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ISBN : 1989 - 6514

Siranda. Revista de Estudios Culturales, Teoría de los Medios e Innovación Tecnológica


Número 3
http://grupo.us.es/grupoinnovacion/
Año 2010

PROPOSTAS PARA UNA ANTROPOLOGIA DA COMUNICAÇAO VISUAL URBANA


PROPOSALS FOR AN ANTHROPOLOGY OF VISUAL COMMUNICATION URBANA

Ricardo Marnoto de Oliveira Campos


Investigador do Laboratório de Antropologia Visual do Centro de Estudos das
Migrações e Relações Interculturais (Universidade Aberta -Portugal)
rmocampos@yahoo.com.br

Resumo
Este artigo pretende ser um contributo para uma discussão sobre a cidade
contemporânea, tida enquanto artefacto cultural passível de exploração ao nível de
uma antropologia da comunicação visual urbana. A cidade é desde há longa data
vislumbrada por diversos intelectuais, académicos e cientistas como um terreno
particularmente fecundo para um estudo dos processos de comunicação visual. O
meio urbano parece imerso em circuitos de comunicação de diversa ordem,
mantidos por diferentes protagonistas, linguagens e signos. Proponho uma análise à
cidade que tenha simultaneamente em consideração o seu espaço físico mas,
igualmente, o espaço virtual que cada vez mais se torna elemento fulcral para a
fabricação das imagens e representações dos lugares.

Palavras-Chave: Antropologia Visual, Cidade, Comunicação Visual, Cultura Visual,


Globalização

Abstract
With this article we expect to contribute to the study of contemporary city in the field
of the anthropology of visual communication. The city has been understood by many
intellectuals, scientists and academics as a particularly remarkable subject for the study
of the processes of visual communication. Multiple communication circuits (with
particular languages, signs and actors) seem to inhabit contemporary urban settings,
making it an extremely complex communicational object. I propose an analysis of the
city that has in consideration not just the physical space but also the virtual place,
nowadays a crucial feature for the construction of images and representations about
places. I argue that an anthropology of visual communication in the city must have in
consideration the role played not only by the local agents that act upon its surface,

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but also the enlarged global circuits that contribute to the ways we imagine different
urban scenarios.

Key-words: Visual Anthropology, City, Visual Communication, Visual Culture,


Globalization

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Propostas para uma antropologia da


comunicação visual urbana

Certamente todos concordaremos, enquanto habitantes de diferentes lugares


citadinos ou viajantes regulares por metrópoles mais ou menos longínquas, que o
espaço e a vida metropolitanas nos inspiram as mais penetrantes e díspares
sensações. Estar imerso na cidade é sentir o seu ritmo, a densidade da massa
populacional em circulação, a profusão de linguagens, o edificado imbricado que
acompanha uma morfologia em constante mutação. Parece-nos, assim, que a cidade
representa um particular ente comunicativo. Esta busca por um entendimento
profundo da riqueza comunicacional da vida urbana, à qual não escaparam alguns
dos fundadores e mais eminentes teóricos das ciências sociais, tem alimentado
empreendimentos intelectuais diversos. Simmel e Benjamim debruçaram-se sobre
uma cidade singularmente apelativa, retratando um momento civilizacional de
acelerada transfiguração social e cultural. Robert Park, mais tarde, definiria a cidade
como um óptimo laboratório para a análise da vida social, ao condensar uma riqueza
demográfica e cultural a exigir estudo apurado. Entretanto diferentes disciplinas
académicas foram multiplicando os olhares e discursos sobre a metrópole,
procurando capturar o sentido sempre fugaz daquilo que se assemelha a um
organismo em contínua e, tantas vezes imprevisível, mutação. Procuro, neste artigo,
pensar os roteiros possíveis de uma análise da cidade enquanto território
comunicacional, reflectindo sobre os desafios e dilemas que se deparam a uma
antropologia dirigida a estas temáticas.

