para o mar...
- Estima-se que existirão 200 milhões de refugiados
por causa do clima em 2050.
- 20% da população mundial consome 80% dos
recursos do planeta.
- 5.000 pessoas morrem diariamente devido à po-
luição da água potável e 1 bilhão de pessoas não tem
acesso à água potável.
- Aproximadamente 1 bilhão de pessoas estão pas-
sando fome. Ainda assim, mais de 50% dos cereais
comercializados em todo o mundo são utilizados para
alimentar animais (que alimentam um pequeno número
de pessoas...) ou para produzir biocombustíveis.
- 40% da terra arável está degradada.
- Todos os anos, 13 milhões de hectares de flores-
tas desaparecem.
- 3/4 das áreas de pesca mundiais estão esgotadas,
reduzidas ou correm esse risco. Já vemos parte da fau-
na marinha passando fome, porque não consegue en-
contrar peixes suficientes para alimentar seus filhotes.
Se continuarmos no ritmo atual, todas as reservas de
peixes podem vir a se esgotar. Já imaginaram o que isso
significa, o impacto de uma mudança como essa? Tudo
está interligado, tudo é interdependente em nosso pla-
neta...
E aqui entra uma questão fundamental: estamos fa-
lando da preservação da vida - da NOSSA VIDA, da
vida da espécie humana na Terra. Porque Pachamama é
um ser vivo, com capacidade de regeneração. No en-
tanto, ela se regenera no tempo dela, não se move em
nosso artificial calendário gregoriano... ela tem bilhões
de anos pela frente para se transformar e entrar em um
novo estado de equilíbrio. A hora agora é de agir. Cada
um pode e deve dar a sua contribuição. Nós moldamos
a Terra à nossa imagem.... e estamos vendo no que
deu... Então, agora que estamos acordando, nos cons-
cientizando, vamos reverter isso e remoldá-la à nossa
nova e evoluída imagem... Vamos, sejamos realistas,
façamos o impossível!!! E juntos, certamente, podemos
mais!!!
3

TÓPICOS ESPECIAIS
Deus, o mundo e o homem*
por Sofia Mendizabal
Um trabalho que se pode falar sobre
o que quisermos... Se não estamos pre-
parados para ser livres, eu diria que este
é um ótimo começo. Escolher... Não se-
ria tão mais fácil se tivéssemos um tema?
Aí era só pesquisar, se aprofundar e es-
crever os nossos pareceres.
Escolher, usar da nossa vontade...
quer presente melhor que esse? E ainda
assim, teimamos em não fazer uso do
livre arbítrio, deixamos lá como um en-
feite na estante, quando ele é o presente
mais útil que nós jamais poderíamos
ganhar. Pois bem, resolvi falar sobre o
que eu quiser...
Só percebendo Deus, o Todo, o que
seja, como parte de nós, e não como
algo separado, é que podemos ser li-
vres. É só reconhecendo a luz em nós, a
nossa faísca divina, que podemos exer-
cer a nossa vontade; e aí, sim, finalmen-
te aquela revolução que há muito vem
pedindo para acontecer, acontece. Mu-
damos. Mudamos por nossa própria
vontade, e não pela vontade de um deus
externo que tem o poder de nos mudar.
Mudamos pela vontade do Deus que já
somos, pegamos o timão e decidimos
para onde deve ir o barco. Somos li-
vres.
É muito absurdo isso de se ter um
deus dentro de si, ou melhor, de ser deus,
de ter um potencial divino dormido, mas
em vigília, pronto a acordar. É muito ab-
surdo pensar isso, sentir isso, quando
fomos educados para temer deus, pois
por mais que ele seja bonzinho, se você
pecar ele vai te punir. Aí vem alguém e diz
que Deus é você mesmo, e que tudo é
Deus, tudo é um e o Um é tudo, que
somos todos um, e que se você ficar quie-
tinho numa posição confortável, mas
quietinho mesmo, sem pensar em nada,
sem se mover, só observando o que te
toca, vivendo neste momento, você po-
derá acessar esse Deus, que é vazio, que
Despertar a consciência
por Annabella a despertar Aguilar
Despertar, segundo um dicionário de lín-
gua portuguesa, significa: acordar, fazer
nascer, excitar; sair do sono, surgir; mostrar-
se; ação de despertar.
Atualmente, o Universo tem passado por
um profundo processo de despertar. Em cada
cantinho da Terra, as energias de renova-
ção estão atuando e nos colocando em
contato com a nossa natureza divina e sa-
grada. Bem sendo, em proximidade com a
nossa alma. Esse despertar está vindo acom-
panhado de uma vontade de respeito e amor
a Pachamama. Com isso, algumas estrutu-
ras socioculturais que nos impregnaram de
costumes sem consciência divina estão sendo
revistos…
Deste modo, muitas pessoas, por todo o
mundo, estão revendo seus hábitos ali-
mentares e recorrendo a tradições antigas,
baseadas no respeito a natureza e ao corpo,
como o habitat abençoado de nossa alma.
