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TARÔ: INDICAÇÕES PARA

SEU USO
As cartas se batem, ou se embaralham, sobre a
mesa com ambas as mãos, deslocando-as com
movimento circular, preferivelmente da direita
para a esquerda, como se escreve o alfabeto
hebraico (isto deve ser feito assim para que se
mesclem umas com as outras, direitas e
invertidas).

As cartas devem ser cortadas, sempre, com a mão


esquerda, conforme é costume.

As cartas têm que ser tiradas do maço da parte de


cima, e colocadas sobre a mesa. Ao abrí-las,
dever-se-á ter a precaução de o fazer virando-as
verticalmente (pegando-a, para isso, por seu
extremo mais afastado) e levando a carta para
você. Este ponto é particularmente importante
porque, conforme saiam as cartas nas tiragens –
quer dizer, direita ou invertida– seus significados
variam completamente posto que se acham
invertidos entre si. Deve se considerar que a carta
está direita ou invertida, de acordo a como se ache
com relação ao que lê a tiragem de cartas.

Envolva seu TARÔ em um pano de seda da cor de


sua preferência, e dedique uma caixa especial de
madeira para guardá-lo nela.

Acreditamos que você já tem a informação


necessária para começar a praticar este
maravilhoso "jogo". Entretanto, antes de começar
a explicar as primeiras tiragens, queremos
acrescentar algumas idéias e recomendações que
nos serão úteis para sua melhor compreensão, e
conseguir dele maior proveito. Em primeiro lugar,
recordemos que o TARÔ, como todos os oráculos
sagrados, foi desenhado através de símbolos que
expressam uma doutrina cosmogônica; por essa
razão, recomenda-se utilizá-lo fundamentalmente
para realizar consultas doutrinais, e só em modo
secundário para fazer perguntas de ordem pessoal,
as quais, de todas as maneiras, serão respondidas.
Sugerimos também, muito especialmente
conseguir uma boa versão do TARÔ. Nós
utilizamos, como já se viu, o TARÔ de Marselha,
e este é o que recomendamos em primeiro lugar.
Ocorre com todos os livros sagrados que, algumas
vezes, foram "traduzidos" com graves enganos e
sérias tergiversações, que em ocasiões até
invertem o sentido original da escritura. O mesmo
aconteceu com o TARÔ, e freqüentemente nos
encontramos com certas versões que mais bem
parecem ter sido realizadas para confundir, muitas
das quais levam implícitas "segundas intenções",
quando não são o produto de meros fins
comerciais.

É muito importante não se afastar em nenhum


momento dos Princípios que se encontram
implícitos nas lâminas; às vezes, temos a
tendência de ficar no sentido preditivo dos
oráculos, e nos esquecermos a origem de seus
símbolos. Para isto, é recomendável recordar
constantemente os significados numéricos,
geométricos, cabalísticos, astrológicos, etc., de
cada carta, o que nos permitirá ter uma
compreensão mais cabal deste "Livro". Todos os
símbolos sagrados transmitem também as energias
dos sábios e homens de conhecimento que neles
meditaram, o que poderemos comprovar com a
experiência.

Em muitas escolas que utilizaram o TARÔ como


veículo iniciático, costuma-se conhecer primeiro
os vinte e dois Arcanos Maiores, antes de começar
a jogar com os Menores e as Cartas da Corte. Para
começar, jogue só com os vinte e dois Maiores.
Não utilize as outras cinqüenta e seis lâminas até
que esteja seguro de ser apto para isso.

PREPARAÇÃO

É recomendável guardar o TARÔ –e todos os


objetos e livros sagrados– em um lugar escolhido,
fora do alcance dos profanos. É ideal, se você
tiver, uma mesa especial para lê-lo –redonda ou
quadrada– e que possa cobri-la com um pano que
lhe facilite o embaralhar as cartas.