Cidade: texto e artefacto cultural

O homem é desde sempre concebido como agente que actua sobre a


matéria, que molda o ambiente em seu redor de acordo com as suas necessidades e
interesses, imprimindo na superfície do mundo a sua assinatura. O planeta habitado
é uma realidade feita à medida do homem, uma interferência sobre a natureza que,
moldada e manufacturada, origina novas realidades corpóreas. O habitat é, assim, o
resultado deste confronto entre a vontade colectiva e o ambiente material. Os

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diferentes territórios habitados informam-nos sobre os modos como as comunidades


vivem, o tipo de relações sociais que estabelecem, como usam e transformam a terra,
como ocupam o espaço, etc.. Pensar qualquer território povoado é conceber uma
manifestação colectiva que se materializa na superfície do mundo que se oferece ao
olhar. Mas não apenas ao olhar. Os espaços possuem uma identidade que se
expressa na visibilidade mas, igualmente, noutras dimensões sensitivas que apelam à
audição, ao tacto ou ao olfacto. Compomos a realidade recorrendo a um poderoso
aparelho sensorial que é culturalmente modelado. A experiência da cidade é,
sempre, uma experiência multi-sensorial. Os odores e os sons carregam informações
cruciais sobre as configurações sociais e culturais do território, sobre os agentes desta
expressividade tantas vezes esquecida pelo discurso sociológico e antropológico.
Assim, aos cenários visuais da cidade, poderíamos acrescentar as paisagens sonoras e
olfactivas (Fortuna, 1999), como elementos indissociáveis da nossa vivência do
espaço e do modo como representamos a cidade. A experiência táctil não deve,
também, ser menosprezada. Adquirimos ao longo da nossa vida um vasto reportório
de informações sobre os corpos tácteis, sobre as sensações que estes nos transmitem
e o peso simbólico que suportam. A impressão táctil, tal como outras, conecta-se com
a memória. A recordação táctil é constantemente estimulada quando atravessamos o
espaço, quando vislumbramos o ambiente que nos rodeia, a combinação da
paisagem natural e esculpida. O território é composto por metal e madeira, terra e
água, diferentes tipos de pedra ou material sintético, que apelam a codificações
culturais e reminiscências pessoais. Os sons e cheiros de uma cidade são peculiares,
variam em função da geografia do lugar e da sua ocupação, transmitindo-nos dados
valiosos sobre o uso do espaço e os hábitos vivenciais dos seus ocupantes.
Todavia a experiência visual na cidade parece ser particularmente relevante
como notou Simmel em inícios do século passado ([1903]1997). Segundo este autor
o sentido da visão ganha particular predomínio sobre todos os demais no meio
urbano. Louis Wirth, anos mais tarde, ([1938]1997) reitera a importância desta
relação, argumentando que a cidade tende a privilegiar o reconhecimento visual
num meio marcado pelo anonimato e por contactos sociais distantes e
heterogéneos. Autores como Walter Benjamim ([1935]1997), Michel de Certeau
(1984) ou Canevacci (1997), também abordaram a experiência ocular urbana e as
relações visualmente mediadas que se estabelecem no ambiente metropolitano. Fica,
todavia, por esclarecer se esta especial apetência visual urbana é típica destes

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contextos ou prerrogativa de uma modernidade crescentemente ocularcêntrica


