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Stphane Malysse
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corpo ligadas a esse artefato cultural e mostrar como as interpretaes da aparncia humana variam histrica, cultural e contextualmente. A antropologia das aparncias corporais tem como objetivo
observar e analisar as diferentes maneiras de incorporao a um
grupo cultural, procurando estudar as funes das imagens na
complexidade desses processos.
O homem memoriza com todo seu corpo. Em Antropologia do
gesto, Marcel Jousse desenvolveu um modelo do fenmeno de imitao
muito interessante para a antropologia das aparncias corporais: a
cristalizao viva das prolas de ensinamentos (Jousse 1970). Essa
antropologia experimental explica que o saber, como nas prolas,
cristaliza-se em torno de suportes concretos e, pela imitao, o
que era apenas uma prola, um modelo, torna-se um ensinamento,
pois o modelo ter liberado seu ensinamento e revelado ao indivduo
que o incorporou todo seu saber acumulado. Por meio da imitao,
o corpo humano se torna uma prola de ensinamento, pois o homem,
como afirma Jousse, no um esqueleto acabado, mas um
interminvel complexo de gestos. O esqueleto apenas o cabide do
homem, um porta-gestos. O gesto o homem (1970).
O corpo no uma natureza. Ele no existe. Nunca vimos um
corpo: o que vemos so homens e mulheres que esto ali, trabalham,
se movimentam, se comunicam e formam o espetculo da realidade
viva em transformao. Mas o corpo, por ser a parte humana que
vemos, torna-se facilmente um objeto a ser mostrado, embora no
deva por isso ser considerado uma coisa, mesmo que seja tomado
como um objeto antropolgico. Procurei estudar a maneira como
os adeptos da corpolatria gerenciam seus corpos e os exibem como
sinal no apenas pelos meios que adotavam ao me descrev-lo
durante nossos encontros e entrevistas (visveis nas histrias de
vida, nos comentrios, nas conversas), mas tambm pelas exibies
visveis do corpo que os colaboradores dessa pesquisa me deixavam
ver e filmar nos cenrios sociais e em seus bastidores e casas. A fim
de definir as modalidades dessas novas relaes com o corpo, tentei
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