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Michel Foucault.*
I
Contexto do estudo
Nos textos gregos e romanos, a injuno para conhecerse a si mesmo est sempre associada quele outro
princpio que o cuidado de si, e essa necessidade de
tomar conta de si que torna possvel a aplicao da
mxima dlfica. Essa idia, implcita em toda a cultura
grega e romana, torna-se explcita a partir do Alcibades
I de Plato(1). Nos dilogos socrticos, em Xenofonte,
Hipcrates, e em toda a tradio neoplatnica que
comea com Albino, o indivduo deve tomar conta de si
mesmo. Deve ocupar-se de si antes de colocar em
prtica o princpio dlfico. O segundo princpio se
subordina ao primeiro. Disso tenho trs ou quatro
exemplos.
Na Apologia, 29e, de Plato, Scrates se apresenta a
seus juzes como um mestre da epimeleia heato(2).
Vocs se preocupam sem vergonha de adquirir
riquezas, reputao e honrarias, diz ele, mas no se
ocupam de vocs mesmos, no tm nenhum cuidado
com a sabedoria, a verdade e a perfeio da alma.
Em contrapartida, ele, Scrates, vela pelos cidados,
assegurando-se que eles se preocupem consigo
mesmos.
Scrates diz trs coisas importantes, concernentes
maneira como convida os demais a se ocuparem de si
mesmos: 1) sua misso lhe foi confiada pelos deuses e
ele no a abandonar antes de seu ltimo suspiro; 2)
ele no exige nenhuma recompensa por sua misso; ele
desinteressado; ele a cumpre por bondade; 3) sua
misso til para a cidade mais til que a vitria
Resumo
II
III
IV
VI
Notas