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Metrologia

Industrial
Fundamentos da Confirmação Metrológica

5a Edição

Marco Antônio Ribeiro

1
Metrologia
Industrial
Fundamentos da Confirmação Metrológica

5a Edição

Marco Antônio Ribeiro

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se claramente e
de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e pretensioso mostra logo que
não entende muito bem o assunto em questão ou então, que tem razão para evitar falar
claramente (Rosa Luxemburg)

© 1993, 1994 e 1995, 1996 e 1999, Tek Treinamento & Consultoria Ltda
Salvador, Inverno 1999

2
Prefácio
Não use adjetivos, use números!
A maioria das pessoas ainda pensa que Metrologia se refere apenas à Dimensão e Comprimento e trata de
paquímetros, micrômetros, cálibres e similares. Este preconceito deve ser eliminado, pois Metrologia é a Ciência
da Medição e se refere à medição de qualquer grandeza física. A importância da Metrologia é evidente, pois ela
é uma ferramenta absolutamente essencial para a garantia da qualidade de qualquer produto ou serviço de
engenharia.
O presente trabalho foi escrito como suporte de um curso ministrado a engenheiros e técnicos ligados, de
algum modo, à medição de alguma grandeza física. Ele enfoca os aspectos técnicos, físicos e matemáticos da
medição da grandeza física.
Inicialmente, é apresentado o Sistema Internacional de Unidades (SI), com sua história, características e
as regras para a escrita correta de nomes, símbolos, prefixos e múltiplos das unidades das grandezas físicas.
Os Algarismos Significativos são conceituados e tratados, para que sejam usados e entendidos corretamente.
São vistos os conceitos básicos da Estatística da Medição para tratar corretamente os erros aleatórios,
conceituando médias, desvios, distribuições e intervalos de confiança da medição.
As Quantidades Medidas são definidas e classificadas sob diferentes enfoques e são apresentados os
conceitos, unidades, formas e padrões das sete quantidades de base, das duas suplementares e das principais
derivadas, nas áreas da física, química, eletrônica e instrumentação.
A seguir são vistas os Instrumentos de Medição, onde são apresentados os diferentes métodos de
medição, as aplicações da medição na indústria e os diferentes tipos de instrumentos usados nas medições. O
desempenho do instrumento é analisado e são apresentadas as especificações típicas e os parâmetros da
precisão e da exatidão. Os erros aleatórios, sistemáticos e grosseiros da medição são conceituados e
apresentados os meios para eliminar, diminuir ou administrar tais erros, considerando sua fonte de origem.
Finalmente, é analisada a Confirmação Metrológica da medição, onde são definidos os conceitos de
calibração e ajuste, os diferentes tipos de padrões, as abrangências das normas e a situação dos laboratórios
nacionais (INMETRO) e internacionais.
São apresentados como Apêndices: o Vocabulário de Metrologia (A), o exemplo típico de um
procedimento para Calibração de Malhas de Instrumentos de Processo (B), comentários sobre as Normas
ISO 9000 (C) e a relação dos Laboratórios da Rede Brasileira de Calibração (D) publicada em MAI 97, pela
CQ Qualidade, Editora Banas.
O autor ficará mais feliz, se ao fim da leitura do presente trabalho, as pessoas passarem a usar mais
números que adjetivos.
O trabalho está continuamente sendo revisto, quando são melhorados os desenhos, editadas figuras
melhores, atribuídos os créditos a todas as fotografias usadas.
Sugestões e críticas destrutivas são benvidas, no endereço do autor: Rua Carmen Miranda 52, A 903, CEP
41820-230, Fone (0xx71) 452-3195 e Fax (0xx71) 452-3058, Móvel(071) 9989-9531 e no e-mail:
marcotek@uol.com.br

Marco Antônio Ribeiro


Salvador, BA, Inverno de 1999

3
Autor
Marco Antônio Ribeiro nasceu em Araxá, MG, no dia 27 de maio de 1943, às 7:00 horas A.M..
Formou-se pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em Engenharia Eletrônica, em 1969.
Foi professor de Matemática, no Instituto de Matemática da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
(1974-1975), professor de Eletrônica na Escola Politécnica da UFBA (1976-1977), professor de
Instrumentação e Controle de Processo no Centro de Educação Tecnológica da Bahia (CENTEC)
(1978-1985) e professor convidado de Instrumentação e Controle de Processo nos cursos da
Petrobrás (desde 1978).
Foi gerente regional Norte Nordeste da Foxboro (1973-1986). Já fez vários cursos de
especialização em instrumentação e controle na Foxboro Co., em Foxboro, MA, Houston
(TX) e na Foxboro Argentina, Buenos Aires.
Possui dezenas de artigos publicados em revistas nacionais e anais de congressos e seminários;
ganhador do 2o prêmio Bristol-Babcock, no Congresso do IBP, Salvador, BA, 1979.
Desde agosto de 1987 é diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda, firma dedicada à
instrumentação, controle de processo, medição de vazão, aplicação de instrumentos elétricos em
áreas classificadas, Implantação de normas ISO 9000 e integração de sistemas digitais.
Suas características metrológicas são:
altura: (1,70 ± 01) m;
peso correspondente ã massa de (70 ± 2) kg;
cor dos olhos: castanhos (cor subjetiva, não do arco íris)., cor dos cabelos (sobreviventes):
originalmente negros, se tornando brancos;
tamanho do pé: 40 (aplicável no Brasil, adimensional).
Gosta de xadrez, corrida, fotografia, música de Beethoven, leitura, trabalho, curtir os filhos e a vida.
Corre, todos os dias, cerca de (10 ± 2) km e joga xadrez relâmpago todos os fins de semana. É
provavelmente o melhor jogador de xadrez entre os corredores e o melhor corredor entre os jogadores
de xadrez (o que não é nenhuma vantagem e nem interessa à Metrologia).

4
Bíblia e Metrologia

Levítico, 19
• 35: Não façais nada contra a equidade, nem no juízo, nem na regra, nem no
peso, nem na medida.
• 36: Seja justa a balança e justos os pesos; seja justo o alqueire e justa a medida

Deuteronômio, 25, Pesos e medidas justas


• 13. Não terás na tua bolsa pesos diferentes, um grande e outro pequeno.
• 14. Não terás na tua casa duas efas, uma grande e outra pequena.
• 15. Terás peso inteiro e justo, terás efa inteira e justa; para que se prolonguem os
teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
• 16. Porque é abominável ao Senhor teu Deus todo aquele que faz tais coisas, todo
aquele que prática a injustiça.

Ezequiel, 45
• 10. Tereis balanças justas, efa justa e bato justo.
• 11. A efa e o bato serão duma mesma medida, de maneira que o bato contenha a
décima parte do hômer e a efa a décima parte do hômer; o hômer será a medida
padrão.

Amós, 8,
• 5. Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? E o sabado, para expormos
o trigo, diminuindo a medida, e aumentando o preço, e procedendo dolsamente com
balanças enganadoras...

Miqueias, 6,
• 11. Justificarei ao que tem balanças falsas e uma bolsa cheia de pesos enganosos?

5
Conteúdo

1. Sistema Internacional (SI) 2. Estatística da Medição

Objetivos de Ensino 1 1. Estatística Inferencial 1


1.1. Introdução 1
1. Sistema de Unidades 1
1.2. Conceito 1
1.1. Unidades 1 1.3. Variabilidade da Quantidade 3
1.2. História 1
1.3. Sistema Internacional (SI) 3 2. População e Amostra 4
1.4. Política IEEE e SI 4
3. Tratamento Gráfico 5
2. Múltiplos e Submúltiplos 6 3.1. Distribuição de Freqüência 5
Prefixo 6 3.2. Histograma 7
Símbolo 6 3.3. Significado metrológico 7
Fator de 10
4. Médias 8
6
4.1. Média Aritmética 9
3. Estilo e Escrita do SI 6 4.2. Raiz da Soma dos Quadrados10
3.1. Introdução 6
5. Desvios 10
3.2. Maiúsculas ou Minúsculas 7
3.3. Pontuação 8 5.1. Dispersão ou Variabilidade 10
3.4. Plural 9 5.2. Faixa (Range) 11
3.5. Agrupamento dos Dígitos 9 5.3. Desvio do Valor Médio 11
3.6. Espaçamentos 10 5.4. Desvio Médio Absoluto 12
3.7. Índices 5.5. Desvio da População 12
11 5.6. Desvio Padrão da Amostra 12
3.8. Unidades Compostas 11 5.7. Fórmulas Simplificadas 13
3.9. Uso de Prefixo 12 5.8. Desvios 13
3.10. Ângulo e Temperatura 13 5.9. Operações matemáticas 14
3.11. Modificadores de Símbolos 13 5.10.Coeficiente de variação 14
5.11. Desvio Padrão Das Médias 14
4. Algarismos Significativos 14 5.12. Variância 15
4.1. Introdução 14
6. Distribuições dos dados 16
4.2. Conceito 14
4.3. Algarismo e zero 14 6.1. Introdução 16
4.4. Notação científica 15 6.2. Parâmetros da Distribuição 16
4.5. Algarismo e medição 16 6.3. Tipos de distribuições 17
4.6. Algarismo e o Display 18 6.4. Distribuição normal 17
4.7. Algarismo e Calibração 19 7. Intervalos Estatísticos 21
4.8. Algarismo e a Tolerância 19
4.9. Algarismo e Conversão 20 8. Conformidade das Medições 24
4.10. Computação matemática 21 8.1. Introdução 24
4.11. Algarismos e resultados 25 8.2. Teste Q 24
8.3. Teste do 2 (qui quadrado) 25
8.4. Teste de Chauvenet 27
8.5. Outros Testes 27

3. Quantidades Medidas

6 i
Metrologia Industrial

Objetivos de Ensino 1 4. Instrumentos de Medição


1. Quantidade Física 1
Objetivos de Ensino1
1.1. Conceito 1
1.2. Valor da quantidade 1 1. Medição 2
1.3. Classificação 2 1.1. Metrologia 2
1.4. Faixa das Variáveis 5 1.2. Resultado da Medição 2
1.5. Função Matemática 6 1.3. Aplicações da Medição 3
2. Quantidades de Base do SI 8 1.4. Tipos de Medição 4
2.1. Comprimento 9 2. Instrumentos da Medição 6
2.2. Massa 12 2.1. Manual e Automático 6
2.3. Tempo 14 2.2. Contato e Não-Contato 7
2.4. Temperatura 17 2.3. Alimentação 8
2.5. Corrente Elétrica 28 2.4. Analógico e Digital 8
2.6. Quantidade de Matéria 28 2.5. Instrumento Microprocessado12
2.7. Intensidade Luminosa 29
2.8. Quantidades Suplementares 30 3. Sistema de Medição 15
3.1. Conceito 15
3. Quantidades Derivadas 31
3.2. Sensor
3.1. Área 31 16
3.2. Volume 31 3.3. Condicionador do Sinal 19
3.3. Força 32 3.4. Apresentação do Sinal 23
3.4. Trabalho, Energia e Momento32
3.5. Potência 33 4. Desempenho do Instrumento
3.6. Freqüência 33 4.1. Introdução 27
3.7. Tensão 35 4.2. Características 27
3.8. Carga Elétrica 38 4.3. Exatidão 28
3.9. Resistência Elétrica 39 4.4. Precisão 29
3.10. Condutância Elétrica 40 4.5. Parâmetros da Precisão 31
3.11. Capacitância Elétrica 40 4.6. Especificação da Precisão 36
3.12. Indutância Elétrica 41 4.7. Rangeabilidade 37
3.13. Pressão 41 4.8. Precisão Necessária 39
3.14. Vazão 46 4.9. Padrão e instrumento 40
3.15. Nível 52 4.10. Projeto,e Inspeção 44
3.16. Densidade Absoluta 53
5. Erros da Medição 46
3.17. Viscosidade 53
5.1. Introdução 46
5.2. Tipos de Erros 46
5.3. Erro Absoluto e Relativo 47
5.4. Erro Dinâmico e Estático 47
5.5. Erro Grosseiro 48
5.6. Erro Sistemático 49
5.7. Erro Aleatório 55
5.8. Erro Resultante Final 56
6. Incerteza na Medição 58
6.1. Conceito 58
6.2. Princípios Gerais 59
6.3. Fontes de Incerteza 60
6.4. Estimativa das Incertezas 61
6.4. Incerteza Padrão 61
6.5. Incerteza Padrão Combinada61
6.6. Incerteza Expandida 61

7 ii
Metrologia Industrial

5 Incerteza na Medição 6.11. Malha compensada com placa32


6.12. Incertezas das malhas 47
1. Malha de Medição 1 6.13. Algoritmos da placa 48
1.1. Sensor 7. Análise de Gases 52
1 7.1. Sistema de Medição 52
1.2. Condicionador de Sinal 1 7.2. Incertezas do Sistema 53
1.3. Instrumento de display 2 7.3. Gás e mistura padrão
1.4. Controlador 2 53
1.5. Elemento final de controle 3
8. Limite Inferior de Explosividade (LIE)
2. Incerteza dos instrumentos 3 54
2.1. Incerteza % V.M. 3 8.1. Sistema de detecção 54
2.2. Incerteza % F.E. 3 8.2. Principio de funcionamento 54
3. Cálculo da Incerteza na Malha4 8.3. Incerteza final da malha 55
3.1. Coleta de dados 4
6. Confirmação Metrológica
3.2. Cadastro de Componentes 4
3.3. Lista de Componentes 6
F-100-200 8 Objetivos de Ensino1

4. Malha de Pressão 9 1. Confirmação Metrológica 1


4.1. Indicação local de pressão 9 1.1. Conceito 1
4.2. Malha de pressão com PT + PI 9 1.2. Necessidade da confirmação 1
P-681-106 10 1.3. Terminologia 2
1.4. Calibração e Ajuste 2
5. Malha de Temperatura 11
1.5. Tipos de calibração 4
5.1. Introdução 11 1.6. Erros de calibração 7
5.2. Bimetal 11 1.7. Calibração da Malha 7
5.3. Enchimento termal 11 1.8. Parâmetros da Calibração 9
5.4. Medição com termopar 12
5.5. Medição com RTD 15 3. Padrões 16
5.6. Indicação selecionável 16 3.1. Padrões físicos e de receita 16
5.7. Instalação do sensor 16 3.1. Rastreabilidade 17
5.8. Malha de temperatura com
4. Normas e Especificações 21
termopar e fio de extensão 20
5.9. Malha de temperatura com 4.1. Norma 21
transmissor a termopar 20 4.2. Especificações 21
5.10. Malha de temperatura com 4.3. Hierarquia 21
termopar, fios de extensão, transmissor, 4.4. Tipos de Normas 22
conversor e registrador 21 4.5. Abrangência das Normas 22
5.11. Malha de temperatura com 4.6. Relação Comprador-Vendedor22
resistência detectora de temperatura 21 4.7. Organizações de Normas 22
T-542-01 22 4.8. INMETRO 23
Apêndice A: Glossário de Metrologia
6. Malha de Vazão 23 Apêndice B: Procedimento de
6.1. Introdução 23 calibração (típico)
6.2. Malha com gerador de ?P 23 Apêndice C: Norma ISO 9000 (1994)
6.3. Malha com turbina 27 Apêndice D: Rede Brasileira de
6.4. Malha com tubo Coriolis 27 Calibração
6.5. Malha com tubo magnético 28 Referências Bibliográficas
6.6. Malha com deslocamento positivo
6.7. Malha com rotâmetro 29
6.8. Malha com vortex 30
6.9. Malha ultra-sônica 30
6.10. Malha de medição termal 31

8 iii
1
Sistema Internacional (SI)
Objetivos de Ensino
1. Relatar como apareceram as unidades e se desenvolveu o sistema métrico, que se
tornou o Sistema Internacional de Unidades.
2. Apresentar as unidades, símbolos, prefixos e modificadores das quantidades físicas.
3. Recomendar as regras de formatação e escrita correta das quantidades, unidades e
símbolos do Sistema Internacional.
4. Mostrar a conversão de unidades, através da análise dimensional.
5. Conceituar valor exato e aproximado através de algarismos significativos.
6. Mostrar as regras de arredondamento, soma, subtração, multiplicação e divisão de
algarismos significativos.
7. Apresenta o formato da notação científica dos números.
8. Discutir os métodos apropriados para fazer os cálculos e apresentar o resultado de modo
conveniente e entendido para todos os ramos da engenharia.

1. Sistema de Unidades 1.2. História

1.1. Unidades Bíblia


Unidade é uma quantidade A preocupação de se ter um único
precisamente estabelecida, em termos da sistema de unidades está na Bíblia, onde
qual outras quantidades da mesma se tem várias passagens, como: ter dois
natureza podem ser estabelecidas. Para pesos e duas medidas é abominável para
cada dimensão há uma ou mais o Senhor (Provérbios, 20, 10). A Bíblia
quantidades de referência para descrever também tinha preocupações metrológicas:
quantitativamente as propriedades físicas Não façais nada contra a equidade, nem
de algum objeto ou material. Por exemplo, no juízo, nem na regra, nem no peso, nem
a dimensão de comprimento pode ser na medida. Seja justa a balança e justos
medida em unidades de kilômetro, metro, os pesos; seja justo o alqueire e justa a
centímetro, pé ou a distância entre o nariz medida (Levítico, 19, 35-36)
e a ponta do dedo de uma pessoa. A
dimensão do tempo pode ser medida em
unidades segundos, minutos, horas, dias,
meses, anos.

91.1
Sistema Internacional
Antigüidade Algumas pessoas tem a idéia errada
As antigas civilizações já tinham que o sistema métrico atual, o SI, seja uma
percebido a necessidade de criação de criação recente e intencional para
unidades para a troca de mercadorias. Os confrontar a tecnologia americana. Ele
padrões de peso datam de 7000 A.C. e os apareceu antes de os Estados Unidos se
padrões de comprimento datam de 3000 tornarem uma potência tecnológica. A
A.C. Os babilônicos e os romanos já tecnologia americana pode realmente ser
haviam estabelecido padrões e nomes melhorada pela coerência do SI. Em 1975,
para unidades. Originalmente, os padrões nos Estados Unidos, foi decretado o Ato de
e unidades eram escolhidos por Conversão Métrica, dando à indústria
conveniência prática e se baseavam em americana a oportunidade de se mudar
medidas do corpo humano. Depois, voluntariamente para o sistema SI. Nos
verificou-se que era preferível desenvolver Estados Unidos ainda há uma resistência
padrões baseados em fenômenos naturais para mudar as unidades, principalmente
reprodutíveis em vez de padrões baseados pelos segmentos da indústria que são
no corpo humano. estritamente domésticos e pelo público em
Como existe um grande número de geral. Isto é natural, pois a mudança altera
dimensões, é necessário um sistema de um modo de vida consagrado e requer
unidades para se ter medições confiáveis e uma reeducação e aprendizado de novos
reprodutíveis e para uma boa comunicação termos.
entre todos os envolvidos com as Sistema Decimal
medições. O desenvolvimento tecnológico
A idéia de um sistema decimal de
em transportes e comunicações e o
unidades foi concebida pelo inglês Simon
aumento do comércio globalizado tem
Stevin (1548-1620). Em 1671, o padre
mostrado a necessidade de uma
francês Gabriel Mouton, definiu uma
linguagem comum de medição, um
proposta para um sistema decimal,
sistema capaz de medir qualquer
baseando-se em medidas da Terra, em
quantidade física com unidades que
vez de medidas relacionadas com
tenham definição clara e precisa e uma
dimensões humanas.
relação lógica com as outras unidades.
As unidades decimais foram também
Sistema inglês consideradas no primeiros dias da
O sistema inglês, também chamado de Academia Francesa de Ciências, fundada
imperial, é usado na Inglaterra, Estados em 1666. O que tornou o sistema métrico
Unidos e Canadá, mas mesmo nestes uma realidade foi a aceitação social e
países há muitas diferenças em seus política da Revolução Francesa. Em seu
detalhes. O insuspeito cientista inglês entusiasmo para romper as tradições
William Thompson, Barão Kelvin (1824- européias existentes, os líderes da
1907), dizia que o Sistema Imperial Inglês Revolução acreditaram que até o sistema
de unidades era absurdo, ridículo, de medição deveria ser mudado porque o
demorado e destruidor de cérebro. De fato, existente fora criado pela monarquia. Uma
a maioria das unidades se baseava em comissão de cientistas franceses foi
medidas do corpo humano, geralmente do formada para estabelecer um novo sistema
corpo do rei de plantão. Por exemplo, a de medição baseado em normas absolutas
jarda (yard) era a distância do nariz ao e constantes encontradas no universo
polegar com o braço estendido do rei físico. Tayllerand propôs um sistema
inglês Henry I (circa 1100). decimal internacional de pesos e medidas
O sistema inglês não é coerente e há a tous de temps, a tous les peuples.
vários múltiplos entre a maioria das Embora este trabalho tenha iniciado nesta
unidades. Por exemplo, para o época, a finalização da comissão foi muito
comprimento tem-se demorada e difícil.
12 polegadas para um pé
3 pés para uma jarda
1760 jardas para uma milha.

1.2
10
Sistema Internacional
Sistema CGS Sistema MKSA
O primeiro sistema métrico oficial, Depois do Tratado do Metro, tornou-se
chamado de centímetro-grama-segundo necessário definir claramente os
(CGS), foi proposto em 1795 e adotado na significados e as unidades de massa, peso
França em 1799. Em 1840 o governo e força. Em 1901, a 3a CGPM declara que
francês, em resposta a uma falta do o kilograma é uma unidade de massa e o
entusiasmo público para o uso voluntário termo peso denota uma quantidade de
do sistema, tornou obrigatório o sistema força. A decisão de definir o kilograma (e
CGC. Outros países do mundo também grama) de um modo diferente do que foi
adotaram oficialmente o sistema CGS. Em definido no sistema CGS requer um novo
1866, no início de seu desenvolvimento sistema, MKS, baseado no metro-
tecnológico, os Estados Unidos kilograma-segundo.
promulgaram um ato tornando legal o Em 1935, a Comissão Internacional de
sistema métrico. Eletrotécnica (IEC) incorpora uma quarta
Em 1873 a Associação Britânica do unidade base de corrente, o ampère. Com
Avanço da Ciência recomendou o uso do esta adição, o sistema ficou conhecido
sistema CGS e desde então ele foi como MKSA (ou Giorgi).
aplicado em todas as áreas da ciência. Por
causa do uso crescente do sistema métrico 1.3. Sistema Internacional (SI)
através da Europa, o governo francês
Em 1960, a 11a CGPM deu
convidou várias nações para uma
formalmente o nome de Systeme
conferência internacional para discutir um
International d'Unites, simbolizado como SI
novo protótipo do metro e um número de
(Sistema Internacional) e o estabeleceu
padrões idênticos para as nações
como padrão universal de unidades de
participantes.
medição. SI é um símbolo e não a
Em 1875, o Tratado do Metro definiu os
abreviatura de Sistema Internacional e por
padrões métricos para o comprimento e
isso é errado escrever S.I., com pontos.
peso e estabeleceu procedimentos
O SI é um sistema de unidades com as
permanentes para melhorar e adotar o
seguintes características desejáveis:
sistema métrico. Este tratado foi assinado
por 20 países, inclusive o Brasil. Coerente
Foi constituída a organização Ser coerente significa que o produto ou
internacional Conference Generale des o quociente de quaisquer duas unidades é
Poids et Mesures (CGPM), para fornecer a unidade da quantidade resultante. Por
uma base razoável de unidades de exemplo, o produto da força de 1 N pelo
medição precisa e universal. Esta comprimento de 1 m é 1 J de trabalho.
organização consiste do Comitê
International des Poids et Mesures (CIPM) Decimal,
que fornece a base técnica e que possui o No sistema decimal, todos os fatores
laboratório de trabalho Bureau envolvidos na conversão e criação de
International des Poids et Mesures (BIPM). unidades são somente potências de 10. No
A CGPM é constituída pelos delegados de SI, as únicas exceções se referem às
todos os estados membros da Convenção unidades de tempo baseadas no
do Metro e se reúne de seis em seis anos calendário, onde se tem
para: 1 dia 24 horas
1. garantir a propagação e 1 hora 60 minutos
aperfeiçoamento do SI, 1 minuto 60 segundos
2. sancionar os resultados de novas
determinações metrológicas
fundamentais
3. adotar decisões que se relacionem
com a organização e
desenvolvimento do BIPM.

1.3
11
Sistema Internacional
Único, A utilização do SI é recomendada pelo
No sistema, há somente uma unidade BIPM, ISO, OIML, CEI e por muitas outras
para cada tipo de quantidade física, organizações ligadas à normalização,
independente se ela é mecânica, elétrica, metrologia e instrumentação.
química, ou termal. Joule é unidade de
energia elétrica, mecânica, calorífica ou É uma obrigação de todo técnico
química. entender, respeitar e usar o SI
corretamente.
Poucas Unidades de base
As sete unidades de base são
separadas e independentes entre si, por 1.4. Política IEEE e SI
definição e realização.
A política (Policy 9.20) adotada pelo
Unidades com tamanhos razoáveis, IEEE (Institute of Electrical and Electronics
Os tamanhos das unidades evitam a Engineers). A política de transição para as
complicação do uso de prefixos de unidades SI começou em 01 JAN 96,
múltiplos e submúltiplos. estágio 1, que requer que todas as normas
novas e revisões submetidas para
Completo aprovação devem ter unidades SI.
O SI é completo e pode se expandir No estágio 2, a partir de 01 JAN 98, dá-
indefinidamente, incluindo nomes e se preferencia às SI. A política não aprova
símbolos de unidades de base e derivadas a alternativa de se colocar a unidade SI
e prefixos necessários. seguida pela unidade não SI em
parêntesis, pois isto torna mais difícil a
Simples e preciso,
leitura do texto. É recomendável usar
O SI é simples, de modo que cientistas, notas de rodapé ou tabelas de conversão.
engenheiros e leigos podem usá-lo e ter No estágio 3, para ocorrer após 01 JAN
noção das ordens de grandeza envolvidas. 2000, propõe-se que todas as normas
Não possui ambigüidade entre nomes de novas e revistas devem usar
grandezas e de unidades. obrigatoriamente unidades SI. AS
Não degradável unidades não SI só podem aparecer em
notas de rodapé ou em anexos
O SI não se degrade, de modo que as
informativos.
mesmas unidades são usadas ontem, hoje
Foram notadas três exceções:
e amanhã.
1. Tamanhos comerciais, como séries de
Universal bitola de fios AWG e conexões
Os símbolos e nomes de unidades baseadas em polegadas, não precisam
formam um único conjunto básico de ser transformados em termos SI.
padrões conhecidos, aceitos e usados no 2. Soquetes e plugs
mundo inteiro. 3. Quando houver conflitos com normas
ou práticas de indústria existentes,
Conclusão deve haver uma avaliação individual e
O SI oferece várias vantagens nas aprovado temporariamente pelo IEEE.
áreas de comércio, relações A implementação do plano não requer
internacionais, ensino e trabalhos que os produtos já existentes, com
acadêmicos e pesquisas científicas. parâmetros em unidades não SI, sejam
Atualmente, mais de 90% da população do substituídos por produtos com parâmetros
mundo vive em países que usam em unidades SI.
correntemente ou estão em vias de mudar
para o SI. Os Estados Unidos, Inglaterra,
Austrália, Nova Zelândia, África do Sul
adotaram legalmente o SI. Também o
Japão e a China estão atualizando seus
sistemas de medidas para se conformar
com o SI.

1.4
12
Sistema Internacional

Tab. 1. Decisões da Conferência Geral de Pesos e Medidas


1a CGPM (1889)
Estabeleceu padrões físicos para kilograma e metro (*).
3a CGPM (1901)
Diferencia kilograma massa do kilograma forca. Define litro como o volume ocupado por 1 kg de
água com densidade máxima. Estabelece a aceleração normal da gravidade como g = 9,806 65
m/s2.
7a CGPM (1927)
Define com maiores detalhes o metro físico (*). Define unidades fotométricas de vela nova e
lumen novo (*).
9a CGPM (1948)
Define unidade de forca no MKS, joule e watt. Define ampère, volt, ohm, coulomb, farad, henry e
weber. Diferencia o ponto tríplice do ponto de gelo da água (0,01 oC). Estabelece a unidade de calor
como joule. Escolhe grau Celsius entre grau centígrado, centesimal e Celsius. Padroniza a grafia dos
símbolos de unidades e números.
10a CGPM (1954)
Define o ponto tríplice da água como igual a 273,15 K. Define atmosfera normal como 101,325
N/m2.
Define seis unidades de base (metro, kilograma, segundo, grau Kelvin*, ampère e candela.
11a CGPM (1960)
Estabelece o Sistema Internacional de Unidades, SI. Redefine o metro baseando-se no
comprimento de onda da radiação do Kr-86. Define segundo como 1/31 556 925,974 7 do ano
3
trópico para 0 janeiro 1900*. Estabelece 1 L = 1,000 028 dm . Introduz as unidades suplementares:
radiano e esterradiano.
12a CGPM (1964)
Propõe mudança no segundo. Recomenda uso de unidades SI para volume e abole o litro para
aplicações de alta precisão. Abole curie (Ci) como unidade de atividade dos radionuclídeos.
-15 -18
Acrescenta os prefixos femto (10 ) e atto (10 ).
13a CGPM (1968)
133
Define segundo como duração de 9 192 631 770 períodos da radiação de Ce*. Muda a unidade
de temperatura termodinâmica de grau kelvin (oK) para kelvin (K). Define candela (*). Aumenta o
número de unidades derivadas. Revoga e suprime o micron e vela nova.
14a CGPM (1971)
Adota pascal (Pa) como unidade SI de pressão, siemens (S) de condutância elétrica. Define mol
como unidade de quantidade de matéria.
15a CGPM (1975)
Recomenda o tempo universal coordenado. Recomenda o valor da velocidade da luz no vácuo
como c = 299 792 458 m/s. Adota becquerel (Bq) para atividade ionizante e gray (Gy) para dose
15 18
absorvida. Introduz os prefixos peta (10 ) e exa (10 )
16a CGPM (1979)
Redefine candela como intensidade luminosa e revoga vela nova. Adota sievert (Sv) como
unidade SI de equivalente de dose. Aceita os símbolos l e L para litro.
17a CGPM (1983)
Redefine o metro em relação à velocidade da luz no vácuo

* - Decisão a ser revista, revogada, modificada ou completada posteriormente.

1.5
13
3. Estilo e Escrita do SI
2. Múltiplos e Submúltiplos
3.1. Introdução
Como há unidades muito pequenas e
muito grandes, elas devem ser O SI é uma linguagem internacional da
modificadas por prefixos fatores de 10. Por medição. O SI é uma versão moderna do
exemplo, a distância entre São Paulo e Rio sistema métrico estabelecido por acordo
de Janeiro expressa em metros é de 4 x internacional. Ele fornece um sistema de
9
10 metros. A espessura da folha deste referência lógica e interligado para todas
-7 as medições na ciência, indústria e
livro é cerca de 1 x 10 metros. Para evitar
comércio. Para ser usado sem
estes números muito grandes e muito
ambigüidade por todos os envolvidos, ele
pequenos, compreensíveis apenas para os
deve ter regras simples e claras de escrita.
cientistas, usam-se prefixos decimais às
Parece que o SI é exageradamente
unidades SI. Assim, a distância entre São
rigoroso e possui muitas regras
Paulo e Rio se torna 400 kilômetros (400
relacionadas com a sintaxe e a escrita dos
km) e a espessura da folha de papel, 0,1
símbolos, quantidades e números. Esta
milímetros (0,1 mm).
impressão é falsa, após uma análise. Para
Os prefixos para as unidades SI são
realizar o potencial e benefícios do SI, é
usados para formar múltiplos e
essencial evitar a falta de atenção na
submúltiplos decimais das unidades SI.
escrita e no uso dos símbolos
Deve-se usar apenas um prefixo de cada
recomendados.
vez. O símbolo do prefixo deve ser
Os principais pontos que devem ser
combinado diretamente com o símbolo da
lembrados são:
unidade.
1. O SI usa somente um símbolo para
qualquer unidade e somente uma
Tab. 2 - Múltiplos e Submúltiplos
unidade é tolerada para qualquer
Prefixo Símbolo Fator de 10 quantidade, usando-se poucos
yotta Y +24 nomes.
zetta Z +21 2. O SI é um sistema universal e os
exa E +18 símbolos são usados exatamente da
peta P +15 mesma forma em todas as línguas,
tera T +12 de modo análogo aos símbolos para
giga G +9 os elementos e compostos químicos.
mega** M +6 3. Para o sucesso do SI deve-se evitar
kilo** k +3 a tentação de introduzir novas
hecto* H +2 mudanças ou inventar símbolos. Os
deca* da +1 símbolos escolhidos foram aceitos
deci* d -1 internacionalmente, depois de muita
centi* c -2 discussão e pesquisa.
mili** m -3 Serão apresentadas aqui as regras
micro** µ -6 básicas para se escrever as unidades SI,
nano n -9 definindo-se o tipo de letras, pontuação,
pico p -12 separação silábica, agrupamento e
femto f -15 seleção dos prefixos, uso de espaços,
atto a -18 vírgulas, pontos ou hífen em símbolos
zepto z -21 compostos. Somente respeitando-se estes
yocto y -24 princípios se garante o sucesso do SI e se
obtém um conjunto eficiente e simples de
Observações unidades.
* Exceto para o uso não técnico de centímetro e em No Brasil, estas recomendações estão
medidas especiais de área e volume, devem-se evitar estes contidas na Resolução 12 (1988) do
prefixos. Conselho Nacional de Metrologia,
** Estes prefixos devem ser os preferidos, por terem Normalização e Qualidade Industrial.
potências múltiplas de 3

1.6
14
Sistema Internacional
3.2. Maiúsculas ou Minúsculas T para tera; t para tonelada e T para a
grandeza tempo.
Nomes de Unidades S para siemens, s para segundo
Os nomes das unidades SI, incluindo os M para mega e M para a grandeza
prefixos, devem ser em letras minúsculas massa
quando escritos por extenso, exceto P para peta e Pa para pascal e p para
quando no início da frase. Os nomes das pico
unidades com nomes de gente devem ser L para a grandeza comprimento e L
tratados como nomes comuns e também para a unidade litro.
escritos em letra minúscula. Quando o m para mili e m para metro
nome da unidade fizer parte de um título, H para henry e Hz para hertz
escrever o nome das unidades SI do W para watt e Wb para weber
mesmo formato que o resto do título. Os símbolos são preferidos quando as
Exemplos: unidades são usadas com números, como
A corrente é de um ampère. nos valores de medições. Não se deve
A freqüência é de 60 hertz. misturar ou combinar partes escritas por
A pressão é de 15,2 kilopascals. extenso com partes expressas por
símbolo.
Temperatura
Letra romana para símbolos
No termo grau Celsius, grau é
considerado o nome da unidade e Celsius Quase todos os símbolos SI são
é o modificador da unidade. O grau é escritos em letras romanas. As duas
sempre escrito em letra minúscula, mas únicas exceções são as letras gregas µ (mi
Celsius em maiúscula. O nome de unidade ) para micro (10-6) e Ω (ômega) para ohm,
de temperatura no SI é o kelvin, escrito em unidade de resistência.
letra minúscula. Mas quando se refere à Nomes dos símbolos em letra
escala, escreve-se escala Kelvin. Antes de minúscula
1967, se falava grau Kelvin, hoje, o correto
é kelvin. Exemplos: Símbolos de unidades com nomes de
A temperatura da sala é de 25 graus pessoas tem a primeira letra maiúscula. Os
Celsius. outros símbolos são escritos com letras
A temperatura do objeto é de 303 minúsculas, exceto o símbolo do litro que
kelvin. pode ser escrito também com letra
A escala Kelvin é defasada da Celsius maiúscula (L), para não ser confundido
de 273,15 graus com o número 1. Exemplos:
A corrente é de 5 A.
Símbolos O comprimento da corda é de 6,0 m.
Símbolo é a forma curta dos nomes das O volume é de 2 L.
unidades SI e dos prefixos. É incorreto Símbolos com duas letras
chamá-lo de abreviação ou acróstico. O
símbolo é invariável, não tendo plural, Há símbolos com duas letras, onde
modificador, índice ou ponto. somente a primeira letra deve ser escrita
Deve-se manter a diferença clara entre como maiúscula e a segunda deve ser
os símbolos das grandezas, das unidades minúscula. Exemplos:
e dos prefixos. Os símbolos das grandezas Hz é símbolo de hertz, H é símbolo de
fundamentais são em letra maiúscula. Os henry.
símbolos das unidades e dos prefixos Wb é símbolo de weber, W é símbolo
podem ser de letras maiúsculas e de watt.
minúsculas. A importância do uso preciso Pa é símbolo de pascal, P é prefixo peta
15
de letras minúsculas e maiúsculas é (10 )
mostrada nos seguintes exemplos: Uso do símbolo e do nome
G para giga; g para grama Deve-se usar os símbolos somente
K para kelvin, k para kilo quando escrevendo o valor da medição ou
N para newton; n para nano quando o nome da unidade é muito

1.7
15
Sistema Internacional
complexo. Nos outros casos, usar o nome O comprimento da estrada é de 110-
da unidade. Não misturar símbolos e km.
nomes de unidades por extenso. O comprimento da estrada é de 110 k
Exemplo correto: O comprimento foi m.
medido em metros; a medida foi de 6,1 m. O comprimento da estrada é de 110
Exemplo incorreto: O comprimento foi Km.
medido em m; a medida foi de 6,1 metros.
3.3. Pontuação
Símbolos em títulos
Os símbolos de unidades não devem Ponto
ser usados em letra maiúscula, como em
Não se usa o ponto depois do símbolo
título. Quando for necessário, deve-se usar
das unidades, exceto no fim da sentença.
o nome da unidade por extenso, em vez de
Pode-se usar um ponto ou hífen para
seu símbolo.
indicar o produto de dois símbolos, porém,
Correto: ENCONTRADO PEIXE DE 200
não se usa o ponto para indicar o produto
KILOGRAMAS
de dois nomes.
Incorreto: ENCONTRADO PEIXE DE
Exemplos corretos (incorretos):
200 KG
O cabo de 10 m tinha uma massa de 20
Símbolo e início de frase kg.
Não se deve começar uma frase com (O cabo de 10 m. tinha uma massa de
um símbolo, pois é impossível conciliar a 20 kg..)
regra de se começar uma frase com A unidade de momentum é o newton
maiúscula e de escrever o símbolo em metro
minúscula. (A unidade de momentum é o newton.
Exemplo correto: Grama é a unidade metro)
comum de pequenas massas. A unidade de momentum é o produto
Exemplo incorreto: g é a unidade de N.m
pequenas massas. A unidade de momentum é o produto N-
m
Prefixos
Marcador decimal
Todos os nomes de prefixos de
unidades SI são em letras minúsculas No Brasil, usa-se a vírgula como um
quando escritos por extenso em uma marcador decimal e o ponto como
sentença. A primeira letra do prefixo é separador de grupos de 3 algarismos, em
escrita em maiúscula apenas quando no condições onde não se quer deixar a
início de uma frase ou parte de um título. possibilidade de preenchimento indevido.
No caso das unidades de massa, Quando o número é menor que um,
excepcionalmente o prefixo é aplicado à escreve-se um zero antes da vírgula. Nos
grama e não ao kilograma, que já possui o Estados Unidos, usa-se o ponto como
prefixo kilo. Assim, se tem miligrama (mg) marcador decimal e a virgula como
e não microkilograma (µkg); a tonelada separador de algarismos.
corresponde a megagrama (Mg) e não a Exemplo (Brasil)
kilokilograma (kkg). A expressão meio metro se escreve
Aplica-se somente um prefixo ao nome 0,5 m.
da unidade. O prefixo e a unidade são O valor do cheque é de R$2.345.367,00
escritos juntos, sem espaço ou hífen entre
eles. Exemplo (Estados Unidos)
Os prefixos são invariáveis. A expressão meio metro se escreve:
Exemplo correto: O comprimento é de 0.5 m.
110 km O valor do cheque é de
Exemplos incorretos: US$2,345,367.00
O comprimento da estrada é de 110km.
O comprimento da estrada é de 110
kms.

1.8
16
Sistema Internacional
3.4. Plural Símbolos
Os símbolos das unidades SI não tem
Nomes das unidades com plural plural.
Quando escrito por extenso, o nome da Exemplos:
unidade métrica admite plural, 2,6 m 1m
adicionando-se um s, for 0,8 m -30 oC
1. palavra simples. Por exemplo: o
0 C 100 oC
ampères, candelas, joules, kelvins,
kilogramas, volts. 3.5. Agrupamento dos Dígitos
2. palavra composta em que o
elemento complementar do nome Numerais
não é ligado por hífen. Por exemplo: Todos os números são constituídos de
metros quadrados, metros cúbicos, dígitos individuais, entre 0 e 9. Os números
unidades astronômicas, milhas são separados em grupos de três dígitos,
marítimas. em cada lado do marcador decimal
3. termo composto por multiplicação, (vírgula).
em que os componentes são Não se deve usar vírgula ou ponto para
independentes entre si. Por exemplo: separar os grupos de três dígitos.
ampères-horas, newtons-metros, Deve-se deixar um espaço entre os
watts-horas, pascals-segundos. grupos em vez do ponto ou vírgula, para
Valores entre +1 e -1 são sempre evitar a confusão com os diferentes países
singulares. O nome de uma unidade só onde o ponto ou vírgula é usado como
passa ao plural a partir de dois (inclusive). marcador decimal.
A medição do valor zero fornece um Não deixar espaço entre os dígitos e o
ponto de descontinuidade no que as marcador decimal. Um número deve ser
pessoas escrevem e dizem. Deve-se usar tratado do mesmo modo em ambos os
a forma singular da unidade para o valor lados do marcador decimal.
zero. Por exemplo, 0 oC e 0 V são
reconhecidamente singulares, porém, são Exemplos:
lidos como plurais, ou seja, zero graus
Celsius e zero volts. O correto é zero grau Correto Incorreto
Celsius e zero volt. 23 567 23.567
Exemplos: 567 890 098 567.890.098
1 metro 23 metros 34,567 891 34,567.891
0,1 kilograma 1,5 kilograma 345 678,236 89 345.678,236.89
34 kilogramas 1 hertz 345 678,236 89 345 678,23 689
60 hertz 1,99 joule
8 x 10-4 metro 4,8 metros por Números de quatro dígitos
segundo
Os números de quatro dígitos são
Nomes das unidades sem plural considerados de modo especial e diferente
Certos nomes de unidades SI não dos outros. No texto, todos os números
possuem plural por terminarem com s, x ou com quatro ou menos dígitos antes ou
z. Exemplos: lux, hertz e siemens. depois da vírgula podem ser escritos sem
Certas partes dos nomes de unidades espaço.
compostas não se modificam no plural por: Exemplos:
1. corresponderem ao denominador de 1239 1993
unidades obtidas por divisão. Por 1,2349 2345,09
exemplo, kilômetros por hora, lumens 1234,5678 1 234,567 8
por watt, watts por esterradiano. Tabelas
2. serem elementos complementares
As tabelas devem ser preenchidas com
de nomes de unidades e ligados a
números puros ou adimensionais. As suas
eles por hífen ou preposição. Por
respectivas unidades devem ser colocadas
exemplo, anos-luz, elétron-volts,
no cabeçalho das tabelas. Por exemplo,
kilogramas-força.

1.9
17
Sistema Internacional
uma tabela típica de dados relacionados original. Vírgulas, espaços, barras,
com algumas propriedades do vapor pode parêntesis e outros símbolos aplicáveis
ser escrita como: podem ser usados para preencher os
espaços e evitar fraudes.
Tab.3. Variação da temperatura e volume Exemplos:
específico com a pressão para a água pura R$ 21.621,90 dinheiro (real)
Temperatura, T Volume, V
16HHC-656/9978 número de peça
Pressão, 610.569.958-15 CPF
P K m3/kg
(071) 359-3195 telefone
kPa
50,0 354,35 3,240 1 3.6. Espaçamentos
60,0 358,95 2,731 7
70,0 362,96 2,364 7 Múltiplos e submúltiplos
80,0 366,51 2,086 9
Não se usa espaço ou hífen entre o
prefixo e o nome da unidade ou entre o
Normalmente, em tabelas ou listagens,
prefixo e o símbolo da unidade. Por
todos os números usam agrupamentos de
exemplo,
três dígitos e espaços. Adotando este
kiloampère, kA
formato, se diminui a probabilidade de
milivolt, mV
erros.
megawatt, MW
Assim, a primeira linha da tabela
significa Valor da medição da unidade
pressão P = 50,0 kPa A medição é expressa por um valor
temperatura T = 354,35 K numérico, uma unidade, sua incerteza e os
volume específico V = 3,240 1 m3/kg limites de probabilidade. O valor é
Gráficos expresso por um número e a unidade pode
ser escrita pelo nome ou pelo símbolo.
Os números colocados nos eixos do
Deve-se deixar um espaço entre o número
gráficos (abcissa e ordenada) são puros ou
e o símbolo ou nome da unidade. Os
adimensionais. As unidades e símbolos
símbolos de grau, minuto e segundo são
das quantidades correspondentes são
escritos sem espaço entre os números e
colocadas nos eixos, uma única vez.
os símbolos. Exemplos:
O gráfico da tabela anterior fica assim
670 kHz 670 kilohertz
20 mm 10 N
36’ 36 oC
Modificador da unidade
Quando uma quantidade é usada como
adjetivo, pode-se usar um hífen entre o
valor numérico e o símbolo ou nome. Não
se deve usar hífen com o símbolo de
ângulo (o) ou grau Celsius (oC). Exemplos:
Pacote de 5-kg.
Filme de 35-mm.
o
Temperatura de 36 C
Produtos, quocientes e por
Fig. 1. Variação da temperatura e volume com a
pressão Deve-se evitar confusão, principalmente
em números e unidades compostos
Números especiais
envolvendo produto (.) e divisão (/) e por .
Há certos números que possuem regras O bom senso e a clareza devem
de agrupamento especificas. Números prevalecer no uso de hífens nos
envolvendo números de peça, documento, modificadores.
telefone e dinheiro, que não devem ser
alterados, devem ser escritos na forma Símbolos algébricos

1.10
18
Sistema Internacional
Deve-se deixar um espaço de cada lado escrevendo os nomes por extenso.
dos sinais de multiplicação, divisão, soma Por exemplo, o correto é kilômetro
e subtração e igualdade. Isto não se aplica por hora ou km/h. Não usar
aos símbolos compostos que usam os kilômetro/hora ou km por hora.
sinais travessão (/) e ponto (.). 2. Deve-se usar somente um por em
Não se deve usar nomes de unidades qualquer combinação de nomes de
por extenso em equações algébricas e unidades métricas. A palavra por
aritméticas; usam-se os símbolos. denota a divisão matemática. Não se
Exemplos: usa por para significar por unidade
4 km + 2 km = 6 km ou por cada (além do cacófato). Por
6N x 8 m = 48 N.m exemplo, a medição de corrente de
26 N : 3 m2 = 8,67 Pa vazamento, dada em microampères
100 W : (10 m x 2 K) = 5 W/(m.K) por 1 kilovolt da voltagem entre
10 kg/m3 x 0,7 m3 = 7 kg fases, deveria ser escrita em
15 kW.h microampères por cada kilovolt da
voltagem entre fases. No SI, 1
3.7. Índices mA/kV é igual a 1 nanosiemens (nS).
Outro exemplo, usa-se metro por
Símbolos segundo quadrado e não metro por
São usados índices numéricos (2 e 3) segundo por segundo.
para indicar quadrados e cúbicos. Não se 3. os prefixos podem coexistir num
deve usar abreviações como qu., cu, c. símbolo composto por multiplicação
Quando se escrevem símbolos para ou divisão. Por exemplo, kN.cm,
unidades métricas com expoentes, como kΩ.mA, kV/mm, MΩ, kV/ms,
2
metro quadrado, centímetro cúbico, um por mW/cm .
segundo, escrever o índice imediatamente 4. os símbolos de mesma unidade
após o símbolo. podem coexistir em um símbolo
Exemplos: composto por divisão. Por exemplo,
10 metros quadrados = 10 m2
2
kWh/h, Ω.mm /m.
14 centímetros cúbicos = 14 cm3 5. Não se misturam unidades SI e não-
1 por segundo = s-1 SI. Por exemplo, usar kg/m3 e não
kg/ft3.
Nomes de unidades 6. Para eliminar o problema de qual
Quando se escrevem unidades unidade e múltiplo deve-se expressar
compostas, aparecem certos fatores com uma quantidade de relação como
quadrado e cúbico. Quando aplicável, percentagem, fração decimal ou
deve-se usar parêntesis ou símbolos relação de escala. Como exemplos,
exclusivos para evitar ambigüidade e a inclinação de 10 m por 100 m pode
confusão. ser expressa como 10%, 0.10 ou
Por exemplo, para kilograma metro 1:10 e a tensão mecânica de 100
quadrado por segundo quadrado, o µm/m pode ser convertida para 0,01
símbolo correto é kg.m2/s2. Seria incorreto %.
interpretar como (kg.m)2/s2 ou (kg.m2/s)2 7. Deve-se usar somente símbolos
aceitos das unidades SI. Por
3.8. Unidades Compostas exemplo, o símbolo correto para
As unidades compostas são derivadas kilômetro por hora é km/h. Não usar
como quocientes ou produtos de outras k.p.h., kph ou KPH.
unidades SI. 8. Não se usa mais de uma barra (/) em
As regras a serem seguidas são as qualquer combinação de símbolos, a
seguintes: não ser que haja parêntesis
1. Não se deve misturar nomes separando as barras. Como
extensos e símbolos de unidades. exemplos, escrever m/s2 e não
Não usar o travessão (/) como m/s/s; escrever W/(m.K) ou (W/m)/K
substituto de por, quando e não (W/m/K.

1.11
19
Sistema Internacional
9. Para a maioria dos nomes derivados Mpa (megapascal) para tensão
como um produto, na escrita do mecânica
3
nome por extenso, usa-se um kg/m (kilograma por metro cúbico)
espaço ou um hífen para indicar a para densidade absoluta.
relação, mas nunca se usa um ponto 2. Quando conveniente escolhem-se
(.). Algumas unidades compostas prefixos resultando em valores
podem ser escritas como uma única numéricos entre 0,1 e 1000, porém,
palavra, sem espaço ou hífen. Por sem violar as recomendações
exemplo, a unidade de momento anteriores.
pode ser escrita como newton metro 3. Em cálculos técnicos deve-se tomar
ou newton-metro e nunca muito cuidado com os valores
newton.metro. Também, é correto numéricos dos dados usados. Para
escrever watt hora, watt-hora ou evitar erros nos cálculos, os prefixos
watthora, mas é incorreto watt.hora. devem ser convertidos em potências
10. Para símbolos derivados de de 10 (exceto o kilograma, que é
produtos, usa-se um ponto (.) entre uma unidade básica da massa).
cada símbolo individual. Não usar o Exemplos:
6
ponto (.) como símbolo de 5 MJ = 5 x 10 J
3
multiplicação em equações e 4 Mg = 4 x 10 kg
6
cálculos. Exemplos: 3 Mm = 3 x 10 m
N.m (newton metro) 4. Devem ser evitados prefixos no
Pa.s (pascal segundo) denominador (exceto kg). Exemplos:
kW.h ou kWh (kilowatthora) Escrever kJ/s e não J/ms
Use 7,6 x 6,1 cosa e não Escrever kJ/kg e não J/g
7,6.6,1.cosa Escrever MJ/kg e não kJ/g
11. Deve-se ter cuidado para escrever 5. Não se misturam de prefixos, a não
unidades compostas envolvendo ser que a diferença em tamanho seja
potências. Os modificadores extrema ou uma norma técnica o
quadrado e cúbico devem ser requeira. Exemplos:
colocados após o nome da unidade a Correto: A ferramenta tem 44 mm de
qual eles se aplicam. Para potências largura e 1500 mm de
maiores que três, usar somente comprimento.
símbolos. Deve-se usar símbolos Incorreto: A ferramenta tem 44 mm
sempre que a expressão envolvida de largura e 1,5 m de
for complexa. comprimento.
Por exemplo, kg/m2 , N/m2 6. Não se usam unidades múltiplas ou
12. Para representações complicadas prefixos múltiplos. Por exemplo, Usa-
com símbolos, usar parêntesis para se 15,26 m e não 15 m 260 mm; usa-
simplificar e esclarecer. Por exemplo, se miligrama (mg) e não
3
m.kg/(s .A) microkilograma (µkg)
7. Não usar um prefixo sem a unidade.
3.9. Uso de Prefixo Usar kilograma e não kilo
1. Deve-se usar os prefixos com 10
Usar megohm e não megs
-
elevado a potência múltipla de 3 (10
3 -6 3 6
, 10 , 10 , 10 ). Deve-se usar a
notação científica para simplificar os
casos de tabelas ou equações com
valores numéricos com vários dígitos
antes do marcador decimal e para
eliminar a ambigüidade da
quantidade de dígitos significativos.
Por exemplo, usam-se:
mm (milímetro) para desenhos.
kPa (kilopascal) para pressão

1.12
20
Sistema Internacional
3.10. Ângulo e Temperatura 3.11. Modificadores de Símbolos
1. Os símbolos de grau (o) e grau As principais recomendações
Celsius (oC) devem ser usados relacionadas com os modificadores de
quando se escreve uma medição. símbolos são:
Quando se descreve a escala de 1. Não se pode usar modificadores dos
medição e não uma medição, deve- símbolos SI. Quando é necessário o
se usar o nome por uso de modificadores das unidades,
extenso.Exemplos: ele deve ser separado do símbolo ou
Os ângulos devem ser medidos em então escrito por extenso. Por
graus e não em radianos. exemplo, não se usam Acc ou Aca,
O ângulo de inclinação é 27o. para diferenciar a corrente contínua
2. Não se deve deixar espaço entre o e da alternada. O correto é escrever 10
C, devendo se escrever oC e não o A cc ou 10 A ca, com o modificador
C. separado do símbolo. Como o
3. A maioria das temperaturas é dada modificador não é SI, pode ser
na escala Celsius; a escala Kelvin é escrito de modo arbitrário, como cc.,
usada somente em aplicações c.c., dc ou corrente contínua.
científicas. Exemplo: 2. Nas unidades inglesas, é comum
A temperatura normal do corpo usar sufixos ou modificadores nos
humano é 36 oC. símbolos e abreviações para dar
4. Quando se tem uma série de valores uma informação adicional. Por
de temperatura ou uma faixa de exemplo, usam-se psia e psig para
temperatura, usar o símbolo de indicar respectivamente, pressão
medição somente após o último absoluta e manométrica. Psia
valor. Exemplos: significa pound square inch absolute
A temperatura em Salvador varia de e psig significa pound square inch
18 a 39 oC. gauge. No sistema SI, é incorreto
As leituras do termômetro são: 100, colocar sufixos para identificar a
150 e 200 oC. medição. Exemplos:
5. É tecnicamente correto usar prefixos Usar pressão manométrica de 13
SI com os nomes e símbolos, como kPa ou 13 kPa (manométrica) e
grau Celsius (oC), kelvin (K) e grau não 13 kPaG ou 13 kPag.
angular (o). Porém, é preferível evitar Usar pressão absoluta de 13 kPa ou
esta prática, pois os nomes 13 kPa (absoluta) e não 13 kPaA
resultantes são confusos e difíceis de ou
serem reconhecidos. É preferível 13 kPaa.
ajustar o coeficiente numérico para 3. Sempre deixar espaço após o
não usar o prefixo. símbolo da unidade SI e qualquer
6. Um método simples para comparar informação adicional. Exemplo:
altas temperaturas Celsius com Usar 110 V c.a. ou 110 V (ca) e não
temperaturas Farenheit é que o valor 110 V CA ou 110 V ca, para
Celsius é aproximadamente a voltagem de corrente alternada.
metade da temperatura Farenheit. O 4. A potência e a energia são medidas
erro percentual nesta aproximação é em uma unidade SI determinada e
relativamente pequeno para valores não há necessidade de identificar a
Farenheit acima de 250. Para valores fonte da quantidade, desde que 100
menores, subtrair 30 antes de dividir watts é igual a 100 watts,
por 2; isto fornece uma precisão independente da potência ser
razoável até valores Farenheit de - elétrica, mecânica ou térmica.
40. Exemplos:
Usar MW e não MWe (potência
elétrica ou megawatt elétrico).
Usar kJ e não kJt (kilojoule termal).

1.13
21
Sistema Internacional
4. Algarismos Significativos Qualquer dígito, entre 1 e 9 e todo zero
que não anteceda o primeiro dígito não
zero e alguns que não sucedam o último
4.1. Introdução dígito não zero é um algarismo
O mundo da Metrologia é quantitativo e significativo. O status do zero é ambíguo,
depende de números, dados e cálculos. por que o zero também é usado para
Atualmente, os cálculos são feitos com indicar a magnitude do número.
calculadoras eletrônicas e computadores, Por exemplo, não há dificuldade em
que executam desde operações simples determinar a quantidade de algarismos
de aritmética até operações que um significativos dos seguintes números:
engenheiro nunca seria capaz de fazer 708 3 algarismos significativos
manualmente. Os microcomputadores se 54,9 3 algarismos significativos
tornam uma parte dominante da 3,6 2 algarismos significativos
tecnologia, não apenas para os 8,04 3 algarismos significativos
engenheiros mas para toda sociedade. As 980,9 4 algarismos significativos
calculadoras e computadores podem 0,830 06 5 algarismos significativos
apresentar os resultados com muitos Em um número, o dígito menos
algarismos, porém o resultado final deve significativo é o mais à direita, dígito mais
ter o número de algarismos significativos significativo é o mais à esquerda. Por
de acordo com os dados envolvidos. exemplo, no número 2345, 2 é o dígito
Quando se executam cálculos de mais significativo e 5 é o menos
engenharia e apresentam-se os dados, significativo.
deve-se ter em mente que os números Para qualquer número associado à
sendo usados tem somente um valor medição de uma grandeza, os algarismos
limitado de precisão e exatidão. Quando se significativos devem indicar a qualidade da
apresenta o resultado de um cálculo de medição ou computação sendo
engenharia, geralmente se copiam 8 ou apresentada. Os dados de engenharia e os
mais dígitos do display de uma resultados de sua computação devem ser
calculadora. Fazendo isso, deduz-se que o apresentados com um número correto de
resultado é exato até 8 dígitos, um tipo de algarismos significativos, para evitar de dar
exatidão que é raramente possível na uma impressão errada de sua exatidão. A
prática da engenharia. O número de quantidade de algarismos significativos
dígitos que podem ser apresentados é está associado à precisão, exatidão e ao
usualmente muito menos que 8, por que método de obtenção destes dados e
ele depende de problemas particulares e resultados.
envolve outros conceitos de algarismos
significativos, precisão, tolerância, 4.3. Algarismo Significativo e o Zero
resolução e conversão. O zero nem sempre é algarismo
significativo, quando incluído em um
4.2. Conceito número, pois ele pode ser usado como
Dígito é qualquer um dos numerais parte significativa da medição ou pode ser
arábicos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. usado somente para posicionar o ponto
Algarismo ou dígito significativo em um decimal.
número é o dígito que pode ser Por exemplo, no número 804,301 os
considerado confiável como um resultado dois zeros são significativos pois estão
de medições ou cálculos. O algarismo intercalados entre outros dígitos.
significativo correto expressa o resultado Porém, no número 0,0007, os zeros são
de uma medição de forma consistente com necessários para posicionar a vírgula e dar
a precisão medida. O número de a ordem de grandeza do número e por isso
algarismos significativos em um resultado pode ser ou não significativo. Porém, se o
indica o número de dígitos que pode ser número 0,0007 for a indicação de um
usado com confiança. Os algarismos instrumento digital, ele possui quatro
significativos são todos aqueles algarismos significativos.
necessários na notação científica.

