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niversidade ce Coimbra e Canto de PEDRO GOIS Escola Suparior do Bolas Artes do Porta Migragées internacionais de e para Portugal: o que sabemos e para onde vamos? ke UP lartamans caouts Go £0 abe 9 do que 50 rdo sb Soh lee eects 3 N © inicio dos anos noventa, fontes oficiais (IAECP, 1981) estimavam' o ndmezo de portugueses a resid fora do pais em mais de quatro milhées de individuos. Para esse mesmo ano, © SEF registava 113978 estrangeiros a residir legalmente em Portugal, 0 que, tendo em conta nlimero de Pedidos de regularizagao formulados no ano seguinte?, per mite estimar o total de estrangeires a residir em tenitério. nacional (legais e ilegais) em aproximadamente cento ¢ cin quenta mil pessoas. Ou seja, em 1991, os astrangeiros em Portugal representariam 1,5 % da populagao nacional resi- dente, enquanto os portuguoses a residit no estrangeiro Feptesentariam mais de 40% do total de residentes no terrté- rio nacional. Apeser da realidade para que estes nimeros repulaeneao da eso de 1004 1. Introdugao 229 230 ‘Marat, Baganha Pedro eis parecem apontar, 6 frequente depararmo-nos, quer em traba: Thos de indole ciontiica, quer nos orgios de comunicagao social, com a aliemagio de que Portugal deixou de ser um pais de emigragao para passar a ser um pais do imigraedo. E a vetdade € que, ainda que aparentemente paradoxal, esta fafirmago podia corresponder a realidade, bastando para tanto que se pudasse provar que os portugueses residentes, no estrangoiro eram 0 resultado historic de processos ‘migrat6rios anteriores. ‘Contudo, os dados digponiveis apontam om sentido ‘mento sustentada do pés-guorra. De facto, durante o perfodo que J. Fourastis denominou «0s trinta glriasos anos», a Europa industiaizada levou a cabo uma poltica sistemtica de rectulamento de trabalhadores no seu exterior, que ince! tivow a vinda de varios mihdes de migrantes nao comunité Figs e de seus familiares. A fixago destes imigrantes fo faci ltada polas nacossidades de mao-de-obra existentes, pelas * Prearnae flr go un novo eel invaeuropau por enierdomos a= wero piss oo doso, quo’ ab cardaerericeIsacenle que os since mre decom deeds meager anes stn, cone [rcs marae gua ee obeenam note poss uta espoc-ac sg Faia qu 0 dete ds nos rcs anoremoni vidos, "2 Se ste tla tara uma enone etna A ites ie 80 aor sents 1 paieuarmenteuansacs polos eet abate x (978) ine a a (10, Goheeg (HO) Brneay {16t, Secconbe Lawes (i Wemar (100) Sat (087) Retmam es tb alguns pasion Je {exes anororos our dos store (Babar, 994,10), Pare ui sinew nae erane vj, porexarp, cases ie (1255) Migagbes intaracionas dee era Portugal 233 2.1, Movimentos intra-uropeus de trabalho: 0 caso portugués, 1950-1974 2.1.1, O contexto europeu"? a Maria | Baganna Poaro Gols 234 possibildades de mobilidade econdmica © social quo dat fdvinham para os nacionais, bem como, © sobrotudo, pala Cconvicgao generalizada de que esta situagao era temporaria © poderia ser facimente invertida, uma vez resolvidos os desequilbrios conjunturais do mercado de trabalho ou logo {que 06 imigrantos, amoalhadas as poupangas necessarias ou ‘confrontadas com situagées do desomprego, retoinassem ‘0s sous paises de origem'". Durante esta evolugdo, o mer ceado de trabalho segmentou-se, sendo a procura no mercado, secundaria progressivamente "satisteita por _méio-de-obra estrangeira (Piore, 1979) ‘A ctise petrolfera de 1973-74, a recessao econdmica que ‘se ceguiy, bem como as poliicas restitivas de imigragao que fentdo foram implementadas, marcam o inicio de uma nova fase nos processos migralérios europeus. De facto, até laqucla date, as polticas de imigrago dos principals patses ‘europeus podiam caractorizar-so essencialmente como polli- ‘cas de «porta abertas, ou do recrutamento activo de trabalha- ores estrangeiros, enquanto apés 1974 assistimos progres- sivamente a electivagao de polticas migrtérias restriivas, ‘que apresentam como principal objectivo impedir a entrada de imigrantes econémicos nos espagos nacianais respectves. 'Nos anos 80, em plena recessio economica, a Europa industriaizada descobriu a faldcia do «mito de retomo» que ‘ela propria constiita © descobriu, simutaneamente, que. no ‘sou interior se haviam formado comunidades imigrantes alta- mente concentadas que apresentavam claros sintomas de fexclusao sécio-cultural, sintomas que eram agravados do pponta de vista econdmico por condigées de traballo, habita- (p80 © remuneragao francamente abaixo das. respoctivas ‘médias nacionais. Do panto de vista politico, o colapso da Europa de Leste & © processo de reunificaco alema neutralizaram as decisoes, {que ja entdo apareciam como inadidveis. No campo econd> ‘mica, a tansteréncia das indistias de trabalho intansivo da Europa Ocidental para 0 Sudoeste Asiilico, a sua parcial substituigdo por industrias de capital intensive, mas sobre- tudo uma acentuada terciarizagao da economia, provocaram lum agravamonto progressivo da sitagdo sécio-econdmica 1 pane oo eae dos anos 50 « pncpainente desde a cso do uo de Boro 1261, a eyes oe aastcrmentn de méo-on tes oa ‘lcssnvamerto sarge, 3 Europa so Sul 3 Tura, ao Nore oe Ai ©, (hora iva ota todas aa egos com at qua no passa,» Eup Inasctrleaas martoor ages cdona das comunidades imigrantes, mal preparadas para as trans formagdes om curso, acelorando em alguns casos os proces: ‘808 de exclusdo social que se vinham formando @ promo: vendo a imagem de que a Europa néo necessitava de mais ‘migrantes, imagem que hoje se tornou dominante, quer na literatura cientiia, quer no ciscurso politico {Em sintonia com esta imagem dominante, 0s paises euro pus tém vindo, desde meados dos anos 70, a implementar politicas migrarias visando simullaneamente promover & Intogragao das comunidades imigrantes anteiormente forma das e a desincantivar a vinda de trabalhadores imigrantes. Por outras palavres, permite-se a reuniieagao familar e proibe-se a emigragao econdmica'® Estima-se que, entre 1950 e 1974, tenham saido de Por tugal um milhao oitacentos € quinze mil emigrantes. No Quo: dro 1, sintetizamos a evolugao da emigragao portuguesa por ‘oussro 1. Emigragto portuguesa par pales selecionados, 1950-1908, ee ee ee ed Fa: an de Fopa 77 Wa fase actual fas politas de rewnilicagao familar so aboraments subsertas ples passe curoeus. Sobre ee Tes, vet, por EXETOD, Riba (1995) Eadwn-eduards@ Sena (998876, Migroqoes interaccnais doo para Postal 242.8 insergao da emigragao portuguesa nna corrente intra-europeia 236, aa 4B, ara 8aganha Maen oe "para Portugal deslinos € por periodos quinquenais ene 1950 e 1988, Este quadro pode ser resumido da seguinte forma: a emigragao portuguesa aumentou progressiva e substancialmente entre 1950, ano om que as partidas rogistadas foram 22 mil, © 1970, ano em que as partdas foram 183 mil, A pari de 1971, entrou em retracrao, situagao de que nao recuperard sendo hha segunda metade dos anos 80. Depois da ll Grande Guerra, 0 pico mais alto da emigragao portuguesa ocomeu entre 1965 6 1974, década om que a média anual de partidas foide 122 mil emigrantes'®. Como pade deduzit-se da andlise dos dados do Quadro 1, 2 sangtia humana que a emigragiio operou no tacido demo: gréfico nacional foi particularmente intensa a pari do momento em que Portugal se inseriu na corrente intra-euro- pela. De facto, 56 