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Eletrénica basica para Mecatrénica - 42 parte Pontes - H Newton C. Braga Na Parte 3 desta série, vimos de que modo podemos usar os transistores bipolares ou FETs de potén como chaves e, com isso, controlar cargas a partir de sinais fracos. Observamos também como podemos associar transisto- res obtendo maiores sensibilidades e, conseqiientemente, fazer o controle de cargas potentes com sensores e outras fontes de sinais muito fracos. No entan- to, os tran: tores sao chaves de apenas 1 pélo, fator que limita suas aplica- Ges. Nesta parte da nossa série, veremos de que modo podemos superar essa limitagéo empregando os transistores para inverter o sentido de circulagao nas cargas, fazendo-os operar como chaves de contatos reversiveis. Estudaremos 0 funcionamento e a montagem das pontes H. lém de poderem con- trolar apenas um tluxo de corrente, os tran- sistores bipolares e Power-FETs tm ainda como limi- tag&io ao seu uso 0 fato de sé deixarem passar a corrente num sentido. Realmente, conforme vimos na parte anterior, os transistores tem polaridade certa para sua opera- G80, deixando passar a corrente num sentido que depende do seu tipo, conforme ilustra a figura 1. Desse modo, os transistores NPN @ PNP devem ser polariza- dos de formas diferentes, analogamente aos transistores FETs de poténcia de canal N e de canal P. Esse fato limita de certo modo (© uso de um Unico transistor no controle de uma carga como, por exemplo, um motor de corrente continua, se desejarmos além de ligé-lo e desliga-lo, inverter tam- bém 0 sentido de circulagao. Na segunda parte desta série de artigos, estudamos de que modo podemos usar chaves reversiveis ou relés de contatos reversiveis para inverter o sentido de circula- ‘gio da corrente em uma carga. Se essa carga for um mo- tor, podemos inverter o sentido de seu movimento simplesmente in- vertendo o sentido de circulagao da corrente; veja a figura 2 Como fazer o mesmo utilizando transistores, sem a necessidade de acionarmos algum dispositivo intermedia- rio como os relés? Eliminar 0 uso de relés em muitos projetos nao sig- nifica apenas economia de es- pago. Eles sé0 componentes muito mais caros que os tran- sistores @, além disso, por se- rem dispositivos _ eletro- mecanicos, tem uma vida util menor e estado sujeitos a um maior numero de falhas. ‘Meia Ponte (Half Bridge) Aidéia de se empre- gar transistores de for- ma semelhante aos rolés e chaves reversf- veis para se inverter a cortente numa carga no é impossivel, e ha diversas maneiras de se fazer isso, Uma primeira solucdo é a que exibimos na figura 3 Nesse circuito, temos uma fonte de alimentagao dupla (duas tenses) que alimentam através de dois transistores NPN uma carga, que pode ser um motor de cortente continua, por exemple. Som sinal nas bases os tran- sistores estao cortados © nenhu- ma corrente circula pela carga, ‘que permanece entao inativa. Se aplicarmos uma tens&0 que polarize a base de Q, no sentido de fazé-lo conduzir, a Corrente cit- culara pela carga fornecida pela bateria B, e tera o sentido indica do na figura 4. Se essa carga for um motor, podemos dizer que ele rodard em plena velocidade no sentido direto. Para inverter a circulagao da corrente na carga, basta retirar 0 sinal aplicado na base de Q, e, agora, aplicd-lo na base de Q, de modo’ que este transistor condu- za. A corrente circularé pela car- ¢ fornecida pela batoria B, @, so 2 carga alimentada for um motor, ele tera 0 sentido de rotacao in- vertido. Na figura 5 vers 0 sen- tido de circulagao da corrente nes- sas condicoe: Um ponto muito importante a ser observado nesse circulto que nao podemos, de forma al- guma, aplicar um sinal de pola- rizagdo ou controle ao mesmo tempo nas bases dos dois tran- sistores. Se isso acontecer, os dois transistores conduzirao a0 mesmo tempo, colocando em A corrente intensa que circu- lara pelos transistores causara a sua