1.14
22
Sistema Internacional
Também no número 20 000 os zeros
-3
são necessários para dar a ordem de 7 x 10 1 dígito significativo
-3
grandeza do número e por isso nada se 7,0 x 10 2 dígitos significativos
-3
pode dizer acerca de ser ou não ser 7,000 x 10 4 dígitos significativos
-3
significativo. Assim o status do zero nos 7,000 00 x 10 6 dígitos significativos
números 20 000 e 0,007 é ambíguo e mais
informação é necessária para dizer se o A notação científica serve também para
zero é significativo ou não. Quando não há se escrever os números extremos (muito
informação adicional, se diz que 0,0007 e grandes ou muito pequenos) de uma forma
20 000 possuem apenas 1 algarismo mais conveniente Por exemplo, seja a
significativo. multiplicação dos números:
No número 2,700, os zeros não são 1 230 000 000 x 0,000 000 000 051 = 0,063
necessários para definir a magnitude deste
número mas são usados propositadamente É mais conveniente usar a notação
para indicar que são significativos e por científica:
isso 2,700 possui quatro dígitos
9 -11 -2
significativos.. (1,23 x 10 ) x (5,1 x 10 ) = 6,3 x 10

4.4. Notação científica Na multiplicação acima, o resultado final


é arredondado para dois algarismos
Para eliminar ou diminuir as
significativos, que é o menor número de
ambigüidades associadas à posição do
algarismos das parcelas usadas no
zero, o número deve ser escrito na
cálculo.
notação científica, com um número entre 1
A multiplicação dos números com
e 10 seguido pela potência de 10
potência de 10 é feita somando-se
conveniente. Usar a quantidade de
algebricamente os expoentes.
algarismos significativos válidos no número
Na notação científica, os números são
entre 1 e 10, cortando os zeros no fim dos
escritos em uma forma padrão, como o
inteiros quando não forem significativos ou
produto de um número entre 1 e 10 e uma
mantendo os zeros no fim dos inteiros,
potência conveniente de 10.
quando forem significativos. Deste modo,
Por exemplo, os números acima podem
se o número 20 000 for escrito na notação
3 ser escritos como:
científica como 2,000 0 x 10 , ele terá 5
dígitos significativos. De modo análogo, 10 000 000 = 1,00 x 107 (3 dígitos significativos)
0,000 000 12 = 1,2 x 10-7(2 dígitos
20 000 = 2 x 103 1 dígito significativo significativos).
20 000 = 2,0 x 103 2 dígitos significativos
20 000 = 2,00 x 103 3 dígitos significativos Pode-se visualizar o expoente de 10 da
20 000 = 2,000 x103 4 dígitos significativos notação científica como um deslocador do
ponto decimal. Por exemplo, o expoente
A ambigüidade do zero em números +7 significa mover o ponto decimal sete
decimais também desaparece, quando se casas para a direita; o expoente -7
escreve os números na notação científica. significa mover o ponto decimal sete casas
Os zeros à direita, em números decimais para a esquerda.
só devem ser escritos quando forem Para fazer manualmente os cálculos de
garantidamente significativos. Por números escritos na notação científica, as
exemplo, 0,567 000 possui 6 algarismos vezes, é conveniente colocá-los em forma
significativos, pois se os três zeros foram não convencional com o objetivo de fazer
escritos é porque eles são significativos. contas de somar ou subtrair. Estas formas
Assim, o número decimal 0,007 pode são obtidas simplesmente ajustando
ser escrito de diferentes modos, para simultaneamente a posição do ponto
expressar diferentes dígitos significativos: decimal e os expoentes, a fim de se obter
os mesmos expoentes de 10. Nesta
operação, perde-se o conceito de
algarismos significativos.

1.15
23
Sistema Internacional
Por exemplo:

1,2 x 10-4 + 4,1 x 10-5 + 0,3 x 10-3 =

1,2 x 10-4 + 0,41 x 10-4 + 3,0 x 10-4 =

(1,2 + 0,41 + 3,0) x 10-4 = 4,6 x 10-4

Deve-se evitar escrever expressões


como
M = 1800 g, a não ser que se tenha o erro
absoluto máximo de 1 g. Rigorosamente,
1800 g significa (1800 ±1) g.
Quando não se tem esta precisão e
quando há suspeita do segundo dígito
decimal ser incorreto, deve-se escrever

M = (1,8 ± 0,1) x 103 g

Se o quarto dígito decimal é o duvidoso,


então, o correto é escrever

M = (1,800 ± 0,001) x 103 g


Fig. 2 - Várias escalas de indicação
4.5. Algarismo Significativo e a Medição
Todos os números associados à Na Fig. 2 (b) tem-se a medição de uma
medição de uma grandeza física devem ter espessura por uma escala graduada. É
os algarismos significativos possível se ler 0,26, pois a espessura cai
correspondentes à precisão do instrumento exatamente no terceiro traço depois de 0,2
de medição. Observar as três indicações e a medição possui apenas dois
analógicas apresentadas na Fig.2. algarismos significativos. Se pudesse
O voltímetro analógico (a) indica uma perceber o ponteiro entre o terceiro e o
voltagem de 1,45 V. O último algarismo, 5, quarto traço, a medição poderia ser 0,265
é duvidoso e foi arbitrariamente escolhido. e a medição teria três algarismos
Alguém poderia ler 1,49 e a leitura estaria significativos.
igualmente correta. Os algarismos Na Fig. 2(c), a indicação é 48,6 ou 48,5
confiáveis são apenas o 1 e o 4; o último é ou qualquer outro dígito extrapolado entre
estimado e duvidoso. O voltímetro com 0 e 9.
uma escala com esta graduação pode dar, As medições da Fig. 2(a) e 1(c)
no máximo, três algarismos significativos. possuem três algarismos significativos e o
É errado dizer que a indicação é de 1,450 terceiro dígito de cada medição é
ou 1,4500, pois está se superestimando a duvidoso. A medição da Fig. 2(b) possui
precisão do instrumento. Do mesmo modo, apenas dois algarismos significativos. Para
é impreciso dizer que a indicação é de 1,4 se ter medições mais precisas, com um
pois é agora está se subestimando a maior número de algarismos significativos,
precisão do indicador e não usando toda deve-se ter novo medidor com uma escala
sua capacidade. Na medição 1,45, o dígito maior e com maior número de divisões.
4 é garantido e no número 1,4 o dígito 4 é Na Fig. 3, tem-se duas escalas de
duvidoso. Para que o dígito 4 seja mesmo comprimento, porém, a segunda
garantido é necessário que haja qualquer escala possui maior número de divisões.
outro algarismo duvidoso depois dele. Para medir o mesmo comprimento, a
primeira escala indicará 6,2 onde o dígito 2

1.16
24
Sistema Internacional
é o duvidoso, pois é escolhido R = 1,35 Ω, tem-se erro de ±0,01 Ω, ou
arbitrariamente, pois está entre 6 e 7, seja, 1,34 Ω < R < 1,36 Ω.
muito próximo de 6. A leitura de 6,3 estaria Para a outra resistência de R = 1,3500
igualmente correta. A leitura da segunda Ω a precisão é de 0,0001 Ω, ou seja,
escala será 6,20 pois a leitura cai entre as 1,3499 Ω < R < 1,3501 Ω
divisões 2 e 3, também muito próximo de Se o resultado de um cálculo é R =
2. Também poderia ser lido 6,21 ou 6,22, 1,358 Ω e o terceiro dígito depois da
que seria igualmente aceitável. vírgula decimal é incorreto, deve-se
escrever R = 1,36 Ω.

Fig. 3. Escalas de mesmo tamanho mas com A distância X é determinada onde o comprimento toca
diferentes divisões entre os dígitos. a escala superior (4,4) mais o número da unidade na
escala inferior que se alinha com a linha da escala principal
(a 6a linha) que fornece a medição do centésimo (0,06).
Assim, a distância X é 4,46 unidades.
Em paquímetros e micrômetros,
medidores de pequenas dimensões, é Fig. 4. Escala principal e escala vernier
clássico se usar a escala vernier, para
melhorar a precisão da medida. A escala
vernier é uma segunda escala que se Devem ser seguidas regras para
move em relação à principal. A segunda apresentar e aplicar os dados de
escala é dividida em unidades um pouco engenharia na medição e nos cálculos
menores que as unidades da principal. Por correspondentes. As vezes, os
exemplo, observar a escala da Fig. 3, que engenheiros e técnicos não estão
possui duas partes: a unidade principal e a preocupados com os algarismos
unidade decimal são lidas na escala significativos. Outras vezes, as regras não
superior e a unidade centesimal é lida na se aplicam. Por exemplo, quando se diz
escala inferior. Para fazer a medição da que 1 pé = 0,3048 metro ou 1 libra = 0,454
distância X, primeiro se lê as unidades à kilograma, o dígito 1 é usado sozinho. O
esquerda da linha de indicação da régua, mesmo se aplica quando se usam
que são 4,4. Depois a leitura continua no números inteiros em equações algébricas.
centésimo, que é a linha da escala inferior Por exemplo, o raio de um circuito é a
que se alinha perfeitamente com a linha da metade do diâmetro e se escreve: r = d/2.
escala principal. Neste exemplo, elas se Na equação, não é necessário escrever
alinham na 6a linha, de modo que elas que r = d/2,0000, pois se entende que o 2
indicam 0,06 e a medição final de X é 4,46. é um número inteiro exato.
Na expressão da medição, o valor é Outra confusão que se faz na
sempre aproximado e deve ser escrito de equivalência se refere ao número de
modo que todos os dígitos decimais, algarismos significativos. Obviamente, 1
exceto o último, sejam exatos. O erro km equivale a 1.000 metros porém há
admissível para o último dígito decimal não diferenças práticas. Por exemplo, o
deve exceder a 1. odômetro do carro, com 5 dígitos pode
Por exemplo, uma resistência elétrica indicar 89.423 km rodados, porém isso não
de 1,35 Ω é diferente de uma resistência significa 89.423 000 metros, pois ele
de 1,3500 Ω. Com a resistência elétrica de deveria ter 8 dígitos. Se o odômetro
tivesse 6 dígitos, com medição de 100
metros, ele indicaria 89 423,6 km.

1.17
25
Sistema Internacional
Por exemplo, as corridas de atletismo caso, é direto o entendimento da
de rua tem distâncias de 10 km, 15 km e quantidade de algarismos significativos.
21 km. As corridas de pista são de 100 m, Nos displays digitais, o último dígito é o
800 m, 5000 m e 10 000 m. Quem corre 10 também duvidoso. Na prática, é o dígito
km numa corrida de rua correu que está continuamente variando.
aproximadamente 10 000 metros. A Um indicador digital com quatro dígitos
distância foi medida por carro, por bicicleta pode indicar de 0,001 até 9999. Neste
com hodômetro calibrado ou por outros caso, os zeros são significativos e servem
meios, porém, não é possível dizer que a para mostrar que é possível se medir com
distância é exatamente de 10.000 m. até quatro algarismos significativos. O
Porém, quem corre 10 000 metros em uma indicador com 4 dígitos possui 4 dígitos
pista olímpica de 400 metros, deve ter significativos.
corrido exatamente 10 000 metros. A
distância desta pista foi medida com uma
fita métrica, graduada em centímetros.
Poucas maratonas no mundo são
reconhecidas e certificadas como de 42
195 km, pois a medição desta distância é
complicada e cara.

4.6. Algarismo Significativo e o Display


Independente da tecnologia ou da
função, um instrumento pode ter display
analógico ou digital.
O indicador analógico mede uma Fig. 5. Instrumento digital com 61/2 dígitos
variável que varia continuamente e (Yokogawa)
apresenta o valor medido através da
posição do ponteiro em uma escala.
Quanto maior a escala e maior o número Em eletrônica digital, é possível se ter
de divisões da escala, melhor a precisão indicadores com 4 ½ dígitos. O meio dígito
do instrumento e maior quantidade de está associado com a percentagem de
algarismos significativos do resultado da sobrefaixa de indicação e somente assume
medição. os valores 0 ou 1. O indicador com 4 ½
O indicador digital apresenta o valor dígitos pode indicar, no máximo, 19 999,
medido através de números ou dígitos. que é aproximadamente 100% de 9999 (20
Quanto maior a quantidade de dígitos, 000/10 000). Os quatro dígitos variam de 0
melhor a precisão do instrumento. O a 9; o meio dígito só pode assumir os
indicador digital conta dígitos ou pulsos. valores 0 ou 1.
Quando o indicador digital apresenta o Embora exista uma correlação entre o
valor de uma grandeza analógica, número de dígitos e a precisão da
internamente há uma conversão analógico- medição, também deve existir uma
digital e finalmente, uma contagem dos consistência entre a precisão da malha e o
pulsos correspondentes. indicador digital do display. Por exemplo,
Atualmente, a eletrônica pode contar na medição de temperatura com termopar,
pulsos sem erros. Porém, não se pode onde a precisão da medição inclui a
dizer que o indicador digital não apresenta precisão do sensor, dos fios de extensão,
erros, pois é possível haver erros na da junta de compensação e do display.
geração dos pulsos. Ou seja, a precisão do Como as incertezas combinadas do
instrumento eletrônico digital está sensor, dos fios e da junta de
relacionada com a qualidade dos circuitos compensação são da ordem de unidades
que convertem os sinais analógicos em de grau Celsius, não faz nenhum sentido
pulsos ou na geração dos pulsos. ter um display que indique, por exemplo,
Também os indicadores digitais décimo ou centésimo de grau Celsius. Por
possuem uma precisão limitada. Neste exemplo, na medição de temperatura com

1.18
26
Sistema Internacional
termopar tipo J, onde a precisão resultante Assim, para calibrar um instrumento
do sensor, fios e junta de compensação é com precisão de 1%, deve-se usar um
o o
da ordem de ±5 C, na faixa de 0 a 100 C, padrão com precisão entre 0,3% a 0,1%.
o display digital basta ter 2 ½, para indicar, Quando se usa um padrão de 1% para
por exemplo, 101 oC. Não faz sentido ter calibrar um instrumento de medição com
o
um display indicando 98,2 ou 100,4 C pois precisão de 1%, o erro do instrumento de
a incerteza total da malha é da ordem de medição passa para 2%, por que
o
±5 C. O mesmo raciocínio vale para um
display analógico, com escala e ponteiro. 1% + 1% = 2% ou (0,01 + 0,01 = 0,02)

4.7. Algarismo Significativo e Quando se usa um padrão de 0,1%


Calibração para calibrar um instrumento de medição
com precisão de 1%, o erro do instrumento
Todos os instrumentos devem ser de medição permanece em 1%, porque 1%
calibrados ou rastreados contra um + 0,1% = 1% (1+ 0,1 = 1).
padrão. Mesmo os instrumentos de Além da precisão do padrão de
medição, mesmo os instrumentos padrão referência, é também importante definir a
de referência devem ser periodicamente incerteza do procedimento de calibração,
aferidos e calibrados. Por exemplo, na para que ele seja confiável.
instrumentação, tem-se os instrumentos de
medição e controle, que são montados 4.8. Algarismo Significativo e a
permanentemente no processo. Antes da Tolerância
instalação, eles foram calibrados. Quando
previsto pelo plano de manutenção O número de dígitos decimais
preventiva ou quando solicitado pela colocados à direita da vírgula decimal
operação, estes instrumentos são aferidos indica o máximo erro absoluto. O número
e recalibrados. Para se fazer esta total de dígitos decimais corretos, que não
calibração, devem ser usados também incluem os zeros à esquerda do primeiro
instrumentos de medição, como dígito significativo, indica o máximo erro
voltímetros, amperímetros, manômetros, relativo. Quanto maior o número de
termômetros, décadas de resistência, algarismos significativos, menor é o erro
fontes de alimentação. Estes instrumentos, relativo.
geralmente portáteis, também devem ser A precisão pretendida de um valor deve
calibrados por outros da oficina. Os se relacionar com o número de algarismos
instrumentos da oficina devem ser significativos mostrados. A precisão é mais
calibrados por outros de laboratórios do ou menos a metade do último dígito
fabricante ou laboratórios nacionais. E significativo retido. Por exemplo, o número
assim, sobe-se na escada de calibração. 2,14 pode ter sido arredondado de
É fundamental entender que a precisão qualquer número entre 2,135 e 2,145. Se
do padrão de referência deve ser melhor arredondado ou não, uma quantidade deve
que a do instrumento sob calibração. sempre ser expressa com a notação da
Quanto melhor? A resposta é um precisão em mente. Por exemplo, 2,14
compromisso entre custo e precisão. polegadas implica uma precisão de ±0,005
Como recomendação, a precisão do polegada, desde que o último algarismo
padrão deve ser entre quatro a dez (NIST) significativo é 0,01.
ou três a dez (INMETRO) vezes melhor Pode haver dois problemas:
que a precisão do instrumento sob 1. Quantidades podem ser expressas
calibração. Abaixo de três ou quatro, a em dígitos que não pretendem ser
incerteza do padrão é da ordem do significativos. A dimensão 1,1875"
instrumento sob calibração e deve ser pode realmente ser muito precisa, no
somada à incerteza dele. Acima de dez, os caso do quarto dígito depois da
instrumentos começam a ficar caro demais vírgula ser significativo ou ela pode
e não se justifica tal rigor. ser uma conversão decimal de uma
dimensão como 1 3/16, no caso em

1.19
27
Sistema Internacional
que a dimensão é dada com excesso nem sempre é entendido ou feito
de algarismos significativos. adequadamente. A retenção de um
2. Quantidades podem ser expressas número excessivo de algarismos
omitindo-se os zeros significativos. A significativos resulta em valores artificiais
dimensão de 2" pode significar cerca indicando uma precisão inexistente e
de 2" ou pode significar uma exagerada. O corte de muitos algarismos
expressão muito precisa, que deveria significativos resulta na perda da precisão
ser escrita como 2,000". No último necessária. Todas as conversões devem
caso, enquanto os zeros ser manipuladas logicamente,
acrescentados não são significativos considerando-se cuidadosamente a
no estabelecimento do valor, elas precisão pretendida da quantidade original.
são muito significativos em expressar A precisão indicada é usualmente
a precisão adequada conferida. determinada pela tolerância especifica ou
Portanto, é necessário determinar uma por algum conhecimento da quantidade
precisão implicada aproximada antes do original. O passo inicial na conversão é
arredondamento. Isto pode ser feito pelo determinar a precisão necessária,
conhecimento das circunstâncias ou pela garantindo que não é nem exagerada e
informação da precisão do equipamento de nem sacrificada. A determinação do
medição. número de algarismos significativos a ser
Se a precisão da medição é conhecida, retido é difícil, a não ser que sejam
isto fornecerá um menor limite de precisão observados alguns procedimentos
da dimensão e alguns casos, pode ser a corretos.
única base para estabelecer a precisão. A A literatura técnica apresenta tabelas
precisão final nunca pode ser melhor que a contendo fatores de conversão com até 7
precisão da medição. dígitos.
A tolerância em uma dimensão dá uma A conversão de quantidades de
boa indicação da precisão indicada, unidades entre sistemas de medição
embora a precisão, deva ser sempre envolve a determinação cuidadosa do
menor que a tolerância. Uma dimensão de número de dígitos a serem retidos depois
1,635 ±0,003" possui precisão de ± da conversão feita. Converter 1 quarto de
0,0005", total 0,001" . Uma dimensão óleo para 0,046 352 9 litros de óleo é
4,625 ±0,125" está escrita incorretamente, ridículo, por que a precisão pretendida do
provavelmente por causa da decimalização valor não garante a retenção de tantos
das frações. O correto seria 4,62 ±0,12, dígitos. Todas as conversões para serem
com uma precisão indicada de ±0,005 feitas logicamente, devem depender da
(precisão total de 0,01) precisão estabelecida da quantidade
Uma regra útil para determinar a original insinuada pela tolerância especifica
precisão indicada a partir do valor da ou pela natureza da quantidade sendo
tolerância é assumir a precisão igual a um medida. O primeiro passo após o cálculo
décimo da tolerância. Como a precisão da conversão é estabelecer o grau da
indicada do valor convertido não deve ser precisão.
melhor do que a do original, a tolerância O procedimento correto da conversão é
total deve ser dividida por 10 e convertida multiplicar a quantidade especificada pelo
e o número de algarismos significativos fator de conversão exatamente como dado
retido. e depois arredondar o resultado para o
número apropriado de algarismos
4.9. Algarismo Significativo e significativos à direita da vírgula decimal ou
Conversão para o número inteiro realístico de acordo
com o grau de precisão implicado no
Uma medição de variável consiste de quantidade original.
um valor numérico e de uma unidade. A Por exemplo, seja um comprimento de
unidade da medição pode ser uma de 75 ft, onde a conversão métrica é 22,86 m.
vários sistemas. Na conversão de um Se o comprimento em pés é arredondado
sistema para outro, o estabelecimento do para o valor mais próximo dentro de 5 ft,
número correto de algarismos significativos então é razoável aproximar o valor métrico

1.20
28
Sistema Internacional
próximo de 0,1 m, obtendo-se 22,9 m. Se o significativo duvidoso contido na
arredondamento dos 75 ft foi feito para o adição ou na subtração.
valor inteiro mais próximo, então o valor 5. Para combinações de operações
métrico correto seria de 23 m. Enfim, a aritméticas, fazer primeiro as
conversão de 75 ft para 22,86 m é multiplicações e divisões, arredondar
exagerada e incorreta; o recomendável é quando necessário e depois fazer a
dizer que 75 ft eqüivalem a 23 m. somas e subtrações. Se as somas e
Outro exemplo envolve a conversão da subtrações estão envolvidas para
pressão atmosférica padrão, do valor posterior multiplicação e divisão,
nominal de 14,7 psi para 101,325 kPa. faze-las, arredondar e depois
Como o valor envolvido da pressão é o multiplicar e dividir.
nominal, ele poderia ser expresso com 6. Em cálculos mais complexos, como
mais algarismos significativos, como solução de equações algébricas
14,693 psi, onde o valor métrico simultâneas, quando for necessário
correspondente seria 101,325, com três obter resultados intermediários com
dígitos depois da vírgula decimal. Porém, algarismos significativos extras,
quando se estabelece o valor nominal de garantir que os resultados finais
14,7 o valor correspondente métrico sejam razoavelmente exatos, usando
coerente é de 101,3, com apenas um o bom senso e deixando de lado as
dígito depois da vírgula. regras acima.
7. Quando executar os cálculos com
4.10. Computação matemática calculadora eletrônica ou
microcomputador, também ter bom
Na realização das operações
senso e não seguir as regras
aritméticas, cada número no cálculo é
rigorosamente. Não é necessário
fornecido com um determinado número de
interromper a computação em cada
algarismos significativos e o resultado final
estágio para estabelecer o número
deve ser expresso com um número correto
de algarismos significativos. Porém,
de algarismos significativos. Quando se
depois de completar a computação,
fazem as operações aritméticas, deve-se
considerar a precisão global e
seguir as seguintes recomendações.
arredondar os resultados
1. Fazer a computação de modo que
corretamente.
haja um número excessivo de
8. Em qualquer operação, o resultado
dígitos.
final deve ter uma quantidade de
2. Arredonde o número correto de
algarismos significativos igual à
algarismos significativos. Para
quantidade da parcela envolvida com
arredondar, aumente o último
menor número de significativos.
número retido de 1, se o primeiro
Exemplos de arredondamento para três
número descartado for maior que 5.
algarismos significativos:
Se o dígito descartado for igual a 5, o
último dígito retido deve ser
1,8765 1,88
aumentado de 1 somente se for
8,455 8,46
ímpar. Se o dígito descartado for
6,965 6,96
menor que 5, o último dígito retido
10,580 10,6
permanece inalterado.
3. Para multiplicação e divisão, Soma e Subtração
arredonde de modo que o número de Quando se expressam as quantidades
algarismos significativos no resultado de massa como M = 323,1 g e m = 5,722
seja igual ao menor número de g
algarismos significativos contidos nas significa que as balanças onde foram
parcelas da operação. pesadas as massas tem classes de
4. Para adição e subtração, arredonde precisão muito diferentes. A balança que
de modo que o dígito menos pesou a massa m é cem vezes mais
significativo (da direita) do resultado precisa que a balança de M. A precisão da
corresponda ao algarismo mais

1.21
29
Sistema Internacional
balança de M é 0,1 g; a precisão da Usando-se a regra do dígito reserva,
balança de m é de 0,001 g. tem-se
Somando-se os valores de (m + M) 132,7 + 1,27 + 0,06 + 20,96 + 46,15 =
obtém-se o valor correto de 328,8 g. O 201,14
valor 328,822 g é incorreto pois a precisão Fazendo-se o arredondamento no final,
do resultado não pode ser melhor que a tem-se 201,14 = 201,1.
precisão da pior balança. Para se obter
este resultado, considerou-se a massa M = Exemplo 2
323,100, inventando-se por conta própria Achar a soma das raízes quadradas dos
dois zeros. Em vez de se inventar zeros seguintes números, com precisão de 0,01
arbitrários, desprezam-se os dígitos
conhecidos da medição de m;
N = 5+ 6+ 7 + 8
arredondando 5,722 para 5,7.
O valor correto de 328,8 pode ser obtido
através de dois caminhos diferentes: Usando-se a regra do dígito decimal
1. arredondando-se os dados reserva, tomam-se os dados com precisão
de 0,001.
M = 323,1 g
m = 5,7 g 2,236 + 2,449 + 2,646 + 2,828 = 10,159
---------------
M + m = 328,8 g
Arredondando-se no final, tem-se 10,16.
2. arredondando-se o resultado final Sem a regra do dígito decimal reserva
M = 323,1 g seria 10,17 (verificar).
Quando o número de parcelas é muito
m = 5,722 g grande (centenas ou milhares),
--------------- recomenda-se usar dois dígitos decimais
M + m = 328,822 g = 328,8 g reservas. Quando se somam várias
parcelas com o mesmo número de
Deste modo, o número de algarismos algarismos depois da vírgula decimal,
significativos da soma é igual ao número deve-se considerar que o máximo erro
da parcela com o menor número de absoluto da soma é maior do que das
algarismos significativos. parcelas. Por isso, é prudente arredondar
Quando há várias parcelas sendo para um dígito a menos.
somadas, o erro pode ser maior se as
Exemplo 3
parcelas forem arredondadas antes da
soma. Recomenda-se usar a regra do Determinar a soma
dígito decimal de reserva, quando os
cálculos são feitos com um dígito extra e o 1,38 +8,71 + 4,48 + 11,96 + 7,33 =
arredondamento é feito somente no final 33,86
da soma.
Exemplo 1 Porém, o resultado mais conveniente é
Seja a soma: 33,9, com três algarismos significativos,
que é o menor número de significativos
132,7 + 1,274 + 0,063321 + 20,96 + 46,1521 das parcelas.
O máximo erro absoluto de uma soma
ou diferença é igual à soma dos erros
Com qualquer método, o resultado final máximos absolutos das parcelas. Por
deve ter apenas um algarismo depois da exemplo, tendo-se duas quantidades com
vírgula, pois a parcela 132,7 tem apenas precisões de 0,1 é lógico entender que a
um algarismo depois da vírgula. soma ou diferença destas quantidades são
Se todas as parcelas forem determinadas com precisão de 0,2, por
arredondadas antes da soma, se obtém que, na pior situação, os erros se somam.
132,7 + 1,3 + 0,1 + 21,0 + 46,2 = Quando há muitas parcelas, é improvável
201,3

1.22
30
Sistema Internacional
que todos os erros se somem. Nestes Assim, a área S está contida entre
casos, usam-se métodos de probabilidade
para estimar o erro da soma. Um critério é 219,3 cm2 (5,1 x 43,0)
arredondar, desprezando-se o último
228,96 cm2 (5,3 x 43,2)
algarismo significativo. Ou seja, quando
todas as parcelas tiverem n algarismos
significativos, dar o resultado com (n-1) Assim, os dígitos depois do segundo
algarismos significativos. algarismo significativo são duvidosos e a
As regras da subtração são resposta correta para a área é:
essencialmente as mesmas da soma.
Deve-se tomar cuidado quando se S = 2,2 x 102 cm2
subtraem dois números muito próximos,
pois isso provoca um grande aumento do O número de dígitos decimais corretos
erro relativo. e o máximo erro relativo indicam
qualidades semelhantes ligadas com o
Exemplo 4
grau de precisão relativa. A multiplicação
ou divisão de números aproximados
(327,48 ± 0,01) - (326,91 ± 0,01) = (0,57 ± 0,02) provocam a adição dos erros relativos
O erro relativo de cada parcela vale máximos correspondentes.
aproximadamente 0,01/300 = 0,003%. No exemplo do cálculo da área do
O erro relativo do resultado vale cerca retângulo, o erro relativo de a (5,1) é muito
de (0,02/0,57) = 3,5%, que é mais de 1000 maior que o de b ( 43,1) e por isso o erro
vezes maior que o erro relativo das relativo da área S é aproximadamente
parcelas. igual ao de a. S tem a mesma quantidade
Quanto mais à esquerda, mais de algarismos significativos que a; ambos
significativo é o dígito. O dígito na coluna tem dois algarismos.
dos décimos é mais significativo que o Se os fatores do produto são dados
dígito na coluna dos centésimos. O dígito com quantidades diferentes de algarismos
na coluna das centenas é mais significativo decimais corretos, deve-se arredondar os
que o dígito na coluna das dezenas . números antes da multiplicação, deixando
O resultado da soma ou subtração não um algarismo decimal reserva, que é
pode ter mais algarismos significativos ou descartado no arredondamento do
dígitos depois da vírgula do que a parcela resultado final. quando há mais que 4
com menor número de algarismos fatores com igual número de dígitos
significativos. decimais corretos (n), o resultado deve ter
(n-1) dígitos decimais corretos.
Multiplicação e Divisão
Quando se multiplicam ou dividem dois Exemplo 6
números com diferentes quantidades de Calcular o calor gerado por uma
dígitos corretos depois da vírgula decimal, corrente elétrica I percorrendo uma
o número correto de dígitos decimais do resistência R durante o tempo t, através de
resultado deve ser igual ao menor dos
números de dígitos decimais nos fatores.
Q = 0,24 I2 R t
Exemplo 5
Achar a área S do retângulo com Como a constante (0,24) tem dois
dígitos decimais corretos, o resultado final
a = 5,2 m só poderá ter dois dígitos depois da
b = 43,1 m vírgula. Assim, não se justifica
praticamente tomar valores de I, R e t com
É incorreto dizer que a área S = 224,12 mais de três dígitos decimais corretos (o
m2. Na realidade, terceiro dígito já é o decimal reserva a ser
a está entre 5,1 e 5,3 descartado no final).
b está entre 43,0 e 43,2 As constantes não afetam o número de
dígitos decimais corretos no produto ou

1.23
31
Sistema Internacional
divisão. Por exemplo, o perímetro do
círculo com raio r, dado pela expressão L = Tab. 4. Resultados
2 π r, o valor de 2 é exato e pode ser Operação Resultado Limite sup Limite inf Resultado
escrito como 2,0 ou 2,000 ou como se
x+y 218,1 219,2 217,0 218
quiser. A precisão dos cálculos depende x-y 211,9 213,0 210,8 212
apenas da quantidade de dígitos decimais x.y 666,5 691,2 642,0 6,7x102
x/y 69,3548 72,0000 66,8750 69
da medição do raio r. O número π também y/x 0,01442 0,01495 0,01389 0,014
é conhecido e a quantidade de A quantidade x = 215 é definida por três
significativos pode ser tomada algarismos significativos de modo que o
arbitrariamente. dígito 5 é o menos significativo e duvidoso.
Exemplo 7 Como ele é incorreto por ±1, então o limite
Calcular superior é 216 e o inferior é 214.
A quantidade y = 3,1 tem dois
D = 11,32 x 5,4 + 0,381 x 9,1 + 7,43 x 21,1 algarismos significativos e tem incerteza
de ±0,1, variando entre 3,2 e 3,3. Os
limites superiores mostrados na tabela são
para estimar o valor das parcelas,
a soma dos limites inferiores de x e y. No
calculam-se estas parcelas com o
resultado final, se deve considerar só um
arredondamento correto.
dígito duvidoso, e quando possível, com
Como 5,4 possui apenas dois
apenas dois dígitos significativos.
algarismos significativos, tomam-se as
parcelas com três algarismos (com um Exemplo 9
dígito decimal reserva) e arredonda-se o Determinar a área de um quadrado com
resultado final para dois algarismos lado de (10 ±1) metro.
significativos. A área nominal do quadrado é igual a
11,32 = 127,7 x 5,4 = 690 100, que é o produto de 10 x 10. Porém, a
0,381 x 9,1 = 3,47 = 3 incerteza de ±1 metro em cada lado do
7,43 x 21,1 = 157 quadrado é multiplicada pelo outro lado, de
modo que a incerteza total da área do
Resultado final = 850 quadrado é de ±21 metros! Chega-se a
Resultado correto: 8,5 x 102 este resultado multiplicando-se 10 ± 1 por
O cálculo com dígitos desnecessários é 10 ± 1:
inútil e pode induzir a erros, pois podem
dar a ilusão de uma precisão maior que a 10 ± 1
realmente existe. 10 ± 1
Todos os graus de precisão devem ser _____
coerentes entre si e em cada estágio dos 100 ± 10
cálculos. Nenhum dos graus de precisão ±10 ± 1
deve ser muito menor ou maior do que o _________
correto. 100 ± 20 ± 1
Exemplo 8
Seja portanto
x = 215 100 ± 21
y = 3,1
ou mais rigorosamente
Calcular:
x+y x-y x.y
x/y y/x (100 -19 + 21) m2.
determinando:
1. resultado calculado Outro modo de se chegar a este
2. limite superior calculado resultado é considerar que cada lado de 10
3. limite inferior calculado ± 1 metro varia de 9 a 11 metros e por isso
4. resultado final correto as áreas finais variam de um mínimo de 81
(9 x 9) e um máximo de 121 (11 x 11) e

1.24
32
Sistema Internacional
como a área nominal é de 100, o valor com feitos mentalmente, sem uso de
a tolerância é de 100 - 19 (81) +21 (121). calculadora ou mesmo de lápis e papel.
Este exemplo é interessante pois é Esta regra tem somente uma exceção
análogo ao cálculo da incerteza de uma importante. Se o primeiro algarismo na
grandeza que depende de duas outras incerteza δx é 1, então é recomendável se
grandezas. A incerteza da grandeza manter dois algarismos significativos em
resultante é igual à derivada parcial da δx. Por exemplo, se um cálculo resulta em
grandeza principal em relação a uma uma incerteza final de
grandeza vezes a incerteza desta δx = 0,14, um arredondamento para δx =
grandeza mais a derivada parcial da 0,1 é uma redução proporcional muito
grandeza principal em relação a outra grande de modo que é razoável reter dois
grandeza vezes a incerteza desta outra algarismos significativos para expressar δx
grandeza. Ou seja, em matemática, = 0,14. O mesmo argumento poderia ser
quando usado se o primeiro número for 2, porém a
redução não é tão grande (metade da
z = f(x, y) redução se o algarismo fosse 1).
Assim que a incerteza na medição é
com estimada, os algarismos significativos do
x = x ± ∆x valor medido devem ser considerados.
y = y ± ∆y Uma expressão como
a incerteza ∆z é igual a
velocidade medida = 6 051,78 ± 30 m/s
∂f ∂f
∆z = y +x
∂x ∂y é certamente bem ridícula. A incerteza de
30 significa que o dígito 5 pode ser
4.11. Algarismos e resultados realmente tão pequeno quanto 2 ou tão
grande quanto 8. Claramente, os dígitos 1,
Devem ser estabelecidas algumas 7 e 8 que vem depois do 5 não tem
regras para determinar as incertezas para nenhum significado prático. Assim, a
que todas informações contidas na expressão correta seria
expressão sejam entendidas velocidade medida = 6050± 30 m/s
universalmente e de modo consistente
entre quem escreve e quem lê. Regra para expressar resultados
Como a quantidade δx é uma estimativa O último algarismo significativo
de uma incerteza, obviamente ela não em qualquer expressão do
deve ser estabelecida com precisão resultado deve ser usualmente
excessiva. Por exemplo, é estupidez da mesma ordem de grandeza
expressar o resultado da medição da (mesma posição decimal) que
aceleração da gravidade g como a incerteza.

gmedida = 9,82 ± 0,0312 956 m/s


2
Por exemplo, para uma expressão de
resultado 78,43 com uma incerteza de 0,04
A expressão correta seria seria arredondada para

gmedida = 9,82 ± 0,03 m/s


2
78,43 ± 0,04

Regra para expressar incertezas: Se a incerteza fosse de 0,4 então ficaria


Incertezas industriais devem ser quase
sempre arredondadas para um único 78,4 ± 0,4
algarismo significativo.
Se a incerteza fosse de 4, a expressão
Uma conseqüência prática desta regra ficaria
é que muitos cálculos de erros podem ser
78 ± 4

1.25
33
Sistema Internacional

Finalmente, se a incerteza fosse de 40,


seria

80 ± 40

Para reduzir incertezas causadas pelo


arredondamento, quaisquer números
usados nos cálculos intermediários devem
normalmente reter, no mínimo, um
algarismo a mais do que o finalmente
justificado. No final dos cálculos, faz o
último arredondamento para eliminar o
algarismo extra insignificante.
A incerteza em qualquer quantidade
medida tem a mesma dimensão que a
quantidade medida em si. Assim,
2 3
escrevendo as unidades (m/s , g/cm , A, V,
o
C ) após o resultado e a incerteza é mais
claro e mais econômico.
Exemplo
3
densidade medida = 8,23 ± 0,05 g/cm
ou
3
densidade medida = (8,23 ± 0,05) g/cm
Quando se usa a notação científica, com números
associados a potências de 10, é também mais
simples e claro colocar o resultado e a incerteza na
mesma forma.
Por exemplo:
-6
corrente medida = (2,54 ± 0,02) x 10 A

é mais fácil de ler e interpretar do que na


forma:
-6 -8
corrente medida = 2,54 x 10 ± 2 x 10 A





Apostilas\Metrologia 2SistemsSI.DOC 22 SET 98 (Substitui 05 ABR 98)

1.26
34
2
Estatística da Medição

Objetivos de Ensino
1. Apresentar os fundamentos de estatística aplicados à medição, como média, desvio, distribuição,
flutuação, faixa de variação e intervalo.
2. Mostrar as expressões matemáticas e significados físicos das diferentes médias: aritmética,
ponderada e geométrica.
3. Apresentar os diferentes tipos de desvio: desvio do valor médio, de população e da amostra.
4. Conceituar os parâmetros de medida da precisão: desvio padrão e variância.
5. Mostrar a distribuição normal e suas propriedades.
6. Apresentar os intervalos de confiança da medição.
7. Mostrar o tratamento das medidas com grandes desvios.
8. Conceituar o método de regressão para curvas de calibração.

1. Estatística Inferencial

1.1. Introdução
A premissa básica da metrologia é: medição incluem outros instrumentos
nenhuma medição é sem erro. Ou na auxiliares. As condições de contorno do
lógica positiva: toda medição possui erro. instrumento de medição podem influir no
Por isso, nem o valor exato da medição e seu desempenho. Estas condições
nem o erro associado com a medição incluem a temperatura, umidade, pressão
pode ser conhecido exatamente. Na ambiente, vibração, choque mecânico,
metrologia, como na física, existe o alimentação externa. O instrumento de
princípio desconfortável da medição é o elo mais importante de toda
indeterminação. As incertezas e os erros o sistema de medição. É ele que faz a
da medição devem ser tratados medição e espera-se que ele não influa
metodicamente para que as medições no valor da medição feita.
práticas tenham alguma utilidade e
confiabilidade. 1.2. Conceito
A confiabilidade da medição não A ciência da estatística envolve a
depende somente das variações nas coleta, organização, descrição, análise e
entradas controladas mas também das interpretação de dados numéricos. A
variações em fatores incontrolados e estatística é a parte da matemática que
desconhecidos. fornece um método organizado para
O operador é quem faz a medição e manipular dados que apresentem
toma nota do resultado. Ele pode variações aleatórias. A estatística revela
cometer erros grosseiros e acidentais somente a informação que já está
nestas tarefas. O equipamento de presente em um conjunto de dados.
suporte do instrumento de Nenhuma informação nova é criada pela

2.1
35
Estatística da Medição

estatística. O tratamento estatístico de que devem ser eliminadas. As variações


um conjunto de dados permite fazer aleatórias podem ser uma conseqüência
julgamentos objetivos relacionados com natural das experiências ou uma
a validade de resultados. A estatística inevitável deficiência do sistema de
permite olhar os dados de modos medição das variações de processo e a
diferentes e tomar decisões objetivas e estatística tem meios de identificar e
inteligentes quanto à sua qualidade e separar estas causas.
uso. O objetivo do tratamento estatístico
A metrologia usa estatística por vários não é o de eliminar a variabilidade das
objetivos: medições - o que é impossível - mas o
1. entender, controlar e determinar os de restringir esta variabilidade dentro de
erros da medição limites economicamente realizáveis e
2. facilitar a coleta de dados estabelecer graus de probabilidade de
adequados e confiáveis sua localização.
relacionados com a medição A análise estatística não melhora a
3. entender e calcular melhor as precisão de uma medição. As leis da
incertezas associadas à medição probabilidade usadas pela estatística se
4. controlar a qualidade da mão de aplicam somente em erros aleatórios e
obra e dos materiais produzidos na não nos erros sistemáticos ou do
indústria. operador. Assim, antes de fazer o
Os métodos estatísticos podem ser tratamento estatístico dos erros
úteis para determinar aleatórios, deve-se cuidar de eliminar ou
1. o valor mais provável de uma diminuir os erros sistemáticos e evitar os
medição, a partir de um conjunto erros de operação.
limitado de medições, A precisão de um instrumento que
2. o erro provável de uma medição e descreve a concordância entre várias
3. o valor da incerteza na melhor medições replicadas pode ser medida
resposta obtida. através dos parâmetros estatísticos
Um dado individual é imprevisível e como desvio padrão, variância e
aleatório. Porém, grupos de dados espalhamento das medições.
aleatórios são previsíveis e Por exemplo, se um instrumento está
determinísticos. Por exemplo, o com um erro de calibração de zero, um
lançamento de um único dado é aleatório tratamento estatístico não removerá este
e não determinístico. Qualquer um dos erro. Porém, a análise estatística de dois
lados, 1-2-3-4-5-6, é igualmente métodos de medição diferentes pode
provável. Porém, quando se lançam dois demonstrar a discrepância entre eles.
dados, a soma dos lados já é A estatística descritiva usa tabelas,
determinística e não aleatória. A soma 2 gráficos e métodos numéricos para
(1+1) ou 12 (6+6) é menos provável que resumir conjuntos de dados da
a soma 7 (6+1, 5+2, 4+3). população total ou de amostras.
A base da estatística na medição é a A estatística inferencial pode
replicação, que é a tomada múltipla e 1. definir o intervalo em torno da
repetida da medição em valores média de um conjunto dentro do
individuais da quantidade. Quando se faz qual a média da população deve
apenas uma medição sujeita aos erros estar, com uma dada
aleatórios, obtém-se pouca informação. probabilidade;
Quando se fazem muitas medições 2. determinar o número de medições
repetidas da mesma quantidade, os erros replicadas necessárias para
aleatórios aparecem como um garantir, com uma dada
espalhamento em torno da média destas probabilidade, que uma média
medições. O espalhamento é causado experimental caia dentro de um
pelas variações da medição, que devem intervalo predeterminado em torno
ser consideradas e pelas variações das da média da população;
características do sistema de medição,

2.2
36
Estatística da Medição

3. decidir se um valor distante no média aritmética, com uma certa


conjunto de resultados replicados variação de dispersão em cada lado. O
deve ser mantido ou rejeitado no padrão ou formato desenhado pelas
cálculo da média para o conjunto; medições agrupadas é chamado de
4. manipular os dados da calibração. distribuição da freqüência.
Se as causas que produzem as
medições permanecem inalteradas, a
distribuição tende a ter certas
características estáveis, que se tornam
ainda mais definidas quando se aumenta
o número de medições. Se o sistema de
causa é constante, a distribuição
observada tende a se aproximar de um
limite estatístico, segundo uma lei ou
função de distribuição.
A experiência mostra que a
distribuição e a flutuação estão
relacionadas estatisticamente. A
Fig. 1. Inferência estatística (Kume) distribuição é uma massa composta de
flutuações e a flutuação está confinada
dentro dos limites de uma distribuição.
1.3. Variabilidade da Quantidade Com relação às distribuições e
flutuações, pode-se dizer que
As medições repetidas de um mesmo 1. Tudo varia.
valor exibem variações. Estas variações 2. As coisas individuais são
são causadas por diferenças em imprecisas.
materiais, equipamentos, instrumentos, 3. Os grupos de coisas de um sistema
instalações, operações, condições, constante de causas tendem a ser
problemas, reações psicológicas e previsíveis.
condições climáticas. Geralmente se tem Por exemplo,
muitas variações pequenas e poucas 1. As pessoas vivem até diferentes
grandes variações (diagrama de Paretto). idades.
Às vezes, ocorre uma variação não 2. Ninguém sabe quanto tempo ele
usual, maior que todas as outras, por viverá.
uma ou pela combinação das seguintes 3. As companhias de seguro podem
causas: prever com precisão a
1. material diferente da batelada, percentagem de pessoas que
2. novo ajuste do equipamento viverão até 50, 60, 70 e 80 anos.
3. nova calibração do instrumento de Outro exemplo,
medição 1. Ninguém escreve a letra a duas
4. substituição do operador vezes do mesmo modo.
5. jogo da seleção brasileira de futebol 2. Não se pode saber como o próximo
6. festa de Carnaval, São João ou a será diferente do último.
Natal. 3. O grafologista sabe reconhecer a
A experiência mostra que há letra de uma pessoa.
diferenças definidas detetáveis entre o
padrão natural e o não natural. É
possível descobrir e estudar estas
diferenças por meio de cálculos simples
baseados na estatística. Assim que se
conhece o padrão natural, é possível
encontrar as causas das anormalidades.
As medições de uma mesma variável
do processo tendem a se agrupar em
torno de um valor central, tipicamente a

2.3
37
Estatística da Medição

2. População e Amostra de resultados. Infelizmente, esta hipótese


não é garantidamente válida. Como
Uma premissa básica da teoria da resultado, a estimativa estatística acerca
probabilidade é que ela trata somente de do valor dos erros aleatórios também
eventos aleatórios. Um evento aleatório é está sujeita a incerteza e por isso ela é
aquele em que as condições são tais que expressa somente em termos de
cada membro da população tem uma probabilidade.
chance igual de ser escolhido. Em qualquer decisão que se toma,
A população ou universo é o conjunto baseando-se em poucos dados, corre-se
de todos os itens (produtos, indivíduos, o risco de que ela seja errada. Por
firmas, empregados, preços, medições). exemplo, quando se sai de casa,
A amostra é uma parte da população, carregando ou não um guarda-chuva,
tirada aleatoriamente do universo de coletam-se certos dados: olha-se o céu,
modo que o represente. A amostra deve lê-se a previsão do tempo do jornal,
ser aleatória, onde cada membro da escuta-se a televisão. Depois de avaliar
população tem uma igual chance de ser rapidamente todos estes dados
selecionado. Embora a amostra seja disponíveis, incluindo a previsão do rádio
representativa, ela não é uma réplica de "30% de probabilidade de haver
exata, em miniatura, da população de chuva", toma-se uma decisão. De
onde ela foi retirada. Isto é impossível de qualquer modo, faz-se o compromisso
se conseguir e como resultado, há erros entre a inconveniência de carregar um
de amostragem. Estes erros devem ser guarda-chuva e a possibilidade de tomar
minimizados ou então previstos, através uma chuva, sujando-se a roupa e
de distribuições de amostras. pegando um resfriado. Neste exemplo,
Trabalhar com amostras em vez de tomou-se uma decisão baseando-se na
estudar a população total é uma técnica incerteza. A incerteza não implica falta de
bem estabelecida e usada, resultando na conhecimento, mas somente que o
vantagem de assumir um risco definido resultado exato não é completamente
de aceitar uma pequena percentagem de previsível.
alguns dados com não-conformidade em Inferência estatística é o processo de
troca da grande redução do custo e do se deduzir algo acerca de um universo
tempo de inspeção. baseando-se em dados obtidos de uma
Muita inspeção de aceitação é por amostra retirada deste universo.
amostragem. Geralmente a inspeção de Partindo-se dos parâmetros da amostra,
100% é impraticável e antieconômica. calculados e obtidos mais facilmente,
Também, a qualidade do produto aceito estimam-se as faixas onde devem estar
pode realmente ser melhor com estes mesmos parâmetros da população.
amostragem estatística do que a Quando o tamanho da amostra aumenta,
conseguida por inspeção de 100%. A os valores dos parâmetros da amostra
amostragem tem vantagens psicológicas tendem para os valores dos parâmetros
e menos cansaço dos inspetores. Muitos da população. Assim, a escolha do
tipos de inspeção de 100% não eliminam tamanho da amostra é um compromisso
todos os produtos fora de conformidade. entre a facilidade dos cálculos (amostra
No caso de medições replicadas, muito pequena) e a validade dos valores
quando se faz a computação estatística (amostra muito grande). O tamanho
de um número muito elevado de dados conveniente da amostra depende de
(milhares), há uma alta probabilidade de vários fatores, como:
se cometer erros na entrada de dados na 1. desvio permitido entre o parâmetro
calculadora ou no computador. e o valor verdadeiro,
As leis da estatística se aplicam 2. o grau de variabilidade da
estritamente a uma população formada população fornecido pela
apenas de dados aleatórios. Para usar experiência anterior,
estas leis, deve-se assumir que o 3. o risco assumido ou o grau de
conjunto de dados que formam uma probabilidade determinado.
amostra representa a população infinita

2.4
38
Estatística da Medição

Na prática, amostra com n ≥ 20 é 5. Agrupar os dados em classes ou


considerada de bom tamanho e células.
representativa do universo. Alguns 6. Construir um gráfico com as
autores consideram ideal n ≥ 30. Na classes e os números de dados
prática, por conveniência, trabalha-se para cada classe.
com amostras contendo cerca de 4 a 10 7. Construir a distribuição de
pontos, e aplicando a estatística t do freqüência.
Student, que compensa os erros das O número de grupos não pode nem
amostras pequenas. ser muito grande nem muito pequeno.
A metodologia da inferência estatística Como regra, pode-se tomar a raiz
envolve quadrada do número dos dados, o que
1. o problema: estimativa dos na prática, resulta em 5 a 15 grupos. Por
parâmetros da população (média e exemplo, se há 100 dados, escolhem-se
variância) com os dados 10 classes ( 100 = 10 ). Quando o número
disponíveis, não for exato, arredonda-se para o inteiro
2. a solução: usa da informação da mais próximo; por exemplo, para 200
amostra para obter as estimativas, dados, usam-se 14 classes ( 200 = 14 , 1).
mesmo tendo de conviver com os Os limites inferior e superior devem ser
erros da amostragem, escolhidos de modo a não se ter
3. o resultado final: estimativa dos superposições ou dados de fora.
parâmetros da população e os O intervalo da classe pode ser
graus de confiança associados. determinado dividindo-se a diferença do
maior dado pelo menor dado pelo
3. Tratamento Gráfico número de classes.
Matematicamente, tem-se:
Os dados estatísticos podem ser xh − xl
apresentados e arranjados em tabelas e Intervalo da classe =
número de classes
gráficos. O objetivo destes métodos é o
onde
de condensar a informação de uma
xh é o maior número da matriz
grande quantidade de números,
mostrando as características mais xl é o menor número da matriz
importantes dos dados. Exemplo
Os dados consistem de números, que
Para fixar idéias, será apresentado o
devem ser úteis e confiáveis. Para isso, é
exemplo, onde se quer desenvolver uma
importante definir a fonte dos dados, qual
controle de qualidade para a fabricação
o escopo do estudo, como eles são
de lâmpadas de 100-watt. São tomados
coletados, qual a sua exatidão e
50 registros de uma lote da produção e
precisão, como são arredondados. Os
são feitos testes de falha das lâmpadas.
dados podem mostrar propriedades
A confiabilidade é medida em termos de
físicas variáveis.
horas para falhar. As confiabilidades são
3.1. Distribuição de Freqüência as seguintes:

O processo para construir uma matriz


e uma distribuição de freqüência é
simples e direto. Os passos são os
seguintes:
1. Coletar todos os dados disponíveis.
2. Arranjar os dados em uma matriz,
colocando-os em ordem crescente ou
decrescente.
3. Determinar o número de classes ou
células.
4. Determinar o intervalo de cada
classe.

2.5
39
Estatística da Medição

Tab. 1. Dados completos realmente 100 pontos contados entre


1983 2235 2414 2465 2510 1900 e 1999.
2329 2414 2697 2567 2270 Constrói-se agora a tabela com os
2321 2214 2130 2174 2553 números em cada intervalo de classe. O
2438 2356 2299 2238 2350 arranjo pode ser horizontal ou vertical.
2450 2454 2452 2543 2544
2026 2237 2248 2643 2544
No arranjo horizontal, colocam-se as
2326 2320 2293 2234 2343 classes à esquerda e uma marca de
2027 2175 2346 2438 2652 contagem (X, ou marcas múltiplas de 5)
2420 2355 2362 2146 2124 para cada ponto em cada classe à
direita. Tem-se

Tab.2. Dados em ordem crescente Tab. 3. Contagens


1983 2235 2329 2414 2510 Horas Marcas de contagem
2026 2237 2343 2417 2544 1900-1999 X
2027 2238 2346 2420 2543 2000-2099 XX
2124 2248 2350 2438 2564
2100-2199 XXXXX
2130 2270 2353 2438 2567
2146 2293 2355 2438 2565 2200-2299 XXXXXXXXX
2174 2299 2356 2450 2643 2300-2399 XXXXXXXXXXXX
2175 2320 2362 2454 2652 2400-2499 XXXXXXXXXXX
2214 2321 2387 2452 2680 2500-2599 XXXXXX
2234 2326 2414 2465 2697 2600-2699 XXXX

As marcas de contagem são


Os dados agora devem ser agrupados convertidas em números, resultando na
em classes ou células. distribuição de freqüência absoluta.
O número adequado de classes é de
7 ( 50 = 7 ,1). Tab. 4. Distribuição da freqüência
O intervalo da classe é calculado absoluta
como: Horas Número de falhas
1900-1999 1
2697 - 1983 2000-2099 2
Intervalo da classe = = 102
7 2100-2199 5
Assim, deveria se ter: 2200-2299 9
maior dado = 2697 horas 2300-2399 12
2400-2499 11
menor dado = 1983 horas 2500-2599 6
faixa = 2697 - 1983 = 714 horas 2600-2699 4
número de classes = 7
intervalo da classe = 102 Pode-se obter as seguintes
informações sobre a folha de distribuição
Pode-se fazer alguns ajustes finos:
de freqüência:
1. o intervalo da classe pode ser igual
1. a menor taxa de queima da
a 100, para facilitar os cálculos,
lâmpada é de de 1900 horas e a
2. a primeira classe é de 1900 a 1999,
maior, de 2700,
3. a segunda classe é de 2000 a
2. a maioria das lâmpadas queima
2099,
entre 2200 e 2500 horas,
4. a terceira classe é de 2100 a 2199,
3. a maior concentração de falhas é
...
entre 2300 e 2399 horas.
4. deve-se ter uma oitava classe, de
Fazendo-se um gráfico (abcissa =
2600 a 2699 para acomodar os 4
horas de funcionamento até queimar da
últimos valores.
lâmpada; ordenada = freqüência),
À primeira vista se pensa que o
percebe-se o centro da distribuição (2350
intervalo é de 99 e não de 100, porém
horas) e como os valores se espalham
como a contagem começa de 0, tem-se
em torno deste ponto central.