entre 1965 e 1974, salam do pais um milhio duzentos @ dezoito mil emigrantes, dos quais setecer- tos e setenta mil (63% do total das saidas) se digicam a Franga e cento e setenta @ cinco mil (14% do total das sal- ‘éas) se dirigram a Alemanhal® (Baganha, 1994, 1998). © emigrantetipico deste periods, tal como o emigrante do ciclo transatlantic, era oriundo de’ regides essencialmente rurals. Contudo, ao longo do ciclo intra-curopeu detecta-se lum nimero crescente de partidas de regides de maior con: Ceontragso urbana @ industrial. Esta evolugio temporal pode ‘ser substanciada se atendermos a importancia crescente da Fegiao Iitoral de Lisboa como polo emissor e confirma-se ‘qualmente pelo facto de, dos emigrantes legais economica- ‘mente activos que sairam do pais entre 1955 © 1988, 26% centte 1955-59, 38% nos anos 60 © 50% nos anes 70 serem cotiundos do sector secundrio, E paricularmente arriscado trar conclusses a partir da evolugdo do fluxo migratério quanto ao sexo, idade efou ‘estado civil (vor nota 14); parece, contudo, razodvel acoitar que 0 fluxo migratorio para a Europa, apés uma primeira ' tam hoje vis sitsae capaci sare ote pido, De ene a5 rat fcorte tstaaranea: Sii'eta 082) ott (1083): Bogan, (Gand. 19am Rosna- Tanda fr) (1908). Baga af 2.1900), "Eno 1930 998, cates 777 mu chepeas aFrarys @& Nomanna 0 fotam sotteotaadas nas ewaistcasporuguesat, Mas espoctearant, i comporagso wie asec pstajucaas Fanaa ies gon a6 ‘uietets patugurese swesimoran at Saas em 0% para © peod? {9600 wm Bt mo periods de 1970°7, Para Asmar, oho mato poropis estaveSuvestmada em 27% am 196269 w em ose tn 157078, Estudos anteores (uno, 1984; Sa a 1082) consasrara aperae 3 ‘eigiacao egal para Fraga dl que cs save ots sem lee {es dos anu apresereades (Baga, 199, 1955), vaga, na década de 50 e meados de 60, dominada por parti- das isoladas de homens em idade activa, foi marcado por uma segunda vaga que teve inicio nos finals dos anos 60 © se prolongou durante toda a década do 70, durante a qual se veriicou um németo significative de reunides familares, ‘como & sugerido pelo erescente nimero de criangas com idade inferior a 15 anos @ de mulheres casadas que partram na década de 70, Em suma, a emigragao portuguosa para a Europa, (oi is ciada de acerdo eam 0 padrio tradicional da emigragae tran- sallantica, em que a componente mascuiina em idade activa dominou sempre a composi¢fo do fluxo. No entanto, a partir de finais dos anos 60, a reunificagao familiar tomau'se um trago caracteristice da emigracdo portuguesa, faciltada pela proximidade das seciedados de acolhimento e pelos novos: meias de transporte @ favorocida pelas oportunidades de tta- balho para as mulheres nas dreas de acolhimento (Brettll, 1978, 1986), Como foi relerido, no inicio dos anos 70 os principais| paises de destino da emigragao portuguesa durante este pperiodo suspendem unilaleralmente as entradas de tabalha- dores migrantes, @ em seguida criam incentives diversos ‘a0 rotomo ao pals de origem (Poinard, 1963; Stahl ef at, 1982) Para a maioria dos emigrantos regressados, a emigragao fol uma histéria de sucosso, Uma casa, mats dinheiro no banco, um carro, um pequeno negécio ou um restaurante, a possibilidade de a mulher se tornar dona-do-casa, 0 regresso 2 regio de origem, e um varidvel, mas frequentomente con- siderdvel, volume de poupangas, so uma garantia de uma ‘mobilidade acima da mégia. Para a economia do pais, © » fivel dos seus contributes & discutivel. A larga maioria dos tegressados ou so analfabetos (12%) ou ndo possuem qualquer grau do escolaridade (24%) ou conctuiram apenas ‘© ensina biisico (55%). A aquisiedo do uma nova especializa- ‘980 no exterior, mesmo que raramonte tenha acorido, nao é faciimente transfervel, nem os emigrantos esto interessa- {dos em manter © mesma tipo de trabalho que possuiam no festrangeiro, E importante realgar quo unicamente 59% das regressados optaram pola vida activa, ¢ que a maioria destes trabalham na agrcultura ou no pequane comércio por conta propria, ‘Se & inegavel que os emigrantes regrassados deram um contribute crucial para © desenvolvimento regional do pats, 238 Mara | Gaganha Pero Gols nomeadamente no que toca a rede bancéitia, as condigées do hhabitagao © ao paqueno comércio que dinamizaram, nem ‘sempre esses contributes foram avaliades de forma postva, ‘como demonstram os tabalios de Carolina Leite (1989, 11990), e tambem nem sempre terdo sido bem aceites pelos ‘quo ficaram, como pode deduzir-se da leitura do trabalho de Albertina Gongalves (1996) sobre este toma, ‘Algumas consideragées breves sobre a evolugio das entradas de emigrantes portugueses em Franca, corrente mmigratéria que marca e tipitica a emigracao portuguesa deste pperiodo, permili-nos-do substanciar um pouco mais a evolu ‘gao da processo migratério bem como exempilicar as varias fases doste primeito ciclo intra-europeu. Em 1967, as ontradas de portugueses em Franga niéo Urapassavam ainda a dezena de milhar'S, representando apenas 10,5% do total de entradas de imigrantes registado. Desde esse ano até 1970, as entradas de portuguoses em Franga sobem exponencialmente, atingindo 136 mil em 1970, © 111 mil entradas no ano seguinte, valores que cortespon- dora a 53% @ a 51%, respectivamente, do total de entradas de imigrantes registado plas fontes francesas para esses dois anos (Antunes, 1973: 73 e 109). O ano de 1970 regjstou ‘© maior volume de entradas de emigrantes portugueses em Franga, pelo que podomos considerar este ano como ponto de viragem entre a ase do expanso (1950-1970) e a fase de tevracgao (1971-1985). Apesar de 0 volume da omigracao portuguesa pata Franga comegar a diinuir a partir do 1911, 186 depois das crises petoliteras de 1973-74 6 que 0 obsor_ ‘vam redugées substancias e continuadas no total das entra das de portugueses (Baganha, 1894, 1998). A canstatagao da diminuigao do tluxo migratorio para Franga a part do inicio dos anos 70 nao seria particular mento relovante 69 niio tivsse ocorrido em simulaneo com uma alteragio da composigéo do fluxo, que passa a ser pre- sdominantemente composio,jé ndo por trabalhadores imigran- tes, mas polos seus familiares, combinando:se com um assi- nalivel numero do regressos. Mosmo assim, entre 1972 & 1977, aposar de dar sinais do contracglo, a componente tra- balho continuow a sor signilicatva. Jd ontre 1978 a 1985 0 ftuxo foi sempre dominado pola componente familiar. Con- tudo, no trienio 1987-89, a componente trabalho voltou nova- ‘be acoso cor fotos cc Fancass, evar am Fanpa 10452 porque dma canoe 1261 (akin, 1979), mente a dominar, representando 74% dos imigrantes registe dos nas fontes francesas'® No que ge relere a0 retorna, Michel Poinard (1983) estimou (0s regressos definves entre 1960 @ 1900 em 25 a 30 mil por ano, média anual que na década seguinte tera descido para 24 nil, 0 periode de maior rotomo parece ter acorido ra primeira mmetade dos ancs citenta. De facto, a equipa coordonada pot Manuela Siva (Silva ef al, 1984: 89) estimou em 209 mit os regressos entre 1960-1985, cu soja uma média anual de 42 mil regressos, média anual muito superior aos 25 a 30 mil que se fstima tenham regressado durante a década antotior"”. A ‘corréncia om simultaneo destes ts factores indica estamos Perante o fim de um ciclo migratério em que o téxmino do pro- Jecta migratorio