queima. Outro ponto relevante que de- vemos observar no acionamenio desse circuito ¢ que a tensao apli- cada & base dos dois transisto- res tem como referéncia o terra entre as duas baterias. Logo, como a alimentacao des- se circuito € dupla, podemos di Zer que 0s transistores estéo a mentados, na verdade, por circui tos diferentes, Podemos melhorar o circuito usando transistores. complementa- res, conforme mostra a figura 7. Com 0 uso de transistores NPN ¢ PNP, notamos que Q, con- duz quando sua base for coloca- da a terra do circuito que ¢ a jun- a0 das duas baterias, e que Q, também conduz nas mesmas con- digdes. Isso quer dizer que o sinal de controle pode agora ter a mesma origem, © que simpifica 0 circuit. Se usarmos sensores reversi- veis, por exemplo, atento para a figura 8, bastara comutar a posi- ‘940 da sua ligagao para que um ou outro transistor conduza, assim a corrente circule num ou noutro sentido. Evidentemente, nesse caso também devemos evitar a condigzo fem que 0s dois transistores condu- Zem ao mesmo tempo, pois isso curto as duas baterias; observe causaria um curto-crcuilo entre as a figura 6: batorias através dos transistores ue, entéo, se queimariam. Ponte Completa (Full Bridge) c mente tem como principal limita- cer Fura 4-0, conauzna. (0 0 fato de necessitar de uma 8 | (NPN ce i ee = i arate oe os ssaturaco) J a o ortho =o, = E a = SQ) ome oF Tg Vax owe tt ret rcuto* ; Es Lge o = — a = Carga nh) t — a2 AT op oS = conaco, Ly —+ Suucdf Ls J Figura 1 ~ Comenta nos rensistores NPN Firs 6 - 0, 0, condiind -etuaeéo proba © eurtocrauto, Figura 7 - Usando tansistores complamentares. 470.9 eae eet Direto ] Sencar 2 t [ Reverso 470.0 es res Figura 8 - Apicacdo petica para motores até 1A fonte de alimentagao dupla ou si- métrica, Precisamos ter fontes de ten- #40 para os dois ramos do cir- culto que operam de maneira dependente, dificultando assi a elaboragdo dos circuitos de controle © exigindo mais com- ponentes. Uma maneira de se imple- mentar um circuito capaz de in- verter 0 sentido de circulagao numa carga usando apenas tran- sistores e com fonte simples, 6 a que tem a configuracao basica ilustrada na figura 9. Pela disposicao dos compo- nentes que lembra um “H’, essa configuragéo também é chamada de Ponte H e, no caso, temos uma ponte de controle completa, pois iremos controlar as correntes em dois ramos do circuito. Analisemos 0 principio de fun- cionamento desse circuit. Quando os transistores estao sem sinais nas suas bases, ne- nhum deles conduz e nenhuma corrente pode circular pela carga (por exemplo, um motor de corren- te continua). ff) ) eae Motor Aplicando nas bases de Q, € Q, uma tenso que os sature, e5- ses transistores conduzirao © @ corrente circulara no sentido indi- cado na figura 10 Se a carga for um motor de cor- rente continua, podemos dizer que ele rodar no sentido direto. Para inverter o sentido de cit- culagdo da corrente, bastard apii car uma tenséo que polarize os transistores Q, © Q, levando-os ao corte. A corrente circulara entao no sentido indicado na figura 11 Observe que, neste caso, também temos duas situagoes “proibidas” que podem levar a bateria a um curto e com isso & queima dos transistores. Essas situages so aquelas em que os transistores Q, e Q, condu- Zem ao mesmo tempo ou em que Q, e Q, conduzem simultanea- mente, 0 que € mostrado na fi- gura 12 No circulto indicado usamos transistores NPN apenas, mas podemos fazer a mesma confi- ‘guragéo empregando transisto- res PNP, ou ainda usando os dois tipos. _ Figura 9 - A ponte H, Fgura 10-0, € Q, conduzinio. Na verdade, usando transisto- res NPN e PNP ao mesmo tempo temos a possibilidade de incluir certa “légica’ a0 circuit. Assim, unindo as bases de Q, € , que sao complementa- res (um 6 NPN € 0 outro é PNP), garantimos que a tensao que for aplicada a essa entrada, se po- larizar um dos transistores de modo a fazé-Io conduzir, certa- mente levara 0 outro ao corte, @ esse nao conduzira, tornando, assim, impossivel termos a con- digo “proibida” conforme apare- ce na figura 13. Figura 11 - 0, € Q, conduzindo. 