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ne EY 4 2 Volume | QDevre de Trabalho do Ministerio da Educacao para as Comemoragdes dos Descobrimentos Portugueses CONGRESO LUSQ-BRASILEIRO. «PORTUGAL BRASIL: MEMORIAS E IMAGINARIOS» Aldeados, aliados, inimigos e escravos: lugares dos indios na legislacao portuguesa para o Brasil Beatriz Perrone-Moisés * Uma das raras passagens d’Os Lusiadas que se refere ao Brasil diz «E por elles, de tudo enfim senhores/seréo dadas na terra leis melhores» (II, 46). «Leis melhores», é uma formulacdo generosa, que supde a existéncia de leis entre os povos habitantes do vasto territdrio que cabia a Portugal no Novo Mundo. A fér- mula «sem Fé, nem Lei, nem Rei», que caracterizava os indigenas brasileiros indica que se tratava, na verdade, de dar leis a quem nao tinha nenhuma. Ao pro- cesso civilizatério caberia suprir em terras brasileiras cada uma essas faltas, e no final esperado do processo, os indigenas viveriam, como os povos civilizados da Europa, «sob 0 doce jugo das leis». As leis dadas & terra do Brasil eram, em primeiro lugar, aquelas mesmas que regiam o Reino. Nao existiu um Direito colonial brasileiro independente do Direito portugués, de modo que as leis que regiam a metrdpole se acrescentavam novas determinacies legais, uma legislagao especifica para questées locais, exi- gida pela realidade diversa da colénia. A Coroa elaborava tais leis especiais auxi- liada por corpos consultivos dedicados a questdes coloniais: Mesa de Consciéncia e Ordens, criada em 1532, Conselho da {ndia (1603) e seu sucessor, 0 Conselho Ultramarino (1643). Estes emitiam pareceres que podiam, e costumavam ser, san- cionados pelo Rei, passando a ter valor legal, sob a forma de Cartas Régias, Alvards Régios, Provisées Régias, Regimentos, etc. Na coldnia, os governadores- gerais e capitaes-generais emitiam Decretos, Alvards, Regimentos, Bandos, etc, em que aplicavam a legislacao decretada pela Coroa, ou simplesmente a divulga- vam. Para 0 exame de questdes locais, que estava condicionado a informagées a que nao se podia ter acesso na metrdpole, o rei contava com Juntas, das quais a mais importante era a Junta das Miss6es, cujas decisdes deviam ser-lhe enviadas para apreciagao e eventual aprovacio. A mais evidente caracteristica da realidade colonial que demandava uma legislacdo especifica era, sem dtivida, a presenga dos povos indigenas. Ao longo do periodo colonial, na metrépole e na colénia, numerosissimos documentos legais tratavam de definir o lugar desses povos no mundo que se projetava cons- truir. Melhor seria falar em lugares dos povos indigenas nesse projeto, pois eram varios. Nao havia, no Brasil colonial, uma concep¢ao unificada dos nativos, de * Departamento de Antropologia/ Universidade de Sao Paulo, 147 modo que nao se pode, a nao ser de modo anacrénico, falar de «indios» no pro- jeto colonial. Nos documentos, ha varias expressdes usadas para se referir populacdo nativa: «indios das aldeias», «indios amigos», «gentio de pazes», «gen- tio», «negros da terra, «gentio de corso», «bérbaros», sao algumas delas. A cada um desses apelativos correspondia um tipo de concepgio do «nativo», um tipo de relagao, e um tipo de legislagao. » No projeto colonial, concebiam-se dois «lugares»~ no duplo sentido — posit vos pata os indigenas do Brasil: os aldeamentos e a fronteira. Os aldeamentos, preferencialmente missdes, eram 0 objetivo primeiro do projeto no tocante aos indios. Neles viviam indigenas transferidos de suas regiées originais, submetidos a ensinamentos que visavam civilizd-los. Esses indios das aldeias constitufam, idealmente, a principal reserva de mao-de-obra da coldnia. A fronteira era o lugar de povos que nao deixavam seus territérios originais e, aliados dos portugueses, Tepresentavam uma espécie de defesa viva contra ataques de invasores estrangei- ros e inimigos selvagens - «muralhas