É também muito conveniente que você realize um


rito –ainda que seja uma simples cerimônia–
quando receber pela primeira vez seu TARÔ.
Espere para abri-lo em um dia de lua nova, ou de
lua cheia, e faça-o preferivelmente em horas da
noite. Acenda uma vela (fogo), um incenso (ar) e
ponha uma taça com água. O maço de cartas e a
mesa simbolizarão a terra. Tire as cartas do pacote
em que venham guardadas, e logo siga os
seguintes passos:

a) Limpeza das cartas: tome todo o conjunto


sustentando-o firmemente entre os dedos
polegares e índice da mão direita, e sacuda-o com
força por sete vezes seguidas (em forma similar a
como se sacode um termômetro para baixá-lo),
pronunciando em voz alta os nomes dos sete
planetas. Pode seguir a ordem dos dias da semana:
Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus, Saturno e o
Sol.

b) Concentração e visualização: uma vez limpa as


cartas, passe-as uma a uma, concentrando-se em
todas as lâminas por um momento. Cada carta é
um mandala e pode servir como suporte para a
meditação.

Você já está preparado para realizar sua primeira


tiragem. Siga os passos e recomendações que lhe
demos, um a um, com atenção. Faça-o lenta e
relaxadamente.

Em todas as ocasiões que você vá consultar o


TARÔ, procure ter os objetos que lhe indicamos
sobre a mesa. Também deve realizar a limpeza das
cartas cada vez que vai se fazer uma nova
consulta. Como no princípio só se utilizarão os
vinte e dois Arcanos Maiores, guarde as restantes
cinqüenta e seis lâminas em seu pacote. Nas
próximas tiragens, unicamente faça a limpeza e a
concentração com as primeiras vinte e duas. Antes
de fazer uma nova tiragem, ponha sempre as 21
cartas numeradas em ordem de 1 a 21. A carta
sem número, O Louco, coloca-se em primeiro ou
em último lugar.

Pergunta: Já limpas as cartas, e depois de se


haver concentrado em cada uma delas, junte-as
todas e as ponha sobre a mesa. A pergunta feita ao
TARÔ é muito importante, pois muitas vezes é ela
que determina o nível da resposta. Ponha sua mão
direita sobre o maço, procurando tocar as lâminas
com as polpas dos dedos. Concentre-se bem e faça
a pergunta clara e confidencialmente. Com
segurança, o oráculo vai lhe responder –
possivelmente, no princípio, a níveis
inconscientes–, e esta resposta deverá ser aceita
como solução ao que se pergunta. Se nas
primeiras tiragens não compreende claramente o
que tem o TARÔ para lhe dizer, não se preocupe.
Com a prática entenderemos cada vez melhor e
retificaremos nossos enganos de interpretação.

Como embaralhar: Uma vez formulada a


pergunta, proceda a revolver as cartas em forma
circular e da direita para a esquerda (como já lhe
indicamos, contra os ponteiros do relógio).
Embaralhe-as bem. Saiba que está transmitindo
suas energias ao TARÔ, e que na verdade é de
você mesmo de quem está saindo a resposta.
Havendo-as já revolvido pela primeira vez, junte
todas as cartas em um só maço e as ponha com as
ilustrações para baixo sobre a mesa. Corte-as em
três grupos com a mão esquerda e as junte de
novo procurando que fiquem em posição diferente
de como estavam antes de cortar. Faça o mesmo
um total de três vezes, embaralhando e cortando
cada vez. Logo depois de ter cortado e juntado as
cartas pela terceira vez, ponha-as no centro da
mesa. Você já está preparado para fazer a tiragem.

Tiradas ou tiragens: Até este ponto, a cerimônia


é sempre a mesma. Procure repetí-la de igual
forma, porque a reiteração do rito lhe outorgará
cada vez maior força e vigor. Daqui em diante o
que varia é a forma de colocar as cartas, ou seja,
as diferentes tiragens ou tiradas. Há muitas
maneiras de fazê-lo, e todas elas têm em sua
estrutura figuras geométricas. Se dissemos que
cada carta é um mandala, devemos mencionar que
cada forma de as colocar em uma tiragem também
o é.

