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Cole o potinho de iogurte fazendo um buraco na garrafa e

encaixando o potinho por dentro.

Encaixe o pedaço de papelão nos cortes laterais que você


fez. O triângulo menor deve ser dobrado para criar a cauda
do avião. Faça dois pequenos cortes na asa e encaixe os
palitos de sorvete ali.

Com a tesoura, corte a o papelão conforme a figura


acima (criando um triângulo grande)

Corte os canudos deixando-os com 2/3 do tamanho original.


Cole-os sob as pontas de cada asa para criar os mísseis.

Agora, corte a ponta do triângulo, criando um triângulo


menor.

Pronto, aí está o seu avião-caça a jato. Você pode pintar e


deixar ainda mais legal.
Corte o fundo e faça dois cortes nas laterais opostas
da garrafa.
Cole a cara do coelho no pote de iogurte que você cortou.
Para fazer as orelhas, dobre no local indicado e cole
conforme a figura acima.

Siga as indicações acima e cole as figuras restantes, na


garrafinha de iogurte. Note: são as pernas, os braços, o
rabo e uma placa.

Você vai precisar de 1 garrafinha de iogurte, um pote


pequeno de iogurte, a impressão do material para
colar, cola e tesoura sem ponta.

Prontinho, aí está seu coelho da páscoa! Se você quiser,


pode pintar o seu coelho e deixá-lo ainda mais bonito!!!

Com muito cuidado, corte a "aba" do pote de iogurte.


Vai ficar parecendo um copinho.

Recorte todas as figuras. Se você quiser colorir pode


colorir.
Uma caixa grande de papelão, 4 garrafas de
refrigerante de 2 litros, um rolo vazio de papel
alumínio, 4 potes de iogurte pequenos, palitos de
sorvete, 4 palitos de churrasco, barbante, a impressão
do material para colar, uma caneta, cola, tesoura sem
ponta e fita adesiva.

Encaixe as garrafas e cole os potinhos de iogurte entre elas.

Recorte as figuras que você imprimiu e cole-as onde você


preferir. Com os palitos faça as bandeiras e cole nos 4
cantos do castelo. Se quiser, você pode pintar e acrescentar
detalhes que vão deixar seu castelo ainda mais legal!

Com a caneta faça 4 círculos contornando a base da


garrafa, um em cada canto da caixa. Em seguida
recorte os círculos.

Corte totalmente 3 das 4 abas da caixa de papelão.


Da que sobrar, corte apenas os lados deixando o
centro com mais ou menos 10 cm.

Na lateral da caixa, exatamente sobre o que restou da


aba, recorte um retângulo um pouco menor do que
ela. Cole os palitos de sorvete e, com a fita adesiva,
cole o barbante.
Uma garrafinha de iogurte pequeno, 7 palitos de Usando as tachinhas, prenda essas peças nas pontas do
sorvete, um pedaço de saco de lixo, 4 tachinhas, as palito que está na garrafinha de iogurte.
figuras para colar, tesoura sem ponta e cola.

Co
le as outras figuras cortadas do saco de lixo nos palitos
conforme a figura acima.
Com a tesoura, faça dois cortes na parte debaixo da
garrafinha. Passe um dos palitos pelos buracos.

Para finalizar cole as figuras que você recortou nos lugares


indicados. Você pode pintá-las se quiser.

Em seguida prenda três palitos com a tachinha,


entortando a ponta que ficar para fora. Faça isso duas
vezes.

Do saco de lixo corte quatro triângulos da mesma


medida que a abertura dos palitos presos pela
tachinha.

Cole os triângulos prendendo dois dos palitos de cada


uma das peças. Repare que são figuras opostas, cada Você vai precisar de uma caixa de sapatos, papel filme,
uma aponta para um lado. palitos de churrasco, as figuras para colar, caneta
hidrográfica, fita adesiva, cola e tesoura sem ponta.
Com a caneta, desenhe no fundo da caixa de sapato,
a tela da TV.

Faça isso com todos os personagens, de modo a manipulá-


Usando o desenho como guia, recorte a tela deixando los por trás da televisão.
meio centímetro de distância (para dentro) da linha
que você fez.

Com a fita adesiva, cole por dentro da caixa um


pedaço de papel filme (um pouco maior que o
tamanho do buraco da tela). Estique bem para ficar
reto.

Cole as figuras que você recortou.

1 garrafa de refrigerante de 2 litros, 3 potes de iogurte (1


grande e 2 pequenos), um canudinho, as figuras para colar,
cola, tesoura sem ponta e fita-crepe.

Na parte de trás de cada personagem, cole com a fita


adesiva o palito de churrasco.
Corte as pontas do canudo e encaixe no furo do maior pote
de iogurte.

Corte pedaços da fita-crepe e cole nas abas dos potes


com a face adesiva voltada para cima. Com a tesoura,
faça um furo na parte superior do pote maior.

Pronto! Se quiser, você pode pintar e acrescentar detalhes


que vão deixar seu submarino ainda mais legal!

Cole o pote maior no meio e os dois menores perto do


gargalo da garrafa,
conforme a figura acima.

Recorte e cole as figuras no submarino.


