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O laboratério da nagao: a era regencial (1831-1840) Marcello Basile erry I | Fase mais conturbada da hist6ria do Br almente visto sob perspectiva negativa, que o caracteriza como época fi ‘como empecilho a formagio e & preservagio da dessa imagem, presente em auto- iriografia sobre a Regéncia, re- res que posteriormente marcaram tmonta, sobretudo, as obras de historiadores e politicos conservadores do inado, como Justiniano José da Rocha, visconde do Uruguai, 1a, Moreira de Azevedo ¢ Joaquim Nabuco.' Enfatizavam ito democratico”, a0 excesso de liber- los e caramurit lca, assucessivas revotas, A desordem generalizada, que ‘dade nacional; quadro, enfim, que ia frontalmente idade e ordem que faziam do império e que foi ampla iva encontra-se, por outro lado, no discurso ‘Torres Homem, Theophilo Ottoni, Cristiano Benedito Orton ylar fase de triun- jomento que teria sido abortado a pat Foi, contudo, a visio anémica que, com diferentes matizes, deixou iografia. Eo que jd evi conjunto de biog Octavio Tarq a notéria im de Souza entre as décadas de 19: ncia da obra af também se observa nitido olhar de re- © ara: MPERIAL — VOLUME 2 provacdo para com os exaltados, os caramumts € suas propostas, a voltas¢ seus participantes, tudo: aga a ordem, governo es ins bem-vista a agio dos moderados, cujos valores e discurso zes reproduzidos de maneita acritica, Esse estudo referéncia sobre o assunto, evidenciando a pouca a Regéncia por parte dos historiadores. Tanto assim que muito se deve também as obras pioneiras de Moreira de Azevedo — sobretudo as rela- as ¢ associagGes —, publicadas nas décadas de 1870 e 1880, {que assumem abertamente a defesa dos moderados.* Outro trabalho se pre citado, e bem mais recente, € o artigo de Paulo Pereira de Castro, ese do perfodo, original mais pela proposta do que pelo contetido; apesar de p visio mais equilibrada das lutas politicas regenciais.* ‘A partir do final da década de 1970, com 0 desenvolvimento dos cursos de pés-graduagéo no Br cestudos sobre a Regéncia, abordando em profundidade objetos m: ‘Uma das us espacos de acao. “bes monarquicas; tivasas rev avangar em termos de pesq pro- issoras é a que se dedica aos grupos Refletindo a importancia crucial adq afigura-se como campo-chave de estudo, Além da nordmicas ¢ descritivas acerca da produgio jornal para contato inicial com o assunto,” destacam-se os trabalhos de Arnaldo ‘Contier, abordagem histérica elingufstica do vocabulério politico e social da imprensa de So Paulo e suas matrizes ideol6gicas; de Vera Firstenau, centrado na segao de correspondéncia dos periédicos do Rio de Janeiro, enquanto espaco de comunicagao entre 0s leitores ¢ deles co dades; de Ivana Lima, arti jornais flumi- nenses de identidades étnicas € design: relativas A nogio de mesticagem; e de Marcello Basile, acerca dos dife- 108 veiculados na imprensa da corte.’ Igualmente bastante atuantes no periodo, as associagdes constituem ‘0 vasto campo a ser explorado. Além do citado artigo de Moreira de Azevedo, que se limita a fazer um inventario das sociedades, tratam Bes raciais ° OnIo BA NAGAO! A ERA REGENCIAL (1831-1840) do assunto as obras de Augustin Wernet, sobre as agremiagbes tle Sio Paulo (sobretudo a Sociedade Defensora); de Lucia Guimaraes, {que aborda a Defensora do Rio de Janciro; de Marco Morel, que rasa o associativo fluminense, in s quatro associagbes repre- sentantes das facg6es politcas da corte; um capitulo de Manuel Correia de Andrade ¢ outro de Silvie Fonseca, dedicados a Sociedade Federal de enfocando duas entidades de carat eaS dades mag6ni Sociedade Auxi Instrucio —, os estudos de José Werneck da antes para a compreensio acerca da organizagio das facgbes politica regencaise de suas propostas so também obras como ade Alcir Lenharo, que aponta para as ligagbes do grupo de produtores ¢ comer cGantes do interior de Minas Gerais dedicado ao abastecimento da corte com os moderados; de Wlamit Silva, sobre a construgio da hegemonia ‘moderada em Minas Ger nalisando primeiro a tra~ jetdria do lider exaltado do espaco pliblico moderno fluminense, com suas redes de poltica, nas décadas de 1820 a 1840; eas citadas de Mar Acrescente-se 0 trabal iriam Dolhnikoff, que pretende postular que 0 projeto federalista nao foi derrotado, mas é fe durante o Segundo Reinado, sendo isso responsivel pela unidade nacional" Por fim, hé 0 estudo de Jeffrey Needell sobre as origens do Partido Conservador na Regéncia, com a formagio do Regresso."* © tema mais visitado pelos his ‘Aggrande maioria, entretanto, amplitude nas provincias, como a Cabanagem, a Balaiada, a Sabinada, a ns poucos tabathos, todavia, arevolta ide Pinto Madeira e Benze-Cacetes, em 1831-1832, no Ceards a Setem- brada e a Novembrada, em 1831, a Abrilada, em 1832, eas Carneiradas, ‘em 1834-1835, todas em Pernambucos os distarbios de abril de 1831 € os seis levantes federalistas de 1832-1833, em Salvador; a revolta do Ano riadores € 0 das revolts rege ntra-se sobre movimentos de maior is. em 1833, em Ouro Preto; a Rebeliio Cuiabana, em 1834, € 08 0ito movimentos de protesto na corte, malgrado suas dimensdes mais modestas, foram bem mais rnumerosas ¢ disseminadas pelo império, causando, no con das grandes revoltas."* Nessa perspectiva impac- sa participagdo popu- lar em meio as disputas politicas na corte, no contexto de construgio da “liberdade” ¢ de formagéo da identidade naci nna Bahia”. Area que comega a ser explorada, nesse entrecruzamento de manifes- tages politicas e sociais, é a das festividades civicas regenciais, que cum- priram importante papel na mobilizagao das mais diversas camadas sociais € na afirmagao dos valores nacionais. Destacam-se ai os trabalhos de Hendrik Kraay, que analisa as manifestag6es civicas na Bahia e no Rio de Janeiro pés-independéncia, assinalando os rituais peculiares — nem sempre conforme as expectativas oficiais, mas expressando lealdade 20 Estado — introduzidos pela intensa participagio popular; de Carla Chamon, sobre as festas cfvicas de Minas Gerais, realizadas em 1815, (celebrando a criagio da fabrica de ferro do Morro do Pilar, no arraial Pedro I) e em 1845 (fim da Revo- ‘que aborda o processo de desen- volvimento e de retragao das festas civicas da corte enquanto instrumento de agao politica." Verifica-se, portanto, que, apesar cos avangos recentes, € a0 contra- tio do que pensa Rollie Poppino,"* ainda h& muito o que pesquisar sobre © periodo regencial, até para s le antigas obras importantes que permanecem como referéncias quase ‘inicas em temas fundamentals. Hi amplo espaco aberto para novos estudos, que deem conta, part ide ¢ riqueza da época em termos, sobreti nto em relagio a —ea Cemiterada, corte, quanto as distintas realidades provinci (© LABORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIA [A VACANCIA DO TRONO E A DIVISAO DAS ELITES REGENCIAIS erador e a nagio, entendendo-se por nagio a minoria pol * fo inglés John Armitage, testemunha ocular de io militar”.* Tais interpreta- ges, no entanto, obscurecem a complexidade de um proceso mar- cadamente conflituoso, que envolveu diferentes atores sociais, con expectativas diversas, to mais do que produto de um simples arranjo das elites, a sintomatica- mente chamada Revolugio do 7 de abril foi resultado no s6 das tramas urdidas na imprensa, no Parlamento, nas sociedades secretas € nos quar- téis, mas também da forte pressio popular; participagio essa manifesta nos frequentes movimentos de protesto, envolvendo até centenas de pes- soas, que se multiplicaram pelas ruas da corte no més de margo e na primeira semana de abril, e que culminaram na grande mobilizagao do dia 6, reunindo nada menos do que cerca de quatro mil pessoas. Con- forme assinalou Arnaldo F 10, “Aecrise que derrubou o Primeiro Reinado contow com um ingrediente novo e sumamente representativo: a participacao ativa das massas popu duos de mais radical oposigio ao absolutism ico como arena de luta do: diversos grupos politi marcando a emergéncia de novas formas de acio politica, em momento no qual, transbordando a inal esfera dos circulos palacianes ¢ das instituigGes representati- vas, tornava-se piblica, ¢ se assistia a uma répida politizagéo das ras.” A frente desse movimento estavam 0s liberais moderados e exaltados, facgées politicas com projetos ¢ linhas de agio distintos, mas que ent&io ‘moderados reuniam uma nova geracio de p tudo, do Rio de Janeiro, Minas Gerais ¢ Sao Paulo, vinculados, como apontou Lenharo, aos produtores ¢ comer -s do interior mineiro, ligados ao abastecimento da corte ¢ associados a individuos oriundos da Ppequena burguesia urbana e do setor grupo cuja projegio socio- econ6mica nio correspondia a participagio almejada no governo impe- * Os liberais exaltados organizaram-se pouco depois, em torno de 1829, em meio ao acirramento da crise politica; apresentavam perfil social mais heterogéne s camadas médias urbanas iberais e funcionérios puiblicos civis, mi da imperi A frdgil e estratégica alianga entre os dois grupos nao resistiria, po- rém, As consequéncias de sen grande feito —a abdicacio celebrada como © advento de nova e auspiciosa era, como “revolucao gloriosa”, dia em que “comecou a nossa existéncia nacional”, fruto da “patriética unio do Povo e Tropa”. Todavia, o espirito inicial de congracamento, eufo- eesperanga logo deu lugar a tensdes e conflitos decorrentes das dife- is marcantes entre as duas facgoes. A vacincia do Trono deflagrou violenta disputa pelo poder regencial, prontamente ocupado pelos mo- derados, que se achavam mais bem articulados politicamente. A compo- sigio da Regéncia Trina Provis6ria — escolhida na manha de 7 de abril pelos parlamentares presentes na corte até que a Assembleia Ger: to em recesso, nomeasse outra para governar durante a menoridade de d. Pedro Il — jd deixava clara a direga0 modenada ¢ a exclusio dos exal- tados: 0 brigadeiro Francisco de Lima e Silva e os senadores Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e José Joaquim Carneiro de Campos (mar- qués de Caravelas). Confirmou esta tendéncia a escolha, em junho, da Regencia Trina Permanente, formada pelo mesmo Lima ¢ Silva e pelos deputados Joo Braulio Muniz e José da Costa Carvalho, todos modera- inaqueles tempos de aguda ponsivel pelo et role p verdadei (0 LABORATORIO OA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) moderados do leme da revoh apelado conasco para o jutto de Ds Tais disputas expressavam, essencialmente, a existéncia de diferentes projetos politicos. Situados a0 centro do campo politico imperial, os moderados apresentavam-se como seguidores dos postulados cléssicos liberais, rendo em Locke, Montesquieu, Guizot e Benjamin Constant suas principais referéncias doutrindrias; almejavam (e conseguiram) promo- ver reformas p itucionais para reduzir 0s poderes do impera- dor, conferic maiores prerrogativas 4 Cimara dos Deputados e auronomia 20 Judiciério, e garantir a observaincia dos s, sobretudo) de cidadania previstos na Constituigao, instaurando uma liberdade “moder- na” que nao ameacasse a ordem imperial. A esquerda do campo, adeptos de radical liberalismo de feig6es jacobinistas, matizadas pelo modelo de ‘governo americano, estavam os exaltados, que, inspirados sobretudo em Rousseau, Montesquieu ¢ Paine, buscavam conjugar prinefpios liber cléssicos com ideais democréticos; pleiteavam profundas reformas p ticas € sociais, como a instauragio de uma repiblica federativa, a exten- sio da cidadania pol todos os segmentos livres da sociedade, (6 fim gradual da escravidao, relativa igualdade social e até uma espécie de reforma agearia. Um terceiro grupo concorrente organizou-se logo no inicio da Regéncia, os chamados caramurus. Posicionados do campo ¢ alinhados a vertente conservadora do liberalism, tributéria de Burke, eram contrérios a qualquer reforma na Constituigio de 1824 defendiam monarquia constitucional firmemente centralizada, nos mol- des do Primeiro restauradores.** Tais projetos revelam concepgdes € propostas distintas acerca da nagio que esses grupos, cada qual a sua manecira, pretendiam construir, e se inserem em uma cultura pol da, que combinava as ideias mais avancadas do liberalismo com re absolutistas do Antigo Regi coi .do, em casos excepcionais chegando a nutrir anseios (0 BRASIL IMPERIAL — VOLUME 2 [AS ARENAS POLITICAS 6 dos setores médios urbanos, como também dos digdo social. Nas principais cidades do império, assiste-se d p {des representativas ¢ transborda para a emergente esfera valorizada como instancia legitima de participacio, palco de fendmeno seria registrado, décadas depois, pelo mineiro Francisco de Paula Rezende, que vivera sua infancia na Regéncia: tempo o Bras! por assim dizer, muito ma do que tao ordain yn ures vivia em uma atmosfera tio essencialmente pe i so quando ia para a ex comeava logo Daguiresl depressa aprendia a f ‘mais ou menos solene e a0 qual tod dlixavam de ir asitir; ou que nio fosse J, pelo menos, s asse de por na rua um: alvorada, Ainda que no Parlamento os debates fossem mais circunseritos ¢ conti- dos, em ambiente de austeridade preservado tanto quanto possivel das 231-1840), (0 LABORATORIO OA NAGAO: A ERA REGENC! jdeias e ages mais radicais observadas em outras arenas politicas, Camara @ Senado nao escapavam das press6es advindas do clamor sanifestas tanto na imposigo de temas i agenda politica como na pre- campouco das cliva- senca popular massiva nas sessGes legislativas" — gens que demarcavam as facg6es politicas.Havia cem cadeiras na Camara dos Deputados na segunda legislarura (1830-1833),"" nfimero que na terceira (1834-1837) passou para 104" € na quarta (1838-1841) cai para 1 tude de nao haver representantes do Rio Grande do Sul (devido & Revolugio Farroupilha). O Senado, por sua ver ‘compost por 50 membros vitalfcios,* durante todo o p teve 24 senadores nomeados.