Indicar-lhe-emos a seguir como fazer algumas


tiragens, para que comece a praticar. Recorde que
estes trabalhos estimulam a paciência e a
perseverança. Estamos aprendendo uma nova
linguagem com a qual, pouco a pouco, iremos nos
familiarizando. De momento, abramos nosso
coração e permitamos que o TARÔ nos transmita
sua luz.

A TIRAGEM DA CRUZ
A tiragem da cruz é a mais simples de todas e por
sua vez a mais sintética, e possivelmente a mais
perfeita. É excelente para começar a aprender o
TARÔ, e nos será sempre útil quando quisermos
obter uma resposta clara e concisa.

1) Como se realiza a tiragem:

a) Coloque 4 cartas para baixo, fazendo uma cruz,


pondo-as na ordem que se mostra, começando
pela de cima.

b) Abra-as uma a uma, como lhe indicamos,


virando a carta verticalmente e para você.

c) A carta central, ou quintessência, é obtida


somando os números das quatro cartas que saíram.
Se a soma der 22 ou menos, tire a carta que tenha
o número resultante e ponha-a no centro da cruz,
como se dirá. Se soma mais de 22, faça a redução
numérica, obtendo assim a carta central. Se a
soma desse, por exemplo, 68 (20+17+21+10 = 68
= 6+8 = 14), coloca-se a carta número 14 no meio.
Se a carta "O Louco" –à que se atribui valor zero
ou 22– sair entre as quatro primeiras, tomará por
zero, ou seja, não se somará. Mas se a soma das
quatro dá 22, deve-se pôr "O Louco" no meio.

d) A carta central se coloca direita ou invertida,


segundo a posição das outras quatro cartas. Se a
maioria (3 ou 4 cartas) está direita, coloca-se a
quinta dessa maneira. Se a maioria sair invertida,
assim se colocará a central. Se saírem duas
direitas e duas invertidas, deverá colocar a quinta
deitada horizontalmente e ler de ambas as
maneiras.

Se a soma das quatro cartas desse por resultado o


número de alguma que já tenha saído, isto
significa que o oráculo se nega a responder.
(Exemplo: se saíssem as carta números 7, 13, 11 e
3, a soma nos daria 34, que se reduz 3+4 = 7, e
este número 7 já está fora). Neste caso junte as
cartas, volte a fazer a pergunta, baralhe e corte
uma vez mais, e tente de novo. Se chegar a se
negar outra vez, prove uma última oportunidade.
Se isto ocorrer por três vezes seguidas, indica que
o oráculo se nega a responder definitivamente.
Essa negativa já é uma resposta. Guarde seu
TARÔ para outra ocasião.

2) Como se interpreta:

a) A carta da esquerda, que colocamos no número


2, indica as energias que se encontram favoráveis
ao consulente; aquelas que lhe beneficiam e que
lhe convém atrair.

b) A da direita (N° 4), assinala as energias que se


acham em oposição e que deve temer e rechaçar.
Acontece muito freqüentemente que uma carta
invertida sai favorável, ou que uma direita apareça
em posição contrária. Este é um dos paradoxos –
tão próprios dos oráculos e livros sagrados– que
devemos aprender a compreender. Salvar estas
contradições é parte importante do trabalho.

c) A carta de cima (N° 1) é uma síntese das duas


anteriores –tese e antítese– e se deve compreender
relacionada com elas. Por sua vez, as duas
primeiras serão mais claras à luz desta terceira.

d) A de baixo (N° 3) é o conselho que dá o TARÔ


ao consulente a respeito da pergunta formulada.
Também pode se dar o paradoxo de que, no
conselho, saia uma carta invertida.

e) A carta do centro (N° 5) é a síntese de toda a


resposta. Está influenciada pelas quatro exteriores
e, por sua vez, exerce influência sobre elas.