2.6
40
Estatística da Medição

Se ainda se quer a distribuição da 3.2. Histograma


freqüência relativa, para prever o número
Histograma é o gráfico da distribuição
de lâmpadas que iriam falhar dentro de
de freqüência que ilustra os resultados
um determinado intervalo, calcula-se a
obtidos da matriz e da folha dos
freqüência relativa, dividindo-se cada
resultados. Um gráfico comunica a
freqüência absoluta pelo número total de
informação mais facilmente que a análise
freqüências. O valor total da freqüência
numérica. Vendo o gráfico pode-se
relativa é 1,0. A fórmula da freqüência
contar diretamente os dados em cada
relativa é:
intervalo de classe e determinar o centro
número de observaçõe s no intervalo
e o espalhamento dos dados da
Frequência relativa =
número total de observaçõe s
distribuição.
O histograma é um gráfico de barras
que mostra os resultados da análise da
No exemplo da lâmpada, a freqüência
distribuição da freqüência, comprimindo
relativa de falhas para o intervalo de
os dados em grupos lógicos.
classe de 2100-2199 é de 0,01 ou 10%
O eixo horizontal dos x (abcissa)
(5/50).
mostra os intervalos das classes e o eixo
vertical dos y (ordenada) mostra a
Tab. 5. A freqüência relativa em cada intervalo de
freqüência, absoluta ou relativa. Cada
classe das confiabilidades das lâmpadas intervalo de classe tem um limite inferior
e um limite superior. Geralmente o menor
Horas Falhas Freqüência limite da primeira classe é abaixo do
relativa primeiro número e o limite maior da
1900-1999 1 1/50 = 0,02 última classe é acima do último número
2000-2099 2 2/50 = 0,04 da matriz.
2100-2199 5 5/50 = 0,10
2200-2299 9 9/50 = 0,18 3.3. Significado metrológico
2300-2399 12 12/50 = 0,24
2400-2499 11 11/50 = 0,22 Quando se tem n medições, pode-se
2500-2599 6 6/50 = 0,12 quantizar estes n resultados em valores
2600-2699 4 4/50 = 0,08 iguais ou dentro de uma classe de
1,00 largura ∆x. Plotando a freqüência das
ocorrências (número de medições dentro
das faixas) e os valores das medições,
obtém-se um histograma, ou gráfico com
barras. É interessante observar os
tamanhos destas barras: no centro da
curva estão as maiores freqüências
correspondendo a valores próximos da
Fig. 2. Histograma da queima média das medições. Ou seja, as
das lâmpadas medições se distribuem em torno do
valor médio das medições, com maior
quantidade de medições próximas da
média e com poucas medições longe das
médias.
Aumentando o número de medições e
diminuindo a largura da faixa, o
histograma se aproxima de uma curva
continua, chamada de função de
distribuição da densidade da
probabilidade das amplitudes da medição
de x.
Quando os erros são puramente
aleatórios, os resultados das n medições

2.7
41
Estatística da Medição

sucessivas são espalhados em torno do


valor verdadeiro, com a metade dos Tab. 7. Freqüência dos dados da Tab.
resultados acima e a outra metade 6
abaixo do valor verdadeiro . Este valor Faixa volume, Número na % na
verdadeiro é também chamado de valor mL faixa faixa
9 969 a 9 971 3 6
médio. 9.972 a 9 974 1 2
9 975 a 9977 7 14
Exemplo
9 978 a 9980 9 18
Sejam os 50 dados replicados obtidos 9 981 a 9983 13 26
na calibração de uma pipeta de 10 mL 9 984 a 9 986 7 14
9 987 a 9 989 5 10
(Tab. 6).. 9 990 a 9 992 4 8
9 993 a 9 995 1 2
Tab. 6. Dados replicados da pipeta de
10 mL Os dados da distribuição da
Dado Volume Dado Volume, Dado Volume,
# , ml # ml # ml freqüência da Tab. 7 podem ser plotados
1 9,988 18 9,975 35 9,976 em um gráfico de barras ou histograma.
2 9,973 19 9,980 36 9,990
3 9,986 20 9,994 37 9,988
Pode-se perceber que quando o número
4 9,980 21 9,992 38 9,971 de dados medidos aumenta, o
5 9,975 22 9,984 39 9,986 histograma se aproxima da curva
6 9,982 23 9,981 40 9,978
7 9,986 24 9,987 41 9,986 contínua da distribuição normal, gerada
8 9,982 25 9,978 42 9,982 com um número infinito de dados.
9 9,981 26 9,983 43 9,977
10 9,990 27 9,982 44 9,977
11 9,980 28 9,991 45 9,986 4. Médias
12 9,989 29 9,981 46 9,978
13 9,978 30 9,968 47 9,983 Os dados podem ser reduzidos a um
14 9,971 31 9,985 48 9,980
15 9,982 32 9,977 49 9,983
único número, para fins de comparação.
16 9,983 33 9,976 50 9,979 A média ou valor médio é o mais
17 9,988 34 9,983 representativo de um conjunto de dados
ou medições. A média é o valor esperado
A partir destes dados foram encontrados: de uma quantidade medida do conjunto
Volume médio = 9,982 ml das medições tomadas. Valor esperado
Volume mediano = 9,982 ml não é o valor mais provável. A média
tende a ficar no centro dos dados quando
Afastamento = 0,025 ml
eles são arranjados de acordo com as
Desvio padrão = 0,0056 ml magnitudes e por isso a média é também
A partir dos dados da Tab.6, pode-se chamada de tendência central das
elaborar uma outra tabela (Tab. 7) medidas. Quanto maior o número de
mostrando a distribuição da freqüência medições feitas, melhor será o resultado.
usando-se células com largura de 0,003 O valor médio é a expectativa
mL e calculando-se a percentagem de matemática do conjunto dos dados.
medições caindo em cada célula. Nota- Nas distribuições formadas pelos
se que 26% dos dados residem na célula dados, quase sempre há uma tendência
contendo a média e a mediana de 9 982 central destes dados. Esta tendência
mL e que mais da metade dos dados central, em torno da qual os dados se
estão dentro de +- 0,004 mL. agrupam pode ser medida por algum tipo
de média. As médias típicas são: média
aritmética, ponderada, eficaz,
geométrica, harmônica, mediana e moda.

2.8
42
Estatística da Medição

Fig. 3. Histograma dos dados da Tab. 7

Percentagem dos valores

Faixa dos valores medidos,

É comum denotar a média como x


4.1. Média Aritmética (diz-se x barra), porém este símbolo é
A média mais usada é a aritmética, difícil de se obter em datilografia e por
que é calculada matematicamente como isso também se usa xm.
a soma de todas as medidas de um Quando se tem uma população com o
conjunto dividida pelo número total de número muito grande de dados (n tende
medidas. A média aritmética de um para infinito), o símbolo da média é
conjunto de medidas é dada por: expresso como:

n
x + x 2 +...+ x n ∑ xi
xm = x = 1
n µ= i =1
com n → ∞
onde n
xm = x = valor médio ou a média
x1, x2, ... xn = valor de cada medição Através do conceito dos mínimos
n = número de leituras. quadrados do erro pode-se demonstrar
Também pode se escrever, de modo matematicamente que a média aritmética
abreviado: é a melhor estimativa do valor verdadeiro
de um dado conjunto de medições.
n O instrumentista deve sempre fazer
∑ xi de duas a cinco replicações de uma
xm = i =1 medição. Os resultados individuais de um
n conjunto de medições são raramente os
mesmos e usa-se a média ou o melhor
Diz-se que a média é a somatória dos valor para o conjunto. O valor médio
valores de x, começando de i igual a 1 e central é sempre mais confiável do que
terminando em n dividido por n. Σ é a qualquer resultado individual. A variação
letra grega Sigma. nos dados deve fornecer uma medida da
incerteza associada com o resultado

2.9
43
Estatística da Medição

central. A média serve como o valor 4.2. Média da Raiz da Soma dos
central para um conjunto de medições Quadrados
replicadas.
Quando se tem dados com sinais
A média de dados aleatórios não é
positivos e negativos e as suas
mais aleatória mas é determinística. Por
influências se somam, não se pode tirar
exemplo, a média das somas dos pontos
a média aritmética pois a soma algébrica
obtidos pelo lançamento de dois dados é
dos dados cancelam seus valores. Por
um número determinado igual a 7.
O valor médio tem as seguintes isso, inventou-se a média Raiz quadrada
propriedades matemáticas práticas e da Soma dos Quadrados (RSQ), que é
úteis à metrologia: dada pela expressão:
1. a média é a melhor estimativa
para um conjunto de medições X RSQ = ( x 12 + x 22 +...+ x n2 )
disponíveis.
2. a média tem a mesma dimensão Em metrologia, esta relação
das medições e fica entre os matemática (algoritmo) é a mais usada
valores mínimo e máximo das para determinar o erro final resultante de
medições. vários erros componentes aleatórios e
3. quando se multiplica uma variável independentes entre si.
aleatória por uma constante, sua Em estatística, o desvio padrão (σ) é
média será multiplicada pela calculado através de uma relação que
mesma constante. também envolve a raiz quadrada da
4. a média da soma de duas soma dos quadrados dos desvios de
variáveis aleatórias é a soma de cada medição (di). Tem-se
suas médias.
5. se uma constante é somada à
variável aleatória, a mesma ( d 12 + d 22 +...+ d n2 )
σ=
constante é somada ao seu valor n
médio.
6. a média do produto de duas 5. Desvios
variáveis aleatórias independentes
é igual ao produto de seus valores Como ocorre com as médias, há
médios. também vários tipos de desvios, embora
7. mesmo que a distribuição dos o mais usado para medida da precisão
valores seja simétrica, a seja o desvio padrão.
distribuição da área não é
simétrica, pois, se 5 está no meio 5.1. Dispersão ou Variabilidade
de 0 e 10, mas 52 não está no A medida do ponto central isolado não
meio de 02 e 102. dá uma descrição adequada dos dados
Exemplo experimentais. Deve-se considerar
As medições do valor de um resistor também a variabilidade ou espalhamento
dão: dos dados. Por exemplo, se alguém tem
os pés na geladeira e a cabeça no forno,
52,3 Ω 51,7 Ω pode-se dizer que a média da
53,4 Ω 53,1 Ω temperatura é boa, mas a sensação será
80,0 Ω horrível, por causa da grande faixa de
espalhamento entre as duas
O valor médio destas medições,
temperaturas.
desprezando o valor de 80,0 Ω que é
Por isso foram desenvolvidos outros
grosseiro, vale 52,6 Ω. parâmetros importantes de dados
52,3 + 517
, + 53,4 + 53,1 experimentais associados ao grau de
Rm = = 52,6 Ω
4 espalhamento do conjunto de dados,
como faixa, desvio médio, variância,

2.10
44
Estatística da Medição

desvio padrão, coeficiente de variação, 5.3. Desvio do Valor Médio


desvio padrão ajustado.
O desvio é a diferença entre cada
medida e a média aritmética. O desvio do
5.2. Faixa (Range)
valor médio indica o afastamento de
A faixa ou espalhamento de um cada medição do valor médio. O valor do
conjunto de dados é a diferença entre o desvio pode ser positivo ou negativo. Os
maior e o menor valor do conjunto. A desvios das medidas x1, x2, ... xn da
faixa é o modo mais simples para média aritmética xm são:
representar a dispersão dos dados. As d1 = x1 - xm
desvantagens associadas com a faixa d2 = x2 - xm
como medida da dispersão são: ...
1. ela se baseia somente na dispersão dn = xn - xm
dos valores extremos,
2. ela deixa de fornecer informação Teoricamente, a soma algébrica de
acerca do ajuntamento ou dispersão dos todos os desvios de um conjunto de
valores observados dentro dos dois medidas em relação ao seu valor médio
valores extremos. é zero. Na prática, nem sempre ele é
Mesmo assim, ela é empregada para zero, por causa dos arredondamentos de
se ter uma idéia aproximada da extensão cada desvio.
dos valores espalhados dos dados Para as medições da resistência
disponíveis. Ela é fundamental nas cartas acima,
para o controle estatístico dos dados.
Por exemplo, para um conjunto de Ri Rm di
medições de um comprimento, em mm,
52,3 52,6 -0,3
194, 195, 196, 198, 201, 203 51,7 52,6 -0,9
53,4 52,6 +0,8
o espalhamento é igual a 203 - 194 = 9 53,1 52,6 +0,5
mm.
O desvio padrão para conjuntos com
pequeno número de dados (N) pode ser onde
rapidamente estimado multiplicando-se a Ri é o valor de cada resistência
faixa por um fator k (Tab. 8). Rm é o valor médio das resistências
No conjunto anterior, o desvio padrão di é o desvio de cada resistência
estimado pelo fator k da tabela (N = 6) é
A soma dos desvios não deu zero pois
igual a 9 x 0,38 = 3,5. O desvio padrão
há um erro de arredondamento, pois a
calculo de modo convencional é igual a
média é de 52,63 aproximado para 52.6.
3,6.
5.4. Desvio Médio Absoluto
Tab. 8. Fatores para estimar desvio padrão da
faixa O grau de espalhamento em torno do
valor médio é a variação ou dispersão
N k dos dados. Uma medida esta variação é
2 0,89 o desvio médio. O desvio médio pode
3 0,59 fornecer a precisão da medição. Se há
4 0,49 um grande desvio médio, é uma
5 0,43 indicação que os dados tomados variam
6 0,39 largamente e a medição não é muito
7 0,37 precisa.
8 0,35 O desvio médio é a soma dos valores
9 0,34 absolutos dos desvios individuais,
10 0,32 dividido pelo número de medições. Se
fosse tomada a soma algébrica,
respeitando os sinais, e não havendo

2.11
45
Estatística da Medição

erros de arredondamento, a soma seria n é o número de dados da população


zero. total.
O desvio médio absoluto é dado por: O desvio padrão pode expressar a
precisão do instrumento que fornece o
D=
[x1 ] + [x 2 ] + ... + [x n ] conjunto de medições. Quando o desvio
n padrão (σ) é pequeno, a curva da
probabilidade das amplitudes é estreita e
Exemplo o valor de pico é grande e as medições
De novo, a resistência acima são feitas por um instrumento muito
Ri Rm di preciso. Quando o desvio padrão (σ) é
grande, a curva da probabilidade das
52,3 52,6 -0,3 amplitudes é larga e o valor de pico é
51,7 52,6 -0,9 pequeno e as medições são feitas por
53,4 52,6 +0,8 um instrumento pouco preciso. Em
53,1 52,6 +0,5 qualquer caso, a área sob a curva é igual
a 1, pois a soma das probabilidades é
igual a 1.
O desvio médio absoluto é calculado
tomando-se os di em valor absoluto 5.6. Desvio Padrão da Amostra
(positivo)
O desvio padrão da amostra com
0,3 + 0,9 + 0,8 + 0,5 pequeno número de dados (n ≤ 20 ou
D= = 0,67 ≈ 0,7 Ω para alguns, n < 30) ou desvio padrão
4
Para distribuições simétricas de ajustado é dado por:
freqüência, há uma relação empírica
n
entre o desvio médio e o desvio padrão
como: ∑ (x
i =1
i − x) 2
4 s=
desvio médio = (desvio padrão) (n − 1)
5

5.5. Desvio Padrão da População Usa-se o denominador (n - 1) por que


agora se tem (n - 1) variáveis aleatórias e
O desvio médio de um conjunto de a
a n é determinada.
medições é somente um outro método O desvio padrão usado para medir a
para determinar a dispersão do conjunto dispersão dos dados sobre de uma
de leituras. O desvio médio não é lacuna que é sua polarização quando o
matematicamente conveniente para número de dados é pequeno. Por
manipular as propriedades estatísticas exemplo, quando se tem somente uma
pois sua soma geralmente se anula e por medida, o valor do desvio se reduz a
isso o desvio padrão é mais adequado e zero. Isto implica que a medição não tem
útil para expressar a dispersão dos dispersão e como conseqüência, não
dados. tem nenhum erro. Obviamente este
O desvio padrão de uma população, resultado é altamente polarizado, quando
σ, é calculado raiz quadrada da média se toma somente uma medição nos
dos quadrados dos desvios individuais. cálculos. Quando se tomam duas ou
Tem-se mais medições, a polarização no
paramento diminui progressivamente até

σ=
∑ ( x i − µ) 2 se tornar desprezível para n grande.
Assim, o valor do desvio padrão é
n
ajustado para dar uma estimativa não
polarizada da precisão. Isto é conseguido
onde dividindo-se a soma dos quadrados dos
(xi - µ) é o desvio da média da ia desvios por (n - 1) em vez de n. Diz-se
medição. que (n-1) é o número de grau de
liberdade e n é o número total de

2.12
46
Estatística da Medição

observações. O número de graus de 5.7. Fórmulas Simplificadas


liberdade se refere ao número de dados
Ás vezes, é mais cômodo e rápido
independentes gerados de um dado
calcular os desvios padrão da população
conjunto e usados na computação.
e da amostra com fórmulas que
Um conjunto com duas medições tem
envolvem somente a computação de xi2 ,
somente uma entrada útil com relação a
estimativa da dispersão em torno da ∑ xi2 e ∑
xi . Estas fórmulas são:
média da população, por que o conjunto
deve fornecer informação acerca da
∑ ( x i2 ) − ( ∑ x i )
2
dispersão e acerca da média. Assim, 2
/n
uma amostra de dois dados fornece só σ =
n
uma observação independente com
relação à dispersão. Para uma amostra
∑ ( x i2 ) − ( ∑ x i )
2
de 10 dados, pode-se ter 10 desvios. 2
/n
Porém, somente 9 são independentes, s =
n−1
por que o último pode ser deduzido do
fato que a soma dos desvios é igual a 5.8. Desvios da população e da
zero. Assim, um conjunto de n dados
amostra
fornece
(n - 1) observações independentes com Como o desvio padrão da população
relação ao desvio padrão da população. envolve n e o desvio padrão da amostra
De um modo mais geral ainda, tem-se (n envolve (n - 1), obtém-se facilmente a
- m) graus de liberdade em um conjunto relação entre os dois desvios, como
com n dados e m constantes. n
Na população, quando m é s= ×σ
n−1
desconhecido, duas quantidades podem
ser calculadas de um conjunto cm n n
onde o fator é conhecido como
dados replicados, x e s. Um grau de n−1
liberdade é usado para calcular x , fator de correção de Bessel.
porque, retendo os sinais dos desvios, a
soma dos desvios individuais deve ser Quando n aumenta, o fator de Bessel
zero. Assim, computados (n - 1) desvios, se aproxima de 1, e o s se iguala a σ. Na
o
o último desvio (n ) fica conhecido. Como prática, para n ≥ 20, pode-se considerar
conseqüência, somente s igual a σ. O desvio padrão da amostra
(n - 1) desvios fornecem medida é também chamado de desvio padrão
independente da precisão do conjunto de ajustado.
medições. Em pequenas amostras (n <
20), quando se usa n em vez de 5.9. Desvio padrão de operações
(n - 1) para calcular s, obtém-se um valor matemáticas
menor do que o verdadeiro.
O desvio padrão das medições da Para uma soma ou diferença, o desvio
resistência é de 0,8 Ω. Como ainda será padrão absoluto da operação é a raiz
visto, o valor da resistência deve estar quadrada da soma dos quadrados dos
entre o valor médio e uma tolerância de desvios padrões absolutos individuais
n desvios padrão. O n está relacionado dos números envolvidos na soma ou
subtração. Ou seja, na computação de
com o nível de probabilidade associado.
Assim, o valor da resistência é de 51,6 ±
y = a( ± s a ) + b( ± s b ) − c ( ± s c )
0,8 (1s) Ω, com 68% de probabilidade ou
51,6 ± 1,6 (2s) Ω com 95% de
probabilidade. o desvio padrão do resultado é dado
por:

s y = sa2 + sb2 + sc2

2.13
47
Estatística da Medição

Para a multiplicação e divisão, o mesmas mas as variações são muito


desvio padrão relativa da operação é a grandes.
raiz quadrada da soma dos quadrados Por exemplo, se uma amostra contem
dos desvios padrão relativos dos cerca de 50 mg de cobre e o desvio
números envolvidos na multiplicação e padrão é de 2 mg, o coeficiente de
divisão. Ou seja, na computação de variação (CV) para esta amostra é de 2
mg/50 mg x 100%, ou seja, 4%. Para
a×b uma amostra contendo 10 mg, o CV é de
y= 20%.
c

o desvio padrão relativo a y vale 5.11. Desvio Padrão Das Médias


Os números calculados da distribuição
sy s 
2
s  s 
2 2 da percentagem se referem ao erro
=  a  + b  + c  provável de uma única medição. Quando
y  a  b  c se fazem n séries de medições
replicadas, cada uma com N dados, e
5.10.Coeficiente de variação acham-se as médias de cada conjunto,
Define-se como desvio padrão relativo estas médias também se espalham em
a divisão do desvio padrão absoluto pela torno de um valor médio e este
média do conjunto de dados. O desvio espalhamento pode também ser
padrão relativo é geralmente expresso expresso por um desvio padrão,
em ppm (parte por mil), multiplicando-se chamado de desvio padrão das médias.
esta relação por 1000 ppm ou em O desvio padrão da média de cada
percentagem, multiplicando-se a relação conjunto é chamado de erro padrão da
por 100%. O coeficiente de variação (CV) média e é inversamente proporcional à
é definido como o desvio padrão relativo raiz quadrada do número de séries
multiplicado por 100%: replicadas de medições com N dados (N
Como o valor médio está no ≥ 20).
denominador, não de pode usar o σ
σ=
coeficiente de variação quando o valor n
médio se aproxima de zero.
De um modo análogo, tem-se para uma
desvio padrão n amostras com N dados (N ≤ 20),
CV (%) = × 100%
valor médio
s
s=
σ n
CV = × 100% , para toda a população
µ
s O desvio padrão das médias é uma
CV = × 100% , para uma amostra melhor estimativa da incerteza interna e
x é chamado também de erro padrão
interno.
O coeficiente de variação é mais Pode-se notar que a distribuição
conveniente que o desvio padrão normal das medições de uma amostra
absoluto para medir a dispersão relativa tem menor precisão que a
de um conjunto de medições. Quando se correspondente distribuição normal da
quer comparar a variação de dois amostra das médias da população. A
conjuntos separados de dados onde as distribuição normal das médias tem um
unidades de medição não são as formato mais estreito e um pico maior
mesmas ou quando as unidade são as que a distribuição normal de uma
amostra.

2.14
48
Estatística da Medição

A variância (s2) é definida para


população muito grande (essencialmente
infinita) de medições replicadas de x.
Tem-se

n
∑ ( x i − x) 2
σ2 = i =1
n
para grandes populações (n > 20) e onde
n é o grau de liberdade da população.
Tem-se, para pequenas populações (n <
20)

n
∑ ( x i − x) 2
Fig. 4. Desvio padrão das médias s2 = i =1
(n − 1)

Deve-se ter o cuidado para não Enquanto a unidade do desvio padrão


confundir os números envolvidos. É é a mesma dos dados, a variância tem a
possível ter um conjunto com N dados unidade dos dados ao quadrado. Mesmo
(base de cálculo do desvio padrão do com esta desvantagem, a variância
universo), possui as seguintes vantagens:
N 1. ela é aditiva,
∑ ( x i − µ) 2 2. ela não tem os problemas
σ= i=1 associados com os sinais
N algébricos dos erros,
3. ela emprega todos os valores dos
dos quais se tira uma amostra com k dados e é sensível a qualquer
dados (base de cálculo do desvio padrão variação no valor de qualquer
da amostra) dado,
4. ela é independente do ponto
k central ou do valor médio, por que
∑ ( x i − x) 2 ela usa os desvios em relação ao
i =1
s= valor médio,
(k − 1) 5. seu cálculo é relativamente mais
simples.
e se tira a média de um n conjuntos de
dados (base de cálculo para o desvio
padrão das n médias).

s
s=
n

5.12. Variância
A variância (V) é simplesmente o
quadrado do desvio padrão (s2). A
variância também mostra a dispersão
das medições aleatórias em torno do
valor médio.
A unidade da variância é o quadrado
da unidade das quantidades medidas.

2.15
49
Estatística da Medição

Exemplo particular específico. Estes modelos são


Sejam os dados obtidos de uma análise: a distribuição da probabilidade ou função
probabilidade. A distribuição da
Tab. 9. Dados da análise química probabilidade pode ser calculada a partir
de dados de amostra retirada da
xi ppm Fe xi − x ( xi − x ) 2 população e também teoricamente.
x1 19,4 0,38 0,1444 Por causa de suas características, a
x2 19,5 0,28 0,0784 distribuição da probabilidade está
x3 19,6 0,18 0,0324 relacionada com as distribuições de
x4 19,8 0,02 0,0004 freqüência. Porém, na distribuição de
x5 20,1 0,32 0,1024 freqüência, as freqüências são números
x6 20,3 0,52 0,2704 observados de eventos ocorridos e na
distribuição da probabilidade, a
Efetuando-se os cálculos, chega-se a freqüência é derivada da probabilidade

xi = 118,7 de eventos que podem ocorrer.

6.2. Parâmetros da Distribuição


∑ ( x i − x ) 2 = 0,6284 A distribuição das freqüências mostra
Média os dados em formas e formatos comuns.
x = 118,7/6 = 19,78 ppm Fe Os números tem uma tendência de se
Desvio padrão agrupar e mostrar padrões semelhantes.
Estes padrões podem ser identificados,
s = xi medidos e analisados. Na análise dos
Variância dados de uma distribuição de
freqüências há quatro parâmetros
s2 = 0,352 = 0,13 (ppm Fe)2 importantes: tendência central,
Desvio padrão relativo dispersão, assimetria e kurtosis
0,354 Tendência central
xi = × 1000 = 17,9 ≈ 18 ppt
19,78 A tendência central é a característica
Coeficiente de variação que localiza o meio da distribuição. A
tendência central natural é a média dos
0,354 pontos. As curvas podem ter diferentes
xi = × 100% = 179
, ≈ 18%
,
19,78 simetrias e dispersões, mas a mesma
tendência central. Também, pode-se ter
Erro absoluto
curvas com a mesma simetria e mesma
Assumindo que o valor verdadeiro da dispersão, mas com diferente tendência
amostra seja de 10,00 ppm Fe: central.

19,78 - 20,00 = 0,011 ppm Fe Dispersão


Dispersão é a característica que indica
Erro relativo
o grau de espalhamento dos dados. A
19,78 − 20,00 dispersão é também chamada de
× 100 % = -1,1%
20,00 variação.
Assimetria (Skewness)
6. Distribuições dos dados
Skewness é a característica que
indica o grau de distorção em uma curva
6.1. Introdução simétrica ou o grau de assimetria. Uma
curva simétrica possui os lados direito e
A determinação de probabilidades
esquerdo da lei de centro iguais. Os dois
associadas com eventos complexos pode
lados de uma curva simétrica são
ser simplificada com a construção de
imagens espelhadas de cada lado. Uma
modelos matemáticos que descrevam a
curva se distorce para a direita quando a
situação associada com um evento

2.16
50
Estatística da Medição

maioria dos valores estão agrupados no literatura técnica, onde se determina P(x)
lado direito da distribuição. a partir de n, x.
Curtose (Kurtosis) Distribuição Retangular
A curtose (kurtosis) é a característica Na distribuição retangular os valores
que descreve o pico em uma distribuição. possíveis são igualmente prováveis. Uma
É uma medida relativa para comparar o variável aleatória que assume cada um
pico de duas distribuições. Uma maior dos n valores, x1, x2, ...,xn com igual
curtose significa um pico maior de probabilidade de 1/n.
freqüência relativa, não maior quantidade Em metrologia, os erros sistemáticos
de dados. possuem distribuição retangular de
Há três classes de curtose: platicúrtica probabilidade. Para qualquer valor da
(curva plana e esparramada), medição, ele é constante.
leptocúrtica (curva com pico estreito e
alto) e mesocúrtica (intermediária entre
as duas outras).

6.3. Tipos de distribuições


1/A
Há três distribuições de probabilidade
usadas:
1. binomial A
2. retangular
Fig. 5. Distribuição retangular
3. normal.
Distribuição Binomial 6.4. Distribuição normal ou de Gauss
A distribuição binomial se refere a
variáveis discretas e se aplica, Conceito
principalmente, à contagem de eventos, A distribuição normal é uma
onde as duas saídas possíveis podem distribuição contínua de probabilidade,
ser sucesso ou falha, peça normal ou fundamental para a inferência estatística
defeituosa. e análise de dados. Sua importância vem
Sendo dos seguintes fatos:
1. muitos fenômenos físicos e muitos
n o número de tentativas,
conjuntos de dados seguem uma
p a probabilidade de sucesso em cada
distribuição normal. Por exemplo,
tentativa,
as distribuições de freqüência de
q a probabilidade de falha em cada
alturas, pesos, leituras de
tentativa,
instrumentos, desvios em torno de
P(x) a probabilidade de se obter x
valores estabelecidos seguem a
sucessos,
distribuição normal.
2. pode-se mostrar que várias
P( x ) = C nx ( p x )(q n− x ) estatísticas de amostras (como a
média) seguem a distribuição
onde normal, mesmo que a população
n! de onde foram tiradas as amostras
Cnx =
x! (n − x )! não seja normal.
3. mesmo a distribuição binomial
tende para a distribuição normal,
Cnx é a combinação de n elementos
quando o número de dados
tomados x vezes aumenta muito. E os cálculos
n! é o fatorial de n, n! = n.(n-1)(n- relacionados com a distribuição
2)...3.2.1 binomial são muito mais complexos
Para evitar os enfadonhos cálculos, que os empregados pela
principalmente quando n for grande, distribuição normal.
pode-se usar tabelas disponíveis na

2.17
51
Estatística da Medição

4. a distribuição normal possui Características


propriedades matemáticas precisas O formato de uma curva de
e idênticas para todas as distribuição de probabilidade normal é
distribuições normais. simétrico e como um sino. A curva de
distribuição deve ter as seguintes
características:
1. simétrica em relação à média,
indicando que os erros negativos
de determinado valor são
igualmente freqüentes quanto os
positivos,.
2. formato mostrando que ocorreram
muitos desvios pequenos e poucos
desvios grandes,
3. valor de pico máximo igual ao valor
verdadeiro (exata) ou distante (não
exata).
4. pontos de inflexão da curva são
Fig. 6. Distribuição normal ou de x = x±σ
Gauss 5. por causa da simetria da curva, a
mediana é igual à média e como a
média ocorre no pico da densidade
Relação matemática de probabilidade, ele também
Quando se tem uma variável continua, representa a moda. Tem-se média
a função distribuição normal ou função = moda = mediana.
de Gauss tem a seguinte expressão 6. o eixo x é uma assíntota da curva.
matemática, envolvendo os números 7. quando normalizada, a área total
naturais 2, π e exponencial de e: sob a curva é igual a 1 englobando
 1  x − µ 2  100% dos eventos.
1
F( x ) = exp−    8. para o mesmo valor médio, a
σ 2π  2  σ   distribuição tem um pico estreito
para pequenos valores do desvio
A expressão matemática para uma padrão e é larga para grandes
amostra pequena, tem-se: valores do desvio padrão. Como a
 1  x − x 2  área é sempre igual a 1, quando o
1 formato for mais estreito, o pico é
F( x ) = exp−   
s 2π  2  s   maior.
9. a equação do valor máximo da
Quando a variável for discreta, pode- densidade de probabilidade vale:
se construir a curva a partir dos dados.
1 0,399
No eixo x, colocam-se os valores dos {p( x )}max = =
σ
dados divididos em classes e no eixo y, o 2πσ
número de vezes que aparecem os
dados. Quando o número de dados é 10. a probabilidade que o valor médio
muito grande (tendendo para infinito) e x fique entre um intervalo de x1 e x2 é a
sujeito somente às variações aleatórias, área debaixo da curva distribuição neste
os dados produzidos caem dentro da intervalo.
curva de distribuição normal. Os erros
aleatórios de uma medição formam uma Aplicações
distribuição normal por que eles resultam Pode-se determinar a probabilidade
da superposição mútua de uma grande de as medições replicadas caírem dentro
quantidade de pequenos erros de determinada faixa em torno da média.
independentes que não podem ser Esta probabilidade serve como medida
considerados separadamente. da confiabilidade da medição em relação

2.18
52
Estatística da Medição

aos erros aleatórios. Os limites de chance é de 95,5% que o erro seja


confiança servem para definir a faixa do menor que ±2σ.
erro aleatório da medição.
Para estabelecer se os erros
aleatórios ou desvios se aproximam da
distribuição de Gauss, são feitos testes
de homogeneidade. Estes testes
fornecem meios para
1. detectar se as diferenças entre os
conjuntos de medições são devidas
a uma razão real (sistemática) ou
aleatória,
2. detectar uma chance em um
característica de distribuição,
3. avaliar as diferentes medições,
distinguindo as mais e menos
confiáveis,
4. distinguir os erros dependentes e
correlatos.
Área Sob a Curva de Erro Normal
A área total sob a curva de
distribuição normal é 1, entre os limites -
∞ e +∞ pois todos os resultados caem
dentro dela. Independente de sua
largura, tem-se 68,3% da área sob a
curva do erro normal fica dentro de um Fig. 7. Limites da distribuição
desvio padrão (±σ) a partir da média. Ou
seja, 68,3% dos dados que formam a
população ficam dentro destes limites.
Distribuição Normal, Precisão e
Do mesmo modo, 95,5% de todos os
Exatidão
dados caem dentro dos limites de ±2σ da
média e 99,7% caem dentro de ±3σ. A análise do formato da curva de
distribuição normal das medições pode
Tab. 10 Limites para grandes populações mostrar a distinção entre exatidão e
precisão. As medições de um
Limites Percentagem Probabilidade instrumento muito preciso, quando
±0,67σ 50,0 0,500 pilotadas, dão uma curva de distribuição
±1,00σ 68,3 0,683 estreita e com o pico grande. As
±1,29σ 80,0 0,800 medições de um instrumento pouco
±1,64σ 90,0 0,900 preciso dão uma curva de distribuição
95,0 0,950 larga e com o pico pequeno. Quando a
±1,96σ
95,4 0,954 largura aumenta, o valor do pico deve
±2,00σ
99,0 0,990
diminuir, porque a área sob a curva é
±2,58σ igual a 1.
±3,00σ 99,7 0,997
As medições muito exatas de um
instrumento, quando pilotadas, dão uma
curva de distribuição com o valor médio
Por causa destas relações de área, o próximo do melhor valor estimado. Ou
desvio padrão de uma população de seja, a soma dos quadrados dos desvios
dados é um ferramenta útil de previsão. dos dados de seus valores estimados é
Por exemplo, pode-se dizer há uma mínimo (princípio dos mínimos
probabilidade de 68,3% que a incerteza quadrados). Quando as medições são
de qualquer medição isolada não seja pouco exatas, a sua curva de distribuição
maior que ±1σ. Do mesmo modo, a tem o valor médio distante do melhor

2.19
53
Estatística da Medição

valor estimado. Ou seja, a soma dos Distribuição Normal e Erro Provável


quadrados dos desvios dos dados de Se um conjunto aleatório de erros em
seus valores estimados é maior que o torno de um valor médio é examinado,
mínimo. acha-se que sua freqüência de
Deste modo é possível ter quatro ocorrência relativa ao seu tamanho é
combinações de boa, ruim, precisão e descrita por uma curva conhecida como
exatidão. a curva de Gauss ou a curva do sino.
As medições são muito exatas e o Gauss foi o primeiro a descobrir a
instrumento é muito preciso quando a relação expressa por esta curva. Ela
curva é estreita, o pico é elevado e o mostra que a ocorrência de pequenas
valor médio é igual (ou próximo) do valor desvios aleatórios da média são muito
verdadeiro. mais prováveis que grandes desvios. Ela
também mostra que estes grandes
desvios são muito improváveis.
desvio
O desvio padrão de uma distribuição
normal
1. mede o espalhamento da medição
em uma dada entrada
2. tem a mesma unidade da medição
3. é a raiz quadrada da média da
soma dos quadrados dos desvios
desvio de todas as medições possíveis da
média aritmética verdadeira.
Não preciso e não exato Não preciso e A curva também indica que os erros
exato
Fig.8. - Exatidão
aleatórios são igualmente prováveis
serem positivos e negativos. Quando se
As medições são pouco exatas e o usa o desvio padrão para medir o erro,
instrumento é muito preciso quando a pode-se usar a curva para determinar
curva é estreita, o pico é elevado e o qual a probabilidade de um erro ser
valor médio é distante do valor maior ou menor que um certo valor σ
verdadeiro. para cada observação.
As medições são muito exatas e o Pode-se calcular o erro provável
instrumento é pouco preciso quando a quando se tem apenas uma medição.
curva é larga, o pico é baixo e o valor Como o erro aleatório pode ser positivo
médio é igual (ou próximo) do valor ou negativo, um erro maior que 0,675σ é
verdadeiro. provável em 50% das observações.
As medições são pouco exatas e o Assim, o erro provável de uma medição é
instrumento é pouco preciso quando a
curva é larga, o pico é baixo e o valor e = ± 0,675 σ
médio é distante do valor verdadeiro.
Assim, uma medição possui três
partes:
1. um valor indicado
desvio 2. uma margem de incerteza ou erro
ou tolerância, que é o intervalo de
confiança, expresso em ±nσ, onde n é
uma constante e σ é o desvio padrão
3. uma probabilidade, que é a
indicação da confiança que se tem
quanto ao erro real estar dentro da
Preciso e não exato Preciso e exato margem de incerteza escolhida; p. ex.,
Fig.9. Precisão 99,73% quando se escolhe a margem de
±3σ.

2.20
54
Estatística da Medição

Distribuição Normal Padrão 2. Há uma distribuição simétrica de


Existe uma infinidade de curvas e desvios positivos e negativos em torno
funções distribuição normal, diferentes da média.
de acordo com o valor da média central 3. Há uma diminuição exponencial na
(µ) e do desvio padrão (σ). O desvio freqüência quando o valor dos desvios
padrão para a população que produz a aumenta, de modo que pequenas
curva mais larga e com menor pico (B) é incertezas são observadas muito mais
o dobro do desvio padrão da curva mais freqüentemente que as incertezas
estreita com o pico maior (A). O eixo dos grandes.
x das curvas é em afastamento da média A estatística z é normalizada e sua
em unidades de medição (x - µ). expressão matemática vale
Plotando as mesmas curvas, porém  z2 
usando como abcissa o desvio da média 2
−
 2


em múltiplos de desvio padrão [(x-µ)/σ] F( z) = e  


obtém-se uma curva idêntica para os
dois conjuntos de dados.
Qualquer distribuição normal pode ser 7. Intervalos Estatísticos
transformada em uma forma padrão O valor exato da média de uma
(standard). Para fazer isso, a variável x é
população de dados, µ, nunca pode ser
expressa como o desvio de sua média µ determinado exatamente por que tal
e dividida por seu desvio padrão σ, ou determinação requer um número infinito
seja, muda-se a variável x para outra de medições. O que se faz é tirar uma
variável z dada por: amostra significativa da população, com
x−µ
z= n dados (n > 20) e achar a média
σ
aritmética dos dados desta amostra, µ.
Na prática, usa-se uma amostra com (n <
Para uma amostra da população, tem-se
20) e tem-se a média x . Nesta situação,
a teoria estatística permite estabelecer
x−x
z≈ limites em torno da média da amostra, x ,
s
e garantir que a média da população, µ,
caia dentro destes limites com um dado
A variável z é o desvio da média dado
grau de probabilidade. Estes limites são
em unidades de desvio padrão. Assim,
chamados de limites de confiança e o
quando
intervalo que eles definem é conhecido
como o intervalo de confiança. Estes
(x - µ) = σ, z é igual a um desvio
limites são determinados multiplicando-
padrão;
se o desvio padrão disponível (da
Quando (x - µ) = 2σ, z é igual a dois população ou da amostra) por um fator
desvios padrão. de cobertura, f, que está associado com
Quando se tem uma particular um grau de probabilidade, P%. Os limites
destruição normal de uma variável de confiança definem um intervalo em
aleatória x, com uma dada média (µ) e torno da média da amostra que
desvio padrão (σ), achar a probabilidade provavelmente contem a média da
de x cair dentro de um determinado população total.
intervalo é equivalente a encontrar a área
debaixo da curva limitada pelo intervalo. 7.1. Intervalo com n grande (n > 20)
Porém, pode-se achar diretamente esta
área das tabelas de distribuição normal Quando se tem n > 20, a média das
padrão. medições é µ e o desvio padrão é σ. A
A curva da distribuição normal padrão medição pode ser reportada como:
apresenta as seguintes propriedades:
1. A média ocorre no ponto central de x = µ ± fσ (P%)
máxima freqüência e vale zero (µ = 0).
2. O desvio padrão é igual a 1 (σ = 1). onde

2.21
55
Estatística da Medição

x é o valor da medição 5 medições. Foram desenvolvidos


x é o valor médio das n medições métodos científicos para tornar mínimos
f é o fator de cobertura associado a os erros quando se manipulam amostras
P% com pequeno número de dados.
σ é o desvio padrão da população Neste caso, o desvio padrão aumenta,
P% é a probabilidade pois ele é inversamente proporcional a n,
Pode-se dizer, com uma probabilidade e também a incerteza aumenta. Agora, o
de acerto de P% que a medição x se fator de cobertura é dado pelo t do
encontra entre os limites: Student, que é

µ- fσ < x < µ + fσ x = x ± ts

Por exemplo, para uma probabilidade ou


de 95%, o fator de cobertura é 2. Isto x - ts < x < x + ts (P%)
significa que quando se tem uma
medição com n replicações, (n > 20) com t obtido de uma tabela que relaciona o
desvio padrão σ e média µ, então a seu valor, a probabilidade associada e o
medição x pode ser reportada como número de medições replicadas.
x = µ ± 2σ (95%) O parâmetro estatístico t é chamado
ou de t do Student, por que Student foi o
µ - 2σ < x < µ + 2σ (95%) pseudônimo usado por W. S. Gosset,
quando ele escreveu o artigo clássico, t,
7.2. Intervalo com n pequeno (n < 20) que apareceu na revista Biometrika,
1908, Vol. 6, Nr. 1. Gosset era
Quando a amostra tem um número empregado da Guinness Brewery e sua
pequeno de dados, n < 20, a média µ se função era analisar estatisticamente os
torna x , o desvio padrão σ se torna s, resultados da análise de seus produtos.
torna-se s. As equações passam para Com o resultado de seu trabalho, ele
descobriu o famoso tratamento
estatístico de pequenos conjuntos de
x = x ± fs (P%)
dados. Para evitar problemas com
segredos profissionais, Gosset publicou
ou
o papel sob o pseudônimo Student.
x - fs < x < x + fs
A distribuição t-Student tem formato
semelhante ao da distribuição normal,
Para o exemplo de probabilidade de
exceto que é mais achatada e se espalha
95%, para a amostra (n ≤ 20) com média
mais progressivamente para valores
x , a medição pode ser reportada como pequenos de n. O teste t permite
descobrir se toda a variabilidade em um
x = x ± 2s (95%) conjunto de medições replicadas por ser
atribuída ao erro aleatório.
x - 2s < x < x + 2s Os valores de t caem muito
(95%) rapidamente no início e depois caem
lentamente. Aumentar o número de
replicações da medição custa tempo e
7.3. Intervalo com n muito pequeno (n nem sempre o ganho é significativo. O
< 10) número compromisso sugere três a
quatro replicações
Populações com n muito grande (n >
20) requerem muito tempo para a
computação de seus parâmetros e há
uma grande probabilidade de enganos
nos cálculos. É mais pratico e rápido
trabalhar com populações com número
pequeno de dados (n < 10), por exemplo

2.22
56
Estatística da Medição

Tab. 12. Tabela Resumida de t s


x = x ± tP (P%)
ν t50 t90 t95 t99 n
1 1,00 6,31 12,71 63,66
2 0,82 2,92 4,30 9,92 Exemplo
3 0,76 2,35 3,18 5,84
Para o conjunto de medições abaixo,
4 0,74 2,13 2,78 4,60
determinar:
5 0,73 2,02 2,57 4,03
1. média
6 0,72 1,94 2,45 3,71
2. desvio padrão estimado
7 0,71 1,90 2,36 3,50
3. desvio padrão relativo percentual
8 0,71 1,86 2,31 3,36
4. como os dados devem ser
9 0,70 1,83 2,26 3,25
relatados para um nível de 99% de
10 0,70 1,81 2,23 3,17
confiança?
15 0,69 1,75 2,13 2,95
20 0,69 1,72 2,09 2,84
30 0,68 1,70 2,04 2,75
Tab. 13. Resultados
60 0,68 1,67 2,00 2,66
∞ 0,68 1,64 1,96 2,58 Medições Media Desvio
ν = (n-1), grau de liberdade 46,25 46,32 -0,07
α = (1 - intervalo de confiança) 46,40 46,32 +0,08
46,36 46,32 +0,04
onde 46,28 46,32 -0,04
tP é o coeficiente de confiança, obtido
de tabelas, a partir do grau de liberdade
Respostas
(ν) e da probabilidade (P%).
O grau de liberdade (ν) é dado por n-
1, onde n é o número de dados da 1. Média
amostra e a probabilidade (P).
Por exemplo, para 5 replicações (grau 46,25 + 46,40 + 46,36 + 46,28
x=
de liberdade 4), probabilidade de 95%, t 4
vale 2,78 (Tab. 12) e se tem
2. Desvio padrão estimado
2,78 s < x < 2,78 s
s = 0,0695
7.4. Intervalo para várias amostras
3. Coeficiente de variação
Quando se tem n conjuntos de
amostras com N dados (N ≤ 20), então 0,0695
se obtém o desvio padrão das médias CV = × 100 % = 0,15%
46,32
( s x ) e o fator de cobertura pode ser
menor, porque o desvio padrão das 4. Probabilidade de 99%, tem-se
médias das amostras é mais confiável α = 0,01
que o desvio de apenas uma amostra. Grau de liberdade (4-1) = 3
Neste caso, divide-se o fator de
cobertura, f, por n . Por exemplo, para Da tabela, tem-se
probabilidade de P%, tem-se:
t = 5,84
sx sx
x−f <x<x+f (P%) Então o melhor valor da média é
n n
5,4 × 0,0695
Quando o número de dados de cada 46,32 ± = 46,32 ± 0,20
4
amostra é pequeno, o fator de cobertura
se torna o tP do Student e tem-se:

2.23
57
Estatística da Medição

8. Conformidade das Medições 8.2. Teste Q


No teste Q, o valor absoluto (sem
8.1. Introdução considerar o sinal) da diferença entre o
resultado questionável e seu vizinho mais
Mesmo com métodos válidos, próximo é dividido pela largura de
instrumentos calibrados e procedimentos espalhamento do conjunto inteiro dá a
cuidadosos, ainda há erros aleatórios e quantidade Qexp
longe da média. Não são sistemáticos
nem aleatórios, mas grosseiros. Um
xq − xn
dado com erro grosseiro é marginal Q exp =
(outlier). Quando se encontra um erro w
marginal, deve-se:
1. retira-lo do conjunto de dados Se Qexp > Qcrit, rejeite o dado
2. identifica-lo questionável.
3. dar razões para sua rejeição ou Se Qexp < Qcrit, retenha o dado
retenção, p. ex., por um teste Q. questionável.
Quando um conjunto de dados
contem um resultado marginal que difere 8.3. Teste do χ2 (qui quadrado)
excessivamente da média, a decisão que
O teste de χ2 (lê-se qui quadrado) é
deve ser tomada é rejeitar ou reter o
usado para verificar se um fenômeno
dado. A escolha do critério para rejeitar
observado se comporta como um modelo
um resultado suspeito tem seus perigos.
esperado ou teórico. Por exemplo, ele
Se estabelece uma norma rigorosa que
pode ser usado para comparar o
torna a rejeição difícil, corre-se o risco de
desempenho de máquinas ou outros
reter resultados que são espúrios e tem
itens. A vida útil de lâmpadas,
um efeito indevido na média. Se
localizações da linha de centro de furos
estabelecem limites indulgentes na
em placas, localizações de tiros de
precisão e torna fácil a rejeição,
artilharia e missões de bombardeio
provavelmente se jogará fora medições
seguem a distribuição χ2.
que certamente pertencem ao conjunto,
Quando se obtém um conjunto de
introduzindo um erro sistemático aos
medições, assume-se que as medições
dados. Infelizmente, não existe uma
são uma amostra de alguma distribuição
regra para definir a retenção ou rejeição
conhecida, por exemplo, a normal. Para
do dado.
comparar as diferentes partes da
distribuição observada, subdividem-se os
dados em um número de n classes e
determina-se a freqüência observada em
cada classe. Depois, estima-se a
freqüência esperada de cada classe,
assumindo que a distribuição está de
conformidade com a distribuição original,
por exemplo, a normal, através dos
seguintes passos:
1. calcule o valor médio e o desvio
padrão,
2. para cada intervalo da classe,
assuma uma variável normal padrão zh e
zl para os limites superior e inferior,
respectivamente,
3. da tabela da distribuição normal,
determine as probabilidades da função
Fig. 10. Pontos suspeitos ou outliers entre (0 e zh) e (0 e zl).Os valores
dependem se é tomado apenas um lado
ou os dois lados da curva.

2.24
58
Estatística da Medição

4. a soma dos valores acima dá a baseada em uma hipótese ou


probabilidade no dado intervalo, se o distribuição.
limite superior estiver entre (0 e +∞) e o O objetivo é determinar se as
limite inferior estiver entre (0 e -∞) e vice- freqüências observadas e esperadas
versa. A diferença dos valores acima dá estão próximas o suficiente para se
a probabilidade se os dois limites cairem concluir se elas são provenientes de
ou entre (0 e +∞) ou (0 e -∞), mesma distribuição de probabilidade.
5. multiplique a probabilidade da O numerador da expressão de χ2
distribuição em um dado intervalo de representa os quadrados dos desvios
classe pelo número total de observações entre as freqüências esperadas e
para obter a freqüência esperada de observadas nas n classes e é sempre
ocorrências da variável neste intervalo, positivo. Estes valores são normalizados
6. como a soma das freqüências em cada classe, dividindo-os pela
esperadas em todas as classes não é respectiva freqüência esperada de cada
necessariamente igual ao numero total classe.
de observações, pois os A mesma ordem de desvio nas
arredondamentos devidos à interpolação freqüências esperadas e observadas
na tabela das probabilidades provocam causa relativamente maior contribuição
pequenas diferenças, usa-se um fator de no parâmetro χ2 nas extremidades da
correção para fazer a soma das curva dos dados normalmente
freqüências esperadas igual ao número distribuídos, em comparação com os
de observações. valores próximos do valor médio da
7. a partir das freqüências esperadas curva. Isto é explicado pelo fato de os
em várias classes, determina-se o valores relativamente grandes das
parâmetro χ2 pela equação freqüências esperadas próximas do valor
médio dos dados estarem no
n
( f e 1 − fo 1 ) 2 denominador de χ2.
ν = ∑
2
χ (n-m) Para evitar que as contribuições
i=1 fei
anormalmente grandes no parâmetro χ2
quando as freqüências esperadas forem
onde pequenas, deve-se reagrupar as várias
n é o número de valores que são classes, de modo que a freqüência
somados para produzir o valor de χ2 esperada em cada classe não seja
m é o número de constantes usadas menor que 5.
no cálculo das freqüências esperadas Se a distribuição da amostra está de
(n - m) é o grau de liberdade, com conformidade com a distribuição teórica
índice ν. assumida, deve-se ter χ2 = 0. Quanto
fe1, fe2, ...fen são as n freqüências maior o valor de χ2, maior é a
esperadas, discordância entre a distribuição
fo1, fo2, ...fon são as n freqüências esperada e os valores observados.
observadas Quanto maior o valor de χ2, menor é a
Pode também se falar de uma probabilidade que a distribuição
distribuição χ2, definida como: observada satisfaça a distribuição
observada. Deste modo, o parâmetro χ2
 (O − E )2  é muito útil na análise estatística dos
∑  E 
i i
dados, para avaliar a validade dos dados.
 i
 Para a aplicação do teste do χ2,
1. determine o valor de χ2 para os
onde dados disponíveis
Oi é a freqüência da ocorrência 2. determine os valores dos graus de
observada no io intervalo de classe liberdade F que é igual a (n - m),
Ei é a freqüência da ocorrência 3. determine a probabilidade de a
esperada no io intervalo de classe , medição real estar de conformidade com

2.25
59
Estatística da Medição

a distribuição esperada a partir das Tab. 16 - Freqüências


tabelas de χ2 ou do diagrama χ2 - F. # foi fei foi-fei (foi-fei)2/fei
1 13 10,82 2,18 0,439
Exemplo 2 12 13,57 -1,57 0,182
3 16 15,57 0,43 0,012
Os coeficientes de atrito entre o vidro 4 10 11,87 -1,87 0,295
e a madeira foram medidos no 5 9 8,17 8,83 0,084
laboratório com uma técnica livre de Total: 1,012
erros sistemáticos. Os dados obtidos
são:
Obtém-se χ2 = 1,012
O número de grau de liberdade F é (n-
Tab. 14 - Coeficientes e freqüência m).
Coeficiente Freqüência observada No problema, o número de termos que
são somados para dar χ2 é n = 5. O
0,44-0,46 3 número m é igual ao número de
0,46-0,48 10 quantidades obtidas das observações
0,48-0,50 12 que são usadas no cálculos das
0,50-0,52 16 freqüências esperadas. No problema, m
0,52-0,54 10 = 3, porque há três quantidades: número
0,54-0,56 6 total de observações, o valor médio e o
0,56-0,58 3 desvio padrão dos dados que são usados
no cálculo das freqüências esperadas,
então F = 5 - 3 = 2
Determinar se os valores dos Para 2 graus de liberdade, o valor de
coeficientes de atrito seguem a 2
χ ao nível de 10% de probabilidade do χ
distribuição normal ou não. Os valores do 2, da tabela, tem-se 4,605. Como o valor
teste χ2 até o nível de 10%. de χ2 = 1,012 não é muito grande e
Solução como a probabilidade P(χ2) = 0,62
1. Determinação do valor médio e do (obtida da curva onde χ2 =1,012 e F = 2)
desvio padrão: está entre 0,1 e 0,9, resulta que os dados
x = 0,51 devem ser aceitos ou que os dados
s = 0,03062 estão conforme a distribuição normal.
2. Usando a tabela da Distribuição
Normal, determinam-se as 8.4. Teste de Chauvenet
probabilidades entre os intervalos das O teste de Chauvenet estabelece que
diferentes classes. uma leitura pode ser rejeitada se a
probabilidade de se obter um desvio
Tab. 15 - Tabela de freqüências particular da média é menor que 1/2n,
# Classe foi zl zh P(zl) P(zh) P(∆∆z) fei
1 0,44-0,46 3 -2,178 -1,525 0,485 0,4364 0,0489 2,99 onde n é o número de observações. A
2
3
0,46-0,48
0,48-0,50
10
12
-1,525
-0,872
-0,872
-0,219
0,436
0,308
0,3084
0,0864
0,1280
0,2217
7,83
13,57 tabela dá o valor do desvio do ponto para
4
5
0,50-0,52
0,52-0,54
16
10
-0,219
0,434
0,434
1,088
0,086
0,167
0,1678
0,3617
0,2545
0,1939
15,57
11,87
média que deve ser excedido para
6 0,54-0,56 6 1,088 1,741 0,361 0,4592 0,0975 5,97 rejeitar este ponto. Assim que todos os
7 0,56-0,58 3 1,741 2,394 0,459 0,4952 0,0360 2,20
pontos espúrios são rejeitados, calcula-
se uma nova média e um novo desvio
Na tabela acima, as freqüências padrão para a amostra.
esperadas da primeira e última classe
são menores que 5 e por isso elas 
devem ser combinadas com as classes
adjacentes para fazê-las maiores que 5 e
obtém os seguintes cálculos:

Apostilas\Metrologia 2Estatística.DOC 24 SET 98 (Substitui 01 ABR 98)

2.26
60
Estatística da Medição

Rejeição de espúrios pelo critério de Chauvenet então a distribuição observada


segue a distribuição assumida, ou
Observações σ
dmax/σ seja, não há razão de duvidar da
2 1,15 hipótese. Em certos casos, o limite
3 1,38 inferior da probabilidade χ2,
4 1,54 chamado de nível de significância,
5 1,65 pode ser reduzido para 0,05.
6 1,73 2. se o valor da probabilidade no teste
7 1,80 χ2 está abaixo do limite inferior
10 1,96 prescrito, então o resultado é
15 2,13 significante e os dados da amostra
25 2,33 são considerados inteiramente
50 2,57 diferentes da distribuição
100 2,81 assumida. Neste caso, o parâmetro
dmax é o desvio máximo aceitável χ2 é muito grande.
σ desvio padrão da população
3. Se o valor de χ2 é muito pequeno e
próximo de zero, então a
8.5. Outros Testes
probabilidade pode exceder o limite
Existem vários outros testes superior de 0,9. Embora isso seja
estatísticos para fornecer critérios para difícil de se encontrar, na prática,
rejeição ou retenção de outliers. Como o quando ocorrer, os dados são
teste Q, estes outros também assumem considerados suspeitosamente
que a distribuição dos dados da bons.
população seja normal. Infelizmente, esta
condição não pode ser aprovada ou 8.7. Não-Conformidades
reprovada para amostras que tenham As recomendações para o tratamento
muito menos que 50 resultados. As de um pequeno conjunto de resultados
regras estatísticas que são confiáveis que contem um valor suspeito são:
para distribuição normal de dados devem 1. Reexaminar cuidadosamente todos
ser usados com extremo cuidado, os dados relacionados com o
quando aplicadas a amostras com outlier para ver se um erro
poucos dados. grosseiro afetou seu valor.
A aplicação cega de testes 2. Se possível, estimar a precisão que
estatísticos para determinar a rejeição ou pode ser razoavelmente esperada
retenção de uma medição suspeita em para estar seguro que o resultado
um pequeno conjunto de dados não é suspeito realmente é questionável.
provavelmente mais confiável do que 3. Repetir a análise, se for possível. A
uma decisão arbitrária. A aplicação de concordância ou discordância entre
bom julgamento baseado na experiência o dado novo e o original suspeito
e conhecimento do processo envolvido é serve para manter ou rejeitar o
um enfoque válido. Enfim, a única razão dado suspeito.
válida para rejeitar um resultado de um 4. Se não se tem nenhum dado
pequeno conjunto de dados é a certeza adicional, aplicar o teste Q ao
que foi cometido um erro no processo da conjunto existente para ver se o
medição. Deve-se ter cautela para resultado duvidoso deve ser retido
rejeitar um dado, por qualquer razão. ou rejeitado em base estatística.
5. Se o teste estatístico indicar a
8.6. Conformidade (goodness of fit)
retenção, considerar a mediana no
Os critérios estatísticos para verificar lugar da média do conjunto. A
se um conjunto de dados está de mediana tem a grande virtude de
conformidade com as distribuições permitir a inclusão de todos os
teóricas assumidas são: dados em um conjunto sem
1. se os valores de probabilidade no influência indevida de um valor
teste χ2 caem entre 0,1 e 0,9, suspeito.