BRINCADEIRAS E JOGOS NA EDUCAÇÃO deve propiciar sempre estes momentos de trocas, de
INFANTIL vida e interação. Sendo assim os materiais fornecidos
para as crianças têm um papel fundamental, mediado
Os Referenciais Curriculares Nacionais (R.C.N.) pelo professor sensível e atento, que os seleciona,
de Educação Infantil, documento elaborado pelo produz e organiza. Estes materiais facilitarão
MEC e enviado aos professores, são grande momentos de interação social, fato destacado por
destaque às brincadeiras e jogos na educação Jean Piaget (1987) como de fundamental importância
infantil por serem uma forma de linguagem no desenvolvimento afetivo e cognitivo nos diferentes
(verbais e não verbais). estágios de desenvolvimento das crianças.
Relembrando que brincar é um direito Na fase pré-escolar, a criança é muito diferente do
fundamental de todas as crianças no mundo adulto. Aprende o real de forma diferente sem a
inteiro, cada criança deve estar em condições de possibilidade de abstração e imaginação que lhe
aproveitar as oportunidades educativas voltadas permitam a concepção correta da realidade. A criança
para satisfazer suas necessidades básicas de fica sujeita ao controle de uma autoridade exterior
aprendizagem. firme, mas ao mesmo tempo suave, e que ela sinta
A escola deve oferecer oportunidades para a como amiga. Faz-se necessário guiá-la com cautela,
construção do conhecimento através da dando-lhe explicações condizentes com sua idade,
descoberta e da invenção, elementos estes ajudando-a a descobrir a real utilidade das coisas.
indispensáveis para a participação ativa da As atividades programadas devem basear-se em suas
criança no seu meio. A escolha do tema está necessidades e interesses: crianças são ávidas para
vinculada à atividade profissional na área de explorar, experimentar, colecionar, perguntar;
Educação Infantil. aprendem depressa e desejam exibir suas habilidades.
Associar a educação da criança ao jogo não é O jogo é uma dessas atividades adequadas às
algo novo. Os jogos constituíram sempre uma crianças nesse período pré-escolar que é chamado de
forma de atividade do ser humano, tanto no Fase Lúdica, na qual considera-se que brincando a
sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo. criança seja capaz de satisfazer as suas necessidades
A relação entre o jogo e a educação é antiga; e estruturar-se a medida em que ocorrem
gregos e romanos já falavam da importância do transformações em sua consciência. Sendo assim
jogo para educar a criança. A partir do século introduzir brincadeiras e jogos dentro de propostas
XVIII formula-se a imagem da criança como ser pedagógicas é fundamental para uma boa formação
distinto do adulto e o brincar destaca-se como escolar infantil.
típico da idade infantil.
As brincadeiras acompanham a criança pré- CONCEITOS - Os termos jogo, brinquedo e
escolar e penetram nas instituições infantis brincadeira são distintos. Cada contexto social constrói
criadas a partir de então. Nesse período da vida uma imagem particular de cada uma destas práticas
da criança, são relevantes todos os aspectos de lúdicas conforme seus valores e modos de vida que se
sua formação, pois como ser bio-psico-social- expressam por meio de cada linguagem.
cultural dá os passos definitivos para uma futura Jogar é definido pelo dicionário Aurélio (2001) como:
escolarização e sociabilidade adequadas como “dizer ou fazer brincadeira” ”executar as diversas
membro do grupo social que pertence. Sua combinações de um jogo”. A palavra jogar, como
personalidade começa a consolidar-se: o vemos, é extensiva tanto às definições do brincar,
autocontrole e a segurança interna começa a quanto a várias outras atividades como, por exemplo,
firmar-se. os passatempos e divertimentos sujeitos a regras.
Walter Benjamin (1984), filósofo alemão, O termo jogo pode ser entendido de modos diferentes,
nos mostra como a educação infantil deve levar segundo definição do Aurélio constitui uma ”atividade
em consideração o espírito alegre da criança, o física ou mental exercida por um sistema de regras
seu jeito de ser, onde o aprendizado, como tudo, que definem a perda ou ganho”, ou “brinquedo,
significa pela sua própria natureza uma aventura passatempo, divertimento”.
e propõe o jogo como o coração do curriculum Entretanto, se pensarmos no processo educativo,
infantil. como uma maneira de buscar a mobilização e a
Sabemos que brincando a criança pode adentrar dinamização da informação, visando um bem coletivo
o mundo do adulto pela via da representação e ou individual, mas que também tem como objetivo
da experimentação e o espaço da instituição
principal à transformação criativa destas cotidiano, com a consideração do jogo contrário ao
informações na instituição escolar (espaço trabalho, com a visão de que a escola é um espaço de
formado não só por sua estrutura física, mas trabalho e que brincar é uma perda de tempo, a
também pela presença do cognitivo e do afetivo criança parece estar perdendo seu espaço de brincar,
de professores, alunos e pais que se encontram tanto interna quanto externamente, além de ver
no decorrer do desenvolvimento da entregue a julgamentos de mérito o próprio ato de
aprendizagem) e no brincar infantil como brincar.
instrumento de socialização, de produção de Assim, Marcellino (1989) fala sobre o furto lúdico,
consciência, de transmissão de ideologias e de expressão que usa querendo dizer que a escola e pais
desenvolvimento afetivo e cognitivo, qual desses furtam esse prazer da criança, uma vez que a escola
significados ou sentidos podemos considerar? continua encarando o comportamento lúdico, a
Retomando as questões etimológicas, a palavra criatividade e a espontaneidade como fatores alheios
educar significa segundo o dicionário Aurélio: ao seu contexto, não procurando enfatizar o valor de
“promover a educação; transmitir conhecimentos uma cultura anterior da criança, que está presente em
a; instruir; cultivar o espírito; instruir-se; cultivar- todos os momentos, mesmo durante o processo de
se”, portanto, é o mesmo que “colocar para fora” escolarização.
o potencial do indivíduo. Como a função da Rosamilha (1979) enfatiza a importância da
escola é educar, é pertinente, e até prudente, que qualificação o ambiente escolar. Para um bom
os educadores valorizem e dirijam a atenção equilíbrio, deve existir, segundo ele, um ambiente
para o brincar como expressão daquilo que é alegre e descontraído associado ao processo
construído pela criança e “colocado para fora” educacional, e até mesmo mudar o papel social dos
sob forma de atividade criativa que possibilite à educadores, que não aceitam a liberdade de
criança desenvolvimento da expressão oral e expressão como elemento natural para eles próprios.
corporal, além da formação de conceitos, É de suma importância, a brincadeira, as atividades
relacionamento de idéias e estabelecimento de lúdicas, que servem para alterar o crescimento, pois,
relações lógicas. Assim podemos ter, os indivíduos arriscam-se e ousam experimentar
perfeitamente ligados, o processo educativo e o outras coisas com prazer, adquirindo maior
brincar infantil. autoconfiança, maior estimulação para tentar de novo
O lúdico, segundo Olavo Feijó (1992), é uma e, principalmente, maior prazer e alegria. Tornam-se
necessidade básica da personalidade, do corpo e assim, pessoas novas, com uma nova visão de
da mente, faz parte das atividades essenciais da mundo.
dinâmica humana, e “caracteriza-se por ser
espontânea, funcional e satisfatória". O PAPEL DO JOGO NO DESENVOLVIMENTO DA
Rizzo (1997) afirma que no processo de educar o CRIANÇA
sujeito se faz necessária a utilização da atividade
motora que mais caracteriza a infância: os jogos. Brincar é descobrir as bondades da linguagem, é
Kishimoto (1993) acredita que o jogo pode ter inventar novas histórias, é assistir à possibilidade
duas funções quando utilizado como elemento humana de criar novos pulsares, e isso é
pedagógico na educação, uma que propicia a maravilhosamente prazeroso. Brincando descobre-se
diversão, o prazer e até mesmo o desprazer, a riqueza da linguagem e aprendendo vamos