implicou para uma parte dos emigrantes a fxa- a0 da unidade familar no pais de acclhimento e, para uma bulra parte dos emigrantes, 0 retomo ao pais de origem. Dado que 0 numero de imigrantes portugueses a residir legalmente em Franga era de 759 mil em 1975, de 767 mil ‘om 1982 e do 650 mil em 1990 (Soper, 1993:183), 0 fim do projecte migiatério parece ter significado, no caso dos emi {grantas porlugueses para Franga, a fxagio definiiva no pais de acolhimento da esmagadora maiotia dos que pasta. © estudo mais recente quo conliecemos sobre as carac- teristicas sécio-econémicas © sobre a inlogragao na socic- dade francesa dos imigrantes prtugueses 6 a obra Faire la France de M. Tribatat (1992). Desta obva retirémos os sequin tes indicadores sobre o tema: ‘undea 2. Origom do cBnjuge de migrates porugueses e dos ovens ‘de oigom portuguese 2) ‘i Cone Race | iiyres | Race Face ee | Megs means nim = @ ees | sara ie na on = © 7% ier come ane Tess an Fa = a = passe (shapes) {WA componente vata repesentau, no Wo de I96D-1071, 5% ‘naéae, donee para 45% no We Sogo para 20% one 1075-1377 {tboae so ON ctbdoe in Sah fat, 108282, Para poredzepostars 8 {060,c2d08 miSepom, tO, 088 000. "7 Sooo a a vsionc vr lah at (19852; Sha a (1984) Feurova tt (1984 Sagara ta 1008, Migeagoos interacionasce © ‘para Por 239 H Maria |. Baganha i Peto Goi cota don? Mis tag oe e s 7 tenes se - ‘er ean | Naetaron Far 7 % 7 Sevarice tease pore Ta 909 Segundo os dados do Quadko 2, veica-se uma nitida ten- dencia para a diminuigao da taxa de endogamia do grupo, ccansoante a idade em que ocorre a socializagio do sujeito em Franga. Isto parece indicar que a integragao dos imigrantes, portugueses e dos seus descendentes em Franga se estara a Veriicar de acorda com as hipeteses sobre a evolugo do pro cesso de adaplayao dos imigrantes @ sociedade de acolh rmanto propostas polas teorias assimilacionistas, desenvolv {das pela «Escola de Chicago» © quo se tornaram dominantes ‘nos estos das migiagSes alé aos anos 80 sob o impacto da ppublicagao em 1964 da obra Assimilation in American Life de Milton Gordon. Ou soja, a manutengao da tendéncia para 0 ‘caamento fora do grupo imigrante assoguratia a progres- siva miseigenagao da populagao imigrante ou da populagao, foriunda da imigragao com a populagio nativa 0 que, em tempo, acabaria por tomar indstintos 06 varios sub-conjuntos.. ‘Quadro 3, categoria sie srtisionl do nigrants do cone masculio sStgundow kdades dia de ented «dos Indvicuos do sono mascutino de ‘ngem poruguses seidos em Franca Tena ff Tra coma | ra was | oss een wrote | na Talis 7 7 o Tabs ots : i t uepa f 6 & ‘oes Earp : rT ‘ Emposurcoseaassevgs | 2 ‘ 3 fron Comms, Dees | ® 3 Prec res oes 3 5 ® as wo ip ‘on For at, 1510, Quanto a categoria sécio-profssional dos emigrantes do sexo masculina, a data de entrada a ktade em que essa mesma entrada se veriicou nao parecem alterer substancia: mente a estrutura da distibuigdo, embora seja esse 0 factor ‘mais relevante qualquer que soja 0 subgrupe considerado. No fentanto, © subgeupo dos indviduos nascidos em Franca parece demonstrar uma ligeita mobildade comparativemente {0 primeiro grupo, exaressa na elovada percentagom de =téc~ ricoe @ encarregados» do segundo grupo!®. Em relagao 908, naseidos em tortéia francés, observerse igualmente uma dis {nbuigdo da estutura eécio-prtissional que, comparaivament 0 primeiro grupo, apresenta uma maior terciavizagio das suas ‘ocupagées @ maior peso relatvo (10%) de profissdes médias & superiores apresentando, no conjunto da distibuigao, um padrdo ainda mais ntido de mobiidade sécio-econémica, Um movimento gocial desta envergadura, quer pela sia televancia numérica, quot pelo seu impacto econemico, quer ainda pelas transformagdes sécio-culturais que promoveu, ‘despertou, desde os anos 60, a atengao de um ndmero cres- canta de investigadares. Do facto, recorde-se que no espago ‘de dez anos (1965-1974) mais do un décimo da populacao portuguesa emigrou, Numa éptica meramente econémica, Tecorde-se também que o contravalor om remessas que a vvenda no exterior da forga de trabalho nacional representou ‘durante todo este pariada confere & emigragdo portuguesa 0 festatuto do bem mais precioso que o pals produziv para ‘expottagio (Baganha, 1994). Finalmente, numa perspectiva, ‘sécio-cultural, © come notou com argicia o jornalisia Nuno Rocha num trabalho pioneio sobre a emigracao portuguesa para Franga claborado entre 1963 e 1965: , "8 Os martes poroqises, come aconicona anteormenie os i ‘antes tance teguiansta aoe espana desorpntasv {ker em sectors tagoennimentepouco expan quan. ies ot Sol como a catugiecvi'e dbs pubes, sores dometisos servos feTenpenne stun agian (Sah aly O62 Hoof af, 196, een, ‘beat rane 1900, Una ane divers do meted oo ata pr ‘ncnebae’ don rabomagoes (vances o Faia) Inca to exsio ‘fgmtagie ro ruseado de web fares, une fx uo dtm 0 goes erm expen starsleamarieprosreias por mioueaba {rvte,destonament na cnaugso cl abs pics, Wowie doe anos G0 percoxagen de Vabaadoies porugueses ri quetentos om do #54 do Tal La, serahenie 3 de cus gues ‘ravez Pur popisgo anon, fo ena, © pecan abatado Me nae quniicade nb htapassata 20% doa (onc, TEC: 70 Migrgses intersaconais de © para Potugs! 2.1.3. Pri pais tondén- clas da inves- tigagao portuguesa até aos anos 80 241 ay Mari Baganha Peare Geis Os primeicos emigrantes, os plensitos, jf rogrossaram, ja cul vam do nove a 8 tora, [.] Em Casto Labereio ha agora male ~catas do francés, [.] 08 emigrantes agora comptam ‘vtaminas para os fnos @ as mulheres ft eaquirem agua do coo ria. O médico vé mais doente. .]E QuO 0 pow ests mais evo Iuido, curweu'se com © contacto no ssrangelo, scorra 20 madice 90 primo sintoma de doenga. Assim as goragdes vn ouras vio sor mals saudavess. (J Ha nemas, a lojes fats, fs homens vestem boas roupas © as muhotes cozinham em frente de modornos fogbes. (Rocha, 1965: 162, 163) Um dos tomas que desde cedo atraiu a tengo dos investigadoree portuguoses foi a mensurago dos tluxos de ‘aida © sua composigio. De facto, um numero significaivo {de trabalhos debrugou-se sobre o volume @ composigao do luxe migratério portugues dos anos $0, 60 © 70, Os seus autores estavam particularmente interessados em tentar cor- Figit © superar as lacunas existentes nos registos oficiais, portugueses sobre emigragao. Procurou-se, nomeadamente ‘bier informagao sobre o fluxo clandestino, quer tecorrendo fa fontos dos paises receptores, quer estimando indirect ‘mente a cua relovaincia a partir das ostatisticas demograti- ‘cae nacionais. 0 trabalho de Jodo Ferceita de Almeida publi ccado cm 7964 na revista Analise Social foi pioneiio nesta atria, Quitos se the seguitam com 0 mesmo objectivo, nomeadamonto Antunes, 1970, 1973 ¢ 1981, ¢ Stahl et al, 1082" ‘As determinantes da omigraedo portuguesa mereceram tambem a atengao de varios socidlogos e historiadores, 08 {quais salientaram como principal causa do fluxo migratério ddas décadas de 60 © 70 a dualidade da sociedade port: guesa eas flutuagdes da estrutura econémica nacional (Nunes, 1964; Almeida e Barreto, 1976: Sertio, 197; Gout Iho, 1978}, Os econamistas preteriam realgar outios facto- res, nomeadamente a dilerenga de salérios entre Portugal & (05 palses receptores (Murtera, 1965; Pintado, 1967; Murteira f@ Branquinho, 1969; Ferreira, 1876). Num ponto existe con- ‘senso interdiscipinar: durante os anos 60, alterarbes da festtulura produtiva originaram elevadas taxas de desem: ‘progo que, conjuntamente com 0 subemprego crénico na agrcultura e sector artesanal, precispuseram um crescente * Aigumos projeegées sabre a iawa ovlugto do axe migra pula dis depot de 1054 Gor exempl, Sahay, 08s, Eaten @ Pea. 1990) ‘tuna complemeniara more Ggprwe! seboVluras 6 38 numero de portugueses a ver @ emigrago como uma alterna- tiva & permanéneia no pais (Pereira e Barosa, 1989: 8). 