2.27
61
3
Quantidades Medidas
Objetivos de Ensino
1. Conceituar as quantidades físicas quanto a energia e propriedades: intensivas ou
extensivas, variáveis ou constantes, continuas ou discretas, mecânicas ou elétricas,
dependentes ou independentes.
2. Apresentar os conceitos e notação da função e da correlação. Mostrar a função linear.
3. Listar as sete quantidades físicas de base e as duas complementares, mostrando
seus conceitos, unidades e padrões.
4. Listar as quantidades físicas derivadas mais comumente encontrada na Engenharia,
de natureza mecânica, elétrica, química e de instrumentação, mostrando seus
conceitos, unidades, padrões e realização física.

quantidade, como eficiência, informação e


1. Quantidade Física probabilidade.

1.1. Conceito 1.2. Valor da quantidade

Quantidade é qualquer coisa que possa ser O valor é uma característica da


expressa por um valor numérico e uma unidade de quantidade que pode ser definida
engenharia. Como exemplos, quantitativamente. O valor é também
chamado de dimensão, amplitude,
1. massa é uma quantidade física tamanho. Para descrever satisfatoriamente
expressa em kilogramas; uma quantidade para um determinado
2. velocidade é uma quantidade física objetivo, os valores de interesse devem ser
expressa em metros por segundo e identificados e representados
3. densidade relativa é uma quantidade numericamente. Cada valor é medido e
física adimensional. expresso em unidades. A unidade tem um
O círculo não é uma quantidade física, tamanho relativo e subdivisões que são
pois é caracterizado por uma certa forma diferentes entre os diversos sistemas de
geométrica que não pode ser expressa medição.
por números. O círculo é uma figura Pode-se somar ou subtrair somente
geométrica. Porem, a sua área é uma quantidades de mesma dimensão e
quantidade física que pode ser expressa unidade, sendo a unidade do resultado
por um valor numérico (p. ex., π, 5) e uma igual à unidade das parcelas. Pode-se
unidade (p. ex., metro quadrado). multiplicar ou dividir quantidades de
Muitas noções que antes eram consideradas quaisquer dimensões e a dimensão do
somente sob o aspecto qualitativo foram resultado é o produto ou divisão das
recentemente transferidas para a classe de parcelas envolvidas.

3.1
62
Quantidades Medidas
É possível se ter quantidades Na elaboração de listas de quantidades
adimensionais ou sem dimensão. do processo que impactam a qualidade do
Geralmente são definidas como a divisão produto final é também necessário o
ou relação de duas quantidades com conhecimento total das características da
mesma dimensão; o resultado é sem quantidade.
dimensão ou adimensional. Uma
Energia e Propriedade
quantidade adimensional é caracterizada
completamente por seu valor numérico. As variáveis de quantidade e de taxa de
Exemplo de quantidade adimensional é a variação se relacionam diretamente com
densidade relativa, definida como a divisão as massas e os volumes dos materiais
da densidade de um fluido pela densidade armazenados ou transferidos no processo.
da água (líquidos) ou do ar (gases). Em As variáveis extensivas independem das
instrumentação há vários números propriedades das substâncias. Elas
adimensionais úteis como número de determinam a eficiência e a operação em
Reynolds, Mach, Weber, Froude. O valor si do processo. As variáveis de quantidade
numérico da quantidade, associado à incluem volume, energia, vazão, nível,
unidade também é adimensional. Por peso e velocidade de maquinas de
exemplo, no comprimento 10 metros (10 processamento.
m), 10 é um número adimensional e As variáveis de energia se relacionam
metros é a unidade de comprimento com a energia contida no fluido ou no
usada, cujo símbolo é m. equipamento do processo. Elas podem
determinar indiretamente as propriedades
1.3. Classificação das Quantidades finais do produto e podem estar
relacionadas com a qualidade do produto.
As quantidades possuem características Elas deixam de ser importantes assim que
comuns que permitem agrupá-las em os produtos são feitos. Elas independem
diferentes classes, sob diferentes da quantidade do produto e por isso são
aspectos. intensivas. As variáveis de energia
Quanto aos valores assumidos, as incluem temperatura e pressão.
quantidades podem ser variáveis ou As variáveis das propriedades das
constantes, contínuas ou discretas. substâncias são especificas e
Sob o ponto de vista termodinâmico, as características das substâncias. Todas as
variáveis podem ser intensivas ou grandezas especificas são intensivas. Por
extensivas. Em outras palavras, elas definição, o valor especifico é o valor da
podem ser variáveis de quantidade ou de variável por unidade de massa. Por
qualidade. exemplo, energia especifica, calor
Com relação ao fluxo de energia especifico e peso especifico. As principais
manipulada, as variáveis podem ser variáveis de propriedade são: a densidade,
pervariáveis ou transvariáveis. viscosidade, pH, condutividade elétrica ou
Sob o ponto de vista de função, as térmica, calor especifico, umidade absoluta
variáveis podem ser independentes ou ou relativa, conteúdo de água, composição
dependentes. química, explosividade, inflamabilidade,
Obviamente, estas classificações se cor, opacidade e turbidez.
superpõem; por exemplo, a temperatura é
uma quantidade variável contínua de Extensivas e Intensivas
energia intensiva, transvariável; a corrente O valor da variável extensiva depende
elétrica é uma variável continua de da quantidade da substância. Quanto
quantidade, extensiva e pervariável. maior a quantidade da substância, maior é
Para se medir corretamente uma o valor da variável extensiva. Exemplos de
quantidade é fundamental conhecer todas variáveis extensivas: peso, massa, volume,
as suas características. A colocação e a área, energia.
ligação incorretas do medidor podem O valor da variável intensiva independe
provocar grandes erros de medição e até da quantidade da substância. Em um
danificar perigosamente o medidor. sistema com volume finito, os valores
intensivos podem variar de ponto a ponto.

3.2
63
Quantidades Medidas
Sob o ponto de vista termodinâmico, as Pode-se considerar incoerente chamar
variáveis de energia e das propriedades uma constante de variável. Porem, uma
das substâncias são intensivas, porque quantidade constante é um caso especial
independem da quantidade da substância. de uma quantidade variável. A constante é
Exemplos de variáveis intensivas: pressão, a variável que assume somente um valor
temperatura, viscosidade, densidade e fixo durante todo o tempo. Como, na
tensão superficial. prática sempre há uma variabilidade
natural em qualquer grandeza, deve-se
Pervariáveis e Transvariáveis
estabelecer os limites de tolerância, dentro
Uma pervariável ou variável através dos quais a grandeza se mantém
(through) é aquela que percorre o constante.
elemento de um lado a outro. Uma Em instrumentação, raramente se mede
perváriável pode ser medida ou continuamente uma constante. Como ela é
especificada em um ponto no espaço. constante, basta medi-la uma única vez e
Exemplos: força, momento, corrente considerar este valor em cálculos ou
elétrica e carga elétrica. compensações. Por exemplo, a diferença
Uma transvariável ou variável entre dois de altura do elemento sensor e do
pontos (across) é aquela que existe entre instrumento receptor influi na pressão
dois pontos do elemento. Para medir ou exercida pela coluna líquida do tubo
especificar uma transvariável são capilar. Esta altura é definida pelo projeto,
necessários dois pontos no espaço, mantida na instalação e considerada na
usualmente um ponto é a referência. calibração. Ela não é medida
Exemplos: deslocamento, velocidade, continuamente, porem, quando há
temperatura e voltagem. alteração de montagem, o novo valor da
Todos os objetos em um sistema altura é considerado na calibração do
dinâmico envolvem uma relação medida ou instrumento.
definida entre uma transvariável e uma O objetivo do controle de processo é o
pervariável. Por exemplo, o capacitor, de manter constante uma variável ou
resistor e indutor elétricos podem ser deixá-la variar dentro de certos limites.
definidos em termos da relação entre a Parâmetro é uma quantidade constante
transvariável voltagem e a pervariável em cada etapa da experiência, mas que
corrente. assume valores diferentes em outras
Variáveis e Constantes etapas. Deve-se escolher os parâmetros
mais significativos entre as várias
A variável de processo é uma grandeza
características do processo. Por exemplo,
que altera seu valor em função de outras
quando se faz uma experiência para
variáveis, sob observação ao longo de um
estudar o comportamento da pressão de
tempo. Constante ou variável constante é
líquidos em um tanque, usando-se líquidos
aquela cujos valores permanecem
com densidades diferentes entre si, a
inalterados durante o tempo de
densidade, constante para cada liquido e
observação e dentro de certos limites de
diferente entre os líquidos, é chamada de
precisão.
parâmetro.
Por exemplo, seja um tanque cheio de
água. A pressão que a coluna de água Contínuas e Discretas
exerce em diferentes pontos verticais é Variável contínua é aquela que assume
variável e depende da altura. Porem, ao todos os infinitos valores numéricos entre
mesmo tempo, a densidade da água pode os seus valores mínimo e máximo. Na
ser considerada constante, com um natureza, a maioria absoluta das variáveis
determinado grau de precisão, em é continua; a natureza não dá saltos. Uma
qualquer ponto do tanque. Diz-se, então, variável contínua é medida. Exemplo de
que a pressão da água é uma quantidade uma variável contínua: a temperatura de
variável em função da altura liquida e a um processo que varia continuamente
densidade da água é uma quantidade entre 80 e 125 oC.
constante em função da altura liquida e do Variável discreta é aquela que assume
tempo. somente certos valores separados. Na

3.3
64
Quantidades Medidas
prática, as variáveis discretas estão padrão, baseado no fio de liga platina-
associadas a eventos ou condições. Uma prata.
variável discreta é contada. Por exemplo, As unidades elétricas SI derivadas
uma chave só pode estar ligada ou podem ser definidas em função de
desligada. O número de peças fabricadas quantidades mecânicas.
é um exemplo de variável discreta. O volt (V), unidade de diferença de
potencial e força eletromotriz, é a diferença
Mecânicas e Elétricas
de potencial entre dois pontos de um fio
As quantidades mecânicas são as condutor percorrido por uma corrente
derivadas do comprimento, massa, tempo constante de 1 A, quando a potência
e temperatura. São exemplos de dissipada entre estes pontos é igual a 1 W.
quantidades mecânicas: O ohm (Ω), unidade de resistência
1. área e volume que dependem elétrica, é a resistência elétrica entre dois
apenas do comprimento. pontos de um condutor quando uma
2. velocidade e aceleração que diferença de potencial constante de 1 V
envolvem comprimento e tempo. aplicada a estes pontos produz no
3. força, energia e potência que condutor uma corrente de 1 A, o condutor
envolvem massa, comprimento e não sendo fonte de qualquer força
tempo eletromotriz.
4. freqüência que depende apenas do O coulomb (C), unidade de quantidade
tempo. de eletricidade, é a quantidade de
A produção contínua de eletricidade se eletricidade transportada em 1 s por uma
tornou realidade com a invenção da pilha corrente de 1 A.
por Volta, em 1800. A análise dos circuitos O farad (F), unidade de capacitância, é
elétricos começou em 1827, quando a capacitância entre as placas do capacitor
George Simon Ohm descobriu a relação onde aparece uma diferença de potencial
entre voltagem, corrente e resistência. de 1 V quando é carregado por uma
Nesta época as unidades destas quantidade de eletricidade de 1 C.
grandezas ainda não eram estabelecidas. O henry (H), unidade de indutância
Os valores de corrente eram medidos com elétrica, é a indutância de um circuito
um arranjo de agulha compasso e bobina. fechado em que uma força eletromotriz de
Os valores da tensão elétrica eram 1 V é produzida quando a corrente elétrica
estabelecidos em termos de potencial de varia uniformemente à taxa de 1 A/s.
uma pilha voltaica específica. Os valores O weber (Wb), unidade de fluxo
de resistência eram estabelecidos em magnético, é o fluxo que, ligando um
termos da resistência de um comprimento circuito de uma volta produz nele uma
particular de fio de ferro com um diâmetro força eletromotriz de 1 V se for reduzido a
específico. zero em uma taxa uniforme de 1 s.
Era evidente a necessidade de um O tesla (T) é a densidade de fluxo de 1
sistema universal de unidades no campo Wb/m2.
elétrico, relacionadas com as unidades As principais variáveis envolvidas na
mecânicas já estabelecidas, como indústria de processo são quatro:
comprimento massa e tempo. Em 1832, temperatura (grandeza de base), pressão
Karl Friedrich Gauss mediu a intensidade (mecânica), vazão volumétrica ou mássica
do campo magnético da terra em termos (mecânica) e nível (mecânica). Em menor
de comprimento, massa e tempo. Em freqüência, são também medidas a
1849, Wilhelm Kohlraush mediu a densidade (mecânica), viscosidade
resistência em termos destas unidades. (mecânica) e composição (química).
Wilhelm Weber, em 1851, introduziu um Porem, na instrumentação, são
sistema completo de unidades elétricas manipulados os sinais pneumático (20 a
baseado em unidades mecânicas. Estes 100 kPa) e eletrônico (4 a 20 mA cc). Por
princípios de Weber formam a base do causa da instrumentação eletrônica, as
sistema atual de medições elétricas. Em quantidades elétricas como voltagem,
1861, a Associação Britânica para o resistência, capacitância e indutância se
Avanço da Ciência introduziu o ohm

3.4
65
Quantidades Medidas
tornaram muito importantes, pois elas anormal. Os limites de operação normal
estão ligadas naturalmente aos são aqueles assumidos pela variável
instrumentos eletrônicos de medição e quando não há problemas no controle
controle de processo e de teste e automático do processo. Quando há falhas
calibração destes instrumentos. no controle automático e estes limites são
atingidos, geralmente existem alarmes que
1.4. Faixa das Variáveis chamam a atenção do operador para
assumir o controle manual do processo. O
Faixa e Largura de Faixa operador deve levar os valores da variável
Os limites mínimo e máximo definem a novamente para dentro dos limites de
faixa (range) de operação do sistema. A operação normal, atuando manualmente
faixa de operação da entrada é definido nos instrumentos e equipamentos do
como estendendo de xmin até xmax. Esta processo. Quando, por motivos de falha
faixa define sua largura de faixa de entrada em algum equipamento ou instrumento da
(span), expressa como a diferença entre malha de controle automático, a variável
os limites da faixa continua se afastando dos limites de
operação normal, geralmente são
ri = xmax - xmin estabelecidos outros limites de
desligamento (trip ou shut down). Quando
De modo análogo, a faixa de operação a variável atinge os valores de
da saída é especificada de ymix para ymax. A desligamento, todo o processo é
largura de faixa da saída ou fundo de desligado, para proteger o operador ou os
escala de operação é expressa como: equipamentos envolvidos.
Há variáveis que podem assumir
ro= ymax - ymin valores negativos e positivos, em função
do processo e da unidade usada. Por
Por exemplo, a faixa de temperatura de exemplo, a pressão manométrica pode ter
um ambiente pode ser de 15 a 30 oC. A valores positivos e negativos (vácuo).
largura de faixa vale 15 oC; (30 - 15 oC = Porem, a pressão absoluta só pode
15 oC). A faixa de temperatura de -15 a 30 assumir valores positivos. A temperatura
oC tem largura de faixa de 45 oC; [30 - (- na escala Celsius pode assumir valores
15) oC = 45 oC]. negativos ou positivos; porem, a
A faixa de medição sempre vai de 0 a temperatura absoluta ou termodinâmica só
100%, porem o 0% pode ser igual ou pode assumir valores positivos, em kelvin.
diferente de zero. A terminologia das faixas Faixa e Desempenho do Instrumento
é a seguinte:
Em Metrologia, é importante se
0 a 100 oC - faixa normal
conhecer a faixa calibrada do instrumento
10 a 100 oC - faixa com zero suprimido
e o seu ponto de trabalho, pois
-10 a 100 oC - faixa com zero elevado
tipicamente, a precisão do instrumento é
O conceito de faixa com zero elevado
expressa ou em percentagem do fundo de
ou suprimido é particularmente importante
escala ou em percentagem do valor
na calibração de transmissores de nível.
medido.
Limites de Faixa O instrumento com erro de zero e de
É importante evitar extrapolação além largura de faixa possui precisão expressa
da faixa da calibração conhecida durante a em percentagem do fundo de escala. Por
medição pois o comportamento do sistema exemplo, a medição de vazão com placa
de medição não é registrado nesta região. de orifício tem incerteza expressa em
A faixa de calibração deve ser percentagem da vazão máxima medida ou
cuidadosamente escolhida e deve ser do fundo de escala.
consistente com a faixa de operação do Instrumento com erro devido apenas à
sistema de medição. largura de faixa possui precisão expressa
Na prática, uma variável pode ter limites em percentagem do valor medido. Por
de operação normal e limites de operação exemplo, transmissor inteligente de

3.5
66
Quantidades Medidas
pressão diferencial, turbina medidora de Quando a função é conhecida, pode-se
vazão. ter:

1.5. Função Matemática y = ax + b (linear)

Conceito onde a e b são parâmetros constantes


A função é uma regra ou lei de acordo arbitrários.
com a qual os valores da variável Uma função matemática pode ser
independente correspondem aos valores representada por:
da variável dependente. A função é a lei de 1. fórmula analítica
correspondência entre os valores das 2. tabela de valores
variáveis. A função é uma relação causal. 3. gráfico.
Podem existir regras para determinar o Domínio ou definição da função é a
valor da variável dependente para cada totalidade dos valores que a variável
valor do argumento sem relação independente pode assumir.
matemática conhecida. Por exemplo, a A função pode ser contínua ou discreta.
temperatura ambiente varia ao longo de A função é continua quando a variação
um dia ou de um ano, de modo aleatório e gradual do argumento resulta em variação
imprevisível. gradual da função, sem pulos. A função é
As variáveis podem ser independentes discreta quando ela possui pontos de
ou dependentes de outras variáveis. As descontinuidade. A função pode ser
variáveis independentes podem se alterar periódica, quando se repete em intervalos
arbitrariamente e são também chamadas definidos. A função pode ser constante,
de argumentos. Variáveis dependentes quando assume um único valor. A função
tem valores determinados pelos valores de pode assumir valores múltiplos e ser
outras variáveis independentes e são sempre crescente ou decrescente.
também chamadas de funções. Função Linear
Por exemplo, a área do círculo S
Na prática, a função linear é muito
interessante e comum. A forma geral de
S = π r2
uma função linear é:
y = ax + b
r é a variável independente ou
onde
argumento
y é a função
S é a variável dependente ou função.
x é o argumento
As funções podem depender de um
a e b são parâmetros constantes.
único argumento (área do círculo em
A representação gráfica de uma função
função do raio) ou de dois ou mais
linear é uma linha reta, onde
argumentos. Por exemplo, a pressão de
a é a inclinação da reta
gás com massa constante, p
b é o ponto onde a reta corta o eixo y
-b/a é o ponto onde a reta corta o eixo x
p = RT/V
A linearidade é um dos parâmetros da
precisão do instrumento. Ser linear é
depende da temperatura (T) e do volume
conveniente pois,
do gás (V) e R é uma constante física.
1. dois pontos (ou um ponto e uma
Notação inclinação) são suficientes para
Quando y é função genérica de x, tem- determinar uma reta e como
se: conseqüência, bastaria calibrar dois
únicos pontos de uma reta de
y = f(x) calibração,
2. é fácil se fazer interpolação e
onde x pode assumir certos valores extrapolação de pontos.
particulares. Quando se tem uma relação não-linear
é comum e conveniente linearizá-la,
através da função matemática inversa. Por

3.6
67
Quantidades Medidas
exemplo, na medição da vazão com placa entre a altura e o peso das pessoas, e de
de orifício, onde a pressão diferencial um modo geral, as pessoas mais altas
gerada pela placa é proporcional ao pesam mais que as pessoas mais baixas.
quadrado da vazão que se quer medir, Outro exemplo, é a correlação entre o
usa-se o extrator de raiz quadrada para ato de fumar e a duração da vida das
tornar linear a relação entre a pressão pessoas. Quando se diz que o fumo reduz
diferencial e a vazão. a duração da vida de uma pessoa, também
O incremento de uma função linear é há um correlação ou dependência
diretamente proporcional ao incremento do correlativa, porque, embora haja muitas
argumento: exceções, experimentalmente se verifica
∆y = k ∆x que a vida média dos não fumantes é
maior do que a dos fumantes, quando se
Esta propriedade do incremento é a considera a distribuição da probabilidade
base da interpolação linear. Suponha que da duração da vida.
se conheçam os valores de uma função y Define-se como coeficiente de
= f(x) para correlação a medida da interdependência
x = xo e x = (xo + h): entre duas variáveis. O coeficiente varia
continuamente entre +1 e -1, passando
f(xo) = yo pelo valor zero intermediário. Quando o
(fxo + h) = y1 coeficiente é zero, não há correlação entre
as duas variáveis e elas são totalmente
mas os valores para a função y para x independentes. O coeficiente de
entre x0 e (x0 + h) sejam correlação +1 indica uma correlação
desconhecidos. A função pode ser positiva perfeita, quando uma variável é
substituída por um segmento de reta que linear e diretamente proporcional a outra;
1. assuma mesmos valores para x0 e quando uma aumenta a outra também
(x0 + h) aumenta. O coeficiente de correlação -1
2. substitua a função por uma linha reta indica uma correlação negativa perfeita,
entre x0 e (x0 + h) onde uma variável é inversamente
proporcional a outra; quando uma aumenta
y1 − yo a outra diminui linearmente.
y = yo + ( x − xo )
h Deve-se distinguir claramente entre a
Tal substituição é possível e válida no relação determinística (função
caso da função f(x) diferir levemente da matemática), onde não há exceção alguma
função linear no intervalo entre xo e (xo + e a dependência correlativa (correlação),
h). A interpolação é usada, na prática, em onde há muitas exceções que contradizem
tabelas com pequenos intervalos e quando a relação, mas que não afetam a validade
os sucessivos valores da função diferem geral da inferência de probabilidade.
levemente entre si. A extrapolação linear
se processa de modo semelhante. 2. Quantidades de Base do SI
Correlação As unidades SI são divididas em três
Correlação é a relação entre duas classes:
variáveis aleatórias que não é função 1. unidades de base
determinística. Por exemplo, a relação 2. unidades suplementares
entre o peso e a altura das pessoas é uma 3. unidades derivadas
correlação. O peso não depende As sete grandezas de base possuem os
unicamente da altura da pessoa. Se o seguintes nomes (unidades), dimensão:
peso fosse função apenas da altura, todas 1. comprimento (metro), L
as pessoas mais altas seriam mais 2. massa (kilograma), M
pesadas que as mais baixas. Mas, na 3. tempo (segundo), T
realidade, pessoas de mesma altura tem 4. temperatura (kelvin), Θ
pesos diferentes e pessoas com alturas 5. corrente elétrica (ampere), I
diferentes podem ter pesos iguais. Mesmo 6. quantidade de matéria (mol), N
com tantas exceções, há uma correlação 7. intensidade luminosa (candela), J.

3.7
68
Quantidades Medidas
As grandezas de base eram importante para usar e entender o sistema.
anteriormente chamadas de grandezas As três classes de unidades formam um
fundamentais. As sete unidades base sistema de medição coerente, pois o
foram selecionadas pela CGPM ao longo produto ou quociente de qualquer
do tempo e para atender as necessidades quantidade com múltiplas unidades é a
dos cientistas em suas áreas de trabalho. unidade da quantidade resultante.
As primeiras quantidades definidas eram
de natureza mecânica. Depois se definiu a 2.1. Comprimento
grandeza elétrica (corrente), a
termodinâmica (temperatura), luminosa Introdução
(intensidade luminosa) e a química O comprimento é uma grandeza de
(quantidade de matéria). base cujo símbolo é L. Na prática, o
Há três quantidades totalmente comprimento vem em outros parâmetros,
independentes: massa, comprimento, como variação relativa (m/m), área (m2),
tempo. Somente a massa tem um padrão volume (m3), ângulo (m/m), velocidade
material. Hoje, pesquisa-se para se reduzir (ms-1) e aceleração (ms-2).
as unidades a duas independentes: massa A medição de comprimento pode ser de
e tempo. As unidades de base são bem valor absoluto e relativo. A medição do
definidas e independentes comprimento absoluto requer um padrão
dimensionalmente. definido; para medir comprimento relativo o
As duas unidades suplementares foram padrão não é fundamental. É diferente
adicionadas na 11a CGPM (1960). medir o comprimento de uma estrutura em
1. ângulo plano (radiano) termos absolutos e medir a variação da
2. ângulo sólido (esterradiano). estrutura provocada por uma tensão
Como a CGPM deixou de chamá-las de mecânica.
base ou derivadas, elas são consideradas Experimentalmente se percebe que o
suplementares. Foram levantadas espaço pode ser descrito em termos de
questões acerca da razão destas unidades três parâmetros de comprimento (x, y, z).
não serem adotadas como de base. Por Três coordenadas são suficientes para
analogia, elas poderiam ser consideradas descrever a posição de um ponto no
como de base. espaço. Restringindo-se o grau de
liberdade mecânica, define-se a posição.
Para medir a posição ao longo de uma reta
Tab. 1 - Grandezas e Unidades de Base SI definida, basta um comprimento. Para
plotar a posição em um plano definido são
Quantidade Física Unidade Símbolo necessários dois sensores. Estes
Comprimento metro m conceitos são muito importantes em
Massa kilograma kg robótica, pois um robô é um controlador de
Tempo segundo s posição.
Temperatura kelvin K
Corrente elétrica ampere A Unidades
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de substância mol mol
A unidade SI de comprimento é o
metro, com símbolo m.
A etimologia da palavra metro é metron,
Em 1980, a CIPM decidiu, para manter grego, que significa medir e este termo foi
a coerência interna do SI, considerar as usado pela primeira vez em 1670, pelo
unidades radiano e esterradiano como padre matemático Gabriel Mouton (1618-
unidades derivadas sem dimensão. 1694), que definiu 1 metro como 1/10 000
As unidades derivadas são aquelas 000 da distância entre o Equador e o Polo
formadas pelas relações algébricas entre Norte da Terra.
as unidades de base, suplementares e Em 1790, Laplace definiu o metro pelo
outras derivadas. mesmo procedimento, porem usou
A classificação das unidades SI em três múltiplos de 10, dividindo o ângulo reto em
classes é arbitrária e não é realmente 100 graus (em vez de 90) e o grau em 100

3.8
69
Quantidades Medidas
minutos (em vez de 60) e 1000 metros onda da radiação de transição entre as
eram a distância de 1 minuto deste grau na linhas laranja vermelha, níveis 2p10 e 5d5
superfície da Terra. Usando o mesmo do espetro do átomo de Kr-86, no vácuo.
procedimento, porem, com o ângulo reto Esta definição tem problemas, o principal é
de 90 graus e o grau com 60 minutos, que este número somente é conseguido
1000 metros seriam equivalentes a uma por extrapolação, pois não é possível
milha náutica, ou seja, o metro valeria estender uma quantidade exata de ondas
1,853 184 metros atuais. Posteriormente, o alem de alguns 20 centímetros. Para se
metro foi definido de modo a ser igual a obter o número requerido de comprimentos
1/10 000 000 da distância do Polo Norte ao de onda para um metro, várias medições
Equador, ao longo do meridiano da terra individuais eram feitas por sucessão e
passando por Dunquerque, França e adicionadas. Este procedimento de
Barcelona, Espanha, duas cidades ao nível medição, por sua natureza, aumenta a
do mar e no paralelo 45o. Desse modo, a probabilidade de erro. Mas, a despeito
circunferência da terra tem destas limitações, a exatidão está dentro
8
aproximadamente 40 000 000 m. O metro de 2 partes em 10 .
atual é aproximadamente igual ao wand, A 17a CGPM (1983) redefiniu o metro
unidade padrão de comprimento criada no como a distância percorrida pela luz,
Egito em 3500 A.C., para medir a variação durante a fração de 1/299 792 458 de um
do nível do Rio Nilo, para fins de coleta de segundo, no vácuo. Esta nova definição dá
água e irrigação. uma exatidão 10 vezes melhor que a da
Na 1a CGPM (1889) o metro foi definido técnica com Kr-86, cerca de 2 partes em
-9
como o padrão físico constituído de uma 10 .
barra de platina (90%) e irídio (10%), que Na prática industrial, raramente se exige
era considerado o Metro Protótipo este grau de exatidão, porem deve-se ter
Internacional. uma margem adequada para compensar a
perda de incerteza toda vez que os
padrões são transferidos para um aparato
mais conveniente. O valor da velocidade
da luz, c, igual a 299 792 458 ms-1 é o
resultado de padrões numéricos
escolhidos para o tempo e comprimento.
Assim, o valor da velocidade da luz não é
uma constante fundamental. Os padrões
de tempo (com incerteza de 10-14) são
mais reprodutíveis em termos de incerteza
Fig. 2. Corte da barra do Metro Protótipo que os de comprimento (incerteza de 10-
Internacional 8), de modo que, se a velocidade da luz é
A 7a CGPM (1927) definiu o metro definida como um número fixo, então, em
como a distância entre dois traços princípio, o padrão tempo servirá como um
gravados sobre a barra de platina iridiada, padrão de comprimento, desde que exista
apoiada sobre dois rolos de, no mínimo, 10 um aparato conveniente para converter
mm de diâmetro, situados simetricamente tempo para comprimento através da
num mesmo plano horizontal à distância velocidade da luz.
de 571 mm um do outro, a 0o C e à A realização do metro recomendada
pressão atmosférica normal . Pela pela 17a CGPM (1983) é obtida por um
comparação física das linhas desta barra dos seguintes métodos:
com um protótipo secundário se consegue 1. através do comprimento L do trajeto
7
uma exatidão dentro de 2 partes em 10 percorrido por uma onda
A 11a CGPM (1960) substituiu o padrão eletromagnética plana, no vácuo,
físico do metro por padrão de receita. O durante um intervalo de tempo t (L =
metro foi definido como o comprimento ct) ou
igual a
1 650 763,73 vezes o comprimento de

3.9
70
Quantidades Medidas
2. através do comprimento de onda no Em grandes distâncias, usa-se o
vácuo de uma onda eletromagnética kilômetro, onde não se usam mais que três
de freqüência f (L = c/f). dígitos depois da vírgula. Em pequenas
A realização mais prática do metro é distâncias, como em acabamento
pela medição do comprimento da radiação mecânico e física, pode-se usar o
630 nm do laser hélio neon estabilizado micrômetro (µm) e o nanometro (nm) para
por iodo, que dá uma precisão de 3 partes números mais exatos.
em 1011. Os padrões secundários são
Padrões e Calibração
calibrados por interferometria, com
precisão de 10-9. O padrão de comprimento era uma
As outras unidades de comprimento barra de platina irídio preservada em
usadas incluem o milímetro, centímetro, Sèvres, França. Atualmente o metro é
kilômetro e micrômetro. Estes múltiplos e redefinido em termos de receita.
submúltiplos servem para selecionar Na prática laboratorial, o interferômetro
prefixos que sejam múltiplos de 1000. a laser é usado, com incerteza de 10-8. O
O uso do milímetro (mm) é comum em interferômetro óptico é fácil de usar e é
desenhos mecânicos. Os valores preciso, mas muito caro.
expressos em milímetros devem ser Na prática industrial, a medição de
números inteiros, a não ser que a precisão peças é feita através de paquímetros e
requeira dígitos depois da vírgula. micrômetros, que são calibrados com
O centímetro é usado apenas em blocos padrão (gage block). Os blocos são
medidas não técnicas e em produtos de de aço dimensionalmente estável e duro e
consumo. Também é usado em unidades formam um conjunto que fornece
derivadas, como pressão (kgf/cm2), dimensões precisas em uma grande faixa
condutividade (S/cm). em pequenos degraus. Os blocos são os
padrões de comprimento da indústria. As
oficinas mecânicas devem ter conjuntos de
blocos, que devem ser periodicamente
enviados a um laboratório externo para fins
Fig. 3. Régua metálica para medição de de calibração e certificação.
comprimentos com pequena precisão Para comprimentos da ordem de
metros, fitas flexíveis são usadas, por
causa do baixo custo e grande facilidade
de manuseio. Elas devem ser calibradas
contra interferômetros a laser, com
incertezas de 10-6. Para aplicações
industriais, é fácil calibrar os medidores de
comprimento. O problema mais sério da
Fig. 4. Paquímetro para medir pequenas calibração é o grande tempo envolvido,
dimensões pois o padrão deve ser observado por um
período longo para garantir que ele seja
estável durante a calibração.

Fig. 5. Micrômetro para medir pequenas dimensões


com maior precisão que o paquímetro
Fig. 6. Apalpadores - padrão de comprimento

3.10
71
Quantidades Medidas

Fig. 8 O kilograma é definido em termos da


massa do Kilograma Protótipo Internacional, feito de
Fig. 7. Conjunto de blocos padrão liga de platina irídio e guardado em Sévres, França,
com réplica no Inmetro, em Xerém, RJ, Brasil.
2.2. Massa

Unidade Padrões
O kilograma* é a unidade SI de massa O padrão primário da unidade de massa
com símbolo é kg. é o protótipo internacional do kilograma do
O kilograma tem as seguintes BIPM. A massa de padrões secundários de
características: 1 kg em liga de platina irídio ou em aço
1. única unidade de base com prefixo inoxidável é comparada à massa do
(kilo = mil), protótipo por meio de balanças cuja
2. única unidade de base definida por precisão pode ser da ordem de 10-8,
um artefato (padrão físico), fazendo-se a correção do empuxo do ar.
3. escolhido em 1889 e praticamente Como visto, o peso é uma força. Os
sua definição não sofreu nenhuma objetos são pesados, pela comparação do
modificação ou revisão. peso desconhecido com um peso
O kilograma padrão protótipo é um conhecido. O equipamento usado para
cilindro de platina (90%)-irídio (10%) pesar coisas é a balança. A etimologia de
mantido no Bureau de Pesos e Medidas balança é latina: bi-lancis ou dois pratos. A
em Sèvres, França. O protótipo possui palavra balança ainda é usada, mesmo
diâmetro e altura iguais a 39 mm. Esta quando se tem dois pratos para a
forma é uma aproximação da esfera, que pesagem. No lugar do segundo prato,
tem a propriedade de apresentar a menor onde se colocaria o peso conhecido, são
razão entre a superfície e o volume. 63 usados mola, pesos calibrados embutidos
duplicações deste cilindro estão ou um servomotor.
distribuídas nos vários laboratórios Há quatro classes de balanças, cada
nacionais de normas e servem como uma baseada no número de intervalos
padrão de massa para estes países. A usados dentro da capacidade da escala.
precisão é 1 parte em 109, ou seja, 1 µg Por exemplo, se uma balança de
em 1 kg. No Brasil, o kilograma padrão laboratório tem uma capacidade de 200,00
está preservado no INMETRO, em Xerém, gramas e ela lê dois decimais, ela deve ter
RJ. 20 000 intervalos na escala. A OIML
A unidade SI de massa já foi o grama (Organization International de Metrologie
(na prática, o mais usada é a grama) Legal) classifica as balanças em 4 classes
definido como a massa de um centímetro (Tab. 2).
cúbico (cubo com lado igual a 1/100 de
metro) de água em sua temperatura de
o
máxima densidade (4 C).

*O correto em português é escrever quilograma, porém no


presente trabalho será usada a palavra kilograma. Por coerência
de grafia, kg não pode ser símbolo de quilograma.

3.11
72
Quantidades Medidas
Tab. 2 - Classificação de Balanças Na indústria são usados pesos padrão para calibrar
Classe Nome da Classe Intervalos da escala e determinar a exatidão das balanças. O peso
I Especial 50 000 < n
a padrão é um objeto com massa conhecida, feito de
(Fina) material resistente à corrosão (bronze, ouro, prata,
II Alta exatidão 5 000 <n < 100 platina, aço inoxidável, ligas nobres). Os
(Precisão) 000 laboratórios nacionais estabelecem classes de
III Média exatidão 500 < n < 10 000 pesos, com limites de tolerância aceitáveis e
(Comercial) especificações para materiais e construção. Por
IV Exatidão ordinária 100 < n < 1 000 exemplo, em uma oficina, os pesos de Classe S são
(Grosseira) usados para calibração de rotina e para aferição de
a
balanças analíticas.
n - número de intervalos da escala

Balança
A balança é um instrumento para a
comparação de massas e pesos. A
balança analítica é um instrumento de
pesagem com uma capacidade máxima
que varia de uma grama a alguns
kilogramas com uma precisão mínima de
-5
10 , na capacidade máxima. A balança
mecânica se baseia no princípio da
alavanca de primeira classe (o ponto de
apoio está entre as duas forças). As
balanças mecânicas analíticas podem ser
do tipo de braços iguais e do tipo de
substituição. Atualmente, são disponíveis
balanças eletrônicas, com detetor de nulo,
malha de realimentação para controlar a
força de balanço e indicação digital com
-6
precisão típica de 10 . O sensor da Fig. 9. Balança eletrônica analítica. (Toledo)
balança é o strain-gage. Massa e Peso (Força)
No uso de balanças de precisão são Massa é uma medida invariante da
requeridos alguns cuidados para minimizar quantidade de matéria de um objeto. Peso
as incertezas, como: é a força de atração entre um objeto e a
1. qualquer balança deve ser colocada Terra e varia com a posição geográfica. O
em um suporte sólido, de mármore peso P de um corpo com massa m, em um
ou concreto e distante de fontes de local com aceleração da gravidade g, vale:
calor, vibração e corrente de vento, P = mg
2. nivelar a balança, Há confusão entre força e massa,
3. não colocar objetos além da principalmente por que já foi usada a
capacidade nominal da balança, unidade base de kilograma força para
3. a balança deve ser limpa após o uso, força. Atualmente, no SI há uma unidade
4. não usar ou colocar material base para massa (kilograma) e outra
corrosivo próximo da balança, unidade derivada para força (newton). O
5. o braço de suporte da balança deve peso é uma força, resultante da gravidade
estar sempre engajado. Quando não da Terra e como tal, sua unidade é
em uso, todos os pesos devem ser também o newton. Porém, o peso também
voltados para a posição zero e os é expresso como kilograma força. Por
pratos colocados na posição suporte, preguiça, expressa-se o peso em unidade
6. estudar o manual da balança de kilograma, criando a confusão: peso é
fornecido pelo fabricante, massa ou força? O peso é uma força.
7. calibrar periodicamente a balança e A unidade SI de força é o newton, onde:
os pesos associados.

3.12
73
Quantidades Medidas
1 N = 1 kg . 1 m/s2 2.3. Tempo

Outra unidade usada de força, não-SI, é Introdução


o kilograma força, onde: O tempo é a variável mais presente na
vida das pessoas embora seja também a
1 kgf = 1 kg x aceleração da gravidade menos entendida. Percebe-se que o tempo
envolvido tem o valor alterado com a
Ao nível do mar, tem-se 1 kgf = 9,806 passagem de eventos mas não se tem o
65 N conceito de tempo absoluto. O que pode e
O peso descreve como a massa de um realmente é medido é a noção de intervalo
objeto é atraída pela Terra. O peso não é de tempo, duração de seqüências e de
constante e varia principalmente com a eventos. Assim, o tempo é definido como o
altitude do local. A massa é constante e intervalo entre dois eventos e as medições
independe do local. Por exemplo, na Terra, deste intervalo são feitas pela comparação
um homem pesa 100 kgf, mas na Lua, ele com algum evento reprodutível. Por
pesa somente 17,5 kgf. Sua massa na exemplo, o tempo requerido para a Terra
Terra e na Lua é a mesma e igual a 100 orbitar em torno do sol (um ano) e o tempo
kg. requerido para a Terra rodar em torno de
A balanças mede peso, porém, tem seu próprio eixo (um dia). O tempo de
escala para indicar a massa. Por exemplo, efeméride é baseado nas medições
quando uma balança indica 70 kg, ela astronômicas do tempo requerido pela
sente o peso correspondente à massa de Terra para orbitar o Sol. O tempo sideral é
70 kg e indica 70 kg. o tempo de rotação da Terra relacionada
Deve-se evitar o uso da unidade com as estrelas distantes e é usado em
kilograma força, pelo menos por quatro astronomia. O tempo solar é o tempo da
motivos justos: rotação da Terra com relação ao Sol e é
1. não é uma unidade SI usado na vida diária.
2. perpetua a confusão entre força, Há 4000 anos (intervalo de tempo), os
peso e massa. egípcios mediam o tempo através da
3. a unidade possui um prefixo sombra de uma vara. Os romanos e
4. a unidade depende da altitude do gregos melhoraram o princípio da sombra
local. com o relógio solar. Algumas sociedades
Em resumo, tem-se: ainda marcam o tempo com ampulhetas
1. A unidade SI para massa é o cheias de areia ou líquidos, gotejamento
kilograma, kg de água e queima de velas. No século XV,
2. A unidade SI para força é o newton na Europa, foi inventado o mecanismo do
(N). Não use kilograma força. relógio. No século XVI apareceu o relógio
3. A gravidade não é essencial no SI. de bolso. Estes relógios eram puramente
4. Deve-se usar e medir a massa, mecânicos e se baseavam em molas,
evitando o uso do peso. Em vez de engrenagens e alavancas. Depois foi
dizer: ele pesa, dizer sua massa é criado o relógio eletrônico, alimentado com
igual a. bateria e com um pequeno diapasão que
mantinha uma freqüência natural de 360
Hz ou aproximadamente a freqüência da
nota musical Dó. Atualmente são usados
relógios eletrônicos com circuitos
integrados e com cristais piezoelétricos
(quartzo) para geração de freqüências
constantes.
Definições
O tempo é uma grandeza atípica, pois é
a única cuja unidade não pode ser

3.13
74
Quantidades Medidas
colocada lado a lado para aumentar ou níveis hiperfinos do estado básico do
diminuir uma escala. átomo de Ce133. O segundo é realizado por
Qual é a duração de um segundo e um relógio de césio, com precisão de 2
como é possível armazenar esta medição? partes em 1011. Pode-se obter precisão de
As tentativas da medição do tempo através 1 parte em 1012. O relógio atômico não
do movimento do pêndulo se mostraram atrasa ou adianta um segundo em 6 000
inexatas por causa da dificuldade de medir anos.
exatamente as posições do pêndulo móvel.
Unidades
O segundo foi inicialmente definido
como a fração de 1/86 400 do dia solar A unidade base SI do tempo é o
médio (período médio da revolução da segundo, com o símbolo s.
Terra sobre seu eixo) Como o dia solar Além do segundo, outras unidades continuam sendo
não é constante mas varia com a usadas, principalmente os ciclos do calendário,
velocidade de rotação da Terra, cerca de como ano, dia e os múltiplos do segundo, como
3 segundos por ano, foi selecionado um minuto e hora. Exemplos destes usos são:
novo padrão mais exato e reprodutível. velocidade em kilômetro por hora (km/h) e
A 11a CGPM (1960) redefiniu o velocidade rotacional de máquina em rotações por
segundo baseando-se no ano trópico. Por minuto (r/min) ou RPM. Os ciclos do calendário,
esta definição sugerida pela União como dia, semana, mês e ano, devem ser evitadas
Astronômica Internacional e para uso pois há muitas interpretações diferentes. Quando
científico, o segundo vale usados, os ciclos do calendário devem ser definidos;
1/31 556 925,974 7 do ano tropical no por exemplo, um mês pode ser 1/12 do ano ou 30
tempo de 12 h das efemérides de 0 janeiro dias.
1900. O tempo de efeméride é uma
Excepcionalmente, as unidades de
medida uniforme do tempo definido pelo
tempo não estão relacionadas em
movimento orbital dos planetas. Uma falha
potências de 10; tem-se:
grave desta definição é que não se pode
60 segundos equivalem a 1 minuto
medir um intervalo de tempo pela
60 minutos equivalem a 1 hora
comparação direta com o intervalo de
24 horas equivalem a 1 dia
tempo definindo o segundo. A medição
A ISO propôs uma nova seqüência de
astronômica do tempo resulta em erro
dígitos para indicar datas. A nova
provável estimado de 10-9 que é muito
seqüência sugerida é do tipo YMD (ano,
grande em comparação com a definição do
mês e dia). Por exemplo 27 de maio de
segundo.
1943 deve ser escrito como 1943-05-27.
Este formato mostra a seqüência lógica
em que os dados devem ser
cronologicamente armazenados.
O tempo do dia também pode ser
expresso em quatro dígitos, baseados nas
24 horas do dia. Por exemplo, 12:34 (doze
horas e trinta e quatro minutos). A hora do
dia pode ser expressa em base de 24
Fig. 10 O segundo é definido no SI como a duração de horas por dia ou em 12 horas antes do
9 192 531 770 períodos da radiação correspondente à meio dia e 12 horas depois do meio dia. É
transição entre os dois hiperníveis do Ce-133.
o sistema americano AM (anti meridien) e
PM (pos meridien).
O átomo exibe transições de nível de Realização
energia hiperfina muito regulares e é Diversos laboratórios credenciados
possível contar estes ciclos de energia. A possuem aparelhos para produzir
13a CGPM (1967) redefiniu o segundo oscilações elétricas com a freqüência de
como a duração de vibração do átomo de Ce-133. Os padrões
9 192 631 770 períodos da radiação de tempo de césio são disponíveis
correspondente à transição entre os dois

3.14
75
Quantidades Medidas
comercialmente, com incertezas da ordem estabilidade ao circuito. O oscilador é
de 10-13 e 10-14. acionado na freqüência natural do cristal e
Os sinais horários difundidos por ondas a realimentaçào do cristal mantém a
de rádio são dados na escala do Tempo freqüência do oscilador igual à freqüência
Universal Coordenado (UTC), cujo natural durante longos períodos de tempo.
emprego foi recomendado pela 15a CGPM A estabilidade a longo prazo da freqüência
(1975). O UTC difere do Tempo Atômico varia em função da qualidade do oscilador,
Internacional (TAI) de um número inteiro de uma parte em 105 a uma parte em 108.
de segundos. A diferença UTC-TAI foi A estabilidade a curto prazo, medida em
fixada em -10 s no dia 1o janeiro de 1972 e
9
horas, é de uma parte em 10 . Pequenas
tornou-se igual a -22 s em 1o de janeiro de variações de freqüência ocorrem devidas
1985. Periodicamente há correções no ao envelhecimento do cristal e são da
UTC, preferivelmente em fim de dezembro ordem de 1 a 10 ppm (parte por milhão)
ou de junho (solstícios) ou fim de março por ano.
ou de setembro (equinócios), de modo que Um contador eletrônico comercial típico,
o UTC permaneça próximo do tempo de uso geral, de preço moderado tem uma
definido pela rotação da Terra com resposta de freqüência de 10 MHz e
aproximação menor que 0,9 s. Os tempos possui display de 8 dígitos.
legais dos países estão defasados de um Na indústria, se usa também o UTC
número inteiro de horas (fusos horários) de através dos serviços telefônicos de Hora
acordo com o UTC e a cidade de Certa (ramal 130) das concessionárias.
Greenwich (Inglaterra) é a hora de
referência. 2.4. Temperatura
A exatidão da medição do tempo pode
requerer correções da relatividade, Conceito
principalmente quando os relógios de A temperatura é uma quantidade
comparação estão distantes. fundamental, conceitualmente diferente na
O TAI é definido como a escala de natureza do comprimento, tempo e massa.
tempo coordenada estabelecida por um Quando dois corpos de mesmo
sinal de referência geocêntrica como a comprimento são combinados, tem-se o
unidade da escala de segundo do SI, tal comprimento total igual ao dobro do
que ela seja realizada pelo geoide em original. O mesmo vale para dois intervalos
rotação. Para os relógios fixos em relação de tempo ou para duas massas. Assim, os
à Terra e ao nível do mar, o segundo do padrões de massa, comprimento e tempo
TAI é igual ao segundo realizado podem ser indefinidamente divididos e
localmente. A 2000 m de altitude ele se multiplicados para gerar tamanhos
mostra mais longo (+2,2 x 10-13 s). arbitrários. O comprimento, massa e
Padrões tempo são grandezas extensivas. A
temperatura é uma grandeza intensiva. A
Na indústria, são usados contadores
combinação de dois corpos à mesma
eletrônicos, que são instrumentos
temperatura resulta exatamente na mesma
multitarefas baseados em circuitos digitais
temperatura.
para medir tempo e outras quantidades
A maioria das grandezas mecânicas,
correlatas, como freqüência, totalização,
como massa, comprimento, volume e
período, relação de períodos, intervalo de
peso, pode ser medida diretamente. A
tempo e média. O componentes usados
temperatura é uma propriedade da energia
nestes instrumentos incluem um relógio
e a energia não pode ser medida
interno, portas lógicas, comparadores,
diretamente. A temperatura pode ser
escalonadores e contadores.
medida através dos efeitos da energia
O relógio interno, que fornece a base de
calorífica em um corpo. Infelizmente estes
tempo para o contador eletrônico digital, é
efeitos são diferentes nos diferentes
o sensor de tempo. O relógio é um
materiais. Por exemplo, a expansão termal
oscilador a cristal que gera um trem de
dos materiais depende do tipo do material.
pulsos. O circuito oscilador incorpora um
Porém, é possível obter a mesma
cristal piezoelétrico (quartzo) para dar

3.15
76
Quantidades Medidas
temperatura de dois materiais diferentes, Escolhendo-se os meios de definir a
se eles forem calibrados. Esta calibração escala padrão de temperatura, pode-se
consiste em se tomar dois materiais empregar qualquer uma das muitas
diferentes e aquecê-los a uma propriedades físicas dos materiais que
determinada temperatura, que possa ser variam de modo reprodutível com a
repetida. Coloca-se uma marca em algum temperatura. Por exemplo, o comprimento
material de referência que não tenha se de uma barra metálica, a resistência
expandido ou contraído. Depois, aqueça os elétrica de um fio fino, a milivoltagem
materiais em outra temperatura gerada por uma junção com dois materiais
determinada e repetível e coloque uma distintos, a temperatura de fusão do sólido
nova marca, como antes. Agora, se iguais e de vaporização do liquido.
divisões são feitas entre estes dois pontos,
Escalas
a leitura da temperatura determinada ao
longo da região calibrada deve ser igual, Para definir numericamente uma escala
mesmo se as divisões reais nos de temperatura, deve-se escolher uma
comprimentos dos materiais sejam temperatura de referência e estabelecer
diferentes. uma regra para definir a diferença entre a
Um aspecto interessante da medição de referência e outras temperaturas. As
temperatura é que a calibração é medições de massa, comprimento e tempo
consistente através de diferentes tipos de não requerem concordância universal de
fenômenos físicos. Assim, uma vez se um ponto de referência em que cada
tenha calibrado dois ou mais pontos quantidade é assumida ter um valor
determinados para temperaturas numérico particular. Cada milímetro em um
específicas, os vários fenômenos físicos metro, por exemplo, é o mesmo que
de expansão, resistência elétrica, força qualquer outro milímetro. Escalas de
eletromotriz e outras propriedades físicas temperatura baseadas em pontos notáveis
termais, irá dar a mesma leitura da de propriedades de substâncias dependem
temperatura. da substância escolhida. Ou seja, a
A lei zero da termodinâmica estabelece dilatação termal do cobre é diferente da
que dois corpos tendo a mesma dilatação da prata. A dependência da
temperatura devem estar em equilíbrio resistência elétrica com a temperatura do
termal. Quando há comunicação termal cobre é diferente da prata.
entre eles, não há troca de coordenadas Assim, é desejável que a escala de
termodinâmicas entre eles. A mesma lei temperatura seja independente de
ainda estabelece que dois corpos em qualquer substância. A escala
equilíbrio termal com um terceiro corpo, termodinâmica proposta pelo barão Kelvin,
estão em equilíbrio termal entre si. Por em 1848, fornece uma base teórica para a
definição, os três corpos estão à mesma escala de temperatura independente de
temperatura. Assim, pode-se construir um qualquer propriedade de material e se
meio reprodutível de estabelecer uma faixa baseia no ciclo de Carnot.
de temperaturas, onde temperaturas Escala Prática Internacional de
desconhecidas de outros corpos podem Temperatura
ser comparadas com o padrão, colocando-
O estabelecimento ou fixação de pontos
se qualquer tipo de termômetro
para as escalas de temperatura é feito
sucessivamente no padrão e nas
para que qualquer pessoa, em qualquer
temperaturas desconhecidas e permitindo
lugar ou tempo possa replicar uma
a ocorrência do equilíbrio em cada caso.
temperatura específica para criar ou
Isto é, o termômetro é calibrado contra um
verificar um termômetro. Os pontos
padrão e depois pode ser usado para ler
específicos de temperatura se tornam
temperaturas desconhecidas. Não se quer
efetivamente nos protótipos internacionais
dizer que todas estas técnicas de medição
de calor. A Conferência Geral de Pesos e
de temperatura sejam lineares mas que
Medidas aceitou esta EPIT, em 1948,
conhecidas as variações, elas podem ser
emendou-a em 1960, e estabeleceu uma
consideradas e calibradas.

3.16
77
Quantidades Medidas
nova em 1968 (com 13 pontos) e em 1990 ou uniformemente. Tendo-se vários
(com 17 pontos). pontos, a escala pode ser calibrada
A Escala Prática Internacional de em faixas estreitas, onde os efeitos
Temperatura (EPIT) foi estabelecida para não linearidade podem ser
ficar de conformidade, de modo desprezados.
aproximado e prático, com a escala 2. nenhum termômetro pode ler todas
termodinâmica. No ponto tríplice da água, as temperaturas. Muitos pontos fixos
as duas escalas coincidem exatamente, permite um sistema robusto de
por definição. A EPIT é baseada em calibração.
pontos fixos, que cobrem a faixa de
temperatura de -270,15 a 1084,62 oC.
Muitos destes pontos correspondem ao Tab. 3 - Pontos Fixos da Escala
estado de equilíbrio durante a Prática Internacional de Temperatura
transformação de fase de determinado (1990)
material. Os pontos fixos associados com Ponto Material Estado Temperatura
o ponto de solidificação ou fusão dos 1 He Vapor -270,15 a -268,15
material são determinados à pressão de 2 e-H2
a
Ponto triplob -259,346 7
uma atmosfera padrão (101,325 Pa) 3 e-H2 Vapor ~-256,16
4 e-H2 Vapor ~-252,85
5 Ne Ponto triplo -248,593 9
6 O2 Ponto triplo -218,791 6
oC
7 Ar Ponto triplo -189,344 2
(K) oF (oR)
8 Hg Ponto triplo -38,834 4
9 H20 Ponto triplo 0,01
10 Ga Fusão 27,764 6
100 212
11 In Fusão 156,598 5
escala 12 Sn Fusão 231,928
10 18 13 Zn Fusão 419,527
14 Al Fusão 660,323
15 Ag Fusão 961,78
0 32 16 Au Fusão 1064,18
17 Cu Fusão 1084,62
0 Notas:
a
O
C = (oF - 32)/1,8 F=1,8C+32 - eH2 hidrogênio em concentração de
equilíbrio das formas ortomolecular e
paramolecular,
sensor b
- Ponto triplo: temperatura em que as
Fig. 11 - A unidade SI da temperatura termodinâmica é fases sólida, líquida e gasosa estão em
o kelvin, K, que é definido como a 1/273,16 da temperatura equilíbrio.
termodinâmica do ponto triplice da água .

Além destes pontos de referência Entre os pontos fixos selecionados, a


primários, foram estabelecidos outros temperatura é definida pela resposta de
pontos secundários de referência, que são sensores específicos com equações
mais facilmente obtidos e usados, pois experimentais para fornecer a interpolação
requerem menos equipamentos. Porém, da temperatura. Várias definições
alguns pontos secundários da EPIT 1968 diferentes são fornecidas, na EPIT de
se tornaram primários na EPIT 1990. 1990 para temperaturas muito baixas,
Há dois motivos para se ter tantos próximas do zero absoluto. Nestas
pontos para fixar uma escala de temperaturas, usa-se um termômetro de
temperatura: gás He para medir a pressão e a
1. poucos materiais afetados pelo calor temperatura é inferida desta pressão. Na
o
mudam o comprimento linearmente faixa de 13,8033 K e 961,78 C a

3.17
78
Quantidades Medidas
temperatura é definida por um termômetro Termômetros com sensores de
de resistência de platina, que é calibrado resistência de platina e termopares
em conjuntos específicos de pontos fixos geralmente são usados como padrões
com equações de interpolação secundários.
cuidadosamente definidas.
o Unidades
Acima de 1064,18 C, a temperatura é
definida por pirômetro óptico de radiação, A 9a CGPM (1948) escolheu o ponto
onde a lei de Planck relaciona esta tríplice da água como ponto fixo de
radiação com a temperatura. referência, em lugar do ponto de gelo
A EPIT é continuamente revista e uma usado anteriormente, atribuindo-lhe a
nova versão pode estender a faixa para o temperatura termodinâmica de 273,16 K.
extremo inferior de 0,5 K, substituindo o Foi escolhido o grau kelvin (posteriormente
instrumento de interpolação a termopar passaria para kelvin) como unidade base
com uma resistência de platina especial e SI de temperatura e se permitiu o uso do
atribuir valores com proximidade grau Celsius (oC), escolhido entre as
termodinâmica para os pontos fixos. opções de grau centígrado, grau
Atualmente o mínimo valor definido na centesimal e grau Celsius para expressar
EPIT é 13,81 K. intervalos e diferenças de temperatura e
também para indicar temperaturas em uso
prático.
Em 1960, houve pequenas alterações
na escala Celsius, quando foram
estabelecidos dois novos pontos de
referência: zero absoluto e ponto tríplice da
água substituindo os pontos de
congelamento e ebulição da água.
A 13a CGPM (1967) adotou o kelvin no
lugar do grau kelvin e decidiu que o kelvin
fosse usado para expressar intervalo e
diferença de temperaturas.
Atualmente, kelvin é a unidade SI base
Fig.11. Calibrador de temperatura da temperatura termodinâmica e o seu
símbolo é K. O correto é falar
simplesmente kelvin e não, grau kelvin. O
kelvin é a fração de 1/273,16 da
A calibração de um dado instrumento temperatura termodinâmica do ponto
medidor de temperatura é geralmente feita tríplice da água.
submetendo-o a algum ponto fixo Na prática, usa-se o grau Celsius e o
estabelecido ou comparando suas leituras kelvin é limitado ao uso científico ou a
com outros padrões secundários mais cálculos que envolvam a temperatura
precisos, que tenham sido rastreados com absoluta. Um grau Celsius é igual a um
padrões primários. A calibração com outro kelvin, porem as escalas estão defasadas
instrumento padrão é feita através do de 273,15. A temperatura Celsius (Tc)
seguinte procedimento: está relacionada com a temperatura kelvin
1. colocam-se os sensores dos (Tk) pela equação:
dois instrumentos em contato
íntimo, ambos em um banho de Tc = Tk - 273,15
temperatura,
2. varia a temperatura do banho A constante numérica na equação
na faixa desejada, (273,15) representa o ponto tríplice da
3. permite que haja equilíbrio em água 273,16 menos 0,01. O ponto de 0 oC
cada ponto e tem um desvio de 0,01 da escala Kelvin,
4. determinam-se as correções ou seja, o ponto tríplice da água ocorre a
necessárias. 0,01 oC ou a 0,00 K.

