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Cabe registrar também que, com a edição do Decreto nº 8.877, de 18/10/2016*, que
alterou a estrutura do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), transformando-o em
Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a Coordenação-Geral de
Desenvolvimento e Inovação em Tecnologias Convergentes e Habilitadoras (CGTC), antiga
Coordenação-Geral de Micro e Nanotecnologias, da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e
Inovação – SETEC, coordenação onde estou lotado, passou a ser responsável pelas áreas de
Nanotecnologia, Materiais Avançados, Manufatura Avançada e Fotônica. Diante deste fato, surge
uma excelente oportunidade de utilizar os conhecimentos trabalhados durante a disciplina 02 para o
estabelecimento de subsídios para o desenvolvimento de um “Plano Nacional de Materiais
Avançados”.
*
Decreto nº 8.877, de 18 de outubro de 2016, Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em
Comissão e das Funções de Confiança do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, remaneja cargos
em comissão e funções gratificadas e substitui cargos em comissão do Grupo Direção e Assessoramento Superior - DAS
por Funções Comissionadas do Poder Executivo Federal – FCPE. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para
Assuntos Jurídicos, (2016).
†
Materiais avançados no Brasil 2010-2022. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), 360p, 2010.
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Cabe salientar que a área de materiais avançadas (novos materiais, materiais funcionais,
materiais sintéticos e similares) representar umas das formas mais diretas de agregação de valor em
tecnologias já estabelecidas. Neste sentido, a utilização destes materiais ou o melhoramento de
processos para obtenção de materiais tradicionais já são capazes de reduzir custos, melhorar
propriedades físicas e químicas (por exemplo: maior resistência térmica, abrasão e ao
envelhecimento, redução da densidade, aumento da condutividade elétrica, entre outras), agregar
novas funcionalidades, gerar processos mais ecologicamente sustentáveis, dar nova destinação a
resíduos e diversas outras aplicações diretas. Devido a essa versatilidade, a área de materiais
avançados exerce papel fundamental nas principais políticas públicas mundiais. Contudo, o Brasil
não dispõe hoje de uma Política ou Programa Nacional para Materiais Avançados.
‡
Georghiou, L. (2015). ‘Value of Research’, Policy Paper by the Research, Innovation, and Science Policy Experts
(RISE), EUR 27367 EN.
§
Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (2016-2022), Temas Estratégicos, item 7.11 Tecnologias
Convergentes e Habilitadoras, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), 2016.
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O Programa Horizonte 2020 esta alicerçado em três pilares nos quais o Parlamento
Europeu considera como suficientes para sustentar o crescimento económico: excelência científica,
desafios sociais e liderança industrial **. A seguir, a ideia associada a cada uma das temáticas:
(i) Excelência Científica: Este pilar do Programa Horizonte 2020 objetiva reforçar a
posição da UE enquanto líder mundial na área da ciência, atraindo os cérebros mais brilhantes e
ajudando os cientistas a trabalhar em estreita colaboração e a partilhar ideias em toda a Europa.
Ajudará pessoas talentosas e empresas inovadoras a promover a competitividade europeia, criando
postos de trabalho e contribuindo para um melhor nível de vida para bem de todos.
(ii) Desafios Societais: A UE identificou sete desafios prioritários em que o investimento
direcionado para a investigação e inovação pode produzir um impacto real em benefício dos cidadãos:
Saúde, alterações demográficas e bem-estar; Segurança alimentar, agricultura e silvicultura
sustentável, investigação marinha, marítima e de águas interiores, e bioeconomia; Energia segura,
não poluente e eficiente; Transportes inteligentes, ecológicos e integrados; Ação climática, eficiência
na utilização de recursos e matérias-primas; A Europa num mundo em mudança – sociedades
inclusivas, inovadoras e reflexivas; e Sociedades seguras – Proteger a liberdade e a segurança da
Europa e dos seus cidadãos.
(iii) Liderança Industrial: Para a manutenção e ampliação dos nichos industriais nos
quais a UE atua, é imperioso que a Europa invista em tecnologias promissoras e estratégicas para a
indústria de ponta. Mas atualmente tem-se claro que somente o financiamento público não basta. A
UE precisa incentivar as empresas a investirem mais em pesquisa científica de fronteira em áreas
chave. As empresas lucram, tornando-se mais inovadoras, eficientes e competitivas. Isto, por seu
turno, cria novos postos de trabalho e oportunidades de mercado. Cada euro investido pela UE gera
cerca de 13 euros direta e indiretamente para as empresas. Estima-se que aumentar o investimento
europeu para 3 % do PIB até 2020 criaria mais 3,7 milhões de postos de trabalho.
