You are on page 1of 35

Nosso Jardim – Alceu Sebastião Costa

Pássaros, matas e quintais – Alceu Sebastião Costa


Amante em flor – Rosângela do Valle Dias
Apaixonante reencontro – Gui Oliva
Balanceio – Sylvia Cohin
Menos – Gui Oliva
Queria um bonde – Gui Oliva
O sino – Sylvia Cohin
Senhor de mim – Sylvia Cohin
Tentei a homenagem – Gui Oliva
Não sei... Sylvia Cohin
Réplica Inspiradora – Alceu Sebastião Costa
Lixo Atômico – Líria Porto
Sugestão – Reinaldo Franzoni
Planeta à míngua – Alceu Sebastião Costa
Atitude – Alceu Sebastião Costa
Percebe – Mercília Rodrigues
Ato de amor – Moacir Sader
NOSSO JARDIM

Alceu Sebastião Costa

Pela janela vejo a sentinela,

Imponente, coisa mais bela,

Admiro a sua cor amarela,

O Outono cobre de flor a “Primavera”.

Não existe “prima”, só a “rima”,

Da poesia feita com estima

Para alguém que se venera,

Tão verdadeira, por isso é “vera”.

A tiara amarela no topo da “Primavera”

Dá a ela charme de manequim na passarela,

Alvo da ave que a deixa com calor,

Esse apressado e apaixonado Beija-Flor.

Sentado na varanda, ao cair da tarde,

Observo a natureza com a sua arte,


Só o olfato é castigado pelo duro açoite,

Do aroma sufocante da perfumada “Dama da Noite”.

Nosso jardim, enfim, possui o encanto de lindas flores,

Cenário alegre pela suavidade das suas cores,

Sou grato aos céus pelo privilégio desses favores,

Coroados pela sinfonia de pássaros cantores.

“Os olhos vêem... o coração enxerga”.

Início
PÁSSAROS, MATAS E QUINTAIS.

Poeta Alceu Sebastião Costa

Dez/2007

Estando no Portal da Serra, em Serra Negra,

onde os pássaros voam livremente e espalham

seus cantos cheios de encantos nas matas e quintais:

Por algum momento, desligue-se do que ficou para trás,

feche os olhos, abra os ouvidos ao canto lamurioso do

tico-tico, aos arrulhos do casal de pombos, ao gorjeio

do sabiá, aos “gritos” do bando arruaceiro de maritacas,

ao estridente dueto do casal de joão-de-barro, à provocação

do bem-te-vi, ao pio lúgubre da coruja na escuridão noturna,

à voz, enfim, da passarada que vive solta nestes restos de matas e

quintais. Depois, jogue no astral o seu pedido de reconciliação com


Deus.

Com certeza, Ele não fará ouvidos moucos aos penitentes e humildes
corações.

Início
AMANTE EM FLOR
Rosângela do Valle Dias

Quando a manhã vem clareando,

entre as folhas da felicidade ,

voando, suavemente,

na sombra do flamboyant,

sou aquela borboleta azul...

Norteada pelo teu amor,

tento divisar o caminho

e alcançar,

num vôo adivinho,

o ninho da tua espera.


Sigo a correnteza do rio,

atravesso a mata ...

Toco em cada flor

a luz do sol que brilha em tua alma .

Teu chamado trilha o meu destino!

Num momento sublime,

carícias de um rápido pousar,

sinto a tua presença ...

No calor dos nossos avessos,

no desfrute dos toques travessos,

sou mais amante e amada...

Tu és o pólen do meu amor.

Sou a tua amante em flor!

BH/MG

03.08.2007

Início
APAIXONANTE REENCONTRO

Gui Oliva

Santos/SP 16/05/07

hoje foi um dia especial...ele,

depois de um tempo ido,

retornou inteiro ao meu convívio.

Nesta tarde fria, novamente aceitou,

meus beijos e minhas carícias

e, sorrateiro, mirando meu olhar sentenciou:

insuportável ficar sem teus chamegos,

sem sorver tuas delícias.

Com minhas mãos alisei todo seu macio corpo,

entrelaçados na loucura, novamente fomos uno,

com meu olhar cruzei o seu...ar de insano,


e ele, soprou-me ao ouvido linda valsa,

e eu desejei tanguear um tango em duo,

foi lindo o reencontro...apaixonante...

eu e meu piano!!!

Início
Balanceio

voando no balanço que me embala

ponho os pés no viés do horizonte

mas o açoite do empuxo do galeio

vem, me repuxa,

e eu já sem fala,

volto,

ainda que me amedronte...

mergulho rumo às nuvens no meneio

corpo solto, num vertigo que avassala...

quanto tempo nessa lida?

há quem conte?

céu e terra, cara a cara...

eu no meio...

fecho os olhos

a sorver o que não cala...


Sylvia Cohin

21.10.2008

Início
MENOS

Eu queria ser, de tudo, menos um pouco

eu queria ser menos emoção,

o meu diapasão menos agudo

ou não tão rouco,

eu queria ser menos ilusão.