Devemos nos acostumar a ler as cartas


relacionando-as umas com outras, e não
isoladamente. Também devemos saber que nem
todos os significados dados a cada arcano são
aplicáveis à totalidade das perguntas. Se assim
fizéssemos, estaríamos realizando uma leitura
literal que jamais nos permitiria captar o que o
TARÔ nos está transmitindo. Embora convenha
estudar, e até memorizar, as distintas acepções de
cada uma das cartas, o mais importante é despertar
pouco a pouco a intuição, para poder reconhecer a
que estão se referindo. As significações que
demos variam segundo a ocasião, ajustando-se à
pergunta formulada, e de acordo às relações das
cartas entre si. Pouco a pouco, captaremos o
"sentido" dos arcanos, que está além da soma de
seus significados. Na leitura do TARÔ nada deve
ser considerado como "fixo". Uma carta, que em
determinadas circunstância nos diz uma coisa,
pode nos dizer algo distinto em diversas situação
ou desde outro ponto de vista. O artista do TARÔ
não simplifica nem reduz sua perspectiva.

Recordemos além que o TARÔ é tão somente um


veículo, ao qual nunca deveremos confundir com
a meta a que nos conduz. Também saibamos que
as respostas destes oráculos não devem ser
tomadas como um predeterminismo, nem
devemos entender as indicações que obtenhamos
para o futuro como algo que necessariamente
ocorrerá. O TARÔ –como acontece também com
a Astrologia e com os influxos planetários– dá-nos
certas pautas a respeito das influências que as
energias invisíveis exercem sobre nós.
Possivelmente, o desconhecimento delas –ou sua
simples negação, por ignorância– faz com que
certamente nos determinem; mas o conhecê-las
através do oráculo permite nos liberar daquelas
que impedem nossos crescimento e realização
espiritual, e aproveitar melhor as que nos
beneficiam.

A TIRAGEM DO ARCO

A tiragem da cruz se refere sempre ao presente.


Esta outra forma de colocar as cartas nos permite
observar, além disso, o passado e o futuro. É
chamada também "tiragem do sim e do não",
porque as cartas que saem direitas são
consideradas afirmativas, e as invertidas,
negativas.

l) Como se realiza a tiragem:

Coloque as cartas, sempre para baixo, na ordem


que se mostra:
2) Como se interpreta:

As três primeiras cartas se referem ao passado,


sendo a N° l o passado mais remoto (a origem da
situação pela qual se pergunta), a N° 2 o passado
intermédio e a N° 3 o passado imediato,
intimamente ligado com o presente. A N° 4 é o
presente, síntese de toda a tiragem. E as três
últimas se referirão ao futuro, da mesma maneira,
isto é, a N° 5 ao imediato, a N° 6 ao intermédio e
a N° 7 ao remoto.

Se a tiragem da cruz pode ser vista como uma


radiografia ou uma fotografia do presente, esta
deve ser lida mais horizontalmente, como se fora
um filme cinematográfico em que uma imagem
vai se sobrepondo à outra, sucessivamente, a
anterior influenciando à seguinte, tal qual
acontece com a ritualidade do carma.

A TIRAGEM DO ARCO E DA CRUZ

Você pode fazer as duas tiragens explicadas


anteriormente de maneira simultânea, colocando-
as na seguinte ordem. São lidas em interação umas
com as outras:
TIRAGEM DA ESPIRAL

Esta tiragem leva esse nome pela ordem em que se


colocam as cartas, tal como se pode observar no
diagrama. Sua estrutura é o quadrado de 4,
chamado também "quadrado mágico de Júpiter".
Esta é uma forma muito completa de tirar as
cartas, pois permite diversos modos de
interpretação que podem ser feitos sucessiva ou
simultaneamente.

Uma vez realizada a cerimônia, tal como se


explicou, coloque as cartas na seguinte ordem:

As 12 primeiras cartas, que ficam colocadas na


parte de fora do quadrado, indicam os aspectos
mais exteriores da resposta; as cartas colocadas
nos locais 13 a 16 se referem aos mais interiores e
ocultos. Divida o quadrado geral em 4 pequenos
quadrados de 4 cartas cada um, e interprete a
resposta da seguinte maneira: a carta situada no
posto 13, estará intimamente ligada com a 12, a 1
e a 2; a 14, com as 3, 4 e 5; a 15, com as 6, 7 e 8, e
a 16 com as 9, 10 e 11. Isto quer dizer que as
energias simbolizadas pelas cartas de dentro,
influem nas de fora que, por sua vez, se vêem
influenciadas por estas.