Explorando o pilar “liderança industrial” identificam-se três frentes de atuação bem
definidas, a saber: Liderança em tecnologias habilitadoras e industriais; Suporte a micro e pequenas
empresas; e Acesso ao capital de risco. O programa Horizonte 2020 apoia as tecnologias portadoras
de futuro e disruptivas necessárias para a consolidação da inovação, como as tecnologias da
informação e espacial. As tecnologias habilitadoras chaves ou Key Enabling Technologies (KETs)
como os materiais avançados, fotônica, nanotecnologia e biotecnologia estão no centro de produtos
inovadores como, por exemplo, smartphones, sistemas de armazenamento de energia, estruturas mais
leves, nanomedicamentos, tecidos inteligentes e outros. A relevância das tecnologias habilitadoras
**
Programa Horizon 2020 em Breves Palavras: O Programa-Quadro de investigação e inovação da UE. Comissão
Europeia, Direção-Geral da Investigação e da Inovação, (2014).
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também está refletida no montante destinado a essa área no Programa, que supera os 13 bilhões de
euros ou mais de 40 bilhões de reais.
Cabe salientar que, o Estado brasileiro, por intermédio do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, compreendendo a relevância e potencial de disrupção das
tecnologias convergentes e habilitadoras, em especial a nanotecnologia, biotecnologia, fotônica,
materiais avançados e manufatura avançada, implementou a Coordenação-Geral de Desenvolvimento
e Inovações em Tecnologias Convergentes e Habilitadoras no MCTIC com vistas a prospectar,
elaborar, implementar, executar e avaliar políticas públicas nesta temática. Esta Coordenação-Geral
representa uma aplicação de escopo da extinta Coordenação-Geral de Micro e Nanotecnologias,
implementada em 2003 para fomentar a nanotecnologia no Brasil.
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alcançar novos mercados, ofertar novos empregos e reforçar a posição da empresa ou indústria no
cenário econômico.
Neste sentido, fica claro a predominância conceitual da inovação induzida pela demanda
(demand-pull) e não pela oferta (supply-push), uma vez que cabe ao setor produtivo a orientação
sobre os rumos do desenvolvimento tecnológico. No caso do Programa Horizonte 2020, grande parte
das chamadas públicas destina-se a formação de consórcios envolvendo diversos setores da sociedade
e, necessariamente, precisam conter representes de diversos países europeus, com vistas a expansão
de mercados, integração europeia, ganho de competitividade, união dos melhores parceiros europeus
para o consórcio e diversas outras vantagens. Em geral, nesta classe de chamadas é discriminado o
atual estágio da tecnologia ou processo, exemplo, “a União Europeia considera que na Europa os
materiais vítreos para células solares encontram-se no estágio de prontidão tecnológico TRL 5††”,
bem como o próximo nível que se deseja alcançar da tecnologia, por exemplo, TRL 7‡‡. Na chamada
também constam as características da formação do consórcio, em termos de expertise, regras de
proteção e partilha intelectual, experiência, composição, demonstração de trabalho conjunto prévio,
entre outros. De acordo com Huenteler et al.¸2015 §§, as políticas públicas orientadas pela demanda,
além de ser uma distinta ferramenta de fomento, se dispõe a diversas outras funções com diferentes
características como, por exemplo: (i) produção em massa de produtos; (ii) produtos com maior valor
agregado; (iii) maior interação entre usuário-produtor-cientista; e (iv) curva de aprendizado associado
ao desenvolvimento tecnológico.
Similarmente ao proposto na União Europeia para o eixo Liderança Industrial, o antigo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação lançou em 2015, por meio do Decreto 8.269, de 25 de
junho de 2014 *** ainda vigente, o Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento (PNPC). O
objetivo do Programa é promover o desenvolvimento de setores que podem transformar o Brasil em
uma potência mundial de produção e aproximar o País da fronteira do conhecimento, bem como
elevar o patamar e o impacto da CT&I no Brasil. Uma das metas do programa é criar, em 10 anos, 20
plataformas do conhecimento em áreas como agricultura, saúde, energia, aeronáutica, tecnologia da
††
TRL 5 – “Technology validated in relevant environment (industrially relevant environment in the case of key enabling
technologies)”, Technology readiness levels (TRL), HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2014-2015, General
Annex G, Extract from Part 19 - Commission Decision C(2014)4995.
‡‡
TRL 7 – “System prototype demonstration in operational environment”, Technology readiness levels (TRL),
HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2014-2015, General Annex G, Extract from Part 19 - Commission Decision
C(2014)4995.