¥ Se havia menos disparidade na composi- fo politica da cdmara alta, com amplo predominio dos caramurus e, mais tarde, dos regressistas, na baixa a divisio de forgas era mais com- plexa. Dos 123 deputados (incluindo, além dos eleitos, os suplentes que dencia p moderados; 35 (39,3396) aos caramurus; ¢ apenas sete (7,866) aos exal- tados. Os dados atestam, por um lado, a supremacia dos moderados, senhores do governo rej rna Cimara dos Deputados, ¢, por outro, 1 fraqufssima representatividade dos exaltados no seio das instituigdes politicas formais, o que fazia com que, em escala nacional, a atuagio po- Iitica do grupo ficasse restrita as arenas informais do espago pt Quanto aos carannurus, sna elevada presenga tia Cémara chega a der, demonstrando que nao tinham forgas6 no Senado e que mesmo na- im condigdes de incomodar os moderados. Entre leres como Evaristo da Veiga, Diogo Feié, Bernardo Pereira de Vasconcellos, José Custodio Dias, José Bento Ferreira de Mello, Odorico Mendes, Carneiro Leio, Francisco de Paula Araujo, Miranda Ri- beiro e Araujo Vianna Entre 0s cara ‘Martim Francisco de Andrada, Miguel Calmon, Araujo Lima, José Clemen- te Pereira, Francisco Montezuma, Antonio Rebougas ¢ Lopes Gama. Na filho Ernesto Ferreira Franga, Venancio Henriques de Rezende, José Lino Coutinho, Antonio de Castro Alvares, José Mendes Vianna e Luiz Augusto May. preen- 83 ‘J4 na terceira legislatura, salvo poucas exc nao havia, em geral, do de transigao entee as antigas trés facgoes € as que comegaram a se esbocar a partir de 1835 (0 Regresso e 0 Progresso. Na época das eleigbes, realizadas em marco de dos deputados eleitos (dois indo a Aurora -anjo, porém, mal se susten: lurante 0 primeiro ano da legislatura, comegando a ruir logo apés a aprovacio, em agosto de 1834, do ato adicional — t6pico herdado do quadriénio anterior © que ainda mobilizava as antigas identidades pol «eas. Pouco depois, coma saida de cena de caramurus, exaltados e mode rados, tem inicio o Regresso, arti ioderados, como Bernardo de Vasconcellos, Carneiro Ledo e Rodrigues Torres, aos quais aderiram antigos caramuurus, como Araujo Lima e Miguel Calmon. Mas 0 arranjo parlamentar do Regresso niio se fez de hora para outra; foi processo que se estendeu de 1835 a 1837, de modo que as adesdes nao foram imedia- tas e sim conquistadas aos poucos, a partir do desgaste dos moderados ¢ do novo di ferno. Até entio, a tendéncia -a que prevalecia na Ca- do & Regéncia, sem que isso necessariamente implicasse incorporacao ao bloco regressista ou a qualquer outro. O ‘mesmo se passou com 0 Progresso, que paulatinamente surgi em res- posta ao Regresso, aglutinado por homens como Antonio Limpo de Abreu, ‘Manoel do Nascimento Castro e Silva, Francisco de Souza Martins e José icas na legislatura de 1834-1837 eram, portanto, bastante indefinidas,o: das, convivendo confusamente moderados, ca nescentes, despojados de referenci identidade parti disso, poucos se assumiam como tais, e varios mudavam de posigio, tor- nando muito forgado agrupar esses deputados sob rétulos de facgées especificas, antecipando posturas que s6 mais tarde foram def ‘mente na quarta legislatura as tendéncias pol das, com a politizagin entre regramistare progressiviag 5" E neme niesina perfodo que Senado e Camara (guardando esta iltima sempre maior di- 5 oposici (© LABORATORIO DA NACAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) vyersidade) iro, afinal, apresentar maior sintonia ¢ cat empunhando firmemente a bandeira do Regresso. imprensa conheceu desenvolvimento sem precedentes na década de 1830. Verifica-se, em particular nesses primeiros anos, vertiginoso cres- ccimento de publicagdes nos centros em que j& havia tipografias — de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Maranhio, Pari, Minas Gerais, Cearé, Paratba, Séo Paulo, Rio Grande do Sul e Goigs —, aos quais se vieram somar, até 1840, Santa Catarina, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe as polfticas, A emergéncia de diferentes pre - ica. Foi a arena na qual os debates transcorreram com maior abertura e amplitude, além de franca virulén- iva liberdade de expressio e pela pritica comum imato, Jomnais e panfletos foram os grandes responsaveis pela produgéo ¢ difusio da cultura politica, ultrapassando até a barreira do analfabetismo, uma vez que os impressos eram habitualmente lidos e co- mentados em voz alta em pai nicagéo. Exerceram, assim, vigorosa pedagogia politica como principais ‘veiculos de expressio de ideias e de propaganda das facgbes concorren- tes, Importantes jornais desempenharam esse papel, nense, redigida por Evaristo da Veiga, Nova Luz Brasileira, de Ezequiel Corréa dos Santos, Caramuru, de David da Fonseca Pinto, e Sete d’Abril, Gerais, O Universal, sob inspiracio também dest nas, de Baptista Caetano de Almeida, ea Ser . de José Manoel da Fonse~ Iva Carrio, O Justiceiro, Didrio da Bahia, de Francisco Sabino da Rocha Vieira, A Luz Babiana, de Joao Carneiro Rego Filho, ¢ O Precursor Federal, de Luiz Gonzaga deiro, O Bernardo de Maranhao, Pharo! Maranhense, de José Candido de Moraes ¢ rapuceiro, de Lopes Gama, ¢ O isa Franco e por Alvaro e Sergio Tei se, redigido por ade Macedo; no | | Chronica Maranhense, de. Francisco Lisboa, ¢ O Bem-te-vi, de Este- ‘vio Raphael de Carvalho; no Pard, Publicador Amazoniense, de Baptista ‘Campos, O Desmascarador, de Antonio Feliciano da Cunha e Oliveira, e Sentinela Maranhense: na Guarita do Pard, de Vicente Lavor Papagaio; no Rio Grande do Sul, O Recopilador Liberal, de Manoel Ruedas; Cons- titucional Rio-Grandense, de Pedro José le Almeida, e O Inflexivel, de Joaquim José de Araujo; além dos jornais publicados em mais de uma provi como Sentinela da Liberdade, de Cipriano Barata, em suas “guaritas” da Bahia, do Rio de Janeiro e de Pernambuco, ¢ O Republico, de Borges da Fonseca, com fases na corte e na Para Aatividade jornalistica esteve atrelada a um notavel surto asc tivo. Segundo Moreira de Azevedo, s6 em 1831 mais de cem associagdes pii- blicas foram criadas em todo o Império.'* Nao obstante a permanéncia e até o reforgo de formas tradicionais de sociabilidade ridade, como irmandades rel implae variada gama de novas entidades, de carter politico, ceririo, pedagéeico, ico, econdmico, corporativo, 6pico ede auxilio miituo.*? O associativismo regencial apresentava ainda outra peculiaridade: a publicidade. Se persistiam as sociedades secretas, como a Magonaria — que, depois de proibida por d. Pedro Tem 1823, A ativa em novembro de 1831, com a reabertura da loja Grande Oriente do Brasil" —, foram as sociedades piblicas que se sobressafram nesse momento, expressando 0 novo carter do movimento associativo ¢ outra forma de fazer politica, mais imbufda do espirito priblico, caro a itura politica liberal. Os homens da época vinculavam o fendmeno 20 sentido, as trés facgbes ps espa o um mecanismo de ago politica, criando associagdes, espa- Ihadas por todo © império, identificadas a sens interesses. Os moderados fizeram-se representar pela poderosa Sociedade Defensora da Liberda- de e Independéncia Nacional; 0s exaltados, pela Sociedade Federal; e os caramurus, pela Sociedade Conservadora da Constituigio Jurada do Im- pério do Brasil e pela Sociedade Mi ciabi +} Mais do que niicleos de so- ade, arregimentagao ¢ propaganda p ica, essas entidades 0 LABORATORIO DA NAGAO: A ERA LEGENCIAL (1837-1840) 0, afigu- constitulam grupos de pressao sobre o governo ¢ o Parla fando-se como interlocutoras legitimas no debate politico. “Toda a efervescéncia encontrada no Parlamento, na associagies ecoava intensamente, ¢ era também referenciada, ros movimentos de rua, festivos ou de protesto. Os p fam, sobretudo, nas diversas ocasibes fixadas pela Regéncia para celebrar ee prensa € nas \ame- transcor- =e legitimar — acontecimentos tidos como marcos da histé - O calendério civico decretado em 25 de outubro de 1831 estabelecia seis datas nacionais: 9 de janeiro (dia do Fico), 25 de margo (juramento da Constituigio de 1824), 3 de maio (instalagao da Assembleia Nacional Legislativa), 7 de abril (abdicagto de d. Pedro 1), 7 de setembro (Inde- pendéncia do Brasil) e 2 de dezembro (nascimento de d. Pedro 1). Di- yersos rituais comuns, transcorridos 20 longo do dia, marcavam essas festas, como paradas missas solenes de agio de grasa (com di- teito a sermao patridtico), s e particulares, espeté- ‘alos pirotécnicos, apresentagoes de misicas ¢ dangas, bailes, jantares, espetdculos reatras de gala, declamagdes e publicag® além de gritos de vivas e morras. Tais fesividades, promovidas pelo po- der piblico, por sociedades patriticas ox por simples particulates, con- tavam sempre com a presenca de autoridades civis, eclesiésticas e militares, ‘ena corte, ministros e o préprio imperador e suas irmas. Grande tam- bbém era 0 concurso do povo, reunindo pessoas, de todas as camadas sociais. Os rituais civicos regenciais, com seu potencial mobilizador de sentimentos ¢individuos, eram instrumen- 10s privilegiados de educacio politica, uilizados pelo govern para legitimar 0 poder mondrquico, fomentar lagos de unio ¢ comu hao em torno da nagio, conquistar a adesao da populagio e cultivar as ite da ordem. Em torno dos ideais de unidade, ibjetos de culto civico, a e consenso, simbolizados -vam-se valores nacionais e se construfa uma meméria nacion: reforcada no Segundo Reinado. Todavia, em m politicas, os festejos regenciais nfo poderiam ficar imunes a rivalidades es deixavam o clima tenso 3s (© BRASIL IMPERIAL — VOLUME 2 dissonantes sobre o significado das comemoragdes, protestos contra as autoridades € mesmo rusgas nas ruas. Por tris da pi harmonia, as festividades reproduziam ¢ eram assim alimentadas pelas divisbes e disputas entre as facgdes politicas, que utilizavam tais celebra- ges como instrumento de afirmagio sobre os rivais.** ‘esse peculiar contexto de vacancia do trono, de fraca co as elites e de intensa participagao popular, as rivalidades po tens6es sociais muitas vezes explodiam em manifestagoes violentas. De- zenas de movimentos de protesto e revolta eclodiram emt todo 0 império durante 0 perfodo regencial, apresentando aspectos ¢ tend sos (ver quadro adiante). Nao cabe aqui, nos deste trabalho, ana- lisar detidamente cada uma dessas agdes, mas apenas tecer uma visio de conjunto, Um primeiro ciclo dessas revoltas, mais caracteristico da fase das regéncias trinas, 6, em linhas gerais, marcado por movimentos urba- nos do povo e tropa, de dimensoes relativamente pequenas — tanto em termos de nimero de participantes (em média, algumas centenas), como de duragio (dias ou semanas) —, pouco organizados e com motivacdes diversas, dentre as quais destacam: a insatisfagio de exaltados e caramurus com 0 governo moderado, os anseios federalistas, o descontentamento de amplos setores militares (por motivos que iam desde a dréstica redu- 3s eetivos e os critérios de promogao e de ocupagiio dos postos de comando até os baixos soldos, o recrutamento forgado ¢ 05 castigos cor- porais, pasando também pelas constantes transferéncias € de unidades), a concentragio de cargos administrativos € pe ios dos moderados ou de remanescentes do Primeiro Reinado identifi- cados aos caramurus, 0s acirrados sentimentos ‘econdmica (sentida, especialmente, na falta, falsificagio e desvalorizacio da moeda de cobre, na carestia de alimentos e na alta do custo de vida). Tais movimentos, embora nao tenham alcancado dimensdes to grandes como as de outros que os seguiram, foram muito mais numerosos do que esses € mais disseminados pelo pai 0 LABORATORIO DA WACAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) ee gens ‘Ane Locaizagio “Tendéncia “Revolt regencinis Ane_Lnestagi¢ Revolugio do 7 de abril exaeadafmodetada Maretos do povoe da wopa Revolta do povoe da ropa exatada caltada setembrads Marantso Serembade Pernambuco Distirbios do Teatro come Levante dai das Cobras conte Novembead| Peeeambuco vote de Pinto Madea € ears Sahin Revol do Bardo de Balow Abriads Assuads (ss) Cabanada Revolts do Ano da Fomaga cram Carrancas Revolts do pow ed Maio Grosso Pernambuco Bata Past 1835-1845 Rio Grande do Sule Sn Catarina 1837-1838 Bahia 1838 Rio de Janeiro 18381841 Maran ¢ Paul Excecio ao perfil dessas revoltas foi a Cabanada, ocorrida fundamental mente entre 1832 ¢ 1835 (mas com desdobramentos até 1850), em am- s regides da Zona da Mata pernambueana ¢ do norte de Congregou massa heterogénea composta por camadas sociais oprimidas pela ordem latifundisria escravista (pequenos proprietitios de terra, agregados por interesses p indios ¢ escravos) e por senhores de engenho movidos -0s préprios, contando com 0 apoio de comerciantes portugueses de Recife e de politicos caramurus da corte. Liderados por Vicente Ferreira de Paula, os rebeldes declaravam lutar pela restauragio «ada por carbondrios jacobinos. Durante trés anos, empr de guerrilha nas matas da regio, sendo afinal derrotados (apés deban- dada dos senhores de engenho € de serem convencidos pelo bispo de Olinda de que d. Pedro I morrera e seu filho era o legitimo imperador) Equador e entio presidente de provincia de Pernambuco.” ‘A segunda onda de revoltas regenciais seguiu-se & aprovagio do ato ram para o fortale- cimento dos poderes provineiais, os quais, muitas vezes, nao estavam bem afinados com a politica do governo central. De norte a sul, movimentos, de grande porte sacudiram o pais. No Paré, ocorreu a mais notivel e san- grenta revolta popular do dos de camadas de baixa condigio social (seringueir dios e caboclos) lograram ocupar 0 governo provincial periodo de tempo relativamente extenso (nove meses), 20 custo, porém, da morte de cerca de 30 mil pessoas (20% da populagio da provincia) a0 final dos cinco anos de contlito; contudo, os cabanos nio possuiam ‘um programa de governo ou con) de exigéncias que dfinissem seus objetivos, transparecendo em suas proclamagées apenas 0 6dio a porrugueses, estrangeiros € magons, a revolta contra a