4 @) J oH = Motor B, |@ ] Soa Figura 12 - Stuagoes probicas: 01/02 ‘Sonduzinda ou 8/4 condizindo. ‘vansisioros complomentaes Ligando esse crcuito ponte H, _@ saida do segundo inversor ao Agregando Légica teremos a circulacao da correnteno _nivel baixo. Nessas condigdes, ‘sentido exibido na figura 16. © sentido de circulagao da cor Nos circultos que estudamos Para inverter 0 sentido de cir- _rente na carga sera o indicado temos duas ou até quatro entra- culagao da corrente na carga, na figura 17. {das de sinais, que precisam serex- basta inverter o nivel ldgico da Note que nao 6 possive! termos itadas de modo conveniente para entrada. Com 0 nivel baixo na _@ condigao de que as saidas dos ‘que a corrente circule num ou nou: entrada do primeiro inversor, sua dois inversores sejam ao mesmo tro sentido, ‘saida ird ao nivel alto e com Isso tempo alta (positivo) e baixa (ter- Necessitamos, portanto, de uma ra), 0 que nos levaria a uma condi- combinagao de sinais de entrada {¢40 “proibida” capaz de por em cur- para que a corrente circule num ou 4001 Inversor to a alimentacdo através dos tran- outro sentido, Para que tenhamos a aplicacso correta de sinais@ partir de um tni- servado em todos esses circuitos co ereuito ou de uma contiguragao con 6 que a tensao que controla a car- mais simples, & conveniente agre- j {ga e que, por conseguinte, alimen- os 1a 0s transistores, no precisa ser sistores, causando sua queima. = Or Um ponto importante a ser ob- gar algum sistema légico a ponte que @ leve a0 comportamento de- ‘mesma e nem vir da mesma fon- sejado sem a necessidade de “que- 4089 te em relagao aquela que alimen- brarmos a cabege" para obter a [=> dm ta a looica combnacto do eae Goecova. WLP] ‘Assim, podemos controlar mo- Uma forma simples de agregar tores de 12 V, 24 V ou mesmo 48 logica consiste em utilizar portas de Va partirde légica alimentada por circutosintogrados CMOS como in- Fours 14 - Casa Cl crt 4 poras quo uma tensa0 de 5 V, 6 V ou 12 V. oan edo ser usadas como INONOTS. Sem problemas Diversos circuitos integrados (CMOS podem ser usados para essa finelidade como, por exemplo, os 4001, 4011, 4083 e outs, confor. me lista 4 figura 14 Duas portas desses circuitos funcionando como inversores po: dem a partir de um tinico sinal de 10 comando (tensao positiva da al | Ber bea mentagdo ou terra), fornecer na | oe safda sinals positives e terra com ro a légica necessaria a0 acio- ar t namento de uma ponte; veja a fi- Paes gura 15 : soos ‘Assim, no circuito dessa figura, quando a entrada esté no nivel alto (tensao positiva), a saida do primei- ro invorsor ost no nivel baixo (ter- ra) € a saida do segundo inversor 7o nivel alto (positive), Fgura 15 - Porte com lice Cod —cemrasa Figura 17 - 0/0, -eondurind, Devemos apenas cuidar para que a tensao de controle aplicada as bases dos transistores seja suficiente para leva-los a satura: G0 quando eles precisem ser acionados. Controle i despa (OV Figura 18-0, Iga e desiga © motor am ‘ualquét sentido de rtacao. Isso significa que, em alguns casos, devemos alterar os va- lores dos resistores utilizados na polarizagao de base dos transistores. Ligando e desligando Um dos problemas deste cit- ccuito 6 que ele faz com que a cor- rente circule num sentido ou nou- tro na carga, dependendo do ni vel ou polaridade do sinal de en- trada Como fazer, se quisermos ter uma condicgo a mais de funcio- rnamento que seja a de poder con- trolar a partida (igando ou desi- gando © motor, por exemplo) tam- bem usando transistores? Isso pode ser conseguido agregando-se um quinto transis- tor a ponte, conforme mostra a figura 18, Com esse transistor polariza- do no corte, a ponte ndo recebe alimentaco, e com ele polariza- do de modo a saturar, ela recebe «2 sua alimentacdo normal Temos, entéo, dois controles possiveis