5s trabalhos que acabamos de relerir sobre as determi ‘nantes da omigragio portuguesa podem ser filados na traci+ ‘¢do analtiea quo dosde a ctiagdo dos estudos das migracées tem dominado a produgio cientfica nosta dea. Referimo-n0s ‘20 modelo explicatva, que privlegia a abordagom das dotor- rminantes do fendmeno migratria através da avaliago dos factores de repulso na secledade de origem e/ou dos tacto- tes de atracpéo na sociedade de destino, A ligagao da pes- quisa realizada a este modelo analilico, que 6 tecnicamente reterido como modelo de «push-pull, permite salientar que, desde 0s anos 60, s@ nota uma nilida clivagem disciplinar na produgo clentiica nacional, entre, por um lado, os hislotia- dores © socidiogos, que tonderam a valorar essencialmente ‘como determinantes da emigracii os factores de repulsao e, Por outro, os economistas, que tenderam a priviogiar nas ‘suas andlises explicativas os factores de atraccio. {tradicional ligagio das eldncias socials @ escola tran- ccesa levou a opgao de uma parte considerdvel de académi- ‘08 portugueses por este pais, para prosseguimento de estu- dos ou por 1€26es de orem politica, Esta permanéncia ¢ a possiblidade, entao inexistente em Portugal, de uma forma- ‘ge académica em Sociologia permitirao 0 aparecimento de varias trabalhos que ido dar voz directamente aos principais actores deste processo, os omigrantes. Em 1973, M. Beatriz Rocha-Trindade publica Immigrés Portugais, trabalho, enti és, pioneico sobre os processes de adaptaco dos imigran- tes portugueses om Franga. Poucos anos dopois, em 1978, uma antropélaga canadiana, Caroline Brottol, publica Ja cho- ‘ol muitas lagrimas, uma historia de vida de uma mulhor por. tuguesa imigrada em Franca, Esta linha de pesquisa sobro os processos de adaptagdo @ sobre a evolugio dos projectas mmigratérios no pais de destino seré continuada, quer por estas investigadoras, quer por outros antropélogos e socidlo- ‘gos que nos. anos ‘oitenta publicaram sobre estes temas (eja-se, por exemplo, Cordeiro @ Soares, 1987; Leandro, 1987; Valagao, 1989). Contudo, quer se trate de analicar as praticas alimenta res, as associagées de solidariedade e de lazer (e, por via estas, as formas de expresso de identidade dos imigrantes. pportugueses) ou a familia imigrante wportuguesam, os investi= ‘gadores portugueses evidenciam nos seus twabalhos um ‘especial pendor para dar maior relevo & manutengio de vin- % Migrcoes interacionaisdee = para Portugal 243, Mara! Baganha Pedro Gois culos a valores @ priticas socials transplantados, no seu tentender, da sociedade ou da comunidade de origem, do que 8 evolugao temporal dos processos adaptativos & sociedade {do acoltimento ou aos diferentes processos adaptativos evi- ddanciades por grupos especilicos de imigrantes portuguese fu suscitados por contoxtos sécio-econsinicos dversos™, ‘A procigao cientifica dos anos citenta sobre a emigragso portuguesa fo! ainda marcada por outras duas linhias de pes ‘uisa, centiadas no impacto da emigragao na sociedade ou ‘comunidade de origem © na andlise das caracteristicas dos temigtantes regressados @ do seu impacto na seciedade por fuguesa. Do ponto de vista do impacto no ethos cultural e nas, estralégias adaptativas e formas de reproducao social nas ‘comunidades de origem, foram varios os trabalhios publica~ ‘dos neste periodo (ver, por exemplo, os trabalhos sobre esta tematica na colectinga de estudes organizada por Maria Beatiz Rocha-Trindade, publicada em 1981 pela Revista de Histéna Economica © Social, Cademos 1-2: Estudos sobre @ Emigragao Portuguesa). Contudo, a obra de referéncia publ cada neste periods sobre esta tomdtica fol, a nosso ver, Homens que partem, mulheres que ficam da antropéloga Caroline Brettel2?, quer polo profunde dominio das metodolo dias de pesquisa no terreno @ pelo recurso a fontes docu: ‘mentais até ai relativamente pouco usadas por socidlogos ou antropélogos, quer pela influéncia que veio a ter entre os investigadores porlugueses. © impacto da emigrago na eco- nnomnia nacional foi abordado, por exemplo, por Rocha, 1962; Cheney, 1986; Leeds, 1983; Baganha, 1993; Pereira © Barosa, 1988; Pereira, 1989. A um nivel macro-econémico, 0 tlio balango elaborade nos anos citenta sobre o impacto dda emigragao na economia portuguesa conciuia do seguinte ‘modo: «os resultados sugorom que a emigragao teve eleitos positives no bem-estar das possoas, 0 que significa que 08 feleitos positives das remessas se sobrepuseram acs efeitos egativos produzidos peta ciminuigo da populago, De quak {quer modo, o crescimento anual do produto nacional abran- {dou om corea de meio ponto percentual.» (Pereira, 1986). ‘O tegtesso e a reinlegragao dos emigrantes na sociedade portuguesa fo talvez 0 t6pico que maior atenpao recebeu cepluis as osc sociages do Chicago i, we ars 00 00, rina ‘ahringcanvelnante#prosucia aca sve en era SPX'prmgva vosso dene aba f putcada om ing sgeea em iurantooste period, uma voz que, sob a égie da Fundacao ‘Volksiwagorwork fram pubicados em 1064 os resutados de dois vastosprojocos sab ast tra. Oprimeio destes po- Jectos fl elaborado por uma equpa do inttuto de Estudes para 0 Desenvolvimento (IED) coordenada por Manuela Siva. Este project centou os seus esfrgas na monsuragao do volume dos regressos ene 1960 e 1970, na enborazao do estiativas para a dada de oterta e na deserigao das caracorstcas soco-econdmicas dos migrantesregressados, bom como nas evastrajocterias ocwpacionas, anes, durante € copois da exporéncia omigratiria. segundo project fo Tealzado por uma equipa do Cento de Estuios da Dopo dncia (CED) coordenada por Edvarco Sousa Fencira. Esto Projecto centrou a sua atengao na avalagao © enueragéo the polieas do deseavlvimento regional que maximizaram oe bonoficios econdmicos do regresso para as reioes om que oF emigrants ragressades so inserinam No ano sequins & pubicacao dos resitados dest dois projects, um novo projecto que pode, ainda que s6 parcial tonto, co igado a tomatea do regresso 6 langado, Est pro- footo visou avatar 9 percurso escolar em Portugal dos fines fos omigrants ou ox-omigrantes, Esto prjecto da Universi ‘dado Abort, financiado pelo IAEC e pelo instoo da Ete ‘agio, fo coordenado por Maia Beatz Rocha-Tiindade e os Seve resuitacos foram pubicados om 1988, Tendo por base informagao recolhida junio de uma amosta nacional de est dantes co ensina publico dum entre os 12 ¢ 08 18 anos, a ‘oquipa descreveu as experéneias escolres dos estudantes fas suas princpale difeuldades, bem como a8 trjecras ‘migratéas dos sous progentores ‘Comparavamonto com of trabalhos sobre as determ: nanos da omigragao ou bre o regresso & sociedade de of gem, o impacto dae polfticas ecendmicas e de emigragao do Estado Novo na evolugto da composigao do tues @ na dee iio das corentes migratéras merece atengéo muito menor ftosmo assim, alguns trabalhae aborearam estes tomas (par fxemplo: Carson Ribeo, 1986; Ameida © Baoto, 1976, Ferret, 1984; Leeds, 1969), a0 ainda dest period Vérae colectaneas de estados ou nimeros espocias de reitas {ue resultaram de congressos ou colsqios, como, por exe 10; Anise Social, XIX (77, 78,79), 1983: Actas do Colbquo 4 formagao do Portugal Contemporineo: 1900-1980 e Ans feo Soot! XX (87, 88, 9), 1995: Actas do Colaqio Muian- gas Soci no Portugal de Hoje. A consulta desea volumes ae Mirage imemaciorais dee para Portugal 245 Maria. Baganha Peato Gois 2.2. emigragao portuguesa dos anos 80.