Assim, a prática de consumir mais vegetais,
cereais e frutas em detrimento das carnes
vem crescendo pelo mundo inteiro e, espe-
cialmente, no Brasil. Mas, porque isso está
a acontecer?
4 As almas estão despertando, nascendo
é nada e que, por ser nada, contém em Si
todas as potencialidades para ser abso-
lutamente Tudo; e que você, como Deus
que é, tem muito mais poder do que ja-
mais sonhou, e sim, você pode ser o que
quiser. Liberdade em ação. Libertação.
Isso de escolher é muito mágico. Ima-
gina só que as suas escolhas influenciam
a realidade que você vivencia. Você é só
mais um ‘serzinho’ no meio de trilhões
de outros seres e você tem esse poder
todo, de influenciar, de criar a sua pró-
pria realidade, e se você está consciente,
atento, vivendo cada agora à medida que
cada agora acontece, você influencia até
a realidade alheia. Que poder magnífi-
co! Isso para mim é o poder de Deus. É
de graça e é de todos. Sim, todos são
especiais, todos são mágicos da vida,
todos têm poder, em potencial ou em
ação. É uma graça que nos foi presen-
teada a todos, mas nem todos nos reco-
nhecemos como deuses, poucos de nós
desapegamos da nossa identidade no
mundo.
E o mundo... O mundo é um moinho,
disse o homem. O mundo é como uma
grande e bem sucedida fábrica de ilu-
sões, com produção organizada em alta
escala, e nos faz pensar que somos o
nosso nome, o nosso emprego e o que
consumimos. Nos faz pensar que per-
tencemos a algo, que pertencemos a esse
mundo, quando estamos só de passa-
gem. Por alguma razão que desconhece-
mos, ou não, precisamos estar aqui, pas-
sando por tudo que estamos passando,
jogando esse jogo, brincando de ser o
que somos. Às vezes vejo minha vida
como se fosse um vídeo game, ou um
seriado, com fases, temporadas... Quan-
do revejo o pouco que já vivi, consigo
identificar e separar cada fase, consigo
perceber os momentos de transição de
uma fase para outra e me assombro de
como isso tudo parece um joguinho de
para um novo começo, uma nova era está
se aproximando e nos conduzindo para
uma fase de amor e respeito a todos os
filhos amados de Pachamama. A humani-
dade está despertando para a percepção
de que o que colocamos a mesa tem rela-
ção com tudo o que nos envolve: corpo,
alma, espírito e mente. As pessoas estão
abandonando o sono da imposição, ou
seja, estão a refletir o que acontece a sua
volta. Pesquisadores, ativistas, médicos,
pessoas de diferentes profissões, crenças e
cidadanias têm desenvolvido pesquisas para
mostrar a barbaridade que está por trás do
aparente e simples hábito de comer carne.
A crueldade atinge diretamente
Pachamama e seus filhos, através de cada
boi, vaca, porco, galinha, peixe, que é sa-
crificado.
Além disso, os preciosos recursos na-
turais, como a água, estão sendo usados
sem respeito e se tornando cada vez mais
escassos. Mas, as pessoas não se dão conta
disso, quando vão ao supermercado e fre-
quentam um açougue. No Brasil, a produ-
ção de um quilo de carne vermelha, em
média, é responsável por 10 mil metros qua-
Foto: Alyne Matinhos Rodrigues
vídeo game; até che-
fão tem... É incrível co-
mo com o passar dos
anos conseguimos contem-
plar esse filme da vida, que o
desenrolar dos dias não per-
mite, ou pelo menos dificulta, e fazendo
isso, contemplando minhas experiências
passadas, eu as influencio, eu escolho
quais foram as importantes, mexo e mo-
difico o meu passado.
Bom, e assim vamos vivendo, dia-a-
dia, fase a fase. Até que, por um motivo
qualquer, começamos a nos ver como
peregrinos da vida, como turistas de pas-
sagem, e percebemos o jogo em que
estamos inseridos. É aí que paramos de
ser um coadjuvante na história de alguém
e começamos a ser o herói da nossa
própria saga, que é melhor do que qual-
quer outra. Então jogamos para valer.
