You are on page 1of 18
BRASIL IMPERIAL — VOLUME 1 oda Repartigi dos Nep6vos do Imprio apresentado 3 Assenbl wna Ir sesato da 10? legislatura pelo ministro ¢ secretirio te Luia Pedreira de Couto Ferraz, Rio de Janeiro, TP 1857, p. 24. 41. Anexo G~ 1 indigenas, in Brasil, Relat6ri aortas Nagios do Impero apreentado @ Asma Gea do aa egslatura pelo ministro eseretri de Extado e Nex ee rrrde Couto Ferran, Rio de Jancico, Typographi Us crt, 1857, p-l-7. ( ura mais aprofundada, er, €% - _ Gc catlanticl oreo eunografa do aldearnentoindigena de So Peo yw A proibigao do trafico atlannico € eee Se Sanat i manutengao da escravidao sreio Obras Pablica, em 7 de margo iheatriz Gallotti Mamigonian iB Sampaio € M. Sans, Geral na # sessio da 42. ‘Obras Pablicas Rodrigo Augusto daSilva, p. 56-60. Relatdrio da Reparticdo dos Negécios do Legislativa na 3? sesso da a pelo Negécios do Império, Joagu! de Brito, Rio de Janciro, Typou Nacional, 1846, p. 25. Sobre essa discussio, ver Hebe Mattos, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004; Su «¢ euribocas: causas comuns € conirontos entre 30, n® 2003, p. 13-40. 6rios lusitanos peupagao dos Vi foi parte de um esforgo.d " ycolonizagio das lhas dos Agores dx Mader, no Antico, em meados do século XY, langou bases em varios pontos da Africa (atualmente Sa0_ "Tomé, Costa da Mina, Angola, Mogambique), na Asia (Goa, Macau) € na América (Brasil). Experiéneias distintas de colonizagdo marcaram 1% terrtérios, mas desde a reconquista de Pernambuco ¢ de ‘Angola aos ho- Jandeses, em meados do XVI, a complementaridade entre as reg\Oe5 Pas sou set mais bem explorada, ¢ assim o comércio de escravos alriean0® tronopolio de comerciantes portugueses, tornou-se mais do que fornece- dor de mao de obra para as atividades econdmicas nos territOrios da Amé- rica, na verdade um instrumento de politica imperial, ao gansnlt dependéncia ¢ obediéncia dos colonos as determinasoes metropolitanas.' difusio da fé, desdobrou as sgorias de classi jeus, mouros, africanos € indios) na hierarquia. Cri eangue”limitavam a expansio da nobreza eo acess de todos os nov 08 conversos e seus descendentes a cargos piiblicos eclesiésticos ¢ © los tne five, Porintermédio da escravizagio 0s pagios indi ou aicanos) inérios de “pureza 0 ATLANTICO E A MANUTENGAO DA ESCRAVIDAG (© BRASIL IMPERIAL — VOLUME 1 rtunas dos negociantes. Os pesquisadores smpreendimento de uma viagem transa- que os escravos eram embarcados, cal- adquiridos em “; ” ieee hi als de teas Tote wc nase da composgio dso ‘Asim, ao longo dos ts primeirosséculos Se jsequem hoje acomparhar que continuamente incorporava escravos e ee eset ra duraco das viagens, a mortalidade a bordo ¢ a composigio sexual os através da guerra e da captura, na Africa alice ia dos escravos importados, ¢ analisar as variagdes desses elementos polskie eae tla ou Steaet Gera oe soes permitem formar um quadro detalha- agdes de trabalho, mas pautava codes So igavam os terit6ris portugnses na AM Em 1808, ano da chégada da co 2 lagoes sociais, mesmo entra ‘ceventualmentea outros impérios coloniais populagao dos dominios porrpuen See shierarquiassocais no espaol -—_--—---___- Su Anerson 24 aa a uma revisko dos paradigmas corcentes de interpretgio das re- er carves’ Naquele mesmoanc, ox bi ada trés habi es metrpole/colonia ¢ do ca ter da economia colonit Sane detentores da De fato, as pesquisas mais recentes rém dissipado a imagem da pre- iallgat Se aie asters cbemisemaal 5 7 ee legisla mindneia da plantation esravista exportadora na economia brasiira panha pela extingao de todo comércio de afti vidade e comegaratiiga lo século XIX. No Rec6ncavo Baiano, por exemplo, 0 agaicar partilhava Este capitulo aborda precisamente o estado da esc " hilo s6 as terras com uma variedade de outras