3.18
79
Quantidades Medidas
Os intervalos de temperatura das duas volátil (glicerina ou óleo de silicone) ou um
escalas são iguais, isto é, 1 oC é fluido volátil (éter etílico). A temperatura é
exatamente igual a 1 K. medida através da variação da pressão do
O símbolo do grau Celsius é oC. A letra gás ou da pressão de dilatação do fluido
maiúscula do grau Celsius é, às vezes, não volátil ou da pressão de vapor do
questionada como uma violação da lei de fluido volátil.
estilo para unidades com nomes de A medição de temperatura por termopar
pessoas. A justificativa para usar letra se baseia na milivoltagem gerada pela
maiúscula é que a unidade é o grau e diferença de temperatura entre as duas
Celsius (C) é o modificador. junções de dois metais diferentes.
A temperatura pode ser realizada A medição de temperatura por
através do uso de células de ponto tríplice resistência elétrica se baseia na variação
da água, com precisão de 1 parte em 104. da resistência elétrica de metais ou
Medições práticas tem precisão de 2 termistores depender da variação da
partes em 103. A escala e os pontos fixos temperatura medida.
são definidos em convenções
Calibração do termômetro
internacionais que ocorrem
periodicamente. Geral
A calibração de um termômetro envolve
a determinação de sua indicação de
temperatura em um número de
temperaturas conhecidas. Estas
temperaturas podem ser conhecidas
1. pelo estabelecimento de uma
condição altamente reprodutível,
como os pontos de mudança de
estados de substancias puras (ponto
de fusão ou solidificação, ponto de
ebulição ou liquefação, ponto triplo)
2. pelo fornecimento de um ambiente
isolado termicamente, cuja
temperatura é medida precisamente
Fig. 13. Pirômetro de radiação, usado como
medidor portátil de temperatura por um termômetro padrão.
Para se ter calibrações exatas, a
Medição da Temperatura condição de referência de temperatura
A medição pode ser medida por deve ser mantida constante, dentro dos
sensores mecânicos e elétricos. Os limites de precisão, durante períodos
principais sensores mecânicos são o longos de tempo comparados com as
bimetal e o sistema de enchimento termal. constantes de tempo dos termômetros.
Os principais sensores elétricos são o A interpolação entra na calibração de
termopar e o detetor de temperatura e dois modos:
resistência (RTD). 1. a escala de temperatura (IPTS-90) é
O sensor bimetal funciona baseando-se definida em 11 pontos de referência
na dilatação diferente para metais primários e 27 secundários. Apenas
diferentes. A variação da temperatura 15 destes pontos caem entre 0 e
medida causa variação no comprimento e 1000 oC. Não é prático reproduzir
no formato da barra bimetal, que pode ser mais do que umas poucas destas
usada para posicionar o ponteiro na escala condições definidas na calibração
de indicação de temperatura. prática de um termômetro, de modo
O sistema de enchimento termal é que deve-se usar a interpolação
formado por um bulbo sensível, um sensor para determinar a temperatura de
de pressão, um tubo capilar de interligação outros condições.
e um fluido de enchimento. O fluido pode 2. usando condições de ponto fixo ou
ser gás (tipicamente nitrogênio), fluido não um termômetro de referência

3.19
80
Quantidades Medidas
padrão, a calibração pode ser Hg causa uma variação de
o
praticamente feita somente em um temperatura de 0,0037 C.
número limitado de temperaturas 4. Ponto de fusão do chumbo =
o
dentro da faixa de aplicação do 505,1181 K ou 321,9681 C, que
termômetro a ser calibrado. Uma pode ser realizada com exatidão
o
interpolação da calibração do reprodutível de 0,05 C , usando
termômetro entre os pontos de banhos comerciais com tempos de
calibração deve ser feita para repouso de, no mínimo, 10 minutos.
fornecer uma tabela de calibração 5. Ponto de fusão do zinco = 692,73 K
o
de trabalho. ou 419,58 C, que pode ser
Termômetro com resistência de platina realizada com exatidão reprodutível
o
padrão é empregado para fornecer de 0,05 C ,
temperaturas de referência entre os pontos 6. Ponto de fusão do alumínio =
o o
fixos de 0 e 650 C na IPTS-91.O 933,52 K ou 660,37 0,1 C, que
termômetro pode ser usado para medir a pode ser realizada com exatidão
o
temperatura de banhos de temperatura reprodutível de 0,1 C.
o
com precisão de ±0,01 C. Outros pontos de fusão são definidos
A precisão de instrumentos de pela IPTS 90 como temperaturas primarias
interpolação e das calibrações de ou secundarias e podem ser usados para
termômetros resultantes diminui na calibração de sensor até o ponto do ouro,
o
proporção que se afasta dos pontos fixos 1227,58 K ou 1064,43 C, porém, eles são
definidos ou pontos de calibração e a difíceis de implementar, na prática.
situação piora mais ainda quando se Ambientes de temperatura controlados
extrapola para pontos fora da faixa de ou variáveis comumente usados na
temperatura (abaixo do mínimo e acima do calibração de termômetros são banhos
máximo). A calibração de termômetros agitados de água, óleo, mistura de sais,
deve sempre incluir, no mínimo, um ponto câmara fluidizada de sólidos granulares e
abaixo e um acima dos limites da faixa de blocos metálicos equalizados em fornalhas
temperatura. aquecidas eletricamente. Quando se usa
Aplicando temperaturas de calibração ambientes isotermais, é necessário se ter
muito acima de sua faixa máxima pode um termômetro padrão para determinar a
diminuir a exatidão resultante do temperatura de calibração verdadeira.
termômetro e até mesmo danificar o Tradicionalmente, o sensor padrão
sensor. usado é o de platina padrão, com invólucro
de quartzo ou pyrex ou termopar tipo S (Pt
Pontos fixos de calibração
– 10% RH/90% Pt).
As calibrações dos termômetros podem Para fazer a calibração,
ser feitas em vários pontos fixos de 1. define-se a faixa calibração do
temperatura que são realizáveis termômetro
praticamente em um laboratório. Os 2. seleciona-se o número de pontos
principais pontos são: fixos ou um banho de temperatura
o
1. Ponto de gelo = 273,15 K ou 0 C, com termômetro padrão
que pode ser realizada com 3. obtém-se um conjunto de pares de
o
exatidão reprodutível de 0,05 C . temperatura (indicada pelo
2. Ponto de triplo d'água = 273,16 K ou instrumento e pelo padrão)
o
0,01 C, que pode ser realizada com 4. faz-se uma curva ou uma função
o
exatidão reprodutível de 0,01 C, matemática que descreva a relação
usando equipamento disponível indicação x temperatura
comercialmente . 5. aplica-se algum método de encaixe
3. Ponto de ebulição d'água = 373,15 de pontos, para avaliar as incertezas
o
K ou 100,0 C, que pode ser envolvidas
realizada com exatidão reprodutível produz-se uma tabela de calibração
o
de 0,1 C, @ pressão atmosférica para o termômetro particular.
de 760 mm Hg. A variação de 1 mm
Calibração de Termômetros

3.20
81
Quantidades Medidas
A calibração de qualquer termômetro O desvio possível do termômetro de
requer um meio cuja temperatura seja referência deve ser considerado para o
conhecida com precisão. Uma escolha estabelecimento da precisão da calibração.
óbvia seria usar o meio em que a Em caso de um termômetro recentemente
temperatura seja conhecida através de leis calibrado que é conhecido ser estável de
da natureza. Por exemplo, o ponto triplo da sua historia passada, o desvio pode ser
água, o ponto de fusão do zinco e outros desprezado. Caso contrário, o desvio deve
pontos de mudança de estado de ser incluído no calculo da precisão total.
substâncias puras. Como estes meios Valores típicos de desvio são 0,005 a 0,05
requerem um esforço complicado para sua oC por ano, dependendo da qualidade e
produção e manutenção, eles são usados da manipulação do termômetro de
principalmente para a calibração de referência.
termômetros padrão. Para os termômetros
Precisão do equipamento de medição.
industriais, usa-se um método mais rápido,
simples e prático, envolvendo um meio O equipamento de medição, como
simples como banho de gelo ou um banho pontes, galvanômetros e multímetros
de óleo cuja temperatura seja medida com digitais são usados para medir a saída do
um termômetro padrão de precisão. A termômetro de referência. O arranjo mais
precisão ou o termômetro padrão é preciso seria um termômetro com
chamado de termômetro de referência. resistência de platina como referência e
A indicação de um termômetro sob um ponto de relação. Neste caso, a
calibração é comparada com a do precisão resultante em termos de
termômetro de referência em vários pontos temperatura seria equivalente a alguns
diferentes de temperatura cobrindo toda a milésimos de oC.
faixa desejada. Este método é chamado de Desvio do equipamento de medição.
calibração por comparação, diferente da
A não ser que o equipamento de
calibração em pontos fixos que envolve o
medição tenha sido calibrado
uso dos pontos notáveis de mudança de
recentemente, deve-se incluir um valor de
estado. Um arranjo típico para a calibração
desvio à precisão total da calibração. A
de comparação de temperatura envolve
faixa equivalente para a temperatura seria
um banho de calibração (banho de gelo ou
0,01 a 0,1 oC por ano.
de óleo), um termômetro de referência e
Estes quatro componentes devem ser
um meio para medir a leitura dos
considerados para a determinação da
termômetros de referência e sob
precisão com que se pode medir a
calibração.
temperatura do meio ou banho de
A precisão de uma calibração por
calibração. Deve-se considerar também a
comparação é determinada pela precisão
precisão em que se pode medir a saída do
dos equipamentos e pelo procedimento de
termômetro sendo calibrado, que depende
calibração. Usam-se vários componentes
da precisão inicial e do desvio do
na calibração por comparação.
equipamento de medição.
Precisão do termômetro de referência.
Considerações do Procedimento
Ela depende da precisão inicial do
Além dos limites de precisão
termômetro de referência e seu desvio.
associados com o termômetro de
Valores típicos para a precisão inicial de
referência e o equipamento de medição,
um termômetro de referência são 0,001 a
deve-se considerar o procedimento. Os
0,1 oC, dependendo do tipo do termômetro
componentes envolvidos aqui incluem a
e seu método de calibração. A melhor
estabilidade e uniformidade do banho. A
precisão seria conseguida com um
uniformidade do banho deve ser expressa
termômetro com resistência de platina
em termos da máxima diferença de
padrão calibrado no NIST, com a precisão
temperatura devida à distribuição espacial
de alguns milésimos de oC.
da temperatura que pode existir entre a
Desvio do termômetro de referência. temperatura do termômetro de referência e
o termômetro sendo calibrado.

3.21
82
Quantidades Medidas
Um bloco equalizador feito de alumínio uma faixa moderada de temperatura. Os
ou cobre ajuda a se manter o erro de termômetros devem ser calibrados em
uniformidade o mínimo possível e pode mais de um ponto. Os pontos adicionais de
melhorar a estabilidade. O erro devido a calibração elevam os erros acima dos
instabilidade do banho pode também ser limites de 0,04 e 0,55 oC.
reduzido fazendo-se medições múltiplas Os fatores adicionais que introduzem
dos dois termômetros e fazendo-se a erros na calibração incluem o auto-
media das medições. A contribuição da aquecimento em RTDs, erros de imersão
estabilidade do banho para a precisão da durante a calibração em RTDs e
calibração pode ser expressa em termos termômetros, erros de resistência de
do desvio padrão das medições. O impacto isolação, erros associados com redução de
negativo da uniformidade e estabilidade do dados de calibração. Estas considerações
banho na precisão final da calibração pode indicam que a melhor precisão conseguida
ser ainda minimizada fazendo-se o para um termômetro industrial não pode
seguinte: ser melhor do que 0,1 oC, mesmo para um
1. fazer a medição uma ou duas horas sensor novo que tenha sido calibrado
depois que a temperatura do banho tenha recentemente. Uma vez que o termômetro
sido estabilizada em um dado ponto de é instalado no processo, a precisão pode
calibração. Isto reduz o erro de começar a se deteriorar quando o sensor
uniformidade do banho. envelhece. A taxa desta deterioração
2. fazer medições simultâneas da saída depende da qualidade do termômetro, sua
do termômetro de referência e do instalação, condições de processo e outros
termômetro sendo calibrado. Isto minimiza fatores.
o erro de estabilidade. As limitações de como um termômetro
As medições anteriores podem ser industrial pode ser bem calibrado e manter
realizadas em um arranjo controlado por sua calibração indicam que a faixa de ±0,1
computador. Para máxima precisão e a ±1,0 oC é a melhor precisão que se pode
eficiência, o computador pode ser conseguir com um termômetro industrial
programado para usado em faixa moderada de temperatura
1. monitorar e controlar o banho, em uma instalação típica industrial.
2. monitorar a estabilidade do banho, obviamente, o termômetro pode indicar a
3. fazer medidores e temperatura verdadeira do processo mas o
4. processar os dados de calibração. usuário não pode estar certo de que se
O sistema pode incluir uma unidade de está medindo a temperatura melhor do que
chaveamento para permitir a varredura de ±0,1 a ±1,0 oC. O afastamento da
vários termômetros calibrados temperatura medida do valor verdadeiro
simultaneamente. depende de vários fatores:
O computador pode estabelecer a 1. tipo do termômetro sendo usado,
temperatura do banho para um ponto de 2. faixa de temperatura sendo medida,
calibração desejado, monitorar a 3. condições do processo e do ambiente
temperatura até que ela fique estável de onde o termômetro está exposto.
acordo critérios predeterminados de Geralmente, RTDs oferecem melhor
estabilidade, fazer as medições, coletar os precisão do que os termopares. Também,
dados e processar os dados para fornecer em faixas moderadas de temperatura, uma
a carta de calibração do termômetro. Com melhor precisão é conseguida no inicio da
tal arranjo, os erros de estabilidade e faixa do que na extremidade superior da
uniformidade pode ser minimizados. faixa. Por exemplo, é muito mais simples
Agora, deve-se estimar a melhor medir com precisão a temperatura
precisão que pode ser obtida em um ponto ambiente da sala do que a temperatura de
de calibração. Tipicamente, tem-se 300 oC no processo industrial.
incertezas entre 0,04 a 0,55 oC em um
ponto de calibração. Isto estabelece a faixa Termômetros de vidro
para a precisão que pode ser obtida em Mesmo um termômetro de haste de
um dado ponto de calibração dentro de vidro deve ser calibrado periodicamente,

3.22
83
Quantidades Medidas
onde se inspecionam visualmente e modificar, o termopar e os fios de extensão
verificam as dimensões, permanência do de termopar devem ser periodicamente
pigmento, estabilidade do bulbo e precisão calibrados. A calibração consiste em
da escala. Depois da calibração, podem verificar se as suas características se
ser feitas correções, aplicados fatores de afastaram dentro da tolerância (termopar
correção ou o termômetro pode ser bom) ou além da tolerância (termopar deve
descartado. ser descartado).
Para maiores detalhes, deve se As técnicas de calibração do termopar
consultar a norma ASTM E 77 – 92: tem sido melhoradas constantemente em
Standard Test Method for Inspeciton and velocidade e confiabilidade, por causa do
Verification of Thermometers. Várias uso do microprocessador. A técnica antiga
normas ASTM cobrem os termômetros consistia em ligar o instrumento receptor
clinicos. do termopar aos terminais de um
potenciômetro portátil de milivoltagem,
Termômetros a bimetal
medir a temperatura destes terminais com
O termômetro a bimetal possui todos os um termômetro padrão, ajustar a saída do
componentes de medição – sensor, potenciômetro para dar a indicação teórica
condicionador e indicador – em um único no receptor e anotar o ajuste do
invólucro. O sensor a bimetal integral ao potenciômetro. Finalmente, se procurava a
instrumento não pode ser calibrado temperatura correspondente em tabelas
isoladamente mas somente pode ser padrão. Este processo consumia muito
inspecionado visualmente, para verificar tempo e era susceptível a erros potenciais.
corrosão ou danos físicos evidentes. A medição de temperatura nos
O que se faz é calibrar o sistema de terminais é necessária porque um
indicação, colocando-se o termômetro em termopar contem inerentemente duas
um banho de temperatura e comparando junções de metais diferentes e não apenas
as indicações do termômetro com as uma. A saída de voltagem deste sistema
indicações de um termômetro padrão de termopar é afetada pelas temperaturas
colocado junto. O termômetro a bimetal de ambas as junções. A medição da
pode ser calibrado e, se necessário, temperatura da junção de medição, deste
ajustado nos pontos de zero e de largura modo, requer o conhecimento da
de faixa. temperatura da junção de referência. Em
Termopares muitos instrumentos, a junção de
referência ocorre nos terminais de ligação
Os termopares transformam calor em
neste instrumento receptor.
eletricidade. As duas extremidades de dois
O microprocessador simplificou muito a
fios de metais diferentes, como ferro e
calibração do termopar. Sua memória pode
constantant, são trançadas juntas para
conter as curvas de temperatura (voltagem
formar duas junções: uma de medição e
x temperatura) para os diferentes
outra de referência. Um voltímetro ligado
termopares. Estas curvas são geradas
em serie irá mostrar uma voltagem
usando-se equações publicadas pelo
termelétrica gerada pelo calor. Esta
National Institute of Standards and
voltagem é função da
Technology. Um instrumento a
1. diferença de temperatura entre a
microprocessador também faz a medição
junção de medição e a junção de
da temperatura da junção de referência,
referência.
incorporando-a em um resultado
2. tipo do termopar usado
compensado corretamente. Quando a
3. homogeneidade dos metais
calibração do instrumento baseado em
O mesmo resultado é obtido se as
microprocessador recebe uma voltagem,
extremidades de referência de dois fios
ele imediatamente translada para a
são ligadas diretamente aos terminais do
unidade de temperatura (oC), de acordo
voltímetro; estes terminais formam agora a
com tabelas contidas na sua memória e
junção de referência.
indica digitalmente estes valores.
Como a homogeneidade dos fios
componentes do termopar pode se

3.23
84
Quantidades Medidas
A
Tab. 5. Incertezas de calibração em termopares calibrados pelo método de comparação
o
Tipo Faixa, C Pontos de calibração Incerteza
Pontos Valores interpolados
observados
C
E 0 a 870 cada 100 0,5 1
C
0 a 870 300, 600 e 870 0,5 2
D
0 a 350 cada 100 0,1 0,5
D
-160 a 0 cada 50 0,1 0,5
C
J 0 a 760 100, 300, 500 e 750 0,5 1
D
0 a 350 cada 100 0,1 0,5
C
K 0 a 1250 cada 100 0,5 1
C
0 a 1250 300, 600, 900 e 1200 0,5 2
D
0 a 350 cada 100 0,1 0,5
D
-160 a 0 cada 50 0,1 0,5
C
ReS 0 a 1450 cada 100 0,3 0,5 a 1100 e 2 a 1450
C
0 a 1450 600 e 1200 0,3 1 a 1100 e 3 a 1450
C
B 0 a 1700 cada 100 0,3 0,5 a 1100 e 3 a 1700
C
0 a 1700 600 e 1200 0,3 1 a 1100 e 5 a 1700
D
T 0 a 370 cada 100 0,1 0,2
D
0 a 100 50 e 100 0,05 0,1
D
-160 a 0 cada 60 0,1 0,2

A
Valores foram extraídos da Circular 590 do National Bureau of Standards (hoje NIST)
C
Em fornos tubulares, por comparação com um termopar tipo S calibrado
D
Em banhos líquidos agitados, por comparação com um RTD de platina calibrado

3.24
85
Quantidades Medidas

Para calibrar instrumentos com calibradores são portáteis e leves, com


termopar, a técnica básica é fornecer um baterias recarregáveis e autocontidas.
sinal conhecido para o instrumento Os instrumentos a microprocessador
receptor para garantir que ele está dando podem medir e simular os sete tipos de
uma indicação precisa e exata. O termopares definidos pela ISA e outros
calibrador fornece este sinal de uma padrões internacionais e adaptados para
fonte estável e monitora, ao mesmo a maioria das aplicações. Cada termopar
tempo, o sinal com o sistema de medição tem suas próprias ligas metálicas, faixas
do próprio calibrador. A curva de temperatura e códigos de cores.
temperatura vs voltagem armazenada no Estes termopares são do tipo: B, E, J, K,
sistema do microprocessador do R, S e T. Um oitavo tipo, N, foi definido e
calibrador é o ponto de referência para está sendo padronizado. As curvas
gerar uma saída correta. Assim, o destes termopares, disponíveis na
calibrador simula o termopar, gerando literatura técnica, mostram milivoltls
uma tensão correspondente à versus oC e podem ser armazenadas na
temperatura e indicando temperatura (e memória do calibrador.
não tensão). A calibração com instrumento a
Além de calibrar e ajustar o microprocessador permite a calibração
instrumento receptor (registrador, mais rápida, mais direta e mais precisa.
indicador, controlador), deve-se calibrar o
sensor em si. O sensor pode ser Há ainda tabelas gerais:
substituído por um sensor novo calibrado
ou pode ser removido e calibrado em um # Titulo
laboratório de temperatura. Ele também 1 Tolerâncias nos valores iniciais de
pode ser calibrado no local se um sensor fem versus temperatura para
padrão de referência puder ser instalado termopares
2 Limites superiores sugeridos para
temporariamente próximo do termopar de
termopares protegidos
trabalho. Este caso nem sempre é
3 Coeficientes polinomiais para termopares
possível, mas quando possível, ele deve gerando fem como função de temperatura
ser preferido. Sua vantagem é que o 40 Coeficientes de polinômios inversos para
sensor instalado é aferido em sua computação da temperatura aproximada
condição real de operação. Um como função de fem de termopares
calibrador tendo dois canais de entrada
torna este método prático.
Vantagens da Calibração Inteligente Tab.4. F.e.m. versus temperatura para
termopares
Os calibradores a microprocessador
melhoram muito a precisão. Sem esta Número Tipo Faixa
ajuda, o técnico começa com algum erro 4 B
o
0 a 1820 C
pelo fato de usar um termômetro 5 B 32 a 3308 F
o

separado na junção de referência que 6 E -270 a 1000 C


o
o
não está colocado na junção de 7 E -454 a 1832 F
o
referência. A conversão manual de 8 J -210 a 1200 C
o
tabelas pode levar a erros humanos de 9 J -346 a 2192 F
o
operação. Usando a técnica de 10 K -270 a 1372 C
o
microprocessador, consegue-se precisão 11 K -454 a 2500 F
o
de até 0,02%. 12 N -270 a 1300 C
o
Os calibradores digitais podem ter 13 N -454 a 2372 F
o
outras funções, oferecendo uma faixa de 14 R -50 a 1768 C
o
características para medir todos os tipos 15 R -58 a 3214 F
o
de termopares e fontes de milivoltagens 16 S -50 a 1768 C
o
e para calibrar registradores, indicadores, 17 S -58 a 3214 F
o
controladores e outros tipos de circuitos 18 T -270 a 1300 C
o
potenciométricos e pirométricos. Os 19 T -454 a 2500 F

3.25
86
Quantidades Medidas

2.5. Corrente Elétrica 2.6. Quantidade de Matéria

Conceito Conceito
A 9a CGPM (1948) adotou a definição O nome desta grandeza é quantidade
de ampere, baseando-se em unidades de matéria, tendo como base o nome
mecânicas existentes, como a corrente francês quantité de matière, porém é
constante que, se mantida em dois usado também o nome quantidade de
condutores retos paralelos de substancia, por causa da influencia do
comprimento infinito, de seção circular inglês amount of substance. Este nome
desprezível e colocados em uma recorda o latim quantitas materiae,
distância de 1 m, no vácuo, produzem utilizado para designar a grandeza que
entre estes condutores uma força igual a hoje se chama massa. Deve-se esquecer
2 x 10-7 N por metro de comprimento. este significado pois a massa e a
Outra definição mais prática e quantidade de matéria são grandezas
realizável estabelece que 1 ampere é a diferentes.
corrente elétrica que deposita 1,118 mg Mol é a unidade de quantidade de
de prata em 1 s de uma solução saturada matéria, criada para os químicos, em
de óxido de prata. 1971. Um mol contem a mesma
quantidade de átomos que 0,012
kilograma de carbono C-12.
Anteriormente, o oxigênio (O2-16) era
usado como referência, porem, por
desavenças entre físicos e químicos e
por causa da existência de três isótopos
do oxigênio (16, 17 e 18), em 1960
houve um acordo entre eles para se usar
o isótopo 12 do carbono.
Fig. 14 - O ampere e sua definição SI. A lei de Avogrado estabelece que
iguais volumes de gases ideais, à
Unidade mesma temperatura e pressão, contem o
O ampere é a unidade SI base de mesmo número de moléculas. O número
corrente elétrica e o seu símbolo é A. de moles pode ser expresso como o
Realização da Unidade Base SI número de unidades elementares
dividido pelo número de Avogadro (6,02 x
A corrente elétrica pode ser realizada 1023). A unidade elementar pode ser
pela balança de corrente de Ayrton- átomo, molécula, íon, elétron, fóton ou
Jones, com precisão de 2 partes em 106. um grupo especifico de tais unidades,
A resistência elétrica pode ser medida porém a entidade usada deve ser
com precisão de 5 partes em 108 pelo especificada.
capacitor calculável de Thompson- O mol é numericamente igual à massa
Lampard e o volt pode ser medido com 3 molecular em gramas, erroneamente
partes em 108 usando os efeitos chamada de peso molecular. O mol não
Josephson, que são insatisfatórios. é uma unidade de massa mas deve ser
Padrões considerada como tendo uma dimensão
Como a precisão da realização do própria. As vezes se pensa que a
ampere pela balança de corrente é muito existência da massa tornaria
pobre quando comparada com a desnecessária a quantidade de matéria.
precisão de intercomparação de células Há situações na química e física onde é
padrão e resistores, e também por causa desejável basear as medições das
da dificuldade de armazenar o valor propriedades em um componente
realizado do ampere, os Laboratórios fundamental da matéria, como a
Nacionais de Padrão usam bancos de molécula e o átomo. As massas
células padrão e resistores como expressas em unidades de kilograma são
padrões primários mantidos. muito pequenas e com exatidões

3.26
87
Quantidades Medidas

inadequadas. Como é bem estabelecido Unidades


que o mesmo número de moléculas e O mol é a unidade de base SI de
átomos tem a mesma massa e quantidade de matéria e o seu símbolo é
propriedades, é conveniente definir uma mol. Não se deve dizer que n é o número
quantidade base de quantidade de de moles, mas que n é a quantidade de
matéria - o mol. matéria.
Para aumentar a precisão das O mol pode ser realizado
quantidades envolvidas, o mol é definido indiretamente pela constante de
indiretamente pela comparação do Avogrado, com precisão de 1 parte em
número de entidades relacionadas com 106. O volume molar de um gás ideal
as que constituem 0,012 kg de C-12. nas condições normais de temperatura e
Uma contagem direta destes itens em pressão (0 oC e 1 atmosfera) é igual a
um mol substitui a referência das 22,4 litros. Volumes iguais de gases
medições de massas, levando a uma contem números iguais de partículas. Um
precisão maior em termos de mol. mol de qualquer gás contem 6,02 x 1023
moléculas.

Fig. 16. Materiais de Referência Cerficada de


laboratório
Fig. 15 - O mol é definido no SI como
a quantidade de matéria de um sistema
que contem um número de unidades 2.7. Intensidade Luminosa
elementares igual ao número de As unidades de intensidade luminosa
unidades contidas nos átomos de C-12 se baseavam em padrões de chama ou
em exatamente 0,012 kilograma. A lâmpadas de filamento incandescente. A
unidade elementar deve ser especificada 9a CGPM (1948) substituiu o nome de
e pode ser átomo, molécula, íon, elétron vela nova por candela, que correspondia
ou grupo específico destas entidades. à luminância do emissor de radiação de
Planck (corpo negro) à temperatura de
fusão da platina, por sugestão da
A massa molecular ou atômica tendo Comissão Internacional de Iluminação.
o kilograma por mol como unidade deve A 13a CGPM (1967) redefiniu a
substituir o peso molecular ou o peso unidade candela, como a intensidade de
atômico. A palavra molar colocada luz incidindo na direção perpendicular a
depois de uma quantidade indica que ela uma superfície de 1/600 000 metro
se refere à unidade de quantidade de quadrado de um corpo negro radiador
matéria (mol), ou seja, por mol de perfeito, à temperatura de liquefação da
matéria. O termo especifico corresponde platina (2024 K), à pressão padrão (101
a uma quantidade sendo referida à 325 pascals).
unidade de massa (kg). Por exemplo, a A 16a CGPM (1979) redefiniu
massa molar do metano é 0,016 043 novamente a candela, por causa da
kg/mol e para o bióxido de carbono é dificuldade prática e realizar o irradiador
0,044 010 kg/mol. Estas duas massas de Planck em alta temperatura e das
tem exatamente o mesmo número de novas facilidades da radiometria.
moléculas. Atualmente, a candela é a intensidade
luminosa, numa dada direção de uma

3.27
88
Quantidades Medidas

fonte que emite uma radiação O radiano é a unidade de ângulo


monocromática de freqüência 540 x 1012 plano. Um radiano é o ângulo plano com
Hz e com intensidade energética nesta seu vértice no centro de um círculo
direção de 1/683 W/sr. compreendido por um arco com
Candela é a unidade base SI de comprimento igual ao do raio. O radiano
intensidade luminosa, com símbolo de é adimensional. O símbolo do radiano é
cd. (Candela, em latim significa vela). rad.
A realização da candela é conforme a 1 radiano é igual a 57,2958o.
definição, o que é difícil e impreciso. A O círculo possui 2 π radianos (~
precisão obtida é de 5 partes em 106. 6,2832 rad).
Por exemplo, uma lâmpada Na prática, usa-se mais o grau que o
incandescente de 100 watts tem radiano para expressar os ângulos
aproximadamente intensidade luminosa planos. O radiano é mais usado em
de 135 candelas (135 cd). equações científicas e de engenharia.
Ângulo Sólido
O esterradiano é a unidade de ângulo
sólido. Um esterradiano é o ângulo sólido
com o vértice no centro de uma esfera
compreendido por uma área de
superfície esférica igual a de um
quadrado tendo lados iguais ao
comprimento do raio. O símbolo do
esterradiano é sr.
Fig. 17 - No SI, a candela é a intensidade luminosa
A esfera possui 4 π esterradianos
na direção perpendicular de uma superfície de 1/600 000 (12,566 sr).
metro quadrado de um corpo negro perfeito mantido à
temperatura do ponto de fusão da platina (2024 K) e à
pressão de
101 325 kPa.

2.8. Quantidades Suplementares


As duas grandezas (unidades)
suplementares são: ângulo plano
(radiano) e ângulo sólido (esterradiano). Fig. 18 - Definições SI de radiano e esterradiano.
Embora estas grandezas tenham sido
apresentadas como suplementares elas
são análogas às grandezas de base.
Ângulo plano e ângulo sólido são 
adimensionais. Suas unidades podem
ser radiano e esterradiano ou nenhuma
dimensão.

Tab. 6 - Grandezas suplementares e unidades


Quantidade Física Unidade Símbolo
Ângulo radiano rad
Ângulo sólido esterradiano sr

Ângulo Plano

APOSTILA\METROLOG 4QuantBas.DOC 22 SET 98 (Substitui 01 ABR 98)

3.28
89
4
Instrumentos de Medição
Objetivos de Ensino
1. Relacionar as necessidades e aplicações das medições das variáveis, em controle,
monitoração e alarme de processos industriais.
2. Apresentar as principais funções da medição e controle: deteção da variável,
condicionamento do sinal, apresentação dos dados e atuação no processo.
3. Mostrar os principais tipos de instrumentos, pelo princípio de funcionamento, atuação,
alimentação, natureza do sinal.
4. Apresentar o conceito de elemento sensor, terminologia e princípios básicos de
funcionamento.
5. Apresentar os principais condicionadores de sinal: transmissor, filtro, amplificador,
linearizador, conversor A/D e D/A.
6. Conceituar e especificar os principais instrumentos de display: indicador, visor,
registrador, contador-totalizador e controlador.
7. Conceituar as características estáticas e dinâmicas dos instrumentos, como exatidão e precisão.
8. Apresentar os parâmetros da precisão, como linearidade, repetitividade, reprodutibilidade,
sensitividade, zona morta, velocidade de resposta e confiabilidade.
9. Diferenciar as expressões de precisão, em percentagem de fundo de escala e do valor medido.
10. Mostrar a filosofia para escolher e especificar a precisão necessária do instrumento.
11. Conceituar rangeabilidade.
12. Conceituar erro e apresentar os diferentes tipos e causas de erros, grosseiros, aleatórios e
sistemáticos.
13. Apresentar os tipos de erros em função do tempo, origem.
14. Mostrar as fontes do erro sistemático: inerente ao instrumento, influência, modificação e carga
do instrumento.
15. Apresentar a filosofia para determinação do erro resultante.

4.1
90
Instrumentos de Medição

cumprir as leis. As medições são idênticas


1. Medição em espécie às da metrologia técnica mas
são revestidas de uma estrutura mais
formal.
1.1. Metrologia
Científica
Metrologia é a ciência das medições. A
Esta classe inclui as medições feitas
palavra metrologia é derivada de duas
para validar teorias da natureza do
palavras gregas: metro que significa
universo ou para sugerir novas teorias.
medição e logia que significa ciência. O
Estas medições, que podem ser chamadas
termo é usado em um sentido mais restrito
de metrologia científica apresentam
para significar a porção da ciência da
problemas especiais.
medição usada para fornecer, manter e
disseminar um conjunto consistente de
1.2. Resultado da Medição
unidades, para fornecer suporte para o
cumprimento de igualdade no comércio por Nenhum ramo da ciência ou da técnica,
leis de pesos e medidas ou para fornecer da indústria ou do comércio pode se
dados para controlar qualidade em organizar sem a existência de medições
processos. que determinem as dimensões ou
Uma medição é uma série de características do produto.
manipulações de objetos ou sistemas O resultado de qualquer medição de
físicos de acordo com um protocolo uma grandeza física resulta sempre em
definido que resulta em um número. O três fatores:
número é reportado para representar 1. o valor numérico da grandeza
unicamente a magnitude ou intensidade de 2. a unidade da grandeza.
alguma satisfação de que depende as 3. a incerteza da medição, associada a
propriedades do objeto sob teste. Este uma
número é desenvolvido para formar a base 4. probabilidade de que o valor medido
de uma decisão afetando algum objetivo caia nos intervalos da incerteza.
humano ou satisfazendo alguma A importância da incerteza ou erro da
necessidade humana, a satisfação de que medição é que ela obscurece a habilidade
depende das propriedades do objetivo sob de se obter a informação que se quer: o
teste. valor verdadeiro da variável medida. Por
Estas necessidades podem ser vistas causa dos erros, a exatidão de uma
de modo útil como requerendo três classes medição nunca é certa. A estatística
gerais de medição: mostra que o valor verdadeiro conseguido
1. Técnicas em um conjunto de medições é dado por
2. Legais sua média aritmética e a incerteza neste
3. Científicas valor é:
Técnicas
x = x ± u x (P%)
Esta classe inclui as medições feitas
para garantir a compatibilidade onde
dimensional, conformação a x = valor medido
especificações de projeto necessárias para x = média das medições da amostra
uma função apropriada ou em geral, todas ux = incerteza da medição
as medições feitas para garantir P = probabilidade que a medição esteja
adequação para uso pretendido de algum dentro do intervalo (x - ux) e (x + ux)
objeto. O resultado da medição do
comprimento de uma peça pode ser, por
Legal exemplo,
Esta classe inclui as medições feitas
para garantir cumprimento da lei ou (8,0 ± 0,2) m
regulação. Esta classe se refere a onde
instituições de pesos e medidas, 8,0 é o valor provável do comprimento
inspetores e aqueles que devem fazer

4.2
91
Instrumentos de Medição

0,2 é a incerteza da medição, feita por 4. de modo a manter a variável


um instrumento real e há uma controlada igual ao valor desejado ou
probabilidade de 95% que o valor 8,0 variando em torno deste valor.
medido esteja entre o intervalo 7,8 e 8,2 O controle automático com
(esta informação deve ser dada pelo realimentação negativa pode se tornar
fabricante do instrumento e informada no mais complexo, envolvendo muitas
catálogo do instrumento que fez a medição variáveis de processo simultaneamente.
do comprimento) São casos particulares de controle a
m é o símbolo da unidade de realimentação negativa multivariável:
comprimento metro. cascata, faixa dividida (split range) e auto-
Afirmar simplesmente que o resultado é seletor.
8 não tem nenhum significado, a não ser Outra técnica alternativa é o controle de
que se complete a informação com a malha fechada preditivo antecipatório
unidade metro, a incerteza 0,2 e a (feedforward). Esta estratégia envolve
probabilidade associada com esta 1. a medição de todos os distúrbios que
incerteza. afetam a variável controlada,
Há grandezas sem unidades, como 2. um modelo matemático do processo
densidade relativa, índice de refração, sob controle,
coeficiente de atrito, número de Reynolds. 3. a atuação em uma variável
manipulada,
1.3. Aplicações da Medição 4. no momento em que há previsão de
variação na variável controlada e
Os principais usos da medição em
antecipando-se ao aparecimento do
processos industriais e operações são:
erro.
1. controle
5. para manter a variável controlada
2. monitoração
constante e igual ao valor desejado,
3. alarme.
Um caso particular e elementar de
Controle controle preditivo antecipatório é o controle
Controlar uma variável de processo é de relação de vazões.
mantê-la constante e igual a um valor
desejado ou variando dentro de limites
estreitos. Só se controla uma variável. Não
se pode ou não há interesse em controlar
grandeza que seja constante. O controle é
tão bom quanto a medição da variável
controlada.
O controle pode ser obtido
manualmente, quando o operador atua no
processo baseando-se nas medições e
indicações de grandezas do sistema. O
controle manual é de malha aberta e é
matematicamente estável.
Há várias técnicas e teorias para se
obter o controle automático de processos Fig. 2. Instrumentos de leitura e cegos (Foxboro)
industriais. A técnica básica e a mais
usada é através da malha fechada com
realimentação negativa (feedback), onde
1. se mede a variável controlada na
saída do processo,
2. compara-a com um valor de
referência e
3. atua na entrada do processo,

4.3
92
Instrumentos de Medição

Monitoração informação operando em seqüência. A


Monitorar é supervisionar um sistema, seqüência descreve a ordem dos eventos,
processo ou operação de máquina, para incluindo as ações das chaves de alarme,
verificar se ele opera corretamente durante lógica do anunciador, sinal sonoro, display
sua operação. Em instrumentação, é visual e ação do operador.
comum usar instrumentos para medir Tipicamente, cada seqüência tem
continuamente ou em intervalos uma quatro objetivos:
condição que deve ser mantida dentro de 1. alertar o operador para uma
limites predeterminados. São exemplos condição anormal,
clássicos de monitoração: 2. indicar a natureza da condição
1. radioatividade em algum ponto de anormal (alarme ou desligamento),
uma planta nuclear, 3. requerer a ação de conhecimento
2. deslocamento axial ou vibração radial pelo operador
de eixos de grandes máquinas rotativas, 4. indicar quando o sistema retorna à
3. reação química em reatores através condição normal.
da análise de composição dos seus
produtos. 1.4. Tipos de Medição
Um sistema de monitoração é diferente Os três tipos principais de medição são:
de um sistema de controle automático 1. medição direta
porque não há atuação automática no 2. comparação
sistema, ou por incapacidade física de 3. substituição
atuação ou por causa dos grandes atrasos
entre as amostragens, medições e Medição direta
atuações. No sistema de monitoração, Como o nome sugere, esta é a forma
todas as indicações e registros são mais simples de medição. Por exemplo, se
avaliados continuamente, analisam-se as mede a voltagem escolhendo um medidor
condições do processo e, em caso com a faixa correta de voltagem, ligando-o
extremo, pode-se desligar o sistema, de nos terminais apropriados e lendo a
modo automático ou manual, quando os voltagem diretamente da posição do
limites críticos de segurança são atingidos. ponteiro na escala ou nos dígitos do
display.
Alarme
Em sistemas de controle e de
monitoração é comum se ter alarmes. Um
sistema de alarme opera dispositivos de
aviso (luminoso, sonoro) após a ocorrência
de uma condição indesejável ou perigosa
no processo. O sistema de alarme é usado
para chamar a atenção do operador para
condições anormais do processo, através
de displays visuais e dispositivos sonoros.
Os displays visuais geralmente piscam
lâmpadas piloto para indicar condições Fig. 3. Medição direta
anormais do processo e são codificados
por cores para distinguir condições de
alarme (tipicamente branca) e de
desligamento (tipicamente vermelha).
Diferentes tons audíveis também podem
ser usados para diferenciar condições de
alarme e de desligamento.
Um sistema de alarme possui vários
pontos de alarme que são alimentados por
uma única fonte de alimentação. O
anunciador de alarme apresenta a

4.4
93
Instrumentos de Medição

O método direto de pesagem toma uma


balança com mola, com a faixa correta,
coloca nela o peso desconhecido e lê o
deslocamento na escala calibrada.
O método direto de medição baseia no
comportamento de algum sistema físico
(sensor e processador do sinal) para
converter a quantidade medida (sinal de Fig. 4. Medição por comparação
entrada) em uma quantidade observável
(sinal de saída). Para o voltímetro, o Uma situação similar pode ocorrer na
processo físico é a rotação da bobina medição elétrica. Pode-se produzir uma
móvel quando a corrente passa por ela. A voltagem conhecida e então compará-la
balança de mola se baseia no com uma voltagem desconhecida. A
deslocamento causado pela força da comparação real é feita usando-se um
gravidade no peso. Para os dois galvanômetro que detecta se há passagem
instrumentos, é necessária uma calibração ou não de corrente por ele. Quando as
inicial da posição do ponteiro, como uma tensões forem diferentes, haverá
função da magnitude do sinal de entrada. passagem de corrente em alguns dos dois
Isto é feito somente em uma posição, sentidos, dependendo do valor relativo das
tipicamente na deflexão de fundo de tensões. Quando elas forem iguais não
escala e a precisão da leitura em outros haverá corrente pelo galvanômetro.
pontos depende da linearidade da resposta Quando se obtém a posição zero (nulo),
do sistema. A precisão contínua do garante-se que as tensões são exatamente
instrumento entre as calibrações depende iguais. Este método, chamado de balanço
do valor pelo qual a resposta do sistema de nulo, é extremamente preciso porque
pode variar, devido ao envelhecimento e ele não se baseia em qualquer outro
outros efeitos. A precisão da medição sistema físico para se obter o valor da
direta depende fundamentalmente do quantidade sendo medida.
sistema físico escolhido como transdutor e Outro circuito eletrônico baseado em
processador do sinal, do número de vezes detector de nulo é a ponte de Wheatstone,
de calibração do sistema e da qualidade que consiste em 4 resistências, uma fonte
do equipamento usado. de polarização e um galvanômetro detector
Medição comparativa - balanço de nulo de zero. A ponte de Wheatstone é usada
O método comparativo de pesagem para medir valores de resistência elétrica e
deve ser muito familiar a todos. Usam-se pequenas tensões.
dois pratos da balança para comparar os
pesos da massa desconhecida e da massa
conhecida. Quando eles forem iguais, não
R1 R2
haverá deflexão do ponteiro. Quando um
for maior que o outro, haverá uma deflexão E B
A D
para algum dos lados da balança. Tudo se
R3 R4
resume a uma questão de se ter pesos
calibrados conhecidos para que se tenha a
pesagem exata de qualquer massa
desconhecida. Fig. 5. Ponte de Wheatstone
Não há necessidade de calibração. Em
cada medição, a quantidade desconhecida
é comparada diretamente com uma
quantidade conhecida.

4.5
94
Instrumentos de Medição

O sistema de medição é usado apenas peso desconhecido M é colocado no prato


para indicar quando se obtém o balanço do A. Para se consiga um novo balanço,
nulo. O sistema necessita apenas da agora é necessário remover pesos do
medição para dar a leitura do zero; ele não prato B.
precisa ser calibrado nem precisa dar uma O peso removido de B é igual ao peso
resposta linear. O sistema de medição desconhecido colocado no prato A, de
deve ser calibrado somente quando as modo que este peso foi medido. Porém, o
leituras forem tomadas fora do equilíbrio. que é significativo neste novo sistema é
que o peso total na balança não foi
Medição por substituição
alterado. Tudo que aconteceu foi a
Como já visto, o método comparativo de substituição de um peso desconhecido por
medição é fundamentalmente mais preciso um peso conhecido e as condições do
do que o método correspondente de sistema de medição (balança) não foram
medição direta, por que se elimina o alteradas. Assim, a medição por
sistema de medição como meio de substituição envolve a recolocação de algo
interpretar o sinal de entrada sendo de valor desconhecido por algo de valor
medido. Foi visto também que uma forma conhecido, sem alterar as condições de
limitada de sistema de medição era usar o medição.
registro da posição do balanço do nulo. Por exemplo, seja a resistência de valor
Um método mais preciso ainda de medição desconhecido em um circuito. Se ela é
elimina qualquer efeito do sistema de substituída por uma resistência de valor
medição. conhecido, R, de modo que a voltagem e a
Como exemplo, seja a balança química corrente no circuito continuem exatamente
com dois pratos, que fica balançada as mesmas, então o valor da resistência
exatamente quando há a massa de 200 g desconhecida é também igual a R.
em cada prato. Agora, se estes pesos
forem removidos e um peso de apenas 1 g 2. Instrumentos da Medição
for colocado em cada prato, haverá ainda
um balanço perfeito? Espera-se que sim. Os instrumentos podem ser
Porém, entre a primeira e a segunda classificados de acordo com sua aplicação,
medições foram removidas 398 g do modo de operação, método de conversão
sistema e isto afetará as tensões e de energia, natureza do sinal de saída.
resistências presentes nos braços, Todas estas classificações usualmente
suportes e ponteiro. É bem possível que resultam em superposição. Porém, os
haja uma pequena variação no instrumentos usados na prática podem ser
comportamento do sistema, dando um erro divididos nas seguintes categorias:
na medição da 1 g. Em uma balança mais 1. manual e automático
precisa deveria haver uma garantia que o 2. contato e não-contato
peso total no sistema não variasse, mesmo 3. auto-alimentado e com fonte externa
se forem medidos pesos de diferentes 4. analógico e digital
valores. Isto pode ser feito pelo método da
substituição. 2.1. Manual e Automático
A medição mais simples é feita
manualmente, com a interferência direta
de um operador. A medição manual
geralmente é feita por um instrumento
portátil. Exemplos de medição manual:
medição de um comprimento por uma
régua, medição de uma resistência elétrica
através de um ohmímetro, medição de
uma voltagem com um voltímetro. As
Fig. 6. Medição por substituição medições feitas manualmente geralmente
Uma balança perfeita é obtida com os são anotadas pelo operador, para uso
pesos calibrados de 200 g no prato B. Um posterior.

4.6
95
Instrumentos de Medição

A medição pode ser feita de modo com um amperímetro. O amperímetro


automático e continuo. O instrumento fica usado para medir a corrente é colocado
ligado diretamente ao processo, sentido a fisicamente no circuito de medição. A
variável e indicando continuamente o seu resistência interna do amperímetro pode
valor instantâneo. Quando o operador afetar a medição feita.
quiser saber o valor medido, ele se Na maioria das medições feitas há
aproxima adequadamente do instrumento contato físico entre o elemento sensor e o
e faz a leitura. Também neste caso, ele processo. As vezes, usam-se selos e
pode anotar a leitura feita para uso poços para isolar o sensor do processo,
posterior. mas mesmo nestas aplicações, há contato
Quando se necessita do registro entre o instrumento de medição com o
continuo da variável, usa-se um processo. A principal desvantagem do
registrador, que opera continuamente. medidores diretos e com contato é a
Atualmente é possível, num sistema de possibilidade do sensor alterar o valor da
aquisição de dados, a medição continua de variável medida.
muitas variáveis e a emissão de relatórios
de medição através de impressoras de Medição sem Contato
computador.
É possível fazer medição sem o contato
físico entre o instrumento e o processo.
2.2. Contato e Não-Contato
Por exemplo, há muito tempo os
Outro critério importante no estudo dos astrônomos sabem com relativa precisão a
instrumentos de medição é sua colocação temperatura da superfície dos planetas, da
e interação com o processo medido. A Lua e do Sol. E eles nunca foram a estes
medição pode ser feita com e sem contato lugares, exceto, uma única rápida vez, à
físico. Lua.
Há medições realizadas com o contato Exemplos clássicos de medição sem
físico do instrumento com o processo. Por contato:
exemplo, a medição de temperatura com 1. Medição de temperatura com
um termômetro clinico, o bulbo do sensores de radiação de
termômetro entra em contato físico com o infravermelho. A temperatura é
corpo do qual se quer medir a medida à distância, através de
temperatura. A condução do calor, depois computação da energia captada pelo
de algum tempo, iguala a temperatura do medidor. Estes sensores ópticos de
sensor com a do corpo e o termômetro temperatura apresentam precisão
indica a temperatura medida. Dependendo aceitável e podem medir
do tamanho, massa e temperatura do temperaturas baixa (muitas pessoas
termômetro, ele pode alterar a temperatura acham que eles só podem ser
medida. aplicados em medições de alta
Outro exemplo clássico de medição temperatura. Quem mede o mais
com contato físico é a medição de vazão difícil, também mede o mais fácil).
com placa de orifício. A placa de orifício é 2. Medição da corrente e tenso elétricas
uma restrição que é colocada em uma através de amperímetro alicate. No
tubulação. Quando a vazão passa por esta amperímetro alicate, os fios por onde
restrição, a velocidade do fluido aumenta e circula a corrente que se quer medir
como conseqüência, a pressão estática da são enrolados externamente à ponta
tubulação diminui. Pela medição desta de prova do amperímetro. O
diferença de pressão, antes e depois da amperímetro mede a corrente que
placa de orifício, pode-se medir com circula pelo fio, sem interromper o
precisão a vazão volumétrica do fluido. A circuito e sem fazer parte física do
placa de orifício, elemento sensor de circuito.
vazão, provoca uma queda de pressão na 3. Analogamente, é possível medir
tubulação e afeta a vazão medida. vazões de fluidos com medidores
Um terceiro exemplo de medição com ultra-sônicos, que são não-intrusivos
contato é a medição de corrente elétrica e externos à tubulação.