¢ 90 cexemplica a crescente variedade de temas que foram sendo progressivamente tratados polos Investigadores portugueses intoressados na emigragao portuguesa, ‘A partir da pubicagio dos resultados do Censo de 1991, tornourse olaro que a emigragao portuguesa tomara a dspa: rar. Reconhecendo este facto, 0 INE vem ensaiando, desde 11982, novas metodologias da mensuragao do fenémeno em ‘gratorio. Apesar de reconhocormes a dificukdade do empreen idimento, 0 facto é que, desde 1992 até hoje, 0 INE nao fo! capaz de alinar os insirumontos de observagao utiizados, polo que a mensuragao feta continua a ser uma ténuo e er hea imagem da realidade, Ao mesmo tempo, o fenémeno con- tinua 0, pelos vistes, continuara a ser drasticamente subest ‘mado nas estatistcas ofa. [Em trabalhos anteriores, um dos autores deste artigo {detenclou que a emigragao portuguesa 6, desde o século pas: sad, essencialmente urn fuxo internacional de trabalho (que: Tendo significar que entende que a sua dirocgo foi essencia ‘mente delerminada ac longo do tempo pela oferta de trabalho ‘oxistente no mercado inlemacional de trabalho do macro-sis~ tema geo-paltico em que Portugal estava inserido), mas dofendeu também que, embora de raiz econdémica, a evolugao {to flixo migiatério dependeu, no tanto da avaliagdo indivi tdual que 03 «potenciais» emigrantes foram fazendo sobre os iganhos que a venda da sua forga de trabalho no exterior oderia produair, mas sobretudo do sancionamento polio dos paises envolides, isto 6 Portugal e os diversos paises receplores, bem como da forga e do grau de estruturagao das, redes migratias activas em ambos os extremes da trajecto- fia (Baganha, 1980, 1993, 1994, 1996a). Esta conceptualiza- ‘edo levou a autora a avalar, em 1991 (Baganha, 1997) 0, rhovamente, om 1992 (Baganfa, 1999), a retracgao do fené- ‘meno emigratéio vericada entre 1974 © 1985 como um com- ppasso de tempo necessario & formagao de novas redes sufi fentemente estruluradas para escoar o potencial migratoria fexistente para novas destinos, Consequentemente, a retiac- ‘cao verificada seria de aril, no essencial, a inexsténcia de Tedes migratorias para destinos altamnativos apés as restigdes 2 entrada de emigrantes acondmicos portugueses unilateral. ‘mente imposias peta Franga @ pela Alemanha. Tentou-se tam- bem, nesses trabalhos, fazer uma primeira correcczo a avalia- ‘G80 dos thuxcs de saida dos anos oitenta € dos inicios dos anos noventa. 0 que eno se efrmou, com base nos escas- s0s dades entio dsponiveis, veio a ser posteriomente confi: mado pelos trabalhas do Jodo Peixoto (1993) e, muito espe Ciaimente, pelo trabalho monogréico de José Carlos Marques (1997) sobre a emigragao portuguesa para a Suica ‘Apesar de os dades apresentados nestes trabalhos no deivacem divides sobte 0 relangamanta dos tks migeat= ios de Portugal para diversos paises europeus®, a verdade 6 que 0 seu proprio cardcter exporatrio & a melhor prova do Pouca que ainda sabemos sabre 0 volume, tips de fhaxos & aracteristices dos migrantes envovides. Sobre as dndmicas econémicas do processo, sabemos um pouco mais devido 08 trabalhos que sobre este toma foram desenvovides no Projecto MIGRINF® © que pormizam demonstar a inoriga 20 entre 0s mavimentos de saida e de entrada que se ve ‘cam actualmente em Portugal. Uma sintese dos primeiios resultados deste projecto foi publcada em 1998, nela so ‘efendendo que a entrada de Portugal para a Comunidade Europeia, em 1985, provocou uma alteagio protunda no sector da construgio cv, a qual causou um enorme impacto, quer nos fueos do caida de rabalhadores para o ostangoira quer na vinda de tabahhadoroe imigrantes para Portugal. Pe imeito, porque pemity 8s empresas portuguesa eubconia- tara sua forga do trabalho no espago da Comunidade Euro- poia (CE) em concorréncia com as suas congéneres, uma ‘opartunidade que as empresas portuguesas.aproveitaram adaptando a6 suas estalégias laborais & nova situag. ‘Asim, parcularmente depois da queda do Muro de Berim © consequente reuniicagao alem, vrios mires de raathae dotes portugueses partram para a Alemenha para trabalhar no sector em causa, reduzindo a mo-do-obra disponivel no pals. Em segundo lugar, simuifaneamonto com o erescimento 4a procura no exterior de mo de obra para a construgao iv, a integragdo de Portugal na CE canalzou para o pais tum volume substancal de fundes estuturais, do qual Uma parts milo considerével tem sido apicada em in-estuturas 4 Note-s6, por exampio, que o rimaro de eigiantes portugueses parma ‘ontesa Sug eon 1 70 em 10, pom 89 60 on, BSE om 1960, Tot bo em 1095, Ama anol de eda Socom one doen 426.39 000 nn rae, 1997). vcr, Mora lterton athe llrmal Economy, Devt Behav lou, and th rset on Rosohing Sacis. Prous cnoreeneds poe Emo ovat TSef Progam. CLOG XIEABSOE? Cie 400-0 ples come Poti eataato por una euipa do CES aque ambos os ave pate Migagees Interacionais 66 © ‘pata Portugal 247 ay Maria | Baganha Peso Gols 248 2.8, Em jeito ‘de balango viaias e de comunicagao, bem como na construgao de edt ios publicos, aumentando temporariamente as necessidades nacionais de mo de obra neste sector. ‘A combinagéo desta duas situagdes abriu numerosas opartunidades fs empresas portuguesas a laborar neste sec tor, algumas das quais, para aprovottar cabalmente 0 boom que entretanto se verficava tanto no pais como em outros: paises da Comunidade recorteram, em Portugal, indiferenciae ddamente, a contratagdes no mercado informal de trabalhado: res nacionais de ascendéncia alicana ou de imigrantes, quer dlirectamente quer através de firmas cle subcontratagao labo- rando no mercade informal, @ enviando para as empreitadas. ras paises da Comunidade a mao-de-obra dos seus prdprios, quadios ou mAo-de-obra formalmonte contralada para 0 eleito (Baganha, 1998), ‘O mais recente trabalho sobre 0s fluxos de saida (omigra- ‘eo e destacamento}, de que temos conhecimento, sinteizou 4 evolugde da emigragao portuguesa a partir dos anos oitenta dda seguinte forma “Tendo om conta os dados dos paises de destino, @ embora © Cconiagonte de emigrants estmado sola suostanciamento inte for ao verlendo mas dicadae antoriotgs, a década de otenta ‘corresponde a uin novo impulse no fenémene emigralri por fquls. Esta nova fase ard, no entanio,earactersicas dteranios ‘das constatadas no passado, nomeadamente polas novas for mas de que se revestem a siuagoes do witeguasdacon o do fmigragao «tomporarae, Para além disso, a abertra das tonto fas conuniaias promoveu também novas formas de motiidado intin-europein, nto enqundravels no conculto «idssico» de emi rapa... B emiagao cresce progressivamente desde meados dos anos Sitenta promovida pelos seguintas factores: eiagao ¢ esta (20 de Fedes migrtérise