produgdes para exporta- escravos no infcio do XIX e as transformacoe: aa fio € do trafic 10, como fumo, e para o mercado interno, como farinha de mandioca, Sociedade bitlerat‘ por um lado peta crvanet poss econ ava também os escravos. Bert Barickman demonstrou que na micas que demandavam mao de obra aac ae jo XVI da primeira metade do fo XIE sdo britdnica que visava cortar essa oferta is ia €, por outro, pela’ “car, fumo ¢ farinha de mandioca tinham suas produg6es baseadas em mas especialmente durante o Primeiro ti orem periodo joatil nosses de terra e de escravos de tamanhos diferenciados (tipicamente as SEE Led das vozes {de aciicar eram grandes; as de tabaco, médiass € as de alimentos, pequenas) 3e delinear como pollticas do Estado mon&r eS que tinham mercados interligados. A produsso de farinha de mandioca, a wEDs base da alimentagao da populagao no império, permitia amuitos peque- Nias ities décadasya preccuipetas oom aa dindinie os posseiros ou propritérios participar de um ativo ¢ ucrativo comér- rainiéuti-da eeGhGua € daisccie datle brasiléivas pecinacnice i tho de géneros € liberava muitos senhores de engenho de desviar seus péSccaceravlng 2 to hops ha pe ntensificag escravos da produgio de agiicar. A produgao de fumo em: corda conectava_ la de obset 0s produtores baianos ao comércio ‘de escravos com a Costa da Mina, pois volvimentos na historiografia sobre a escravido b ~ 6 fumo baiano era mercadoria preferencial na troca por cativos naquela eee i regido. Assim, temos um quadro em que a escravidio ndose resume aque- das plantations agroexportadoras, mas toma uma variedade de outras mas, tendo.as regides dedicadas& produgao de alimentos absorvido boa parte dos excravos noves importados no inicio do século XIX.* ‘Além disso, a releitura da sociedade escravista brasileira vem: explo- vando o significado da existencia de uma ampla camada de bertos & pessoas lives de ascendéncia africana, mestigas oun resultado tanto scree senhorlescravo vém revelando aos pesquisadores suas compl xidac i — para a necessidade de andlises conjuntut aa \ Suny os fenciada de forma diferente nas giandes ou ni jas € enki pequenas propriedades, no meio rural ou no urbano, ou nul lugar no século XVII ou XIX. D. d esm y Da mesma forma, 0 estudo do com = a x 10 do co= cio de escravos “desceu” ao nivel das viagens transatlanticas, das rotas 0 BRASIL IMPERIAL — VOLUME 1 da alfortia. Se por umd a dar esperanga de liberd enquanto no miscigenagdo quanto da pratica corrente nica da escravido brasileira implicav: aos escravos que se mostrasse \daptados ao sistema, Jos da Africa, por outro lado a massa ctf pelo menos desde o século XVII, ind 's e metropolitanas por sua apareni as vezes pareciam desafiar a 5 Enquanto um pequeno nme dia para a condigao de pequenos prop! ia partithava cof ia ¢o divertimento. Essa camadl durante 0 século XIX rei indo tratamento sem di ‘cram continuamente importad conte de libertos ¢ livres de cor, modava as autoridades coloni piblica e atitude politica, que muit quia da sociedade colonial e escravista. de libertos ¢ livres de cor ascen podendo mesmo adqui escravos 0 trabalho, a moradia, a f de pessoas livres de cor 01 cages politicas incémodas, requere anto recebia tratamento cada vez mais (vel Um dos tragos mais marca do século XIX, a reprodugao da hierarqu Jo comércio transatlantico, de aboligio do traf stingdo de coy autoridades imper! por parte das ladamente) raci tes da dindmica social brasileira no inte al através da contin seria posto em xeqe 10. O levantamento de inven comerciantes da praga do Rio de Janeiro XIX apontou paraa existéncia de grandes acumuladas pelo comércio transatlantico ¢ inten ‘mercado interno e contradizem nomia apenasagroexportador’ :acional, sem qualquer 2cu ‘ocomércio tran de africanos pel pela campanha britanica tdrios post-mortem de grandes na virada do século XV fortunas ali enraizadas, Bsses dados indicam notavel dinamismo do ainterpretagao de que se tratasse di .gdes do mercado intern: e dependente das flutua: mulagao interna.’ Com e ico dé escravos demonstraram clarament feito, os estuclos recentes sobre te que © abastecimento do mercado brasileiro consti do daquele do Atkantico portugueses ¢ brasi roe Recife. Além disso, lucrativos do comércio colonial, os €¢ confundiam com elite emp! 9 ¢ sua extingdo na década sendo 0 comércio de e: omerciantes que 0 controlavam se jo do XIX.8A proi- de 1850 forcarama reformulagio a social excludente: enquanto resarial da col6 s de reprodugio da hierarqui das estratégia: prnwmigao 00 TRAFICO ATIAWHIEG £ & MANUTENGAO D8 0 » do XIX as maiores fortunas estavam associadas ao comércio de no final do século pa ato ¢ em particular a0 comercio transatlantic, ma proregio dos ritulos da divida piiblica’ Nimaea édemaislembrar que o Brasil recebeu, entre meados do sécur es de cativos, XVI c meados do XIX, aproximadamente quatro milhi nrg os africanos tansportads através do ‘alantico entre 08 wXVeXIX.O volume do. comércio transatlantico de escravos nao yy to, dstribuido de forma wniforme. as pessoas transport: los XVIIL € XIX, Para a compreensao da in, 80% 0 foram nos secu! -afia desse fluxo migratorio forgado sho significativas as flutuagdes ¢ também a distri- Mle cativos pelas diversas repioes africana Mesigual dees pelas regides das Améries® rmarcada pelos 1agos reiais estabeleci dos de lado a Jado do oceano. W No século XIX, os s que desembarcaram 10 Brasil vinham_ de trés grandes regioes bufam conforme descrito m2 Tabela ‘Tabela es africanas de embarque dos eseravos exportados para o Brasil (1801-1856), dados pereentuais Doha Rode Janeiro Bra ‘eSudeste Toul rani e Fernambuco alin Dataset (2007). Dispoivel em David Elis et wl: The Tans too SVeOyagES OTE ; imports de ees nto pesca du em? ax no nce o afm de e72005 egito de dion mio feds unpurtagio fo Brat incl BRASIL IMPERIAL — VOLUME E notavel a diferenga regional na origem dos africanos desembarei enquanto oito em cada 10 africanos desembarcados ¢ dos no Brasil Pernambuco vinham trazidos dos portos da regise centro-ocidental (Any gola, Congo) e um da Costa da Mina, na Bahia quest) em cada 10 aftle ees desembarcados vinham da costa eentro-ocidental mas outrO® cine proposto ao Senado em 30 dei 937, as de Gina enuimerou 05 MEIOS de evasao 1837, o marques Barba numerou os mel 2 , los: os traficantes havian descoberto “meios de dir os exames 14108: 0 ates hi ; caida dos portos”, haviam sestabelecido varios depostos escravos 10 rt e cambém os escravos € ensino da ingua portuguesa” © & “ 7 wam-se de “correrores organizados em forse Par? levar os escta jvavarn et : yes para tentar a nocéncia dos lavradores” Segundo o senador. 0s fazen: 4 do ludibriados pelos °°) eciantes de escravos & PAO iudibriados pelos _ im sofrer as previstas na lei. COM nha que os “proprietirios 1 vi “ : ‘am sofrer as penas PF : chefes de familia respeitiveis, homens ‘cheios de indastria ue rm inocentados do crime gue omereram, por motivos ica” recomendavam. O PF ‘ero propunha proibir ot e reprimit sa ates dali et aa nocentar os comp! cor diante, mas i os os traficantes dali em a o trifico até entio. O projeto passou ™ te e também de al Wo espirito da ei foram Levant eibilidade de aplics-ta. Diogo Feij6, antve julho de 18 iow ‘os teriam si ves pelo envolvimnento CO 225 (© BRASIL IMPERIAL — VOLUME 1 Senado, mas nao na Camara; assim, a legalizagao da propriedade sobi osafricanos importados por contrabando nao se oficializou, mas 0 deba parlamentar foi lido como se tivesse efetivamente isentado comprador de escrayos novos de toda culpa. De fato, o deputado Rezende, em set sio de 2 de setembro de 1837, criticou duramente o projeto Barbac na Camara e observou que “no norte, na sua provincia, era rarissima est importagao, mas desde que apareceu a indicagao para derrogar a lei d 1831 houve quem fizesse espalhar que a lei estava abolida, e a importag de africanos j no causa admiragao”.