4.7
96
Instrumentos de Medição

A principal justificativa do uso de registradores que não necessitam de


medidores sem contato, embora menos alimentação externa são:
precisos que os de contato, é a sua 1. indicador local de pressão, com
facilidade de aplicação, sem interferência elemento sensor tipo bourdon C,
na operação do processo e principalmente, helicoidal, espiral, helicoidal ou fole.
sem alteração da variável medida. 2. indicador local de temperatura com
elemento sensor tipo bimetal.
2.3. Alimentação dos Instrumentos 3. indicador ou registrador local de
vazão com elemento sensor de
A energia está associada aos
pressão diferencial (diafragma).
instrumentos de dois modos: através da
Idealmente, variações da alimentação
alimentação e do método de transdução.
do instrumento não deveriam afetar o
Qualquer instrumento para funcionar
desempenho dos instrumento e por isso,
necessita de uma fonte de energia. Esta
não deveriam provocar erros de medição.
fonte de energia pode ser externa e
Na prática, quando a alimentação excede
explícita, quando o instrumento é
os limites inferior e superior da
alimentado. As duas fontes clássicas de
alimentação, há erros de medição.
alimentação de instrumentos são a
Geralmente, os fabricantes informam tais
eletrônica e a pneumática.
limites de alimentação, que não devem ser
Instrumentos eletrônicos são
excedidos, sob pena de provocar grandes
alimentados por uma fonte externa de
erros de medição.
voltagem, típica de 24 V cc. Esta
alimentação pode ser feita por um par de
2.4. Analógico e Digital
fios diferente do par de fios que conduz a
informação ou pode ser feita pelo mesmo O conceito de analógico e digital se
par de fios que conduz a informação. refere a
Geralmente a alimentação é fornecida por 1. sinal
um instrumento montado na sala de 2. função matemática
controle. Por questão econômica e de 3. tecnologia
segurança, raramente se usa um 4. display
instrumento de medição alimentado com
uma bateria integral (colocado no seu Sinal
interior). O sinal padrão de transmissão de
Sinal é uma indicação visual, audível ou
corrente é de 4 a 20 mA cc.
de outra forma que contem informação.
Instrumentos pneumáticos são
Sinal analógico é aquele que vária de
alimentados por uma fonte externa de ar
modo continuo, suave, sem saltos em
comprimido, típica de 140 kPa (20 psi).
degrau. O parâmetro fundamental do sinal
Cada instrumento pneumático montado no
analógico é sua amplitude. Medir um sinal
campo é alimentado individualmente
analógico é determinar o valor de sua
através de um conjunto filtro-regulador
amplitude. São exemplos de sinal
ajustável ou fixo. O filtro elimina, num
analógico:
estágio final, as impurezas, umidade e óleo
1. Sinal padrão pneumático de 20-100
contaminantes do ar comprimido. O
kPa, onde o 20 kPa corresponde a
regulador, ajustável ou fixo, geralmente
0% e 100 kPa a 100%.
abaixa a pressão mais elevada de
2. Sinal padrão eletrônico de 4-20 mA
distribuição para o valor típico de 140 kPa.
cc, onde o 4 mA cc corresponde a
O sinal padrão de transmissão pneumática
0% e 20 mA a 100%.
é de 20 a 100 kPa.
3. As variáveis de processo são
Existe ainda instrumentos de montagem
analógicas. Uma temperatura pode
local que não necessitam de nenhuma
variar de 20 a 50 oC, assumindo
alimentação externa para seu
todos os infinitos valores
funcionamento. Eles são chamados de
intermediários. Uma pressão de
auto-alimentados. Eles utilizam a própria
processo pode variar de 20 a 100
energia do processo para seu
kPa, de modo continuo.
funcionamento. Exemplos de indicadores e

4.8
97
Instrumentos de Medição

Sinal digital ou discreto é aquele que só Fig. 7. Instrumento com display analógico e
pode assumir valores descontínuos. O digital
sinal digital é constituído de pulsos ou de
bits. Pulsos só podem ser contados; bits
podem ser manipulados. Um exemplo relacionando todos estes
São exemplos de sinais digitais: conceitos é a medição do tempo pelo
1. Saída de pulsos da turbina medidora relógio. O tempo é uma grandeza
de vazão, onde cada pulso analógica. O tempo pode ser medido por
escalonada pode corresponder, por um relógio mecânico, com tecnologia
exemplo, a 1 litro/segundo de vazão. analógica e mostrador analógico. Tem-se
2. palavra de 4 bits, 1101. engrenagens, molas, pinos acionando um
ponteiro que percorre uma escala circular
Função Matemática graduada. O ponteiro se move
Há funções ou tarefas que são continuamente. Este mesmo tempo pode
tipicamente analógicas, como registro e ser medido por um relógio eletrônico, com
controle de processo. Só é possível tecnologia digital mas com mostrador
registrar um sinal analógico. Por exemplo, analógico. A tecnologia do relógio é digital
quando se quer registrar a vazão, tendo-se pois tem um microprocessador e um cristal
uma turbina medidora com saída de oscilante. A indicação é analógica, pois é
pulsos, deve-se converter o sinal de pulsos constituída de escala e ponteiro. Porém, o
em analógico. O controle é também uma ponteiro se move com pequenos saltos,
função analógica. O seu algoritmo mostrando que está sendo acionado por
fundamental, PID, é matematicamente pulsos. Finalmente, o tempo pode ser
analógico e continuo. O controle liga- indicado por um relógio digital. A
desliga é um caso particular, com uma tecnologia do relógio é digital e o indicador
saída discreta (digital). Um controlador é também digital. O display são números
digital envolve uma tecnologia digital para que variam discretamente. Resumindo: a
executar a função analógica de controle. variável analógica tempo pode ser indicada
Funções tipicamente digitais são através de relógio analógico (mecânico) ou
alarme, contagem de eventos e totalização digital (eletrônico) com display analógico
de vazão. Quando se totalizam pulsos (escala e ponteiro) ou digital (números).
escalonados de medição de vazão, basta
Tecnologia
contá-los. Quando se totaliza um sinal
analógico proporcional à vazão, é A tecnologia eletrônica pode ser
necessário converter o sinal para digital e analógica ou digital.
depois contar os pulsos correspondentes. A base dos circuitos analógicos é o
A indicação pode ser indistintamente amplificador operacional, que manipula e
analógica ou digital. computada variáveis analógicas (corrente
e voltagem). Os componentes passivos
(resistência, capacitor e indutor) servem
para polarizar os circuitos. Os
componentes ativos (transistores,
amplificadores operacionais) operam na
região de amplificação linear.
Instrumento digital usa circuitos e
técnicas lógicas para fazer a medição ou
para processar os dados. Basicamente,
um instrumento digital pode ser visto como
um arranjo de portas lógicas que mudam
os estados em velocidades muito elevadas
para fazer a medição. A base dos circuitos
digitais são os circuitos integrados digitais,
constituídos de portas lógicas (AND, OR,
NAND, NOR, NOT), multivibradores (flip-

4.9
98
Instrumentos de Medição

flop), contadores e temporizadores. Comparação Analógica Versus


Atualmente, todos estes circuitos e lógicas Digital
estão integradas no microprocessador. Os
Deve-se diferenciar um instrumento
circuitos digitais podem também executar
digital e um instrumento com display
as tarefas analógicas de amplificar e filtrar.
digital.
Necessariamente, eles devem ter um
Instrumento digital é aquele em que o
estágio de conversão analógico-digital e
circuito necessário para obter a medição é
eventualmente, de digital-analógico.
de projeto digital. Um instrumento com
Display display digital é aquele que o circuito de
medição é de projeto analógico e somente
O display ou readout é a apresentação a indicação é de projeto digital.
visual dos dados. Ele pode ser analógico Um instrumento analógico com leitura
ou digital. digital é geralmente não mais preciso que
Display analógico é aquele constituído, o mesmo instrumento analógico com
geralmente, de uma escala fixa e um leitura analógica.
ponteiro móvel (pode haver escala móvel e A principal vantagem do display digital é
ponteiro fixo). O ponteiro se move a conveniência de leitura, quando não se
continuamente sobre a escala graduada, tem a preocupação de cometer erro de
possibilitando a leitura do valor medido. paralaxe, quando se posiciona
Display digital é aquele constituído por erradamente em relação ao instrumento de
números ou dígitos. Os números variam de leitura. Os psicólogos garantem que se
modo discreto, descontinuo, possibilitando cansa menos quando se fazem múltiplas
a leitura do valor medido. leituras digitais.
O fator mais importante favorecendo o Porém, a leitura de instrumento
instrumento digital, quando comparado analógico é de mais rápida e fácil
com o analógico, é a facilidade de leitura. interpretação, principalmente quando se
Quando o operador lê um instrumento tem comparações entre duas medições.
analógico, ele deve se posicionar Por isso, mesmo a instrumentação
corretamente, fazer interpolação, usar eletrônica sofisticada com tecnologia digital
espelho da escala, ou seja, ter um bom possui medidores que simulam indicações
olho. A leitura analógica é suscetível a analógicas. Por exemplo, o controlador
erro, subjetiva e demorada. single loop possui indicações da medição e
do ponto de ajuste feitas através de gráfico
de barras. Os relógios digitais foram muito
populares na década de 80, porque eles
eram novidade e mais baratos.
Atualmente, há o reaparecimento de
relógios com display analógico, com
ponteiros e escala, porque sua leitura é
mais rápida e fácil, pois se sabe o
significado de certas posições dos
ponteiros das horas e dos minutos.
A precisão é uma segunda vantagem do
instrumento digital sobre o analógico.
Embora a precisão dependa da qualidade
e do projeto do instrumento, em geral, o
instrumento digital é mais preciso que o
analógico de mesmo custo. Tipicamente, a
precisão do digital é de 0,1% e do
analógico é de 1%.
Fig. 8. Instrumentos com display digital

4.10
99
Instrumentos de Medição

clock e sua freqüência nominal é


diretamente transferida em um erro de
medição. Este erro é chamado de erro da
base de tempo e é geralmente dado por
um número adimensional expresso em
partes por milhão.
O erro de gatilho é um erro aleatório
causado pelo ruído no sinal de entrada e
dentro do contador. O principal efeito do
ruído é fazer o gatilho abrir em um período
de tempo incorreto.
O erro sistemático existe no instrumento
associado com sua calibração e depende
Fig. 9. Display analógico de controlador (Foxboro) de sua qualidade e período de tempo
transcorrido depois da calibração.
Por exemplo, a precisão de um
A exatidão de qualquer instrumento está contador eletrônico Hewlett-Packard é de
relacionada com a calibração. Como a ±1 digito ± erro da base de tempo. Para
precisão de um instrumento digital medição de intervalo de tempo, a precisão
depende da percentagem do valor medido do contador é de ± resolução ± erro da
e de mais ou menos alguns dígitos menos base de tempo ± erro do gatilho ± 2 ns. A
significativos (erro de quantização), o precisão de um multímetro digital da Fluke,
instrumento digital requer calibrações mais de 4 1/2 dígitos é de ±0,03% do valor
freqüentes que o instrumento analógico, medido + 2 dígitos para a faixa de
cuja precisão depende apenas da voltagem cc. A precisão para voltagem ca
percentagem do fundo de escala. depende da freqüência, por exemplo, para
Os instrumentos digitais fornecem o multímetro Fluke 8050A: ±0,5% do valor
melhor resolução que os analógicos. A medido + 10 dígitos entre 45 Hz e 1 kHz
maior resolução dos instrumentos digitais em todas as faixas.
reduz o número de faixas necessárias para
cobrir a faixa de medição. 2.5. Instrumento Microprocessado

Erros do Contador Digital Função do Microprocessador


Atualmente, o microprocessador está
O contador é o dispositivo de saída do
sendo usado em toda parte e ganhando
instrumento com display digital. Os
novas funções, abrindo novos caminhos
principais erros na medição com um
para seus usuários. Isto é principalmente
contador eletrônico são:
verdade na instrumentação. O instrumento
1. erro de ±1 contagem
baseado no microprocessador é chamado
2. erro da base de tempo
de inteligente. No instrumento
3. erro de gatilho
convencional, a informação deve ser
4. erro sistemático.
interpretada pelo operador inteligente; no
Quando uma medição é feita com um
instrumento inteligente a informação já é
contador eletrônico, existe uma incerteza
interpretada e fornecida num formato mais
no digito menos significativo de ±1
amigável, de modo que até um operador
contagem. Esta incerteza é resultado da
sem experiência pode entende-la (não
não-coerência entre o sinal de clock
necessariamente o operador precisa ser
interno e o sinal de entrada. O erro
não inteligente).
causado por esta ambigüidade é em
O microprocessador revolucionou a
termos absolutos de ±1 contagem para a
instrumentação eletrônica. O uso de
contagem total acumulada; o erro relativo
microprocessador em instrumentos
diminui quando a contagem total
aumentou drasticamente sua exatidão,
acumulada cresce.
expandiu suas capacidades, melhorou sua
Qualquer erro que seja resultado da
confiabilidade e forneceu uma ferramenta
diferença entre a freqüência mestre real do

4.11
100
Instrumentos de Medição

para desempenhar tarefas não imagináveis wired). Esta forma de lógica contradiz a
até então. multifuncionalidade e eficiência. Sempre
O instrumento a microprocessador se havia problemas para controlar e chavear
tornou extremamente versátil, onde os as várias funções do instrumento.
procedimentos de medição se tornaram O microprocessador, como parte
mais facilmente administráveis, ajustes, integrante do instrumento, tornou a lógica
calibração e teste se tornaram automáticos fixa do instrumento multifuncional em
e o seu desempenho metrológico foi programável. O programa que executa
melhorado. O microprocessador fornece suas múltiplas funções fica armazenado
1. procedimentos computacionais mais em memórias eletrônicas (ROM ou
eficientes, PROM). Por este motivo, o instrumento
2. analise estatística dos resultados microprocessador é também chamado de
3. resultados linearizados e corrigidos programa armazenado. A lógica
4. funções programáveis. armazenada torna o instrumento fácil de
Houve uma mudança radical na filosofia ser programado e de ser atualizado, sem
do projeto do instrumento. Como o mudanças significativas no circuito. A
microprocessador se tornou uma parte lógica programável tornou o preço do
integral do instrumento, os enfoques são instrumento muito menor, por causa da
totalmente diferentes com relação à padronização e simplicidade dos
estrutura, circuito e controle do componentes.
instrumento. As principais vantagens do
Exatidão melhorada
instrumento microprocessado são:
1. multi funcionalidade estendida e A exatidão do instrumento
expandida em programas flexíveis, microprocessado foi muito melhorada. Os
2. consumo de energia foi reduzido erros sistemáticos podem ser diminuídos
drasticamente, por vários motivos:
3. adaptação fácil a interfaces padrão 1. um ajuste de zero automático no
de bus para sistemas integrados de início de cada medição,
medição 2. uma auto-calibração automática
4. facilidade de controle por causa da 3. auto-teste e auto-diagnose.
interface 4. medição replicada do valor e a
5. operação e uso mais simples, computação estatística para dar o
economizando tempo. resultado mais esperado.
6. tamanho miniaturizado 5. apresentação do resultado em
7. confiabilidade maior, por ter poucos display de modo que os resultados
componentes, componentes mais estranhos são descartados.
confiáveis por causa do Capacidades expandidas
encapsulamento que o torna imune à
O microprocessador estende e expande
umidade e temperatura.
as capacidades do instrumento, tornando-o
Multifuncionalidade adaptável a várias formas de técnicas de
A idéia de instrumento multifuncional medição, como medição inferencial
não é nova. Porém, sem o uso do (indireta) e acumulativa.
microprocessador, um instrumento O instrumento microprocessado pode
multifuncional era, na prática, a montagem fazer várias medições simultâneas e fazer
de várias sub-unidades funcionais em um computações matemáticas complexas
único invólucro. Em serviço, o usuário destes sinais, para compensar, linearizar e
escolhia sua função através de chaves filtrar os resultados finais. Em resposta a
convenientes. Deste modo, ele montava as um simples comando entrado através de
várias sub-unidades em uma configuração seu teclado, o microprocessador pega a
adaptada para medir a função escolhida. O técnica de medição certa, armazena os
algoritmo de projeto do instrumento ficava resultados das várias medições diretas, faz
inalterado. O instrumento multifunção os cálculos e apresenta o resultado final
convencional usava lógica fixa com todos condicionado no display. A medição é
os circuitos e fios físicos soldados (hard-

4.12
101
Instrumentos de Medição

indireta, porém ela parece direta para o 4. subtrair uma constante do resultado
operador. 5. dividir o resultado por uma constante
Por exemplo, na medição da vazão de 6. apresentar o resultado em unidades
gases, um computador de vazão logarítmicas
microprocessado recebe os sinais 7. linearizar resultados
correspondentes ao medidor de vazão
Análise estatística
(transmissor associado à placa, turbina,
vortex), pressão, temperatura e Os instrumentos microprocessados
composição. Todos estes sinais são podem gerar o valor médio, valor eficaz
computados internamente e o totalizador (root mean square), a variância, o desvio
pode apresentar o valor da vazão padrão de uma variável aleatória sendo
instantânea compensada em massa ou analisada e o coeficiente de correlação de
volume, o valor do volume ou massa duas variáveis aleatórias. Há instrumentos
acumulado e a densidade do gás. Para o microprocessados projetados
operador, tudo parece como se o especificamente para fazer a analise
computador estivesse fazendo a medição estatística dos sinais.
diretamente da vazão mássica. Melhoria do Desempenho Metrológico
Em outro exemplo, seja a medição da
As características metrológicas do
potência dissipada através de um resistor
instrumento são aquelas diretamente
por um voltímetro microprocessado. O
relacionados com seu desempenho, em
operador diz ao voltímetro para medir a
geral e com sua precisão, em particular.
resistência do resistor, armazenar o
Todo instrumento está sujeito a erros
resultado e depois medir a voltagem
sistemáticos, aleatórios e acidental. Todos
através do resistor e finalmente computar a
estes erros podem ser minimizado nos
potência.
instrumentos a microprocessador.
Controle simplificado Geralmente, os erros sistemáticos são
Inicialmente, se pensa que o provocados por desvio do zero, desvio do
instrumento multifunção programável é fator de ganho do circuito condicionador de
mais complicado. O instrumento inteligente sinal e não linearidades internas do
possui um conjunto de teclas (teclado) instrumento.
externo e na sua parte frontal. Através das O microprocessador incorporado no
teclas diretas ou combinação de teclas se instrumento pode eliminar os erros
pode selecionar as funções, faixas e sistemáticos.
modos de medição. Por exemplo, um Ele elimina o erro de desvio de zero,
voltímetro digital tem um teclado com 17 armazenando o valor correspondente ao
teclas e pode fornecer um total de 44 zero do instrumento e subtraindo
combinações de funções, faixas e modos. automaticamente este valor das leituras do
O instrumento ainda pode ter alarmes que instrumento.
operam quando o operador faz Ele elimina o erro de ganho do
movimentos errados e aperta teclas instrumento, armazenando um número
incompatíveis. quando o instrumento é desligado e que
corresponde a um valor definido da
Operações matemáticas do resultado voltagem de entrada. Quando o
É possível que o operador queira uma instrumento é religado para fazer novas
função matemática de um resultado e não medições, o instrumento microprocessado
somente no resultado em si. O instrumento faz comparações e usa um fator de
microprocessado pode fornecer várias correção para aplicar nas novas medições.
transformações funcionais, como: O instrumento pode ainda fazer
1. multiplicar o resultado por um fator correções para os erros devidos a variação
constante da freqüência do sinal (o ganho do
2. apresentar o erro absoluto da condicionador de sinal em uma dada
medição freqüência é diferente do ganho em sua
3. apresentar o erro percentual da freqüência de referência.) O instrumento
medição armazena na memória a sua freqüência de

4.13
102
Instrumentos de Medição

referência e corrige as medições para as 11. há necessidade de transformações


diferentes freqüências. funcionais matemáticas, como
Os erros aleatórios não podem ser linearização, conversão de
antecipados e evitados. O máximo que o resultados, compensação através de
operador pode fazer é minimizar seus cálculos complexos
efeitos, fazendo um tratamento estatístico Por causa de todas estas vantagens, o
de todas as medições replicadas. Deste microprocessador chegou e vai ficar por
modo, o instrumento microprocessado muito tempo nos campos da medição e
armazena os resultados das medições instrumentação. Ele é a base do progresso
repetidas e faz o seu processamento em que a ciência e a tecnologia tiveram nos
algoritmos apropriados para determinar últimos e próximos anos.
média, desvio padrão e erro aleatório
Desvantagens
relativo. O instrumento pode, por exemplo,
determinar a média esperada, testar a Há também várias razões para
hipótese que as probabilidades do erro questionar o uso do instrumento
aleatório são normalmente distribuídas e microprocessado, algumas subjetivas e
computar os limites de erros aleatórios. outras objetivas. As mais importantes são:
Há a barreira psicológica, de algumas
Compensação do ruído interno pessoas que desconhecem o
Esta característica melhora a microprocessador ainda duvidam e não
sensitividade do instrumento e estende sua aceitam os benefícios transparentes do
faixa, possibilitando a medição de valores microprocessador. Muitos acham que o
muito pequenos. Para fazer isso, o microprocessador é muito complicado e
microprocessador acha o valor eficaz (rms) economicamente não é atraente. Muitos
do sinal e do ruído. acham que não necessitam de toda a
capacidade do microprocessador e por
Vantagens
isso a sua aplicação seria ociosa e
Um instrumento microprocessado é a exagerada. Outros acham que o
melhor solução quando: microprocessador está associado a um
1. o instrumento deve ser programa (software) que é outro motivo de
multifuncional, programável e versátil repulsa, pois o seu custo é maior que o do
2. o sistema de medição deve ser microprocessador.
expandido acomodar várias funções Todas estas questões são facilmente
3. o sistema de medição deve ser resolvidas. Embora internamente o
interfaceado com um sistema digital microprocessador tenha milhares (e até
4. os dados devem ser armazenados milhões) de componentes, esta
em memória complexidade não requer que o seu
5. um grande número de estados usuário a entenda. Mesmo complexo, o
lógicos devem ser mantidos na microprocessador é estável e confiável,
memória muito mais que qualquer circuito com
6. as medições feitas por técnicas componentes discretos. Embora a maioria
indiretas e cumulativas e o utilize somente uma pequena parte da
procedimento deve ser automatizado capacidade total do microprocessador,
7. é especificado um alto desempenho ainda assim a sua aplicação é
metrológico, impossível de ser obtido economicamente vantajosa. O software
por métodos convencionais associado ao microcomputador é também
8. são essenciais a autocalibração e complexo e pode ter os seus besouros
autodiagnose (bugs), porém o usuário não precisa
9. o processamento estatístico dos conhece-lo. Geralmente o software está
dados deve ser parte do gravado em uma memória ROM (ou
procedimento de medição e feito PROM) e as eventuais modificações ou
automaticamente melhorias são feitas pelo fabricante e os
10. as incertezas das medições devem benefícios são do usuário final.
ser determinadas e apresentadas no
display, em linha do processo

4.14
103
Instrumentos de Medição

3. Sistema de Medição apresentação de dado é também


chamado de display ou readout. Ele
constitui a interface do instrumento
3.1. Conceito com o operador do processo.
Embora haja vários tipos de controle, Os elementos auxiliares aparecem em
vários níveis de complexidade, vários alguns instrumentos, dependendo do tipo e
enfoques diferentes, há um parâmetro em da técnica envolvida. Eles são:
comum no controle, monitoração e alarme 1. elemento de calibração para fornecer
do processo: a medição das variáveis e uma facilidade extra de calibração
grandezas do processo. A medição é embutida no instrumento. Os
fundamental. A base de um controle transmissores inteligentes possuem
correto é a medição precisa da variável esta capacidade de auto-calibração
controlada. incorporada ao seu circuito.
A instrumentação para fazer estas 2. elemento de alimentação externa
medições é vital para a indústria. O uso de para facilitar ou possibilitar a
instrumentação em sistemas como casa de operação do elemento sensor, do
força, indústrias de processo, máquinas de condicionador de sinal ou do
produção automática, com vários elemento de display.
dispositivos de controle, manipulação e 3. elemento de realimentação negativa
segurança revolucionou e substituiu velhos para controlar a variação da
conceitos. Os instrumentos tem produzido quantidade física que está sendo
uma grande economia de tempo e mão de medida. Este elemento possibilita o
obra envolvida. Os sistemas de conjunto funcionar automaticamente,
instrumentos agem como extensões dos sem a interferência do operador
sentidos humanos e facilitam o externo.
armazenamento da informação de Por exemplo, no indicador analógico de
situações complexas. Por isso, a pressão com bourdon C, o elemento
instrumentação se tornou um componente sensor é o tubo metálico em forma de C. A
importante das atividades rotineiras da pressão a ser medida é aplicada
indústria e contribuiu significativamente diretamente no sensor que sofre uma
para o desenvolvimento da economia. deformação elástica, produzindo um
Um sistema completo de medição pequeno movimento mecânico. A entrada
consiste dos seguintes elementos básicos: do sensor é a pressão e a saída é um
1. elemento sensor ou elemento movimento mecânico. Este pequeno
transdutor, que detecta e converte a movimento é mecanicamente amplificado
entrada desejada para uma forma por meio de engrenagens e alavancas, que
mais conveniente e prática a ser constituem os elementos condicionadores
manipulada pelo sistema de do sinal. Finalmente, um ponteiro é fixado
medição. O elemento sensor é na engrenagem e executa uma excurso
também chamado de elemento angular sobre uma escala graduada em
primário ou transdutor. Ele constitui a unidade de pressão. O conjunto escala e
interface do instrumento com o ponteiro constitui o elemento de
processo. apresentação de dados. Este instrumento
2. elemento condicionador do sinal, que é analógico e seu funcionamento é
manipula e processa a saída do mecânico. Ele não requer alimentação
sensor de forma conveniente. As externa, pois utiliza a própria energia da
principais funções do condicionador pressão para funcionar.
de sinal são as de amplificar, filtrar, Em outro exemplo, no indicador digital
integrar e converter sinal analógico- de pressão com strain-gage, o strain-gage
digital e digital-analógico. é o elemento sensor que detecta a pressão
3. o elemento de apresentação do a ser medida. A pressão medida varia a
dado, que dá a informação da resistência elétrica do strain-gage. A
variável medida na forma entrada do strain-gage é a pressão e a
quantitativa. O elemento de saída é uma resistência elétrica. A

4.15
104
Instrumentos de Medição

variação da resistência é linearmente As principais vantagens do sinal


proporcional à pressão medida. A eletrônico sobre o mecânico são:
resistência do strain-gage faz parte de um 1. não há efeitos de inércia e atrito,
circuito elétrico, chamado de ponte de 2. a amplificação é mais fácil de ser
Wheatstone. A ponte de Wheatstone é um obtida
condicionador de sinal. Através de uma 3. a indicação e o registro à distância
polarização externa e um balanço de nulo, são mais fáceis.
é possível determinar a variação da A unidade dimensional da entrada
resistência elétrica do strain-gage. O geralmente é diferente da unidade da
circuito da ponte também processa o sinal saída. Quando as unidades forem iguais, o
elétrica, amplificando-o, filtrando-o de elemento funcional pode ser chamado de
ruídos externos e, no caso, convertendo-o transformador.
para pulsos para dar uma indicação final O elemento sensor depende
digital. Este instrumento é eletrônico e a principalmente da variável sendo medida.
indicação é digital. A apresentação de
Terminologia
dados não é feita através do conjunto
escala e ponteiro, mas de um conjunto de De um modo geral, transdutor é o
dígitos. elemento, dispositivo ou instrumento que
recebe a informação na forma de uma
3.2. Sensor quantidade e a converte para informação
para esta mesma forma ou outra diferente.
O elemento sensor não é um Aplicando este definição, são transdutores:
instrumento mas faz parte integrante da elemento sensor, transmissor, transdutor
maioria absoluta dos instrumentos. O i/p e p/i, conversor eletrônico analógico-
elemento sensor ou elemento transdutor é digital. Para padronizar a linguagem foi
o componente do instrumento que publicada a norma ISA 37.1 que
converte a variável física de entrada para recomenda o seguinte:
outra forma mais usável. 1. elemento sensor ou elemento
Os nomes alternativos para o sensor transdutor para o dispositivo onde a
são: transdutor, elemento transdutor, entrada e a saída são ambas não-
elemento primário, detetor, probe, pickup padronizadas e de naturezas iguais
ou pickoff. O nome correto e completo do ou diferentes.
transdutor recomendado pela norma ISA 2. transmissor para o instrumento onde
37.1 (1982) inclui: a entrada é não-padronizada e a
1. o nome transdutor, saída é padronizada e de naturezas
2. variável sendo medida, iguais ou diferentes.
3. modificadora restritiva da variável, 3. transdutor ou transdutor de sinal para
4. princípio de transdução, o instrumento onde a entrada e a
5. faixa de medição, saída são ambas padronizadas e de
7. unidade de engenharia. naturezas diferentes.
4. conversor para o instrumento
Exemplos de elementos sensores: eletrônico onde a entrada e a saída
1. Transdutor pressão diferencial, são ambas de natureza elétrica mas
potenciométrico, 0-100 kPa. com características diferentes, como
2. Transdutor pressão de som o conversor A/D (analógico para
capacitivo, 100-160 dB. digital), D/A (digital para analógico) e
3. Transdutor de pressão absoluta a conversor I/F (corrente para
strain-gage amplificador, 0-500 MPa. freqüência).
4. 0-300 oC, resistivo, superfície,
temperatura, transdutor. Sensores Mecânicos
Os elementos sensores podem ser O elemento sensor mecânico recebe na
classificados conforme a natureza do sinal entrada a variável de processo e gera na
de saída como: saída uma grandeza mecânica, como
1. mecânicos movimento, força ou deslocamento,
2. eletrônicos proporcional a esta variável.

4.16
105
Instrumentos de Medição

O elemento sensor mecânico não temperatura, a célula de carga (strain


necessita de nenhuma fonte de gage) para a medição de pressão e de
alimentação externa para funcionar; ele é nível, a bobina detetora para a transdução
acionado pela própria energia do processo do sinal de corrente para o sinal padrão
ao qual está ligado. pneumático.

Cobre

Junção Cobre
medição
Bloco de referência
Fig. 10. Sensores mecânicos de pressão

Exemplos de elementos sensores


mecânicos: tubo bourdon, para a medição Registrador temperatura
de pressão; bimetal, para a medição de
temperatura; conjunto placa de orifício- Fig. 11. Sensores eletrônicos de temperatura
sensor de pressão diferencial para a (termopar e RTD)
medição de vazão.
Nem todas as variáveis de processo
podem ser medidas mecanicamente. Por Os elementos sensores eletrônicos, por
exemplo, a análise química, o pH, a sua vez, podem ser classificados de
condutividade elétrica não podem ser acordo com o formato da sua saída como
medidas por meios mecânicos. analógicos e digitais.
Sensores Eletrônicos Os elementos sensores eletrônicos
analógicos podem ser do tipo
O elemento sensor eletrônico recebe na potenciométrico, indutivo, capacitivo,
entrada a variável de processo e gera na piezoelétrico, strain-gage e de ionização.
saída uma grandeza elétrica, como Os elementos sensores eletrônicos digitais
voltagem, corrente elétrica, variação de podem ser do tipo gerador de freqüência
resistência, capacitância ou indutância, ou codificador digital.
proporcional a esta variável. Praticamente, toda variável de processo
Há elementos sensores ativos e pode ser medida eletronicamente.
passivos.
Os elementos ativos geram uma tenso Características Desejáveis do Sensor
ou uma corrente na saída, sem Em certos casos, o sensor do sinal de
necessidade de alimentação externa. entrada pode aparecer discretamente em
Exemplo de elementos sensores dois ou mais estágios, tendo-se o
eletrônicos ativos: o cristal piezoeléctrico elemento primário, secundário e terciário.
para a medição da pressão; o termopar Em outros casos, o conjunto pode ser
para a medição da temperatura e os integrado em um único elemento.
eletrodos para a medição de pH. Os Algumas características desejáveis de
circuitos que condicionam estes sinais um elemento sensor que devem ser
necessitam de alimentação externa. consideradas em sua especificação e
Os elementos passivos necessitam de seleção para uma determinada aplicação
uma polarização elétrica externa para são:
poder variar uma grandeza elétrica passiva 1. o elemento sensor deve reconhecer
para medir a variável de processo. As e detectar somente o sinal da
grandezas elétricas variáveis são: a variável a ser medida e deve ser
resistência, a capacitância e a indutância. insensível aos outros sinais
Exemplo de elementos sensores passivos presentes simultaneamente na
eletrônicos: a resistência detetora de medição. Por exemplo, o sensor de

4.17
106
Instrumentos de Medição

velocidade deve sentir a velocidade 1. link mecânico, como engrenagem,


instantânea e deve ser insensível a alavanca, haste, eixo,
pressão e temperatura locais. 2. cabo elétrico,
2. o sensor não deve alterar a variável 3. fluido, como óleo (hidráulico), ar
a ser medida. Por exemplo, a comprimido (pneumático).
colocação da placa de orifício para 4. componente eletrônico, como
sentir a vazão, introduz uma potenciômetro, capacitor e indutor.
resistência à vazão, diminuindo-a. A A transmissão do sinal pode ser feita
vazão diminui quando se coloca a fisicamente através de fios elétricos
placa para medi-la. (corrente ou voltagem) ou através de tubos
3. o sinal de saída do sensor deve ser pneumáticos. O sinal pode também ser
facilmente modificado para ser transmitido por telemetria, usando-se
facilmente indicado, registrado, ondas de rádio ou linhas telefônicas.
transmitido e controlado. Por isso, As operações de condicionamento de
atualmente os sensores eletrônicos sinal mais comuns são:
são mais preferidos que os 1. amplificação
mecânicos, pois são mais facilmente 2. filtro
indicados e manipulados. 3. compensação
4. o sensor deve ter boa exatidão. 4. linearização
5. o sensor deve ter boa precisão, 5. diferenciação, integração
constituída de linearidade, 6. conversão analógico-digital ou
repetitividade e reprodutibilidade. digital-analógico
6. o sensor deve ter linearidade de 7. amostragem do sinal
amplitude. 8. computação matemática, como
7. o sensor deve ter boa resposta soma, subtração, divisão,
dinâmica, respondendo rapidamente multiplicação, extração de raiz
às variações da medição. quadrada.
8. o sensor não deve induzir atraso 9. seleção de sinal, como o máximo,
entre os sinais de entrada e de mínimo ou médio.
saída, ou seja, não deve provocar
Amplificador
distorção de fase.
9. o sensor deve suportar o ambiente Amplificar um sinal é aumentar sua
hostil do processo sem se danificar e amplitude sem afetar sua forma de onda.
sem perder suas características. O O fenômeno inverso é chamado de
sensor deve ser imune à corrosão, atenuação, i.e., redução da amplitude do
erosão, pressão, temperatura e sinal mantendo sua forma de onda original.
umidade ambientes. Pode-se dizer que atenuação é uma
10. o sensor deve ser facilmente amplificação com ganho menor que 1.
disponível e de preço razoável. O sinal de saída do sensor precisa ser
amplificado para operar os mecanismos de
3.3. Condicionador do Sinal indicação ou registro. Por isso, um
elemento conveniente de amplificação
A saída do elemento sensor geralmente deve ser incorporado no elemento de
ainda não é conveniente para operar condicionamento de sinal, que pode ser
diretamente um indicador, um registrador um dos seguintes, dependendo do tipo do
ou um controlador. Assim, deve-se sinal do sensor:
adicionar um outro elemento para 1. elemento de amplificação mecânica,
processar, modificar e converter o sinal de como alavanca, engrenagem ou sua
saída do sensor em outro sinal mais combinação, projetado para ter um
adequado em forma e amplitude. efeito multiplicador no sinal mecânico
O sinal de saída do sensor pode ser de saída do sensor.
alimentado para a entrada do elemento 2. elemento de amplificação pneumática,
condicionador através de vários modos, empregando vários tipos de restrições,
como: foles, bicos e palhetas, para dar
variação significativa na pressão com

4.18
107
Instrumentos de Medição

pequena variação nos parâmetros de variação da pressão e da temperatura do


entrada. É clássico o conjunto bico- processo, aparece erro na indicação. Faz-
palheta-relé pneumático para gerar o se a compensação da medição de vazão
sinal padrão pneumático de 3-15 psig. de fluido compressível medindo-se
3. elemento de amplificação óptica, em continuamente a vazão, a pressão e a
que lentes, espelhos e lâmpadas podem temperatura. Os três sinais entram em um
ser combinados para converter computador analógico que elimina os
pequenos deslocamentos de entrada efeitos da pressão e da temperatura.
em maiores sinais de saída para uma Quando uma medição é influenciada
indicação conveniente. por um parâmetro fixo, faz-se a
4. elemento de amplificação elétrica, polarização da medição. Polarizar um sinal
empregando transistores, circuitos é multiplicar o sinal por uma constante. Por
integrados e elementos de polarização exemplo, quando se projeta um medidor
para aumentar a amplitude do sinal do de vazão de gás para uma determinada
transdutor. O amplificador eletrônico é o pressão e se trabalha em outra pressão
mais versátil e conhecido. Ele pode constante, multiplica-se a medição por um
amplificar voltagem ou corrente fator constante. Como a pressão do
(potência). processo é assumida constante, não é
necessário medi-la continuamente para
Filtro
fazer a compensação; basta conhecer o
Filtrar um sinal é remover os sinais de seu valor e usar um fator de multiplicação
ruído indesejáveis que tendem a na indicação. Compensar é tirar o efeito de
obscurecer o sinal do sensor. O elemento um valor variável; polarizar é tirar o efeito
de filtro do sinal pode ser do seguinte tipo, de um valor constante.
dependendo da natureza do sinal: Na medição das variáveis de processo é
1. filtro mecânico, consistindo de importante definir as condições do
elementos mecânicos para proteger processo e do ambiente. O instrumento
o elemento sensor dos vários sinais pode apresentar grandes erros quando as
externos de interferência. Um fluido condições reais são diferentes das
viscoso no interior de um bourdon condições especificadas.
amortece as oscilações do ponteiro
do manômetro.
2. filtro pneumático, consistindo de multiplicador extrator raiz
restrições e capacitâncias. - divisor quadrada

Restrições na entrada dos x/÷


controlador

instrumentos pneumáticos eliminam


√ de vazão

ruídos do sinal de 3-15 psig da PT FY FY FIC


transmissão. Potes capacitivos
também são usados para amortecer sinal sinal linear
de vazão
picos no sinal pneumático. quadrático
de vazão
3. filtro elétrico, consistindo de
FT
resistores, capacitores e indutores.
Há filtros ativos, usando
amplificadores operacionais. Os TT
filtros servem para eliminar os picos
e ruídos devidos aos campos elétrico
e magnético. FCV
Compensador FE
Compensar um sinal é eliminar
Fig. 12. Medição de vazão de gás com
continuamente a interferência de outros
compensação da pressão e da
sinais. Por exemplo, a medição de vazão
temperatura
volumétrica de gases é influenciada pela
temperatura e pressão do processo.
Quando a vazão é constante mas há

4.19
108
Instrumentos de Medição

São disponíveis instrumentos chamados 5. uso de pontos de curva de


computadores analógicos que realizam as linearização, armazenados em ROMs
operações matemáticas de soma, ou PROMs (firmware), como no
subtração, multiplicação, divisão, elevação sistema de linearização de baixa
ao quadrado, extração de raiz quadrada, vazão em turbinas medidoras.
úteis na compensação e linearização de 6. uso de programas (software) de
sinais. Com a instrumentação inteligente, linearização em sistemas digitais,
baseada em microprocessadores, esta como nos computadores de vazão ou
capacidade de computação matemática, sistemas digitais de aquisição de
lógica, seqüencial e intertravamento está dados. Durante a configuração do
integrada ao circuito. sistema, tecla-se o tipo de não-
linearidade do sinal de entrada e o
Linearizador
sistema automaticamente lineariza o
Linearizar um sinal não-linear é torna-lo sinal.
linear. Só se lineariza sinais não-lineares,
aplicando-se a função matemática inversa. Conversor Analógico-Digital
Por exemplo, lineariza-se um sinal As variáveis de processo são
quadrático extraindo-se sua raiz quadrada. analógicas, ou seja, variam continuamente
Lineariza-se um sinal exponencial de 0% a 100% assumindo todos os
aplicando seu logaritmo. infinitos valores intermediários. A função
A linearização de um sinal não-linear de totalização é matemática discreta ou
pode ser feita de vários modos diferentes, digital. Hoje, a maioria dos instrumentos
tais como: eletrônicos usa tecnologia digital. Assim, é
1. escolha da porção linear da curva, necessário um dispositivo para converter o
como na aplicação de medição de sinal analógico do mundo externo para um
temperatura por termopares. Cada sinal digital, para ser manipulado pelos
tipo de termopar apresenta uma circuitos digitais.
região linear para determinada faixa Quando se usa controle com
de temperatura. realimentação negativa, há atuação no
2. uso de uma escala não-linear, como processo analógico. Quando se usa
na aplicação de medição de vazão instrumentação digital, é também
por placa de orifício. Como a placa necessário converter o sinal digital do
gera um pressão diferencial sistema para o sinal analógico de atuação
proporcional ao quadrado da vazão no processo. Tem-se, assim, o conversor
volumétrica, usa-se uma escala raiz digital-analógico.
quadrática (que a maioria das Em instrumentação, é também comum
pessoas insiste, erradamente, em um único indicador, registrador e
chamar de quadrática). Quando se controlador ser compartilhado por
usam termopares para medição de centenas ou milhares de sinais. Para fazer
temperatura incluindo as regiões esta operação, foi desenvolvido um circuito
não-lineares, deve-se usar a escala eletrônico chamado de multiplexador. O
especifica do termopar, como tipo K, multiplexador possibilita o uso de um único
J, R, S, T, E e B. instrumento por vários sinais de entrada. O
3. uso de computadores analógicos circuito toma um sinal por vez, manipula-o
linearizadores (hardware), como o e passa para o seguinte, numa varredura
instrumento extrator de raiz quadrado automática. Como a sua freqüência de
do sinal de pressão diferencial operação é muito maior que a freqüência
proporcional ao quadrado da vazão natural dos sinais manipulados, não há
volumétrica, gerado pela placa de problemas práticos quando o sinal fica no
orifício. ar. Este tempo de não-utilização do sinal é
4. uso de circuitos linearizadores tão pequeno que o sinal não percebe.
(hardware), incorporados no circuito Também, há circuito de demultiplexação,
do transmissor ou do instrumento que converte um único sinal em muitos.
receptor. Estes circuitos de conversão analógico-
digital, digital-analógico, multiplexação,

4.20
109
Instrumentos de Medição

demultiplexação podem ser incorporados Os transmissores pneumáticos se


em um único instrumento, economizando baseiam no sistema bico-palheta e através
espaço e facilitando ligações. Por exemplo, da realimentação negativa por equilíbrio de
modem é um equipamento de modulação- forças ou de movimentos, converte o
demodulação, que faz as funções de movimento do elemento de medição
multiplexação, conversão analógico-digital, (pressão, temperatura, vazão, nível) no
conversão digital-analógico e sinal padrão de 20 a 100 kPa. São
demultiplexação. alimentados com a pressão nominal de
120 a 140 kPa e possuem a precisão típica
Transmissor
de 0,5% do valor medido.
A transmissão é uma função auxiliar,
opcional, pois nem toda malha de
indicação, registro ou controle necessita do
transmissor. Mesmo os instrumentos
montados no painel central não
necessitam obrigatoriamente do
transmissor. Por exemplo, as indicações
locais de temperatura com termopar ou
resistência elétrica podem ser sem
transmissor.
Transmissor é o transdutor que
responde a uma variável medida por meio
de um elemento sensor e a converte para
um sinal de transmissão padrão que é
função somente da variável medida. O Fig. 13. Transmissor eletrônico (Rosemount)
transmissor sente a variável de processo e
gera na saída um sinal padrão,
proporcional ao valor desta variável. Os transmissores eletrônicos se
O transmissor é aplicado para baseiam no amplificador operacional e
1. enviar sinais para manipulação através de detetores indutivos, capacitivos
remota, ou resistivos, convertem o sinal da variável
2. padronizar sinais e (pressão, temperatura, vazão, nível) no
3. isolar sinais. sinal padrão de corrente de 4 a 20 mA cc.
Os sinais padrão de transmissão são: São alimentados com a voltagem nominal
1. pneumático, de 10 a 100 KPa (3 a 15 de 24 V cc, através de 2 (mais usado), 3
psig) ou 4 fios e possuem a precisão típica de
2. eletrônico, de 4 a 20 mA cc. 0,5% do fundo de escala.
São pouco usados: 0 a 20 mA cc (não é Em 1983, a Honeywell lançou no
faixa detetora de erro), 10 a 50 mA cc mercado o primeiro transmissor que
(nível elevado e perigoso), 1 a 5 V cc incorporava o microprocessador em seu
(tensão não é conveniente para a circuito eletrônico, chamado de
transmissão). transmissor inteligente (smart transmiter).
Na instrumentação, há uma resistência Pelo fato de ter um microprocessador, o
de chamar o transmissor de vazão de transmissor possui funções adicionais, tais
transmissor, preferindo-se, erradamente, como:
chamá-lo de conversor. Assim, o 1. linearização do sinal dos elementos
instrumento que recebe o sinal de sensores individuais, tais como
milivoltagem alternada do tubo magnético extrator de raiz quadrada,
deve ser chamado de transmissor de linearização de sinais de termopares
vazão. Aliás, o tag deste instrumento é FT específicos,
e não FY. 2. compensação adequada das
O medidor de vazão tipo alvo (target) variações de temperatura e de
possui um transmissor pneumático ou pressão estática do fluido que atuam
eletrônico incorporado ao seu circuito.

4.21
110
Instrumentos de Medição

sobre o transmissor, substituindo os O transdutor é aplicado para possibilitar


computadores analógicos a utilização de instrumentos pneumáticos e
3. auto-calibração, onde o próprio eletrônicos na mesma malha. Eles são
transmissor faz as operações de chamados incorretamente de conversores.
ajustes de zero e de fundo de escala, O transdutor serve de interface entre a
a partir da sala de controle. instrumentação pneumática e a eletrônica.
4. mudança da faixa calibrada, Como o elemento final de controle mais
possibilitando o aumento da usado é a válvula com atuador
rangeabilidade da medição, pneumático, o transdutor I/P é usado
passando de 10:1 para 400:1 principalmente para casar a
5. auto-diagnose de seus circuitos e instrumentação eletrônica de painel com a
peças internas, informando ao válvula com atuador pneumático.
instrumentista a existência de
problema no circuito, o diagnóstico e 3.4. Apresentação do Sinal
a natureza do problema.
O elemento de apresentação do sinal
6. fixação do valor da variável no último
recebe o sinal da saída do condicionador e
valor alcançado, quando há
apresenta o mesmo para ser lido pelo
irregularidades na malha.
operador. Ele é também chamado de
7. visualização do sinal de saída, dos
display ou readout.
dados de configuração, da faixa
Este elemento pode ser do tipo display
calibrada e de outros parâmetros,
visual (indicador ou visor), registro gráfico
através de um comunicador portátil,
(registrador) ou registro magnético em fita
que se liga em qualquer ponto da
ou disco (memória de massa de
linha de transmissão.
computador).
Vários transmissores inteligentes
O elemento de display deve ter
podem ser ligados, através de uma
1. resposta mais rápida possível,
conexão RS 232C, a computador pessoal,
2. impor o menor arraste possível no
que pode configurar os transmissores por
sistema,
meio de um programa adequado.
3. ter a mínima inércia e atrito.
O transmissor inteligente possui a saída
de 4 a 20 mA cc além da saída digital (a Indicador
partir de 1986), para que o sistema não Indicador é o instrumento de medição
necessite do conversor A/D (para o que mostra o valor instantâneo da variável
transmissor) e o D/A (para o instrumento no seu display. O display pode ser
receptor). analógico ou digital.
A precisão típica do transmissor O indicador analógico tem uma escala
inteligente é de 0,1% do fundo de escala. fixa com um ponteiro móvel ou uma escala
Transdutor móvel e um ponteiro fixo. Quanto maior o
tamanho da escala, maior a resolução da
Genericamente, transdutor é qualquer
medição e maior o número de algarismos
dispositivo que altera a natureza do sinal
significativos. A escala pode ser curva ou
recebido na entrada com o gerado na
reta, horizontal ou vertical.
saída. Deste ponto de vista, o elemento
sensor, o transmissor, o conversor são
considerados transdutores.
Em instrumentação, transdutor é o
instrumento que converte um sinal padrão
de transmissão em outro sinal padrão de
transmissão. Deste modo, tem-se o
transdutor p/i, que converte o sinal
pneumático no sinal padrão de corrente
eletrônica e o transdutor i/p, que converte
o sinal padrão de corrente elétrica em sinal Fig. 14. Erro de paralax. A primeira
padrão pneumático. leitura é correta; a segunda tem um erro

4.22
111
Instrumentos de Medição

de paralax e a leitura é menor que a 19,999/9,999 = 100%


correta. Do mesmo modo, tem-se instrumento
com 4 ¾ dígitos, com sobrefaixa de 200%
Na leitura de instrumentos analógicos e onde o dígito de ¾ pode assumir valores
com escala e ponteiro deve-se olhar de 0, 1 e 2.
perpendicularmente à escala, evitando o
erro de paralaxe. O erro de paralaxe é
cometido quando se observa o ponteiro
obliquamente e lê-se a maior em uma
escala crescente, quando se está à
esquerda do ponteiro e a menor, quando
se está à direita do ponteiro. Fig. 15. Escalas analógicas de indicação
O indicador digital possui números para Na leitura do indicador digital não há
apresentar o valor da variável medida. problema de erro de paralaxe. Porém, é
Quanto maior a quantidade de dígitos, possível se cometer erros de leitura,
maior é a resolução da medição e maior o quando os LEDs de indicação do dígito
número de algarismos significativos estão queimados. Por exemplo, o número
indicado. O número de algarismos 8 pode se transformar em 0, quando o
significativos, porém, deve ser consistente LED central estiver queimado; o dígito 7
com a precisão do resto do sistema de pode ser lido como 1, quando o LED
medição. superior esquerdo se queimar.
Os indicadores digitais são classificados
de acordo com o número de dígitos totais
mostrados. Por exemplo, tem-se
indicadores com 3 ou 4 dígitos. Cada um
destes dígitos pode assumir valores entre
0 a 9. Tem-se também instrumento com
meio dígito. O meio dígito só pode assumir
valores de 0 ou 1. A vantagem de se usar
um instrumento com meio dígito são as
seguintes:
1. tem-se um instrumento pouco mais
caro que o de dígito inteiro, por
exemplo, um instrumento de 3 ½
dígitos tem aproximadamente o
mesmo custo que o de 3 dígitos,
2. pode-se estender a precisão de uma
faixa em 100%, ou seja, pode-se Fig. 16. Indicador digital de pressão
medir com dois algarismos depois da
vírgula até 19,99
(3 ½ dígitos e não apenas até 9,99 Tem-se a tendência errada de
(3 dígitos). considerar qualquer indicador digital mais
Por exemplo, para se medir o valor de preciso e exato que o analógico. Como
10,024 V deve-se ter um instrumento com será visto, a precisão é um conceito
5 dígitos. O de 4 dígitos faria a leitura de relacionado com a qualidade dos
10,02. Porém, o instrumento com 4 ½ componentes e construção de um
dígitos pode fazer a leitura de 10,024 V, instrumento e a exatidão está relacionada
mantendo leituras com 3 dígitos depois da com a calibração. Assim, na prática, é
vírgula até 19,999. Diz-se, então que o possível se ter indicador analógico mais
instrumento com 4 ½ dígitos possui um exato e preciso que um digital. Estudos
overrange (sobrefaixa) de 100% em mostram que, psicologicamente, se cansa
relação ao de 4 dígitos, pois a relação de menos e comete-se menos erros de
leituras com três algarismos depois da leituras quando se trabalha com
vírgula é de numerosas indicações digitais.

4.23
112
Instrumentos de Medição

Visor ser mecânico, elétrico e raramente


O visor é usado para medir diretamente pneumático.
a vazão ou o nível. Os tags são FG e LG
respectivamente para vazão e nível.
O visor completo consiste da câmara,
vidro, gaxetas, tampas e parafusos.
O vidro é normalmente de borossilicato,
que pode agüentar até 230 oC e possui
boa resistência mecânica e ao choque
termal. O vidro pode também ser de vidro
de silício ou quartzo, quando pode operar
com temperatura de até 530 oC. A câmara
pode ser feita de vários materiais e pode
ter revestimentos de materiais compatíveis
com fluidos corrosivos. Os parafusos e as
tampas são metálicos, de materiais
compatíveis com o fluido, temperatura e
pressão. Fig. 17. Registrador de painel microprocessado,
Os visores de vazão oferecem um meio gráfico de tira (Yokogawa)
simples e barato de ver o processo e
assegurar que o fluido esteja vazando,
além de poder notar características do O registro pode ser analógico ou digital
processo, como cor, turbidez ou outra e pode ser visualmente indicado ou não.
propriedade que possa indicar alterações Atualmente, o registrador está sendo
no processo ou estragos no equipamento. substituído, com vantagens, pelo
Seu uso é limitado na indústria. É difícil computador digital usado para a aquisição
estimar o valor da vazão e cria-se um de dados (data logger). O computador
perigo se o vidro se quebrar. Eles são digital utiliza suas vantagens inerentes de
usados geralmente para indicação local no alta velocidade, de grande capacidade de
processo industrial. armazenamento de dados, de
O visor de nível mede diretamente o possibilidade de mostrar os gráficos em
nível de liquido dentro de um tanque. Ele telas de vídeo e de imprimir os dados em
possui uma parede transparente, com uma formulários contínuos ou em plotadores.
escala graduada e a leitura quantitativa do A malha de registro é passiva e aberta.
nível é feita pela leitura direta do menisco A vazão pode também ser registrada no
do liquido na escala. Ele é semelhante ao local ou remotamente. O registro do
visor de vazão, quanto às características gráfico pode ser usado, posteriormente,
físicas e materiais de construção. para o cálculo da totalização da vazão.
Esta totalização pode ser feita
Registrador manualmente e sem uso de outro
O registrador é o instrumento que sente instrumento ou pode se utilizar o
uma variável de processo e imprime o planímetro.
valor desta variável em um gráfico através
de uma pena. Quanto ao local de
montagem, registrador pode estar no
campo (local) ou na sala de controle
(remoto). Quanto ao modo do registro, o
registrador pode ser continuo, com 1 a 4
penas, ou multiponto, com o registro
descontinuo de 6 ou 12 ou 24 pontos. O
formato do gráfico pode ser circular ou em
tira. O gráfico de tira pode ser em rolo ou
sanfonado. O acionamento do gráfico pode

4.24
113
Instrumentos de Medição

pode cometer erros na geração destes


pulsos. Por exemplo, uma turbina
Medidor Registro medidora de vazão que tenha uma palheta
analógico ou do rotor quebrada, vai gerar pulsos com
Controle
freqüência proporcional à vazão medida
com um grande erro. Se o número total de
Registro
palhetas for quatro e uma estiver
Medidor Conversor
digital D/A ou quebrada, o erro é de 25% do valor
Controle medido.

Fig. 18. Registro e controle de variáveis


FI

Medidor FT FQ 0 13 5 0 4
digital Contador

Medidor Conversor
analógico A/D Contador
FE
Totalizador
(a) Totalização de sinal analógico
Fig. 19. Contagem e totalização de variáveis

Integrador-Totalizador FT 0 13 5 0 4
O integrador totaliza um sinal e a sua
indicação de saída é um contador. O
totalizador integra o sinal analógico, por FE
isso é chamado de integrador. Quando o
sinal é em pulsos, o totalizador conta os M
pulsos e por isso é chamado erradamente
de contador. O contador é a saída do (constante K)
totalizador. (b) Totalização de pulsos escalonados
O totalizador pode receber sinais
analógicos ou digitais. O contador só pode Fig. 20. Sistema de totalização de vazão
receber pulsos. Funcionalmente, quando o
integrador recebe um sinal analógico, ele o
converte para sinais de pulsos e conta os
pulsos. Quando o integrador recebe
diretamente pulsos, ele os escalona e os
conta. Pulso escalonado é aquele que já
possui um significado quantitativo do
volume, ou seja, o contador basta contá-
los e o display é o volume correto
acumulado.
Em instrumentação eletrônica é possível
fazer a contagem de pulsos sem erro,
usando circuitos digitais e bits de paridade.
Mas isso não significa que a totalização é
isenta de erros, pois pode haver erros na
conversão do sinal analógico para pulsos.
O medidor digital que gera pulsos também

4.25
114
Instrumentos de Medição

4. Desempenho do Instrumento O sensor é tanto melhor quanto menos


influenciar a variável medida.
Para o instrumento desempenhar sua
4.1. Introdução função de indicação, registro ou controle, é
A medição é o processo experimental necessário converter o sinal de saída em
de atribuir números para as propriedades outro mais manipulável e conveniente, mas
dos objetos ou eventos no mundo real, de preservando a informação contida no sinal
modo a descreve-los quantitativamente. A original. O elemento de manipulação da
medição é uma descrição das variável condiciona o sinal de saída do
propriedades do objeto, não a descrição do elemento sensor para que o instrumento
objeto. A medição é a comparação de uma desempenhe a sua função, preservando a
quantidade desconhecida com um valor natureza física da variável medida.
padrão predeterminado adotado. O O elemento de apresentação dos dados
resultado completo de uma medição inclui: depende da função do instrumento:
1. um número que mostra quantas indicação pelo conjunto ponteiro escala ou
vezes a unidade padrão está contida na através de dígitos, registro pelo conjunto
quantidade medida e pena gráfico, armazenamento em sistema
2. a unidade de engenharia da digital.
quantidade, A leitura feita pelo observador no
3. a tolerância da medição, expressa elemento apresentador dos dados possui
por limites de erro ou de incerteza. erros inerentes aos equipamentos e ao
Mede-se uma variável de processo, método da medição. Toda leitura
direta ou indiretamente. O valor da variável apresenta erro e possui uma precisão.
medida deve ser apresentado na unidade A metrologia é a ciência da medição e é
de engenharia e não em termos de considerada monótona e desinteressante
corrente elétrica, sinal pneumático ou por muitos técnicos. Porém, ela é
movimento mecânico. O processo que necessária e felizmente existem
inclui a variável medida possui outras metrologistas para definir e monitorar os
variáveis que podem influir e perturbar a padrões.
medição. Para se medir uma variável,
todas as outras variáveis que interferem 4.2. Características do Instrumento
nela devem ser mantidas constantes para As características de desempenho do
não haver erro. instrumento são importantes pois elas
O instrumentista confia na folha de constituem a base para a escolha do
especificação do fabricante onde estão instrumento mais apropriado para a
definidas a precisão e as características do aplicação especifica. O instrumento possui
instrumento e deve proceder corretamente características estáticas e dinâmicas.
para obter a medição confessável, Estático significa entradas e saídas
seguindo as instruções de operação e estacionárias e dinâmico quer dizer
entendendo corretamente os conceitos entradas e saídas não estacionárias. Um
básicos associados. sistema é chamado de estático se sua
O elemento sensor primário produz uma relação entrada/saída é independente da
saída que é função da variável medida, velocidade de variação da entrada. Todos
segundo uma lei matemática conhecida. A sistemas físicos eventualmente violam esta
saída do elemento sensor pode ser um definição quando a velocidade de variação
deslocamento mecânico ou uma variável da entrada aumenta. Assim, o termo
elétrica, como tensão, corrente, estático é usualmente acompanhado por
resistência, capacitância. O elemento uma limitação que especifica a faixa para a
sensor intrusivo sempre perturba a variável qual o sistema é estático, como a faixa de
medida, ou extraindo ou adicionando freqüência estendendo de zero até algum
energia. A quantidade medida é sempre valor limite. Por exemplo, uma mola
modificada pela medição, tornando mecânica opera com variação de entrada
impossível a medição perfeita e sem erro. lenta e relação força-deslocamento
constante. Em grandes variações da

4.26
115
Instrumentos de Medição

entrada, a massa da mola se torna um um valor padrão reconhecidamente aceito


fator importante e a mola não se comporta ou valor ideal. A exatidão medida é
mais como um dispositivo estático. expressa pelo desvio máximo observado
Um sistemas é chamado dinâmico se no teste de um instrumento sob
sua relação entrada-saída depende da determinadas condições e através de um
taxa de variação da entrada. O sistema procedimento especifico. É usualmente
dinâmico tem armazenagem de energia e medida como uma inexatidão e expressa
sua descrição requer mais de uma como exatidão.
equação diferencial. O tempo de resposta
Valor Verdadeiro
de um sistema dinâmico é caracterizado
por sua constante de tempo e freqüência O valor verdadeiro é o valor real
natural. Os sistemas de instrumentação atribuído à quantidade. O valor verdadeiro
são dinâmicos, mas eles são projetados da quantidade nunca pode ser achado e
para ter constantes de tempo menores e não é conhecido. O valor atribuído a uma
freqüências naturais maiores do que as do quantidade somente será conhecido com
sistema sendo medido. Por exemplo, em alguma incerteza ou erro. Na prática, o
um sistema de controle com realimentação valor verdadeiro é substituído pelo valor
negativa, o tempo de resposta do elemento verdadeiro convencional, dado por um
sensor é projetado e selecionado de modo instrumento de medição padrão disponível.
a ser muito mais rápido que o sistema Por exemplo, se um medidor é
medido. considerado capaz de fornecer medições
O comportamento transitório e dinâmico com erro menor que ±1% do valor medido,
de um instrumento é mais importante que ele pode ser calibrado com um instrumento
o estático. Os instrumentos raramente com erros menores que ±0,1% do valor
respondem instantaneamente às variações medido, na mesma faixa. Neste caso, o
da variável medida, mas exibem um segundo instrumento fornece o valor
atraso, devido a várias causas, como a verdadeiro convencional. A coluna do
inércia da massa, a capacitância termal, algarismo significativo duvidoso do
elétrica e fluídica, a resistência de instrumento calibrado corresponde a um
transferência de energia. As características algarismo garantido no padrão de
dinâmicas do instrumento são: a calibração., Algumas normas (p. ex.,
velocidade de resposta, a confiabilidade, o ANSI/ASQC M1-1987, American National
atraso e o erro dinâmico. Os instrumentos Standard for Calibration Systems) e os
podem ter respostas dinâmicas de ordem laboratórios de calibração (p. ex., NIST)
zero (potenciômetro com deslocamento), recomendam (mas não exigem) que o
primeira (termômetro com enchimento instrumento padrão deva ter um erro de 4
termal) e segunda (balanço da mola). a 10 vezes menor que o instrumento a ser
As características estáticas são aquelas calibrado.
consideradas quando as condições do O objetivo de toda medição é o de obter
processo são constantes. Elas são o valor verdadeiro da variável medida e o
conseguidas através do processo de erro é tomado como a diferença entre o
calibração do instrumento e incluem a valor medido e o valor verdadeiro. A
exatidão, rangeabilidade e precisão. A exatidão é a habilidade de um instrumento
precisão possui os parâmetros de medição dar indicações equivalentes ao
constituintes de linearidade, repetitividade, valor verdadeiro da quantidade medida. A
reprodutibilidade e sensitividade. exatidão se relaciona com a calibração do
instrumento. Quando o instrumento perde
4.3. Exatidão a exatidão e deixa de indicar a média
coincidente com o valor verdadeiro, ele
Conceito precisa ser calibrado
O autor traduz o termo accuracy como
exatidão, embora já tenha sido criado o
neologismo de acurácia. Exatidão é o grau
de conformidade de um valor indicado para

4.27
116
Instrumentos de Medição

que a dos instrumentos


concorrentes.