identificada por outros autores (Classen, 1997; Synnott, 1992; Mirzoeff, 1999; Jencks,
1995). Independentemente das controvérsias que este debate possa suscitar, parece
evidente que o reino da imagem se encontra em expansão e que a cidade reclama
particulares competências visuais, projectando o domínio da visibilidade como um
campo fundamental à configuração das relações sociais. A visualidade urbana possui
algo de próprio. Uma digressão pela cidade do novo século confirma-nos a explosão
de circuitos de comunicação visual que constantemente reivindicam a nossa atenção,
em gigantescos painéis publicitários, em cartazes políticos, nos estrategicamente
posicionados sinais de trânsito, nas apelativas vitrinas das lojas ou em murais
coloridos. As imagens, isoladas ou assistidas pelas palavras e sons, surgem-nos de
diversos ângulos e dos locais mais inesperados. Mensagens sugestivas, violentas,
sobrepostas, contraditórias, doces ou amargas, todas elas contribuem para decorar as
ruas da cidade com cores, formas, enredos e uma mitologia particular. Em conjunto,
nas suas contradições, sobreposições, combates, censuras e anulações, formam o
cenário visual quotidiano a que nos habituámos. A cidade apresentasse-nos, assim,
como um óptimo laboratório de estudo da vida das imagens, das suas metamorfoses,
fusões e embates. Uma cidade polifónica (Cannevaci, 1997), conciliando múltiplas
vozes.
Entendo por isso, que podemos falar da cidade introduzindo a ideia de um
ecossistema comunicacional ou, no caso que nos interessa, um ecossistema visual. O
uso metafórico do termo remete para a ideia de um sistema de elementos
interligados, que comungam de um mesmo território estabelecendo relações de
reciprocidade, sendo que as disposições de uns afectam a condição de outros. Ou
seja, num particular ecossistema comunicacional, como na cidade, temos um
conjunto de mensagens e de canais que se correspondem e influenciam, mantendo
trajectórias singulares mas interdependentes. Como compreender os cartazes
publicitários sem os anúncios televisivos, como reconhecer as estrelas mediáticas nas
revistas e nos cartazes sem o cinema e a televisão, como interpretar alguns graffitis
sem o universo da publicidade e das artes? Acrescente-se que alterações num destes
segmentos, por mais ínfimas que possam parecer, podem por vezes gerar variações
profundas nas outras.
Retornemos à cidade entendida enquanto entidade comunicante. O eminente
semiólogo Roland Barthes, num texto de 1967, coloca uma série de questões relativas

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à “Semiologia e urbanismo” (Barthes, 1987). Começando por afirmar que todo o


espaço urbano é significante, faz uma segunda constatação que se entende,
simultaneamente, como um desafio lançado a uma perscrutação semântica da
cidade. Diz-nos ele que a cidade deixa transparecer uma linguagem sendo, por isso,
passível de estudo como qualquer outro texto. Todavia este é um empreendimento
frágil, pejado de dificuldades. Nas suas palavras:

“A cidade é um discurso, e esse discurso é verdadeiramente uma linguagem: a


cidade fala aos seus habitantes, nós falamos a nossa cidade, a cidade onde nós
nos encontramos simplesmente quando a habitamos, a percorremos, a
olhamos. No entanto, o problema é fazer aparecer, do estado puramente
metafórico, uma expressão como “linguagem da cidade”. O verdadeiro salto
científico será conseguido quando se puder falar da linguagem da cidade sem
metáfora (...) Também nós devemos enfrentar esse problema: como passar da
metáfora à análise quando falamos da linguagem da cidade?” (187)

Uma primeira dificuldade, que se aplica de uma forma genérica a qualquer


texto susceptível de investigação semiológica, reside no facto dos significados não
serem permanentes, de se encontrarem em constante mutação e negociação ao
sabor do devir histórico. Todavia, o ponto que considero central para uma discussão
da cidade enquanto texto remete para a ideia do significado se encontrar
essencialmente no leitor, tal como é entendido pelas teorias de comunicação
contemporâneas. Ou seja, o significado longe de emanar do objecto, tomado numa
versão essencialista, emerge a partir da negociação que se celebra entre um sujeito e
um objecto comunicativo. Para a descodificação de um determinado texto o leitor
chama a si uma série de competências, convenções, vontades e memórias, que
influem na forma como o mesmo é interpretado. Assim o entende Barthes, para
quem o significado da cidade residiria nos seus leitores:

“Dominando todas essas leituras de diversas categorias de leitores (pois temos


uma gama completa de leitores, do sedentário ao estrangeiro), elaborar-se-ia
assim a língua da cidade. Por isso direi que o mais importante não é tanto
multiplicar os inquéritos ou os estudos funcionais da cidade mas multiplicar as
leituras da cidade (...)” (Barthes, 1987: 189)