opressio social e a defesa da liberdade provincial, da religido catolica ede d. Pedro No outro extremo do pais, caréter bem distinto teve a Revolugéo Farroupilha, © mais longo movimento insurrecional do império, que, embora com ampla participagio popular, foi liderado por ricos estanciei- adores; 0s farroupilhas apresentaram, desde o inicio, um conjunto claro de reivindicagées (elevagto da taxa de importagio paga pelo charque platino, redugao dos impostos sobre o sal ede barreira sobre a circulagio dos produto . que acabaram sendo aceitas pelo governo J, assim como a exigencia de libertacao rio, a Cabanagem, tinica em que elementos lavradores, ante um 0 LABORATORIO DA NAGAO: A ERA FEGENCIAL (1831-1840) «5 escravos participantes da revolta, A Sabinada foi movimento em moldes semelhantes jo da Regencia, fas em escala muito mais ampla, com os cerca de cinco mil rebeldes chegando a dominar Salvador por quatro meses; descont Iitica regressista do governo Araujo Lima e com o alcance ato adicional, os sabinostinham como principal bandeira de luta a adogao de efetivo federalismo, combatendo também o que chamavam de aristo- cratas,identificados aos senhores de engenho do Recbncavo Baiano. Tal ‘como a Cabanagem, a Balaiada teve, entre os cerca de 11 mil revoltosos, tderes oriundos das camadas de baixa condigéo social (um vaqueito, um cesteiro, um ex-escravo, pequenos lavradores e agregados); expressa por um lado, a luta entre os grupos politicos locas (bem:-te-vs e cabanos) pelo poder provincial e, por outro, a revlta da populagio sertancja © ‘escrava contra a opressio soci Ponto importante a destacar nesses quatro movimentos diz respel as propostas ¢ medidas de secessio e de repablica; a primeira s6 nao ‘ensaiada na Balaiada, ea segunda proclamada na Revolucao Farroupilha (tanto no Rio Grande do Sul como em Santa Catarina) € na Sabinada. Cumpre observar, todavia, que em nenhuma dessas revoltas tais ideias parecem ter constiruido objetivo prévio ou vieram depois ase converter ‘em causa maior que congregasse os revoltosos. Salvo rarfssimas ¢ pontuais excegées, nio havia ideais separatistas presentes nos projetos politicos das facgbes rege \cluidos os liberais exaltados, que capita- nearam tais levantes. Quanto a adogio da repiilica, embora fizesse parte, , do projeto € dos exaltados, 0 ponto central defendido por esse grupo no tocante & forma de governo era a implementagio do fede- ralismo — de preferéncia republicano para a majoria, mas, se necessirio (€ nao raro até mesmo de bom grado), monérquico. Compreende-se, assim, que tenha sido esse o motor propulsor ¢ 0 intuito maior das re- Voltas e que as proclamagées de independéncia ou de instauragao da repé blica tenham-se dado sempre em situagées limites, constituindo resposta extremada, itimo recurso diante das ingeréncias tidas como despéticas do gov da nfo satisfacao a contento das demandas provinciais ou da repressio 20s atos de rebeldia. Nio € & toa 10 central sobre as pr | { gue tais proclamagdes foram feitas sempre, nesses movimentos, de forma condicionada ou em carater provisorio (até a chegada de um novo pre- sidente de pro é que as reivindicagées fossem atendidas, até a maioridade de d, Pedro Il, até a adesio das demais provincias) ¢ frequen- temente acompanhadas de manifestagées unionistas ou mondrquicas. ‘Uma diltima categoria de revoltas regenciais € constituida pelas rebe- ides escravas, Embora tenha havido participagio ativa de cativos e li- ertos em diversos outros movimentos sediciosos, houve pelo menos tres protagonizacos diretamente por escravos neste periodo: as rebelides de Carraneas, dos Malés e de Manuel Congo. A primeira ea iltima sucede- ram-se em fazendas do interior das provincias de Minas Gerais ¢ Rio de Janeiro (S40 Tomé das Letras e Vassouras, respectivamente). Ocorrida nna esteira da sedigio de Ouro Preto (a chamada Revolta do Ano da Fu- ‘maga), a de Carrancas envolveu dezenas de escravos, que aproveitaram a brecha gerada pelo conflito entre as elites locais para atacar fazendas e ‘matar senhores, A de Manuel Congo mobilizou um nimero maior de cativos (cerca de 200), que aterrorizaram as matas da regiao em sua busca pela almejada liberdade em um quilombo. Por sua vez, prefigurado em uma série de pequenas rebelides escravas ocorridas antes em Salvad Revolta dos Malés foi maior levante de escravos urbanos ocorrido nas Américas, contando com varias centenas de envolvidos; a origem étnica comum de seus protagonistas e o belicismo religioso caracteristico do islamismo propiciacam identidade cultural mais consistente e, logo, maior idade de integragio € mobilizacao, 0 que — 8 € sociais do perfodo, A crise econdmica ea ido as agitacdes facilidades de circu aco geografica de escravos e libertos no meio urbano — constituiu fa- tores decisivos para o engendramento do movimento.** ‘A AGENDA POLITICA E AS REFORMAS LIBERAIS ‘Visto como momento de redefiniga0 do pacto politica, o 7 de abril ensejou amplo debate piiblico acerca dos fundamentos do governo, das inst ‘ses politicas, dos nexos entre as provincias eda ordem social. Uma vasta 1631-1840) JORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENC! gama de propostas e projetos de mudangas veio entio a baila — alguns concretizados, outros tratados como assuntos tabus, que deveriam ser combatidos ou ignorados. Entre os primeiros, uma série de reformas realizadas a0 longo da Regéncia, que viswvam a eliminar ou minorar re~ 105 tidos como abs meiro Reinado. ‘Uma das questées mais urgentes, que tanta disputa e controvérsia gerou no governo de d. Pedro I, dizia respeito as relagbes de forga entre 9 Executivo e o Legislative. Logo apés a abdicagio, comecaram a ser discutidas na Camara as atribuigGes da Regéncia. Os principais pontos do debate foram o caréter temporsrio ou permanente do novo govern, ‘a concessio ott ndo de ritulos nobilidrquicos € a proibigio ou o direito de dissolver a Camara, Prevaleceram os argumentos de que a conserva- cdo de um s6 governo até a maioridade de d. Pedro I evitaria disputas perigosas pelo poder ¢ daria maior estbilidade & Regéncia; de que a concessio de tftulos abria margem para distingbes nao bascadas no mé- rito, favorecendo aduladores; e de que a faculdade de dissolugao da Camara poderia desequilibrar os poderes em favor do Executivo e gerar abusos, ainda mais estando este em méosde pessoas comuns, desprovidas da isengao imperial. Assim, no dia 14 dejunho de 1831 foi sancionada a Lei de Regncia, que invertiaa relagio de forcas vis lecendo 0 poder dos deputados em detrimento dos regentes, ram, entdo, impedidos de dissolver a Camara, conceder anistias, ourorgar tfeulos honorificos, suspender as liberdades individuais, decretar estado de sitio, declarar guerra, ratificartratadcs e nomear conselheiros, depen- dendo para tanto do Parlamento.® Outra questio enfrentada logo no no aparelho repressivo do Estad nha 0 Exército, a Policia ¢ a a como pegas principais. A tradigio liberal de desconfianga quanto a tendéncia abusiva do poder e, em especial, as agdes violentas contra stas de oposigio que marcaram a meméria do Primeiro icio da Regéncia foi a reforma sentido comegaram a ser tomadas ainda na época de d. Pedro instituiggo, em 1827, dos juizes de paz (4 prevista na Constituicéo de © BRASIL imPERIAL — VOLUME 2 1824) e, em 1830, do Cédigo Criminal. Aqueles eram magistrad profissionais ¢ sem remuneracao, eleitos pelos votantes do di icialmente encarregados de promover conciliagées em criago era um ataque direto A velha magistratura profissios ‘minantemente portuguesa, nomeada e controlada pelo poder central) ¢ uma forma de descentralizare reduzir a interferéncia do impetador sobre 0 Judiciério,* pois os cargos da magistratura togada dependiam da no- meagao do Executivo central ou provincial.s* O intuito de proteger a oposigao das intervengdes arbitrarias do governo ficou ainda patente na brandura das penas (sobretudo para crimes politicos) fixadas pelo go Criminal, projetado por Bernardo de Vasconcellos, sob influéncia do utilitarismo de Bentham, Uma das primeiras medidas de impacto da Regéncia foi a criagao, em 18 de agosto de 1831, da Guarda Nacional. Concebida em 1830, com base na experiéncia das guardas civicas de 1822 ena lar francesa (também fundada em 1831 fundamentava-se no principio liberal de confiar a seguranga da nacéoa seus cidadaos propri “onforme salientou a Aurora Fluminense, Guarda Nacional era “o melhor antemural que possa opor: ado aos abusos do poder, & tir a anarquia”.*” Tinha a fungio precipua de coadjuvar as forcas policiais e tropas de primeira linha na seguranca interna ¢ externa; mas, diante do tingente reduzido dessas corporacées, iria muitas vezes s ‘em suas fungdes. O servigo era obrigatério a todo cidado br: de 18 ¢ menor de 60 anos, com renda para ser eleitor Salvador, Recife ¢ S40 Lu‘s) ou votante (d isentas apenas autoridades administrati ¢€ religiosas. Até 1837, os oficiais eram el pria tropa, sem qualquer s O servigo nao era remunerado, ¢ 08 vam seus uniformes e a manutencio de suas armas ¢ equipamentos, pres- tando também eventuais contribuigSes pecunifrias. A Guarda Nacional tornou-se, assim, um importante instrumento de articulagio entre os ituigao si- a chamada milicia cidada is muni irias, po 108 por quatro a (0 LABORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) poderes central e local, constituindo-se no exemplo maior de organia- fo litargica, de que fala Uricoechea.” Acabou convertendo-se, ent ‘em forga politica, usada pelo governo na repressao as revoltas, mas, por outro lado, protagonizou varios desses movimentos. ‘Actiagio da Guarda Nacional ligavase também 3 politica de ewvazia- mento do poder das forgas militares. As agdes repressivas do Exército no Primeiro Reinado renderam & instituigSo a imagem, muito negativa, de brago armado do despotismo. Por ourro lado, a atuagio ativa de mi= tares nas revoltas do inicio da Regéncia revelou a face inversa dessa imagem, tida como mais perigosa, a de instrumento da anarquia. Outro problema era a ampla presenca de estrangeiros, sobretudo portugueses, nos postos de comando, havendo até unidades inteiras formadas por mercendrios estrangeiros, que chegaram 2 se rebelar em sangrento motim ‘ocorrido na corte em 1828.% Além disso, 0 stesso a0 oficialato ¢ o critério politico de promogao vigente no Exérci- to (e ainda mais na Marinha), definido, 4 maneira do Antigo Regime, navam outras fissuras & instituigio.” Assim, uma primeira medida, pre~ vista desde o final de 1830 e reiterada por decreto de 4 de maio seguinte, foi a drastica reducio do efeti- nalou Holloway, “o cor do efetivo privava muitos oficiais do que era essencial para seu status € influéncia: a presenca de tropas em armas”.* Era preciso ter sob controle todo o restante da corporagao, € para isso a Regéncia procedeu 8 recomposigéo dos cargos militares estratégicos em varias partes do império, como o de comandante das Armas, sendo os Lima Silva os principais protagonistas.” Nos casos de envolvimento em dis- ttirbios, recorreu-se largamente & transferéncia de corpos para outras Provincias, & suspensio de promogdes, i baixa forgada e até a prisio de oficiais.” A Guarda Nacional vinha, assim, suprir 0 espaco deixado pe- los cortes nos efetivos militares. ‘© passo seguinte foi o prosseguimento da reforma do sistema judici- tio, Antes acusada de instrumento dos arbitrios de d. Pedro I ¢ agora de conivéncia com os caramurus, de venalidade ¢ de responsavel pelos de mais da metade 1s (© BRASIL impeRiAL — voLUME 2 recorrentes casos de impunidade, a mag a ser atacada por moderados e exaltados, chegando a ser chamada de “peste da sociedade”.*" A solugo apontada era.a ampliagao dos poderes dos juizes de paz (ja estendidos pelo Regimento das Camaras Municipais, de 1828, que thes confiara as fungdes de preparar as listas de votantes € presidir a mesa eleitoral da pardquia) e a criagao do corpo de jurados (s6 existia que favoreciam a impunidade. Tudo foi implementado com a promulga- lo deste Cédigo, em 29 de novembro de 1832, que cons obra jurfdica dos modenados, expressio maior, segundo Flory, dos ideais liberais de autonomia judiciéria, localismo e representacéo popular. Além de instituir jiri e ampliar os poderes dos juizes de paz," 0 Cédi 0 de Processo introduziu, ainda, 0 habeas corpus e criow a figura do ipal, nomeado por trés anos pelo presidente de provincia, a partir lice apresentada pela Camara Municipal, devendo executar as ordens, sentengas e mandatos proferidos pelo juiz de direito. A questdo, todavia, que mais discussdes e controvérsias suscitou em todas as arenas politicas do império foi a reforma constitucior negécio mais melindroso”, nas palavras do deputado exaltado José Lino Coutinho, “porquanto as reformas devem ser operadas de tal maneira que a unidade do império se conserve intacta”."' Iniciado em 1830 na imprensa exaltada da corte, o debate federalista transbordow rapidamente para os diversos movimentos de protesto ocorridos as vésperas e depois da abdicagio, ¢ também constituin o tema principal d icas entio organizadas em todo o império (algumas, aids, criadas c essa finalidade especifica, como as antagdnicas sociedades Federal e Conservadora da Constituigio). A polémica ganhou enorme amplitude quando, em maio de 1831, foi instalada na Camara dos Deputados co- missio especial destinada a elaborar a proposta de reformas. © chama- do projeto Miranda Ribeiro (proponente e membro da comissio, formada tambi Souza e Costa Carvalho, todos moderados) previa que © império passaria a ser monarquia federativa; além da supressio do Poder 0 LABORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) Moderador, do Cons da criagio de assembleias legislativas provinciais e de intendentes com oes executivas nos municipios; da divisio das rendas nacionais € prov eda mudanca da Regéncia Trina para Una, vice-regente e eleita pelas assembleias provin