Grande precisão Pequena precisão


Pequena exatidão Grande exatidão

Pequena precisão Grande precisão


Pequena exatidão Grande exatidão
Fig. 20. Diferença entre precisão e
Fig. 19. Precisão e exatidão
exatidão (Spitzer)
4.4. Precisão
Precisão (precision) é o grau de
concordância mútua e consistente entre
Conceito
várias medições individuais, principalmente
A precisão é um dos assuntos mais relacionada com repetitividade e
importantes da instrumentação, embora reprodutibilidade. A precisão é uma
seja mal entendido. Sua importância é medida do grau de liberdade dos erros
grande pelos seguintes motivos: aleatórios do instrumento. A precisão é a
1. a medição precisa das variáveis de qualidade que caracteriza um instrumento
processo é um requisito para um de medição dar indicações equivalentes ao
controle eficiente, valor verdadeiro da quantidade medida. A
2. o termo é pobremente definido e precisão está relacionada com a qualidade
muito mal interpretado. Em inglês, há do instrumento. Quando o instrumento
duas palavras accuracy e precision deteriora a sua precisão, alargando a
que são traduzidas indistintamente dispersão de suas medidas do mesmo
como precisão para o português. valor, ele necessita de manutenção. A
3. os conceitos de precisão (precision e manutenção criteriosa do instrumento,
accuracy), rangeabilidade utilizando peças originais e conservando o
(rangeability ou turn down), aferição, projeto original não melhora a precisão
calibração e manutenção nem nominal do instrumento, fornecida pelo
sempre são bem definidos, fabricante quando novo mas evita que ela
4. há a tendência de alguns fabricantes, se degrade e ultrapasse os limites
por má fé ou por desconhecimento, originais.
em expressar numericamente a
precisão de modo a parecer que Exatidão e Precisão
seus produtos apresentam uma É tentador dizer que se uma medição é
precisão maior do que real ou maior conhecida com precisão, então ela é
também conhecida com exatidão. Isto é

4.28
117
Instrumentos de Medição

perigoso e errado. Precisão e exatidão são pode não ter erros e ser exato porém a
conceitos diferentes. distância percorrida depende, dentre
A precisão é uma condição necessária outros fatores, do diâmetro e do desgaste
para a exatidão, porém, não é suficiente. dos pneus.
Pode-se ter um instrumento muito preciso,
Tolerância
mas descalibrado, de modo que sua
medição não é exata. Mas um instrumento Tolerância é o máximo afastamento
com pequena precisão, mesmo que ele permissível de uma medição para o seu
forneça uma medição exata, logo depois valor verdadeiro ou nominal. A tolerância é
de calibrado, com o tempo ele se desvia e a faixa total que uma quantidade especifica
não mais fornece medições exatas. Para o é permitida variar. Numericamente,
instrumento ser sempre exato, é tolerância é a diferença algébrica entre o
necessário ser preciso e estar calibrado. valor máximo e mínimo dos limites de erros
permitidos.
Por exemplo, a medição de temperatura
com erro de ±1 oC, tem a tolerância de 2
oC. A tolerância da freqüência, cujo erro
assimétrico é dado por +2% e -5% é de
7%. Quando um fabricante declara em sua
especificação que a resistência é de 100 Ω
e com limites de erro de ±0.1 Ω, a
tolerância é de 0,2 Ω.
No exemplo, em que o usuário compra
um lote de resistores de 100 Ω de um
fornecedor com tolerância de 0,4 Ω,
haverá um limite de ±0,2 Ω de cada lado
de 100 Ω. Quando ele medir a resistência
de cada resistor, a 20 oC, ele achará
Fig. 21. Expressão da precisão valores diferentes entre si e do valor
cotado pelo fabricante de 100.0 Ω. Será
obtida uma faixa de valores tais como 99.8
Por exemplo, um relógio de boa - 99,9 - 100.0 - 100,1 e 100.2 Ω
qualidade é preciso. Para ele estar exato, distribuídos aleatoriamente em torno de
ele precisa ter sido acertado (calibrado) 100.0. Assim, de conformidade com os
corretamente. Desde que o relógio preciso limites de erro combinados, ele deve
esteja exato, ele marcará as horas, agora rejeitar todos os resistores com valores
e no futuro com um pequeno erro. Seja menores que 99.8 e maiores que 100.2 Ω.
agora um relógio de má qualidade e O usuário do resistor tem duas
impreciso. Logo depois de calibrado, ele escolhas:
marcará a hora com exatidão, porém, com 1. ele pode projetar seu sistema de
o passar do tempo, a sua imprecisão fará medição usando o valor do fabricante
com ele marque o tempo com grandes de 100.0 Ω e aceitando que todos os
erros. Um instrumento impreciso é também resistores tenham desvios tolerados
inexato. Mesmo que ele esteja exato, com de ±0,2 ohm, e como conseqüência,
o tempo ele se afasta do valor verdadeiro e haverá um pequeno desvio no
dará grande erro. desempenho ideal projetado. Esta é
Outro exemplo é o odômetro de um a prática mais comum.
automóvel, que pode ter até seis 2. ele pode desenvolver um sistema de
algarismos significativos para indicar a medição muito preciso para medir
distância percorrida através da contagem cada resistência do lote e só usar as
de rotações do eixo. A exatidão de sua resistências com medidas iguais a
indicação depende de como as rotações 100,0 Ω. Isto teoricamente removeria
são contadas e de como as rotações o erro devido a incerteza da
refletem a distância percorrida. O contador resistência mas é demorado e caro.

4.29
118
Instrumentos de Medição

E também continua havendo uma do instrumento padrão, com precisão muito


incerteza residual no valor da maior que a do instrumento de medição.
resistência, devido à precisão
Repetitividade
limitada da medição.
Este fenômeno de dispersão dos A repetitividade é a habilidade de um
valores em torno de um valor esperado é medidor reproduzir as leituras da saída
encontrado em qualquer lote de elementos quando o mesmo valor medido é aplicado
iguais. Variações significativas são a ele consecutivamente, sob as mesmas
encontradas em lotes de resistores, condições de uso (mesma variável, mesmo
capacitores, termopares, termistores, valor, mesmo método, mesmo instrumento,
strain-gages. Porém, em qualquer caso, mesmo local, mesma posição, mesmo
para um lote de elementos, pode-se dizer observador, mesmo ambiente de contorno)
que os valores dos parâmetros estão e na mesma direção. A repetitividade é
estatisticamente distribuídos em torno do calculada a partir de sucessivas medições
valor médio. da variável, mantidas as mesmas
A variabilidade natural das medições é condições. Quanto mais próximos
devida: estiverem os valores das medições
1. às diferenças de materiais e consecutivas da mesma entrada, maior é a
procedimentos empregados na repetitividade do instrumento.
fabricado de um produto A repetitividade é a proximidade entre
2. à execução de uma calibração. A várias medições consecutivas da saída
tolerância pode ser melhorada para o mesmo valor da entrada, sob as
usando-se vários pontos de mesmas condições de operação. É
calibração. Fornecer a tolerância em usualmente medida como não
um ponto é inadequado, pois a repetitividade e expressa como
tolerância aumenta quando se afasta repetitividade em % da largura de faixa. A
do ponto de calibração. repetitividade não inclui a histerese.
3. ao operador que faz a medição A repetitividade é um parâmetro
4. às condições ambientais variáveis necessário para a precisão mas não é
suficiente. O instrumento preciso possui
4.5. Parâmetros da Precisão grande repetitividade, porém, o
instrumento com alta repetitividade pode
Quando um fabricante define a precisão ser inexato, por estar descalibrado.
do instrumento, ele está realmente Em controle de processo e atuação de
definindo o erro máximo possível quando o chaves liga-desliga, a repetitividade é mais
instrumento estiver sendo usado sob importante que a exatidão. Em sistemas de
condições definidas. Para encontrar este custódia, envolvendo compra e venda de
erro máximo, o instrumento é testado produtos, a repetitividade e a exatidão são
contra um padrão e a precisão de cada igualmente importantes.
ponto é calculada teoricamente.
A precisão absoluta pode ser dada Reprodutibilidade
apenas pela diferença entre o valor medido A reprodutibilidade é uma expressão do
e o verdadeiro: agrupamento da medição do mesmo valor
precisão = valor medido - valor da mesma variável sob condições
verdadeiro diferentes (método diferente, instrumento
diferente, local diferente, observação
A precisão relativa é um parâmetro mais diferente), durante um longo período de
útil e é expressa em percentagem e tempo.
definida pela relação: A perfeita reprodutibilidade significa que
valor medido - valor verdadeiro o instrumento não apresenta desvio, com o
precisão = × 100%
valor verdadeiro decorrer do tempo, ou seja, a calibração
do instrumento não se desvia
O valor medido é o dado pelo gradualmente, depois de uma semana, um
instrumento e o valor verdadeiro é a leitura mês ou até um ano.

4.30
119
Instrumentos de Medição

Pode-se também entender a envolve um componente do instrumento,


reprodutibilidade como a repetitividade alterando sua calibração. Isto pode ocorrer
durante um longo período de tempo. A quando uma parte mecânica é super
reprodutibilidade inclui repetitividade, forçada ou pela alteração da característica
histerese, banda morta e drift. de um componente eletrônico. O desvio no
instrumento eletrônico ou pneumático-
Linearidade
mecânico pode ser compensado e
A linearidade do instrumento é sua eliminado pela inspeção periódica e
conformidade com a linha reta de calibração do instrumento.
calibração. Ela é usualmente medida em A vantagem de se ter uma curva linear
não-linearidade e expressa como de calibração é que a leitura do
linearidade. instrumento se baseia somente um fator
Quando a medição é não linear de conversão. Quando a curva é não
aparecem desvios da linha reta de linear:
calibração. As formas mais comuns são: 1. usa-se uma escala não-linear, com a
desvio de zero, desvio da largura de faixa função matemática inversa
e desvio intermediário, geralmente (impossível em indicadores digitais),
provocado pela angularidade ou pela 2. incorpora-se um circuito linearizador
histerese. antes do fator de conversão,
Quando a medição é uma linha reta não 3. usa-se uma lógica para avaliar a
passando pela origem, o instrumento relação não linear e gravam-se os
necessita de ajuste de zero. Em um pontos na memória digital (ROM,
sistema mecânico, o desvio de zero é PROM) do instrumento, fazendo-se a
usualmente devido ao deslize de um elo no linearização por segmentos de reta
mecanismo. Ele pode ser corrigido pelo ou por polinômios.
reajuste do zero do instrumento. Em um
instrumento eletrônico, o desvio de zero é
causado por variações no circuito devidas B% f.e.
ao envelhecimento dos componentes, 100
mudanças nas condições de contorno, -A% v.m.
como temperatura, umidade, campos
75
Saída

eletromagnéticos.
Quando a medição é uma linha reta,
passando pelo zero porém com inclinação 50
Calibração
ideal
diferente da ideal, o instrumento necessita
de ajuste de largura de faixa ou de ganho. Tolerância total
Um desvio de largura de faixa envolve uma 25
variação gradual na calibração, quando a Ponto em que A% do vm = B% f.e.
medição se move do zero para o fim da
escala. Pode ser causada, em um sistema 0 25 50 75 100
mecânico, pela variação na constante da Entrada
mola de uma das partes do instrumento.
Em um instrumento eletrônico, o desvio de
largura de faixa pode ser provocado, como Fig.22. Expressão da linearidade
no desvio do zero, por uma variação da
característica de algum componente.
Quando a medição se afasta da linha Sensitividade
reta e os valores da medição aumentando Sensitividade é a relação da variação do
são diferentes dos valores tomados com a valor de saída para a variação do valor de
medição decrescendo, o instrumento entrada que a provoca, após se atingir o
apresenta erro de histerese. Tais erros estado de regime permanente. É expressa
podem ser provocados por folgas e como a relação das unidades das duas
desgastes de peças ou por erros de quantidades envolvidas. A relação é
angularidade do circuito mecânico do constante na faixa, se o instrumento for
instrumento. O desvio intermediário linear. Para um instrumento não-linear,

4.31
120
Instrumentos de Medição

deve-se estabelecer o valor da entrada. O começando de 0 volt, o indicador mostra


inverso da sensitividade é o fator de um pouco menos de 100 volts. Quando se
deflexão do instrumento. mede 100 volts, partindo de 200 volts, o
O termo sensitividade pode ser ponteiro marca um pouco mais de 100
interpretado como a deflexão do ponteiro volts. A diferença das indicações obtidas
do instrumento dividida pela quando se aproxima por baixo e por cima é
correspondente alteração do valor da a zona morta. O erro de zona morta é
variável. Por exemplo, se a parte usável devido a atritos, campos magnéticos
da escala é 10 cm, a sensitividade do assimétricos e folgas mecânicas.
voltímetro é 10 cm/200 volts ou 0,05 Rigorosamente zona morta é diferente de
cm/volt. É obvio que este indicador tem histerese, porém, a maioria das pessoas
dificuldades para indicar voltagens consideram zona morta e histerese o
menores que 0,5 volt ou entre 150 e 150,5 mesmo fenômeno.
volts. Quando se quer indicar 0,05 volts, Na prática, a aplicação repentina de
um medidor com uma faixa de 1 volt seria uma grande voltagem pode causar um erro
a solução. A sensitividade, agora, é 10 de leitura, pois o ponteiro produz uma
cm/volt; um sinal de 0,05 volt produziria ultrapassagem (overshoot), oscila e
uma deflexão na indicação de 0,5 cm. estabiliza em um valor. Se a última
A sensitividade pode ser também a oscilação ocorreu acima do valor, a
habilidade de um instrumento responder e indicação pode ser maior que o valor
detetar a menor variável na medição de verdadeiro; se ocorreu abaixo do valor, a
entrada. Neste caso, ela é também indicação pode ser menor que o valor
chamada de resolução ou de verdadeiro. O bom projeto do instrumento
discriminação. Não há correlação entre a e o uso de materiais especiais para
sensitividade e o erro. suportes, magnetos e molas, pode reduzir
a zona morta. Um modo efetivo para
diminuir o efeito da zona morta é tomar
Instrumento linear várias medições e fazer a média delas.
Tempo de Resposta
A tempo de resposta é o intervalo que o
Saída qo

∆qo Sensitividade = ∆qo/∆qi


instrumento requer para responder a um
sinal tipo degrau aplicado à sua entrada. O
∆qi
tempo de resposta é desprezível quando o
Entrada qi sinal varia lentamente. Porém, quando o
sinal varia rapidamente e continuamente, o
ponteiro fica oscilando e nunca fica em
equilíbrio, impedindo a leitura exata da
indicação. O tempo de resposta depende
da massa do ponteiro, resistência da mola
de retorno e da criação e desaparecimento
do campo magnético. O olho humano
Saída qo

também tem dificuldade de acompanhar


Instrumento não linear
variações muito rápidas do ponteiro.
Os artifícios para diminuir o tempo de
Entrada qi resposta do indicador incluem a diminuição
do ponteiro, uso de materiais mais leves,
molas com menores constantes, uso de
Fig. 23. Expressão da sensitividade displays eletrônicos sem ponteiros
(digitais).

Zona Morta Confiabilidade


O efeito da zona morta aparece quando Os instrumentos de medição podem
a medição cai nas extremidades das falhar, deixar de operar, operar
escalas. Quando se mede 100 volts, intermitentemente ou degradar

4.32
121
Instrumentos de Medição

prematuramente seu desempenho quando incerteza é normalmente expressa por


exposto a condições desfavoráveis de uma faixa ou limites de confiabilidade,
temperatura, pressão, umidade, fungos, dentro da qual é altamente provável que os
frio, maresia, vibração e choque mecânico. resultados da medição estejam.
Instrumento confiável é estável, autentico e A confiabilidade da medição inclui o
garantido. Esta expectativa de intervalo de tempo durante o qual o
confiabilidade pode parecer subjetiva, instrumento permanece calibrado. Ela é
porém, a confiabilidade pode ser definida, comumente somada e expressa em MTBF
calculada, testada e verificada. (mean time between failures - tempo médio
Confiabilidade é a probabilidade de um entre falhas).
instrumento executar sua função prevista, O termo falha não significa
durante um período de tempo especificado necessariamente o desligamento completo
e sob condições de operação do instrumento, mas que o instrumento
determinados. A função pretendida deixou de manter sua especificação de
identifica o que constitui o não erro. O instrumento que requer calibrações
desempenho ou falha do instrumento. O muito freqüentes é pouco confiável, porque
período especificado pode variar de uma apresenta problema estrutural, ou está mal
operação instantânea (fusível, disco de aplicado ou é de má qualidade. Quando a
ruptura) ou operações que duram anos indicação de um instrumento se afasta do
ininterruptos. O desempenho sob valor verdadeiro, sua calibração está
condições estabelecidas refere-se às variando com o tempo e sua
condições de operação e do ambiente. As reprodutibilidade piora.
condições operacionais podem depender É difícil estimar a confiabilidade de
do tipo do instrumento mas devem ser dados experimentais. Mesmo assim, se
completamente identificadas. As condições pode fazer tais estimativas porque dados
de operação e do ambiente não podem de confiabilidade desconhecida são inúteis.
causar ou contribuir para o aparecimento Resultados que não especialmente exatos
de falhas. podem ser valiosos se os limites de
Medições confiáveis devem ser válidas, incerteza são conhecidos.
precisas, exatas e consistentes, por Infelizmente, não há método simples
definição e verificação. Medidas válidas para determinar a confiabilidade dos dados
são feitas por procedimento corretos, com certeza absoluta. Às vezes, é tão
resultando no valor que se quer medir. trabalhoso garantir a qualidade dos
Medidas precisas são repetitivas e resultados experimentais, quanto coleta-
reprodutivas, com pouca dispersão em los. A confiabilidade pode ser avaliada de
torno do valor esperado. Medidas exatas diferentes modos. Padrões com certeza
estão próximas do valor verdadeiro ideal. conhecida são usados para comparações
Medidas consistentes são aquelas cujos e calibrações. A calibração de
valores ficam cada vez mais próximos do instrumentos aumenta a qualidade dos
valor verdadeiro, quando se aumenta o dados. Testes estatísticos são aplicados
número de medições replicadas. aos dados. Nenhuma destas opções é
O metrologista, pessoa que procura perfeita e, no fim, sempre deve-se fazer
fazer medições com a máxima exatidão e julgamentos para a exatidão provável dos
precisão, parece ter uma interpretação resultados.
filosófica de confiabilidade. Em sua Uma das primeiras questões a levantar
determinação de constantes fundamentais, antes de fazer a medição é: qual é o
ele procura um valor verdadeiro mais máximo erro tolerado no resultado? A
fisicamente possível. O instrumentista no resposta a esta questão determina quanto
campo ou no laboratório, tem um enfoque tempo se gastará na análise dos dados.
operacional e procura o melhor valor Por exemplo, um aumento de 10 vezes na
pratico possível. Melhor implica confiabilidade pode resultar em horas, dias
simplesmente que a incerteza para uma ou semanas de trabalho adicional.
dada medição foi reduzida até um valor Ninguém pode pretender gastar tempo
menor que um número predeterminado. A

4.33
122
Instrumentos de Medição

gerando medições que sejam mais 3. pontos de testes estrategicamente


confiáveis que o necessário. localizados,
4. auto-diagnose dos defeitos,
Estabilidade
5. identificação clara das peças na
O desempenho de um instrumento de documentação e no instrumento,
medição varia com o tempo. Geralmente, a 6. padronização e disponibilidade dos
exatidão do instrumento se degrada com o componentes reservas,
tempo. As especificações fornecidas pelo 7. número limitado de ferramentas e
fabricante se referem a um instrumento acessórios de suporte,
novo, recém calibrado e testado nas 8. compatibilidade e intercambiabilidade
condições de laboratório, que são muito de instrumentos e peças,
mais favoráveis que as condições reais de 9. facilidade de manuseio, transporte,
processo. A estabilidade do medidor é sua armazenamento,
habilidade de reter suas características de 10. documentação técnica, marcações e
desempenho durante um longo período de etiquetas completas e claras.
tempo. A estabilidade pode ser expressa
como taxa de desvio (drift rate), 4.6. Especificação da Precisão
tipicamente em % por ano ou ±unidade por
ano. A precisão industrial de um instrumento
A estabilidade do instrumento é um pode ser expressa numericamente de
parâmetro básico para a determinação dos vários modos diferentes:
intervalos de calibração do instrumento. 1. percentagem do fundo de escala da
medição,
Facilidade de Manutenção 2. percentagem do limite superior da
Nenhum instrumento opera todo o capacidade do instrumento
tempo sem falha ou com o desempenho 3. percentagem da largura de faixa da
constante. Todo instrumento, por melhor medição,
qualidade que tenha, mesmo que não 4. percentagem do valor real medido,
tenha peças moveis, em algum tempo 5. unidade de engenharia da variável.
necessita de alguma inspeção e Mesmo que os valores numéricos sejam
manutenção. Normalmente, todas as iguais para um determinado valor da
plantas possuem programas estabelecidos medição, a classe de precisão do
de manutenção preventiva e preditiva. instrumento pode ser diferente ao longo de
Mesmo assim, freqüentemente, o toda a faixa. Por exemplo, o instrumento A,
instrumento requer manutenção corretiva. com precisão de ±1 % do fundo de escala
O instrumento microprocessado tem desempenho de precisão diferente do
(inteligente) possui a característica de instrumento B, com precisão de ±1 % do
auto-diagnose, quando ele informa ao valor medido, ambos calibrados para medir
operador o afastamento do desempenho 0 a 10 L/s. O erro da medição é igual
do desejado. somente para a vazão de 10 L/s, quando o
A facilidade de manutenção de um valor medido é igual ao fundo da escala.
instrumento pode ser quantitativamente
Percentagem do Fundo de Escala
calculada como o tempo médio gasto para
seu reparo. A combinação do tempo médio Os medidores que possuem os erros
entre falhas (MTBF) e o tempo médio para devidos ao ajustes de zero e de largura de
reparo (MTTR) dá a disponibilidade do faixa possuem a precisão expressa em
instrumento. Instrumento muito disponível percentagem relativa ao fundo de escala.
é aquele que raramente se danifica Os instrumentos com erro dado em
(grande tempo médio entre falhas) e percentagem do fundo de escala
quando isso ocorre, seu reparo é rápido apresentam um erro absoluto constante
(pequeno tempo médio para reparo). (valor da percentagem vezes o fundo da
As condições que facilitam a escala) e o erro relativo aumenta quando a
manutenção incluem: medição diminui.
1. acesso fácil, Esta classe de instrumentos aparece
2. conjuntos modulares substituíveis, principalmente na medição de vazão e um

4.34
123
Instrumentos de Medição

exemplo é o erro da placa de orifício em faixa e ao fundo de escala são idênticas.


percentagem do fundo de escala. Quando a faixa de medição é com zero
elevado, a largura de faixa é maior que o
valor do fundo de escala e quando a faixa
Tab.1. Erros de instrumento com imprecisão % do
de medição é com zero suprimido, a
F.E.
largura de faixa é menor que o valor do
Vazão Erro absoluto Erro relativo fundo de escala.
L/s L/s %
Numericamente, na medição de 0 a 100
100 1 1 oC, as precisões de ±1% do fundo de
50 1 2
escala e ±1% da largura de faixa são
30 1 3
10 1 10 ambas iguais a ±1 oC.
1 1 100 Para uma faixa de 20 a 100 oC, o erro
de ±1% do fundo de escala é de ±1 oC,
porém, o erro de ±1% da largura de faixa é
Por exemplo, na medição da vazão de 0 de ±0,8 oC.
a 100 L/s, com a precisão de 1% do fundo Para uma faixa de -20 a 100 oC, o erro
de escala, o erro absoluto é igual a 1% x de ±1% do fundo de escala ainda é ±1 oC,
100 = 1 L/s mas o erro relativo aumenta porém, o erro de ±1% da largura de faixa é
hiperbolicamente (sentido rigoroso e não de ±1,2 oC.
figurado). Nesta aplicação, para se ter um Em faixas com zero elevado ou zero
erro menor que 3%, deve-se medir apenas suprimido não se deve expressar a
vazões acima de 30 L/s. precisão em percentagem do fundo de
escala, mas sim de largura de faixa. Por
Percentagem do limite superior do exemplo, na medição de
instrumento (URL) -100 a 0 oC, o erro em fundo de escala se
o
Atualmente, por causa do rigor refere a 100 e não a 0 C.
metrológico dos usuários, os fabricantes
também expressam a incerteza dos Percentagem do Valor Medido
instrumentos em percentagem do limite Os medidores que possuem somente os
superior do instrumento (URL - upper erros devidos ao ajustes de largura de
range limit ou URV - upper range value). É faixa e não possuem erros devidos aos de
uma filosofia mais realista, pois expressa a zero, pois a condição de zero é
incerteza do instrumento em função de exatamente definida, possuem a precisão
suas características de fabricante e não de expressa em percentagem do valor
suas características de aplicação. A medido. Os instrumentos com erro dado
incerteza de uma capsula de transmissor em percentagem do valor medido
deve ser função de como ela foi construída apresentam um erro relativo constante
e não de como ela é calibrada para uso. (valor definido pela qualidade do
Como exemplo numérico, se uma cápsula instrumento) e o erro absoluto aumenta
é feita para medir de 0 a 10 000 mm H20, quando a medição aumenta.
sua imprecisão deve estar associada a Por exemplo, seja a medição da vazão
esta capacidade. Se a imprecisão for de de 0 a 100 L/s, com a precisão de 1% do
0,1% desta faixa, sua incerteza é de 10 valor medido. O erro relativo da medição
mm H20, quer ela seja calibrada para faixa vale sempre ±1%. Porém, o erro absoluto
de 0 a 100 ou 0 a 1000 ou 0 a 10 000 mm depende do valor medido. O erro absoluto
H20. Obviamente, o erro relativo para a aumenta linearmente com o valor da
faixa calibrada de 0 a 100 é de 10%, para medição feita. Teoricamente, este
a faixa de 0 a 1000 é de 1% e somente instrumento teria uma rangeabilidade
para a faixa de 0 a 10 000 mm H20 o erro é infinita, porém, na prática, ela é
de 0,1%, o nominal. estabelecida como de 10:1.
Percentagem da largura de faixa
Quando a faixa de medição se refere a
zero, as precisões referidas à largura de

4.35
124
Instrumentos de Medição

Tab. 2. Erros de instrumento com imprecisão % do Fig. 24. Escalas linear, raiz quadrática e
V.M. logarítmica, com diferentes rangeabilidades
Vazão Erro absoluto Erro relativo Para expressar a faixa de medição
L/s L/s %
adequada do instrumento define-se o
100 1 1 parâmetro rangeabilidade. Rangeabilidade
50 0,5 1 é a relação da máxima medição sobre a
30 0,3 1 mínima medição, dentro uma determinada
10 0,1 1 precisão. Na prática, a rangeabilidade
1 0,01 1 estabelece a menor medição a ser feita,
depois que a máxima é determinada. A
rangeabilidade está ligada à relação
Unidade de Engenharia matemática entre a saída do medidor e a
É possível ter a precisão expressa na variável medida. Instrumentos lineares
forma do erro absoluto dado em unidades possuem maior rangeabilidade que os
de engenharia. Como o erro absoluto é medidores quadráticos (saída do medidor
constante, o erro relativo se comporta proporcional ao quadrado da medição).
como o erro do instrumento com Na medição de qualquer quantidade se
percentagem do fundo de escala. Por escolhe um instrumento pensando que ele
exemplo, no termômetro com erro absoluto tem o mesmo desempenho em toda a
de ±1 oC, independente da medição, o faixa. Na prática, isso não acontece, pois o
erro relativo aumenta quando a medição comportamento do instrumento depende
diminuir, exatamente como no instrumento do valor medido. A maioria dos
com percentagem do fundo de escala. instrumentos tem um desempenho pior na
medição de pequenos valores. Sempre há
4.7. Rangeabilidade um limite inferior da medição, abaixo do
qual é possível se fazer a medição, porém,
Tão importante quanto à precisão e a precisão se degrada e aumenta muito.
exatidão do instrumento, é sua
rangeabilidade. Em inglês, há duas
palavras, rangeability e turndown para
expressar aproximadamente a extensão de
faixa que um instrumento pode medir
dentro de uma determinada especificação.
Usamos o neologismo de rangeabilidade ±3% incerteza, 33% medição
para expressar esta propriedade.
±2% incerteza, 50% medição
100 100 100
90
90
80
80 90 70 ±1% valor medido
60
70
80 50
60
10 :1 3 :1 30 :1 40
50 70
30 Rangeabilidade 3:1
40
60 20
30
50
10 ±1% fundo de escala
20
40
10 30
20
0 0 0

Linear Raiz Quadrática Logaritmica


Fig. 25. Precisão em percentagem do fundo de
escala, rangeabilidade de 3:1

4.36
125
Instrumentos de Medição

Por exemplo, o instrumento com grande em vazão pequena, logo é instável


precisão expressa em percentagem do o controle para vazão baixa. Sua
fundo de escala tem o erro relativo rangeabilidade vale 3:1. A válvula com
aumentando quando se diminui o valor igual percentagem, cujo ganho em vazão
medido. Para estabelecer a faixa aceitável baixa é pequeno, tem rangeabilidade de
de medição, associa-se a precisão do 100:1.
instrumento com sua rangeabilidade. Por
exemplo, a medição de vazão com placa 4.8. Precisão Necessária
de orifício, tem precisão de ±3% com
rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a precisão Instrumentos de Processo
da medição é igual ao menor que 3% Quando se faz o projeto de uma planta,
apenas nas medições acima de 30% e até o projetista deve estabelecer as precisões
100% da medição. Pode-se medir valores dos instrumentos compatíveis com as
abaixo de 30%, porém, o erro é maior que especificações do produto final. Nem
±,3%. Por exemplo, o erro é de 10% sempre isso é feito com critério técnico,
quando se mede 10% do valor máximo; o pois essa definição requer conhecimentos
erro é de 100% quando se mede 1% do de projeto, processo, instrumentação,
valor máximo. controle e estatística.
Não se pode medir em toda a faixa por Por insegurança, há uma tendência
que o instrumento é não linear e tem um natural de se estabelecer as classes de
comportamento diferenciado no início e no precisão maiores possíveis, sem nenhum
fim da faixa de medição. Geralmente, a critério consistente com os resultados
dificuldade está na medição de pequenos finais e até sem saber se o instrumento
valores. Um instrumento com pequena com tal precisão é comercialmente
rangeabilidade é incapaz de fazer disponível. Por exemplo, pretender que
medições de pequenos valores da variável. uma indicação de temperatura tenha
A sua faixa útil de trabalho é acima de incerteza de ±0,1 oC, quando o processo
determinado valor; por exemplo, acima de requer incerteza de ±1 oC implica, no
10% (rangeabilidade 10:1), ou de 33% presente, custo mais elevado do indicador
(3:1). e, no futuro, problemas na operação da
Em medição, a rangeabilidade se aplica instrumentação com recalibrações
principalmente a medidores de vazão. freqüentes e desnecessárias do
Sempre que se dimensiona um medidor de instrumento.
vazão e se determina a vazão máxima, Mesmo depois de se especificar o
automaticamente há um limite de vazão instrumento, não se tem o rigor de verificar
mínima medida, abaixo do qual é possível se o instrumento comprado e recebido está
fazer medição, porém, com precisão conforme com a precisão especificada. Às
degradada. vezes, compra-se o instrumento com
Em controle de processo, o conceito de precisão pior que a necessária e haverá
rangeabilidade é também muito usado em problemas futuros com a especificação do
válvulas de controle. De modo análogo, produto. Também é freqüente comprar
define-se rangeabilidade da válvula de instrumento com precisão melhor que a
controle a relação matemática entre a necessária. Neste caso, além do obvio
máxima vazão controlada sobre a mínima custo mais elevado, haverá problemas
vazão controlada, com o mesmo técnicos de especificação do produto, pois
desempenho. A rangeabilidade da válvula a tentativa de se obter um controle melhor
está associada à sua característica que o necessário é uma causa de perda de
inerente. Na válvula linear, cujo ganho é controle. Também não há uma
uniforme em toda a faixa de abertura da preocupação de se ter instrumentos com
válvula, sua rangeabilidade é cerca de precisões iguais em uma malha de
10:1. Ou seja, a mesma dificuldade e medição ou no sistema total de controle. A
precisão que se tem para medir e controlar precisão de uma malha de instrumentos é
100% da vazão, tem se em 10%. A válvula sempre pior que a precisão do instrumento
de abertura rápida tem uma ganho muito da malha de pior precisão. Assim, haverá

4.37
126
Instrumentos de Medição

desperdício de dinheiro na compra de 3. Quando a precisão dos instrumentos


instrumentos com precisão além da de processo tem classe de precisão
necessária. de ±n% e os instrumentos de
Instrumentos de Teste e Calibração calibração e teste tem classe de ±n%
(iguais), a incerteza final das
A partir da classe de precisão dos medições feitas com os instrumentos
instrumentos de medição e controle da calibrados é de ±2n% (±n% devidos
planta, o pessoal de metrologia e de
ao instrumento em si mais ±n%
instrumentação deve montar um
devidos ao padrão de calibração.)
laboratório de calibração e aferição com
Estas comparações feitas entre as
padrões e instrumentos de referência para
classes de precisão dos instrumentos de
calibrar os instrumentos de processo. Os
medição com os instrumentos padrão de
instrumentos de aferição e calibração
trabalho se aplicam exatamente para as
devem ter classe de precisão consistente
outras interfaces da escada de
com a dos instrumentos a serem aferidos e
rastreabilidade da calibração, como entre
calibrados. Por exemplo, recomenda-se
padrões de trabalho e padrões de
que o instrumento padrão tenha incerteza
laboratório, entre padrões de laboratório e
de 4 vezes a 10 vezes menor que a do
padrões externos secundários,
instrumento calibrado.
sucessivamente até chegar aos padrões
É freqüente a modernização dos
nacionais e internacionais.
instrumentos de medição e controle da
planta, por exemplo, passando de
4.9. Relação entre padrão e instrumento
instrumentação pneumática para eletrônica
analógica, de eletrônica analógica para A calibração correta de um instrumento
digital e até de pneumática para eletrônica requer um padrão rastreado. A primeira
digital. Nestas trocas de instrumentação, a questão que aparece é: qual deve ser a
classe de precisão pode aumentar de relação entre as precisões do instrumento
fatores de 10 e até de 100. Nestas e do padrão?
situações, é obrigatória a modernização e A relação típica varia de 1:1 a 10:1.
melhoria dos instrumentos de teste e de Uma alta relação (10:1) entre o padrão e o
calibração. item calibrado (instrumento ou padrão
Tudo se resume a uma questão de inferior) irá fornecer um alto grau de
consistência: confiança da medição. Por outro lado, uma
1. O ideal é ter instrumentos de baixa (1:1) irá refletir um baixo grau de
processo com classe de precisão ± confiança da medição. O erro de medição
n% e instrumentos de teste e potencial pode ser minimizado com a
calibração com classe de ±0,n% (10 seleção adequada de relações entre o
vezes melhor), pois a incerteza do padrão de calibração e o instrumento de
padrão não passa para o instrumento medição e teste.
calibrado. Embora nenhuma norma obrigue,
2. Quando a precisão dos instrumentos sempre que possível, a seleção das
de processo tem classe de precisão relações de precisão entre o comparador e
de ±0,n% e os instrumentos de o item que está sendo calibrado deve ser
calibração e teste tem classe de ±n% maior que 2:1 e preferivelmente maior que
(10 vezes pior), tem-se a situação 4:1.
ridícula onde o padrão é pior que o Uma relação de precisões de 1:1 reflete
instrumento sendo calibrado. A uma área de 1% de incerteza e portanto
incerteza de ±n% passa para os todas as medições que caem dentro de
instrumentos de medição durante a uma faixa de tolerância do item irão ficar
calibração. Não adiantou nada na área da incerteza. Não se tem dúvida
investir muito dinheiro no instrumento para rejeitar um valor medido para estes
de medição e não investir no itens onde a medição cai fora das
instrumento de calibração. tolerâncias permitidas.
É importante notar que a relação de
incertezas de 1:1 pode ou não indicar que

4.38
127
Instrumentos de Medição

os itens calibrados sob estas condições d. PAT = 0,000 004”


estão de conformidade com as tolerâncias
prescritas. Uma relação de incertezas de Relação entre tolerância do instrumento
1:1 pode não fornecer a confiança e tolerância do produto:
necessária para a medição. Além disso,
ela pode requerer ações corretivas e PT 0,005"
aumentar os custos da qualidade. Uma R= =
M & TAT 0,001"
relação de precisões de 4:1 reflete uma
área de aceitação de 75% e uma área de
incerteza de 25%. Uma relação de = 5:1 (nominal) = relação
precisões de 10:1 reflete uma área de
aceitação de 90% e uma área de incerteza Relação entre padrão secundário da
de 10%. O uso da relação 10:1 ou maior medição e equipamento de teste e
irá fornecer uma maior confiança na medição:
medição e reduzirá o erro potencial da
medição. M & TAT 0,001"
R= =
Quando as medições caem dentro da SAT 0,0001"
área de aceitação, a confiança da medição
pode ser alcançada. Porém, quando as = 10:1 (nominal) = relação
medições caem dentro da área da
incerteza, uma decisão para aceitar ou Relação entre padrão primário e padrão
rejeitar uma medição pode ser secundário:
questionável.
Equipamento de medição com um alto SAT 0,000 1"
nível de precisão irá ajudar grandemente o R= =
técnico em tomar a decisão correta e PAT 0,000 004"
aceitar ou rejeitar leituras medidas.
O técnico deve assegurar que as = 25:1 (nominal) = relação
relações de precisões entre o instrumento
de medição e teste e a tolerância do
produto e entre o padrão e o instrumento Tolerância do item = ± 0,001”
são adequadas para o objetivo pretendido. Discriminação do comparador:
Uma relação maior que 4:1 é aceitável.
Porém, uma relação de 10:1 ou maior é Tolerância ( ± ) T 0,001"
recomendada, sempre que possível. = = = 0,001"
Relação R 1
Quando as medições caem dentro da área
de incerteza, uma decisão deve ser
tomada com relação ao impacto nas
condições de fora de tolerância.
Os fatores para determinar as relações
de precisões são:
R = relação
TP = tolerância do produto
M&TAT = tolerância da precisão do
equipamento de medição e teste
SAT = tolerância da precisão do padrão
secundário
PAT = tolerância da precisão do padrão
primário
Seleção da relação
a. Tolerância do produto do fabricante
= 0,005”
b. M&TAT = 0,001”
c. SAT = 0,000 1”

4.39
128
Instrumentos de Medição

Relação 1:1 Relação 4:1

Comparador Tolerância do item = ± 0,001”


Discriminação do comparador:
0,001 0,001
Tolerância ( ± ) T 0,001"
= = = 0,000 25"
Relação R 4
Tolerância
-
+
Área de
incertez

0,001” 0,001”
0 0,00025”
0,0015”
Linha vertical acima do zero
representa o tamanho nominal de

Fig. 26. Exemplo de uma relação 1:1 Área de incerteza


Área de aceitação

Comentários:
1. A área de incerteza é igual à
precisão do comparador. No
caso, a área de incerteza é total
Fig. 27. Exemplo de uma relação 4:1
e a área de aceitação é zero.
2. Todas as medições caem na
área de incerteza e sempre deve
Comentários:
se considerar o seu impacto nas
1. A área de incerteza é igual à
tolerâncias permitidas.
precisão do comparador.
3. Por exemplo, uma tolerância
2. Quando as medições caem na área
permissível para um diâmetro de
de incerteza, deve-se verificar o seu
1 “ é ±0,001”:
impacto nas tolerâncias permitidas.
a) Medição real: 1,001’
3. Por exemplo, uma tolerância
b) Área de incerteza:
permissível para um diâmetro de 1 “
0,001”
é ±0,001”:
c) Discriminação permitida
a) Medição real: 1,001’
±0,001”
b) Área de incerteza:
4. Deste modo, a medição é
0,000 25”
considerada estar entre 1,099” e
c) Discriminação permitida
1,001”
±0,000 25”
Conclusão: a medição pode ser aceita
d) Deste modo, a medição é
em 1,099” ou rejeitada em 1,001”.
considerada estar entre
1,000 75” e 1,00125”
Conclusão: a medição pode ser aceita
em 1,000 75” ou rejeitada em 1,00125”.

4.40
129
Instrumentos de Medição

Relação 10:1 Tab.3. Relações de incertezas entre tolerâncias do


produto e o instrumento de medição e teste
Tolerância do item = ± 0,001”
Discriminação do comparador: Discriminação
Relação Área de Área de
do comparador incerteza aceitação
Tolerância ( ± ) T 0,001" 1:1 0,001 000” 100% 0%
= = = 0,000 1"
Relação R 10 2:1 0,001 500” 50% 50%
3:1 0,001 333” 33% 67%
4:1 0,001 250” 25% 75%
Comparador
5:1 0,001 200” 20% 80%
0,001” 0,001” 6:1 0,001 167” 16% 84%
7:1 0,001 143” 14% 86%
0,0018”
8:1 0,001 125” 13% 87%
9:1 0,001 110” 11% 89%
0,001”
0,001” 10:1 0,000 100” 10% 90%
50:1 0,000 020” 2% 98%
100:1 0,000 010” 1% 99%

Área de Área de
aceitação incerteza
As condições de fora de tolerância do
padrão e do instrumento são colocadas em
três categorias gerais:

Relação Impacto nas exigências da


padrão e precisão
Fig. 28. Exemplo de uma relação 10:1 /intrumento
4:1 a 10:1 A adequação do padrão e
Comentários: ou maior instrumento será mantida
1. A área de incerteza é igual à satisfatoriamente. Nenhuma ação é
precisão do comparador. necessária.
2. Quando as medições caem na área 2:1 a menor Quando a precisão do instrumento
de incerteza, deve-se verificar o seu que 4:1 deteriora da condição A para B,
impacto nas tolerâncias permitidas. investigar os fatores aplicáveis
3. Por exemplo, uma tolerância abaixo.
permissível para um diâmetro de 1 “ Relação Quando a precisão do instrumento
é ±0,001”: menor que deteriora para a condição C, há um
Medição real: 1,001’ 2:1 grande impacto nas exigências de
Área de incerteza: 0,000 1” precisão do padrão e instrumento.
Discriminação permitida ±0,000 1” Está é uma condição importante que
Deste modo, a medição é requer ação corretiva imediata.
considerada estar entre 1,000 9” e Investigar todos os fatores mostrados
1,001 1” abaixo.
Conclusão: a medição pode ser aceita
em 1,000 9 ” ou rejeitada em 1,0011”.

4.41
130
Instrumentos de Medição

10:1

9:1

8:1

7:1 Área de
Área de
aceitação
incerteza
6:1

5:1

4:1

3:1

2:1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Fig. 29. Curva representativa para uma tolerância de produto de 0,001”

4.42
131
Instrumentos de Medição

Não se pode relaxar a inspeção, pois


4.10. Projeto, Produção e Inspeção assim ela perderia sua validade. Porém, as
especificações das tolerâncias devem ser
A especificação de produto ou
estabelecidas com critério técnico,
instrumento envolve as áreas de projeto,
resultando em produtos usáveis e
produção e inspeção. O projetista pensa
economicamente viáveis.
no produto ideal, o homem da produção
Quando se tem tolerâncias pequenas
quer a máxima produção possível e o
que são desrespeitadas sem nenhuma
inspetor julga se o produto final está dentro
conseqüência grave, cria uma cultura
das especificações nominais. Cada uma
nociva de falta de respeito a
dessas pessoas tem uma visão diferente
especificações por parte do pessoal de
da tolerância da especificação do produto.
produção e inspeção. Às vezes, é
O projetista trata de condições ideais,
importante que as especificações criticas
assumindo instrumentos e equipamentos
sejam cumpridas. Se o pessoal da
novos, operadores bem treinados,
inspeção e produção tende a não respeitar
supervisão competente, instrumentos
as especificações do projeto, porque elas
calibrados, matérias primas dentro das
são difíceis de serem satisfeitas e por que
especificações nominais. A partir desta
ele não entende as razões do rigor, este
visão, suas tolerâncias são pequenas e às
pessoal igualmente não respeitará as
vezes, não atingíveis na prática com o
especificações criticas e não críticas.
grau de economia do processo industrial.
É muito comum se ouvir é trabalho do
Pode ser até que as condições ideais do
projetista estabelecer o que é necessário;
processo possam ser conseguidas durante
é trabalho do inspetor testar e aceitar os
alguma parte do processo mas nunca por
procedimentos para descobrir se as
longo período de tempo.
especificações foram cumpridas; deixe
O homem de produção sabe, de sua
cada lado fazer seu próprio trabalho. Isto é
experiência prática, que o operador falha,
errado! O projetista deve conhecer o
a matéria prima não é constante, o
resultado das inspeções e as capacidades
equipamento não está ajustado
da produção e usar estas informações
corretamente, o instrumento perde a
para alterar ou manter as especificações
calibração e tudo isso contribui para o
originais. No ambiente competitivo e de
produto final se afastar das especificações
qualidade atual deve haver trabalho de
nominais. Para isso ocorrer menos
equipe. Resumindo:
freqüentemente, ele aceita ou estabelece
1. todas as tolerâncias das
tolerâncias maiores. Ele faz o melhor que
especificações devem ser cumpridas.
pode, mas nem sempre ele avalia como
2. tolerância muito rigorosa aumenta o
ele pode melhorar o que ele já faz. Sendo
custo final do produto.
humano e sob pressão para produzir o
3. tolerância pouco rigorosa também
máximo possível, ele se limita a fazer o
aumenta o custo final do produto, por
que ele acha que é o melhor.
causa de muitos refugos e
Entre esta briga de foice no escuro
retrabalho.
ainda há o inspetor do produto.
4. tolerância muito rigorosa é difícil de
Psicologicamente, o inspetor tenderá a
ser conseguida; requer pessoal de
uma posição política de compromisso.
operação treinado, instrumentos
Quando o inspetor escuta o operador que
calibrados, equipamentos ajustados,
trabalha no chão de fabrica, ele será
matérias primas constantes e
informado que a conformidade com as
processos de produção mais
tolerâncias irá parar a produção e que
complexos.
0,1% a mais não irá fazer nenhuma
5. as tolerâncias podem ser diferentes;
diferença prática. Quando o inspetor
instrumentos críticos requerem
escuta o projetista que trabalho no ar
tolerâncias mais rigorosas,
condicionado do escritório, ele será
instrumentos não críticos podem ter
informado que a produção deverá produzir
tolerâncias menos rigorosas.
de conformidade com a especificação
nominal.

5.43
132
Instrumentos de Medição

6. as tolerâncias devem ser coerentes Sob o ponto de vista matemático, o erro


entre si; instrumentos de mesma pode ser positivo ou negativo. Um erro
malha de medição devem ter positivo denota que a medição é maior que
tolerâncias de mesma ordem de o valor ideal. O valor ideal é obtido
grandeza. subtraindo-se este valor do indicado. Um
7. a tolerância final do malha não será erro negativo denota que a medição do
melhor que a maior tolerância de instrumento é menor que o valor ideal. O
algum instrumento, durante todo o valor ideal é obtido somando-se este valor
tempo. ao indicado.
8. as tolerâncias devem ser Por exemplo, o comprimento de (9,0 + 0,2
estabelecidas de comum acordo e - 0,1) mm significa que o valor verdadeiro
envolvendo o pessoal de projeto, de 9,0 mm possui um erro para mais de
produção e inspeção. 0,2 mm e um erro para menos de 0,1 mm.
9. deve haver controle estatístico do Assim, o comprimento deve estar entre 8,9
processo para avaliar as tolerâncias, e 9,2 mm. Neste caso os erros são
mantendo-as, aumentando-as ou assimétricos. Na maioria dos casos os
diminuindo-as em função dos erros são simétricos de modo que o valor
resultados obtidos. medido é dado por

5. Erros da Medição (A ± e) = a.

5.2. Tipos de Erros


5.1. Introdução
Os erros da medição e do instrumento
É impossível fazer uma medição sem podem ser classificados sob vários
erro ou incerteza. Na realidade, o que se critérios, como expressão matemática,
procura é manter os erros dentro de limites resposta no tempo, responsabilidade,
toleráveis e estimar seus valores com causa e previsibilidade. É possível haver
exatidão aceitável. Cada medição é grande superposição de erros. Por
influenciada por muitas incertezas, que se exemplo, um erro pode ser
combinam para produzir resultados simultaneamente estático, sistemático,
espalhados. As incertezas da medição previsível, intrínseco ao instrumento e
nunca podem ser completamente devido ao ajuste de zero.
eliminadas, pois o valor verdadeiro para Quanto à expressão matemática, os
qualquer quantidade é desconhecido. erros podem ser classificados como
Porém, o valor provável do erro da 1. absolutos
medição pode ser avaliado. É possível 2. relativos
definir os limites dentro dos quais o valor Quanto ao tempo, os erros podem ser
verdadeiro de uma quantidade medida se 1. dinâmicos
situa em um dado nível de probabilidade. 2. estáticos
O erro é a diferença algébrica entre a Quanto à origem, os erros estáticos
indicação e o valor verdadeiro podem ser classificados como
convencional. O valor verdadeiro é o valor 1. grosseiros
da variável medida sem erro, ideal. Erro é 2. sistemáticos
a quantidade que deve ser subtraída 3. aleatórios
algebricamente da indicação para dar o
valor ideal.
Se A é um valor exato e a o valor
aproximado medido, então o erro é o
desvio do valor aproximado do exato.
Matematicamente,

e=A-a

5.44
133
Instrumentos de Medição

pequeno ou muito grande, relação ao


comprimento medido.
Por exemplo,
1 mm de erro em 100 mm vale 1%
Exatidão
1 mm de erro em 10 mm vale 10%
1 mm de erro em 1 mm vale 100%
Precisão
Erro relativo
A qualidade de uma medição é melhor
Espúrio caracterizada pelo erro relativo, tomado
como

e
er = × 100%
a
Fig. 20 - Erros sistemático, aleatório e espúrio
onde
er é o erro relativo,
e é o erro absoluto
Os erros sistemáticos podem ser
a é o valor da grandeza medida
divididos em
O erro relativo é adimensional e
1. intrínsecos ao instrumento
geralmente expresso em percentagem.
2. influência
A precisão entre ±1% e ±10% é
3. modificação
geralmente suficiente para a maioria das
Os erros intrínsecos podem ser
aplicações residenciais e até industriais;
¾determinados
em aplicações científicas tem-se ±0,01 a ±
¾indeterminados
0,1%.
Por sua vez, os erros do instrumento determinados
O erro absoluto pode assumir valores
podem ser:
negativos e positivos, diferente do valor
¾zero absoluto do erro, que assume apenas
¾largura de faixa ou ganho valores positivos.
¾angularidade
¾quantização 5.4. Erro Dinâmico e Estático
Os erros indeterminados poder ser
devidos a Erro dinâmico
¾uso e desgaste Erro dinâmico é aquele que depende do
¾atrito tempo. Quando uma medição altera seu
¾inércia valor significativamente durante a medição,
Os erros de influência podem ter origem: ela pode ter erros dinâmicos.
¾mecânica O erro dinâmico mais comum é devido
¾elétrica ao tempo de resposta ou tempo
¾física característico do instrumento, quando há
¾química atrasos na variável medida. O erro
dinâmico pode desaparecer naturalmente
5.3. Erro Absoluto e Relativo com o transcorrer do tempo ou quando as
condições de operação se igualarem às
Erro absoluto condições especificadas para uso.
Por exemplo, quando se faz a medição
Erro absoluto é simplesmente o desvio
de temperatura sem esperar que o sensor
da medição, tomado na mesma unidade de
atinja a temperatura medida, há erro
engenharia da medição. No exemplo de
dinâmico que desaparece quando a
9,0 ± 0,1 mm, o erro absoluto é de 0,1 mm.
temperatura do sensor for igual a
O erro absoluto não é uma característica
temperatura do processo que se quer
conveniente da medição. Por exemplo, o
medir. Se a temperatura leva 3 minutos
erro absoluto de 1 mm pode ser muito
para atingir o valor final medido, qualquer
medição antes deste tempo apresentará

5.45
134
Instrumentos de Medição

erro dinâmico. Se a temperatura estiver 5.5. Erro Grosseiro


subindo, todas as medições antes de 3
O erro grosseiro é também chamado de
minutos serão menores que a medida.
acidental, espúrio, do operador, de
Quando se faz a medição de um
confusão, de lapso, freak ou outlier. A
instrumento eletrônico, sem esperar que
medição com um erro grosseiro é aquela
ele se aqueça e se estabilize, tem-se
que difere muito de todas as outras do
também um erro de medição que
conjunto de medições.
desaparecerá quando houver transcorrido
Muitas medições requerem julgamentos
o tempo de aquecimento do instrumento.
pessoais. Exemplos incluem a estimativa
O instrumento pode apresentar erro de
da posição do ponteiro entre duas divisões
calibração a longo prazo, devido ao
da escala, a cor de uma solução no final
envelhecimento dos componentes. Tais
de uma analise química ou o nível de um
erros dinâmicos são chamados também de
liquido em uma coluna liquida.
desvios (drift). Porem, neste caso, os
Julgamentos deste tipo estão sujeitos a
tempos envolvidos são muito longos, como
erros uni direcionais e sistemáticos. Por
meses ou anos.
exemplo, um operador pode ler o ponteiro
O erro dinâmico pode ser eliminado,
consistentemente alto; outro pode ser lento
conhecendo-se os tempos de resposta do
em acionar um cronômetro e um terceiro
instrumento, constante de tempo da
pode ser menos sensível às mudanças de
variável medida e condições previstas para
cores. Defeitos físicos são geralmente
entrada em regime permanente do
fontes de erros pessoais determinados.
instrumento medidor. Esse tipo de erro,
Uma fonte universal de erro pessoal é o
que pode ser grosseiro e facilmente
preconceito. A maioria das pessoas,
evitável, pode ser considerado como um
independente de sua honestidade e
erro do operador.
competência, tem uma tendência natural
Uma questão associada com o erro
de estimar as leituras da escala na direção
dinâmico é o atraso de bulbos e poços de
que aumenta a precisão em um conjunto
temperatura e selos de pressão.
de resultados. Quando se tem uma noção
Teoricamente, um bulbo e um poço de
preconcebida do valor verdadeiro da
temperatura apenas introduzem atraso na
medição, subconsciente mente o operador
medição da temperatura. Se a temperatura
faz os resultado cair próximo deste valor.
fosse constante, depois do tempo de
A polarização é outra fonte de erro
atraso, a temperatura com o bulbo e o
pessoal que varia consideravelmente de
poço seria igual à temperatura sem bulbo e
pessoa para pessoa. A polarização mais
poço. Como há uma variabilidade natural
comum encontrada na estimativa da
da temperatura constante, na prática a
posição de um ponteiro em uma escala
colocação de bulbo e poço introduzem erro
envolve uma preferência para os dígitos 0
de medição. A questão é análoga com a
e 5. Também prevalente é o preconceito
medição de pressão e o selo. Na prática, o
de favorecer pequenos dígitos sobre
selo de pressão introduz um erro de
grandes e números pares sobre os
medição. Como regra geral, tudo que é
ímpares.
colocado na malha de medição introduz
A vantagem dos instrumentos digitais
uma parcela do erro final.
sobre os analógicos é que sua leitura
Erro Estático independe de julgamentos, eliminando-se
Erro estático é aquele que independe a polarização. Porém, todo indicador digital
do tempo. Quando uma medição não apresenta erro de quantizacao, devido à
altera seu valor substancialmente durante sua natureza discreta.
a medição, ela está sujeita apenas aos A maioria dos erros pessoais pode ser
erros estáticos. minimizada pelo cuidado e auto-disciplina.
Os erros estáticos são de três tipos É um bom hábito verificar
diferentes: sistematicamente as leituras do
1. erros grosseiros instrumento, os fatores e os cálculos.
2. erros sistemáticos A maioria dos erros grosseiros é
3. erros aleatórios pessoal e é causada pela falta de atenção,

5.46
135
Instrumentos de Medição

preguiça ou incompetência. Os erros valor constante. Em tabelas de calibração,


grosseiros podem ser aleatórios mas é freqüente encontrar números inventados
ocorrem raramente e por isso eles não são e repetidos, sem que o instrumentista
considerados como erros indeterminados. tenha feito realmente as medições. A
Fontes de erros grosseiros incluem: erros rotina pode levar o operador a não fazer
aritméticos, transposição de números em efetivamente as leituras e a inventá-las,
dados de registro, leitura de uma escala ao pois o processo está normal e os valores
contrário, troca de sinal e uso de uma esperados já são conhecidos.
escala errada. A maioria dos erros Os erros grosseiros normalmente se
grosseiros afeta apenas uma medição. referem a uma única medição, que deve
Outros, como o uso de uma escala errada, ser desprezada, quando identificada. Ele é
afetam todo o conjunto das medições imprevisível e não adianta ser tratado
replicadas. estatisticamente.
Erros grosseiros podem também ser O erro grosseiro ou de operação pode
provocados pela interrupção momentânea ser evitado através de
da alimentação dos instrumentos. 1. treinamento,
O erro grosseiro causado pelo operador 2. maior atenção,
é devido a enganos humanos, tais como 3. menor cansaço,
1. leitura sem cuidado, 4. maior motivação e
2. anotação equivocada, 5. melhoria nos procedimentos.
3. aplicação errada de fator de
correção, 5.6. Erro Sistemático
4. engano de fator de escala e de
Erro sistemático é também chamado de
multiplicação,
consistente, fixo, determinável, previsível,
5. extrapolação ou interpolação
avaliável e de polarização (bias). As
injustificada,
características do erro sistemático são as
6. arredondamento mal feito e
seguintes:
7. erros de computação.
1. se mantém constante, em valor
Alguns erros de operador podem ser
absoluto e sinal quando se fazem
sistemáticos e previsíveis, quando
várias medições do mesmo valor de
provocados por vicio ou procedimento
uma da variável, sob as mesmas
errado do mesmo operador. Maus hábitos
condições,
podem provocar erros sistemáticos. A
2. varia de acordo com uma lei
solução é colocar mais de uma pessoa
definida quando as condições
para fazer as medições. Por exemplo, o
variam,
erro de paralaxe da leitura é devido à
3. é devido aos efeitos quantificáveis
postura errada do observador frente a
que afetam a todas as medições
escala do instrumento.
4. é devido a uma causa constante,
É um erro grosseiro confundir números
5. é mensurável
e errar a posição do marcador decimal. É
6. pode ser eliminado pela calibração.
catastrófico ler, por exemplo, 270 graus
Os erros sistemáticos podem ser
em vez de 27,0 graus no mapa de vôo de
constantes ou dependentes do valor da
um avião (já houve um acidente de
variável medida. O erro determinado
aviação, no norte do Brasil, onde, segundo
constante independe do valor da
o laudo da companhia aérea, o
quantidade medida. Os erros constantes
comandante cometeu esse erro grosseiro).
se tornam mais sérios quando o valor da
Alguns técnicos acham que fazer 10
quantidade medida diminui, pois o erro
medições da mesma grandeza, nas
relativo fica maior. O erro proporcional
mesmas condições, com o mesmo
aumenta ou diminui na proporção do valor
instrumento e lidas pela mesma pessoa é
da quantidade medida. Uma causa comum
inútil, pois todos os valores vão ser iguais.
de erros proporcionais é a presença de
Elas desconhecem a variabilidade da
contaminantes na amostra.
constante. Ou seja, na natureza até as
Os erros sistemáticos causam a média
constantes variam levemente em torno do
de um conjunto de medições se afastar do

5.47
136
Instrumentos de Medição

valor verdadeiro aceitável. O erros Erro de largura de faixa (span)


sistemáticos afetam a exatidão dos O erro de largura de faixa (span) ou de
resultados. Os erros sistemáticos podem sensitividade do instrumento ocorre
ser devidos quando a curva de resposta tem inclinação
1. aos instrumentos, diferente da ideal. Em outras palavras, o
2. às condições de modificação e instrumento está com erro associado ao
3. às condições de interferência do seu ganho ou sensitividade. O erro de
ambiente. largura de faixa é eliminado através do
Sob o ponto de vista estatístico, a ajuste correspondente.
distribuição dos erros aleatórios é Instrumento que possui paenas erro de
retangular, onde o erro é constante em largura de faixa possui precisão expressa
toda a faixa de medição. em percentagem do valor medido.
Erro Inerente ao Instrumento
Os erros sistemáticos inerentes ao
100,5%
instrumento podem ser determinados ou
indeterminados. Os erros sistemáticos do 100
instrumento determinados são devidos
99,5%
principalmente à calibração. Como estão 75

Saída
relacionados à calibração, eles podem se
referir aos pontos de zero, largura de faixa Calibração
ideal
e não-linearidades provocadas pela 50
angularidade dos mecanismos. ±0,5% valor medido
Os erros do instrumento indeterminados 25
são inerentes aos mecanismos de
medição, por causa de sua estrutura
mecânica, tais como os atritos dos 0
mancais e rolamentos dos eixos móveis, a 25 50 75 100
Vazão
tensão irregular de molas, a redução ou
aumento da tensão devido ao manuseio
incorreto ou da aplicação de pressão
Fig. 21 - Erro de largura de faixa (span)
excessiva, desgaste pelo uso, resistência
de contato, atritos e folgas.
Os erros sistemáticos do instrumento
determinados e devidos à calibração
podem se referir a erro de
1. determinação,
2. hipótese
3. histórico
4. zero
5. largura de faixa
6. angularidade
7. quantização.
O erro de determinação resulta da
calibração incorreta do instrumento ou do
cálculo inadequado com os dados obtidos.
O erro de hipótese aparece quando se
espera que a medição siga uma
determinada relação característica
diferente da real.
O erro histórico são resultantes do uso,
do desgaste, do envelhecimento dos
materiais, de estragos, de má operação,
de atritos, de folgas nos mecanismos e
nas peças constituintes do instrumento.