quando escolhido voluntariamente, e outra apropriando-nos dela.
especificamente educativa, quando o jogo serve É claro que, o uso de brinquedos, jogos e materiais
para complementar o conhecimento do indivíduo. pedagógicos, do ponto de vista psicopedagógico,
Isso caracteriza o jogo educativo. necessita da percepção do contexto em que se
Hoje os estudiosos do assunto tentam equilibrar encontram inseridos. É preciso que o professor
os dois paradoxos envolvidos, jogo e educação. identifique a matriz simbólica anterior do objeto (jogo,
Os jogos existem por si mesmos e possuem um brinquedo, etc) para entender melhor as necessidades
caráter formativo que é aproveitado no seu e dificuldades mais imediatas dos alunos.
emprego para fins pedagógicos. Na verdade não existem delimitações claras sobre o
A criança leva muito a sério sua brincadeira, no ato de brincar e jogar e sim uma fusão entre as duas
sentido de que os trabalhos de reflexão e de atividades. Quando uma criança não brinca, não se
criação são elementos constantes no ato de desenvolve, não se aventura em algo novo.
brincar. No entanto, com as pressões do
O JOGO EDUCATIVO E A APRENDIZAGEM num movimento dialético característico do processo de
crescimento e amadurecimento. Neste sentido, o
O uso dos jogos no contexto educacional só
brincar se apresenta como fundamental tanto ao
pode ser situado corretamente a partir da
desenvolvimento cognitivo e motor da criança quanto à
compreensão dos fatores que colaboram para
sua socialização, sendo um importante instrumento de
uma aprendizagem ativa. Vemos muitas vezes
intervenção em saúde durante a infância.
jogos de regras modificados sendo usados em
Kishimoto (1993) entende que o jogo tem fins naturais
sala de aula com o intuito de transmitir e fixar
quando a ação livre permite a expressão do eu. Visto
conteúdos de uma disciplina, de uma forma mais
como meio ou, como diz, tendo “fins artificiais”, na
agradável e atraente para os alunos.
verdade, o jogo é um instrumento do adulto para
No entanto, mais do que o jogo em si, o que vai
formar a criança. O papel pedagógico do jogo só pode
promover uma boa aprendizagem é o clima de
ser entendido dentro do domínio do jogo enquanto
discussão e troca, com o professor permitindo
meio, enquanto um “fim artificial”. Mas não se pode
tentativas e respostas divergentes ou
esquecer os fatores da formação social que inclui os
alternativas, tolerando os erros, promovendo a
“fins artificiais”, os valores expressos,
sua análise e não simplesmente corrigindo-os ou
intencionalmente, por cada sistema educativo, para
avaliando o produto final. Isso tudo não é muito
educar seus membros. Neste sentido o jogo possui
fácil de controlar e muito menos de se prever e
potencial para o aprendizado moral, para a integração
planejar, o que pode trazer desconforto e
da criança no grupo social e é meio para aquisição de
insegurança ao professor.
regras. Considera que habilidades e conhecimentos
Por isso, segundo Fernández (2001),
adquiridos no jogo preparam para o desempenho do
pressupõem-se que para se trabalhar melhor a
trabalho na vida adulta.
aprendizagem através de jogos com as crianças,
Embora haja um estreito vínculo entre o jogo e o
a tendência seja usar os jogos e outras propostas
trabalho escolar, a educação deve, em certos
que potencialmente ativam as iniciativas dos
momentos, separar-se do comportamento lúdico. Não
alunos (como pesquisas ou experiências de
se pode pensar em uma educação exclusivamente
conhecimento físico) de modo muito limitado e
baseada no jogo, uma vez que essa postura isolaria o
direcionado e não como recurso de exploração e
homem da vida, fazendo-o viver no mundo ilusório. A
construção de conhecimento novo.
escola tem uma natureza própria distinta do jogo e do
Numa visão pedagógica que procura integrar os
trabalho, entretanto, ao incorporar algumas
fatores cognitivos e afetivos que atuam nos
características tanto do trabalho quanto do jogo, ela
níveis conscientes e inconscientes da conduta,
cria a modalidade do jogo educativo destinada a
não podemos deixar de lado a importância do
estimular a moralidade, o interesse, a descoberta e a
símbolo que age com toda sua força integradora
reflexão.
e auto-terapêutica no jogo, atividade simbólica
Kishimoto (1993) considera importante a escola adotar
por excelência. Abrir canais para o simbólico do
o jogo pelos efeitos que proporciona. O autor observa
inconsciente não é só promover a brincadeira de
uma variante no emprego dos jogos na educação: o
"faz de conta".
jogo didático, como modalidade destinada
Qualquer jogo, mesmo os que envolvem regras
exclusivamente à aquisição de conteúdos,
ou uma atividade corporal, dá espaço para a
diferenciando-o do jogo educativo. O primeiro, mais
imaginação, a fantasia e a projeção de conteúdos
dinâmico envolve ações ativas das crianças, permite
afetivos, mais ou menos conscientes, além, é
exploração e tem múltiplos efeitos na esfera corporal,
claro, de toda a organização lógica que está ali
cognitiva, efetiva e social. O segundo, mais restrito,
implícita.
pela sua natureza atrelada ao ensino de conteúdos,
O educador não interpreta, mas deve poder
torna-se, no seu entender, inadequado para o
compreender as manifestações simbólicas e
desenvolvimento infantil, por limitar o prazer e a livre
procurar adequar as atividades lúdicas às
iniciativa da criança e tornar-se muitas vezes
necessidades das crianças.
monótono e cansativo, este é destinado às séries dos
Portanto, o desenvolvimento infantil se encontra
ensinos fundamental e médio.
particularmente vinculado ao brincar, uma vez
A criança que brinca livremente, passa por um
que este último se apresenta como a linguagem
processo educativo espontâneo e aprende sem
própria da criança, através da qual lhe será
constrangimento de adultos, em interação com seu
possível o acesso à cultura e sua assimilação,
ambiente. Entretanto, em qualquer ambiente,
doméstico, escolar ou público como as ruas e Para muitos a escola Infantil ainda é um lugar somente
calçadas, a liberdade da criança é limitada por para a criança brincar. Muitos pais ficam indecisos em
contingências do próprio contexto histórico mandar a criança para uma escola infantil, por não
cultural. A liberdade é sempre relativa. Se em conhecerem a real finalidade da educação infantil.
qualquer um desses ambientes for planejada Segundo Souza (2007), o que eles não sabem, e
uma organização do espaço que privilegie precisam estar cientes, é que o brincar na escola é um
materiais adequados, tais situações maximizam a brincar organizado, onde o tempo e a diversidade das
potencialidade do jogo. São tais pressupostos atividades e do material são planejados pela
que estimulam o aparecimento de propostas em professora, levando-se em conta a faixa etária,
instituições infantis, que valorizam a organização interesses e o nível de desenvolvimento de cada
do espaço para estimular brincadeiras. aluno: como o aluno está, o que precisa ainda alcançar
Em síntese, a polêmica em torno da utilização e de que forma a professora poderá organizar e
pedagógica do jogo, deixa de existir quando se planejar o brincar a fim de atender os objetivos a
respeita sua natureza. O significado usual da serem alcançados. Cabe ainda ressaltar que este
prática educativa e os estudos de natureza planejar deve envolver os aspectos sócio-culturais do
psicológica referendam sua adoção na educação grupo social do qual esses alunos fazem parte.
infantil. Qualquer jogo empregado pela escola O suíço Jean Piaget e o russo Lev Vygotsky realizaram
aparece sempre como um recurso para a estudos psicológicos e educacionais sobre o
realização das finalidades educativas e, ao desenvolvimento infantil, e descobriram que este
mesmo tempo, um elemento indispensável ao brincar, aparentemente sem maiores compromissos e
desenvolvimento infantil. muitas vezes desvalorizado pelos adultos é
Se a criança age livremente no jogo de faz-de- fundamental para a construção do pensamento e do
conta dentro de uma sala de educação infantil, conhecimento da criança e mais especificamente para