dos e pela maioria dos moderados, e rechacado por outra parte destes ¢ pelos caramurus, 0 projeto foi, afinal, aprovado ¢ enviado a0 Senado em 13 de outubro de 1831. ‘A polémica maior girava em tomo do sistema de governo, opondo 1 federalistas exaltados, os unitétios caramurus ¢ 0s indecisos ¢ dividi dos moderadlos. Para os primeiros, centralizagao era sindnimo de despo- tismo, de inoperdncia administrativa e de desunido das provincias, a0 asso que identificavam federacao a liberdade, ao bom funcionamento do governo ¢ manutengio da integridade nacional. Os carammurus, por outro lado, acreditavam que qualquer mudanca na Constituiglo, sobre- tudo no sistema de governo, levaria 4 anarquia e 2 dissolugio das pro- vincias, € que 0 federalismo era proprio das repiblicas demo sendo, portanto, incompativel com o cariter € os costumes do Brasil moderados apresentavam posi¢io mais ambigua a esse respeito. Antes da abdicagio, tendiam a se opor as reformas, considerando que o mal nao estava propriamente na Constituigio de 1824, bastante liberal e adequada. realidade brasileira sim na sua execucio, visto que se achava restringida e burlada pelas arbitrariedades de d. Pedto I. Com © inicio da Regéncia ¢ a intensificagao do clamor federalista, contudo, veio o primeiro grande racha do grupo. Muitos adotaram postura caute~ itante e mesmo diibia, como Evaristo da Veiga, que, na condigio porém, apoiaram decididamente as reformas, como, além dos trés mem- bros da comissio, os deputados Bernardo de Vasconcellos, Limpo de Abreu, Ferreira de Mello e Custodio Dias. Outros tinham posigio con- traria, como Araujo Vianna e Candido de Oliveir ‘A maioria dos moderados, todavia, acabou apoiando as reformas, como denota a répida passagem do projeto Miranda Ribeiro na Camara © ara: IMPERIAL — VOLUME 2 , por fim, a aprovagio do ato adi sim se posicionaram no o fi muitos eram, pouco antes, declaradam ontréios as reformas. As raz6es para a mudanga de rumo, ainda que hesitante € a contragosto, foram indicadas em varios discursos de parlamentares que apoiaram Projeto ¢ na imprensa moderada, falando na impossibilidade de resistit & torrente federalista da opinio piiblica, vinda de todo o pais, sobrerudo das provincias do Norte. Acreditavam, entio, que era preciso fazer logo as reformas pela via legal e sob certos limites, antes que o clamor das ‘ras falasse mais alto. Como esse fosse entio insuflado pelos exaltados, responsiveis pela propagagao da ideia, tornava-se imperioso para os ‘moderados assumir a condugio das reformas na Camara e capitalizar os ganhos para si, evitando que seus adversarios radicais tomassem a frente dos acontecimentos, Esvaziavam, assim, a principal bandeira de luta dos ira reformista pelos moderados — sua “abertura a esquerda”, como defini Paulo Pereira de Castro — era expresso, Portanto, da dificuldade que tinham em manter a posigio original refra- ria as reformas constitucionais, sob pena de assim perder espaco polt- tico tanto para os exaltados, como para os caramurus, e de com estes 10s vir a ser identificad Apés intensos e longos debates, contudo, 0 Senado aprovou, em ju tho de 1832, uma série de emendas que derrubou o projeto Miranda Ribeiro. Foram rejeitadas as propostas de adogao da monarquia federa- tiva, da Regéncia Una, da autonomia municipal, da modificacao do dircito de veto do monarca e do fim da derador ¢ do Conselho de Estado, além de boa parte dos poderes descentralizadores conferidos as assem dos caramurus, predominantes no Senado, aos moderados ¢ exaltados. A reagio do governo e do nicleo reformista de seus asseclas fo\ ime- diata. Aproveitando também a recusa do Senado em destituir José Bonifacio do cargo de tutor do imperador e de suas irmas,* foi desenca- deada uma operagio de golpe de Estado. A frente do plano estavam os padres deputados Feij6 (entio ministro da Justiga), Ferrcira de Mello ¢ ” (© LABORATORIO DA NACAO: A ERA REGENCHAI 1840) Custédio Dias, em cuja ¢: moderado na corte — reali de outros lideres da Camara. O objetivo eraes vincias.” Esperava-se, de um s6 golpe, resolver os problemas da aprovagio da reforma constitucional, da remocio de José Bonificio e, mediante a obtengio de poderes extraordinarios requeridos insistentemente por Feijé, das revoltas exaltadas e caramures. Assim, no proprio 26 de ju- tho, o ministério pediu demissio, sendo seguido, quatro dias depois, pela Regéncia, conivente com o plano} ao mesmo tempo, a Guarda Nacional, comandada pelo deputado moderado José Maria Pinto Peixoto, ¢ um grupo de cinco juizes de paz mobilizavam-se em apoio ao movimento. ‘Ainda no dia 30, a Camara, presidida por Limpo de Abreu e por suges- tio de outro conspirador, Paula Araujo, declarou-se em sesso perma- nente, e uma comissio ad hoc, composta por cinco moderados, propos sua conversio em Assembleia Nacional Constituinte, Todavia, quando 0 golpe parecia consumado, foi evitado pela inesperada intervencio do ‘moderado Carneiro Ledo, que fer dois eloquentes discursos conclamando seus colegas a continuarem seguindo a linha da legalidade que sempre trilharam e defendendo a realizagio das reformas sem destespeito 8 Cons- tituigdo: “Nao nos apartemos, porém, dos ios que temos aqui defendido constantemente, isto é, da legalidade. Todos nds da maioria temos pugnado por estes principios, todos temos dito que néo quere- ‘mos senio as reformas legais; seria, pois, absurdo desmanchar em uma noite o que tanto nos tem custado a conservar.” Por fim, propos que os regentes ficassem nos cargos e que Camara e Senado acelerassem as re- formas. Cairam por terra, entio, os apelos aterradores dos golpistas de ‘que “a nacio se acha & borda de um abismo” e de que, assim, “36 as mais enérgicas medidas podem salvar a nagio € 0 trono, uma “medida salva~ dora e justa, seja qual for”. O discurso de Cameiro Ledo rachou ainda mais 0s nroderados. Unidos na oposigio ao golpe, os canamurus aprovei- taram a divisio dos rivais para derrubar a proposta de Constituinte e aprovar um pedido da Camara pela permanéncia dos regentes. Estes nao apenas reassumiram seus postos, como 0 ministério Fei , posto que por pouico mais de um més, por um gabinete cananrt lo por Hollanda Cavalcanti. O epissdio revela nao s6 a divisio dos moderados, mas também 0 ambi civel da Camara, movido or veres ao sabor das circunstancias ‘As emendas do Senado ao projeto Miranda Ribeiro foram, todavia, recusadas pela Camara, o que levou, em setembro, & reuniso das duas casas legislativas em Assembleia Geral. A solugio de compromisso a que se chegou, com a lei de 12 de outubro de 1832, rejeitava s6 as emendas, que suprimiam as propostas de fim do Conselho de Estado e de substi- tuiggo da Regéncia Trina por Una. Ficavam marcados os artigos da Cons- tituigao passiveis de alteragio na pr6xi latura, estabelecendo-se as bases da reforma constitucional. Do projeto original, foram retiradas a extingao do Poder Moderador € do Senado vis inda foi subs- che © projeto da Camara safa, portanto, bastante afetado das negocia- ‘ces com o Senado, sofrendo baixas significativas (0 que animou o sena- dor caramuru visconde de Cairu a requerer —sem sucesso —a supressio do projeto de reformas).”! O revés deve-se & divisio dos moderados so- com aqueles que apoiaram as reformas sendo movidos mais ia ou estratégia politica do que por convicgao de pri pios. Com isso, 0s antirreformistas — caramurus sobretudo, mas ta bém varios moderados — formaram bloco mais unido e decidido do que © dos reformistas. Enquanto a CAmara — cuja composi¢io ‘mais heterogénea, nio obstante o predominio moderado — estava divi- dida a esse respeito, 0 Senado — grande reduto dos caramurus —apre- sentava posi¢a0 bem mais uniforme, francamente contréria ou reticente as reformas. Coube & comissio formada pelos deputados Paula Araujo, Bernardo de Vasconcellos ¢ Limpo de Abreu a elaboracéo do novo projeto de re- formas, apresentado na sessio de 7 de junho de 1834, Os pontos mais © LABORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) 1s nos debates diziam respeito as liberdades provinciais, ices das assembleias ¢ dos presidentes de provinci 08 pode- arquiia, 05 fenquanto 0s caramuurus ¢ alguns moderades pretendia res do Legislativo provincial, acenando com a ameaga de vealtados e outta ala dos moderados defendiam sua ampliagio, como Sreparo a tirania. Prevaleceu a velha légca do “justo meio", evocada, smnre outros, por Vasconcellos, Evaristo, Costa Ferreira e Saturnino OI de que era preciso dar liberdade 2s provincias, mas sem colocar ‘em risco a ordem piblica e a integridade nacional Promulgado a 12 de agosto de 1834, 0 ato adicional 8 Consticuigio cextinguia o Conselho de Estado, substitua a Regéncia Trina pela Una (com regenteeleto, a cada quatro anos, por voro secreto e dinero) ecriava sesembleias legislativas nas provincias (com legislaturas bienais); a elas competia legislar sobre diversos assuntos, como fixagio das provineiais e mut do direta pelos municipi ‘pais e provinciais, nomeagao dos funciondrios p ¢ seguranga instrugio pablica e obras piblicas, ; Jugdes da Assembla sujeitas sangio do presidente de provincia. Se nio estabelecin propriamente uma federagio, j que continuavam os presi- dentes.a set escolhidos pelo poder central ¢ as provincias impedidas de ter Constituigées préprias, 0 ato adicional descentralizou a administra- fo ¢ conferiu mais auton ‘as, com a criagio das assem- Dleias p is ea divisio das rendas piblicas.” Todavia, a autonomia ‘municipal foi vetada, havendo forte concentragio administrativa no 1efazia com que quase toda a economia dos mu- as provinciais. Coma eleicio periédica -0s, policiamento cando as reso~ Ambito provincial, 0 posto que atr Entre 0s pat fam contra ¢ a favor do ato adicio- nal, algumas posigées chamam atengio. Primeiramente, confirma-se s moderados entre 0s que se opuseram ao projeto — como Carneiro Leio, Baptista de Oliveira, Araujo Vianna e Rodrigues Torres —e 9s que o apoiaram (a maioria) — como Vasconcellos, Evaristo, (© BRASIL iMPERIAL — VOLUME 2 Ferreira de Mello, Custodio Dias, Limpo de Abreu e Saturnino. Entre 0s car no houve surpresas, visto que todos — como Araujo Lima, visconde de Goiana, os irmaos Hollanda e Luiz favor. Jé entre os tradicionais defensores das reformas, os exaltados, se Barboza Cordeiro aprovou, curiosamente Antonio Ferreira Franca e seus filhos Ernesto ¢ Cornelio voraram contra, enquanto Henriques de Rezende e Lino Coutinho abstiveram-se. Por trs da aparente contradi- 0 havia, no entanto, profunda decepgio com a redugao do alcance das ‘mudangas previstas na lei de 12 de outubro de 1832, apés as negocia- ges com o Senado, Até entéo, todos os exaltados (menos Cordeiro, que ainda nao era deputado) participaram ativamente das discuss6es refe- rentes tanto ao projeto Miranda Ribeiro como as emendas do Senado. Depois disso, porém, uma vez consumado o rumo mais acanhado das reformas, passaram a manifestar descontentamento, indicando emendas € se opondo as medidas propostas, ou simplesmente retrairam-se. Seja como for, o ato adicional completou a série de reformas liberais realizadas pela Regéncia Trina Permanente. Juntas, ajudaram a remover ficativa dos res{duos “absolutistas” do Estado imperial, iden- tificados & forte centralizacao politica e administrativa. Se a descentra- lizagio operada foi, no dizer de Oliveira Lima, um “paliativo contra a federacdo”,* na de suscitar efeitos centrifugos, com a intensifi- cagio das disputas pelo poder — agora mais fortalecido — entre facgées provinciais ¢ os conflitos entre as assembleias e o poder central Muitos, todavia, almejavam mudangas mais radicais na organizagio politica, Para a maioria dos exaltados, o concerto entre as provincias, a inti — voraram a Liberdade de Imprensa de 1830, estabelecendo a monarquia herediti- ria, proibiam ataques a0 imperad. propor a mudanga da forma de governo),” outras vezes de maneira aberta explicita. Como o jornal fluminense Nova Liz Brasileira que, aps langar € a0 regime, assim como tentar ou 40) © LABORATORIO OA NAGAO: A ERA REGENCIAL ( sao de uma , apontou as vantagens da repit jonarquia americana se aturar governos de lade6es que se inventou governo aque 0 cercava: & esta a primeira diferen- ‘2. Além dsto o que governa em governo Republicano €eleito como 105 Deputados: se governa bem, fia governando; mas se governa ‘astiga-se a quem governa mal (..) $6 nas Repablicas como a dos Fstados Unidos € que se vé Justica. Canais de navegacio, Escolas, Hospitas & c. em abundaneia para todos: & governo de que nio gostam ncionados camgueiros”.” Algumas propostas de instauragio do governo republicano no Bras chegaram a ser feitas na Camara dos Deputados, por iniciativa de Anto- nio Ferreira Franga. A primeira tentativa foi na sessio de 16 de junho de 1831, quando o exaltado baiano propos que “o governo do Bi vitalicio na pessoa do imperador d. Pedro Il, ¢ depois temporério na pessoa de um presidente das provincias confederadas do Brasil”. Embo- ra pretendesse a mudanga de regime somente apés 0 Segundo Reinado, a proposta sequer foi considerada objeto de deliberagio, nao passando por qualquer debate." A segunda, em 16 de maio de 1835, era mais ou- sada, almejando a instauragao imediata do governo republicano; propu- nha que “O governo do Brasil cessaré de ser patriménio de uma fami que, assim, “A nagio seré governada por um chefe eleito de dois em dois anos no dia 7 de setembro A maioria dos votos dos cidadaos eleito- recusou-se, porém, tes do Brasil”. O presidente da Camara, Araujo Lim a colocar a proposta em votagio, alegando que a Con tizava tal reforma, Seguiu-se um répido e renhido debate, que acabou por acatar 2 orientagdo do deputado caramueru.*' O mesmo aconteceu. com ‘ado projeto, apresentado em 18 de agosto de 1834, por um. grupo de deputados encabecado pelos trés Ferreira Franga e do qual fa- ziam parte Antonio Fernandes da Silveita, Barboza Cordeiro, Joio Ri- 8 beiro Pessoa, José Maria Veiga Pessoa ¢ Joag Peixoto de Albuquerque, que propunha uma curiosa confederagio entre Brasil e Estados Unidos, nos moldes de uma espécie de reino unido.