no circuito: sentido & liga/destiga. Evidentemente, temos de con- siderar que uma pequena queda de tensiio ocorre nos transistores em condugao e que trés doles em sé- rie, quando qualquer ramo estiver ‘conduzindo, pode significar uma pequena perda de energia no cir- cuito, Uma maneira de se reduzir essa perda é usar um relé no con- trole liga/desiiga. Pontes na Pratica Na pratica, as pontes devem ser utilizadas para controtar moto- res que drenam uma corrente con- sideravel, Desse modo, se tivermos uma corrente de 500 mA, por exemplo, deveremos usar tran- sistores de média poténcia como os BD135(NPN) e BD136 (PNP). Esses transistores, conforme mostra o circuito da figura 19, tm um bom ganho podem ser controlados por sinais fracos como os forneci- dos diretamente pelas saidas de inversores CMOS. ‘Se vamos controlar cargas de maior corrente com transis- tores a exemplo dos TIP31 (NPN) e TIPS2 (PNP), que tam- bém tém ganhos mais baixos, precisamos adicionar transisto- res amplificadores para dispor- mos de mais corrente de exci- taco a partir das saidas logi- cas de integrados CMOS ou mesmo TTL, que sao mais usa- dos nos controles dos projetos mecatronicos. Na figura 20 verios como isso pode ser feito. Esse circuito, usando transis- tores como os TIP31/32, pode con- trolar cargas de até uns 2 A, em- pregando o parTIP41/42 cargas de até uns 3 A. Veja que, nos dois casos, os transistores de poténcia devem ser montados em radiadores de calor. Na figura 21 temos 0 circuito + 4eisv_ prético de uma ponte com transis- or cf tores Darlington de poténcia. a Finalmente, temos a possibiida- 9 OR mie D. do de uitzar os FETS do poll, , © que 6 una alleratva important a 0 aaa Pe wx ae Pe crater ee —; ) BD135' BD136/| + tes é superior a 12 V. TiPat TIPS1 Vy Com tensdes maiores, os FETS er de poténcia apresentam uma re- sisténcia entre dreno e fonte (Rds(on)) muito baixa, © que re- Fgura 19 - Ponte H para 500 mA (80138/196) ou 2A (TIP31/82). presenta a capacidade de contro- ar correntes muito intensas com Pequenas perdas. Part Na figura 22 ¢ mostrado um Circuito prético usando FETs de potancia a9 Podemos ter configuragdes CS compexas como slgunas due ipsae2 — Tpsaiez nN ossuem citcuitos de realimenta- ® Gio. Apresontamos na figura 28 470 uma ponte desse tipo. + Brn ee) Nessa ponte, um transistor de | Motoe > cada ramo & controlado, reali -f) B mentando assim o transistor cor- Xb! respondente do outro ramo de 80548) 47 a prove TRON 47 BOSH modo que ele conduza simultane- ) a amente. O valor do resistor depen- de do ganho do transistor. Se forem usados transistores equivalentes aos indicados, pode- ré ser necessario alterar o valor desses resistores de forma a se Outra solugéo para 0 contro- 121/122 (NPN) e TIP125/126/ _obter o melhor desempenho. le de cargas de correntes inten- 127 (PNP) podem controlar car- Finalmente, temos pontes hi- sas com sinais fracos como os gas de até uns 2 A (*). bridas que podem utilizar tanto obtidos de circuitos légicos, (*) As cortentes maximas de transistores bipolares quanto consiste no uso de transistores _coletor desses transistores, na ver- FETs de poténcia Darlington: dade, sao maiores, mas, conforme Na figura 24 temos um exem- Os tipos como os TIP110/ a dissemos, ndo devemos traba- plo de uma ponte desse tipo (que 111/142 (NPN) e TIP115/116/ har com esses componentes nos usa transistores de poténcia 117 (PNP) conseguem controlar seus limites, pois isso reduziia sua__bipolares ou FETs de poténcia e cargas de até 1A, enquanto que _vida itil e os tomaria mais sensi- tipos maiores como os TIP120/ _veis a falhas. a ‘s0V +6a418V " [ 7 1 (Gea aS ia ) ay J TP Njinres ined 7 7 04 yo2 vee D I ( eet 1oKa Wier < A corap " t o a {B) 2% G N nN (E) } Mor s |SSharsco imesaok7 ] Lex =® 4 uPi20 spt20 : ~ 2 Fgura 22 - Ponte usando FETS de Figura 21 - Ponte com Datingtons de poténcle, poténcia ieee 1° —-—£f Janes + —

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