Começamos a levar a vida a sério, e
levar a vida a sério é saber que ela é uma
brincadeira de criança, é saber que ga-
nhamos um tíquete para brincar no
playground de Deus, que a moça da ca-
bine é a mamãe, que deixou a gente pas-
sar. Então, brinquemos! No meu enten-
der, é essa a consciência que nos leva a
observar tudo. Observar o nosso ser
sendo o que nos toca ser, a realidade que
nos cerca, a causalidade (e não a casua-
lidade) dos acontecimentos que presen-
ciamos, a teia de acontecimentos que nos
trouxe até onde estamos agora mesmo,
a enormidade do nosso ser que não se
resume às experiências que vivemos nes-
ta vida, e a partir daí começamos a nos
desidentificar com o mundo e com o que
somos, enquanto inseridos neste mun-
do.
E o que seríamos então? Se não sou
a Raquel que escreve essas impressões,
quem seria eu? Um vazio criativo, um
nada com potencialidade para ser qual-
quer coisa; por isso criei uma personali-
drados de floresta desmatada e o consumo
de 15 mil litros de água doce limpa. Entre-
tanto, para a produção de 1 quilo de fei-
jão, gasta-se 195 litros de água. Regular-
mente, é utilizado de um a quatro hectares
de terra para que um boi ofereça 210 kg de
carne, em quatro ou cinco anos. Enquan-
to, com essa quantidade de terra e tempo,
pode-se produzir até 19 toneladas de ar-
roz*. Teríamos com isso, uma forte solução
para a fome do mundo.
Porém, ainda falta considerarmos uma
grande questão, talvez, a mais notável. Se-
rá que nos damos conta que nossos irmãos
bois, vacas, porcos, galinhas, peixes, den-
tre outros, são confinados, mutilados, as-
sassinados brutalmente, alimentados com
rações potencializadas e que vivem fora de
sua realidade natural? Assim, dar-se conta
desse mal e abandonar essa prática, é um
despertar da consciência. Entretanto, o que
nos falta é percebermos o mal que está por
trás do consumo de carne.
O amor de Pachamama é universal,
total e indistinguível. Então, se estamos em
busca de viver esse amor em nossos cora-
ções, em nossas vidas e relações, devemos
considerar esse despertar de AMOR. Será
essa uma atitude fácil? Assim, como aban-
donar certas crenças de nosso ego, como
egoísmo, preconceito, falta de amor, ran-
cor é um desafio, o despertar da consciên-
Equilíbrio, só em liberdade
dade, um jeito de ser, porque havia o
potencial de ser isso em mim, como há o
potencial de ser qualquer outra coisa,
mas a essência é vazia. Como um ator,
que tem que estar de mente vazia para
criar um personagem puro e original, é
assim que somos ao nos inventar, mas
nos perdemos nesta invenção e somos
o ator que vive a ilusão de ser o seu
personagem, sem perceber que é muito
mais, que é a inteligência primeira que
criou este mesmo personagem, que é a
criatividade pulsante, que é Deus. Para
que esses potenciais venham à tona, e
para que a nossa luz brilhe, nosso centro
há de ser vazio, um grande nada, pois se
nos identificarmos como sendo alguém
ou alguma coisa, perdemos a capacida-
de de ser todo o restante. Nos definimos
como algo estático, imutável, e nos limi-
tamos. A única coisa que não muda é o
fato de tudo estar mudando o tempo todo.
Eu não sou mais a mesma desde que
comecei a escrever, você não é mais o
mesmo desde que começou a ler.
Agradeço pela oportunidade de uso
do meu livre-arbítrio...
Agradeço pela mudança desencadea-
da...
Agradeço pelo breve e luminoso
momento em que nossas jornadas se
cruzaram...
*Escrito inicialmente para o Módulo “Bases
Filosóficas e Científicas do Yoga” do IV
Curso de Formação Livre de Instrutores de Yoga
do Mandala Yoga, ministrado por Cláudio Aze-
vedo - http://www.iccfh.net.br
cia para o vegetarianismo também é um
desafio. Mas, tudo é possível para um cora-
ção amoroso que quer mudar e se conectar
com as forças divinas.
Amados irmãos: vamos pensar sobre o
assunto? Vamos abrir e irradiar luz para
essa nobre causa? Não se trata de impor
regras e limites, mas de abrirmos o nosso
AMOR a todos os irmãos. Trata-se do des-
pertar da consciência. Vamos abandonar o
sono para a causa dos animais. Vamos ex-
citar nossa alma e considerar o que o
vegetarianismo tem a nos proporcionar!