As cartas localizadas nas casas de 1 a 4 se referem


ao passado, sendo a 1, ao mais remoto; a 2, ao
intermédio; a 3, ao passado imediato, e a 4, ao
ponto de intercessão com o presente, ao que
também se referem as posições 5, 6 e 7. As
numerada de 7 a 10 correspondem ao futuro, do
mais imediato até o mais remoto. E as 11 e 12
constituem a síntese da tiragem, que
freqüentemente é contraditória, pois saem cartas
que indicam aspectos opostos e complementares
da resposta.

Também soe fazer-se outra interpretação desta


mesma tiragem, vendo nas 4 linhas horizontais da
mesma aos 4 níveis ou planos do
Árvore Sefirótica, assim: as casas 4, 3, 2 e 1 se
referem ao Mundo de Atsiluth; as numeradas 5,
14, 13 e 12, a Beriyah; as 6, 15, 16 e 11,
a Yetsirah; e, finalmente, as 7, 8, 9 e 10, a Asiyah.

Como vemos, a mesma tiragem nos pode servir


para fazer uma interpretação no tempo sucessivo,
e também para obter uma resposta do presente em
profundidade. A esta tiragem, como as que lhe
seguem, podem acrescentar os Arcanos Menores,
à medida que se compreendam seus significados.

TIRAGEM ASTROLÓGICA

Esta tiragem tem uma estrutura similar à anterior,


mas em forma circular, servindo, neste caso, como
base o símbolo do Zodíaco. Soe empregar-se esta
forma de colocar as cartas para investigar a
respeito de um ciclo completo, seja pequeno,
como um ciclo diário, ou maior, como o do ano,
ou para observar ciclos históricos ou até ciclos
cósmicos.

Alguns recomendam fazê-la no dia do aniversário


de uma pessoa, ou no primeiro dia do ano, ou nos
dias dos solstícios ou dos equinócios.

Embora neste caso a resposta se referirá às


distintas influencias no tempo sucessivo, diz-se
que todas as leituras do TARÔ têm que se referir
sempre ao presente, vendo pois o passado e o
futuro da perspectiva do agora.

Coloque as cartas na ordem que se indica logo a


seguir, determinando previamente a magnitude do
ciclo que quer investigar e o tempo ao qual se
referirá cada uma das cartas:
Como na tiragem anterior, as 12 cartas que ficam
colocadas fora se referem a aspectos exteriores, e
as 5 de dentro aos mais interiores, estando
igualmente a casa 13 ligada às numero 12, 1 e 2; o
14, às 3, 4 e 5; a 15, às 6, 7 e 8; e a 16, às 9, 10 e
11. Neste caso a carta 17 será a síntese da tiragem,
e deverá ser lida no direito e no invertido, na
mesma proporção em que tenham saído as outras
16 cartas, direitas ou invertidas.

Esta tiragem se presta também para fazer diversas


especulações e cálculos referentes aos
simbolismos astrológicos, atribuindo-se a cada
uma das 12 cartas exteriores, os 12 signos
zodiacais; as 4 cartas da cruz interior
corresponderão aos solstícios e aos equinócios, e a
17 e última será o centro, síntese e quintessência
imóvel da roda cósmica. Recorde-se que a esta
tiragem podem ser adicionados Arcanos Menores,
uma vez que se compreenda seu sentido.

A TIRAGEM DAS CASAS ASTROLÓGICAS

Assim como o zodíaco, em seu ciclo anual,


divide-se em doze signos mensais, se o virmos em
um ciclo diário, a roda zodiacal fará também um
percurso aparente completo ao girar a Terra ao
redor de seu próprio eixo. Alguns astrólogos
consideram que, durante as vinte e quatro horas
que seguem ao nascimento de uma pessoa,
refletir-se-á toda sua vida. Para fazer as
observações, dividem a roda do zodíaco em doze
Casas e fazem corresponder duas horas a cada
uma delas. Isto determinará o signo ascendente e
descendente do indivíduo e diversos aspectos de
sua personalidade.