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O filósofo Silva Tellez (2001), debruçando-se sobre questões similares, também


atribui particular importância aos cidadãos na forma como a cidade é
simbolicamente forjada. Para este uma cidade não é uma entidade fixa, construída de
cima por instituições poderosas, mas antes um território que é habitado, que é
marcado e negociado pelos seus habitantes. É ainda um território que desperta
imaginários, memórias e sentimentos e que, portanto, não pode ser analisado apenas
como entidade física. Consequentemente, cada urbe deve ser abordada, do ponto
de vista cultural, como a soma de “diferentes pontos de vista cidadãos” (Silva Tellez,
2001:XI). Ou seja, se há imagens da cidade que remetem para a aparência do
terreno em que nos movemos e que nos é dado a observar, delineado por edifícios,
seres móveis (pessoas, transportes, etc), símbolos diversos (sinais de trânsito,
publicidade, cartazes, etc), mobiliário urbano (paragens de transportes, iluminação
pública, etc.), também há imaginários urbanos que nos conduzem para os modos
como os cidadãos tecem visões discrepantes da sua cidade. Silva Tellez sugere, então,
um afastamento do estudo da imagem enquanto fenómeno gráfico para a imagem
enquanto representação colectiva, um conjunto de pontos de vista que contribuem
para a análise da cidade:

“Desse modo, o ponto de vista aproxima-se das possibilidades narrativas de


fortes raízes culturais em cada geografia urbana. A soma imaginável dos
pontos de vista dos cidadãos de uma cidade integra a leitura simbólica que se
faz da cidade. Corresponde à sua representação e às diferentes estratégias
narrativas.“ (Silva Tellez, 2001: 10-11)

O que estas leituras sugerem é que, se é possível considerar a cidade


enquanto texto, no abstracto, este não pode ser devidamente apreendido se não
tivermos em consideração um contexto. As reflexões de Barthes ou Silva Tellez são
importantes na medida em que nos endereçam para a necessidade de julgar a
cidade não como um texto fixo e irrepetível, mas como um artefacto cultural
cambiante que não existe apenas na sua forma material mas que se projecta e se
alimenta de imaginários diversos.
Centremo-nos, por enquanto, no espaço urbano, tal como se nos oferece,
enquanto lugar que nos aloja e nos convida aos mais variados passeios. A urbe deve

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ser tomada como um artefacto cultural, o que, por si só, apresenta uma série de
dilemas a quem pretende estudar o ecossistema comunicacional urbano. Esta
representa a subjugação do espaço ao homem, anuncia o papel dos diferentes
poderes e agentes na configuração do território. Não é, por isso, um espaço uno.
Sobre uma mesma cidade encontramos múltiplas cidades, incontáveis imaginários e
representações do lugar, diferenciadas enunciações da vontade individual e colectiva.
Descobrimos fronteiras que não se adaptam à cartografia bidimensional que nos
acostumámos a discernir. São recortes que se sobrepõem e se interpenetram, que
colidem e que se fundem, que se metamorfoseiam e movem. O espaço não é fixo,
nem na sua figuração nem na sua representação. O cenário está em permanente
remodelação. Os edifícios nascem, envelhecem e morrem, as estátuas degradam-se,
os cartazes políticos renascem em cada eleição e a publicidade revitaliza-se
ciclicamente, umas lojas encerram enquanto outras despontam, os habitantes
circulam e os automóveis também. O espaço altera-se com o tempo e na morfologia
do território desenha-se uma particular biografia, redigida pelo somatório dos seus
ocupantes.
Se há uma cidade dada, também há uma cidade habitada. O que quero com
isto dizer? Quero afirmar o poder detido pelos cidadãos, isolados ou em conjunto, na
produção da cidade material. O espaço resulta sempre de uma apropriação e
transacção entre diferentes agentes. As autoridades públicas proclamam a sua
intendência sobre o território, regulando a sua disposição e funcionalidade,
projectando o seu futuro de acordo com uma determinada ideologia. A esta cidade
politicamente planificada acrescenta-se o querer dos agentes privados com
capacidade económica para actuarem sobre a arquitectura do espaço. Todavia,
contra esta cidade regulada e disciplinada pelos agentes dominantes, insinua-se um
território habitado por pessoas que, na medida das suas capacidades, inscrevem no
espaço singularidades individuais e afinidades colectivas. A cidade nunca é, assim,
completamente determinada. Existe sempre uma negociação sobre o espaço, um
compromisso entre vontades por vezes descoincidentes. Ou seja, poderíamos
sumariar estas questões apontando mais duas dificuldades a uma análise da
linguagem urbana. Em primeiro lugar, o texto da cidade está em constante reescrita
e, em segundo lugar, conta com diferentes autores, é um texto inter-subjectivo.
Acrescentaria um terceiro problema, que não foi devidamente tido em conta
nos argumentos anteriores. Entendo que a cidade é também, cada vez mais um texto