para novos destinos, como foto caso a omigragio para a Suga; revialagao de redes a exstontes, ‘como aconteceu com a emigragso Wansatlanes; novas con ‘goe8 de moblidade infomacional de Wabalhadores credlas pola ‘enirada de Portugal, em 1986, para @ Comunidade Europeia: © 0 tnquacramento logs eslabeleido @ nivel comunario em rela- fo 8 cedéica de sergae do mso-de-obrs, comma & © e3s0 do “destacamenta de vababadores- na Aleman (Baganha eta, 1998: 49) ‘A prosugae cientitica nacional sobre a emigragéo portu- ‘guesa é numericamente muito escassa. Essa extroma escas- sez esta bem patente na Bibfogratia da emigragao port guesa, da autotia de Maria Bealtiz Rocha-Trindade © Jorg ‘Arroteia, publicada em 1984, Apesar de praticamente exaus- tiva, cobtindo todos os periodos histéricos e referenciando tanto trabalhos cientifices como romances e documentos ‘administraivas publicados em Portugal ou no estrangeiro sobre © toma em epigrafe, a obra esgota o assunto em setenta e uma paginas, 9 de formato AS* Varias raz6es explicam esta escassez bibliogratica, Ser mos a comunidade cientifica mais diminuta da Unigo Euro pela 6, sem dlivida, uma das razdes, mas ponsamos que 0 f’embarago que a emigragao continua a representar para as elites palitieas nacionais 6 outra das razies da actual situa 80, Embarapo perfeitamente justiicdvel se nos lembrarmos {que emigrar 6, como notou Zolberg (1983: 7), «volar com os ppés». O mais lapidar exemplo que conhecemos desse emba- ago fol personificado por Jodo de Deus Pinliiro, enquanto mministro dos Negécios Estrangeiros, numa entrevista conce- dida ao jornal Suigo Le Nouveau Quoticfen e parciaimente reproduzida na pagina 28 do jomal Publica de 1 de Outubro dde 1991, Questionado sobre a emigragao portuguesa para a Sulga, 0 ministto explicava o fenémeno da seguinte forma: Portugal deixara do sor um pais de emigraeao para se tomar lum pais de imigragdo, dostrutando de uma siuiagao proxima do pleno emprego, polo quo, se havia pessoas que emigra- ‘vam para a Suiga, isso se devia cortamente ao facto de esse pais olerecer trés meses de férias aos trabalhadores saz0- his. S6 um period de férias 300% superior ao praticado no pais pareceu ao enléio ministio Joao de Deus Pinheiro razio suficientemanta aceitivel para justiicar que cidaddos de uma sociedade sem desomprego, © do «polotéo da frente dos paises da Comunidade Europeia, abandonassem Portugal ‘uma a um pats néo comunitario. Apesar da escassoz do produgao referida, ha temas que conhecemos bem melhor do que outros. De entre os temas {que melhor conhecemos 6 de destacar o volume e a direcya0 dos fluxos migratsrios nacionais © as caracteristicas dos em- {grantes regressados até aos primoitos anos dos anos oitenta. Sobre as caracteristicas de quem partiu e, muito especia 3 Por mers cirosidade, rotate que tetdmos complerentat as ater cing da tats biota ein ostabsies de toes coein on Pl (be em Perk Sapo se F004 e, mesmo aren. nao chogamee as 600 igegdes Intomaconsis de © pera Portugal 249 ore ‘mente, sob1@ os emigrantes clandestinos continuemos sem saber praticamente nada. ‘© que sabemos relere-se sobretudo ao fluxo legal, pelo ‘que 6 conveniente salvaguardar a hipstose de as caracterist- ‘cas conhecidas serem uma pobre ©, multo provavelmente, ferrénea representagao do fluxo migratério glabal. Quer os festudos da component ilegal do fluxo migratério portugues nnoulros periods histéricos (Baganha, 1990), quer a informa- ‘Gia disponivel sobre as paridas llegais para a Europa depois ‘éa Il Guotra Mundial, mostram que o fluxo clandestino & ‘substancialmente dierente do fluxo legal (Almeida, 1964; ‘Antunes, 1970, 1973, 1981; Stahl of al, 1982). Apesar disso, ‘continua-se a extrapolar as caracterisicas dos emigrantes. legais, como se se desconhecesse que mais do 48% e de £81% dos emigrantes entre 1960-1969 e 1970-1979, respect: vvamenta, deixarain © pais de forma clandestina @ que a con sidaragio do seu peril demografico e das suas caracteris ‘cas sécio-ccondimicas muito provavelmente alteraria por ‘completo 0 que so asereveu @ escreve sobio a evoluyao des- tag mesmas caractovistcas. ‘A definigao do perl (ou dos perls) do emigrante clandes- tino continua, assim, a sor uina prictidade da investigagao ‘sobre a emigtagao portuguosa. Mas nao so sé as suas caracterstieas individuals que ha que invostigar, & necessario saber também que redes de apoio foram usadas por estes femigrantes no seu projecto migratério, que negécios promo- veram ou & sua custa se desenvolveram © se 03 seus projec tos e experiéncias migratérias coincidem ou civergem subs- tanolalmente das dos emigrantes legais. (Os impactos da emigragdo nas comunidades de partida fencontraram também excelentes cultores nestes dltimos ‘anos, a julgar pelo trabalho extremamente interessante de ‘Manuela Ribeiro (1998), quo tivemos oportunidade de ouvir recentemente e quo ji 80 encontra publicado, (Os estudos sobre 0 regrasso necessitamn igualmente de ‘ser retomados, Sofia Alonso (1997) conciuiu recentemente lum trabalho inovador initulade © regresso da segunda gera ‘94a, a segunda goragio e 0 rogresso ~ A geogralia do actor {Ge tronteira. Edo caudar 0 retomar desta linha de pesquisa, ‘mas 6 também igualmente necessério continuar a linha de pesquisa iniciada por Manuela Siva © Eduardo Sousa Fer- feira e respectves colaboradores, mas, agora, para o perfodo posterior a 85 e para a década de 90. Dada a sua extrema relevancia, a continuagao de produ: {¢80 de tabalhos sobre o fluxo migratrio para Franga © 08 [processos de adaptaeo dos jmigrantes portugueses & socie- dade francesa 6 plenamento justficével. Dentro desta lina de posquisa, os recentes trabalhos de Engracia Leandio (1995a 8 1995b) marcam, pela profundidade do tratamonto sociols- gico do tema, uma viragom importante. No primoiro case, por {que o trabalho & enriquecido por uma abordagem comparativa dp dreas de residéncia diversas, 0 que Ihe permite captar ‘melhor impacto de contextos sociocuiturais diferentes nos processes de adaptacéo dos imigrantes porlugueses; no Segundo, porque a pesquisa se baseou em tr8s biografias familares, 0 que permitiu & autora analisar como evoluiu 0 projecto migratério nestas te familias, bom como captar as lwansformapdes nos valores, nas roforéncias © nas expectat- vas dos varios membros do agregado familar. Desta forma, estes dois trabalhos podem, a nosso ver, servir de referencia ‘a trabanos similares que se venham a elaborar, nfo apenas ppara Franga, mas também para outros destinos™, Gontinuam a faltar monografias deseritivas para varios ‘outios paises europeus em que os imigrantes portugueses se {ixaram, nomeadamente para a Alomanha © © Luxomburgo, uma vez que sobre os imigrantes portuqueses em Espanta ja alguma coisa so vai sabendo devido aos trabalhos do invest ‘gador espanhol Lopez Trigal (1995, 1996) © que, sobre as nnovas correntes e partculatmento sobre a omigragao para a Suiga, ja tomos disponivel uma primeira monogratia da autoria do José Carlos Marques (1997). Mas, para alom de monogya: fias eepecificas, faltam trabalhos comparatives, quor sobre os Varios fluxos migratérios portugueses que se dirigiam para diferentes paises europeus, quer sobre a emigragao portu- ‘guesa e as outras correntes migralérias, nomeadamente a5, {ue tiveram origem nos restantes paises de Sul da Europa ‘As redes migratérias cumprem varios papsis © servem =D gn ing i em cnaa cn Pantone Lemon eran Bae searietiies Sache arateemes eames rie spencers torso oaeer mene Sie Se Bosra laura ie Paci SARE SPs Veuantnicn Gmemeaancret Site tone tent pe Soe mete aan mee arate merincetes arnyris socaramats Hehoe aoe ances gna ce Hitec ye ne cca fan RRS rea grapes internacioncie de @ ara Portugal us 251 252 Mara, Baganha Pedro Gsis ferentes propésitos consoanta a fase do projecto migratorio ‘© modo de estruturago?