dos sertées» dizia uma bela expressao. Tanto os indigenas aldeados quanto os que aqui chamo de aliados eram livres, de acordo com o principio fundamental da liberdade natural, principio que se man- teve na base de toda a legislacao indigenista ao longo do periodo colonial. Chamo-os de «lugares positivos» por corresponderem aos designios do prép projeto colonial, situando os indios no processo de instalagao e consolidagao da colénia. «Positivos», evidentemente, do ponto de vista do colonizador. Havia ainda 0 vasto interior desconhecido, os chamados «sertdes», povoados por gentios que nao eram nem aliados, nem aldeados, todos por direito livres. Estes viviam completamente fora da coldnia, e nao eram, evidentemente, objeto de legislacao especifica, a nao ser de forma virtual, como candidatos a aliados ou aldeados. Ao lado desses «lugares» de liberdade, no Brasil colonial concebia-se outra possibilidade em relagao aos indigenas, algo que poderiamos chamar de um «ndo-lugar»: a escravidao, destino dos inimigos‘declarados da colénia. «Nao- lugar», porque embora a mao-de-obra escrava tivesse uma evidente e importante fungao na col6nia e a escravizacao de indigenas fosse constante, esta nao era um objetivo mas, muito pelo contrério, uma espécie de contingéncia indesejada, tal como aparecia na legislacao indigenista. Voltaremos a isso. A liberdade dos indios 6, pois, a base de toda a legislacao indigenista colo- nial, demonstrando sua inserg4o na grande tradicao teoldgico-juridica que, desde Francisco de Vitéria, a estabelecera como principio fundamental. Pode-se ilustrar sua afirmacéio com a formulagio que se encontra em umia das mais famosas leis relativas aos indios do Brasil, do inicio do século xvi. Esta Lei, de 10-09-1611, declarava: «todos os gentios das ditas partes do Brasil livres, conforme o direito e seu nascimento natural, assim os que jé foram batizados e reduzidos 4 nossa santa fé catdlica, como os que ainda vivem como gentios, con- forme a seus ritos e ceremonias e que todos sejam tratados, e havidos por pessoas livres» ', Note-se que a lei declarava livres tanto os indios aldeados «a batizados e reduzidos», como aqueles que permaneciam «gentios», sendo a liberdade, por- tanto, independente da conversao. 148 O itinerario ideal para inserir os indigenas no mundo colonial era concebido do seguinte modo. Em primeiro lugar, deviam ser «descidos», isto 6, trazidos de suas aldeias no interior («sertéo»; 0 planalto) para aldeamentos mais préximos das povoagdes portuguesas (no litoral). Constantes e incentivados ao longo da colonizagao * os descimentos eram deslocamentos de povos inteiros para aldea- mentos préximos aos estabelecimentos portugueses. Os descimentos deviam resultar da persuasao exercida por tropas de descimento lideradas ou acompa- nhadas por um missiondrio, sem qualquer tipo de violéncia. Tratava-se de con- vencer os indios do interior de que era de seu interesse aldear-se junto aos por- tugueses, para sua prdpria protecao e bem-estar. A obrigatoriedade da presenca de missiondrios junto as tropas de descimento era expressamente estabelecida desde a Lei de 24-2-1587 e era reafirmada mesmo quando lhes era tirada a exclu- sividade na conducao dos descimentos . O respeito de que gozavam junto aos gentios, o conhecimento da lingua e o fato de o principal intento do descimento ser a conversao explicam a importancia atribuida a presenca de missiondrios, exclusivamente jesuitas, segundo certas leis. As leis ora determinavam que os descimentos fossem realizados unicamente por missiondrios *, ora pelos adminis- tradores seculares das aldeias ‘, quando os havia; algumas leis permitiam que moradores organizassem tropas de descimento*. De qualquer modo, a presenca de missionarios era sempre exigida, levando inclusive a distorgGes quando estes, por sua presenca, davam aval a procedimentos ilegais. Os métodos