* Assim, vemos que nao s6a lei d 1831 nao foi tratada como uma medida “para inglés ver” pelos seu formuladores, como no foi desconsiderada pelos infratores, que ao longo das proximas décadas muito se esforgariam para negar sua validade."* Enquanto 0 trifico ilegal crescia, particularmente no Rio de Janciro € na Bahia, a fungio de repressio recaiu somente sobre o esquadrao sule americano da marinha britanica, e sobre a comissio mista sediada no Rio de Janeiro. Varias questoes priticas limitavam a efetividade da comissio mista. Em primeiro lugar, apenas barcos brasileiros podiam ser julgados pelo tribunal bilateral, e, assim, conforme a existéncia de tratados per= mitindo marinha britinica direito de busca ¢ apreensio, os navios do trifico tomavam outras bandeiras, como a portuguesa ou a americana, Além disso, desde meados da década de 1830 0 governo brasileiro recusa- va-se a aprovar uma emenda no tratado para que navios somente equipa- dos para o tréfico e nao necessariamente com escravos a bordo pudessem ser julgados na comissio. Para completar, a condenagio dependia de sorte: em Giltima instdncia, era um sorteio que decidia de qual pats era 0 arbitro que desempataria os votos do juiz britanico (em regra, pela condenagio) € do juiz brasileiro (em regra, pela liberagao do navio).” Foram emancipados pela comissio mista sediada no Rio de Janeiro, entre 1830 ¢ 1845, aproximadamente 4.000 africanos, que ficaram sob a.guarda do governo brasileiro e foram distribuidos entre concessionérios € instituigdes piiblicas para o tempo de servigo obrigat6rio." Ironicamen- te, em meados da década de 1840, a interpretagio oficial da legislagio que regia o arranjo da tutela com trabalho dos africanos livres depois dos atos que regulavam sua distribuigao para o servigo (aviso de 29 de 1h PROIBIGAO DO TRAFICO ATLANTICO E A MANUTENGRO DA ESCRAVIDAG oniubro de 1835 e decreto de 19 de novembro de 1835) era de que no havia limite para 0 tempo de servigo obrigat6rio. Desse modo, os africa- tuos livres sobreviventes s6 foram receber a segunda carta de emancipagio tuas décadas de 1850 € 1860, tendo cumprido em geral mais de 20 anos «letrabalho compuls6rio em vez dos 14 determinados pelo alvaré de 1818. 0 tratamento dos africanos livres pelo governo brasileiro reforga a ideia Ale que eles constituiam uma categoria indesejivel, especialmente depois «ue trdfico ilegal atingiu o volume sem precedentes que levava a con- «ienara propria lei de 1831 como promotora da imoralidade. Os africa- wos emancipados pela comissio mista e turelados pelo governo tinham 0 tutus que deveria ser estendido a todos aqueles importados ilegalmen- Jbrangas incOmodas da instabilidade sobre a te, mas no foi. Eram lem propriedade escrava adquirida por contrabando. ‘A interpretagio das transformagées na escravidao brasileira na pri- vira metade do século XIX nao pode ser, portanto, dissociada das con- innturas do tndfico de escravos, E certo que 0 negécio do comércio de scravos teve que se tornar ainda mais eficiente, eisso se deu com 0 em- prego de navios mais répidos e de maior capacidade, ¢ com a melhor ‘onganizagao das operagdes em terra, nto embarquena costa africana e no dlesembarque no Brasil. Os riscos, porém, eram inevitavelmente muito los para que pequenos comerciantes se aventurassem sozinhos; 0 tréfico ilegal envolvia uma rede de comerciantes associados € de investidores, inuitas vezes