expressando relações que observa no seu aquisição da leitura, da escrita e do raciocínio lógico-
cotidiano, a função pedagógica será garantida matemático.
pela organização do espaço, pela disponibilidade Segundo Corsini (2007), a educação infantil tem uma
de materiais e muitas vezes pela própria parceria função pedagógica e parte de um trabalho que toma a
do professor nas brincadeiras. Ao permitir a realidade e os conhecimentos infantis como ponto de
manifestação do imaginário infantil, por meio de partida. Suas atividades têm um objetivo-significado
objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a concreto para a criança e asseguram a aquisição de
função pedagógica subsidia o desenvolvimento conhecimentos posteriores.
integral da criança. A educação infantil tem como objetivo primordial
Nesse sentido, qualquer jogo empregado pela atender às necessidades psicossociais da criança,
escola, desde que respeite a natureza do ato criar condições adequadas para o seu
lúdico, apresenta o caráter educativo e pode desenvolvimento global, estimular a criatividade, a
receber também a denominação geral de jogo autonomia, a cooperação e a criticidade,
educativo. considerando, para isto, a história de vida de cada um,
O jogo educativo aparece, então, com dois suas experiências e sua individualidade. Parte das
sentidos: necessidades e interesses da criança garantindo,
sentido amplo: como material ou situação que assim, um desenvolvimento harmônico em todos os
permite a livre exploração em recintos aspectos.
organizados pelo professor, visando ao Segundo PIAGET (1987), as crianças de 3 a 6 anos
desenvolvimento geral da criança e estão numa fase intermediária que se caracteriza por
sentido restrito: como material ou situação que um esforço considerável de adaptação à idéia de uma
exige ações orientadas com vistas a aquisição ou forma semi-simbólica de pensamento que é o
treino de conteúdos específicos ou de raciocínio intuitivo.
habilidades intelectuais. No segundo caso Já há uma exploração de vários traços do objeto, na
recebe, também, o nome de jogo didático. busca de um todo. Mas ainda não há uma
Embora a distinção entre os dois tipos de jogos conservação de um todo. O erro é de ordem
esteja presente na prática usual dos professores, perceptiva, há uma construção intelectual incompleta.
pode-se dizer que todo jogo é educativo em sua Ocorre progresso, entretanto, na medida em que o
essência. Em qualquer tipo de jogo a criança sujeito examina as configurações do conjunto, de
sempre se educa. maneira a relacionar duas dimensões, mas não amplia
as suas conclusões sobre compensações e Considera-se, ainda, a perspectiva histórico-cultural de
conservações porque ainda está muito preso às Vygotsky, na qual desenvolvimento e aprendizagem
imagens perceptivas. são processos dialeticamente relacionados, um
O maior desafio da Educação Infantil e seus influenciando e transformando o outro.
profissionais está em compreender, conhecer o O caráter eminentemente pedagógico da Educação
jeito particular das crianças serem e estarem no Infantil no contexto escolar deve estar fundamentado na
mundo. A Instituição de Educação Infantil deve perspectiva de que a criança está inserida em
tornar acessível a todas as crianças que a determinado contexto social, e, portanto, deve ser
freqüentam elementos da cultura que enriqueçam consideradas em sua história de vida, classe social,
o seu desenvolvimento. Cumpre um papel cultura e etnia.
socializador, propiciando o desenvolvimento da Nesse sentido, a escola considerada como espaço para
identidade das crianças, por meio de a co-construção de novos conhecimentos sobre o
aprendizagens diversificadas, realizadas em mundo é aquela na qual a sua proposta pedagógica
situações de interação que ocorrem nas permite a permanente articulação dos conteúdos
brincadeiras advindas de situações pedagógicas escolares com as vivências e as indagações da criança
intencionais ou aprendizagens orientadas pelos sobre a realidade em que vive.
adultos. Os jogos devem ser escolhidos de acordo com as
Conforme o Referencial Curricular Nacional habilidades das crianças. Assim, se houver a
para a Educação Infantil (1998), educar necessidade de jogos desenvolvidos especialmente
significa, propiciar situações de cuidados, para determinada criança, é fundamental que isto seja
brincadeiras e aprendizagens orientadas de observado. Na grande maioria dos casos, no entanto,
forma integrada e que possam contribuir para o podemos somente ter a preocupação de selecionar os
desenvolvimento das capacidades infantis de melhores recursos existentes, adaptando regras e
relação interpessoal, de ser e estar com os formas de utilização. É fundamental, no entanto que
outros em uma atitude básica de aceitação, possamos olhar a criança além do seu diagnóstico. A
respeito e confiança, adquirindo assim escolha de jogos para um adolescente que dispõe de
conhecimentos mais amplos da realidade social e um raciocínio intuitivo, pré-operatório, por exemplo, é
cultural. E neste processo também, a educação muito diferente da escolha dos jogos para uma criança
auxiliará o desenvolvimento das capacidades de de seis anos com a mesma capacidade lógica. Os
apropriação e conhecimento das potencialidades interesses e o conhecimento do mundo destes dois
corporais, afetivas, emocionais, estéticas e sujeitos são completamente diferentes, apesar da forma
éticas, contribuindo assim na formação de de pensamento que os une.
crianças felizes e saudáveis.
Conclui-se, portanto, que no contexto escolar, a PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NOS JOGOS
Educação Infantil pressupõe a existência de uma EDUCATIVOS
proposta pedagógica sistematizada que tenha
Brincar junto reforça os laços afetivos e é uma maneira
como eixo o brincar, o papel mediador do
de manifestar o amor pela criança. Todas as crianças
educador e a construção do conhecimento em
gostam de brincar com familiares e professores. A
rede.
participação do adulto no jogo da criança eleva o nível
No âmbito da vida cotidiana leva-se em
de interesse, pelo enriquecimento que proporciona e
consideração a interação da criança com os bens
pode também contribuir para o esclarecimento de
socioculturais do seu grupo e os conhecimentos
dúvidas referentes às regras do jogo.
das famílias sobre o processo de
A criança sente-se ao mesmo tempo prestigiada e
desenvolvimento e aprendizagem de seus filhos.
desafiada quando o parceiro da brincadeira é um
Na Educação infantil estão contempladas as
adulto. Este, por sua vez, pode levar a criança a fazer
práticas cotidianas relacionadas aos cuidados, à
descobertas e a viver experiências que tornam o
educação e às formas de interação família-
brinquedo mais estimulante e mais rico em
comunidade, no que se refere à criança.
aprendizado.
O processo de desenvolvimento infantil exige
Através da observação do desempenho das crianças
oportunidades educativas oferecidas de forma
com seu brinquedo pode-se avaliar o nível de seu
crítica, criativa e consistente para além dos
desenvolvimento motor e cognitivo. Dentro de uma
cuidados assistenciais de saúde, alimentação,
atmosfera lúdica, manifestam suas potencialidades e,
proteção e guarda da criança.
ao observá-las enriquecer sua aprendizagem, E quando a atividade tiver que ser interrompida deve
fornecendo, através dos brinquedos, elementos dar-se tempo para a transição e mudança de atividade.
nutrientes para seu desenvolvimento. Não se deve violentar a criança interrompendo ou
Aproveitando esses momentos, utilizando invadindo bruscamente o seu mundo.
palavras adequadas, escutando as próprias para Quando se fala do envolvimento dos pais com a
verificar se está falando claramente e procurar educação dos filhos logo se pensa em artifícios
responder por observações, perguntas e ações. complicados e impossíveis que cada um deve
Não colocar informações novas em excesso para empreender para tornar isso possível. Pais ou mães
que a criança possa aprender o que ouve, podem estar fisicamente próximos aos seus filhos