Estas doze casas são:

I. Vita: é a casa do nascimento que indica as


particularidades, tendências, talentos e
potencialidades do indivíduo.

II. Lucrum: refere-se ao plano material, aos bens,


riquezas e aquisições, assim como à alimentação e
ao mundo físico.

III. Frates: casa dos irmãos, e também da


educação, da instrução e da adaptação ao meio.
Relaciona-se com viagens menores.

IV. Genitor: é a casa dos pais e das características


herdadas do meio familiar e social. Refere-se
também ao patriotismo e às sucessões.

V. Filii: esta casa está relacionada com os filhos, e


em geral com o que o indivíduo produz, cria e
engendra.

VI. Valetudo: casa dos súditos, dos escravos e dos


animais domésticos, é também do trabalho, dos
deveres e das obrigações.

VII. Uxor: refere-se ao matrimônio, aos afetos e


às uniões, e também às alianças e às associações.

VIII. Mors: é a casa da morte e das grandes


transformações. É também da decomposição e da
putrefação.

IX. Peregrinationes: casa das peregrinações e


grandes viagens, está relacionada com a
espiritualidade, com a filosofia, a religião e o
mistério.

X. Regnum, Honores: relaciona-se com os


objetivos, as dignidades e a glória, assim como
com a profissão, as ambições e as recompensas.

XI. Amici benefacta: casa dos amigos, benfeitores


e admiradores.
XII. Inimici: nesta casa se vêem os inimigos
ocultos, a prisão, o exílio, assim como as
enfermidades, debilidades e doenças.

Queremos apresentar a seguir uma tiragem


diretamente vinculada com estas casas ou
mansões astrológicas.

Depois de realizar os ritos próprios de qualquer


tiragem já explicados, coloque doze cartas
intimamente vinculadas com as casas zodiacais,
nos seguintes postos, desta forma:

Deve ler o significado de cada carta que sai


relacionado com os sentidos atribuídos a cada
casa. Ou seja, que têm que se combinar, para a
interpretação, os símbolos das cartas em relação
às doze mansões, que permanecem fixas e
inalteráveis quanto a seus valores. Podem-se
mesclar os arcanos maiores e os menores nesta
tiragem, assim como utilizar exclusivamente os
maiores.

A TIRAGEM DA ÁRVORE DA VIDA

Esta tiragem é especialmente adequada para


estabelecer relações, principalmente se já tivemos
práticas com a Árvore Sefirótica e estamos bem
familiarizados com ela.

Coloque as cartas na ordem que se indica, que é o


mesmo da Árvore da Vida da Cabala:
Observe as diferentes cartas que tenham saído em
cada uma das sefiroth, e estabeleça as
correspondências. Isto lhe permitirá inter-
relacionar umas com as outras, pois cada carta,
como vimos, corresponde também a uma delas
[N.T. sephirah], e seu simbolismo nos ajudará a
compreendê-la melhor.

Costuma-se realizar esta tiragem para fazer uma


análise do momento presente e, muito
freqüentemente, para nos observar internamente
nas diferentes fases de nosso processo. Para esses
efeitos, divida a Árvore nos quatro planos –
conforme o vimos– e relacione especialmente as
cartas que se encontram em cada um deles, o que
lhe permitirá conhecer sua realidade oculta nos
diversos níveis do ser.

Podem ser tirados, também, dois percursos da


Árvore da Vida, um de cima para baixo e o outro
de baixo para cima, observando neste caso as
energias descendentes e ascendentes.

Também, se a pergunta assim o requerer, pode se


corresponder uma destas Árvores ao passado e a
outra ao futuro, embora, como sempre, vendo-as
da perspectiva do presente.