Vamos dizer sim à ação… Toda espirituali-
dade deve ser ativa, praticada e estimulada
nas nossas atividades diárias… As inten-
ções místicas precisam estender-se da me-
ditação ao nosso dia-a-dia, deve nos acom-
panhar nas refeições, nas idas ao super-
mercado, na preparação dos alimentos…
Vamos viver o AMOR em todas as dimen-
sões e incondicionalmente…
“E disse Deus: Eis que vos tenho dado
toda a erva que dê semente, que está so-
bre a face de toda a terra; e toda a árvore,
em que há fruto que dê semente, ser-vos-
á para mantimento…” Gênesis 1:29
*Os dados foram retirados da cartilha “IMPAC-
TOS SOBRE O MEIO AMBIENTE DO USO DE
ANIMAIS PARA ALIMENTAÇÃO”, disponibilizado
on-line no site: http://www.svb. org.br.

PERGUNTAS & RESPOSTAS
Conversas sobre consciência
por Melissa Molina, em conversa com Gerardo Bastos
Melissa Molina: - Tenho pensado em qual é o bem mais precioso que
alguém pode ter na vida, a coisa mais importante.
Gerardo Bastos: - A consciência, sem dúvida! Esse perceber consciente
é o único importante. Diante de tamanha grandiosidade, os outros valo-
res ficam pequenos, mesquinhos. Sem consciência, não há nada. A
consciência é o mais importante, vital, e o que faz diferença em nós, em
nossa realidade de seres humanos. E é o que há de mais misterioso em
nós também. É o presente mais vigoroso e maior que recebemos.
Melissa Molina: - Eu achava que sim, que a consciência era importante,
mas que sem a vida, a consciência não poderia se manifestar, ainda que
eu não tivesse uma prova para a minha mente de que houvesse vida e
consciência fora da vida física...
Gerardo Bastos: - A consciência é a nossa vida, a consciência é o fluxo
mais sutil de vida, é o manancial de vida em nós e se não estamos
conscientes, a vida é imperceptível.
Melissa Molina: - Estive pensando sobre o que era mais importante
deixar de legado para alguém, para um filho, para a família, ou para a
sociedade. Não encontrei uma resposta melhor e achei que a coisa mais
proveitosa seria uma vida. Não estou certa disso.
Gerardo Bastos: - Mas você não pode deixar vida, pois a vida é tudo...
A consciência é o que torna a vida importante, o que faz com que
sejamos gratos... O melhor que podemos ensinar, deixar de legado é
uma herança de consciência alerta, de gratidão. Todas as qualidades
provêm da consciência de estar em vida...
Melissa Molina: - Sim. Perceber isso e passar adiante.
Gerardo Bastos: - A consciência gira no mesmo eixo que o perceber,
então ensinar alguém a ser consciente da sua consciência é o mais
luminoso e harmônico que podemos deixar.
Melissa Molina: - E quem quiser pôr isso em prática e passar isso adian-
te, quem sente uma necessidade de transcendência, de ir adiante, de
sobreviver à morte de alguma forma, e tem essa reflexão avançada den-
tro de si?
Gerardo Bastos: - Claro que temos uma necessidade de sobrevivência
física, mas uma imperiosa necessidade de transcendência espiritual, psi-
cológica, também existe, então fazemos isto com os filhos, com os discí-
pulos, com os aspirantes, com os que ajudamos a se autoeducarem.
Melissa Molina: - Se isso é uma força interior, pois imagino que esta
necessidade imperiosa seja um empurrão do espírito, como alguém po-
deria utilizar esta força em seu treinamento espiritual?
Gerardo Bastos: - Dando testemunho dos seus aprendizados, liderando
a guerrilha espiritual na sua cidade, existe a Mística Andina e todo um
campo para ajuda de pessoas, para que estas também deixem um ca-
Foto: Sarita Mendizabal
rimbo transcendente nas próxi-
mas gerações de amor, poder
e consciência... Essa força é um
propósito da alma, que sabe da
morte, mas que também sabe
que seguimos vivos nos amigos,
nos que aprendem algo de nós.
Morremos quando somos es-
quecidos. Essa é a morte. Mas
os que são lembrados pelo
Livro do entrevistado. Para adquirir,
povo, estes são eternos. acesse: www.misticaandina.com.br
Melissa Molina: - E a pessoa que não se preocupa em ser lembrada ou
esquecida, e sim em ter feito algo útil, alguma coisa razoável, com uma
abrangência menos limitada...?
Gerardo Bastos: - Quando falo de lembrança, estou falando algo que
se enxerga, para ver se há uma medida. Para transcender, é preciso
superar o razoável. Para transcender, é necessário dar além da medida.
E dar algo que não seja tangível, pois o tangível morre também. Mas se
você ajuda a desmontar o medo em uns quantos seres, isso não será
tangível e vai perdurar. Se você ajuda a montar uma consciência da
consciência, isso não é tangível e nem morre. Fazer isso é o motivo de
todos os boddhisatvas*, de todos os mestres, de todos os instrutores
espirituais.