®. Como canais de informagao e rede de apoio log(stico, elas so excelontes faciltadores do acto de emigrar © da fase inicial de adaptagso & sociedado de acolhimento para a esmagadora maioria dos imigrantes, ‘aspectos que tém sido repetidamente apontados na produgao Cienlifica sobre a emigrag3e portuguesa. Contulo, podem, ‘subsequentomente, tornar-se armadithas poderosas «pren- ‘dendo» of imigrantes ou os seus fihos a valores culturais oa praticas sociais bloqueadoras do uma integragao na socie~ dade de acolhimento cu de um porcurso do mobilidade ascendente. Ora, estes ultimos aspectos nao tém merecido especial atengo dos investigadores portugueses, assim ‘como também tem sido descurado 0 estudo do papel desem- ponhado polas redos do migrantes portugueses nas diferen- tes sosiodades para onde os omigrantes se dirigiram bern ‘como que impacios produziram nos percursos de adaplacao dos imigrantos 0 nos seus projectos migratérios. ‘© estudio do impacto do sancionamento politico do Estado Novo na composig’o @ evolugdo do fluxo migratrio for reto- ‘mado nos anes 99 por Maria I. Baganha (1994, 1998a), Para © periada posterior a 1974, foram varios os investigadores, {que se debrugaram sobre esta tomtica, designadamente Baganha e Peixoto (1996), Jorge Malheiros (1996), Baganha (1998) © Baganha ot al. (1998). A interigagao entre os actuais fluxes de saida © de fenttada em teritério nacional tem também vindo a ser pro fgressivamente reconhecida por um nimero crescente de académicos, por exemplo, Pires © SaintMaurice (1994), Malhoiras, (1996), Baganha (1996, 1998b, 1998), Baganha ‘© Peixoto, (1996). Recentemente, uma equipa coordenada ppor Bagarha, Ferrdo @ Malheiros analisou essa intotligacao, fecando a sua atengao na inserglo econémica dos emigran- tes @ dos wabalhadoras destacados nos principais paises feuropeus © dos imigrantos no mercado de trabalho nacional (Baganha et al, 1998). Em tormos prospectivos, o impacto ‘das actuals dinémicas migratérias de @ para o espago nacio- ral fo! sintetizado, por estes investigadores, como s0 indica ros dois quadros que a seguir apresentamos: #5 Eau a ear 0 corete deve pa acento gus reo daa por MacDo ras © MecDonai 1068s pr Ty © own (7067). ost pre fl ot ‘louse vores de teemageoeSpoo consular pe pos migrants 2 Comuneara spreeannca a wor Cost Ae stration Sou ‘om Evopes ral am Cabra om over de 1938 ‘cusdro 4, Trobalhadoreesualifcados:poslgfo dos Portugueses face grag qualia Tasers Sou ; - i a i Taree |Onwmpepsanco| domo | | |B Sf [eens | resnmeae sama’ | |, | g|erdaene| “Sera” | fren |?) ES : jwvowarensy | [ [EH | Evoudo | Complementardade | Pasionamento & scion |Temamaase | moma | | ese) ‘unio. bodes ab quiindo: lata ete conte ts —n ae PPE Ee] Eu FU s TE 5 ona Fr rn a $34 leaees| ge a Bey wa AE r _ T excngio esragho Fomalate ens Migragoes Irtemacionais de © ara Portugal 253 ac Maia. Baganna Pedio Gals 3. Imigragao 3.1. Contexto internacional 254 Durante 08 anes oitenta, a Europa do Sul tomou-, isto 6, 0 impacto da experiéneia migratria nos filhos dos imigrantes @ respective pracesse de adaptagao & sociedade portuguesa tem tamém edo objecto de vatiadas abordagens (como ‘exemplo, refiram-so 06 traballios de Paes, 1993; Cortesao © Pacheco, 1993; Cortesdo, 1994; o, numa linha substancial- mente diferente, Justina ef al, 1998) ‘Os novas espagos de insérgdofacolhimento de imigrantes ro exterior da Area Metropolitana de Lisboa, nomeadamente nna Area Metropolitana de Porto (Luvumba, 1997) ou, um caso particularmente interessante, o grupo de imigrantes guineen- See em Aqueda (Pereira, 1998) tem, de igual forma, merecido falguma atengdo. A disperse, ombora lenta, dos grupos de Jmigrantes em Portugal, tem vindo a ganhar visibiidade, mas, Iitidamonte, o trabalhos referides cobrem situagoes muito especiticas pelo que no nos permitem ainda uma imagem ‘global deste fonémeno emergent Como foi anteriormente referido, existe hoje um impor tante conjnto de estudos sobre «comunidades imigrantes © rminorias «éinicas» em Portugal. Os problemas te6ticas de cconceptualizagaa @ de operacionalizagéo das varidvels a Zanalisar sao particularmente comploxos, quer porque nem ‘sompre 6 clara a fliagae teérica que esté a ser seguida, quer porque, entre 0 quadro teérico e a operacionalizagao dos conceitoe ullizados na parte empiica, por vezes se aban- ‘dona © quadto te6rico que so defendeu para se adoptar 0 fque se crticou. A maloria dos investigadores a trebalhar nesta tea autofiia-se nas teorias socials ndo substancialis tas e, muito em especial, na corrante constiulivista’®. Um ‘caso em que a atticulagao quadto to6rico / operacionalizago a vo, cabo ae vis comertes, Marra {1938}; Gubermau © Fox (1007) Sammon 1357) acraas (92a, 190, 1998), do conceitos particularmente sélida ¢ 0 dos trabalhos de Fernande Lu's Machado sobre etnicidade (19928, 19920, 4983, 1994), O sitimo destes trabalhos é de particular inte- regse pata 0s objectives deste artigo, uma vez que se dobruga sobre os conceltes de imigranto e de luso-afticano! {ota (altima) desigoagio engloba duas siusges principals. ‘Uma, male aniga, € a dos aticanos de nacenaidade portuguesa, de condigao socal mésia ou elovada © mules voz0s racial ‘mente mistos, que optaram por eo fxar om Portugal a sont ‘a da dasealoni2aga0, Outa, qu se comaga agora a corgi, a dos fhos dos imigranles que jt nasceram ou croscerar fem Portugal Embora dlerentes ene si, estas duas categoias tém, pelo menos, em comum aquilo que az dftencia dos im ffantes propriamante dios: 0 grau do xapdo na sociedade po lguesa e a ausdncia de um projecta de regress0 20s paises do ‘tiger. (Machado, 1994: 111), 04 soja, 0 contexta histérico © as motivagbes que deter ininaram a fkagBo em Portugal dos sluso-africanos» alé 20s fina dos anos 70 ovidenciam caractristicas sécio-econémi- cas (posigbas © qualiioagées prlissionais elevadas), redes {e sociablidade (nao estabelecem relagbes sociaisdectas © regulares com 08 imigrantos das respecivos paises de ot gem (Machado, 1994: 117), uma identidade social (+6 cara tnente a identidade de classe a sobrepor-so & idontiado ‘inea» [Machado, 1994: 117) e uma ancestraidade que cla: famente os distngue dos novos «lusoraficanos» que ape sentam ag caractoristcas Usualmerte desctias na itratura {da copecialiéade para os fihos de imigrantes, a chemada segunda geragaon. ‘© relevante neste trabalho no 6, a nosso ver, 0 6tuo que foi usada para 0 conceit, mas e facto de haves uma nica clivagem entre a populagio de ascendéncia aviana due resicia em Portugal em 1974, ou quo ai so fxou ents ‘1975.0 1900, ¢ a populago de ascendéncia aicana quo s@ fixou em Portugal depois dessa data. Esios aspectos pare- com-nes nao terom merocido suficiente rollex20 entre a camunidade cientilica portuguesa 0, contudo, existem, polo menos, tts razdes polas quals essa reflexdo se atigura