incorporando capital estrangeiro. O poder da elite comer- Gunte, que absorvia 0s riscos € perdas sofridos, decorréncia da repres- so britanica, foi o que garantiv a continuagio do tfico com tanto vigor, lepois da proibicio.” (© resultado, no entanto, foi que © prego dos escravos novos subiu muito, € nem todas as atividades econdmicas puderam manter 0 ritmo ah aquisigao de mio de obra escrava pré-1830. A produgio de farinha ‘le mandioca e de outros alimentos no litoral de Santa Catarina, por exem- plo, erescea a partir das siltimas décadas do século XVIII com base na compra de africanos novos, mas depois da proibigio do trfico imita-se sos escravos jé existentes. Aos poucos, apenas os senhores mais ricos, as tegides mais dindmicas e as atividades mais lucrativas tém acesso &.com- 0 BRASIL IMPERIAL — VOLUME 1 pra de africanos novos. O Vale do Paratba, regio cafecira em expaf desde as primeiras décadas do século, absorve boa parte dos escravo gais importados através do Rio de Janeiro. Certas regioes de Minas rais, associadas ao abastecimento de géneros, também absorvem esc novos, Da mesma forma, 0 agiicar nordestino, que enfrenta flutuag de prego no mercado ¢ competigao com o agticar mecanizado cub também ainda adquire escravos novos. As fazendas pecuaristas do nalto catarinense e paranaense, por outro lado, mantém-se com seus cravos crioulos. ‘Aalta do prego dos escravos influiu a curto e a longo prazo no ad s0 Aalforria. Manolo Florentino demonstrou, com dados relativos Rio de Janeiro, que 0 acesso a liberdade se afunilou a partir do final século XVIII, com a gradual alta dos pregos dos escravos ¢ as transfaf magées na maneira como se justificava a es vidio, que aos poucd deixava de ser associada a estado transit6rio para se fundar sobre o pri cipio da propriedade liberal. Dessa forma, 0 prego pelo qual um escra ou uma escrava deveria resgatar-se passou a ser seu prego de meread no momento do ajuste da alforria, ¢ nao mais aquele pelo qual tinha sid comprado ou comprada. O encarecimento da alforria levou a transforma Ges nas negociagdes entre senhores € escravos, ¢ passaram a predomina as alforrias gratuitas. A forte presenga dos africanos entre os alforriado ‘em meados do XIX, semelhante a sua proporgio na populagio escraviy mas muito superior A taxa de alforria antes de 1831, nao deixa de sury preender e demonstrar sua capacidade de adaptagio e de negociagao dog termos da escravidao no século XIX." Para Sidney Chalhoub a continuagio do trafico contribuiu para a precarizacao da liberdade, particularmente depois de 1837. Enquanto as autoridades imperiais sob 0 comando do Ministério da Justiga eram coniventes com a escravizagao ilegal dos africanos recém-chegados bertos e livres de cor nao tinham garantias conta a (re)escravizagao, pors sobre eles muitas vezes recafa o 6nus de provar sua liberdade.*' Ao mesmo tempo, libertos e livres pobres em geral, incluindo os indios, cafam malhas do trabalho compulsério, fosse como prisioneiros, recrutas ou colonos involuntérios em diversos empreendimentos provinciais ¢ int 0 £ A MANUTENGA® 088 ‘ao DO TRAFICO ATLANT ne ras espalhados pelo pais. A experiéneie dos africanos livres sa vse inerpretaGio: muitos deles, POs re ‘cumprido long “Te servigo obrigat6rio, 86 conseguirayy cartas de neste ais a sua mudanga para as fromteiras do império: nas en 1860, partiram para trabalhar nosaldeamentos ‘indigenas: i Pe spiiblicas ou na Cia. de "Navegacio a Vapor do Amazonas: 4o da escravir «de defesa do tréfico de eseravos e de manvtenG’® da esora A Es ‘ional. A reve no centro do problema da formasie do Exado nacional: & triogratia politica do império tem revisitado a questio, in ee praia da escravidao ras mas decades, nelos avangos da his as is i xem vrata mais de identifiar