*? Destino semelhante tiveram outras tentativas de reformas que aban- donavam questées igualmente espinhosas. Eo caso de algumas propos- tas de separagao entre Igreja e Estado ‘mesmo de criagio de uma igreja 5 de libertagao do ventre escra- 0 plano de reforma agra- jnas de jornal, mas causou grande alvoroco ¢ forte reagao.* Esses e outros projetos demonstram que a agenda pol ria, que no passou das rio; evidenciam também que o alcance das reformas preconizadas, a0 menos pelos exaltados, a muito além do que foi concretizado e mesmo do que chegou a figurar no Pa Para muitos, a Revolugio do 7 de abril seria apenas o marco inicial de um grande processo de transfor- magio da sociedade brasileira, Como clamava um jort preciso nao “tornar estacionario o carro da revolugao americana”. tudo, prevalecen a ideia de que o movimento revolucion: seu papel e, assim, chegara a seu termo. flumin PARANDO 0 CARRO DA REVOLUGAO: A REVISAO DAS REFORMAS A primeira eleigio para regente uno consagrou a vitéria do moderado Diogo Feijé sobre o caramuru Hollanda Cavalcant."” Desde o inicio, em outubro de 1835, 0 novo governo foi marcado por crises ia no Parlamento. As desavengas tempo em que Feijé fora ministro da Justica da Regéncia Trina Perma. quando, ao cobrar dos deputados, em seu estilo veemente ¢ pouco 80, a adogéo de medidas extraordinérias para combater a anar- chegou a culpar a Camara ea entrar assim em choque nao s6 com exaltada e caramuru, mas também com muitos de seus com: panheiros moderados, Além disso, sua malogeada tentativa de golpe de Estado o incompatibilizou ainda mais com o Parlamento. Se, ainda assim, (© LABORATORIO DA NAGKO: A ERA REGENCIAL 1-18400 conseguiu ser cleito reyente, foi gragas a0 derrads rados em derrotar os caranuurus representados por Hollanda Cavalcanti. porém, com a facgéo que o apoiara irremediavelmente quatro anos contra os também combalidos exaltados © caramurus. Nao dispondo mais da io de 1837, rompeu até com 0 amigo Evaristo, que morreu em seguida) ¢ no logrando arregi- ‘mentar nova hase de apoio, em meio & confusio de tendéncias politicas ‘ou cada vez mais vulnerdvel aos ataques da oposigao. Esta, embora difusa, comecava a articular-se em torno da ranga de Vasconcellos, no Regresso. Algumas medidas tomadas em seu governo também contribuiram para 0 desgaste, como os mencionados atritos com a Igreja, as restrig6es & liberdade de imprensa estabelecidas pela lei de 18 de marco de 1837 e a anulagao das eleigdes na Parafba e ‘em Sergipe, por suspeita de fraude. Outros dois fatores, contudo, foram os principais responséveis pelo agravamento da crise. O primero foi a onda de grandes revoltas que abalaram o império a partir de 1835. O regente repetia as cobrangas fei- tas a Ciara para dotar 0 governo de meios mais vigorosos de combate & Cabanagem ¢ & Revolugio Farroupilha, exigindo mais recursos no Orcamento ¢ crédito complementar, efetivos militares maiores eleis mais (para crimes de rebeligo, sedigio e conspiragao, suspensio das gio a0 habeas corpus). Capitaneada por Vasconcellos, a procurava embargar as negociagées ¢ limitar a concessio dos meios requeridos, alegando que 0 governo pretendia implantar uma di- a parlamentar- ia a opiniao da maioria da Camara nem tinha imagem de um governo caético ante, incapaz de conter a anarquia. O embate forgou o regente a prorrogar a sessio legislativa de 1836 por duas vezes para is fandamentais, como as do Orgamento, de fixagdo das forgas de terra € mar, do meio circulante ¢ de endurecimento penal; os deputados res- ponderam esvaziando as sess6est a8 11 ihimas nfo e realizaram por falta IMPERIAL — VOLUME 2 tares, limitando-se a dizer: “Seis meses de sesso nao bastaram para des- cobrir remédios adequados aos males piblicos; eles infelizmente foram a sessio o patriotismo € a sabedoria da geral possa satisfazer As urgentes necessidades do estado!” Nao satisfeito, na fala de abertura dos trabalhos legislativos de 1837, concluiu: jos fracos e tardios, pouco ou nada aproveitam na presenga de males graves e inveterados”” ‘© segundo grande fator de desgaste do governo foi a di as reformas liberais. Se elas foram a expressio do pred ‘moderado, as transformacées que operaram colocaram em xeque essa prépri . Por meio delas, houve notavel fortalecimento dos po- eres provinciais, que passaram a dispor de grande parte dos instrumen- tos garantidores da ordem, sem que estivessem, todavia, bem afinados ‘com os interesses do governo central. Os problemas, assim, néo tardaram a aparecer, € com eles vieram as eriticas e desilusdes em relacio as mu- dangas operadas, Nessas circunstincias, as legislaturas de 1834-1837 € 1838-1841 terio como um de seus principais tragos o intuito de refor ‘mar a obra da legislatura que as antecedeu. iva de revisar a reforma toua grande prioridade dos caranmurus (manter intocada a Con: rachou de vez os moderados (d ses) ¢, assim, abriu caminho — os problemas que gerou e com a reagio logo suscitada — para a rearticulacdo das forcas politicas opera- dda pelo Regresso. Com o esfacelamento das antigas identidades p cas, surgiu na Camara, apenas 11 meses apés a aprovacio do ato adicion: a primeira proposta de elaboragao de um projeto de interpretagao dos artigos “obscuros ou duvicosos” daquela lei Esta, desde sua aprovacio, vinha suscitando recorrentes controvérsias acerca das respectivas com- peténcias do Parlamento ¢ das Assembleias Provinciais sobre varios as- suntos (em especiz iso de rendas ¢ nomeagao de funciondrios ORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL ( 1640) piiblicos), causando sucessivos conflitos entre as partes. O requerimento lo Souza Martins, datado de 14 de rovinci pretagdo como pretexto para operar novas reformas, o que pode le- var 3 separacio das provincias.” Até entio, a bandeira da era motivada essencialmente pelas controvérsias geradas pela reforma se revestindo ainda de cores partidérias. Tanto que 1s nio aderiu ao Regresso, ¢ sim (pouco depois) ao Progres- 0; além disso, deputados de diferentes tendéncias — como Henriques de Rezende, Limpo de Abreu (entéo ministro da Justiga), Evaristo, Car- neiro Leao e Miguel Calmon — apoiaram a proposta, movidos por inte- resses divergentes: ampliar os poderes provinciais (o primeiro), evitar os excessos das provincias e a fragmentacio do pats (0s dois dilimos) ov apenas acabar com as diividas e polémicas existentes (os demais). Pro- postas semelhantes posteriormente apresentadas tiveram igual destino, como a de Rodrigues Torres, em 18 de maio de 1836, e ade José Raphael de Macedo, em 19 de junho de 1837." Todavia, pouco depois, em 10 de julho, a Comissio das Assembleias Legislativas da Camara, formada por trés regressistas — Paulino Soares de Souza, Miguel Calmon ¢ Carneiro Lei —, apresentou novo projeto de in a comissfo que, tendo essa lei definido, nos artigos 10 € ias provinciais poderiam legislar, tudo 0 que ndo estivesse neles incluido e nem fosse mencionado no seguinte pertenceria ao governo geral. J com centralizador. Proibiam-se as assembleias provinciais de legislar sobre judicdria dos municipios, permitindo apenas os re- uigdes dos empregos piblicos provinciais e municipais cestabelecidos por leis gerais relativas a temas sobre os quuais elas nao po- liam legislar (como os cargos criados pelo Cédigo do Processo Crim nal); 0 poder das assembleias de legislar sobre os casos em que os © BRASIL in = vouume 2 presidentes pudessem nomear, suspender ou demitir empregados provin- , abarcando as gerais apenas quando referentes a objetos de competéncia legislativa das assembleias; estas ir os magistrados gerais (membros das Relag6es e dos tribunais superiotes) e, quanto aos demais, s6 0 poderiam fazer em caso de queixa por crime de responsabi- lidade e mediante relatério. Era claro o intuito de reduzir os efeitos da descentralizagao, retirando parte significativa da autonomia provincial.?> projeto, porém, s6 foi levado adiante pela legislatura seguinte, essa sim atrelada predominantemente 20 Regresso, que jd entio assumira a causa revisionista e chegara ao poder regencial. Aprovado na Camara ‘em 26 de junho de 1838, passou pelo Senado no ano seguinte e fo promulgado, em 12 de maio de 1840, como a Lei de Interpretacéo do ato adicional, apés sessio conjunta da Assembleia Geral e acréscimo de dois artigos ao projeto. A tendéncia a reverter medidas tidas como excessivamente liberais do inicio da Regéncia abarcou também o Cédigo do Processo Criminal que, logo apés aprovado, passou a ser visto — sobretudo pelos modera- dos ¢ sucessivos ministros da Justiga — como instrumento de impunida- de e anarquia, ao delegar amplas faculdades aos juizes de paz © ao dar ‘margem a ingeréncia dos poderes locais sobre o funcionamento da Jus tiga. Como apontou Flory, os juizes de paz.eram em getal homens reme- diados da comunidade, em busca de ascensio sociopolitica, dependentes dos potentados locais. Assim, eram acusados com frequéncia de atos de arbitrariedade, impunidade, corrupgio e fraude eleitoral, bem como de ser incompetentes ou relapsos (pela falta de formacdo em direito ou pelo pouco tempo dedicado ao servigo, devido a seus afazeres pess volviam-se ainda em conflitos com jutzes profissiona dantes da Guarda Nacional, parocos € cimaras municipais. O jéri também tornou-se alvo de varias criticas: havia escassez de cidadaos aptos a serem, jurados, sobretudo no interior, resultando em atraso e actimulo de casos a julgar; havia interferéncia dos poderosos ‘obre a selegio e as decisoes dos jurados; e, em razio de priticas. icas e de suborno, havia ampla impunidade, patenteada pelos baixos indices de condena- ciais ficava restrito aos cargos in idos por leis provinci que se desenhava com a interpretagao do ato adicional, buscando retirar das provincias 0 controle sobre a pol ‘A3 de junho de 1836, a Comissio de Justia Criminal da Camara — Gongalves Martins, Fernandes Torres e Cerqueira Leite —apresentou, a requerimento de Bernardo de Vasconcellos, proposta de reforma do ‘Cédigo Processual, mas que versava apenas sobre a formagio de culpa.” Arreforma do Codigo do Processo, todavia, 6 foi levada a cabo, tal como a interpretacio do ato adicional, na legislatura seguinte, marcadamente regressista. Vasconcellos, jé senador, foi o autor do projeto, apresentado em 17 de junho de 1839, Seu desfecho, porém, s6 se daria no Segundo Reinado, apés longa tramitagao no Senado, onde foi aprovado em outu- bro de 1841, e répida passagem pela Cémara, no més seguinte, Progres- sistas, como os senadores Nicolau Vergueiro, Paula Souza, Ferreira de Mello, Costa Ferreira ¢ Hollanda Cavalcanti, e 05 deputados Alvares, Machado, Limpo de Abreu, Teophilo Ottoni, Antonio Carlos de Andrada ¢ José Ferreira Souto, acusaram o projeto de inconstitucional, atentar6rio as liberdades e promotor da tirania; por outro lado, foi defendido por regressistas, como os senadores Vasconcellos, Lopes Gama ¢ Saturnino Oliveira, ¢ 0s deputados Paulino Soares de Souza (entio ministro da Jus- tiga), Carneiro Leao, Gongalves Martins, Figueira de Mello, Maciel Monteiro, Urbano Sabino e Gabriel Mendes dos Santos. Em 3 de de- zembro de 1841, a lei foi finalmente sancionada pelo imperador.” A reforma do Cédigo do Processo Criminal estabeleci quia de cargos e fungées, centralizando toda a estrutura judi licial do império, No topo, representando o imperador, estava 0 ministro da Justiga, que nomeava os chefes de policia, os comandantes da Guarda [Nacional e quase todos os magistrados, desde desembargadores até jufzes municipaise de 6faos, passando pelos juizes de dieito e substitutos. Indi- cados e diretamente subordinados aos chefes de policia estavam os dele- bdelegados, nomeados na Corte pelo ministro da Justiga e nas ias pelos presidentes; estes, juntamente com os vice-presidentes, ‘eram nomeados pelo ministro do impé iuizes de paz permane- iudiciéria.%* | © BRASIL 1M = vowume 2 ciam independemtes do poder central, mas n {bes foram esvaaiadas, sendo na 1 € nas capitais das provincias, para os chefes de pol rnos demais locais, para os delegados, Restaram aos juizes de paz apenas as fungdes que tinham antes do Cédi odo Proceso. A reforma também ampliow os requisitos para ser jurado: saber ler ¢ escrever, ¢ ter renda minima anual de nao mais de 200 is, mas de 400, 300 ou 200 mil-réis, conforme o tamanho da cidade. lém disso, as sentengas do jr ficavam passiveis de apelagéo, quando 0 2 de direito achasse conveniente. Outra medida de controle foi a de- terminagio de que todas as pessoas em viagem pelo império portassem Passaporte, para evitar interrogat6rios e possiveis expulsdes. A reforma ju completou a obra centralizadora do Regresso, ue, além da interpretagio do ato adicional, contou também com o resta- belecimento do Conselho de Estado, em 23 de novembro de 1841, con- sagrando outro projeto de Vasconcellos, ‘A ASCENSAO DO REGRESSO Malgrado a revisdo das reformas nio estar pol acabou se tornando a bandeira central do projeto regressista e s6 se rea- lizow gragas A ascensio da nova faccio. Alimentou-se essa facgaio da cri- se incessante atravessada pela regéncia Feij6. Até o final de 1836, boa parte da forga demonstrada na Camara pela corrente emergente advinha de um heterogéneo grupo de deputados (antigos carammurus, exaltados ¢ lentes moderados, além de individuos sem identidade p definida) que fazia oposigdo ao governo — e assim costumava aliar-se 0s regressistas jé assumidos —, mas que nem por isso havia aderido a ‘esse movimento. A cada enfrentamento do governo com o Parlamento engrossavam as fileiras da oposigio (posto que no necessariamente em diregio ao Regresso). A fala do trono de abertura da sessio legislativa de icas € com motivos diversos antes da articulagio desse movimeni 90 ORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL 41837 foi recebida como insulto 4 Camara, provocando forte reagio, a ponto de o governista Raphael! de Carvalho adi regente equivaliam a uma “declaracio de guerra”.”” Outro progressista a entio mudar de lado foi Henriques de Rezende, que, em 15 de junho de 1837, apresentou dent da Fonseca Lima e Silva) e da Justiga recentes medidas de anulagao do pleito para a Camara dos Deputados em Sergipe ¢ na Paratba, e de restriglo 8 liberdade de imprensa, respec- tivamente, Ao mesmo tempo, prosseguia 0 sangramento governamental nas discusses acerca das propostas de fixacdo dos efeti Provas da instabilidade do governo e da falta de apoio a que ficou reduzido foram a sucessio de gabinetes — quatro em quase dois anos (a segunda maior rotatividade ministerial do império, 6 inferior & sequéncia de cinco gabinetes em 1831) —e 0 rodizio das pastas entre poucas pessoas — apenas 11, para o total de 24 cargos (seis ministérios para cada gabinete).'