Melissa Molina: - Então é uma questão de romper a barreira do medo e
dar o primeiro passo, como sempre. O primeiro passo em direção ao
que se nos apresenta e nos convida, pois a própria vida nos encaminha-
rá, ou por escolhas próprias?
Gerardo Bastos: - Sim. A vida, se a pessoa é una e fluida com a voz da
sua alma, vai abrindo portinhas... Sempre esta velha mente ditadora que
diz: “Não, é loucura. Fica em casa! Não, não”. Pense numa guia espi-
ritual que ontem à noite saiu sozinha e foi até outra cidade dar a medi-
tação a um grupo. Foi por que motivo? Foi por dinheiro? Foi por fama?
Foi por quê, Melissa? Com este frio e com estradas perigosas...
Melissa Molina: - Foi por que quis, por ter essa vontade de ir...?
Gerardo Bastos: - Existem motivações mais profundas do que a vonta-
de e o interesse. A guia foi porque em seu coração já experimentou o
sabor do eterno. Ela foi porque quando uma pessoa faz este ofício de
inspirar, de semear, de ajudar alguém a se auto-educar e de fazer um
autoquestionamento, ela percebe que a vida ali se completa. Uma
pessoa recém estará completa, apenas florescerá quando a poesia da
vida o prender no coração dos outros. E esta pessoa fará qualquer
coisa, por viver e reviver esta luz nos corações dos outros. Quando
alguém experimenta brevemente isso, passa a saber, Melissa! Sabe e
sente que esse é o motivo porque veio. A pessoa se sente irmã dos grilos,
dos pássaros, faz parte da canção de Pachamama (a Mãe Terra). So-
mente uma metáfora poética é capaz de descrever tanta beleza guarda-
da em um ato tão simples, mas tão audacioso.
Melissa Molina: - Arranhar o véu não significa rompê-lo, pois ele está lá
e prejudica a visão. Como realmente sentir o sabor do eterno no cora-
ção? Parece-me que muitos provam o sabor diluído, bem fraco... Só
depois de muita meditação se consegue este contato?
Gerardo Bastos: - Há vários caminhos. Quando alguém ensina, o eter-
no o invade. Quando alguém se torna um guia, um pai ou mãe espiri-
tual, ou coloca a toga do amor e se assume como tal, algo mágico
sucede, uma coisa transcendente ocorre. Quando alguém medita, sente
o gosto, o sabor do eterno, mas quando alguém semeia, sente a voz de
todos os pássaros em si. Por esse alguém fala a voz de todos os instruto-
res. Esse alguém é uno com o infinito. Por ele passa uma imensidade.
*Boddhisatva (ou Bodhisattva) significa literalmente um ser vivente (sattva)
que aspira à iluminação (bodhi) e que realiza práticas altruísticas, uma
pessoa que busca a iluminação para si mesmo e para os outros, um indi-
víduo que compartilha a vida. O dom da benevolência é a grande carac-
terística do bodhisattva - o compartilhamento empático do sofrimento alheio. 5
 MUDANDO PARADIGMAS
Liberdade financeira
por Aaron Molina
O tema liberdade financeira desper-
tou-me o interesse há algum tempo, e
acho oportuno, as vésperas destes 21
dias que tratam do “Amor em Liberda-
de”, compartilhar o que sinto com vocês.
Chama-me muito a atenção o fato
das pessoas que possuem “muita grana”
terem tantas preocupações com ela,
iguais ou maiores do que as pessoas
que não a possuem. Quem tem está pre-
ocupado em não perder, tornando-se
escravo do que conquistou. Quem não
tem, está correndo atrás da máquina para
adquirir uma estabilidade que, na minha
opinião, não existe nem nunca existirá.
Entendo que rico não é quem tem
muito, mas quem precisa de pouco.
Quando necessitamos de muito, gera-
mos um objetivo a ser alcançado. Se atin-
gido, ficamos felizes, caso contrário vem
a frustração. O tempo passa, e nós per-
manecemos correndo atrás do rabo, não
dando valor ao que realmente importa:
mais um dia de vida!!!
É o tempo... Ah! O tempo é algo mis-
terioso que não contabilizamos, e deve-
ria ser a verdadeira moeda, pois o que
importa é quanto tempo temos de vida.
Para algumas pessoas, isso se torna mais
claro, quando estiverem próximas do úl-
timo alento.