recomendados eram, invariavelmente, a persuasao e a brandura: os padres deviam convencer os indios a acompanhd-los espontaneamente, dizendo-lhes que seriam livres, senhores de suas terras nas aldeias, e que estariam melhor nos aldeamentos do que no sertao. «De tal modo — dizia um Alvard de 26- 7-1596 — quenom possa o gentio diser, que o fasem deger da serra por engano, nem contra a sua vontade». Os que nao fossem assim convencidos nao deviam em hipé- tese alguma ser forcados a descer, como afirmam expressamente a Lei de 10-9-1611 e o Regimento das Miss6es de 1686. A ilegalidade da coagao ao descimento conti- nuaria sendo afirmada até o século xvi‘ Mesmo em caso de entradas de guerra, os «barbaros» podiam aceitar a sujeicao de livre e espontanea vontade; seriam con- seqiientemente descidos e aldeados. Tal possibilidade nao se estendia, porém, como veremos abaixo, aos povos inimigos acusados de pratica de atos hostis ’. Nos aldeamentos, cuja localizagao, composigao, dimensao e funcionamento as leis regulamentavam em detalhe, os indios descidos deviam ser catequizados e civilizados, de modo a se tornarem «vassalos titeis», para usar uma expressao do século xv. A localizagao dos aldeamentos obedecia a consideragées de varias ordens. Para incentivar 0 contato com os portugueses, facilitando assim tanto a civilizagdo dos indios quanto a utilizagao de seus servigos, costumavam ser situ- ados préximo das povoagées coloniais. Na Lei de 1611 eram expressamente situ- ados a uma distancia suficientemente segura de nticleos portugueses para que uns nao pudessem «prejudicar> aos outros. Em alguns casos, além dessas consi- deragées, levava-se expressamente em conta a qualidade das terras oferecidas aos indios para se aldearem: a Carta Régia de 27-9-1707, por exemplo, aprovava um local em que havia «bastantes terras para [os indios] lavrarem suas lavouras, e Rio com abundancia de peixe». Na fronteira, a manutencdo de aldeias indigenas em locais estratégicos, dis- tantes das povoacées coloniais, com vistas 4 defesa, era recomendada *. Entre os 149 documentos que tratam desse assunto, 0 Regimento das Missdes, de 1686, deter- minava que fossem deixados em suas terras os indios que nao quisessem descer, em primeiro lugar porque nao podiam ser obrigados a fazé-lo — no que retomava recomendag6es recorrentes — e, além disso, por ser interessante que «as aldeias se dilat[ass}Jem pelos certoens». 5 De modo geral, nos aldeamentos deviam viver apenas os indios e os missio- nérios, a nao ser quando as leis instituiam a administragio leiga. A politica pom- balina, procurando assimilar definitivamente os indios aldeados, incentivava a presenca de brancos nas aldeias, para acabar com a «odiosa separacdo, entre huns e outros» ’. A reunido de tribos diferentes nas aldeias estava expressamente con- dicionada a vontade dos indios envolvidos e os aldeamentos deviam preferenci- almente ser compostos por individuos da mesma «nacéio», de modo que o horror da convivéncia com inimigos nao levasse os indios a fugirem de suas aldeias, retornando a barbdrie ”. A necessidade de se fazerem aldeias grandes, para facili tar o trabalho de conversao e aumentar sua «utilidade» aparece em varios docu- mentos 4. Para que as aldeias pudessem ser transferidas para locais melhores, ou em que seriam mais titeis ou faceis de doutrinar, era preciso, como para o desci- mento, insistir no convencimento, e obter a anuéncia dos indios ". Da administracdo dos aldeamentos foram inicialmente encarregados 08 jesu- ftas, a quem cabia, portanto, nao apenas a catequese («governo espiritual») como também a organizacao da vida quotidiana e repartigao dos trabalhadores indige- nas pelos servigos, tanto na prépria aldeia, quanto para particulares e para a Coroa («governo temporal»). A Lei de 1611 mantinha a jurisdicao espiritual dos jesuitas, mas determinava a criacdo de um até entao