° Capitalizando os lucros advindos do desgaste do regente, o Regresso saiu-se vitorioso nas eleigées nacionais para a legislatura que se iria ini- ciar em 1838, cabendo-Ihe capitanear a alianga difusa de descontentes responsével pela queda de Feijé — que, afinal, renunciou em 19 de se- tembro de 1837, alegando que sua permanéncia no cargo “nao pode remover os males , que cada dia se agravam pela falta de leis apropriadas”.!" Assumia 0 governo o recém-nomeado ministro do im- pério Araujo Lima, ex-caramuru convertido ao Regresso. O gabinete que se seguiu, com Vasconcellos ¢ Rodrigues Torres & frente, evidenciara a ica, consagrada, em abril seguinte, pela confirmacio na como regente, Completariam a tropa de cho- que do governo o entio deputado e presidente da provincia do Rio de Janeiro, Paulino Soares de Souza, ¢ Euzebio de Queiroz, nomeado chefe de policia da corte. ‘A nova composigio politica — niicleo do futuro Partido Conservador —vinculava-se, em suas origens, a uma alianga entre grandes produtores de agiicar da provincia do Rio de Janeiro e do Nordeste, comerciantes de {grosso trato, burocratas da corte e magistrados (o emergent setor de ea- jtores do Vale do Parafba s6 ganharia peso mais tarde).! Original- ot I © BRASIL lePERIAL — VoLUME 2 mente, era formada por parte dos ex-moderados (tanto aqueles que se ‘opuseram 3s reformas, como Carneiro Leto e Rodrigues Torres, quanto alguns que as promoveram, como Vasconcellos e Satunino Oliveira), pela aioria dos antigos caramurus (como Miguel Calmon e Araujo Lima) e por uma nova geracio de pol o integrava o Parlamento na €poca da discussio das reformase iniciava agoraa carreira politica apoian- do a revisio das mudangas (como Paulino ¢ Euzébio): A ideia de organi- zagio de um “terceito partido” (alternativo ao governista e a oposicio) surgity em meados de 1835, nas paginas do jornal O Sete d’Al tado por Vasconcellos, inspirada na iniciativa do jurista e ‘cés André Dupin (ou Dupin Ainé), que, apés a de Julho, criara um bloco parlamentar com aquela denominacao." Logo chamada de Regresso — por supostamente pretender restabelecer a ‘ordem politico-institucional vigente antes das reformas —, a facgo ascen- dente defendia uma monarquia constitucional centralizada, tragio de poderes no Pa modo a dotar de novo o governo dos instrumentos de controle capazes de assegurar o progresso dentro da ordem. E esse o sentido da célebre justificativa de Vasconcellos para sua adesio ao Regresso: Fai etdade era nova no pals, estava nas aspira- <ées de todos, mas no nas leis, nfo nas ideias préticas; 0 poder era ud eral. Hoje, porém, € diverso o aspecto da sociedade: os prineipios democriticos tudo ganharam e muito comprometeram; asociedade que entdo corriarseo pelo poder, corre agora risco pela desorganizagio e pela anarquia. Como entio quis, quero hoje ser- {quero salvé-a, por isso sou regressista. Nao sou transfuga, bandono a causa que defendi, no dia do seu petigo, de sua fraqueza: deixo-a no dia que tio seguro € 0 seu triunfo que até 0 excess0 a compromete."™" (© LABORATORIO DA NACAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) Expressando principio basilar do pensamento conservador, os regressistas achavam que as mudangas deveriam ser feitas lentamente, sem saltos, ¢ de forma pragmatica, em conformidade com a razdo nacional e com 0 estado de civilizagao do pais. J6 senador, Vasconcellos declarou, so de 6 de julho de 1839, que sempre reveara a reforma da \deva apés a abdicacio por acreditar que “poder para embaragar 0 carro do que entio se chamou revolugi governo centralizado no era mais entendido como sinénimo de despo- 0, € sim, ao contrério, como (nico capaz de garantir a liberdade, ao conter os arbitrios dos poderes locais facciosos."™ Os regressstas defen- diam também a importincia do Conselho de Estado, do Poder Mode- rador, da vitaliciedade dos senadores, dos tftulos de nobreza e da aristocracia, enquanto pontos de equilfbrioe contrapesos necessérios 20s “elementos democriticos” (as eleigbes, as cdmaras dos deputados ¢ mu- nicipais, as assembleias legisativas, 0 juizado de paz, o i)" Criticavam, tal como o jornal fluminense O Chromista, as concepgoes abrangentes de liberdade — “capa de quanto velhaco politico, de quanto ambicioso tem existido” —e de igualdade — “novo disfarce da inveja, palavra sem sentido que tem "8 0 revolugbes”. [Em oposigio ao Regresso achavam-se os partidarios do Progresso, que daria origem ao Partido Liberal. Segundo José Murilo de Carvalho, sua base social era formada por profissionais iberais de extragio urbana (pi cipalmente advogados ¢ jornalistas) ¢ por grandes proprietérios rurais sobretudo de Minas Gerais, S40 Paulo ¢ Rio Grande do Sul." O grupo era integrado primordialmente por grande parte dos moderados que apoia- ram asreformas (como Limpo de Abreu ¢ Nicolau Vergueiro), por antigos exaltados (como Henriques de Rezende eo estreante na Camara Teophilo Ottoni) ¢, curiosamente, por alguns caramunus (como Hollanda Caval los de Andtada). Defendiam a fidetidade aos ideais (mode- rados) do movimento do 7 de abril, a autonomia provincial, a prevaléncia do Legislativo sobre o Executivo ¢ a auséncia ou restrigao do Poder Mo- derador. Se ordem era o lema principal dos regressstas, que receavam a anarquia, liberdade era 0 dos progr ‘Todavia, como observou com argtci sas, que temiam o despotismo. lmar Mattos, era esse 0 ponto fraco IMPERIAL — VOLUME 2 dos progressistas; em meio a situagao caética que parecia assolar o impé- regencial, cada vex mais imputada ao exces- vendo forgados a aderir para escapar & pecha de anarq da integridade nacional e mesmo de antimonarquis ‘Alem de dar andamento as revisbes das reformas, ogoverno regressista de Araujo Lima, com Vasconcellos a frente, logo revogou o polémic decreto que restringia a liberdade de imprensa e empreendeu a criagai em 1837-1838, de instituigGes culturais ainda hoje existentes, destinadas 4 promover o ensino secundario, a memsria nacional e a hist6ria © Imperial Colégio Pedro Il, o Arquivo Pal iniciativa privada mas com apoio oficial as, de inimigos tuto fico Brasileiro, Fatos mais controversos marcaram também a nova Re- géncia, como a retomada do ritual do beija-mao por Araujo Lima, na ceriménia do 13° aniversario do imperador; prética que, para a oposi- ‘sio, patenteava o carter aristocritico do Regresso.""! Mas o principal problema continuava a ser a agitagao rebelde nas provincias: além de nao conseguir debelar a Cabanagem ¢ a Revolucio Farroupilha, 0 governo, ‘to logo iniciado, jf se viu forgado a enfrentar duas novas reve nada e a Balaiada. L batido pela entio oposigio regressista: a repressio violenta, seguida de ofertas de negociagio ¢ anistia. Nao escapou, assim, das mesmas feitas outrora por seus partidarios, sendo ora acusado de despstico, ora de fraco, Por conseguinte, viu-se também enredado na crise de autoridade to € que acabou precipitando a queda do los, em 16 de abril de 1839. ‘© GOLPE DA MAIORIDADE A solugio para a crise mais uma vez parecia passar pela derrubada da Regéncia. Desejosos de tomar o poder, mas em minoria no Parlamento, (8 progressistas comegaram a articular um golpe para antecipar a maio- ridade do imperador, estabelecida pela Cor no era nova. Desde 1835, proj sendo apresentadas sem sucesso. maioridade imperial vinham Agora, porém, o panorama era mais favorivel, beneficiado pelo préprio éxito do discurso regressista de re- forco da ordem ¢ do “elemento mondrquico”, contrastado com a inca- pacidade dos sucessivos governos regenciais de debelar a anarquia. Aproveitando-se dessa situago, os progressstas fundaram, em 15 de abril de 1840, o Clube da Maioridade, ou Sociedade Promotora da Maioridade, ‘em reunio na casa de José Mar também ‘com a presenga de seus colegas Hollanda Cavalcanti, Ant Ferreira e Francisco de Paula Cavalcanti ¢ dos depatados Antonio Carlos de Andrada ( 0, Carlos Peixoto de Alencar e José Mariano Cavalcanti Logo aderiram, centre outros, os deputados Teophilo Ortoni, José Feliciano Pinto Coelho, Francisco Montezuma, Limpo de Abreu ¢ Aureliano Coutinho, ¢ os sena- dores Ferreira de Mello, Francisco de Lima e Silva e Nicolau Vergueiro, além do entao publicista José Antonio Marinho. No dia 13 de maio, Hollanda Cavalcanti, José de Alencar, Paula Cavalcanti, Ferreira de Mello, Costa Ferreira e Manoel de Mello e Sou- za apresentaram dois projetos no Senado, que propunham, o primeiro, 1 pronta maioridade de d. Pedro Ile, 0 segundo, a criagio de um conse- Iho privado da coroa, com 10 membros. Os Anais do Senado registram a Sensa¢ao” causada pelas propostas no plendrio, assim como “o mais profundo silencio” reinante quando colocadas em discussio uma sema- nna depois, a ponto de o presidente da Casa, marqués de Paranagua, ser 0 ‘énico a tomar a palavra, em defesa da maioridade." A rejeigio por dife- renga de apenas dois votos (18 a 16), em Senado amplamente dominado pelos regressistas, indicava que a medida jé caminhava a passos largos para ser aceita. Rumava-se rapidamente também para 0 quase consenso de que toda a mistica € 0 pres ficada na figura do imperador, eram essenciais para restabelecer ao dem que o Regresso tanto pregava. Sobre os que ainda resistiam pesava ‘© embaragoso labéu de inimigos da tao exaltada monarquia. presidente da entidade), seu irmao Martim Francis- jo que revestiam a monarquia, pei © BRASIL IMPERIAL — voLUMe 2 Os maioristas decidiram, ousados, buscando aaq céncia do proprio monarca. A avaliagio que fizeram, segundo o teste- munho de Teophilo Ortoni era que “a medida s6 poxla atingito seu alvo s€ obtivéssemos previamente 0 acordo e a benevoléncia do imperador”. Seria essa uma vontade que, naquela altura, ninguém ousaria contrariar, acima de qualquer argumento, até mesmo da Con: forme Ottoni, 0s Andrada ficaram encarregados de fazer. tuma carta em que, secretamente, pediam sua concordncia com a acio, ‘uma iniciativa apresentada como “dos Andradas e seus amigos." A res. Posta afirmativa, comunicada por Bento Antonio Vahia'"* e depois con- firmada por escrito, deu oimpulso que faltava ao movimento, que parecia ter também apoio da opiniao piiblica.* Em 20 de julho, Limpo de Abreu requereu, na Camara, a formagio de comissio para oferecer, com urgéncia, a medida mais conveniente de encaminhamento da maioridade. Rocha Galvio solicitou que essa fosse decretada por aclamagii. Em seguida, Martim Francisco apresentou duas Propostas, convidando o Senado a deliberar a respeito em sesso con- junta ¢ declarando ja a maioridade. No dia seguinte, Antonio Carlos colocou em destaque outro projeto de maioridade, atropelando o pare- cer daquela comissio (composta por Francisco Ramiro Coelho, Gongalves Martins ¢ Nunes Machado), que, em manobra protelatéria, recomen- dou que se convidasse o Senado a também formar comissio. Procurando ganhar tempo ¢, quigd, tomar a frente do movimento, o regente pr ficow-se, perante o imperador, a preparat a maioridade para 2 de dezem- bro, quando 0 monarca comp! reconduziu as pressas Vasconcel istério do Império e determi- nou o adi da Assembleia, Essas medidas, porém, provocaram forte indignacéo entre os deputados ¢ senadores progressistas, que, reunidos ro Senado, com apoio de batalhdes da Guarda Nacional, do comandan- te das Armas Francisco de Paula Vasconcellos e dos estudantes da Acade- ‘mia Militar, enviaram deputagio mista (liderada por Antonio Carlos € Hollanda Cavalcanti) ao imperador, suplicando-lhe entrar logo no exer- cicio de suas atribuigdes. Indagado entio pelo regente se queria assumir rnaqucle momento ou em 2 de dezembro, d, Pedro teria respondido com (© LABORATORIO DA WAGAO: A ERA REGENCIAL (1831-1880) ‘0 famoso “quero ja”."” Assim, em 23 de julho, a Regéncia era finalmen- te dissolvida, dando inicio ao Segundo Reinado.""* Um ano depois, em 18 de julho, realizou-se a pomposa ceriménia de sagragio ¢ coroagio do jovem monarca, prolongando-se as festividades até o dia 24, com notivel presenca popular.""” Comemoragio emblema- tica, tanto do novo tempo que se iniciara, como, por contraste, da ou- trora celebrada Revolugio do 7 de Abril. Transcorridos esses dez ano povo do Rio de Janeiro estava de novo nas ruas. Mas, diferente daquela época, em que entrara em cena pata derrubar o imperante, nao era mais ‘o agente dos acontecimentos, figurando agora como mero espectador, a saudar a subida ao trono do filho daquele que, hd néo muito tempo, aju- dara a depor. Neste ta coisa mudou: de cidado que lutava para se fazer soberano, 0 povo voltava serenamente a condicio de stidi- to, sob a protegio de um novo imperador. ‘A HERANGA REGENCIAL 0 periodo das regéncias constitui momento crucial do processo de cons- trugio da nacio brasileira, Por sua pluralidade e ensafsmo, Marco Morel 6 definiu como um grande “laboratério” politico esocial,no qual as mais diversas ¢ originais formulas politicas foram claboradas ¢ diferentes ex- periéncias testadas, abarcando amplo leque de estratos soci saico regencial nose do trono ea falta de unidade até entao observada da elit politica impe ensejou a formagio de facgbes distintas, portadoras de diferentes proje- de camadas sociais até entdo exclufdas de qualquer participacio ativa, A.edificagio da nagio, nesse momento, passava substancialmente pela © BRASIL imPeERIAL — voLUME 2 por “guerras de doutrinas”."