§§
J. HUENTELER; T. S. SCHMIDT; J. OSSENBRINK; V. H. HOFFMANN. Technology life-cycles in the energy sector
- Technological characteristics and the role of deployment for innovation. Technological Forecasting and Social Change,
v. 104, 2016, 102-121.
***
Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento (PNPC), Decreto 8.269, de 25 de junho de 2014,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/decreto/d8269.htm
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informação e comunicação, naval e equipamentos, dentre outras. Na sua essência, o programa
também trabalha com a ideia de identificação do desafio tecnológico, produto ou melhoria de
processos em conjunto, setor produtivo e setor acadêmico, bem como com a formação de consórcios
para desenvolver, testar, produzir e vender o produto-objetivo da Plataforma específica. Exemplo:
Plataforma Aeronáutica tinha como um dos alvos a construção de um avião com tecnologia
totalmente verde e, para isso, congregaria empresas e os institutos tecnológicos do setor para definir
as especificações do desafio, características dos consórcios, orçamento necessário, etapas de
desenvolvimento e tempo de cada etapa.
Em uma análise inicial, as principais diferenças entre as chamadas da União Europeia e
o Programa Nacional das Plataformas do Conhecimento em seus mecanismos de execução são: (i) a
forma de fomento da União Europeia se assemelha ao fomento fornecido pelas agências, porém com
uma orientação pelo lado da demanda, enquanto o Programa das Plataformas organiza um ambiente
com começo, meio e fim direcionado pela inovação pretendida; e (ii) no programa da União Europeia
o desafio é sabido desde o início, contudo as chamadas são “fracionadas” e os consórcios são
reajustados em cada chamada, exemplo: Chamada 1: TRL 3 para 4; Chamada 2: TRL 4 para 5 e etc,
enquanto no Programa das Plataformas não há esse fracionamento e o mesmo consórcio começaria e
terminaria o desafio tecnológico. Cabe enfatizar que o fracionamento dos desafios tecnológicos
permite a redução do risco, correção de rumo e, principalmente, a reformulação dos consórcios de
execução. Contudo, para os moldes das políticas públicas brasileiras de inovação, o fracionamento
da execução de um determinado desafio poderia ser fragilizado por fatores externos como a não
continuidade de ações, mudanças de prioridades e outros. Um outro ponto não claro no Programa de
Plataformas é a contrapartida do setor privado, uma vez que a grande parte dos recursos citados no
programa tem origem pública e poderia ser contraproducente ou uma perda de oportunidade a não
vinculação de uma contrapartida privada.
†††
A preparação dos programas de trabalho envolve a consulta das partes interessadas. Neste sentido 19 Grupos
Consultivos Horizonte 2020 foram criados como órgãos consultivos que representam o coletivo geral das partes
interessadas, desde indústria e pesquisa até representantes da sociedade civil. Fonte: www.ec.europa.eu
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“advanced materials”, como esperado, foi encontrado mais expressivamente nos eixos Liderança
Industrial e Pesquisa de Excelência.
Contudo, é de conhecimento comum que a temática Materiais Avançados é uma temática
transversal com sobreposição em praticamente todas as áreas industriais e tecnológicas (energia,
segurança, defesa, saúde, agricultura, automotivo e muitas outras) e que promove agregação de valor,
melhora de performance, redução de custos e outros benefícios. Tal fato dificulta a formulação de
políticas específicas para a área de materiais avançados e dificulta a identificação de quais políticas
tem a temática materiais avançados como pilar fundamental.
Como um exemplo para reflexão, uma das temáticas de grande interesse na atualidade é
a Manufatura ou Indústria Avançada e, neste escopo, será necessário a utilização massiva de materiais
de referências para nortear a tomada de decisão do sistema. Logo, materiais de referência são uma
das temáticas chave para o desenvolvimento da Manufatura ou Indústria Avançada.
‡‡‡
HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2014-2015. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/research/participants/data/ref/h2020/wp/2014_2015/main/h2020-wp1415-leit-nmp_en.pdf
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§§§
- Programa de Trabalho 2016-2017 : Neste Programa de Trabalho a temática
Materiais Avançados foi explorada no âmbito das KETs, no sub-eixo “Liderança em Tecnologias
Habilitadoras e Industriais”, temática “Nanotecnologias, Materiais Avançados, Biotecnologia e
Manufatura e Processamento Avançado”. Nesta temática, 05 áreas/conceitos foram consideradas
prioritárias: (i) Materiais Avançados e Nanotecnologias para produtos e processos industriais de alto
valor agregado; (ii) Nanotecnologia e materiais avançados para cuidados mais eficazes em saúde; (iii)
Nanotecnologia e Materiais Avançados para aplicações em energia; (iv) Modelamento computacional
de materiais para o desenvolvimento de nanotecnologias e materiais avançados; e (v) Avaliação e
gestão de riscos baseados na ciência para a nanotecnologia, materiais avançados e biotecnologia.