adaptar as frases ao nível da compreensão das durante a maior parte do dia, mas podem não estar
crianças, mas sem infantizá-las. afetivamente disponíveis a eles. Não conversam
O adulto interessado pode perceber o início do intimamente, não brincam, não realizam nenhuma
cansaço e do aborrecimento, momento em que a atividade em conjunto, brigam e gritam a maior parte
sua intervenção poderá ou não animá-la ou das vezes que se dirigem à criança. O pai/mãe está
propor uma outra atividade. Mas isto só deve próximo, mas a criança, na verdade, sente-se sozinha.
acontecer quando realmente a atividade estiver O jogo é considerado uma atividade importante na
se esvaziando, para evitar que a saturação educação de crianças, uma vez que permite o
aconteça. desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social, moral
O adulto interage pode despertar a atenção e a e a aprendizagem de conceitos. É necessário
compreensão, enriquecendo seu brincar. Mas é compreender o jogo em sua justa medida, sem reduzi-
imprescindível que antes de tudo se observe lo a trabalho e sem que o mesmo venha a substituir a
como ela está brincando para respeitá-la, realidade.
respeitando sua iniciativa, suas preferências, seu Refletir o papel dos "pais professores" é refletir sobre o
ritmo de ações e suas regras de jogo. óbvio, o sabido. São estes professores que preparam
Não se deve interromper a concentração de uma os filhos para o desenvolvimento de seu completo
criança que brinca. No momento que ela está potencial; são eles que iniciam a criança na
completamente absorvida pelo brinquedo é um capacidade para pensar, a descobrir o sentido da
momento mágico e precioso, em que está sendo palavra e do olhar, a perceber, sentir e classificar a
exercitada uma capacidade da maior beleza do mundo através dos sentidos.
importância, da qual depende sua eficiência Nesta escola não há currículo rígido onde deverão ser
quando adulto, que é a capacidade de observar e colocadas todas as crianças, o compromisso é apenas
manter atenção concentrada. com a vida de cada uma delas. Nesta escola aberta,
A criança deve explorar livremente o brinquedo, onde reina o pensamento e o sentimento, a criança
mesmo que a exploração não seja o que o adulto experimenta, pergunta e exercita o cérebro, pois, como
espera. É preciso cuidado para que a intervenção disse Piaget (1987), o pensamento está baseado na
do adulto não interrompa a linha de pensamento experiência e a inteligência é um produto do potencial
da criança e não atrapalha a simbolização que inato em interação com o ambiente.
está fazendo. Os pais quando "brincam com os filhos" de esconder o
Para preservar a ludicidade, o adulto deve limitar- rosto com as mãos e esconder o corpo atrás da porta
se a sugerir, a estimular a explicar, sem impor ou da esquina da parede, estão ensinando a criança a
determinada forma de agir. Que a criança observar os objetos e o mundo que a cerca de
aprenda a utilizar o jogo descobrindo e diversos ângulos, a pensar. Nestas atividades físicas
compreendendo, e não por simples imitação. ou lúdicas, os pais estão desenvolvendo o principal
Por ser importante que as atividades envolvam objetivo da educação escolar/familiar: a saúde
operações do pensamento, que possibilitam a intelectual da criança.
descoberta, é necessária a participação eventual. Segundo Duarte (2007), para promover o
A criança precisa de alguém que a escute e que desenvolvimento de habilidades de pensamento, é
motive a falar, a pensar e a inventar. Precisa desejável que o ambiente favoreça a motivação e
tanto de atividades grupais que a levem a ofereça de maneira natural oportunidades para
sociabilizar-se quanto de atividades desenvolver tais habilidades. Isto pode realizar-se
individualizadas que o possibilitem o atendimento através de jogos que são componentes fundamentais
às suas necessidades pessoais. da criatividade. A escola incorpora estes jogos como
brincadeiras mais sofisticadas e que fazem parte No Brasil, as máscaras são usadas nas festas
do dia a dia da criança. folclóricas e no carnaval.
A função do jogo é treinar o sujeito para a As crianças gostam muito de vestir máscaras,
convivência social no mundo regido por leis que principalmente de super-heróis. O importante é deixar
precisam ser conhecidas, simulando situações que elas confeccionem as máscaras em sala de aula
que ele vivencia, onde pode extrapolar o ou no pátio da escola.
concreto. Jogos educativos são considerados Para a confecção, pode-se usar sacos de papel,
potencializadores de motivação no reforço de cartolinas, tecidos, tintas, pratos de papelão, jornal,
habilidades e informações previamente material de sucata, etc. Esta atividade não é difícil de
ensinadas. Um único jogo pode desenvolver e ser executada e será prazerosa para as crianças, pois
aperfeiçoar diversos tipos de conceitos, sendo elas poderão representar histórias com um material
aplicável em diversas áreas do conhecimento. que elas mesmas elaboraram, criaram ou recriaram.
Pais e educadores e profissionais da educação, O teatro de máscaras promove a recreação, o jogo, a
precisam ter um espaço também no cotidiano socialização, melhoria na fala da criança, desinibição
para o lúdico, para poder sonhar, fantasiar, da timidez.
brincar. Assim podem perceber que o lúdico As crianças representando com o rosto oculto, se
apresenta uma concepção teórica profunda e permitem viver o enredo dos próprios personagens e o
uma concepção prática, atuante e concreta da cotidiano social a que pertence.
realidade.
TEATRO DE SOMBRAS - O teatro de sombras é uma
OS JOGOS TEATRAIS NA ESCOLA arte muito antiga, aproximadamente do ano 121 a.C.,
originária da China que se espalhou pela Europa,
O Teatro na Escola tem uma importância chegando posteriormente às Américas, porém pouco
fundamental, pois permite ao aluno uma enorme conhecida no Brasil.
"gama" de aprendizados relacionados à Para realizar o teatro de sombras é necessário ter
socialização, à criatividade, à coordenação, à como material: uma fonte luminosa, uma tela (ou um
memorização, ao vocabulário e muitos outros. lençol bem esticado) e silhuetas para serem
Através do teatro, o professor pode perceber projetadas.
traços da personalidade do aluno, seu As lâmpadas indicadas são as incandescentes de 40
comportamento individual e em grupo, o ritmo de ou 60 watts, instaladas dentro de latas ou luminárias
seu desenvolvimento, permitindo ao educador, (holofotes) para possibilitar a concentração do foco de
um melhor direcionamento para a aplicação do luz responsável pela projeção das sombras.
seu trabalho pedagógico. A tela deve ser de um tecido totalmente branco e não
transparente. Como silhueta, pode-se usar fantoches
TEATRO DE MÁSCARAS - O homem usa de varas recortados em papel cartão, cartolina ou
máscaras desde a Pré-História nos rituais papel grosso. objetos variados e o próprio corpo. Os
religiosos. Na África, elas são esculpidas em fantoches movimentam-se entre o foco de luz e a tela,
madeira e pintadas. Já os índios americanos de modo a projetar a sombra. As crianças ficam atrás
fazem-nas de couro pintado e adornos de penas. do palco interpretando a história, participando na
Na Oceania, são feitas de conchas e madeira e movimentação dos bonecos, além de confeccionarem
com madrepérolas incrustadas. o material do teatro.
Há também máscaras desenhadas no próprio Outra atividade relacionada ao teatro de sombras é a
rosto com tintas especiais, maquiagens e projeção das sombras feitas com as mãos em uma
pinturas. Este tipo é muito utilizado pelos índios e parede, formando figuras de animais em movimento. É
pelos africanos nos seus rituais religiosos, de necessário que o ambiente esteja escuro, iluminado
guerra, festas, etc. somente pelo holofote. Este tipo de teatro de sombras
Na China, as cores das máscaras representam proporciona o desenvolvimento da criatividade e da
sentimentos e no Japão, os homens usavam motricidade das mãos na criança, importante no
máscaras representando personagens femininos. período da pré-escola e da alfabetização.