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hipermediático e multi-localizado. Esta é uma questão que surge do particular


momento civilizacional que vivemos e que tem obrigado a que os empreendimentos
de análise da realidade social e cultural sejam completamente reequacionados por
parte do meio académico. As mudanças que se viveram ao longo do século passado,
particularmente acentuadas a partir do pós-guerra, tornaram muitas das ferramentas
conceptuais e metodológicas de prospecção dos universos culturais particularmente
obsoletas. O ascendente e avassalador processo de globalização, a reboque do não
menos tremendo impacto que as tecnologias e os transportes induziram,
transformaram por completo quer os cenários culturais, quer o modo como os
devemos ou podemos representar. Deste longo processo gostaria de destacar algo
que é fulcral para a minha linha de raciocínio. Refiro-me à importância que as
tecnologias de comunicação e as indústrias culturais foram gradualmente
adquirindo, possibilitando a formação daquilo que muitos autores designaram como
a cultura de massas. Não cabendo aqui uma discussão teórica sobre a pertinência
deste conceito convém, contudo, reforçar algo que parece inegável: os media e as
indústrias culturais conquistaram um lugar central para a formação de imaginários e
representações sobre a realidade. Daí que Appadurai (2004) nos fale das
mediapaisagens e ideopaisagens contemporâneas e do papel renovado que deve
ser outorgado à imaginação no estudo dos processos culturais.
O que quero afirmar quando digo que o texto urbano é hipermediático e
multi-localizado? Acredito que a fabricação da cidade não vive apenas dos
fenómenos locais do quotidiano e da modelação da matéria, pois os imaginários
urbanos que influem decisivamente na forma como lemos a cidade são globais e
etéreos, alojam-se em distintos canais e instrumentos de comunicação. Não vivemos
mais num ecossistema comunicacional territorializado, exclusivo e inviolável. Os
signos multiplicam-se a uma velocidade semelhante à da extensão dos instrumentos
e vias de comunicação. Daí que o ambiente físico da cidade corresponda, apenas, a
mais uma esfera de um universo comunicacional mais vasto. A cidade está na
televisão, no cinema e na internet, tal como a televisão, o cinema e a internet estão
nos muros, cartazes e transportes da nossa cidade. Estes são domínios que se
alimentam reciprocamente. Os intercâmbios fornecem-lhes sentido e sustentação
existencial. Os agentes que contribuem para a fabricação de representações
colectivas reproduziram-se a um ritmo sem precedentes. Indústrias culturais e
turísticas, indústrias de entretenimento ou informação, abastecem-nos,

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ininterruptamente, de dados, imagens e interpretações de panoramas urbanos,


determinando em grande medida a forma como abordamos a experiência citadina.
Assim, se há um texto impresso na superfície da cidade há um outro texto
emancipado desta realidade, fluído e em trânsito, que nos permite discorrer sobre
Nova Iorque, Tóquio, Sidney ou Bagdad. Quem teve a oportunidade de percorrer
Nova Iorque, provavelmente a cidade mais emblemática do ponto de vista dos
imaginários globais, certamente se aperceberá do constante vaivém entre a
experiência localizada e as memórias mediáticas incorporadas que nos guiam por
estes caminhos. Ao confrontarmo-nos com a cidade real lemo-la inspirados pelas
viagens simuladas a partir do Google Earth (fig.1), pela Manhattan eternizada por
Woody Allen (fig.2), pelas imagens televisivas do 11 de Setembro de 2001 (fig.3) ou
pelos graffitis no metropolitano popularizados pela indústria musical, televisiva ou
cinematográfica (fig.4).