germesabolicionisial discursos bitidade entre liberalismo € escravir ou de discutir a compe no esa rio, tratase de mostrar que OS fundadores do império verve 3069 sscurso da neces: leram-se das pressoes externas Formolando um dscurso da nee “re uma aboligio gradual enquanto estruirst o Estado pare . tera ordem escravista. Luiz Felipe de Aleneastro ager ler © ae pra manutengao da unidade territorial do pais pole ner dot ri serena sea imperial em rorno dorrifico ilegal a das elites provinciais imperial legal and In época qualquer novaauonomis implicava sofrer pressoes da Gi anha por aboliglo. ®) Miriam Dolhnikoff complementa essa 2 vsnstrando que as elites proviricais participaram ditamente aa a vio do Estado com a elite imperial, em segime de “Pscio rativo”. veitdo 0 exemplo dos politicos paulistas, como Feijé ¢ Vergueiro, of ii off mostra que 0 projeto nacions vencedor, apoiado pelos libe- saulistas, f « pressupunha a exclusio de indi jibertos € OU- exclusii ios, paulistas, foi 0 que PF livres pobres da cidadania e afastave 9 perspectiva da aboliga0 pars ido, eventualmente, houvesse Ontrs ‘mao de obra disponivel."* ‘Ao longo deste capitulo, vimos a 1 desde a chegada da corte porti- ft s je a chegs Jongo deste capitulo, vi " Brasil a politica € ve sd isténcia as pres- nna esteve marcada pela resi wesa a0 Brasil a politica exter “ ‘ britanicas paraa aboligao do trafic de escravos, enguanto a povtica soe ° ‘ina aggociou os interesses dos Traficat ntes e dos proprietarios de es S wos aqueles da nacio. As fe a assinatura dos primeiros trata: sim, desde a assinatut 5 aqueles da nag: " ‘los, mas especialmente depois “da independéncia, a0 longo & Primeiro 229 man! ee © BRASIL IMPERIAL — VOLUME T Gao DO TRAFICO ATLANTICO E A MA! ENG AE 2002; Wvana Stolze Rio de seira Rebowgas, Rio de Janeiro, C wanes, marcas faas: sentidos da mes rrsgaivo Nacional 20035 Jo9 J Reis, apa primeira erage doséculo Xs ), Carnaval e otras [estas saius de historias ‘ds Unicamp, 2002, p- 104-114 1 Eragosoe Manolo F suciedade agra € agi Bras Reinado e com brevissimo intervalo durante o inicio da Regéncia, 1850 a defesa do tafico de escravos foi politica do Estado brasil Durante esse tempo, a escravidio cresceu e se reforgou, especialme nas dreas ligadas direta ou indiretamente ao mercado atlantico, por vateve marcada pelo espectro da ilegalidade da propriedade sobre os af tcanos importados por contrabando. Ainda assim, a propriedade ilegt foi protegila © garantida pelo governo imperial até a décaca de 18H Fics evidente que a proibigio do trifico de escravos teve consequé politicase sociais duradouras, que s6 20s poucos esti0 sendo explor » projet: mercado ati 1790-C. 18405 4? eh ‘Maria Laigio Rios 9 rnin Hebe Mavia Manos de Cast © orrea para o Oitocestas Rio de Janelfon Madison, University of ave Tade, Cambrities Slave Trade: A Census ‘The Atlantic fo banco de dad yc Shve Trade Database: An Online . Cart Press, 196% He ie University Press 1999. Yer & ode escravos “Te elf sla vevO¥ases OTB" on verre Verger, Flo @ reflux dD Notas 1. Luiz Felipe de Alenea 0, O trato dos viventes: forma has Letras, 2000. jebe Maria Mattos, A eseravidao » dy Brasil no Atlante 1 ecansatlan aatasee", disp Noto Florentino, Em cuss rents, OP. na nos quadros do Império port vom perspectiva atlantica, m Joao Lai Fragoso, Maria Fern Bical ide Fatima Gouvéa (orys.), O Antigo Regime mos trdpicos: a mica imperial portuguesa (séculos XVEXVI ago Bras re D001, p. 11-162; Stuart B.Schwarta,Segredos interno: engenbos « eset 1835, Sao Paulo, Companbia das LewasiCNPa, 1988 3. Meméria Esta npério do B mo}, Revista do Instituto Historico e Geogrifico do Brasil, 53 ics MistOricas dd Js, Demogriicas e Soca, 0, IBGE, 1987 4, Jodo Lats Fragoso, vasilera noséculo XIX: mais do que wma plantation see enter in Maria Yea Linares (ory), Histon geval do trast Teas Janeiro, Campus, 1990, p. 145-1963, Bert J- Backman, Um contra rr aca, um, mandi e escravidao no reconcavo (1780-1460), Kio ¢ Janet, Coiteao Brasilia, 2003; Pitre Verget, haa «refx do rdf dari Pate a Golfo de Benin ea Baha de Todos os Smtos(XVIIIN), S80 Po Corrupio/Ministério da Cultura, 1987. 