A realidade é que, a cada amanhecer,
ganhamos um dia de vida e misteriosa-
mente perdemos um. O que faremos
deste dia único? Deste presente que
pode, ou não, ser aberto, cabendo a nós
escolher. Quando agimos de forma me-
cânica e inconsciente, não damos impor-
tância ao verdadeiro capital que possuí-
mos, que é o tempo para usufruir o que
ninguém pode comprar ou adquirir, e que
é comum a todos, um dia de sol, um
entardecer, uma noite de lua cheia...
Penso que estamos vivendo com a
roda da vida de forma descompensada.
Dividindo esta roda em raios podemos
ter: saúde, relacionamentos, finanças, tra-
balho, espiritualidade, emoções e tem-
po. Rodando com tamanhos diferentes,
ou melhor com desenvolvimentos desi-
guais nessas áreas, geramos um dese-
quilíbrio, fazendo com que andemos aos
6
saltos. Nossa vida é um todo, é trabalho, Quando temos nosso coração saciado, mentos menos Despesas). Percebo que
amor, caminhadas ao ar livre, conexão não precisamos compensar com um car- poupar está fora de moda, uma vez que
com algo maior. Este desequilíbrio na ro novo ou “tomar todas”. Não buscare- vivemos a era do imediatismo. Então,
roda da vida vem das escolhas que fize- mos compensação na compra da casa quem vai querer poupar durante 20 anos?
mos em um momento no passado. Por- dos sonhos, porque o importante não é Acontece que esta fórmula nos levará
tanto, podemos a cada amanhecer, deci- a casa, mas se esta é ou não um lar. ao sucesso, mas alerto que não à felici-
dir o que faremos deste novo dia, esco- A abundância, a grana, a riqueza vem dade. Esta é alcançada quando coloca-
lhendo conscientemente quem queremos de um sentir e reconhecer primeiro que mos a alma em tudo o que fazemos. É o
ser, que saúde ter, que peso, quanto de já somos ricos pelo simples e misterioso tempero que faz com que a comida te-
tempo de lazer, quanta grana, que traba- fato de estarmos vivos, respirando. Este nha um gosto diferente, bem como as
lho, quanto próximo de nós mesmos es- sentimento gera gratidão, que é a porta relações, o trabalho, a nossa conexão
taremos, enfim, escolhendo o agora. para a alma, e esta nos permite sentir. com o sagrado, o dia-a-dia. Esta percep-
Quando o nosso ser mais íntimo, o Quando estamos neste estado, pode- ção é misteriosa e bela, é o milagre da
Deus interior que habita no mais profun- mos sentir o fluxo da riqueza, e este é vida.
do da nossa consciência, está de acordo como uma onda que o surfista pega e Quando olho uma árvore muito ve-
com nossas escolhas, sentimos uma sen- desliza, sendo levado. Quem algum dia lha, um rio, o mar, uma montanha, te-
sação de liberdade, que podemos tam- sentiu esse fluxo jamais esquece, porque nho que reverenciar esses guerreiros.
bém chamar de paz. E o que nos impede tudo parece que conspira, tudo acontece Através de nossos egos e busca de con-
de fazermos escolhas conscientes? Acre- em sincronia, e tem a leveza da liberda- forto, consumimos as reservas do pla-
dito que o medo. Sim, o medo de não de. É como vender sorvete em um dia de neta de forma desmedida, a uma razão
sermos reconhecidos, aceitos, ou que se- muito calor. letal. Falo em conforto, porque anos
jamos excluídos. Esta carência nos leva Acredito que, para alcançarmos a ri- atrás não tínhamos ar condicionado, fa-
ao mundo das formas, onde um apare- queza material, temos que usar de algu- zíamos o pão, andávamos mais a pé e
lho de fazer chapinha passa a ser algo ma estratégia, disciplina, objetivos defi- não tínhamos problemas de obesidade,
indispensável, onde fazer amor ou tro- nidos e trabalhar muito. Tudo isso deve colesterol, depressão, podíamos ir à
car carinhos, que são de graça, sejam ser conjugado com a fórmula da pou- praia sem filtro solar, tomar água da tor-
trocados por uma dúzia de novos filmes. pança, P=R-D (Poupança igual Rendi- neira. O que está acontecendo é sim-
ples, basta querermos enxergar, estamos
consumindo mais do que precisamos.
CONCURSO Olhem os próprios roupeiros, o núme-
ro de veículos rodando pelas ruas, a
quantidade de televisores nas casas, etc.