Fig. 1 – Imagem de Manhattan a partir do Google Earth

Fig. 2 - Imagem do Filme “Manhattan” (Woody Allen, 1979)

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Fig. 3 - Imagem televisiva do ataque às Twin Towers em 9 de Setembro de


2001

Fig. 4 – Imagem do livro “Subway Art” (Martha Cooper e Henri Chalfant,


1984)

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Ben Highmore (2005) sugere a existência de uma cidade metafórica que


acompanha o seu duplo material. A metaforicidade, nas sua palavras, revela-nos toda
uma tessitura imaginária, um espectro simbólico forjado ao longo da história e que
paira sobre o terreno físico, influindo na forma como este é experimentado. Daí que
o texto, se apresentado como hipermediático, insinue saltos espácio-temporais,
invoque outras vozes e media, alimentando um processo de negociação entre
diferentes imagens e experiências (Campos, 2008). Appadurai diz-nos o seguinte:

“(...) Para muitos públicos em todo o mundo os próprios meios de


comunicação são um reportório complicado e interligado de imprensa,
celulóide, ecrãs electrónicos e painéis de rua. As linhas divisórias entre as
paisagens realistas e ficcionais que vêem estão esbatidas, de modo que,
quanto mais longe estes públicos estão da experiência directa da vida
metropolitana, maior a probabilidade de construírem mundos imaginados
que serão objectos quiméricos, estéticos, até fantásticos, particularmente se
avaliados pelos critérios de outra perspectiva, de outro mundo imaginado”
(Appadurai, 2001: 54)

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E retornamos aqui, a um dos autores clássicos das humanidades, Walter


Benjamim, que procurou explorar a forma como as cidades são entendidas. A sua
abordagem atribuía particular importância à experiência individual na forma como o
meio era concebido. De acordo com Savage e Warde (2002:136) “Benjamim
postulou o primado dos processos do inconsciente e do sonho e a sua associação ao
ambiente urbano. Assim, a leitura do texto urbano não é uma questão de escrutínio
intelectual da paisagem: em vez disso, é uma questão de exploração da fantasia, de
processos de vontade e de sonhos encerrados nas nossas percepções das cidades”.
Ou seja, tal como entendeu Benjamim ou, mais recentemente o defende Silva Tellez,
não poderemos ignorar a capacidade alegórica e criativa do homem, a importância
crescente da imaginação de que nos fala Appadurai, na forma como escrutinamos e
projectamos o nosso mundo. Este é um elemento que deverá estar presente em
qualquer projecto que vise estudar a apropriação do espaço urbano ou a
comunicação visual urbana.

Contributo da etnografia para uma análise da cultura visual urbana

Comecei este artigo recorrendo a diversos autores que destacaram a


relevância da visão e da visualidade na experiência urbana. Assumir este pressuposto
implica que tenhamos de identificar instrumentos epistemológicos que permitam
desbravar terreno na análise desta relação. A Antropologia Visual pode ter um papel
a desempenhar a este nível, dada a comprovada vocação para trabalhar no ramo da
imagem e da visualidade em contextos locais. Apesar de ocupar uma posição
relativamente periférica no campo antropológico por razões que são conhecidas e
que não interessa aqui detalhar, os anos mais recentes são marcados por uma
consolidação desta subdisciplina a que não será alheia a centralidade que a imagem
e os engenhos visuais têm vindo a conquistar no quotidiano. Como por osmose a
academia começou a incorporar as imagens e as suas tecnologias nos seus
expedientes metodológicos e objectos de estudo. Isto implica um profundo
reequacionamento da Antropologia Visual, comummente representada como uma
área basicamente dedicada ao vídeo/cinema etnográfico. Diferentes rumos de
pesquisa, envolvendo distintos programas epistemológicos e teóricos, têm-se
destacado por contraposição ao ramo mais tradicional. Uma dessas vias é a