inexistente Capitao de Aldeia, morador, encarregado do governo temporal. No sentido contrério, a Lei de 9-4-1655 para o*Estado do Maranhao proibia expressamente que se pusessem Capitaes nas aldeias, e ordenava que fossem governadas pelos missiondrios e chefes indigenas, ou «principais de sua nagao». Os «principais» seriam encarre- gados da administragao temporal também em Provisao de 17-10-1653 e na Lei de 12-9-1663, ficando os missiondrios unicamente com a administracao espiritual. O mesmo declarava a Lei de 1755, mas o Diretdrio de 1757 e a Direcao de 1759, considerando os indios incapazes de se auto governarem, instituiriam os Diretores das Povoagées de Indios. O governo temporal voltava as maos dos jesuitas quando se entendia que a conversao, intento primordial do aldeamento, s6 podia ser realizada desse modo *. E era entregue aos moradores quando estes, reclamando junto a Coroa da falta de bracos para a lavoura, dada a resisténcia dos missiondrios em fornecé- los, alegavam que, além disso, haveriam de encarregar-se da civilizag’o dos indios tao bem quanto os primeiros, ou talvez até melhor. A administragao secu- lar das aldeias nesses termos era, contudo, excepcional, e expressamente proibida por algumas leis“. Em alguns momentos conviviam administragdes por particu- lares, por cémaras, por missiondrios, aldeias dos missiondrios, aldeias da coroa, aldeias de repartigao. A administracao das aldeias era objeto de muita discussao e constitui um dos pontos em que se encontra notdvel variacdo, o que é compre- ensivel, visto que na pessoa dos administradores das aldeias se encontravam inyestidos os dois grandes motivos de toda a colonizacao, marcados, na pratica, pela contradigao: a conversao/civilizagao dos indios e sua utilizagéo como mao de obra *. 150 Os indios das aldeias eram a principal reserva de mao-de-obra da colénia porque a eles cabia a producao de géneros de primeira necessidade, de que dependia o sustento dos moradores; eram também os indios encarregados de garantir a exploracdo econdmica da colénia, tanto nas grandes plantacoes de géneros de exportacao como através de sua evidentemente indispensavel partici- pacdo nas expedicdes de coleta dos principais produtos da terra — a comecar pelo pau-brasil. Como dizia o Regimento das Misses de 1686, era preciso «que [hou- vesse] nas ditas aldeas Indios, que [pudessem] ser bastantes, tanto para a segu- ranga do Estado, e deffensas das Cidades, como para 0 trato e servigo dos mora- dores, e entradas dos Certoens». O trabalho dos indios das aldeias para os colonos foi sempre definido, na legislacao, como trabalho assalariado, e temporario. O pagamento de salario é afirmado desde Lei de 1587, até o Diretério de 1757, entre outros ". Disposigdes mais detalhadas quanto a taxa e forma de pagamento se encontram igualmente em muitos documentos, até o final do século xvii”. Muitos desses documentos insistiam em que os indios das aldeias que trabalhassem para particulares por salario fizessem-no «voluntariamente», «de bom grado»: Os documentos que se referem as taxas e formas de pagamento sio muito elucidativos quanto as reais condigées de trabalho dos indios das aldeias: de seus «salarios», em geral pagos ao administrador das aldeias, os indios costumavam receber apenas uma fra¢ao, e em espécie. Alguns documentos referem-se claramente ao baixo custo da remu- neragao dos indios, lembrando os comentarios dos primeiros cronistas, maravi- Ihados diante do fato de os indios trocarem bens valiosos por « Desde o primeiro documento legal de amplo alcance, o Regimento do Primeiro Governador- -Geral, Tomé de Sousa, de 1548, até o «Diretério que se deve observar nas povoagées dos indios do Pard e Maranhao», de 3-5-1757, expresso maxima da politica indigenista do Marqués de Pombal. * Lei de 1587; Regimento do Governador-Geral de 1588; Alvard de 26-7 /-1596; Carta Régia de 