Em Veneza, no século XVIII, o uso de máscaras TEATRO DE FANTOCHES - O teatro de bonecos tem
tornou-se um hábito fazendo parte do vestuário sua origem na Antigüidade. Os homens começaram a
da época. modelar bonecos no barro e aos poucos foram
aprimorando esses bonecos, conseguindo mais
tarde a articulação da cabeça e membros para TEATRO DE VARAS - Este teatro é uma variação do
fazer representações mais expressivas. teatro de fantoches, isto é, é um fantoche sustentado
Na China, Índia e Java já existia o teatro de por uma vara. Os bonecos são mais simples, mais
bonecos. Na Grécia Antiga, os bonecos não só baratos e de confecção mais fácil. Podem ser
tinham uma importância cultural, mas religiosa confeccionados com cartolinas, bolinhas de isopor, de
também. A cultura grega do teatro de bonecos foi papel, colher-de-pau, palitos de churrasco, garfos
assimilada pelo Império Romano e se espalhou vestidos com roupas de pano, palitos de picolé,
por toda a Europa. copinhos de plástico sustentados por palitos.
Na Idade Média, os bonecos eram utilizados em O fantoche de cone é um tipo de boneco muito
feiras populares e nas doutrinas religiosas. encontrado em feiras livres e circos populares,
Na Itália, o boneco "maceus" antecessor do podendo representar uma figura humana ou um
polichinelo, era o boneco mais popular. animal, geralmente sobre a forma de um palhaço ou
Na América, os fantoches foram trazidos pelos pierrô. É uma variação do fantoche de vara, basta
colonizadores, apesar dos nativos já fazerem segurá-los pela vareta e dar-lhes o movimento de
bonecos articulados e que imitavam os acordo com a situação.
movimentos dos homens e dos animais.
Depois da Primeira Guerra, os bonecos PANTOMIMA - A pantomima pode ser considerada um
articulados por fios, varas e marionetes jogo teatral que é realizado por cenas de ação
começaram a ser utilizados nas escolas dramática que se caracterizam por explicitação da
americana e tcheca e no Brasil, as ação através do gesto.
representações com bonecos datam do século A pantomima caracteriza-se pela
XVI. No Nordeste, o teatro de bonecos apareceu de caricaturização dos personagens;
principalmente em Pernambuco, onde a tradição pela dramatização e pela expressão através da mímica
permanece até os dias de hoje. Somente em (sem uso de palavras). Tem como objetivos
meados do século XX é que o teatro de bonecos educativos a diversão, a socialização, o
se consolidou fortemente em nosso país. desenvolvimento da coordenação motora, da
Para a confecção dos fantoches são utilizados linguagem gestual e a apreensão do corpo como um
vários tipos de material inclusive sucata, que todo para o ato da expressão/representação.
pode ser um recurso muito bem aproveitado e
sem custos, pois pode ser trazido pelos próprios O VALOR PEDAGÓGICO DO TEATRO DE
alunos, o que tornaria a atividade de BONECOS
confeccioná-los ainda mais interessante.
Um outro recurso é utilizar as próprias mãos Os bonecos utilizados pelos alunos na escola sob a
como fantoches, não necessitando de um orientação do professor, têm um papel importantíssimo
material elaborado. Basta desenhá-lo na própria no processo de ensino-aprendizagem a partir da pré-
mão com caneta esferográfica, tintas especiais, escola. Desenvolvem vários aspectos da formação da
etc. O uso de várias cores tornará os bonecos criança, principalmente os relacionados à
mais alegres. Pode-se acrescentar acessórios às comunicação e a expressão sensório-motora.
figuras enfeitando as mãos e os dedinhos das O professor deve deixar a criança manipular os
crianças. Como exemplo, lã, chapéu, meias ou bonecos à vontade, a ponto de aos poucos, criar seu
penas. Outros tipos também são muito utilizados próprio personagem, sua fala e construir um diálogo
como mãos com luvas, fantoches de copinhos, aliado ao movimento e à palavra interagindo com as
de meias, de garrafas e até mesmo de galhos de outras crianças.
árvores. Essa criação livre e natural leva com o tempo ao
O professor deve incentivar os alunos a explorar desenvolvimento de diálogos mais elaborados
todos os movimentos dos dedos, mãos e braços, baseados por histórias lidas ou ouvidas e fixados em
criando uma atmosfera do conhecimento do textos prontos (roteiros) para este tipo de teatro.
próprio corpo. Para isso, a utilização de músicas Geralmente, as crianças pequenas começam a brincar
populares, folclóricas ou eruditas é fundamental sozinhas com seus bonecos e pouco a pouco, vão
para que o trabalho com o fantoche seja unindo-se com outras crianças criando os seus
desenvolvido, além do diálogo entre os próprios fantoches e iniciando a socialização, pois
participantes. percebem a necessidade de esperar a vez de sua fala,
para ouvir os outros, respeitar a opinião dos teatro de bonecos significa para a criança um jogo e
colegas e exprimirem um manifesto de suas para o professor, uma técnica didático-pedagógico no
opiniões usando de argumentos plausíveis. processo de ensino-aprendizagem.
As brincadeiras com fantoches permitem que a Devemos sempre lembrar que a lógica infantil é
criança desenvolva a expressão oral e artística, diferente da lógica do adulto, sendo o teatro de
pois os bonecos levam a criança sempre ao bonecos real para a criança, dentro da realidade do
mundo da imaginação e do faz-de-conta. jogo, lúdico e do jogo da vida no qual está inserido no
Já os alunos maiores (geralmente do ensino contexto civilizacional do seu grupo social.
fundamental), usam o fantoche para
expressarem seus pensamentos de uma forma FASES DO PLANEJAMENTO DAS PEÇAS
mais livre. Contam suas ações, seus desejos,
aventuras, reproduzem fatos e histórias lidas e O planejamento das peças é realizado pelos alunos e
ouvidas do seu dia-a-dia. pelo professor e passa por três fases:
O teatro de bonecos também estimula a criança Fase do planejamento - Nesta fase ocorre a escolha
a desenvolver a potencialidade da voz porque de do tema, escolha dos personagens, caracterização dos
acordo com o personagem representado, a personagens (o aluno deve descobrir sozinho como
criança interpreta sentimentos na fala impondo vestir os bonecos de acordo com o texto da peça) e a
qualidades de voz grossa, fina, amável, etc; imita escolha do local para apresentação.
sons de bichos, de elementos da natureza, Fase de execução - No ensaio, cada apresentador
abrindo momentos lúdicos e sensoriais. Elas decora a fala e os gestos do personagem que irá
começam a adequar a voz às diversas situações representar. Os ensaios devem ser realizados na
aliando o ritmo vocal ao gestual. presença de todos os alunos da classe junto com o
professor.
A criança ao ouvir aos mais diversos sons, Na representação é onde ocorre a apresentação da
provavelmente ouve com mais interesse o que os dramatização já pronta e ensaiada.
outros falam. Isso faz com que ela perceba a Fase de avaliação - A avaliação é considerada uma
musicalidade de uma canção e o seu ritmo, forma de incentivo à atuação da criança. Nesta fase,
sendo considerado um fator fundamental na os alunos revelam muito as características do seu
educação da audição (sensorial). Um outro fato é próprio eu, atitudes, comportamentos e habilidades. É
que os bonecos confeccionados pelos alunos, a oportunidade que o professor tem de conhecê-los
mesmo que o professor participe da confecção, melhor, analisá-los e auxiliá-los individualmente no
são mais adequados para o aprendizado do que processo de ensino-aprendizagem.
os comprados prontos, pois quando eles mesmos O professor deve avaliar no aluno as mudanças
criam os fantoches, passam a gostar mais deles comportamentais ocorridas durante todo o processo e
unindo neste momento, três aspectos da sua integração com o grupo, considerando o
educação baseados na metodologia triangular desempenho da criança no desenvolvimento da
vivenciadas pelos processos do refletir, do fruir e apresentação da atividade no decorrer das três fases.
do produzir, por meio das expressões oral,
plástica e emotiva.
O teatro de bonecos na formação do educando OFICINA DE ARTES VISUAIS
tem como objetivos: as percepções visuais,
auditivas e táteis; a percepção da seqüência de
fatos (noção espaço-temporal); coordenação de
ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM
movimentos; expressões gestuais, orais e VISUAL
plásticas; a criatividade; a imaginação; a
memorização; a socialização e o vocabulário. PONTO - É a unidade mais simples e irredutível da
Este tipo de teatro pode ainda revelar ao comunicação visual. Qualquer ponto tem uma força
professor, aspectos do desenvolvimento da visual grande de atração sobre o olho. Diversos pontos
criança que não são observados durante os conectados são capazes de dirigir a visão. Quanto
trabalhos escolares tradicionais. Com isso, o mais próximos entre si, maior a capacidade de guiar o
professor poderá direcionar atividades educativas olho. Em grande quantidade e justapostos, criam a
e recreativas de acordo com a capacidade da ilusão de tom ou cor.
criança e seu contexto sócio-cultural. Assim, o
LINHA - Pode ser definida como uma cadeia de distinguir o que está à nossa volta. Vemos o escuro
pontos tão próximos que não se pode distingui- porque está próximo ou se sobrepõe ao claro, e vice-
los. Nas artes visuais, a linha é o elemento visual versa. O tom é um dos melhores instrumentos de que
por excelência. A linha pode adotar formas muito se dispõe para indicar e expressar a
distintas para expressar intenções diferentes. tridimensionalidade dos objetos.
Pode ser indisciplinada, para aproveitar sua
espontaneidade expressiva, delicada, ondulada, COR - É a mais eficiente dimensão de discriminação.
vacilante, indecisa, nervosa, etc. A linha vertical É o elemento que tem mais afinidade com as
atrai o olhar para o alto; a horizontal provoca a emoções. Nas artes visuais, a cor não é apenas um
impressão de repouso; já a curva nos dá a elemento decorativo ou estético, é o fundamento da
sensação de movimento. As linhas retas expressão. Ela exerce uma ação tríplice sobre o