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designada Antropologia da comunicação visual inaugurada por Sol Worth na


década de 70 e adoptada por autores como Jay Ruby ou Massimo Canevacci. De
acordo com Ruby (2005) esta é uma corrente que permite abrigar as outras tradições
(como o filme etnográfico ou o estudo dos media pictóricos) sob uma problemática
teorizante mais consistente e abrangente. Nas suas palavras:

«Uma antropologia da comunicação visual baseia-se na assunção que olhar


os mundos pictoriais e visíveis como processos sociais, nos quais os objectos e
actos são produzidos com a intenção de comunicar algo a alguém, faculta
uma perspectiva que falta às restantes teorias. É uma indagação sobre tudo o
que os humanos produzem para os outros verem (…) Esta antropologia visual
procede logicamente da crença de que a cultura se manifesta através de
símbolos visíveis presentes nos gestos, cerimónias, rituais e artefactos, situados
nos ambientes naturais e construídos» (Ruby, 2005: 228)

A comunicação visual na cidade pode, desta forma, ser registada e pensada


de acordo com uma agenda etnográfica que tem em consideração a imersão do
etnógrafo no espaço circundante, a sua competência na observação dos
pormenores visíveis do sistema comunicativo conjugada com a capacidade de
depuração da informação reunida através de outras fontes e processos. Como vimos,
a cidade transmite-nos algo através de códigos de diferente natureza (sons, odores,
imagens, matérias, etc.), densos de significado. Todavia, o processo de significação
não está encerrado nos textos, decorre de uma acção onde participam sujeitos que
dão corpo a significados. Não existe um consenso total sobre o sentido daquilo que
se exibe diante dos nossos olhares. A diferentes agentes, meios sociais e culturais,
poderão corresponder configurações distintas da realidade. Isto não invalida a
existência de uma gramática cultural relativamente consensual, colectivamente
ratificada e entendida como válida, aprendida ao longo da nossa socialização no seio
de um determinado ambiente cultural. Poderemos então entender a gramática da
cidade, o sentido culturalmente aceite de uma linguagem que se impõe com força
normativa sobre os seus habitantes? Julgo que sim, apesar dos reparos que fiz.
Conferir uma ordem ao real é uma necessidade de todas as comunidades. Criar uma
estrutura cognitiva que justifique a realidade que conhecemos e legitime a forma
como procedemos nos seus meandros é um imperativo da vida em sociedade.

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A etnografia, ao sustentar uma abordagem próxima da cultura e das pessoas,


atenta aos seus modelos, valores e condutas, particularmente capaz de interligar os
discursos de diferentes agentes, poderá fornecer um contributo inestimável para o
estudo da comunicação visual em meio urbano. Vimos que este era um programa
de pesquisa difícil por diversas razões. A cidade é polifónica e polissémica, os
significados dos lugares são cambiantes e não se encontram apenas à superfície,
devem ser indagados, igualmente, noutros horizontes que alimentam a forma como
cidade é edificada, sentida e descodificada. Deste modo, dificilmente encontraremos
uma receita metodológica passível de ser aplicada neste contexto. Contudo, a
etnografia permite contornar alguns dos obstáculos citados. Focando representações
e discursos das pessoas, avaliando os modos de apropriação dos espaços urbanos,
resiste à imobilidade do observador, favorecendo uma perspectiva de perto e de
dentro, para usar os termos de Magnani (2002). Uma abordagem de perto e de
dentro permite escapar a meros exercícios retóricos ou especulações teóricas. A
etnografia permite, então, fazer o vaivém empírico e teórico entre o texto e o
contexto, desta forma tecendo uma problemática mais rica, controlada e
fundamentada da forma como a cidade se dá a ler aos (e é escrita pelos) cidadãos.
Conhecer a cidade implica, portanto, um movimento em direcção aos seus
habitantes, tentando perceber porque é que alguns pintam graffitis, ou andam de
skate, ou passeiam, ou vão às compras, em determinados lugares e não noutros.
Porque que outros fazem tantas outras coisas nesses ou noutros locais.
Se o paradigma do lugar relativamente estanque e isolado, terreno pródigo
para a antropologia clássica, contribuía para uma versão de um ecossistema
comunicacional uno e relativamente fácil de capturar, as realidades emergentes de
um mundo globalizado exigem outras competências e auxiliares conceptuais
corrigidos que permitam descrever os novos contextos. A Antropologia tem, todavia,
um papel fundamental a desempenhar para a análise destes processos na medida
em que é uma disciplina especialmente habilitada para lidar com a relação entre o
local e o global. A etnografia parte de uma abordagem micro-localizada sugerindo
uma imersão no terreno como princípio epistemológico, contribuindo, deste modo,
para desfazer alguns dos mitos sobre a globalização que derivam de abordagens de
grande escala, pouco atentas à especificidade local (Inda e Rosaldo, 2002).

