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Deus e os seres celestiais no Apocalipse: como entender os símbolos?

Por Ruy Porto Fernandes

No início do livro encontramos a menção de Deus e anjo (Ap 1.1). E, logo abaixo, no
versículo 4, acrescentam-se os sete espíritos que estão diante do trono de Deus (Ap 1.4).

Até o momento, nada fácil! Para falarmos dos seres celestiais teremos que situá-los em
nossa existência e neste tempo. Em vários livros e na web são encontrados estudos que
preenchem um número infindável de páginas. Contudo, por mais que o façam, não
ultrapassam ao que está escrito na Bíblia. Isto é lógico, pois o que passa disso é mera
especulação. É aí reside o perigo, pois se pode adentrar ao âmbito da ficção.

No momento, não falarei sobre o Senhor Jesus Cristo em Ap 1.5,10-20, pois em


artigos anteriores já explanei que Ele só pode estar habitando, junto com os santos judeus
ressuscitados, outro lugar neste universo, também físico, outra galáxia e sistema solar com
planeta semelhante à terra já livres do Mal. Ele está vivo até hoje no corpo físico em que foi
ressuscitado e não somente em espírito, como Deus e os seres celestiais estão e existem.

Porém, quanto aos anjos e os seres celestiais em geral, encontrei um texto no livro A
Doutrina dos Anjos e do Homem, do Dr. Donald D. Turner, que faz várias colocações e
perguntas que todos gostariam de ter respostas:

Na Bíblia não há nenhum relato acerca da criação dos anjos. Tampouco afirma que são
espécies criadas, tais como homens e animais.

Exato! Não há relatos sobre a criação dos seres celestiais, e estes seres descritos na
Bíblia não são em nada parecidos com “nossa criação”! Não se reproduzem e não possuem
corpos. São espíritos como também Deus o é.

Mesmo em Colossenses 1.16 “porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo
foi criado por ele e para ele” não é afirmado que essas criações sejam de espécies angelicais.

Exato! A menção de tronos, dominações, principados e potestades, que são termos


utilizados para descrever tanto autoridades terrenas como celestiais, é afirmado neste
versículo ser criação mais como uma exaltação ao poder de Jesus Cristo, que está acima de
todo o poder por ser Deus, do que uma real declaração sobre a formação dos seres celestiais.

Para se compreender o que sejam anjos e entender em que sentido foram criados, devemos
em primeiro lugar nos perguntar: Como poderia se dar tal criação? Se analisarmos as passagens de
Gn 1.1; 2.1 e Sl 33.6 nos levariam a crer que todos os anjos foram criados de uma só vez, e não como
os seres humanos. As passagens de Sl 104.4 e Hb 12.9 igualmente sugerem a criação dos anjos. Ver
Sl 148.2-6.
Não parece razoável que Deus, sabendo que algum dia criaria o universo e se revelaria à Sua
obra, por meio de Suas próprias obras e de Sua encarnação, tivesse passado a sua eternidade
sozinho. E, se mais tarde, teria criado querubins, serafins, arcanjos, tronos, dominações, principados,
potestades e multidões de seres celestiais em redor do Seu trono, alegrando-se em entoar os Seus
louvores, como poderíamos explicar a demora em criá-los? Certamente isso tem uma explicação!

Sim! Eu creio que isso tem uma explicação! Graças a Deus chegamos a um ponto onde
podemos encontrar explicações para tudo o que está escrito, e porque foi escrito desta forma. Lógico
que falo em relação a todos os termos, símbolos e visões que estão registradas na Bíblia e,
principalmente, nos Evangelhos e no Apocalipse.
O conhecimento científico que possuímos de nós mesmos e do universo, que nada mais é do
que nossa extensão, nos proporciona analogias sobre a natureza de Deus e dos seres celestiais.
Contanto que nos desarmemos de qualquer idéia pré-concebida e deixemos de interpretar literalmente
o que, de fato, nas Escrituras, é apenas o símbolo da realidade.

Para exemplificar, começarei com uma declaração de Jesus Cristo que está em João 1.51 “E
disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de
Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.”

Será que não está claro que o Senhor aqui revela que os anjos de Deus também são Espíritos
de Deus? Não foi isso que João fez questão de revelar aqui? Ora, este trecho de João, do versículo
primeiro até o cinqüenta e um, foi cuidadosamente escrito para também transmitir essa verdade.

Pensemos. Depois dessa declaração de Jesus Cristo, quem viu os anjos de Deus subindo e
descendo sobre Ele? Ninguém! Pois bem, Jesus fez esta revelação porque não se podem ver os seres
espirituais que governam o nosso mundo e, que neste caso específico, estariam dentro e fora D’Ele, e
não apenas subindo e descendo sobre Ele. Quem pode suportar tal revelação? (Jo 16.12)

Quem são esses seres espirituais e onde estão? À época de Jesus Cristo os judeus sabiam que o
mundo era governado pelos seres celestiais, e que o ser humano também sofria sua influência. E a
mensagem está implícita, se os anjos caídos habitam este mundo, e aqui incluo o ser humano, muito
mais Deus, por meio de seus espíritos mensageiros, os Espíritos de Deus.

Satanás não conseguiu impedir o nascimento de Jesus Cristo, sua Vida e sua Obra, porque
Deus também age aqui por meio dos seus seres celestiais. E agora nos perguntarmos: os seres
celestiais são realmente criação ou função de Deus?

Na verdade os seres celestiais são função de Deus. São Deus mesmo! É a pessoa, o poder e a
presença de Deus em nós e no universo. Assim, Senhor Jesus Cristo define Deus maravilhosamente!
Estupendamente! Quando declara em João 4.24 “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o
adorem em espírito e em verdade.”

Aqui Jesus não fala especificamente do Pai que lhe gerou, nem de Si próprio ou do Espírito
Santo, mas, sim, do Todo! Ele fala de Deus que dá, deu e dará origem a Tudo! Isto, porque o mundo
celestial, os seres celestiais, o universo, os vegetais, os animais e o homem têm origem em nosso
próprio Deus. Tudo é função de Deus, com exceção do Mal.

Este universo visível, que o leigo denomina como material, teve origem no universo invisível,
o universo espiritual. Este mundo material, em realidade é produto do mundo espiritual “aglutinado”,
condensado em formas que podem se interagir e coexistir como o mundo que denominamos natureza.
E, isto também foi testificado pela Escritura. Como está declarado em Hebreus 11.3 “Pela fé
entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não
foi feito do que é aparente.”

Ou seja, que o mundo que nós vemos foi formado pelo mundo invisível, por aquilo
que nós não vemos. Portanto, este mundo também é espiritual. Em realidade, tudo é espiritual.
Os dois mundos, embora diverso, se complementam. E o mundo visível não tem existência
sem mundo espiritual. O mundo visível, tal como um filho, tem origem no mundo espiritual.

Por isso eu entendo que a declaração de Jesus Cristo em João 10.30 “Eu e o Pai
somos um” extrapola em muito o seu significado literal. Pois, aqui, o Senhor está afirmando
que o mundo físico, representado por Ele, e o mundo espiritual, representado pelo Pai, são
Um, isto é o Todo!

Niterói, 18 de novembro de 2009.

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