produzem uma sensação de tranqüilidade, de indivíduo que recebe a comunicação visual: ela
solidez, de serenidade; as curvas, de impressiona a retina quando é vista; provoca uma
instabilidade, emoção, é sentida; e é construtiva, pois, tem um
graciosidade, alegria; a fina produz impressão de significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade
delicadeza; a grossa, de energia; a carregada, de de construir uma linguagem que comunique uma idéia.
resolução, violência; linha comprida dá sensação
de vivacidade; linha curta, de firmeza. EQUILÍBRIO -
Diz que uma imagem está equilibrada, ou seja, tem
DIREÇÃO - Os contornos básicos expressam equilíbrio gráfico, quando todos os elementos que a
três direções visuais significativas. O quadrado, compõe estão organizados de tal forma que nada é
as direções horizontal e vertical; o triângulo, a enfatizado, todos passando uma sensação de
diagonal; e o círculo, a curva. Cada uma dessas equilíbrio visual. Este equilíbrio pode ser dinâmico ou
direções é uma valiosa ferramenta para a estático, dependendo do movimento gráfico da
confecção de mensagens visuais. A referência imagem. Uma imagem está desequilibrada, quando
vertical-horizontal constitui a referência primária alguns elementos estão enfatizados de tal forma que
do homem. A diagonal, ao contrário, é a força estes parecem pesar apenas um lado da imagem. Isso
direcional mais instável e provocadora. As curvas não quer dizer assimetria, pois uma imagem
têm significados associados ao enquadramento, assimétrica também pode ser equilibrada.
à repetição e ao calor.
PRINCIPAIS MODALIDADES DAS ARTES
TEXTURA - A textura pode ser percebida tanto
pelo tato quanto pela visão. Mas é possível que VISUAIS
uma textura não tenha nenhuma qualidade tátil,
somente ótica. Já quando há uma textura real, PINTURA - Refere-se genericamente à técnica de
coexistem ambas as sensações. A maior parte da aplicar pigmento em forma líquida a uma superfície, a
nossa experiência com as texturas é visual, e a fim de colori-la, atribuindo-lhe matizes, tons e texturas.
maioria dessas texturas não estão realmente ali. Atualmente o conceito de pintura pode ser ampliado
para a representação visual através das cores.
TRIDIMENSIONALIDADE - A representação de Diferencia-se do desenho pelo uso dos pigmentos
terceira dimensão depende da ilusão. Porque em líquidos e do uso constante da cor, enquanto aquele
nenhuma representação bidimensional da apropria-se principalmente de materiais secos.
realidade, sejam desenhos, pinturas, fotografias,
emissões de televisão, existe um volume real, ele DESENHO - É um suporte artístico ligado à produção
está somente implícito. A ilusão se reforça de de obras bidimensionais, diferindo, porém, da pintura e
muitas maneiras, mas o artifício fundamental da gravura. Neste sentido, o desenho é encarado tanto
para simular a dimensão é a convenção técnica como processo quanto como resultado artístico. No
da perspectiva. primeiro caso, refere-se ao processo pelo qual uma
superfície é marcada aplicando-se sobre ela a pressão
TOM - A luz rodeia as coisas, reflete-se nas de uma ferramenta (lápis, caneta ou pincel) e
superfícies brilhantes, incide sobre objetos que já movendo-a, de forma a surgirem pontos, linhas e
possuem uma claridade ou obscuridade relativas. formas planas. O resultado deste processo é a
As variações de luz, ou seja, os tons, nos fazem imagem obtida, também chamada de desenho. Desta
forma, um desenho manifesta-se essencialmente ou um deus em forma antropomórfica; alto ou baixo-
como uma composição bidimensional formada relevo, o modo de ilustrar uma história em pedra ou
por linhas, pontos e formas. Um aspecto que metal e mobiliário, normalmente utilizado em jardins.
diferencia o desenho da pintura é que, ao
desenhar, um artista usa cores puras e não pode A EVOLUÇÃO DO DESENHO INFANTIL
misturá-las antes da aplicação, enquanto na
pintura, cores novas são geralmente criadas Os primeiros estudos sobre a produção gráfica das
através de misturas. crianças datam do final do século passado e estão
fundados nas concepções psicológicas e estéticas de
GRAVURA - Difere do desenho na medida em então. É a psicologia genética, inspirada pelo
que ela é produzida pensando-se na sua evolucionismo e pelo princípio do paralelismo da
impressão e reprodução. Seus meios mais filogênese com a ontogênese que impõe o estudo
comuns de confecção são a xilogravura (em que científico do desenvolvimento mental da criança. As
a matriz é feita de madeira); a litogravura (cuja concepções de arte que permearam os primeiros
matriz é composta de algum tipo de pedra) e a estudos estavam calcadas em uma produção estética
gravura propriamente dita (cuja matriz é idealista e naturalista de representação da realidade,
metálica). Gravura é a arte de converter uma sendo a habilidade técnica, portanto, um fator
superfície plana em uma matriz para a prioritário.
reprodução de imagens, por meios de Modo de expressão próprio da criança, o desenho
prensagem. Existem dois tipos comuns de constitui uma língua que possui vocabulário e sua
gravura, sendo um em encavo no qual o sulco vai sintaxe. Percebe-se que a criança faz uma relação
receber a tinta e aparece como positivo no próxima do desenho e a percepção pelo adulto. Ao
trabalho final.; e o outro em relevo, onde a prazer do gesto associa-se o prazer da inscrição, a
superfície não escavada é que recebe a tinta e o satisfação de deixar a sua marca. Os primeiros
sulco aparece em negativo (sem tinta). rabiscos são quase sempre efetuados sobre livros e
folhas aparentemente estimados pelo adulto,
ESCULTURA - É uma arte que representa possessão simbólica do universo adulto tão estimado
imagens plásticas em relevo total ou parcial. pela criança pequena.
Vários materiais se prestam a esta arte, uns mais Ao final do seu primeiro ano de vida, a criança já é
perenes como o bronze ou o mármore, outros capaz de manter ritmos regulares e produzir seus
mais fáceis de trabalhar, como a argila, a cera ou primeiros traços gráficos, fase conhecida como dos
a madeira. Embora possam ser utilizadas para rabiscos ou garatujas (termo utilizado por Viktor
representar qualquer coisa, ou até coisa Lowenfeld para nomear os rabiscos produzidos pela
nenhuma, tradicionalmente o objetivo maior foi criança).
sempre representar o corpo humano, ou a O desenvolvimento progressivo do desenho implica
divindade antropomórfica. É considerada a mudanças significativas que, no início, dizem respeito
terceira das artes clássicas. A escolha de um à passagem dos rabiscos iniciais da garatuja para
material normalmente implica na técnica a se construções cada vez mais ordenadas, fazendo surgir
utilizar. Existem várias técnicas de trabalhar os os primeiros símbolos Essa passagem é possível
materiais: a cinzelação, quando de um bloco de graças às interações da criança com o ato de
material se retira o que excede a figura utilizando desenhar e com desenhos de outras pessoas. Na
ferramentas de corte próprias para pedra ou garatuja, a criança tem como hipótese que o desenho
madeira; a modelagem, quando se agrega é simplesmente uma ação sobre uma superfície, e ela
material plástico até conseguir o efeito desejado, sente prazer ao constatar os efeitos visuais que essa
para cera ou argila; a fundição, quando se verte ação produziu. No decorrer do tempo, as garatujas,
metal quente em um molde feito com outros que refletiam, sobretudo o prolongamento de
materiais. Através do tempo, algumas formas movimentos rítmicos de ir e vir, transformam-se em
específicas de esculturas foram mais utilizadas formas definidas que apresentam maior ordenação, e
que outras: O busto, espécie de retrato do podem estar se referindo a objetos naturais, objetos
poderoso da época; a estátua eqüestre, imaginários ou mesmo a outros desenhos.
tipicamente mostrando um poderoso senhor em Na evolução da garatuja para o desenho de formas
seu cavalo; fontes de água, para decorar mais estruturadas, a criança desenvolve a intenção de
aquedutos; estátua, representando uma pessoa elaborar imagens no fazer artístico. Começando com
símbolos muito simples, ela passa a articulá-los Realismo fracassado - Geralmente entre 3 e 4 anos
no espaço bidimensional do papel, na areia, na tendo descoberto a identidade forma-objeto, a criança
parede ou em qualquer outra superfície. Passa procura reproduzir esta forma.
também a constatar a regularidade nos desenhos Realismo intelectual - Estendendo-se dos 4 aos 10-
presentes no meio ambiente e nos trabalhos aos 12 anos, caracteriza-se pelo fato que a criança
quais ela tem acesso, incorporando esse desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que
conhecimento em suas próprias produções. No sabe. Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista
início, a criança trabalha sobre a hipótese de que (perspectivas).
o desenho serve para imprimir tudo o que ela Realismo visual - É geralmente por volta dos 12 anos,
sabe sobre o mundo. No decorrer da marcado pela descoberta da perspectiva e a submissa
simbolização, a criança incorpora às suas leis, daí um empobrecimento, um
progressivamente regularidades ou códigos de enxugamento progressivo do grafismo que tende a se
representação das imagens do entorno, juntar as produções adultas.
passando a considerar a hipótese de que o
desenho serve para imprimir o que se vê. ESTÁGIOS DO RABISCO
É assim que, por meio do desenho, a criança cria
e recria individualmente formas expressivas, Estágio vegetativo motor - Por volta dos 18 meses, o
integrando percepção, imaginação, reflexão e traçado e mais ou menos arredondado, conexo ou
sensibilidade, que podem então ser apropriadas alongado e o lápis não sai da folha formando
pelas leituras simbólicas de outras crianças e turbilhões.
adultos. Estágio representativo - Entre dois e 3 anos,
O desenho está também intimamente ligado com caracteriza-se pelo aparecimento de formas isoladas,
o desenvolvimento da escrita. Parte atraente do a criança passa do traço continuo para o traço