Pachamama tem nos dado sinais claros
“As Delícias de que está sobrecarregada. Portanto,
precisamos Reciclar, Reutilizar e Reduzir
de Pachamama” o consumo, e colocaria mais um “R”,
Revisar nossos hábitos de consumo, as-
sim evitaríamos de chegar ao ato de
por Isolda Molina reciclar. Façamos isso como um ato de
amor à vida e à Pachamama. Falo para ti,
A exemplo do que aconteceu em 2009, está aberto o concurso de arte guerreiro acordado, consciente, ajuda
para a composição do calendário da Mística Andina/Associação aos que estão a tua volta a despertar,
Pachamama. Aproveitando a energia sagrada dos 21 dias de setembro, fala, mostra sem medo a realidade. As-
o material a ser enviado deverá ter como inspiração - “AS DELÍCIAS DE sim, estaremos criando também o ato de
PACHAMAMA”. poupar e viver conscientemente este novo
Envie uma foto, uma pintura ou um desenho que expresse uma expe- tempo de amor em liberdade.
riência deliciosa com nossa amada Pachamama. Acompanhada de uma Por último fica um pedido simples:
frase que pode ser de própria autoria ou do Lucidor. A frase deve ser viva cada minuto desta vida com amor.
curtinha, no máximo com 2 linhas. Faça suas escolhas, não permitindo que
Prazo e mail de entrega: até dia 20 de outubro de 2009 para os meios de comunicação, os modismos,
isoldamolina@yahoo. com.br e outros, escolham por você, experimen-
tando, assim, a liberdade que trará a paz.
Cláudia Beck
Terapia da Luz
Terapia Floral
Equilíbrio de Chakras
Terapia de
Vidas Passadas
Meditação
e Expansão de
Consciência
ESPAÇO LUZ E HARMONIA
Rua Benjamim Zilli, 107 – Curitiba - PR
Tel.: (41) 9945-5932
 GESTANDO UM MUNDO NOVO
El Continente de las Águas Sagradas
por Tiaguas Dedalos
O que significa para você ter nascido no continente com as mai- passaportes nas fronteiras.
ores reservas de água doce do planeta? Isto em pleno século 21? Na realidade estes países
Você sabia que de 20 a 40% das águas doces estão nos rios e estão unidos pelas águas
aquíferos do continente sul-americano? também do sul por meio do
Onde estão as maiores coisas relacionadas a água do mundo? A Aquífero Guarani, a maior
catarata mais alta: Salto Angels na Venezuela. A com maior volume reserva de água doce sub-
de água? Foz do Iguaçu, tríplice fronteira Paraguai, Argentina e Bra- terrânea que une os países
sil. O maior sistema de pântano? Pantanal Mato-Grossense/Para- Paraguai, Argentina, Uru-
guai. Onde está o maior lençol de águas quentes do mundo? Cal- guai e Brasil. O qual, se for
das Novas no estado de Goiás. O rio mais comprido e desesperada- usado com responsabilidade,
mente mais caudaloso? Rio Amazonas, no norte do Brasil. Imagi- poderá durar 300 anos.
nem que o Rio Tamis em Londres deixa passar determinada vazão E as águas dos lagos? Aliás, o
d’água durante 360 dias por ano e que no rio Amazonas precisa lago o mais alto do mundo também
de apenas 1 dia para passar essa mesma quantidade de água. está por aqui. É o Titicaca, a quase 4000 metros de altitude.
É interessante que o lugar mais seco do planeta também esteja Temos todas as águas congeladas na neve Andina e também toda
aqui no deserto do aquela que está dentro das plantas.
Atacama, Chile e Peru. Ou seja, queridos todos e amados da Mística Andina, sinto que
Foto: Ana Paula Carvalho

GASTRONOMIA SAUDÁVEL
Berinjela agridoce
por Jazmin Mendizabal
Para estes dias de cuidados
especiais com a alimentação
para um corpo mais saudável
e leve, sugerimos esta recei-
tinha de berinjela muito gosto-
sa.
Modo de Fazer:
Descasque 2 berinjelas gran-
des e corte em tiras de + ou –
4 cm.
Refogue uma cebola bem
grande cortada em tiras em
óleo de girassol, acrescentan-
do azeite de oliva a gosto.
Acrescente a berinjela e refo-
gue com sal e, se quiser, alguns
grãos de pimenta do reino.
Se gostar de pimentão verde,
vermelho e/ ou amarelo, acres-
cente a gosto.