Nestas 05 áreas foram realizadas 26 chamadas públicas, todas com um desafio específico, escopo,
impacto esperado, orçamento disponibilizado e tipo de ação (pesquisa ou inovação). Neste Programa
de Trabalho, em geral, o nível de desenvolvimento tecnológico identificado foi de TRL 4-5 e o
objetivo foi desenvolver a tecnologia para níveis de TRL 6-7.
****
- Programa de Trabalho 2018-2020 : Neste Programa de Trabalho a temática
Materiais Avançados foi explorada no âmbito das KETs, no sub-eixo “Liderança em Tecnologias
Habilitadoras e Industriais”, temática “Nanotecnologias, Materiais Avançados, Biotecnologia e
Manufatura e Processamento Avançado”. Nesta temática, 04 áreas/conceitos foram consideradas
prioritárias: (i) Testes de Inovação Aberta; (ii) Caracterização de materiais e modelagem
computacional; (iii) Governança, Avaliação de riscos baseada na ciência e aspectos regulatórios; e
(iv) Energia limpa através de materiais inovadores. Nestas 04 áreas foram realizadas 23 chamadas
públicas, todas com um desafio específico, escopo, impacto esperado, orçamento disponibilizado e
tipo de ação (pesquisa ou inovação). Neste Programa de Trabalho, em geral, o nível de
desenvolvimento tecnológico identificado foi de TRL 4-5 e o objetivo foi desenvolver a tecnologia
para níveis de TRL 6-7.
Análise: Com base nas principais informações coletadas nos Programas de Trabalho
2014-2020 fica evidente a transversalidade (abrangendo diversas áreas estratégicas como saúde,
energia e sustentabilidade) e relevância, uma vez que a temática foi recorrente em diversas partes dos
Programas de Trabalho. As áreas de atuação variaram ao longo dos 03 programas, o que pode sugerir
ajustes nas temáticas, uma vez que não há como exaurir cada tema em apenas um Programa de
Trabalho. Neste aspecto, as áreas que tiveram maior recorrência e continuidade foram as áreas de
energia, regulação e modelagem computacional. Especial atenção deve ser dada a área de modelagem
§§§
HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2016-2017. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/research/participants/data/ref/h2020/wp/2016_2017/main/h2020-wp1617-leit-nmp_en.pdf
****
HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2018-2020. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/research/participants/data/ref/h2020/wp/2018-2020/main/h2020-wp1820-leit-nmp_en.pdf
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computacional, uma vez que a expectativa é que está área acelere o desenvolvimento de novos
materiais, reduz o tempo e o custo necessários para novos desenvolvimentos. No âmbito do MCTIC,
esta é uma área já prospectada e que conta com auxílio do Laboratório Nacional de Computação
Científica (LNCC) e do supercomputador Santos Dumont. Espera-se que, como citado por De Melo,
2016, a área de Materiais Avançados no Brasil não seja impactada negativamente com a atuação não
sistêmica do Sistema Nacional de Inovação, por meio da desarticulação das ações, representação
demasiadamente científica e dispersão de recursos e esforços.
††††
HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2014-2015. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/research/participants/data/ref/h2020/wp/2014_2015/main/h2020-wp1415-fet_en.pdf
‡‡‡‡
HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2016-2017. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/research/participants/data/ref/h2020/wp/2016_2017/main/h2020-wp1617-fet_en.pdf
§§§§
HORIZON 2020 – WORK PROGRAMME 2018-2020. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/research/participants/data/ref/h2020/wp/2018-2020/main/h2020-wp1820-fet_en.pdf
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dispositivos para a área de TIC) e Novo dispositivos e sistemas disruptivos de produção, conversão e
armazenamento de energia (energia renovável).
No âmbito do sub-eixo “Tecnologias Emergentes e Futuras” foram apresentados os
principais projetos apoiados nas áreas de Materiais Avançados e Nanotecnologias. A saber:
- Materiais Avançados *****: Abiomater (área: meta materiais), Flipt (área: mimetismo),
Grafeno (área: aplicações do grafeno), Icarus (área: ligas metálicas), Innosmart (área: materiais
inteligentes), Lirichfcc (área: armazenamento de energia) e Microflusa (área: micro fluídica).