Conclusão

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A Antropologia Visual tem sido concebida como uma área de conhecimento


que se debruça sobre a imagem, entendida esta última enquanto indício de uma
qualquer manifestação visível da cultura. A imagem seria, invariavelmente,
testemunha perceptível de um mundo material e expressivo construído pelo homem
vivendo em comunidade. A centralidade da imagem tem sido, contudo, questionada
pelas mais recentes revisões disciplinares que apontam para uma antropologia visual
mais atenta à visualidade e mais capacitada para teorizar sobre processos e relações
sociais e culturais que se fundam no domínio da visão e da visualidade (Morphy e
Banks, 1997; Macdougall, 1997; Samain, 1998; Ruby, 1996, 2005). Desviar o foco de
análise da imagem e da captação visual do mundo enquanto alicerces disciplinares,
para os processos na esfera da visualidade humana implica uma forte reorientação
epistemológica. É imperioso transcender o mecanismo aparentemente linear e
inquestionado da relação entre um observador (que regista visualmente o mundo) e
um observado (que se dá a ver através das lentes), no sentido de estabelecer novos
sentidos antropológicos para esta articulação.
Esta questão torna-se ainda mais crucial quando se reconhece que as
dimensões associadas com a visualidade ou a visibilidade excedem o campo do
visível, envolvendo tramas complexas de natureza cognitiva e simbólica que influem
na forma como concebemos aquilo que vemos (e produzimos o mundo visível). Ou
seja, os imaginários de que nos falam Appadurai (2004) ou Silva Tellez (2001),
universos de natureza subjectiva e imagética que são forjados no âmbito de
biografias individuais e colectivas, de memórias e desejos, constituem elementos
basilares para o modo como percebemos aquilo que nos rodeia. Não basta, por isso,
captar a realidade visível enquanto procedimento de registo empírico e matéria
testemunhal para uma averiguação dos lugares e movimentos culturais. É, cada vez
mais, fulcral ligar este processo de registo às dinâmicas culturais mais subtis e voláteis,
às imagens mentais e colectivas que são compostas no contexto de relações
tecnologicamente determinadas e que vincam as cada vez mais regulares
experiências mediadas (Giddens, 1994) e a edificação de uma hiper-realidade de
simulacros e simulações (Baudrillard, 1991). Afirma Jenks (1995) que a experiência
visual é muitas vezes em segunda-mão. Duplicamos o real através do consumo da
televisão, imprensa, cinema ou internet, canais que facultam o acesso ao mundo
através de imagens congeladas, armazenadas, empacotadas. Ora a Antropologia

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Visual deve ser capaz de trabalhar com estes horizontes complexos, procurando
desvelar os vínculos entre, por um lado, a produção visual do quotidiano, a
visualidade e visibilidade dos processos culturais locais e, por outro lado, os circuitos e
fluxos imaginários de natureza translocal. A etnografia, argumento, pode ser um
instrumento metodológico fundamental para este processo. Centrada sobre o
universo subjectivo das pessoas, atenta à mobilização e construção de sentido
individual e colectivo que é transportado para o quotidiano, a etnografia permitirá
adensar o discurso sobre a trama densa que se estabelece entre o mundo visível e
imaginado, entre o universo material e imaterial que constituem, ambos, parte de
uma mesma realidade antropológica.

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