5. Rela Bivar Marquese,"A dindnica da ecravio no Brasil resistncin A agri lloras, sects XVI a XIX, Novos Estudos Cabra 0° 74, 290% 0 Heeeys silvia H, Lara, Prgmentos setecentistas escravidao, eltur e poder md “América portuguesa, $20 Paulo, Companhia das Letras, 2007, 6 ey china, “As cores do esravismos esas ‘pets pardos «et aa oreavo baiana, 1835", Poplagdo € Fura, 2, 1989, pp. 7-595 Kell Ceinberg, © fador dos brasileiro: cidadani,escravid ediritocivil mo hnafico de escraw0s ‘Natado de Alia Sf Imlaterra, 192/181 Wigerg Amaral Textos Poliieas aH wot eer, 2002, daponivel em ws ain vy dean Blackbur, A queda do ery aml 776888, Bs 5 tin yg, Daid Bion Davis, Fle cca cr nd Bais, 2001: SNE ct ioe refers of abolition, Babar Ue 1 tbe Paes 1978 2 mame Groth and te Eng of Ot etlanic Save Ted toed, Oxford Unversity Bess 1987 oe etl The Aiton ofthe Bsn 5 ge Qvestion, 1807-1869, Cambs p. 1-45. 1s. Linda Col ponent ca a Convensao Adcional 20 93 ge oven de 1817. Rae 9 a Nos Seat 2 de aio de 1815 ene Se NT tutes sire we deste ano sobre 0 comet isc reo impresa Nacional 1890, pli do Bre, 1816-1817, We | sna 1 oe, exvacd com forse dele de 26 Sfapero dx 1818, Cole ds edo 074 A neo, pea Natoma BNP 7.1 4d. Jodo, « George Bonavides € Britain, Brazil and the ge University Press 1970+ le Us rts forging the nation, 1707-1832. New Hav essity em Londees em 22 de (0 BRASIL IMPERIAL — VOLUME 1 1. Arquivo Nacional (Rio de Janeiro, ANRJ), Cédice 184, vol. 3 National Archives (Kew, Inglaterra), Série Foreign Office 84/19 para Palmerston, 5 de margo de 1836. | ANRJ, 1J6 194, Eusébio de Queirés para ministro da Justiga, 31d ‘itado em Carlos Eugénio Libano Soares, A capoeira escrava rebeldes mo Rio de Ja ra da Pesquisa em Hi ). Comeio Braziliense, vol. XX ‘io Paulo, Imprensa Oficial de Sio Paulo, 2002. |. Sérgio Gées Paula € iense ou Armazém Literdrio. Estudos, ipressio e Cultura/Edus I A extinegio do turos”, Revista do Congreso de do Brasil ¢ a Gri-Bretanha para a Aboligio do Tt ‘Leis do Império do Brasil, Parte I — Atos do Poder Executivo, 1826, Ri +0, Typographia Nacional, 1880, p. 71-75. ves, “A questo do elemento servil”, op. cit., p. 203. Anais da Camara dos Deputados (ACD), sesséo de 2 de julho de 182 ‘ACD, sessio de 2 de julhio de 1827, p. 16. |. ACD, sesso de 4 de julho de 1827, p. 40. 1832 - regulamentaa lei de 7 de novernl parte I~ Atos do Poder Executive, 1832, Rio de Janeito, Typographia Nacia 1874, p. 100-101. ‘Aviso de Manoel J. de Souza Franga para 0 ouvidor da Comarca do Rio de Ji 10, 25 de maio de 1831, Colegdo das leis do Im Exec 831, Rio de Janeiro, Typosraphia Nacion: 5. Sessio da Cimara dos Deputados de 24 de setembro de 1834, {questo do elemento servil", op. cit. p. 219-220. |. Diogo Feij6, “O trafico dos pretos africanos”, in O Justiceiro, n° 8, 25 de dezens bro de 1834. Ver também artigo de 5 de margo de 1834. Globo, 2005, p- 54 sao po TRAFICO ATLANTIC © ©” Ip verembro de 1837, p- 453- wo civic de ser african (0 dicta de see N. Mendongs (or via H La Jose N: Mendones savos de bistOra social, CABINS jon ofthe transatlan ons for the suppress 966, p- 79-93: Journal of African History 7» siglo para 0 tea” in Manolo Fiorentino (Or los XVII @ XIX, Rio de Janeiro ira no Rio de sro liberdades 1749-1871" in Manolo Florentine (ow: oe lene sbolos XVIEXIX Rio de JaneltOr Gi fhecentury Brazil”, eX cof Chicago, 7 mmigonian, “Revsitando @ eansieto 233

You might also like