†††††
- Nanotecnologias : 2D-Ink (área: semicondutores), Circle (área: governança
científica), Diacat (área: fabricação de diamantes), Grafeno (área: aplicações do grafeno),
Linabiofluid (área: mimetismo), Magicsky (área: spintrônica magnetismo), Nanosmell (área: nariz
eletrônico), Ultraqcl (área: laser) e Zoterac (área: semicondutores).
Análise: Como esperado, há grandes diferenças entre as ações associadas a temática
Materiais Avançados no âmbito dos eixos Liderança Industrial e Excelência Científica, uma vez que
o primeiro está diretamente associado a interação com o setor produtivo, enquanto o segundo está
destinado ao avanço da fronteira do conhecimento. No eixo Excelência Científica há uma maior
flexibilização e menor continuidade nas chamadas propostas, bem como, na maioria das chamadas,
não cabe a avaliação do nível de prontidão tecnológica (TRL). Consequentemente, devido a maior
flexibilização das ações de Materiais Avançados, a identificação direta das ações nessa temática exibe
maior complexidade. Cabe destacar também que neste eixo fomenta-se fortemente a interação entre
grupos distintos, preferencialmente de áreas não correlatas, com vistas a integração cientifica e
manutenção da posição de liderança europeia em algumas áreas.
9. Considerações Finais:
Como considerações finais do ensaio reflexivo, alguns pontos da temática Materiais
Avançados, no âmbito do Programa Horizonte 2020 da União Europeia, merecem especial destaque.
A saber:
- Transversalidade da área: Um ponto muito interessante da área de Materiais
Avançados que, ao mesmo tempo que reflete a multidisciplinaridade e relevância, também dificulta
a delineação e identificação das ações na área, é a transversalidade da temática Materiais Avançados.
Do ponto de vista tecnológico, a área de Materiais Avançados permite agregações de valor de 1°
Geração, no qual agrega-se valor ou melhorias de propriedades a produtos já existente, bem como já
*****
H2020 FET projects for technologies with new materials. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/programmes/horizon2020/en/news/h2020-fet-projects-technologies-new-materials
†††††
H2020 FET projects in nanotechnologies. Documento consultado em 01/11/2017 e disponível em:
http://ec.europa.eu/programmes/horizon2020/en/news/h2020-fet-projects-nanotechnologies
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iniciamos a geração de Materiais Avançados de 2° Geração, no qual novos dispositivos, produtos,
processos ou tecnologias são criadas a partir do Material Avançado especificamente. Tal agregação
de valor e geração de novos produtos são transversais e em áreas estratégicas como saúde, meio
ambiente, agricultura, defesa, energia e diversas outras.
- Tradição e Extensão da União Europeia: A União Europeia congrega países com
longa e notória tradição científica e de inovação (Alemanha, França, Reino Unido, Espanha e outros),
bem como exibe tradição na formação de recursos humanos especializados para as áreas científicas e
de inovação. Consequentemente, há maior probabilidade de empresas de base tecnológica serem
geradas, bem como as empresas já estabelecidas perceberem o valor da tecnologia e da inovação na
geração de valor, vantagem competitiva, aumento do faturamento, expansão do mercado e outras
vantagens.
- Continuidade do Fomento da Tecnologia e Inovação: Com base na análise dos
documentos do Programa Horizonte 2020 fica clara a continuidade temporal das ações sistêmicas de
fomento à área de tecnologia e inovação. Tal fato confere aos participantes, sejam eles públicos ou
privados, a percepção de maior segurança do investimento de recursos financeiros e esforço
operacional, maior perspectiva de retorno, aumentando assim o envolvimento sério dos parceiros,
orientados pelos desafios das chamadas do Programa.
- Comparação Brasil-União Europeia quanto ao Fomento Tecnológico e de
Inovação: É evidente a diferença de estrutura entre o sistema de fomento do Programa Horizonte
2020 da União Europeia e o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação brasileiro, em
termos de estruturação, continuidade, orientação das chamadas, perspectiva social de retorno e
eficiência da execução. Grande parte da vantagem europeia deve-se principalmente à longa e notória
tradição europeia em pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e inovação. Contudo, em
termos de instrumentos de fomento à inovação, não há grandes diferenças entre os instrumentos
utilizados no Brasil (CNPq, FINEP, BNDES, CAPES, FAPs, e etc) e na União Europeia (Horizonte
2020).
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