™ Se os acirrados antagonismos dficultavam io dos habitantes do império em torno de um mesmo prinef pol '40 impediam a identificagio desses individuos com a tio de- cantada nagio, pois, seas rivalidades expressavam os diferentes projetos nutridos por cada facgio, acima deles havia, entretanto, um compromis- so geral com essa patria que, afinal de contas, todos almejavam cons- truir. Nenhum desses geupos colocava essa meta verdadeiramente em ‘questio; apenas divergiam em termos de seus ideais, pautando sempre sua agdo exatamente no sentido de afirmar a nacio brasileira, em nome ficavam seus projetos, Haja vista o principal argumento uusado nessa defesa ser a “razo nacional”. Até porque, reconheciam to- dos a heterogeneidade da nagio brasileira, de modo que as diferengas entre eles estavam na interpretacio sobre a maneira acertada de lidar com is eram entéo afirmados ¢ difundidos — de que falava Renan” —, por meio dos jornais e folhetos, que circulavam entre as diversas partes d da rede de associagbes, que mantinham estreito contato entre partilhando noticias, ideias e s6cios; das festividades civicas, destinadas 4 construir uma meméria nacional; e, at das revoltas, que, nao obstante suas formas violentas de contestacio, no possufam r tista e, ao fim € ao cabo, promoviam a exaltagio da p: to de compromisso com a nagio. ‘Matizando a habitual imagem negativa da Regéncia como perfodo ue teria representado ameaca ¢ empecilho a inte- do cristalizada pela producio conservadora do Se- undo Reinado}, tais atividades demonstram — por sua agio mobilizadora € enquanto lugares de exercicio informal da cidadania — que foi esse entio um dos eixos do longo e tortuoso processo de construgao, de bi Xo para cima, da nagio brasil wtento separa- € 0 sentimen- fticas a partir de 1835, coma emergén- cia do Regresso, resultou, contudo, em uma guinada nesse movimento. Malgrado a disputa com os progressistas, comegava a se construir — para se firmar efetivamente na década seguinte —o consenso em torno oe ORATORIO OA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1837-1840) ‘argem de conflitos no interior da elite poli- danecessidade de red ica, cada vez mais alarmada com a experiéncia and papel fundamental na relativa homogeneizagio ideolégica da elite p tica no Segundo Reinado, no estabelecimento do tempo saquarema e, enfim, nos rumos doravante seguidos pela politica imperial. £ esse novo pacto o principal responsével pelo recuo esvaziamento do espago pi blico — e das praticas de cidadania a ele associadas — desenvolvido na primeira metade da década de 1830 nas grandes cidades do império, ainda muito dependente dos impulsos gerados pelas faces em luta franca. A Pedro Ile sua subida a0 trono, com todo a figura do imperador e a forga da tradi- imentar a recomposicao da elite politica e a definir, assim, um importante mecanismo regulador de conflitos, re- forcado pelo sistema adotado de rotatvidade peri6dica dos gabinetes entre liberais ¢ conservadores. Somente mais de 30 anos depois € que aquela dinamizacio da esfera pablica, verificada na Regéncia, sera reto- ‘mada, com novas e velhas roupagens, no contexto da crescente crise politica que se seguiu ao término da hegemonia saquarema e produziu novo racha no seio da cite dirigente, estendendo-se até o fim do império. afigura-se, ainda, tanto na promogio de novos utores da consolidagio do Estado imperial — antecipagio da maioridade ‘0 peso da mistica que envol A heranca regenci quadros polit ‘como nas propostas legadas. Os caramarus, com sua idolatria aos prin- ‘fpios originais da Constituigio de 1824 e A monarquia representativa centralizada, forneceram as bases do modelo politico abragado pelos conservadores. Os moderados, com suas medidas para reduzir os pode- tes concentrados nas méos do governo central, inspiraram os liberais. E 6s exaltados tiveram varias de suas bandeiras resgatadas, ap6s quase quatro décadas, pelo novo Partido Liberal, pelo Clube Radical e pelo Partido Republica 99 © BRASIL IMPERIAL — voLuMeE 2 Notas 1. Justiniano José da Rocha, “Acdo, reagio,transagio: dus palaveas acerca da lade politica do Be fo Magal (ors. anfletrios do Segundo Reinado, Sto Paulo, Cia. Ed, Nason: 199; visconde do Urugua » Ed. UnB, 1983, capitulo IV; | A provincia: estudo sobre a descen- tralizagéo no Brasil, 3* ed., Sto Paulo(Brasfia, Cia. Editora Naciona/lastiuto Nacional do Livto, 1975, principalmente o capitulo I da segunda parte. 3. Octavio Tarquinio de Souza, Histéri dos fundadores do imprio do Brasil, 10 x, de Janeiro, Jost Olympia, 1957. ensal do Instituto rmilicar na ilha das motim popular , 1873; *Sedicio militar de julho de 1831 rte 2, 1874; “Motim politica de 3 de abil de 18520 Rio de Jano" XXXVI, prt 2 18745 "Moti poio de 17 de be dde 1832 no Rio de Janeiro", t. XXXVIM, parte 2, 1875; ddezemibro de 1933 no Rio de Jancro: remogio do tutor doimperador parte 2, 1876; e “Sociedades fundads no Brazil ead ox tenpo cl ‘comeco do actual reinado”,t, XL - Amaldo Daraya Contes, imprensae ideologia on Sdo Bu Aug (© LABORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) 1000; & Marco Morel, O periodo das regéncias Jorge Zahat, 2005. historia da imprensa bras io de 10 Nacional do Livro, 1945; Nelson Werneck Sodté, A histria da imprensa no Brasil, Rio de Janeiro, Civilizagio Brasileira, 1966, eaptulos I-IV; e Gondin da Fonsecs,Biognafie do jrnalismo carioca (1808. 1908), Rio de Janeiro, Quaresma, 1941, pricipalmente 0 1$22-1842): mati- Petrdpols/Campinas, VozesUnicamp, 1975 tors: uma polémica apaixonada na cidade do ado, Rio de Janciro, PPGHISTUFRY, 2004, capitlos Xi; € idem, Ezequiel Cora dos Santos: um jacobino Jancito, Fundagio Getalio Vargas, 2001, capitals Ie TL in Wernet, As sociedades politics da provincia de Sdo Paulo na prime FFLCHIUS, Silvia Carla Perera de Brito Fonseca, ideia de Repii= rio do Brasil: Rio de Janeiro e Pernambuco (1824-1834), tse de ourorado, Rio de Janeiro, PPGHIS/UFR], 2004, capitulo 6; José Luiz Werneck ional (1827-1904) na for- Genaro Rangel (© BRASIL IMPERIAL — voLUME 2 12), 2° ed Rio de Jane ¢ Esportes/Departamento Gera 1al Divisio de Fditoracio, 1993; a egeont liber inas Gerais (1830: 1834), tese de doutorado, Rio de PPGHISIUFR}, 200: Cipriano Barata na Sentinea da Liberdade, Salvador, ea ia Legislativa do Estado da Bahia, 2001 idem, As tra espaces piblicosi. op. cits Marcello Or 108... op. city primeiro ¢segund tgogo.on OP it © 411, Miriam Dolhinikoff, O pac ibensve pow Basile, Esequie ny Anargustas, rus Peixoto Pinheiro, Visdes da Crhunagem: es na bistoriografia, Manaus, Valer, 2001; Matia Janiéria rms no Maranthlo, Si0 hist € interpretacdo, Porto Alegre, Mercado Aberto, anael Correia de Andrade, A guerma dos cabanos, Rio de Jancito, Con : Deco Freitas, Os gueriheinos da inperador, Rio de Jan 4 Champaign, 1989, sobretudo 0s ¢ cas bd apenas (0 LABORATORIO DA NACAO: A ERA REGENCIAL 1 as revolts escraas na pro 1840), diswertagio de mestrado, Belo Horizonte, FAFICHIUEMG, vio dos Santos Gomes, Histrias de quilombolas: mocaonbos e « -senzalas no Rio de Janetro — Século XIX, Rio de Janeiro, Arquivo Naciot coustrugdo:identidade nacional e con iro Reinado, Rio de Janeiro, Relume apr iano na corte, analisado a partir das di Sobre o problema a meio urbano em desenvol Goren ro, Seen 1. Neguciantese caieiros na sociodade da independéncia, Rio de Ja ia Municipal de Cultura, Tarisno e Esportes Departamento Geral de tio e Informagio Coltural/Divisio de Editoragio, 1993, parte 1, so- betudo 0 capitulo 4 Cf. Joo José Reis, A morte & uma festa: Paulo, Cia. das Letra, 10s finebres e rvota popular no Brasil civicos na Baia pSs-indepen- 1° 3, Rio de J serembbro de 2001; consti, ro de uma nagio", Revista de Histiria da 1° 3, Rio de Janezo, Sociedade de 19, *(.) seria diffe! aperfeigoar muito nosso conhecimentos de virios aspectos da histéria do period regenetal fe rest saber do papel politico da imprensa da corte daquela €poca? Da vidae das atividades plblicas da principais iguras da politica Das atividades politicas da 103 iro, Topbooks, desde 0 period da chegada da familia de Braganea, em 1808, até a abdicacio de D. Pedro I, em 1831, con dos 0s piblicos e outras fontes origins formando ‘ria do Brasil, de Southey, Belo Horizonte/Sio Pa ItatiaiaEdusp, lo Fazoli Filho, op. cit. p. 15. 23. Sobre © movimento do 7 de absile as agitacées que o precede Marcello Otivio Neti de Campos Basile, Ara ict imperial compresndia, nos termos de José Mutilo le Carvalho, 0 conjunto de individuos que ocupavam osaltos cargos do Executive « do Legislative «© cram tesponsiveis pela tomada de decisées de sgerais, senadores, minstros e conselheitos dle Estado). A conctrugio da ondem: a elite politica imperial, Bras, E los 2,6€ 26, Luiz Franciseo de Paula Cavalcante de Albuquerque, Proclamagdo di ‘remit dos representantes da nacio aos brasileiro, Rio de Jancivo, Typograph xm da ideia de revo mento de sangue, fo largamente diversos outros panfletos e jomais da época, Ver, por exemplo, erio Candido de Faria, Breve historia dos felizes accontecimentos politicos ‘10 Rio de Janeiro em os sempre memorsveis dias 6 ¢ 7 de abril de 1831. Rio de mente pacifica, sem den 1 Anonimo, Hymno offerecido 4 briosa macio br 7 de Abril de homas B. Hunt e C., sds Fra Brivo, Him. Abril de 1831, Rio de Janeiro, Typographia dE, Sei 69, 8 de abril de 1831, € 4°47 Aurora Now Lus Brasler, 14 de abril de 1831, en 5 27. Theophilo Benedicto Orton, “Circular devicada aos st, eleitores de semado- es." OP ite 209. (© LABORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1431-1880) © estratégieas, em 1832 e 1833, chamada ces", soldada por 834, 28 d esiltados em irgen Habermas, Madang est sociedale burguest. Rio 3-42, Para a aplicagio critica do conceito & corte, ef Marco Mi rmacdes... op cit; Licia Maria Bastos Pereira ddas Neves, Crcinndaseconstitucionais cultura politica do independéncia(1820- 1822), Rio de Janeiro, Revan/Faper, 2003, capitulo 3; e Marcello Otévio Neri Amarin Op isp, 1988, p. 53.54, - Os viajantesingleses Robert Walsh ¢ John Armitage fcaram impressionads © grande cancirso de pessoas, “is vezes da mais humilde condigios sesses parlamentares daqueles tempos e com o grat de envolvimento €interesse do pablico, Robert Walsh, Noticias do Brasil (1828-1829), ¥. 2, Belo Horizonte uM tatisiaEdusp, 1984, p. 192-193; ¢ John A p. 207 sm das galeriaslotadas, as alas das sess re ros pequenos $s provocados pela plateia Grito, discusses, ofenss,batidas de ps e até escarradas ¢ moedas atizadas sobre os parkimentates no raramenteinterrompi am os trabalhos e suscitavam reagées indignadas; che forgada ores, 20 emprego de dois fscais de galeria ¢&elaboragio de ‘um edital que determinava siéncio absoluo da plata, pro tifestagio de aprovagio ou desaprovagio durante assests, veda individvos armados on portando' obrigava o uso de cass ce ordenava a as em 200). Ck. Aumaes do Pala Sis, Deputads,Sessto de 1832, coighlos por Anto~ ia de H. J. Pinto, 1878, . 1, p. 89 32, A representacio provincial era a seguinte: Minas Gera trere; Pernambuco, treze: Sao Paulo, noves Rio de Janeiro, oto; Ceaté oitoy Paratba do Norte, incos Alagoa, cinco Mat ro; Pari ts; Sto Pedro do Rio Norte, Espirito Santo, 33. 0 Rio de Janeiro ex dois deputados,passando paca der, 20 pusso Bahia e Piaui foram contemplados cada qual cornu, asmentando suas bancadas para eatorze d ivameme, is, dex venadores; Bal nico, ss; Rio de Janeiro, quateos Sio Paul, quatro; Cea. seis; Per 0; Paraiba (© BRASIL IMPERIAL — VoLUME 2 Rio Grande do Mato Grosso € pertencia n 1828, passando a consti- 5 Golds, Pia ia, Sead im nomeados havia 66 moderados contra 34 exalt iao desconhecida ou vacilante. Aur 801, 2 de agosto de 1833. Jefitey Needell (op. cits p. 299-300) cal iipavam das vo laramente regresistas, os quais precsariam mobilizar apenas de seis a depatados para assegurar vitsria nas decisis. . Dados acerca do Ipanema estimam que os peri 1do de 52 no ano anterior P sande para 81 jornais em 1834, $0 1835, 69 em 1836, 65 em 1837, 60 em 1838, 59 em 1839 ¢ 65 em 1841 Ipanema ¢ Cybelle Ipanema, “Imprensa na Regéncia: observacies esta sem 1828, Laurence Hallew A. Queiroz/Edusp, 1985, p. 47. Duarte Moreita de Azevedo, “Sociedades fundadas no #70 no Brasil (sua bist), Sao Paulo, p. 294321 40. Ver, a respeito, Marco Morel, As p. 261-296, 4 indicada no manifesto da em que declarava dedicar- ramente 20s Fito eprincipios univer jco-partidtas. Iso tutor ded Pedro to da escolha para g sé Bonificio, e do senador n 10), Campinas, Ed. Unicarnp\Cent 66. Tadavia, Marco Morel (As i | i (0 LABORATORIO DA NACAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) » 42. Conforme assinal de setembro de 18: laveis benefcios permite publica p utt6picas e Lttiras,e de protesio incentivava a populacio a “adotar desde i 0 indispensivel que se unam para obear a bem deste ou daquele berdlade do Povo” composigio e atuagi dessis as nota 9. Dependendo ds provincia, a soiedadesvincoladas ts fac 0¢s polities loeais por vezes adotavam outros nomes. 