universo adulto, dotada de prestigio por ser descontinuo, pode haver comentário verbal do
"secreta", a escrita exerce uma verdadeira desenho.
fascinação sobre a criança, e isso bem antes de Estágio comunicativo - Começa entre 3 e 4 anos, se
ela própria poder traçar verdadeiros signos. Muito traduz por uma vontade de escrever e de comunicar-
cedo ela tenta imitar a escrita dos adultos. se com outros. Traçado em forma de dentes de serra,
Porém, mais tarde, quando ingressa na escola que procura reproduzir a escrita dos adultos.
verifica-se uma diminuição da produção gráfica,
já que a escrita (considerada mais importante) ANÁLISE PIAGETIANA SOBRE O DESENHO
passa a ser concorrente do desenho. INFANTIL
O desenho como possibilidade de brincar, o
desenho como possibilidade de falar e de
Garatuja - Faz parte da fase sensório motora (0 a
registrar marca o desenvolvimento da infância,
porém em cada estágio, o desenho assume um 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7
caráter próprio. Estes estágios definem maneiras anos). A criança demonstra extremo prazer nesta
de desenhar que são bastante similares em fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer
todas as crianças, apesar das diferenças da maneira imaginária. A cor tem um papel secundário,
individuais de temperamento e sensibilidade. aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há
Esta maneira de desenhar própria de cada idade intenção consciente.
varia, inclusive, muito pouco de cultura para Pode ser dividida em:
cultura. • Desordenada: movimentos amplos e desordenados.
Com relação a expressão, vemos a imitação "eu imito,
ESTÁGIOS DO DESENHO INFANTIL porém não represento". Ainda é um exercício.
• Ordenada: movimentos longitudinais e circulares;
coordenação viso-motora. A figura humana pode
Realismo fortuito - Começa por volta dos 2
aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a
anos e põe fim ao período chamado rabisco. A
exploração do traçado; interesse pelas formas
criança que começou por traçar signos sem
(Diagrama).
desejo de representação descobre por acaso
Aqui a expressão é o jogo simbólico: "eu represento
uma analogia com um objeto e passa a nomear
sozinho". O símbolo já existe. Identificada: mudança
seu desenho.
de movimentos; formas irreconhecíveis com
significado; atribui nomes, conta histórias. A da arte como atividade espontânea. Inicia a
figura humana pode aparecer de maneira investigação de sua própria personalidade. Aparece
imaginária, aparecem sóis, radiais e mandalas. A aqui dois tipos de tendências: visual (realismo,
expressão também é o jogo simbólico. objetividade); háptico (expressão subjetividade). No
espaço já apresenta a profundidade ou a preocupação
Pré- Esquematismo - Dentro da fase pré- com experiências emocionais (espaço subjetivo). Na
operatória, aparece a descoberta da relação figura humana as características sexuais são
entre desenho, pensamento e realidade. Quanto exageradas, presença das articulações e proporções.
ao espaço, os desenhos são dispersos A consciência visual (realismo) ou acentuação da
inicialmente, não relaciona entre si. Então expressão, também fazem parte deste período. Uma
aparecem as primeiras relações espaciais, maior conscientização no uso da cor, podendo ser
surgindo devido à vínculos emocionais. A figura objetiva ou subjetiva. A expressão aparece como: "eu
humana torna-se uma procura de um conceito represento e você vê" Aqui estão presentes o
que depende do seu conhecimento ativo, inicia a exercício, símbolo e a regra.
mudança de símbolos. Quanto à utilização das
cores, pode usar, mas não há relação ainda com FAIXAS ETÁRIAS REFERENCIAIS DA ARTE
a realidade, dependerá do interesse emocional. INFANTIL PARA A PSICO-PEDAGOGIA
Dentro da expressão, o jogo simbólico aparece
como: "nós representamos juntos". • De 1 a 3 anos - É a idade das famosas garatujas:
simples riscos ainda desprovidos de controle motor, a
Esquematismo - Faz parte da fase das criança ignora os limites do papel e mexa todo o corpo
operações concretas (7 a 10 anos).Esquemas para desenhar, avançando os traçados pelas paredes
representativos, afirmação de si mediante e chão. As primeiras garatujas são linhas longitudinais
repetição flexível do esquema; experiências que, com o tempo, vão se tornando circulares e, por
novas são expressas pelo desvio do esquema. fim, se fecham em formas independentes, que ficam
Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido soltas na página. No final dessa fase, é possível que
de espaço: linha de base. Já tem um conceito surjam os primeiros indícios de figuras humanas, como
definido quanto à figura humana, porém cabeças com olhos.
aparecem desvios do esquema como: exagero,
negligência, omissão ou mudança de símbolo. • De 3 a 4 anos - Já conquistou a forma e seus
Aqui existe a descoberta das relações quanto à desenhos têm a intenção de reproduzir algo. Ela
cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do também respeita melhor os limites do papel. Mas o
esquema de cor expressa por experiência grande salto é ser capaz de desenhar um ser humano
emocional. Aparece na expressão o jogo reconhecível, com pernas, braços, pescoço e tronco.
simbólico coletivo ou jogo dramático e a regra.
• De 4 a 5 anos - É uma fase de temas clássicos do
Realismo - Também faz parte da fase das desenho infantil, como paisagens, casinhas, flores,
operações concretas, mas já no final desta fase. super-heróis, veículos e animais, varia no uso das
Existe uma consciência maior do sexo e cores, buscando um certo realismo. Suas figuras
autocrítica pronunciada. No espaço são humanas já dispõem de novos detalhes, como
descobertos o plano e a superposição. Abandona cabelos, pés e mãos, e a distribuição dos desenhos no
a linha de base. Na figura humana aparece o papel obedecem a uma certa lógica, do tipo céu no
abandono das linhas. As formas geométricas alto da folha. Aparece ainda a tendência à
aparecem. Maior rigidez e formalismo. antropomorfização, ou seja, a emprestar
Acentuação das roupas diferenciando os sexos. características humanas a elementos da natureza,
Aqui acontece o abandono do esquema de cor, a como o famoso sol com olhos e boca. Esta tendência
acentuação será de enfoque emocional. Tanto no deve se estender até 7 ou 8 anos.
Esquematismo como no Realismo, o jogo
simbólico é coletivo, jogo dramático e regras • De 5 a 6 anos - Os desenhos sempre se baseiam em
existiram. roteiros com começo, meio e fim. As figuras humanas
aparecem vestidas e a criança dá grande atenção a
Pseudo Naturalismo - Estamos na fase das detalhes como as cores. Os temas variam e o fato de
operações abstratas (10 anos em diante). É o fim não terem nada a ver com a vida dela são um indício
de desprendimento e capacidade de contar REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
histórias sobre o mundo.
BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política. Obras
• De 7 a 8 anos - O realismo é a marca desta Escolhidas. vol.1, São Paulo, Brasiliense, 1985.
fase, em que surge também a noção de FEIJÓ, Olavo. Corpo e Movimento: Uma Psicologia para o
perspectiva. Ou seja, os desenhos da criança já Esporte. Rio de Janeiro: Shape Ed., 1992.
dão uma impressão de profundidade e distância. FERNÁNDEZ, A. O saber em jogo. A psicopedagogia
Extremamente exigentes, muitas deixam de propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre: Artmed,
desenhar, se acham que seus trabalhos não 2001.
ficam bonitos. FERRAN, P et.al. Na Escola do Jogo. Lisboa: Editorial
Como podemos perceber o linha de evolução é Estampa, 1979.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos Tradicionais Infantis.
similar mudando com maior ênfase o enfoque em
São Paulo: Vozes, 1993.
alguns aspectos. O importante é respeitar os
LADEIRA, Idalina; CALDAS, Sarah., Fantoches & Cia. Rio
ritmos de cada criança e permitir que ela possa
de Janeiro, Ed. Scipione, 1993.
desenhar livremente, sem intervenção direta, LUQUET, G.H. Arte Infantil. Lisboa: Companhia Editora do
explorando diversos materiais, suportes e Minho, 1969.
situações. MALVERN, S.B. "Inventing 'child art': Franz Cizek and
Para tentarmos entender melhor o universo modernism" In: British Journal of Aesthetics, 1995, 35(3),
infantil muitas vezes buscamos interpretar os p.262-272.
seus desenhos, devemos porem lembrar que a MEREDIEU, F. O desenho Infantil. São Paulo: Cultrix, 1974.
interpretação de um desenho isolada do contexto MORAIS, R. Filosofia, Educação e Sociedade. Campinas:
em que foi elaborado não faz sentido. Papirus, 1989.
É aconselhável, ao professor, que ofereça às NAVILLE, Pierre. "Elements d'une bibliographie critique". In:
crianças o contato com diferentes tipos de Enfance, 1950, n.3-4, p. 310. Parsons, Michael J.
desenhos e obras de artes, que elas façam a Compreender a Arte. Lisboa: Ed. Presença, 1992.
leitura de suas produções e escutem a de outros PIAGET, J. A formação dos símbolos na Infância. PUF, 1948
e também que sugira a criança desenhar a partir Novo Dicionário Aurélio. São Paulo: Nova Fronteira, 2001.
de observações diversas (cenas, objetos, RABELLO, Sylvio. Psicologia do Desenho Infantil. São
pessoas) para que possamos ajudá-la a nutrisse Paulo: Companhia Editora Nacional, 1935.
de informações e enriquecer o seu grafismo. READ, HEBERT. Educação Através da Arte. São Paulo:
Martins Fontes, 1971.
Assim elas poderão reformular suas idéias e
RIOUX, George. Dessin et Structure Mentale. Paris: Presses
construir novos conhecimentos.
Universitaires de France, 1951.
ROUMA, George. El Lenguage Gráfico del Niño. Buenos
Aires: El Ateneo, 1947.
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A
EDUCAÇÃO INFANTIL. Ministério da Educação e do
Desporto, secretaria de Educação Fundamental. Brasília:
MEC/SEF, 1998. 3v.
RIZZO PINTO, J. Corpo Movimento e Educação. o
desafio da criança e adolescente deficientes sociais. Rio de
Janeiro: Sprint, 1997.
ROSAMILHA, N. Psicologia do jogo e aprendizagem infantil.
São Paulo: Pioneira, 1979.

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