As cartas do TARÔ podem ser visualizadas,


conforme o comprovamos, desde muito diferentes
pontos de vista. Como elas expressam, a sua
maneira, uma cosmogonia, constituem um
pantáculo, ou pequeno todo, capaz de nos fazer
compreender o macro e o microcósmico
expressando-se em uma perfeita harmonia. O dito
sobre o TARÔ, deve ser entendido –como já o
terá observado o leitor atento– em relação com
toda a informação que demos. Os temas tratados
constituem uma unidade, e estão entretecidos de
tal maneira, que as mesmas idéias vão sendo
expressas através de diversos símbolos, obtendo-
se sua compreensão e vivência pela reiteração
ritual que com o estudo, a meditação e as práticas
que sugerimos, vai realizando no interior da
consciência de cada um. As cartas cumprem a
função de evocar pensamentos e relações que
despertam a inteligência, e também a de nos
recordar –graças ao estímulo visual do símbolo–
as idéias que estão nelas contidas. Fizemos
especial ênfase nas relações dos arcanos com a
Árvore da Vida Sefirótica, pois esta constitui sua
estrutura essencial e invisível, e nos permite
conectar as cartas com os princípios da
Numerologia, da Astrologia e da Alquimia, e
todas as demais artes e ciências sagradas,
gnósticas e herméticas, como uma unidade, em
forma global.

Recordemos que o TARÔ é um livro sagrado, e


que além disso é um oráculo e, à vez um
magnífico conselheiro. É por meio da prática, e
sempre tratando de encará-lo no nível mais alto,
que descobriremos suas múltiplas virtudes. As
idéias e relações expressas a respeito de cada um
dos arcanos, são só chaves que o estudante deverá
utilizar por si mesmo, abrindo com elas as portas
do entendimento. Sendo suas possibilidades
virtualmente ilimitadas, aos interessados
corresponderá a tarefa de desenvolvê-las e de
ampliá-las, o que redundará –estamos seguros–
numa melhor compreensão e realização do
trabalho interno que toca a cada um, segundo suas
possibilidades. "Conhece-te a ti mesmo".

108 MEMORANDUM
A disciplina fortalece o caráter e preludia a fecundação e a realização
espiritual. O abandono do meio e a mais profunda solidão se fazem
necessários, até se tornarem imprescindíveis em determinados momentos,
onde o silêncio é autêntico refúgio e o isolamento, protetor castelo interior.
Para isso, então, já se advertiu a impostura de considerar à solidão como um
tabu angustiante, ou como a ausência de uma "felicidade" (tão inexistente
como cobiçada); mas, pelo contrário, [deve se considerar a solidão] como a
predecessora de um mundo encantado de imagens mágicas, de sombras e
luzes da memória do universo, refletidas no cenário da consciência. (Tudo
isto é algo novo, ou simplesmente estava aqui e não fomos capazes de vê-lo
porque tínhamos uma descrição diferente e equivocada da vida?).

Mas, a par de descobrir estas maravilhas, o aprendiz observará que o meio


tratará de marginalizá-lo, talvez em proporção direta com seu interesse em
fazer partícipes aos outros, indiscriminadamente, do real conteúdo espiritual
de suas novas experiências, achados e conhecimentos. Motivo pelo que o
silêncio, não só como disciplina, mas como norma efetiva e prática de
comportamento, foi sempre recomendado no trabalho hermético. Isto choca
com a necessidade de expressar a doutrina na época em que vivemos, onde
se converteu em um algo quase imprescindível dada a ausência de vozes que
se elevam para fazer conhecer, difundir e defender a ciência sagrada,
virtualmente esquecida pelo homem de hoje, e desconhecida pela maior
parte dos contemporâneos.

Por outra parte deve se destacar que às vezes os neófitos, sumidos em seus
profundos trabalhos de realização metafísica, mágica e espiritual, esquecem
o exilados que estão nesta terra, e podem chegar a acreditar que os demais,
que todo mundo, participa da realidade de suas crenças, quando isto
obviamente não é assim mas, pelo contrário, muitas das coisas ligadas à
Tradição são olhadas pelo mundo moderno com um ódio revulsivo, uma
repugnância irracional, ou um desprezo olímpico, tão exatamente invertidas
estão as coisas entre o mundo sagrado e o profano, entre o Conhecimento e a
ignorância.

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