21-10-1653; Regimento das Misses de 21-12-1686, * Lei de 1611 > Os pedidos de permissao para conduzir descimentos feitos por particulares foram ampla- mente debatidos na legislacao do inicio do século xvi, Quando a Coroa os permitia, insistia sempre 160 que «ndo [havia] de ser a titulo de administrador, ou seja, que o morador nao poderia ter tais indios sob seu controle, como se fossem escravos, mas deveria entregé-los para que fossem aldeados de acordo com as diretrizes correntes para as aldeamentos (catequese, saldrios, tempo de servigo), e que «0 premio que se ha[via] de dar ds pessoas que os desce[ssjem & sua custa serfia] 0 de se repartirem 86 com ellas durante a sua vida». Varias Cartas Régias nesse sentido, com textos praticamente idénti- cos, foram enviadas tanto para o Estado do Brasil quanto para o Estado do Maranhéo ¢ Grao-Pard entre 1702 ¢ 1707. Tais termos de concessao de descimentos a particulares teriam sido reafirmados na década de 1780 (cf. MacLachlan, 1973, p. 213). Essa questfo esté intimamente ligada & da chamada «administragdo de particulares», um dos temas da historia das relagdes entre colonizadores ¢ indige- nas no Brasil colonial ainda 8 espera de andlise aprofundada, ° A Ordem Régia de 9-3-1718 para o Estado do Maranhao e Gréo-Paré parece constituir um caso tinico quanto a esse ponto, ao estabelecer dois tipos de descimentos, um voluntério — forma cons- tante — «e outro de os descer contra a sua vontade presedendo ameagos, ou obrigando-o por forca a que descao», permitido em relacio a «selvagens e antropéfagosr. E um caso digno de nota, na medida em que contraria principios recorrentes quanto ao tratamento das populacdes indigenas. O processo de «convencimento» inclufa a celebragdo de pactos, em que se garantiam aos indios a liberdade nas aldeias, a posse de suas terras, os bons tratos e 0 trabalho assalariado para os moradores e para a Coroa’. A proibigao categorica de violar tais pactos € afirmada em vé mentos, como a Carta Régia de 3-2-1701, sobre o descimento de Aruans no Maranhao, que mandava guardar «inviolavelmente todas as promessas, que se Ihe fizerdo, e pactos cB que descerdo». A ironia do que se Ihes prometia para que descessem ou aceitassem a pacificacio surge numa interessante carta do Secretério Bernardino Vieira Ravasco, datada de 5-8-1694. Nela o secretirio advogava a guerra como tinico meio de fazer cessar as hostilidades de «uns bérbaros valorosos» que, além de Serem snaturalmente insolentes atrevidos», nao tinham razao alguma para «aceitar pazes com Lhes oferecerem terras fronteiras de que eles do senhores assim pelas suas setas como pela sua natureza». © mesmo poder-se-ia dizer da posse garantida das terras nas aldeias e da liberdade prometida para aqueles que concordassem em descer e se aldear. * Cartas Régias de 6-12-1647 e 6-3-1694; Consultas do Conselho Ultramarino de 2-12-1679 16-2-1694. * Diretério de 1757 para o Maranhao e Grao-Pard, §§ 80-88; Diregao para Pemambuco e capita- nias anexas, 18-5-1759, §§ 84-90. Estes dois documentos tratam minuciosamente de determinar 0 modo de vida dos indios nos aldeamentos, com o objetivo de civilizé-los e transformé-los em stiditos da Coroa portuguesa. Com pequenas diferengas, que correspondem as diferentes situacdes das regides da colénia a que se referem, constituem, como foi dito a nota 2, acima, a expressiio maxima da politica indigenista pombalina para o Brasil. Esta politica apresenta, em relagao ao que se praticava anteriormente, notaveis particularidades, entre as quais devem ser mencionados a instituicéo da obri- gatoriedade de utilizacao da lingua portuguesa, a constituicao das aldeias indigenas em vilas seme- Thantes tanto no tragado e aparéncia como na vida institucional s vilas portuguesas e casamentos mistos. Em suma, tralava-se de uma politica deliberada e radical de

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