44, Havia também datas regionais ou locals, como o eélebre 2 de’ comemoracio 3 adesio oficial desta provincia, em 1823, 3 independéncia do Bras 45, Sobe os festa civicasregenciais, ver a biliografia indi 46. Ver a respeito desses movimentos as obras indicadas 47, Sobre a Calbanada, ver as obeas citadas de Manuel Correia de Andrade (A guerra Lindoso e Marcus Carell hota. 15 sobre estes: Bzileiry — Camuna dos Sr. Dep 1, p95 19, 41-46, 97-108, L15 € 160-167 51, CF Thomas Flory, El ues de paz y ef judo en ef Brasil 1808-1871: control social y estabilidad politica en el mevo Estado, Cidade do México, Fondo de Cultura Eeonémica, 1986, capitulo 1V. 52. Era 0 caso dos ministros do Supremo Tritunal de Justiga, dos desembargadores der — controlar as iia do de abil de 1831, Por outro lado lertava pats opetgo representa pelos exc de desptismo ora de ana 4 ascetso ao oficialito de negro € de novembro de 1831, 0 tos permanentes, “Instrument 54, Essa prerrogativa, a0 possi Jeanne Berrance de Castro, cde mudanga social pelo igualiar ",censtiuindo-se, portanto, em uma “ 107 (© BRASIL IMPERIAL — VOLUME 2 we pela propriedade”. Jeanne Bet Castro, A mica cidada: a Guarda Nacional de 1831 a 1850, Sto Palo/Braslia, Cia. Fe 1, 238 € 239, isFalcon e Margarida 1831-1918, Rio de Ja reimbio © Edigdes, 1981, p, 79. De qualgu cleitoral logo provocou protestos entre aqueles que tei ser derrotados por individuos de condisio social inferior, f dinados na corporasio. Contudo, a prerrogativa da 12 passou a constitu privlégio quase que exelusivo dos milicianos Inais favorecidos socialmente. Fernando Uricoeches, minota Estad 1978, capi 0 John Schula, entre os 44 generais que atuaram no exércit imperial em 1830 e 1831, havia 26 pottngueses, um inglés, um francés © apenas 16 brasil ros, John Schulz, O Exército na politica: origens da intervengdo militar, 1850- usp, 1994, p. 24-26, Sobre as ropas estrangeiras € 0 motim, f, Ruth Maria Kato, Revoltas de ruas 0 Rio de Janeiro eon tris m 1828-1831), dssertacio de mestrad, Rio de Janeiro, IFCSUER}, Toll, p. 110-137. 57. Gf. Adriana Batrero de S historico sobre a politica 1999, p, 1a, O Exércto na consolidgdo do impér ar consenvadora, Rio de Janeiro, Arguiva Nacional, io de Joncivo: repressfa e resistencia numa Vargas, 1997, p. 75 Lima e Silva, sobret rancisco, que pouca antes io de Janeiro, passou a ser comandante das Armas da corte € pri ote da Regéncia Te (© LABORATORIO DA NACAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) jt © vomando das Armas deixado por Francisco. o duque de Caxias), terse tornado sube ivSoldados Voluntirios da itria ¢, logo depo slo Corpo de Guardas Municipais Permanentes da cote 10 interior das forgas armaias a mesma divisdo tripartite da corte, em 1833, 1és effmeros jornais que dliziam representar a clase inculados wm aos exaltadas, outso 20s aramurus 0 terceiro aos moderados: O Soldado A\flcto, O Militar no Rio de Janeiro © O Cidadao Soldado. Em 1836, surgi, ainda, O Guarda Nacional, folha dedicada a tatar dos problemas daguela milicia, 61.0 Sete d’Abril, n° 62, 30 de juho de 1833, (62. Thomas Flor, (63. Passaram cles a pela Justiga fora acusados, indicat os inspetores de quartet & Camara nar, junto com 0s pérocos locais e © presidente da municipaldad, a lista dos jurados. 64, Annes do Purlamento Brasileira — Camave dos Sr, Deputados, op. cit 1831, peli. 65. Cf. Marcello Oxivio Neri de Campos Basle, 0 ipéri ‘comandante 6, Palo Pee 67. AAurora Fluminense cootessava 06 faciosos umn grande prete o “estandarte da Enager ‘© mais formidivel pretexto de seus excess. A Moderagio langou mao dele. Reduzi estas exigéneias as formas a0 menos acerbas e tratou de realizar o que havia de rasionsvel e mesmo de vantajoso”,E, em longo e revelador retrospecto, rnotem defetos, esto consagradas todas as gatantas, rods os principio liberas (G2) no podiamos com certeza cribuir o nossos sofrimentos & si terarmos desde logo e sem profundo conhecimento de casa 1) Recesvamos ainds e mais que tudo, o choque dos inte inides, a aceleracdo do morimento reveluci bilidade perigos a hase de nossis resses e di © BRASIL IMPERIAL — VOLUME 2 una amplitude sem partidos descontentes lispensivel (1 Esq iso meio de se trar Bs facgGes uma arma poderosa” (n® 543, 14 de de 1832—deflagron serial de 10 © tutor de conivente com 0s rebeldes out inepto na tarda de seus pupilos, o que, em junho, suscicou a aprovaio pela Camara de parecer que recomendava a substtuicio de Boniticio, Em 26 de via, 0 Senado rejeitou a medida, por apenas um voto de diferenga, O taderado s6 f0ialeangado, por decteto regen logo apis a ocorréncia de dist Kor nomeado foi o margués (69. A integra do projeto — impresso na tipogt lo — acha-se em Oct ileira — Camara dos Sis. Deputados, op. cit 1832, . mara dos Ses. Senadores. Sessto de 1832, 1874, 3, p. 156-157, lero — Camara dos Sis. Deputados. op. cit. 834, 1-106, 152-183 e 166-206; t. 2, p. §-129, 161-167 e 200-2 (izimos sobre agicar, direito de 25%» sobre restando as provi lio, café, rabaco, gado, couro e aguardente: sisa da venda de hens de raizs porte de corre 5 provincia cas rendas n ‘os subsidios provenientes da prop Maria de Lourdes Viana Lyra, le dans Empire breil de dourorado, Paris, Université de Pa fiscal et co, 1808-1835, tose X, Nanterre, 1985, (0 LABORATORIO DA RACAD: A ERA REGENCIAL (1831-1840) tute — foi reeleito para a legislana seguinte; Henriques de Recende 56 julho de 1836. 1889), 2° ed Br assumi vaga como suplente, ¢ Lino no estigoprimitivo em uma escala de progres- so na qual a replica seria 0 Spice; ea apologa dos Estados Unidos, da antiga Lars Brasileira, 2° raequia eexaltaa repibica, 174,24 de setembro de 1831 (e também os 176, 29 de setembro de 1831, € 178, 6 de outubro de 1831). jo Ferreira Franca diseram que o projet no era pois a Constiuigio nie fara excegio de nenbum de 83 e apenas ao debate, ou, quando muito, nalidade 0 © governo monérquico representativo’ ‘que se levantasem os que eram contra a disussio do peo iados, permanecendo © BRASIL IMPERIAL ~ VoLUME 2 © Rodrigues Torres, que, entre io “aoa” amon eo pene nem see ers Seven debate, cumprindo " ees ie KerTilo, e que “todo Quando Aran lene, os que eram favoriveis & proposta,¢ sin Emb 2 a voragio tenha sido nominal, conforme sugerido por Barboza Cordeiro, os Anais ndo disriminam os nomes dos voeantes, Annaes do Rarlamento Brasileiro — Camara dos Se. Deputados, op. cit 1835. (primeiea segunda P78 tases) 79, Felo projeto, ox dois paises “serdo federados para mutuamente se detenderem went no desenvolvimento da propriedade contra pretensGes externas, e se au intra de ambas.asnagées"; cada pais ceria representantes ma Assembl «do outro: os cidadios de u (0s natueais desta; ‘i; as causa judic ‘0 jarados nomeados pelas partes haveria servagio e pee ~ Camara dos Ses. Deputados, op cit 1834, t. 2. p. 41. Defendida por periddicos exaltados,imbuidos de forte ant esses de 3 de do dos semelhante modi mais respeito atefsmo". Aunaes 40 Parlamento por meio de dois projetos de Ant Nacional los mesmo direitos que entre ambos haves entre stitos dos dois pases serianresolvidas iam colsborar para oda forma nacional de governo, em todas as cal Fe imho de 183] € 8 de junho de 1833) ¢ de outros lo comune sat 12 “oposigioe indignasio ao ver que se objetos os mais sagradlos, quais a religiio ea constimigia, por ara ele, tal projeto “nunca devia apare ve recaia solve esta clara o labéu de do Purlamento Brazile — Camara dos Srs. Deputados, op. 1833, tL. p. 238, et. 2, Sobre as pre ti de Campos Basile, 84, 8s (LABORATORIO DA MACAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) ser nomeado bispo de Mariana, para catequese indigena, acusagies de dese de pretender federalizar aIgrea, e 0 veto aumento da obnge ora eventuais debates cis os questio do teifico negreir Iei de 7 de novembro de Camara, N Franca. A vam algumas publicagdes enilaadas. E o caso dos projetos aprescntados em 8 de jmho de 1833, 16 de maio de 1835, 6 dejunho do mesmo ano (esse restrito a0s patdos), 7 de mao de 1836.¢ 15 de julho de 1837 (os és de tutela), Nenhum deles sequer entrou em dscussio, nfo sendojulgado objeto de deliberagio, assim como outro no mesno sentido proposto por Barboza Cor- deico, em 27 de nho de 1835; © mais umde Antonio Frangs destinado a xr0sescravos,e sim rodos os im ainda projetos — de 1835, respectivamente por Ci ppeopunham a fixaso de prszo para tal medida, bem como outro, tam Slime depurado, que estabelecia 25 anos de peazo, Amuaes do Pal sileiro — Camara dos St, Deputados, op. ci 1835, 5 1, pe 22-23, 58, 78, 154, 155-156 e 216; 18360 coms. 0s cit UTS ‘rata-se do chamado “Plano do Grande Faessim Nacional", proposto pela Now Luz Brasileira logo ap6s 2 abdicagto. Previa, de um lado, © arrendamento das ata, por prazo renovivel de 30 anos, pagando « lavrador um tinioo sindo isento de qualquer tributo part tivar a reform a confecgio ce mapas geodésico cdemarcagio ecadastramento de todas 3 tetra, companhad bens de cada agi A reforma abarearia no 56 as ters pibicas devolutas € a5, também as propriedades privadas aproy indevidamente. Assim, abria exeesio para as teras jf compradas em dinheiro, «que estvesser legalmente possutdas e de acordo com as especifcagées contidas vida aes pobres,e © peas os ricos: ‘outro para o Rei de maio de 1831, € 174, esolvido com a Lei de Tetras de 1850 (que, embor 1, em face da caéica situagio funditia ia de encoatro 3 pro as antigas sesmarias © posses, € a Avista esob 1 OP itp 86.0 Filho da Tern, 8” by 11 de novembro de 1831. Ver também O Tribuno do Povo, 48, 28 de Fevereiro de 1832, inceu nas provincias de Minas Gerais (onde a enorme dferenga de votos a - Espirito Santo, Mato Grosso, laranhao © Pati. Ji Hi no Rio de Janeiro (Gorte€ prov a Mahia, em Sergipe, Alagoas, Pernambuco e na Paraiba, 88. resto, os bate-bocas em plensrio entre os nistros cram bastante rispidos de ambas as partes, quando no a wre acuar os ministres, que ans dos Sie. Deputados, op. cites 381. 89, nto Brasileiro — Camara dls Sr, Deputades, op. cit, 1836, — Camara dos Srs. Deputados, op. city 1835, 90, 2p. 80, 816 83 Camara dos Sr. Deputades, op. cit. 1836, uma “corres m, as esfers dscnnss de competénsia entre os governos central ¢ pro mos, Pa . da época, que (© LABORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL (1831-1840) songuistaes satendew a demanda da descenalizasio, até recorrendo as armas? ravado ao longo desses quase 50 anos, entre conservadoras (em pati Cédigo do Pro: ‘e680 Criminal, mas também, mais tarde, da Guarda Nacional), como a petda, por parte das assembles provineiis, da comperéncia de leislar sobre a po wo de ono provincial importante nais pelos presidentes de provincia: 0 ‘extingio dos prefeitos locals até enseiando revoltas; 0s limos passaran hhomeasio exclusiva do imperador, € no mals escolhidos pelo go partir de lst indicativa elaborada pela asembleia de cad provincia. A simples scional de competéncias entre centro provincia, a existéncia de sutonomia provincial (ou de descencralizacio) a partcipagio das nacional por meio de sus represemtages —aspectos que definem o conceit de federalism adotao pela sio o bastame para configura 2 implementagio de um suposte projeto joso no Império, pois so elementos enconirados em quase todos 1s Estados nacionas. Asim, o cerne da questi esti no halanco exiscente nas esfe- es, Bov espagos de autonome nos poderes de ntervengio entre os is relages de forga que evidentemente,perdiarn mu pds as revsbes conservadoras das refonmas. liveita Torres, A democracia caroada (teora politica do 0 BRASIL IMPERIAL — YOLUME 2 N91, 1934, 1937, 1046, 1967, 1963, em crimes de « insurrcigio; aos juizes de par, fazer sumatio lo ¢ prendendo os pronunciados: ampliar a pena de prisio de 60 dias para de um a seis meses, com trabalho (duplicada em caso de rei para portadores, sem licenga, de pistola, bacamarte ¢ objetos pe wente as penas dadas a0s cinisferimentos simples, ofensas qualquer tipo de crime, para implicados a seis meses de 31, 1.2, p. 223-229, 234 e 243. 96, Segundo a comissio, esa proposta seria depois eo wads por outras, que ratariam de dversos aspectos do Codigo, sendo, a0 ara formacio de eu pal nos demais casos 1m funcionério com dieeto a foro. dade competente para formacio de culpa. As buscas ‘em lugares suspeitos para prsio de criminosos ou descoberta de objeto do crime io houvesse es, nomeados pelo governo geral. Os juzes municipais, também nomeados pelo centro, seriam escolhidos, na corte, entre bacharéis formados, a0 passo que 0s seriam selecionados entre juizes fem que no houvese pror inter té reparar alguma injustiga © espe to Braileiro — Camara dos Sr, Deputados, (0 LARORATORIO DA NAGAO: A ERA REGENCIAL rndadones.ng¥: 5. 0p. cit p- 237A: € I » de Oliveira oP. 258 © 259, Hsia ne dos Sr, Deputadas, op. cit. 8375 emeado de véspeta apenas para assumir 2p. 547. lade, parao fato de que, atéo final da Regéncia, no se flava ainda em Partido Conservador — denominagio s6 esabelecda no Segundo Reinado —, e sim em “Regresso” ou “Pa 276) 108. Cf. O Sete d’Abri, 0 de 1835. Ver também 0 discurso de Vasconcellos nasessio de 9 de agosto de 1837, em Aes do Parlamento Brasileiro ara dos Sr. Deputados, op. cit 1837, t. 2, p. 294. 104, Nio se conhece a0 certo a origem desse sempre ‘Murilo de Carvalho, José Pedo Xavier da Vei sn Un estadista do iompetio, foram os primeiros a ci 1 de Vosconcelos, Si Paulo, Ed. 34. 1993, p. 9. iro — Gamana dot Sr. Senadores op cit, 183 105. 3 # entio visconde do Urugua, foi quem depois melhor sss ideias, vendo o Estado como principal agente de transforma lagi, que de ‘© povo pata 0 autogoverno; reconhecia,wodavia os males de uma excessiva, defendendo para o Brasil uma combinagio de centalizagio poltica jasio administrati. Sobre as caracterisieas do pensamento con= cf Marcello O1 “Conservadorismo no 106. Vianna (orgs), Divionirio ertico do pensamento da dietae ‘eas, instituigbes ¢ persomagens, Rio de Janeiro, FaperMauad, 2000, 107. Ver, por exemplo, O Sete d'Abril n° 260.7 nea de 1836, 9° 437, 5 de abil de 183 108. © Chromista, 0 de 1836, € n° respect Regresso era redigido por José da Rocha, Joi irae Firmino Rodrigues da 109, José Murilo de Carvalho, A co spinal 8. 0 imperial, (© LABORATORIO DA NAGAO: & ERA SEGENCIAL (1837-1840) Sto Paulo, Cia. das Letras, 1998, ase imagens do Estado mons 12 What sw naton?, Toronto, Tapir, 1996,

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