Seria muito bom se eu fosse menos sonho,

seria ótimo não confrontar tanto a realidade,

eu queria ter menos disciplina naquilo que proponho

e ser, também, menos conformada com a desigualdade.

Eu queria esperar do amor bem menos,

queria pautar, no coração, menos desejos,

queria chorar menos os meus ais.

Eu queria viver menos lampejos,

pois só assim compreenderia o pedir

menos... para os meus tantos quero mais.


Gui Oliva

Santos/ 07/11/06

Início
QUERIA IR DE BONDE

Diga-me qual razão querido amigo

sentir a perda que nos impuseram

porque quiseram acabar contigo.

Lançaram-te como um perdido

do trânsito já quedado em transe,

em tua carcaça não viram o abrigo.

E o plácido trilhar agora não esconde

o que eles fizeram também comigo,

mataram meu direito...ir de bonde!

Gui Oliva

Santos/SP 20/02/09

Início
O Sino
Soa o tempo em badaladas

toque triste ou de euforia

pelo sino anunciadas,

as novas de cada dia...

Lá no alto a ressoar

toda gente ouve o que toca

o som que fica no ar

e corre de boca em boca

Chama para o catecismo

canta morte e casamento,

novena, missa, batismo,

do cimeiro espalha o vento

O seu toque é o que levanta

quem dorme ao nascer do dia

e embalando a Hora santa

repica uma Ave Maria

Rege a vida nas aldeias


comadres e benzedeiros,

as faladeiras sem peias,

meretrizes e santeiros...

O pequeno sacristão

que os toques sabe de cor,

agarra a corda na mão,

e badala com fervor

O toque que ele executa

no bronze que não reluz,

põe sempre o povo na escuta,

fazendo o Sinal da Cruz

E haja perdão pros pecados

procissão e penitência

água benta e uns trocados

pela paz da consciência...

O sino do campanário

marca o Tempo e nós também,

da meninice ao vigário

do Santo Terço ao Amém.

Sylvia Cohin

11.09.2004 republicando em 25.02.2009

Início
Senhor de Mim
Qual marca-passo

que me acompanha,

teus olhos vítreos são meus vigias

e tuas garras cheias de sanha,

me deixam marcas todos os dias.

O teu compasso,

é meu tormento

e enquanto busco o teu afago lento,

oculto em mistério impenetrável,

a tua marcha eterna

e inexorável,

Chronos governa.

Senhor de mim,

(que eu não me esqueça)


Sou teu festim

De ti se lembre meu coração

E nada faça que seja em vão

Posto que és Tempo,

e eu... só Pressa.

Sylvia Cohin

Porto, 27.12.2007

Início
Tentei a homenagem
Gui Oliva

Eu tentei escrever um poema

em homenagem ao Poeta

que fez da vida

uma dedicação à poesia

e, como sempre ousou sinceridade,

escreveu... assumindo como confissão...

"os meus poemas sou eu"!*

Mas falho nesse meu intento em conclusão

porque não tenho, como o Mestre Poeta,

o dom da concisão,

não sei lidar amorosamente com as palavras*,

só tenho a coragem para, como se diz,

reconhecer...sou da poesia

muito menos do que uma aprendiz.


Mas ainda assim tomo nas mãos,

da razão à revelia,

minha pena insana

e tento...tento dedilhar

toda a reverência que eu desejaria,

para brindar a vida-versos de Quintana!

Santos/SP 15/11/06

Início
Não sei.....
Sylvia Cohin

(uma alusão a nossos papos inesquecíveis...)

Não sei se penso ou se digo,

mas sinto...

Não sei se quero ou desdenho,

não minto...

Do morse de meus dedos

voejam segredos.

Escondem-se entre linhas,

espaços brancos que recheio...

São traços, são bainhas,

pespontos onde chuleio

pensamento ou devaneio...

Não sei se devo...

Devia?

Que respondam os meus dedos

esses cofres que sem medos


Afoitos ou reservados...

Insolentes destemidos...

Costuram tantos 'tecidos'

que exprimindo-se agitados,

Falam do que eu nem sabia...


Brasil, 17.11.2008

Início
RÉPLICA INSPIRADORA
Alceu Sebastião Costa
Desperto pelo canto desolado

Do galo madrugador,

Na varanda acomodado,

Busco a sintonia com Deus Nosso Senhor.

Uma vez conectados,

Terra e céu em harmonia,

Cabeça e tronco inclinados,

Rezo em silêncio a Ave Maria.

Depois, devagar, elevo o olhar

Pela encosta verdejante.

Quando alcanço o último patamar,

Vejo o Cristo radiante.

Réplica do Corcovado,
Braços abertos em cruz,

O povo todo acordado

Sob as bênçãos de Jesus.

