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terras Iorubás
Ìbejì (Ibedí), termo que em yorùbá (dialeto africano falado na Nigéria) literalmente quer
dizer “Nascimento Duplo”, é como são chamados os gêmeos em terras iorubá (Nigéria).
Grande confusão existe em relação a este tema no Brasil. E com a ajuda do sin-cretismo
religioso afro-católico, mais confuso se tornou...
Começamos dizendo que, Ìbejì não é um Òrìsà (divindade primordial), não são os
espíritos (Erês) infantis que incorporam e são cultuados na Umbanda, muito menos o es-
tado de transe infantil, pelo qual passam alguns adeptos do Candomblé. Não são santos...
Ìbejì é a Divinização dos Gêmeos em terras iorubás. Não é um orixá (divindade) que
entra em transe, não possui filhos (omorìsà) e nem é “raspado” na cabeça de nin-guém, ou
seja, não há Igbèrè (iniciação) em Ìbejì. Ìbejì são seres espirituais que vivem em uma
sociedade espiritual no Céu e também em alguns bosques na Terra. Nos primórdios da
Terra, também se reuniam em sociedades, assim como as Ìyámi Eleyé (feiticeiras), os
Abíkú (espíritos natimortos) e outras sociedades nigerianas... 5
Acredita-se que a ori-gem do Culto a Ìbejì, seja Ìsòkún, cidade que hoje está agrupada a
cidade de Òyó – Estado de Òyó na Nigéria. Foi nessa cidade, que Ìbejì veio a Terra
(Àiyé) pela pri-meira vez, uns dizem que foi através da mulher de um fa-zendeiro pobre
de Ìsòkún, outros dizem que foi através da mulher de um Rei de Ìsòkún.
O Iorubás acreditam que cada pessoa que nasce na Terra, deixa um duplo no Céu –
Enikéjì, que fica na espera daquele que veio a Terra voltar. E é por este mo-tivo, que por
muito tempo acreditaram que o nascimen-to de gêmeos não era algo bom, já que, os dois
(a pes-soa e o duplo) vinham do Céu para a Terra. Era algo negativo, desequilibrado, etc.
E por esse motivo, os gêmeos passaram a serem sacrificados, inicialmente os dois, depois
apenas um, com a crença de que mandariam de volta para o Òrun (Céu) aquele que veio
pra Àiyé (Terra), mas deveria ter fica-do por lá.
Conta um Ìtàn (História Sagrada do Corpo Oral de Ifá), que na época em que os ìbejì
(gêmeos) e-ram sacrificados, em Ìsòkún, um casal dá a luz a gêmeos (Ìbejì), mas por
amarem muito suas crianças e não desejarem sacrificá-las, bus-cam então Ifá (oráculo sa-
grado), para darem um me-lhor caminho aos seus filhos, que não a morte, o sacrifício. O
Sábio Òrúnmìlà, Divinda-de que é a Testemunha de todos os Destinos, declara que as
crianças não deveri-am ser sacrificadas, nem elas e mais nem um outro Ìbejì que viesse a
nascer no Mun-do, declarando então, que o duplo nascimento, ou seja, o nascimento de
gêmeos, não deveria ser um motivo de tristeza e de má sorte, pelo contrário, deveria ser
um or-gulho, uma honra e uma e-norme alegria para os pais dos gêmeos e para seus fa-
miliares, pois, significava a vinda de seres de muita sor-te, bom axé – Ejìre (Duas
alegrias, alegria dupla) para o âmbito familiar. E determi-nou que os pais dos gêmeos
devessem festejar o nasci-mento deles por toda a cida-de, tratá-los muito bem, com muito
amor, carinho e mi-mos e toda pessoa que cru-zasse com os Ìbejì (gêmeos) deveriam
presentear-lhes. E assim nasce o CULTO A ÌBEJÌ/EJÌRE (Gêmeos), em terras iorubás.
Acreditando que uma pessoa que nasce duplamen-te, é dona de grande força - axé, os
Ìbejì passaram a ser considerados pelos iorubas como DIVINDADES VI-VAS, que
merecem todo cul-to e respeito.
Mas deixamos claro que, Ìbejì não é uma divin-dade que re-encarna, ou seja, que teve
(tem) passagens na Terra como Obàtálá, Òsun, Sàngó, Èsù, etc. E sim, espí-ritos que
habitam em dois corpos e se completam, pos-suindo pleno equilíbrio. Em-bora, há
pessoas que acredi-tam que são dois espíritos que vivem juntos no céu (Òrun) e vem para
a terra (Àiyé), outros, acreditam que é a vinda da pessoa e de seu enikéjì (seu duplo) para
a Terra.