As águas unem ou se- somos o continente das águas sagradas. Sagrados, pois com água
param os países? Ima- doce e despoluída, vivemos, plantamos, e matamos a nossa sede.
ginem os rios nascidos Diante desses fatores, a equipe do projeto El Continente das Águas
nos países andinos... Bo- Sagradas vem se dedicando com o objetivo principal de preservar e
lívia, Peru, Equador, Co- conscientizar através de expedições, pesquisas, produções e divulga-
lômbia e Venezuela, as ção dos trabalhos realizados sobre a questão das águas do nosso
Guianas e o Brasil estão continente. No mo-
unidos por águas do rio mento estamos em
Amazonas e é incrível desenvolvimento
que os peixes que des- dos flowforms, que
cem e sobem não neces- são recipientes de
sitam apresentar seus cerâmica que
possibilita um siste-
ma de purificação
e revitalização da
água (foto). Atua-
mos também na
preservação de tar-
tarugas no rio
Tapajós na Amazô-
nia. Inclusive esta- Arte, argila e purificação - flowforms
Coloque uma colher de sopa mos precisando de
de vinagre de boa qualidade e ajuda, quem se interessar entre em contato por mail que enviaremos
uma colher de sopa de açúcar um dvd apresentando o projeto - tiagoangelo@ ig.com.br.
mascavo. Refogue um pouco
mais e, se precisar, coloque
também umas colheres de
água e um pouco mais de azei-
te para acabar de cozinhar. A
berinjela deve ficar tenra.
Prove e veja o tempero que
deve estar um pouco doce e
um pouco azedo com um
saborzinho de sal no fundo, e
se precisar, acerte com mais
temperos. Podes acrescer chei-
ro verde e passas à vontade.
Dicas:
Pode ser servido como guarni-
ção ou como pasta para tor-
radas ou patês. 7
 Olá, pessoal!
Sou o Peregrininho
do coração!

Pessoal, a votação do Mascote Peregrininho

foi um sucesso!
Agradecemos a todos que enviaram seus desenhos,
eles poderão ser aproveitados de muitas formas! Reciclagem
O vencedor foi Leandro Bierhals Bezerra, de Porto Alegre.
Peregrininhos! Nesta edição va-
Seu nome artístico é Hals.
mos falar sobre a reciclagem!
Agora já temos nosso mascote para o jornal! Nunca ouviu falar nesta pala-
vra?

Você sabia que...

Pachamama, para os povos
Andinos, é a Mãe-Terra. A pa-
lavra “Pacha” originalmente sig-
nifica Universo, mundo, lugar,
tempo, enquanto “mama” sig-
nifica Mãe. É a geradora da
abundância e de tudo existe na
Terra. É a vida, as estações do
ano, a fecundidade, é o ciclo da
vida, da morte, do renascimento.
Quanto tempo
você leva pra tomar seu
banho? Falaremos sobre
isso na próxima edição.
Um abraço e
até a próxima,
Peregrininho.
Reciclar é reaproveitar todo o
material que juntamos com a se-
paração correta do lixo. Garra-
fas PET, vidros, plásticos, restos
de comida. Tudo isso pode ser
reutilizado para diminuirmos a
quantidade de lixo no nosso pla-
neta. Diariamente toneladas de
objetos são recolhidas em todas
as cidades. Os aterros sanitári-
os – locais onde o lixo é arma-
zenado nas cidades – não pos-
suem mais espaço para arma-
zenar tanta porcaria! Você sa-
bia que vários materiais levam
muito tempo para se decompo-
rem (desmancharem-se)?
Se não começarmos a reciclar
nosso lixo, cada vez mais polui-
remos nossa amada Pachama-
ma, afetando os ecossistemas,
os animais e as plantas.

COLABORAÇÃO: Amankay Sandoval, Ayka Cruz e Ramiro Mendizabal; ILUSTRAÇÕES: Lucia Silveira e Leandro Bierhals Bezerra (Hals)

expediente
O PEREGRINO é um informativo do Movimento Mística Andina e um projeto de expansão de consciência da
Associação Pachamama. Circula onde o vento o levar, sem constituir sociedade, seita, nem instituição. É
organizado por voluntários. Os textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.
CONSELHO EDITORIAL: Alethéia Iriarte, Gerardo Bastos, Isolda Molina, Melissa Molina e Melusina Iriarte;
EDITORA: Melusina Iriarte; COLABORADORES: Aaron Molina, Amankay Sandoval, Ayka Cruz, Annabella Aguilar, Arathi Iriarte, Belladona Aguilar, Luzclarita Cruz,
Melissa Molina, Cruz Ramiro Mendizabal, Radha Dédalos, Sofia Mendizabal e Tiaguas Dédalos; REVISÃO: Melusina e Aradia Iriarte; PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:
Ivete Th. S. Conceição; FOTOGRAFIA: Alyne Matinhos Rodrigues, Ana Paula Carvalho, Arathi Iriarte, Lucia Silveira e Leandro Bierhals Bezerra (Hals); CIRCULAÇÃO:
Alethéia Iriarte; CTP E IMPRESSÃO: Gráfica Editora Pallotti - Santa Maria/RS; ENDEREÇO ELETRÔNICO: jornaloperegrino@yahoo.com.br; TIRAGEM: 5.000
8 exemplares