Por certo, poucos se dão conta

Da proteção do Redentor,

Porém, esta poesia, ora pronta,

Espelha, sem distinção,

Além de louvor e gratidão,

A relação de amor entre criatura e Criador.

Serra Negra, 04 de fevereiro de 2009.

Nota do Autor

Dedico ao povo de Serra Negra – SP,

cidade cenário de inspiração deste poema.

Foto: José Ernesto Ferraresso

Início
“a mão que governa o verso balança o mundo”

(líria porto)

se a lua cair do céu

além dos cacos quebrados

aonde vamos guardar

olhares enamorados?
e se as estrelas em greve

não quiserem mais piscar

será que vais resistir

voltaremos a brincar?
se o sol apagar o facho

e tornar-se um astro frio

eu vou agüentar viver

como vel(h)a sem pavio?


se a terra onde moramos

depois da judiação

quiser se vingar dos homens


nós mulheres - escapamos?
sei não

Início
Sugestão
Reinaldo Franzoni

Faça o seguinte:

assopre o pensamento triste,

deixe escorrer a última lágrima,

conte até vinte.

Abra então a janela,

aquela que dá para o vôo dos pardais,

procure a luz que pisca lá na frente

(evite as sombras que ficaram lá pra trás).

Ao encontrá-la,

coloque-a dentro do peito


de tal jeito, que possa ser notada

do lado de fora;

acrescente agora uma pitada de

poesia,

do tipo que passa por nós todos os dias

e nem sequer consegue ser notada;

aumente o brilho, com toda a intensidade

de que um sorriso é capaz.

A felicidade é o seu limite,

e o paraíso é você mesmo quem faz !!!

Início
Planeta à míngua
Alceu Sebastião Costa

(In: O melhor da Poesia Brasileira 1997-2007; p.33)

Minguante não só a lua,

Que pouco clareia minha rua;

Minguante também a Paz,

Quase fora de cartaz.

Minguante o alimento na Terra,

Em vez do arado, armas de guerra;


Minguante o respeito pelo semelhante,

O homem cada vez mais arrogante.

Minguante o calor da Amizade,

Prevalece o culto da Vaidade;

Minguante a chama do Amor,

Ofuscada pelas trevas do Terror.

Minguante o brilho do romantismo,

Que deu lugar ao opaco materialismo;

Minguante até a nossa paciência,

Diante de tanta irreverência.

Minguada, Senhor, seja essa força minguante;

Salvar o Planeta é nossa missão mais importante.

Início
Atitude
Quando eu era ainda pequeno,

Não há engano, bem me lembro,

Meus pais me ensinaram a rezar,

Agradecer por nascer num bom lar,

Ter o pão para dividir com os irmãos,

Primeiras lições dos princípios cristãos.

Hoje, fazendo parte da ala dos veteranos,

Pode ser que até cometa muitos enganos,

Mas acho que, no mundo atual, competitivo,

Fazem falta pais como os meus, assim o digo,

Cujos valores sagrados derivavam do respeito,

Diferente do agora, que toma o avesso pelo direito,

Desvairado, rédeas soltas, a galope, cabelos ao vento,

Trancafia Deus no céu e não vê este Planeta morrendo.


Alceu Sebastião Costa

NOTA: esta publicação tem uma história: o poeta distribuiu o desenho de um arame farpado com a frase: “Por que algumas
pessoas insistem em transformar pássaros em arame farpado?”, com a intenção de que pudesse ser aproveitado em alguma
ocasião, fosse ela qual fosse. Comentou à época o sentido grande e valioso da imagem. Então aproveitei o arame farpado à
minha maneira, incluindo-o numa formatação imaginativa e devolvi ao poeta para que colocasse palavras dele quais
quisesse. Retribuiu com este belo poema, muito atual às necessidades do mundo atual que incluo junto aos trabalhos de
ECOLOGIA - PLANETA TERRA do Bouquet de Cravos & Conchavos. Posteriormente será atualizada na página de
Poesias em Textos.

Poeta Alceu, com gratidão, agradeço a sua bondade. Michèle

Início
Percebe...
Mercília Rodrigues

Sou o pingo de chuva,

em terra sedenta .

Sou a mão e a luva,

no amor que apascenta !

Sou semente levada,

pela água que desce ..

Sou a fé renovada,

na dor que fenece ...

Sou folha que voa,

em vento viajor.
Sou alguém que perdoa,

pois sou pecador !

Sou gota caída,

sou semente-embrião .

Sou folha esvaída.

Sou amor-coração!

Abril de 2007

Início
Ato de Amor
Texto de Moacir Sader do livro
Outra vida, nova chance

Controlemos a paixão

e todos os sentimentos inferiores,

lutemos conosco,

pois somos nosso rival para a ascensão de

nosso espírito.

Cultivemos o amor e a fraternidade de modo

prático em todos os lugares onde estivermos.

Ainda que aparentemente pequeno,

cada ato de amor é grandioso.

http://www.moacirsader.com

Início

You might also like