imperative: primeiro, porque esta populagso nao results de migragées intemacionais voluntérias; segundo, porque exis- liam alternativas as decisées polticas que foram tomadas ~ recorde-se, por exemplo, que a Holanda reconheceu politica ‘mente as minatias formadas em consequéncia do fim do seu Migra;005 intornacionsisde © ara Porugel Maral, Baganha 264 3.4. Em jeito ‘de balango Recentemente, novas tematicas vem surgindo, de que ‘80 exemplo, © papel da imigragao feminina (Machado e Persia, 1897; Porista, 1997); estudos sociograticos sobre simigrantes» @ resid om Areas degradadas ou envolvidos ‘em processos do realojamento (dle que sao exemplo, Castro f Ferteita, 1981; Craveiro @ Monezes, 1999; Marques et al, ‘sd; Malneires, 1997), sobre os direitos socials dos imigran- tes (Gorjao-Henriques, 1996) e, como referéncia obrigat 108 trabalhos de Pierre Guibent (1885, 1996). A tematica nor. rmalmente designada por «segunda geragdo>, isto 6, 0 impacto da experiéneia migratria nos filhos dos imigrantes @ respective pracesse de adaptagao & sociedade portuguesa tem tamém edo objecto de vatiadas abordagens (como ‘exemplo, refiram-so 06 traballios de Paes, 1993; Cortesao © Pacheco, 1993; Cortesdo, 1994; o, numa linha substancial- mente diferente, Justina ef al, 1998) ‘Os novas espagos de insérgdofacolhimento de imigrantes ro exterior da Area Metropolitana de Lisboa, nomeadamente nna Area Metropolitana de Porto (Luvumba, 1997) ou, um caso particularmente interessante, o grupo de imigrantes guineen- See em Aqueda (Pereira, 1998) tem, de igual forma, merecido falguma atengdo. A disperse, ombora lenta, dos grupos de Jmigrantes em Portugal, tem vindo a ganhar visibiidade, mas, Iitidamonte, o trabalhos referides cobrem situagoes muito especiticas pelo que no nos permitem ainda uma imagem ‘global deste fonémeno emergent Como foi anteriormente referido, existe hoje um impor tante conjnto de estudos sobre «comunidades imigrantes © rminorias «éinicas» em Portugal. Os problemas te6ticas de cconceptualizagaa @ de operacionalizagéo das varidvels a Zanalisar sao particularmente comploxos, quer porque nem ‘sompre 6 clara a fliagae teérica que esté a ser seguida, quer porque, entre 0 quadro teérico e a operacionalizagao dos conceitoe ullizados na parte empiica, por vezes se aban- ‘dona © quadto te6rico que so defendeu para se adoptar 0 fque se crticou. A maloria dos investigadores a trebalhar nesta tea autofiia-se nas teorias socials ndo substancialis tas e, muito em especial, na corrante constiulivista’®. Um ‘caso em que a atticulagao quadto to6rico / operacionalizago a vo, cabo ae vis comertes, Marra {1938}; Gubermau © Fox (1007) Sammon 1357) acraas (92a, 190, 1998), do conceitos particularmente sélida ¢ 0 dos trabalhos de Fernande Lu's Machado sobre etnicidade (19928, 19920, 4983, 1994), O sitimo destes trabalhos é de particular inte- regse pata 0s objectives deste artigo, uma vez que se dobruga sobre os conceltes de imigranto e de luso-afticano! {ota (altima) desigoagio engloba duas siusges principals. ‘Uma, male aniga, € a dos aticanos de nacenaidade portuguesa, de condigao socal mésia ou elovada © mules voz0s racial ‘mente mistos, que optaram por eo fxar om Portugal a sont ‘a da dasealoni2aga0, Outa, qu se comaga agora a corgi, a dos fhos dos imigranles que jt nasceram ou croscerar fem Portugal Embora dlerentes ene si, estas duas categoias tém, pelo menos, em comum aquilo que az dftencia dos im ffantes propriamante dios: 0 grau do xapdo na sociedade po lguesa e a ausdncia de um projecta de regress0 20s paises do ‘tiger. (Machado, 1994: 111), 04 soja, 0 contexta histérico © as motivagbes que deter ininaram a fkagBo em Portugal dos sluso-africanos» alé 20s fina dos anos 70 ovidenciam caractristicas sécio-econémi- cas (posigbas © qualiioagées prlissionais elevadas), redes {e sociablidade (nao estabelecem relagbes sociaisdectas © regulares com 08 imigrantos das respecivos paises de ot gem (Machado, 1994: 117), uma identidade social (+6 cara tnente a identidade de classe a sobrepor-so & idontiado ‘inea» [Machado, 1994: 117) e uma ancestraidade que cla: famente os distngue dos novos «lusoraficanos» que ape sentam ag caractoristcas Usualmerte desctias na itratura {da copecialiéade para os fihos de imigrantes, a chemada segunda geragaon. ‘© relevante neste trabalho no 6, a nosso ver, 0 6tuo que foi usada para 0 conceit, mas e facto de haves uma nica clivagem entre a populagio de ascendéncia aviana due resicia em Portugal em 1974, ou quo ai so fxou ents ‘1975.0 1900, ¢ a populago de ascendéncia aicana quo s@ fixou em Portugal depois dessa data. Esios aspectos pare- com-nes nao terom merocido suficiente rollex20 entre a camunidade cientilica portuguesa 0, contudo, existem, polo menos, tts razdes polas quals essa reflexdo se atigura imperative: primeiro, porque esta populagso nao results de migragées intemacionais voluntérias; segundo, porque exis- liam alternativas as decisées polticas que foram tomadas ~ recorde-se, por exemplo, que a Holanda reconheceu politica ‘mente as minatias formadas em consequéncia do fim do seu Migra;005 intornacionsisde © ara Porugel Marat, Baganna Pedro eis império (Entzinger, 1994; Manz, 1996) ~ pelo que as deci. ‘sbes fomadas © as suas consequéncias devem ser, em si mesmas, tidas em conta na andlise; terceito, porque, como afiima Zolberg, na linha de Horowitz: ‘A etncidade nso & uma meta prjecgio ou um renascimento de ligagoes tadicionais, maa um constueto socal contemperaneo ‘que 6 usado como um recurso erganizacional om conttos sobre 2 repartgao Uo recursos 8 poder. (Zotbarg, 1989: 417) Sao varios os autores que salientaram a mudanga na composigdo @ motivagdo dos nacionais dos Palop quo entra ram em Portugal nos anos 80 (por exemplo, Saint-Maurice, 1997). Essa mudanga em nosso entender, foi acompa- nhada por transformagées_institucionais sulicientemente importantes, que justiticam considerar 0 ano de 1981 como lum ano chameira na imigragéo em Portugal. A razio deste rosso entender prende-se com o enquadramento juridico criado hnesse ano, niomeadamente pelo D.L. 264-B/61 de 3 de Setembro que regula as entradas, permanéncias e saidas de estrangeitos ern tortie nacional, o pola nova Loi da Nacio- nalidade (Lei n.® 37/81 do 3 de Outubro}. O eontetdo do DLL. 264-8781 aproximou a logislago portuguesa da logislagao {dos entdo paises da Comunidade Eeondmica Europeia (CEE) ‘no que conceme as condligdes de entrada, permanéncia, sida, vistos de entrada @ autorizagies de residéncia. A Loi {da Nacionalidade (Lei n® 37/81 de 3 de Outubro) abandona o principio do jus soll em favor do principio do jus sanguinis © iiculla a aquisigdo de nacionalidade por nascimento om ter ritio nacional aqueles cujos progenitores nao sejam nacio ais @ @ aquisigao de nacionalidade por casamento cam lumja) nacional. Mas, a nossa ver, tao importante como as alleragies juridicas inlroduzkdas @ a forma camo essas alle: rages foram percepcionadas pela elite politica no poder. 266 Com a publcapto da Lain 9781 da & de Qutub (Ll da Naso rnakdad}, 0 ero até entéo dominant, do jus so, f0| cube {uid por um citio mals condizenta com palees de protundas rajzes historias como Pertugal odo jus sangunis. E, de facto, @ nacionaldade dos pais que se encotira na albu orignaia

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