5.48
137
Instrumentos de Medição

PADRÃO

Rastreabilidade
MENSURANDO

Calibração
Valor verdadeiro
Resolução

INSTRUMENTO
Repetitividade
Valor verdadeiro
convencional Medição Reprodutibilidade

Erro

Sistemático Aleatório

Exatidão Precisão

Incerteza

Fig. 11. Terminologia da medição

5.49
138
Instrumentos de Medição

ERROS DO INSTRUMENTO

Tempo Fonte
Dinâmicos Sistemáticos
Estaticos Aleatórios

Intrinsecos Influência Modificação


(irreversíveis) (reversíveis) (compensados)

Determinados Indeterminados

Mecânicos
Zero Uso Elétricos
Largura de faixa
Desgaste Físicos
Angularidade
Atrito Químicos
Quantificação Contato

Fig. 11. Classificação dos erros do instrumento

Erros de
modificação
Erros de
influência

Sensor Condicionamento Display


de X Sinal Sinal

Variáveis
Y, Z
Fig. 11. Erros de modificação e de influência

5.50
139
Instrumentos de Medição

calibração estática para o instrumento. A


Erro de zero
relação entre yL(x) e o valor medido y(x)
O erro de zero ocorre quando a curva é uma medida do comportamento não
de calibração não passa pela origem (0, linear do sistema:
0). O erro ou desvio de zero pode
eliminado ou reduzido pelo ajuste eL(x) = y(x) - yL(x)
correspondente no potenciômetro ou
parafuso de zero. Há instrumentos, como onde eL(x) é o erro de linearidade que
o ohmímetro, que possui ajuste de zero aparece por causa do comportamento
para ser atuado antes de cada medição. real e não linear do sistema. Para um
Outros instrumentos possuem erro de sistema que é teoricamente linear, a
zero gerado pela variação da expressão de uma possível não
temperatura ambiente, como instrumento linearidade é especificada em termos do
digital eletrônico. erro máximo esperado de linearidade:
Instrumento que possui erro de zero [e ( x )]
possui precisão expressa em %( eL )max = L max × 100 (9)
ro
percentagem do fundo de escala.
A não linearidade é o desvio da
resposta real de uma reta ideal.
100 Linearidade só existe uma, mas há várias
não-linearidades. Em instrumentos
mecânicos a balanço de movimentos,
75
Saída

tem-se o erro de angularidade, que é um


Calibração afastamento da linearidade devido aos
ideal ângulos retos não estarem retos.
50
±0,5% fundo escala Erro de quantização
25 O erro de quantização se refere a
leitura digital e resulta do fato de tornar
discreto o valor de saída da medida. O
0 25 50 75 100 melhor modo de entender o erro de
Vazão quantização, inerente a todo instrumento
digital que sempre possui uma incerteza
de ±n dígitos em sua leitura é o erro da
Fig. 22 - Erro de zero do instrumento idade de uma pessoa. Assim que uma
criança nasce, sua idade é expressa em
dias. A idade expressa em dias tem erro
Erro de linearidade em horas. No primeiro ano, a idade
Muitos instrumentos são projetados passa a ser expressa em meses. A idade
para fornecer uma relação linear entre expressa em meses em erro de
uma entrada estática aplicada e valores quantização de semanas ou dias. Depois
indicados da saída. A curva de calibração de uns 4 ou 5 anos, a idade da criança
estática tem a forma geral: passa a ser expressa em anos e o erro
de quantização passa a ser de meses.
yL = a 0 + a1x (1.7)
No dia do seu aniversário, a pessoa tem
idade exata em anos, meses e dias.
onde a curva yL(x) fornece um valor de Logo depois do aniversário, por exemplo
saída previsível baseado na relação de 40 anos, a pessoa tem 40 anos. Um
linear entre x e y. Porém, na vida real, o mês depois do aniversário, a idade
comportamento linear verdadeiro só é continua de 40 anos, mas o erro de
conseguido aproximadamente. Como quantização é de um mês. Um mês antes
resultado, as especificações do de fazer 41 anos, a pessoa ainda tem 40
instrumento de medição usualmente anos, mas o erro da idade já é de 11
fornecem uma expressão para a meses. Então, a idade da pessoa sempre
linearidade esperada da curva de tem um erro, pois sua expressão é

4.51
140
Instrumentos de Medição

discreta; aumentando de 1 em 1 ano, Os efeitos da influência podem ser de


passando de 40 para 41 anos. curta duração, observáveis durante uma
Os erros sistemáticos intrínsecos do medição ou são demorados, sendo
instrumento podem ser eliminados ou observados durante todo o conjunto das
diminuídos principalmente através da medições.
1. calibração Os erros de influência podem ser
2. seleção criteriosa do instrumento eliminados ou diminuídos pela colocação
3. aplicação de fatores de correção. de ar condicionado no ambiente, pela
selagem de componentes críticos, pelo
Erro de Influência
uso de reguladores de alimentação, pelo
Os erros sistemáticos de influência ou uso de blindagens elétricas e
interferência são causados pelos efeitos aterramento dos circuitos.
externos ao instrumento, tais como as
variações ambientais de temperatura, Erro de Modificação
pressão barométrica e umidade. Os erros A diferença conceitual entre o erro de
de influência são reversíveis e podem ser interferência e o de modificação, é que a
de natureza mecânica, elétrica, física e interferência ocorre no instrumento de
química. medição e o de modificação ocorre na
Os erros mecânicos são devidos à variável sendo medida.
posição, inclinação, vibração, choque e O erro sistemático de modificação é
ação da gravidade. devido à influência de parâmetros
Os erros elétricos são devidos às externos que estão associados a
variações da voltagem e freqüência da variável sob medição. Por exemplo, a
alimentação. As medições elétricas pressão exercida por uma coluna de
sofrem influência dos ruídos e do liquido em um tanque depende da altura,
acoplamento eletromagnético de da densidade do liquido e da aceleração
campos. da gravidade. Quando se mede o nível
Também o instrumento pneumático do liquido no tanque através da medição
pode apresentar erros quando a pressão da pressão diferencial, o erro devido a
do ar de alimentação fica fora dos limites variação da densidade do liquido é um
especificados. Sujeiras, umidade e óleo erro de modificação. Outro exemplo, é na
no ar de alimentação também podem medição de temperatura através de
provocar erros nos instrumentos termopar. A milivoltagem gerada pelo
pneumáticos. termopar depende da diferença de
Os efeitos físicos são notados pela temperatura da medição e da junta de
dilatação térmica e da alteração das referência. As variações na temperatura
propriedades do material. da junta de referência provocam erros na
Os efeitos químicos influem na medição. Finalmente, a medição da
alteração da composição química, vazão volumétrica de gases é modificada
potencial eletroquímico, no pH. pela pressão estática e temperatura.
O sistema de medição também pode O modo de eliminar os erros de
introduzir erro na medição, por causa do modificação é fazer a compensação da
modelo, da configuração e da absorção medição. Compensar uma medição é
da potência. Por exemplo, na medição da medir continuamente a variável que
temperatura de um gás de exaustão de provoca modificação na variável medida
uma máquina, e eliminar seu efeito, através de
1. a temperatura do gás pode ser não computação matemática. No exemplo da
uniforme, produzindo erro por medição de nível com pressão
causa da posição do sensor, diferencial, mede-se também a
2. a introdução do sensor, mesmo densidade variável do liquido e divide-se
pequeno, pode alterar o perfil da este sinal pelo sinal correspondente ao
velocidade da vazão, da pressão diferencial. Na medição de
3. o sensor pode absorver (RTD) ou temperatura por termopar, a temperatura
emitir (termopar) potência, da junta de referência é continuamente
alterando a temperatura do gás. medida e o sinal correspondente é

4.52
141
Instrumentos de Medição

somado ao sinal da junta de medição. Na diferentes em medições repetidas do


medição de vazão compensada de mesmo valor de uma quantidade medida,
gases, medem-se os sinais proporcionais sob as mesmas condições.
à vazão, pressão e temperatura. Os Os erros aleatórios fazem as
sinais são computados de modo que as medições se espalharem mais ou menos
modificações da vazão volumétrica e simetricamente em torno do valor
provocadas pela pressão e temperatura médio. Os erros aleatórios afetam a
são canceladas. precisão das medições.
Há muitas fontes deste tipo de erro,
Erro Causado Pelo Sensor
mas nenhuma delas pode ser
O elemento sensor do instrumento positivamente identificada ou medida,
pode também causar erros na medição. porque muitas delas são pequenas e não
Por exemplo, a introdução do poço podem ser detectadas individualmente. O
termal causa turbulência na vazão, a efeito acumulado dos erros
colocação de um bulbo de temperatura indeterminados individuais, porém, faz os
absorve energia do processo, a dados de um conjunto de medições
colocação da placa de orifício produz replicadas flutuarem aleatoriamente em
uma perda de carga na linha, a torno da média do conjunto. As causas
colocação de um amperímetro introduz dos erros aleatórios são devidas a
uma resistência parasita no circuito 1. variabilidade natural da constante,
elétrico. 2. erros intrínsecos ao instrumento
Erro Causado Pelo Instrumento dependentes da qualidade dos
circuitos e mecanismos.
O próprio instrumento de medição
3. erros irregulares devidos à
pode introduzir erro na medição. Por
histerese, banda morta, atrito,
exemplo, o amperímetro que é inserido
backlash
no circuito elétrico para medir a corrente
4. Os erros intrínsecos
que circula pode modificar a corrente
indeterminados relacionados com o
medida. Ou seja, a corrente que circula
desgaste, o uso, o atrito e a
no circuito sem o amperímetro é
resistência de contato.
diferente da corrente do circuito com o
5. erros de influência que aparecem
amperímetro. A resistência interna no
de uma variação rápida de uma
amperímetro modificou a corrente do
variável de influência.
circuito. Esse erro é devido ao
casamento das impedâncias do circuito e Repetitividade do instrumentoo
do amperímetro. O amperímetro deve ter A habilidade de um sistema de
uma impedância igual a zero. medição indicar o mesmo valor sob
Amperímetro com resistência interna aplicação repetida e independente da
zero não modifica a corrente medida. mesma entrada é chamada de
Analogamente, a impedância do repetitividade do instrumento. As
voltímetro pode alterar a voltagem a ser expressões da repetitividade são
medida. A impedância ideal do voltímetro baseadas em testes múltiplos de
é infinita. Voltímetro com impedância calibração (replicação) feitos dentro de
infinita não introduz erro na medição da um dado laboratório em uma unidade
voltagem. Nestas aplicações, diz-se que particular. A repetitividade se baseia em
o instrumento de medição carregou o uma medida estatística chamada de
circuito; o instrumento de medição é uma desvio padrão, sx, que é a variação da
carga adicional ao circuito. saída para uma dada entrada fixa.
5.7. Erro Aleatório
2s x
Os erros aleatórios são devidos à %(eR )max = × 100
ro
probabilidade e chance. Eles são
imprevisíveis e aparecem por causas
A repetitividade do instrumento reflete
irregulares e probabilísticas. Eles são
somente o erro encontrado sob

4.53
142
Instrumentos de Medição

condições controladas de calibração. Ela saída do instrumento. A banda morta é


não inclui os erros adicionais incluídos produzida por atrito, backlash ou
durante a medição devidos a variação na histerese.
variável medida ou devidos ao Backlash é máxima distância ou
procedimento. ângulo que qualquer peça de um sistema
mecânico pode ser movida em uma
Reprodutibilidade
direção sem aplicação de força ou
A reprodutibilidade, quando reportada movimento apreciável para uma próxima
na especificação de um instrumento, se peça em uma seqüência mecânica.
refere aos resultados de testes de
repetitividade separados. A Toda medição possui um erro. Quando são
reprodutibilidade se baseia em múltiplos tomados todos os cuidados para eliminar os erros
testes de repetitividade (replicação) feitos de operação e de calibração, restam os erros
em diferentes laboratórios em um único aleatórios. Os erros aleatórios não podem ser
instrumento. A repetitividade se refere a eliminados, mas estatisticamente conhecidos. O
um único ponto; a reprodutibilidade é a seu tratamento é feito por métodos estatísticos,
repetitividade em todos os pontos da fazendo-se muitas medições, verificando a
faixa de calibração. distribuição e a freqüência da ocorrência.
Erro de histerese Sob o ponto de vista estatístico, a
O erro de histerese se refere à distribuição dos erros aleatórios é normal
diferença entre uma medição seqüencial ou gaussiana, onde a maioria dos erros é
crescente e uma decrescente. O erro de de erros pequenos e a minoria de erros é
histerese é dado por de erros grandes.
Se o objetivo do sistema é ter
eh = ycrescente - ydecrescente medições repetitivas e não
necessariamente exatas, é importante
A histerese é especificada usualmente apenas reduzir o erro aleatório; não se
para um sistema de medição em termos importando muito com o erro de
do erro máximo de histerese como uma sistemático. Ou seja, há sistemas onde o
percentagem do fundo de escala da que importa é a repetitividade e a
saída: precisão, sendo suficiente a medição
inexata.
[eh (x )]max Inversamente, se o interesse do
%(eh )max = × 100 sistema é ter o valor exato da medição,
ro
pois se quer os valores absolutos, como
na compra e venda de produtos, além da
A histerese ocorre quando a saída de repetitividade se requer a exatidão.
um sistema de medição depende do
valor prévio indicado pelo sistema. Tal 5.8. Erro Resultante Final
dependência pode ser provocada por
alguma limitação realística do sistema, O erro na medição não está somente
como atrito e amortecimento viscoso em no instrumento de indicação (display)
partes móveis ou carga residual em mas em todos os componentes da malha
componentes elétricos. Alguma histerese de medição, como sensor, elemento
é normal em algum sistema e afeta a condicionador de sinal, linearizador e
precisão do sistema. filtro. Uma questão importante levantada
é: qual o erro total do sistema ou da
Banda morta malha?
O erro de banda morta é aquele A precisão da medição pode assim
provocado quando se altera a variável ser definida como a soma dos erros
medida e a indicação do instrumento se sistemáticos e aleatórios de cada
mantém constante. Banda morta é a componente do sistema ou da malha.
faixa de variação da entrada que não Isto é uma hipótese pessimista, onde se
produz nenhum efeito observável na

4.54
143
Instrumentos de Medição

admite que todos os erros são na mesma da média. Somente uma combinação de
direção e se acumulam. erros dá o desvio de +4U, quatro
Alguém mais otimista poderia combinação dão um desvio de +2U e
estabelecer a precisão final do sistema seis combinações dão um desvio de 0U.
como igual à pior precisão entre os Os erros negativos tem a mesma
componentes. Ou seja, considera-se combinação. Esta relação de 1:4:6:4:1 é
somente a precisão do pior instrumento e uma medida da probabilidade de um
desprezam-se as outras precisões desvio de cada valor. Quando se
melhores. Pode-se ainda determinar a aumenta o número de medições, pode-
precisão final como a média ponderada se esperar uma distribuição de
das precisões individuais. freqüência como a mostrada na figura. A
Pode-se obter vários resultados ordenada no gráfico é a freqüência
válidos da soma de duas incertezas relativa de ocorrência de cinco
iguais a ±1 e ±1. combinações possíveis.
1. O pessimista pode obter a A tabela mostra a distribuição teórica
incerteza final de +2 ou -2, para dez incertezas de igual
assumindo que as incertezas se probabilidade. Novamente se verifica que
somam no mesmo sentido. a ocorrência mais freqüente é a de
2. O otimista pode achar que as desvio zero da média. A ocorrência
incertezas se anulam e a menos freqüente, de máximo desvio 10U
resultalnte mais provável é igual a ocorre somente em uma vez em 500
0. medições.
3. O realista intermediário faz a soma Cada componente de um sistema ou
conservativa: passo de um procedimento de contribui
com algum erro na medição. Visto como
um sistema dinâmico, uma medição não
12 + 12 = ±14
,
pode ser mais confiável que o
componente ou passo menos confiável.
que é um valor intermediário entre 0 e Um sistema de medição não pode ser
±2. mais preciso que o componente menos
Embora os três resultados sejam preciso. O conhecimento das fontes de
muito diferentes, pode-se explicar e erros dominantes e desprezíveis de um
justificar qualquer um deles. Não há uma sistema é muito importante e o
regra única ou recomendação de como conhecimento de sua fonte, aleatória ou
proceder. É uma questão de bom senso. sistemática, é que define o tratamento a
Quando realmente se quer saber a ser dados às medições. O conhecimento
precisão real do sistema, deve-se usar do modo que os erros se propagam são
um padrão que dê diretamente o valor importantes no uso e projeto de
verdadeiro e comparar com a leitura final instrumentos e procedimentos.
obtida. Mede-se a incerteza total em vez
de calculá-la, seguindo a máxima de
metrologia: não imagine quando puder
calcular e não calcule quando puder
medir.
Para se ter uma idéia qualitativa de
como pequenos erros produzem uma
incerteza total, imagine uma situação em
que quatro erros pequenos se combinam
para dar um erro total. Seja cada erro
com uma igual probabilidade de ocorrer e
que cada um pode fazer o resultado final
ser maior ou menor por um valor ±U.
A tabela mostra todas os modos
possíveis dos quatro erros serem
combinados para dar o desvio indicado

4.55
144
Instrumentos de Medição

Tab. 1. Combinações Possíveis de 4 Incertezas metrologia industrial e não é consistente


Iguais com a anterior, é a seguinte:
Combinações das Tamanho Número Freqüência Incerteza é o resultado da avaliação
incertezas Erros combinaçõe Relativa
s pretendida em caracterizando a faixa
+U1+U2+U3+U4 4U 1 1/16=0,0625 dentro da qual o valor verdadeiro de uma
-U1+U2+U3+U4
+U1-U2+U3+U4
quantidade medida é estimado cair,
+U1+U2-U3+U4 +2U 4 4/16=0,250 geralmente com uma dada confiança.
+U1+U2+U3-U4 Incerteza padrão é o desvio padrão
-U1-U2+U3+U4
+U1+U2-U3-U4 estimado
+U1-U2+U3-U4 Incerteza padrão combinada é o
-U1+U2-U3+U4 0 6 6/16=0,375 resultado da combinação dos
-U1+U2+U3-U4
+U1-U2-U3+U4 componentes da incerteza padrão.
+U1-U2-U3-U4 Incerteza estendida é Obtida pela
-U1+U2-U3-U4
-U1-U2+U3-U4 -2U 4 4/16=0,250
multiplicação da incerteza padrão
-U1-U2-U3+U4 combinada por um fator de cobertura.
-U1-U2-U3-U4 -4U 1 1/46=0,0625 É uma exigência para todos os
laboratórios credenciados de calibração
A propagação do erro aleatório pode que os resultados reportados em um
ser rastreada matematicamente usando- certificado sejam acompanhados de uma
se uma medida da precisão, como o declaração descrevendo a incerteza
desvio padrão e desenvolvendo as associada com estes resultados. É
equações que descrevem a dinâmica do também exigência para os laboratórios
sistema. O erro sistemático pode de testes, sob as seguintes
também ser rastreado através dos dados circunstâncias:
das calibrações anteriores e dados do 1. onde isto é requerido pelo cliente
catálogo do instrumento. 2. onde isto é requerido pela
especificação do teste
6. Incerteza na Medição 3. onde a incerteza é relevante para
validar ou aplicar o resultado, e.g.,
onde a incerteza afeta a
6.1. Conceito
conformidade a uma especificação
Todas as medições são contaminadas ou limite.
por erros imperfeitamente conhecidos, de Os laboratórios credenciados devem
modo que a significância associada com ter uma política definida cobrindo a
o resultado de uma medição deve provisão de estimativas das incertezas
considerar esta incerteza das calibrações ou testes feitos. O
Incerteza é um parâmetro, associado laboratório deve usar procedimentos
com o resultado de uma medição, que documentados para a estimativa,
caracteriza a dispersão dos valores que tratamento e relatório da incerteza.
podem razoavelmente ser atribuídos à Os laboratórios devem consultar seu
quantidade medida. corpo de credenciamento para qualquer
Há problemas associados com esta orientação específica que possa estar
definição de incerteza de medição, que é disponível para a calibração ou teste.
tomada do Vocabulário de Metrologia da Os meios pelos quais os laboratórios
ISO. O que é a dispersão de se o valor credenciados devem tratar as incertezas
verdadeiro não pode ser conhecido? Ela da medições são definidos em detalhe na
também implica que incerteza é somente ISO Guide: Guide to the Expression of
relevante se várias medições são feitas e Uncertainty in Measurement. A
ela falha - por não mencionar valor terminologia usada aqui é consistente
verdadeiro para invocar o conceito de com a do Guide.
rastreabilidade. Uma definição mais
prática, mais usada porque ela mais
exatamente satisfaz as necessidades da

4.56
145
Instrumentos de Medição

6.2. Princípios Gerais sob as mesmas condições, efeitos


aleatórios de várias fontes afetam o valor
O objetivo de uma medição é
medido. Uma série de medições produz
determinar o valor de uma quantidade
um espalhamento em torno de um valor
específica sujeita à medida (mesurando).
médio. Um número de fontes pode
Para laboratórios de calibração, isto pode
contribuir para a variabilidade cada vez
ser qualquer parâmetro da medição
que uma medição é tomada e sua
dentro de campos reconhecidos da
influência pode estar continuamente
medição - comprimento, massa, tempo,
mudando. Elas não podem ser
pressão, corrente elétrica. Quando
eliminadas mas a incerteza devido a
aplicado a teste, o termo genérico
seus efeitos pode ser reduzida,
mesurando pode cobrir muitas
aumentando o número de observações e
quantidades diferentes, eg, a resistência
aplicando análise estatística.
de um material, a concentração de uma
Erros sistemáticos aparecem de
solução, o nível de emissão de ruído ou
efeitos sistemáticos, ie um efeito no
radiação eletromagnética, a quantidade
resultado de uma quantiade que não está
de microorganismos. Uma medição
incluído na especificação da quantiade
começa com uma especificação
medida mas que influencia no resultado.
apropriada da quantidade medida, o
Estes erros peramecem constantes
método genérico de medição e o
quando uma medição é repetida sob as
procedimento específico detalhado da
mesmas condições por isso eles não
medição.
revelados pelas medições repetidas. Seu
Nenhuma medição ou teste é perfeito
efeito é introduzir um deslocamento entre
e as imperfeições fazem aparecer erro
o valor da medição e o valor médio
de medição no resultado. Como
determinado experimentalmente. Eles
conseqüência, o resultado de uma
não podem ser eliminados mas podem
medição é somente uma aproximação do
ser reduzidos, por exemplo, fazendo
valor da quantidade medida e é somente
correções para o tamanho conhecido de
completa quando acompanhado por uma
um erro devido a um efeito sistematico
expressão da incerteza desta
reconhecido.
aproximação. Realmente, por causa da
O Guide adotou o enfoque de agrupar
incerteza da medição, o valor verdadeiro
os componentes da incerteza em duas
nunca pode ser conhecido. No limite, por
categorias baseadas em seus métodos
causa de alguns efeitos, ele pode mesmo
de avaliação, Tipo A e Tipo B. Esta
não existir.
classificação de métodos de avaliação,
Também deve ser notado que o artigo
em vez dos componentes em si, evita
indefinido um, em vez do artigo definido
certas ambiguidades. Por exemplo, um
o, deve ser usado em conjunto com componente aleatório de incerteza em
valor verdadeiro por que pode haver uma medição pode se tornar um
mais de um valor consistente com a componente sistemático em outra
definição de uma quantidade particular. medição que tem como sua entrada o
A incerteza da medição compreende, resultado da primeira medição. Assim, a
em geral, muitos componentes. Alguns incerteza total cotada em um certificado
podem ser calculados da distribuição de calibração de um instrumento incluirá
estatística dos resultados de uma série o componente devido aos efeitos
de medições e pode ser caracterizados aleatórios, mas quando este valor total é
por desvios padrão experimentais. Os subsequentemente usado como a
outros componentes, que podem contribuição na avaliação da incerteza
também ser caracterizados por desvios em um teste usando este instrumento, a
padrão, são calculados das distribuições contribuição deve ser tomada como
de probabilidade assumidas baseadas na sistemática.
experiência ou em outra informação. Avaliação do Tipo A é feita pelo
Erros aleatórios aparecem das cálculo de uma série de leituras
variações aleatórias das observações. A repetidas, usando métodos estatísticos.
cada momento que a medição é tomada

4.57
146
Instrumentos de Medição

Avaliação do Tipo B é feita por meios 1. Definição incompleta do teste - a


diferentes dos usados no método B. Por exigência pode não ser claramente
exemplo, por julgamento baseado em: descrita, eg, a temperatura de um
1. Dados de certificados de teste pode ser dada como
calibração, que possibilita temperatura ambiente.
correções a serem feitas e 2. Realização imperfeita do
incertezas do Tipo B a serem procedimento de teste, mesmo
atribuídas. quando as condições de teste
2. Dados de medições anteriores, por estão claramente definidas pode
exemplo, gráficos históricos não ser possível produzir as
podem ser construídos e podem condições teóricas, na prática,
fornecer informação útil acerca devido as imperfeições inevitáveis
das mudanças dinâmicas. nos materiais ou sistemas usados.
3. Experiência com ou o 3. Amostragem - a amostra pode não
conhecimento geral do ser totalmente representativa. Em
comportamento e propriedades de algumas disciplinas, como teste
materiais e equipamentos iguais. microbiológico, pode ser muito
4. Valores aceitos de constantes difícil obter uma amostra
associadas com materiais e representativa.
quantidades. 4. Conhecimento inadequado dos
5. Especificações dos fabricantes. efeitos das condições ambientais
6. Todas as outras informações no processo da medição ou
relevantes. medição imperfeita das condições
Incertezas individuais são avaliadas ambientais.
pelo método apropriado e cada uma é 5. Erro pessoal de polarização na
expressa como um desvio padrão e é leitura de instrumentos analógicos.
referida a uma incerteza padrão. 6. Resolução ou limite de
As incertezas padrão individuais são discriminação do instrumento ou
combinadas para produzir um valor total erros na graduação da escala.
de incerteza, conhecido como incerteza 7. Valores atribuídos aos padrões da
padrão combinada. medição (de trabalho e de
Uma incerteza expandida é referência) e materiais de
usualmente requerida para satisfazer as referência certificada.
necessidades da maioria das aplicações, 8. Alterações nas características ou
especialmente onde se envolve desempenho de um instrumento
segurança. É recomendado fornecer um de medição desde a sua última
intervalo maior acerca do resultado de calibração.
uma medição quando a incerteza padrão 9. Valores de constantes e outros
com, consequentemente, uma maior parametros usadas na avaliação
probabilidade do que envolve o valor dos dados.
verdadeiro convencional da quantidade 10. Aproximações e hipóteses
medida. Ela é obtida multiplicando-se a incorporadas no método e
incerteza padrão combinada por um fator procedimento da medição.
de cobertura, k. A escolha do fator é 11. Variações nas leituras repetidas
baseada no nível de confiança requerido. feitas sob condições parecidas
mas não idênticas - tais como
6.3. Fontes de Incerteza efeitos aleatórios podem ser
causados, por exemplo, ruído
Há várias fontes possíveis de
elétrico em instrumentos de
incerteza. Como elas dependem da
medição, flutuações rápidas no
disciplina técnica envolvida, não é
ambiente local, eg, temperatura,
possível dar recomendações detalhadas
umidade e pressão do ar,
aqui. Porém, os seguintes pontos gerais
variabilidade no desempenho do
se aplicam a muitas áreas de calibração
operador que faz o teste.
e teste:

4.58
147
Instrumentos de Medição

Estas fontes não são os componentes são expressos do


necessariamente independentes e, em mesmo modo, eg., como percentagem,
adição, efeitos sistemáticos não ou ppm ou mesma unidade de
reconhecidos podem existir que não engenharia usada para o resultado
podem ser levados em conta mas reportado.
contribuem para o erro. É por esta razão
que os laboratórios credenciados 6.4. Incerteza Padrão
encorajam - e muitas vezes insistem em -
A incerteza padrão é definida como
participação em comparações
um desvio padrão. O potencial para erros
interlaboratoriais, auditorias de medição
em um estágio posterior da avaliação
e cross checking interno de resultados
pode ser minimizado expressando todas
por diferentes meios.
as incertezas componentes como um
desvio padrão. Isto podoe requer ajuste
6.4. Estimativa das Incertezas
de alguns valores da incerteza, de modo
A incerteza total de uma medição é que os obtidos dos certificados de
uma combinação de um número de calibração e outras fontes, que muitas
incertezas componentes. Mesmo uma vezes tem sido expressos com um maior
única leitura do instrumento pode ser nível de confiança, envolvendo múltiplo
influenciada por vários fatores. A do desvio padrão (2 ou 3).
consideração cuidadosa de cada
medição envolvida na calibração ou teste 6.5. Incerteza Padrão Combinada
é necessária para identificar e listar todos
As incertezas componentes devem ser
os fatores que contribuem para a
combinadas para produzir uma incerteza
incerteza total. Este é um passo muito
total usando o procedimento estabelecido
importante e requer um bom
no Guide. Em muitos casos, isto reduz a
entendimento do equipamento de
tomar a raiz quadrada da soma dos
medição, os princípios e práticas da
quadrados das incertezas padrão
calibração ou teste e a influência do
componentes (método da raiz da soma
ambiente
dos quadrados). Porém, alguns
O próximo passo é quantificar as
componentes podem ser
incertezas componentes por meios
interdependentes e podem, por exemplo,
apropriados. Uma quantificação
se cancelarem entre si ou se reforçarem
aproximada inicial pode ser valiosa em
entre si. Em muitos casos, isto pode ser
possibilitar que alguns componentes
facilmente visto e os componentes
sejam reconhecidos como desprezíveis e
interdependentes podem ser somados
não necessitam de uma avaliação mais
algebricamente para dar um valor final.
rigorosa. Em muitos casos, uma
Porém, em casos mais complexos,
definição prática de desprezível pode ser
podem-se usar métodos matemáticos
um componente que não é maior do que
mais complexos para tias componentes
um quinto do tamanho do maior
correlatos, como derivadas parciais
componente. Alguns componentes
podem ser quantificados pelo cálculo do 6.6. Incerteza Expandida
desvio padrão de um conjunto de
medições repetidas (Tipo A) como Em muitos casos, é necessário cotar
detalhado no Guide. A quantificação de uma incerteza expandida e a incerteza
outros componentes pode requerer o padrão combinada portanto necessita ser
julgamento, usando toda informação multiplicada por um fator de cobertura
relevante na variabilidade possível de apropriado. Isto deve refletir o nível de
cada fator (Tipo B). Para estimativas do confiança requerido e, em termos
Tipo B, o conjunto de informações pode estritos, será ditado pelos detalhes da
incluir alguns ou todos os fatores listados distribuição de probabilidade
no parágrafo 2. caracterizado pelo resultado da medição
Cálculos subsequentes se tornam e sua incerteza padrão combinada.
mais simples se, quando possível, todos Porém, as computações extensivas

4.59
148
Instrumentos de Medição

requerida para combinar as distribuições


de probabilidade são raramente
justificadas pelo tamanho e
confiabilidade da informação disponível.
Em muitos casos, uma aproximação é
aceitável, ou seja, a distribuição da
probabilidade pode ser assumida como
normal e que um valor de 2 para o fator
de cobertura define um intervalo tendo
um nível de confiança de
aproximadamente 95%, ou, para
aplicações mais críticas, que um valor de
3 define um intervalo tendo um nível de
confiança de aproximadamente 99%.
Exceções a estes casos precisam ser
tratados em uma base individual e devem
ser caracterizados por um ou ambos dos
seguintes:
1. A ausência de um número
significativo de incertezas
componentes tendo distribuições
de probabilidade bem
comportadas, tais como, normal ou
retangular.
2. Inclusão de uma incerteza
componente dominante. Isto pode
causar a incerteza expandida ser
maior do se as contribuições
individuais da incerteza fossem
somadas aritmeticamente e é
claramente uma situação
pessimista.
Deve também ser notado que se erros
de incertezas do Tipo A em um sistema
de medição são comparáveis aos do Tipo
B, a incerteza expandida pode ser uma
subestimativa, a não ser que um grande
número de leituras repetidas tenha 26 MAI 97

sido feito. Nestas circunstâncias, um


fator de cobertura kp deve ser obtido de
uma distribuição t, baseada nos graus de
liberdade efetivo, νef, da incerteza padrão
combinada.




Apostila\Metrologia 43MedErro.doc 24 SET 98 (Substitui 26 MAI 97)

4.60
149
5
Confirmação Metrológica
Objetivos de Ensino
1. Conceituar calibração e ajuste. Apresentar a cadeia de calibração e
rastreabilidade dos diferentes padrões.
2. Conceituar padrões físicos e de receita, primários, secundários e de trabalho.
3. Apresentar os cuidados de monitoração dos instrumentos de medição e teste.
4. Conceituar e diferenciar os vários tipos de normas. Apresentar a ABNT,
INMETRO, NIST e Código de Defesa do Consumidor.
5. Apresentar um caminho típico para obter a certificação da ISO 9000, através de
projeto, implantação e comprovação metrológica.

1. Confirmação Metrológica 1.2. Necessidade da confirmação


A exatidão de qualquer medição é
1.1. Conceito uma comparação da conformidade desta
medição com o padrão. A manutenção
Comprovação ou confirmação de padrões e a calibração de
metrológica é o conjunto de operações equipamentos de teste é um processo
necessárias para assegurar que um dado muito caro, mas o desempenho de todo
instrumento de medição esteja em os sistema depende diretamente da
condições de conformidade com os exatidão de cada componente do
requisitos para o uso pretendido (ISO 10 sistema. Embora o equipamento de
012-1, 1993). O termo confirmação medição muito exato seja caro, baratear
metrológica é um termo criado este equipamento significa piorar o seu
recentemente e inclui, entre outras desempenho e diminuir sua precisão.
atividades, Os principais motivos para justificar a
calibração calibração de um instrumento são:
ajuste 1. garantia de que a medição do
manutenção instrumento é exata,
lacração 2. melhorar e manter a qualidade do
marcação com etiqueta. sistema que depende da medição
Na prática, a maioria das pessoas do instrumento,
ainda chama esta atividade de 3. atendimento de exigências legais
calibração-aferição, quando deveria ou de contratos comerciais,
chamar de calibração-ajuste. principalmente quando estão
envolvidas a compra e venda de
produtos através da medição.

5.1
150
Confirmação Metrológica

1.3. Terminologia sensores e instrumentos medidores de


vazão com fator K.
Há algumas confusões clássicas de
Para eliminar estas ambigüidades,
terminologia, como exatidão e precisão,
cada usuário deve definir, por escrito, em
calibração, aferição e ajuste. Embora já
o seus procedimentos e comunicações os
exista uma portaria do Inmetro, n 29, de
termos e seus significados e como
10 MAR 95 (Vocabulário Internacional de
estamos no Brasil, devemos seguir a
Termos Fundamentais e Gerais de
portaria do Inmetro.
Metrologia), ainda há resistência para se
usar a terminologia recomendada.
1.4. Calibração e Ajuste
Para alguns, calibrar e aferir possuem
o mesmo significado para a operação de Calibração
verificar um atributo de um sensor ou
instrumento e ajustar é a operação que Calibração é a operação de verificar o
além disso, inclui a atuação no valor de um atributo de um sensor ou de
instrumento para adequá-lo a uma um instrumento. Não é disponível
determinada condição. Para outros, aferir nenhum dispositivo de ajuste e por isso
é a operação de verificar um atributo de só há verificação.
um sensor ou instrumento e calibrar é a Como no ajuste, na calibração há os
de fazer ajuste no instrumento. Há ainda seguintes passos:
quem não admite a aferição, mas apenas 1. Aplicação de sinal na entrada do
calibração para verificar atributo e ajuste dispositivo, com leitura deste sinal
para atuar no instrumento. A confusão é por um padrão rastreado.
previsível, pois o primeiro passo da 2. Leitura do sinal de saída do
calibração de um instrumento é a sua dispositivo através de outro padrão
aferição. rastreado.
Para estar de conformidade com a 3. Comparação do sinal lido com o
portaria do Inmetro, para o autor e no valor teórico, dentro dos limites de
presente trabalho, calibrar e aferir incerteza consistentes.
possuem o mesmo significado. Para o 4. Se os valores estiverem dentro dos
autor calibrar é uma operação de limites estabelecidos, o dispositivo
verificação. Durante a calibração, está adequado ao uso.
quando necessário, faz-se o ajuste, que 5. Se os valores estiverem fora dos
é uma atuação no instrumento para limites, o dispositivo é descartado,
degradado ou o seu atributo é
torná-lo exato. O primeiro passo do
modificado em todas suas
ajuste, porém é a calibração, para
aplicações.
verificar o status de chegada do
Sensores, como termopar e
instrumento. No presente trabalho se
resistência detectora de temperatura, são
evitará usar o termo aferição, usando em
calibrados. Calibrar um termopar é
seu lugar o termo calibração. Também
verificar se a voltagem gerada por ele
neste trabalho, calibrar pode incluir ou
corresponde aos valores teóricos, dados
não a operação de ajuste.
por tabelas ou por curvas, quando se
Calibração e ajuste estão associadas
gera uma temperatura conhecida e
com a função dos instrumentos ou
medida por um termômetro padrão. Se
dispositivos. Podem ser ajustados
os valores estiverem de conformidade
instrumentos que tenham pontos de
com os teóricos, o termopar pode ser
atuação, como transmissor, indicador,
usado; se estiverem diferentes, o
registrador, totalizador, válvula de
termopar deve ser jogado fora e
controle. Os ajustes são feitos em
substituído ou degradado de sua função,
potenciômetros ou parafusos disponíveis
por exemplo, passando de termopar
nos instrumentos. Podem ser calibrados
padrão para termopar de medição de
instrumentos e sensores que não
processo..
possuem dispositivo de ajuste, mas que
Calibrar medidores de vazão que
tem um atributo inerente à sua função.
possuem o fator K, como a turbina e o
Podem ser calibrados elementos

5.2
151
Confirmação Metrológica

medidor magnético, consiste na conhecidas do padrão para a calibração


determinação deste fator K. As das saídas correspondentes do sistema.
calibrações posteriores são necessárias Uma curva de calibração forma a
para confirmar o valor deste fator K. lógica pela qual uma saída indicada do
Quando o valor se alterar, o novo fator K sistema de medição pode ser
deve ser considerado na medição, interpretada durante uma medição real.
alterando-se escalas ou usando-se Por exemplo, a curva de calibração é a
fatores de correção. base para fixar a escala do display de
saída em um sistema de medição. Além
Ajuste
disso, uma curva de calibração pode ser
Ajuste é a operação que tem como usada como parte para desenvolver uma
objetivo levar o instrumento de medição a relação funcional, uma equação
uma condição de desempenho e conhecida como uma correlação entre a
ausência de erros sistemáticos adequada entrada e saída. Uma correlação tem a
ao seu uso forma y = f(x) e é determinada aplicando
(ISO 10 012-1). De um modo mais relação física e técnicas de adequação
específico para o instrumentista, antes de curva para a curva de calibração. A
do ajuste, faz-se a calibração, que é a correlação pode então ser usada em
comparação do instrumento de exatidão medições posteriores para determinar o
conhecida com outro padrão ou valor de entrada desconhecido baseado
instrumento de ordem superior, para no valor da saída, o valor indicado pelo
detectar, correlacionar, reportar ou sistema de medição.
eliminar por ajuste ou reparo, qualquer Calibrar um transmissor eletrônico de
variação na exatidão do item sob pressão consiste em:
calibração. 1. Aplicar uma pressão conhecida na
A calibração só é confiável e tem sua entrada, indicada por um
significado quando for feita: padrão de pressão rastreado.
1. baseando-se em medições 2. Medir a saída de corrente, indicada
replicadas e usando-se as por um amperímetro padrão
medições como base de decisão, rastreado.
2. conforme procedimentos claros e 3. Comparar os valores lidos com os
objetivos, escritos pelo executante, estabelecidos pelo procedimento,
3. em ambiente com temperatura, conforme a imprecisão do
pressão e umidade conhecido e instrumento.
quando necessário, controlado 4. Caso os valores estejam dentro
4. por pessoas especialistas com dos limites estabelecidos, a
habilidade e experiência com o calibração terminou (alguém diz
procedimento, que isto é uma aferição! Realmente
5. estabelecendo-se um período de é apenas uma verificação e não
validade, após o qual ela deve ser houve ajuste, mas para o autor,
refeita. está se fazendo a calibração do
6. documentando os registros. transmissor).
Calibração pode também consistir na 5. Caso os valores estejam fora,
determinação da relação saída/entrada ajustam-se os potenciômetros de
do sistema de medição. Esta relação zero e de span.
pode ser, na prática, a determinação da 6. Paralelamente, faz-se um relatório
escala de um indicador ou da saída de de não conformidade, quando o
um transmissor. Se a resposta transmissor pertencer ao sistema
saída/entrada de um sistema é uma reta, de qualidade.
a calibração de um único ponto é 7. Repetem-se os passos 1 e 2,
suficiente e portanto, apenas um ponto acima.
conhecido do padrão é empregado. Se a 8. Caso os valores estejam dentro, a
resposta do sistema é não-linear, deve calibração terminou.
ser empregado um conjunto de entradas

5.3
152
Confirmação Metrológica

9. Caso os valores estejam fora, o tabelas de tensão x temperatura),


instrumento está com problema, facilmente obtida de um gerador de
pois ele não permite ser calibrado, tensão.
o instrumento é encaminhado para
a manutenção. 1.5. Tipos de calibração
10. Depois da manutenção o
Toda calibração deve incluir: padrão
instrumento deve ser novamente
rastreado, procedimento escrito,
calibrado e se necessário,
ambiente conhecido, operador treinado,
ajustado.
registro documentado e ter um período
A calibração pode incluir a inspeção
de validade. Tem-se o preconceito
visual do instrumento, pesquisa de
errado de considerar que apenas as
defeitos funcionais explícitos e óbvios e
calibrações relacionadas com ISO 9000
testes operacionais.
requerem estas exigências. Toda
A manutenção não é calibração, mas
calibração deve ter estes parâmetros.
depois de qualquer manutenção de
Um instrumento pode ser calibrado, por
instrumento, ele deve ser calibrado. É
questão de
recomendável que a pessoa que faz a
1. custódia, para garantir que a
manutenção seja diferente da que faz a
compra e venda de produtos feita
calibração.
através de tubulações com
Calibrar um indicador de pressão é
medidores em linha estejam dentro
quase a mesma coisa. Gera-se o sinal de
dos limites contratuais,
entrada do indicador, indicando-o com
2. segurança, para assegurar que os
um manômetro padrão e ajusta-se a
instrumentos estejam indicando
posição do ponteiro na escala. Se
dentro dos valores seguros do
necessário, ajusta-se a posição do
processo,
ponteiro. Quando o instrumento não
3. balanço de materiais, para verificar
permite a calibração, envia-o para a
rendimentos de processos,
manutenção.
equipamentos, reagentes e
catalizadores,
4. ecologia, para garantir que as
análises dos efluentes estejam
dentro dos valores ecologicamente
corretos
5. legal, para satisfazer exigências
legais e de normas técnicas,
6. ISO 9000, para atender suas
exigências relacionadas com a
incerteza, continuidade operacional
e qualidade do produto final.
Calibração programada e emergencial
Fig. 5.1. Ajuste de transmissor (Rosemount) Calibração programada é aquela feita
para atender um cronograma já
Às vezes, em vez de se aplicar a estabelecido, em função da
grandeza medida pelo instrumento, disponibilidade dos instrumentos e dos
pode-se simular o sinal de saída do períodos ótimos, dentro dos quais os
sensor, por conveniência de tempo e instrumentos permanecem dentro de seu
custo. Por exemplo, na calibração de um desempenho nominal. Geralmente os
transmissor de temperatura a termopar, períodos são estabelecidos em semanas.
em vez de se simular a temperatura, que A norma ISO 9000 requer um
é uma operação demorada, molhada e programa de calibração dos instrumentos
cara, simula-se uma milivoltagem na de medição, teste e inspeção.
entrada do transmissor, conforme valores Calibração de emergência é aquela
listados na literatura técnica (curvas ou feita para atender um chamado

5.4
153
Confirmação Metrológica

extraordinário do pessoal do processo instrumentos de níveis mais baixos,


que considera o instrumento envolvendo os instrumentos de medição,
descalibrado. Uma das coisas difíceis da padrões de trabalho e padrões de
vida, em todos os aspectos, é a de laboratório,
relacionar causa e efeito. Geralmente, A calibração também pode ser feita
para o pessoal de processo, quando há por externamente, preferivelmente por
um problema com o produto final, a laboratório credenciado da Rede
primeira vítima é o instrumento. A maioria Brasileira de Calibração, pelo fabricante
dos instrumentos que vão para a do instrumento ou por laboratório
calibração está dentro dos limites da nacional ou internacional que tenha
calibração e não precisava de calibração. padrões rastreados.
Justifica-se calibrar nas próprias
Calibração estática ou dinâmica
oficinas do usuário:
O tipo mais comum de calibração é 1. instrumentos comuns, de precisão
conhecido como calibração estática. industrial, que requerem um padrão
Neste procedimento, um valor conhecido disponível na própria planta,
é entrada para o sistema sob calibração 2. quando a quantidade de
e a saída do sistema é registrada. O instrumentos é grande, justificando
termo estático se refere ao procedimento economicamente ter um laboratório
da calibração em que os valores das para a calibração periódica destes
variáveis envolvidos permanecem instrumentos.
constantes durante uma medição, isto é, Justifica-se enviar um instrumento
eles não variam com o tempo. Nas para ser calibrado externamente quando
calibrações estáticas, somente as 1. o usuário possui poucos
magnitudes da entrada conhecida e a instrumentos
saída medida são importantes. 2. quando a calibração requer
Os pontos medidos de uma curva padrões com precisão muito
típica de calibração estática descrevem a elevada e portanto de altíssimo
relação entrada-saída para um sistema custo
de medição. Uma curva polinomial 3. para comparação interlaboratorial
acomoda os dados que podem ser 4. por exigência legal.
convenientemente usados para Qualquer quer seja o local da
descrever esta relação. calibração, o responsável final pela
Em um sentido amplo, as variáveis calibração é o usuário. Quando a
dinâmicas são dependentes do tempo, calibração é feita externamente, o
tanto em magnitude como em usuário deve ter um contrato escrito bem
freqüência. A relação das magnitudes claro, definindo o que o laboratório deve
entrada-saída entre um sinal de entrada fazer. É muito comum se enviar um
dinâmico e um sistema de medição instrumento para ser calibrado e ajustado
depende da dependência do tempo do e o laboratório fazer apenas a calibração.
sinal de entrada. Quando variáveis É também muito freqüente o laboratório
dependentes do tempo são medidas, faz- reportar uma calibração de modo
se uma calibração dinâmica além da incompreensível, sem informar o
calibração estática. Uma calibração algoritmo de cálculo da incerteza de
dinâmica determina a relação entre uma calibração, o método empregado,
entrada de comportamento dinâmico relatórios com preenchimento com
conhecido e a saída do sistema de números com algarismos significativos
medição. Usualmente tais calibrações sem significado. O único modo de evitar
envolvem um sinal senoidal ou um estes inconvenientes é ter um contrato
degrau como o sinal de entrada escrito claro e preciso, falando
conhecido. explicitamente sobre esses parâmetros.
Calibração própria ou externa
A calibração pode ser feita pelo
próprio usuário, principalmente dos

5.5
154
Confirmação Metrológica

Calibração seqüencial ou aleatória microprocessado aumenta a sua


Uma calibração seqüencial aplica uma capacidade de operação e simplifica o
variação seguida no valor de entrada processo de calibração, pois ele foi
sobre a faixa desejada de entrada. Isto é projetado para armazenar e usar fatores
realizado aumentando o valor de entrada de correção em programa para
(crescente) ou diminuindo o valor de compensar erros de ganho e de zero.
entrada (decrescente) sobre toda a faixa Este processo de armazenar constantes
de entrada. baseando-se na comparação com
A calibração seqüencial é um padrões externos foi então adaptado
diagnóstico efetivo para identificar e para a calibração a seco. As correções
quantificar o erro de histerese em um feitas pelo programa interno elimina a
sistema de medição. necessidade de remover o instrumento
A calibração aleatória se aplica a para fazer ajustes físicos, simplificando o
seqüências selecionadas aleatoriamente processo de calibração, que fica
de valores de uma entrada conhecida facilmente automatizado.
sobre a faixa de calibração pretendida.
Como vantagens da calibração aleatória
estática tem-se: Fig. 5.2. Calibração a seco de transmissor
1. tendência a minimizar o impacto
da interferência
2. quebra dos efeitos da histerese
3. diminuição dos erros de leitura
4. garantia que cada aplicação do
valor de entrada seja independente
da anterior
5. redução do erro sistemático da
calibração
6. simulação mais parecida com a
situação real da medição
7. fornecimento de um diagnóstico inteligente
para delinear as características de
erros de linearidade, zero, span e
repetitividade. Por exemplo, a calibração a seco de
um transmissor inteligente de pressão
Calibração a seco e molhada
não requer um padrão externo de
A calibração seca ou a seco ou pressão, mas usa constantes internas
calibração de artefato (Fluke) é uma armazenadas durante a configuração e
aferição que contorna o sensor do caracterização do transmissor.
instrumento, sem usar o padrão da Em programa de qualidade de ISO
variável medida pelo instrumento. A 9000, a calibração a seco é tão válida e
calibração a seco geralmente se confiável como a convencional, porém,
restringe ao elemento secundário e periodicamente deve ser feita a
assume-se que o elemento primário seja calibração convencional para verificar o
descrito com precisão por relações status do sensor do instrumento, que é
empíricas desenvolvidas de medidores contornado nas calibrações a seco. Por
eletrônica ou hidraulicamente exemplo, podem-se alternar duas ou três
semelhantes. A calibração a seco é calibrações a seco com uma calibração
efetivamente uma calibração do convencional.
transmissor eletrônico ou pneumático, Calibração molhada, por analogia à
bypassando o seu elemento sensor. calibração a seco, é a convencional,
A calibração seca é feita por usando padrões externos para calibrar o
comparação usando relação e medição instrumento. No caso da calibração do
embutidas no próprio instrumento sendo transmissor de pressão, usa-se o padrão
calibrado. O instrumento de pressão na entrada do transmissor.

5.6
155
Confirmação Metrológica

Nesta calibração, estão incluídos todos Por exemplo, o padrão típico do


os componentes do instrumento, laboratório usado na calibração também
inclusive o elemento sensor é aproximado. Assim, pode haver uma
diferença entre o valor do padrão usado
e o valor do padrão primário que ele
representa. Assim, aparece uma
incerteza no valor conhecido da entrada
em que a calibração é baseada. Além
disso, pode haver uma diferença entre o
valor fornecido pelo padrão e o valor
realmente sentido pelo sistema de
medição. Qualquer um destes efeitos
será incorporado aos dados de
calibração. A Tab. 1 lista erros
elementares relacionados com a
calibração.

1.7. Calibração da Malha


Fig. 5.3. Conceito de calibração a seco (Fluke)
Justificativa
Sempre que possível deve ser feita a
1.6. Erros de calibração calibração da malha in situ (como regra)
e em caso de não conformidade, se faz a
Teoricamente, a calibração em si não calibração por instrumento (como
elimina os erros sistemáticos, mas exceção). As vantagens de se fazer a
simplesmente reduz estes erros a valores calibração da malha em vez do
aceitáveis. Os erros de calibração instrumento isolado incluem:
incluem aqueles erros elementares que 1. gasta-se menos tempo pois uma
entram no sistema de medição durante o malha típica possui três
ato da calibração. Os erros de calibração instrumentos,
tendem a entrar através de várias fontes, 2. a calibração é mais confiável, pois
tais como: não se tem o risco de descalibrar o
1. os erros sistemáticos do padrão instrumento na sua retirada,
usado na calibração, transporte e recolocação,
2. os erros associados ao ambiente, 3. a calibração é mais exata, pois
3. os erros associados ao operador, todos os efeitos da instalação estão
4. erros associados à variável considerados inerentemente,
medida, 4. tem-se a medição e não o cálculo
5. erros associados ao instrumento da incerteza, coerente com a
calibrado, recomendação metrológica de não
6. erros associados ao método de imaginar quando puder calcular e
calibração não calcular quando puder medir.
A principal desvantagem relacionada
com a calibração de malha é a
Tab. 1. Fontes de Erro de Calibração necessidade de se ter padrões que
j Fonte de erro possam ser usados na área industrial. Os
padrões devem ter classificação
1 Padrões envolvidos na rastreabilidade
mecânica compatível com a área, se
2 Método da calibração
interna ou externa, para ter sua
3 Ambiente onde se realiza a calibração
integridade preservada. Se a área for
4 Operador que faz a calibração
classificada, os padrões elétricos devem
5 Instrumento que está sendo calibrado
ter classificação elétrica compatível, para
6 Quantidade física envolvida na calibração
que sua presença não aumente o risco
de explosão ou incêndio do local.

5.7
156
Confirmação Metrológica

Quando não for disponível padrão n


elétrico com classificação elétrica ip = ∑i 2
pj
compatível com a área, deve-se garantir j =1
com meios positivos que não há onde
presença de gases flamáveis no local e ip é a incerteza do processo de
durante a calibração e para isso deve-se calibração,
conseguir uma permissão especial (hot ipj é a incerteza dos padrões de
permission). calibração, com j variando entre 1 e n.
Realização da Calibração da Malha Calibração do Elemento Sensor
A calibração da malha inclui: Embora o elemento sensor faça parte
1. Variação da variável medida ou da malha de medição, por causa da
geração de sinal equivalente ao dificuldade de se simular a variável do
gerado pelo sensor da variável no processo no campo, geralmente se
local próximo da medição. As simula o sinal de saída do sensor, no
malhas são calibradas em pontos local da medição para se calibrar a malha
definidos nos procedimentos e calibra-se o elemento sensor na
específicos, normalmente nos bancada ou o substitui por um novo
pontos de 0%, 25%, 50%, 75% e rastreado e certificado. A decisão entre
100% da faixa, com valore calibrar o sensor existente ou substituí-lo
crescentes e decrescentes. por um novo rastreado é uma decisão
2. Leitura e registro dos valores da baseada na relação custo/benefício.
variável, na sala de controle. Tipicamente, nos casos de
Registro dos valores efetivamente termopares e resistores detectores de
lidos e ajustes feitos no Relatório temperatura, deve-se fazer a substituição
de Calibração. No Relatório de em vez de calibração. No caso de placas
Calibração de cada instrumento já de orifício, deve-se fazer inspeção visual
devem estar listados os valores e física periódica e apenas substituí-la
limites aceitáveis, considerando-se quando esta inspeção o indicar.
a tolerância exigida pelo processo e
a incerteza instalada calculada. Calibração do Instrumento Isolado
3. A malha é considerada conforme e As malhas que não puderem ser
nenhum ajuste é feito, quando os calibradas inteiramente como um único
valores lidos estiverem dentro dos instrumento, devem ter seus
limites estabelecidos e anotados instrumentos componentes calibrados
nos registros de calibração de cada individualmente. Também, quando a
malha calibração da malha indicar que ela está
4. Quando algum valor estiver fora não conforme, os instrumentos são
dos limites, a malha é considerada retirados da malha e levados para
não conforme, a operação deve ser calibração individual, conforme
informada através do formulário procedimentos específicos, que
Relatório de Calibração, os estabelecem o executante, esclarecem a
instrumentos são retirados da disponibilidade da malha pela operação e
malha e é feita a calibração de a substituição do instrumento. Depois de
cada instrumento isolado, na calibrado o instrumento é armazenado na
bancada da oficina de oficina ou substitui o existente. Quando o
instrumentação, conforme instrumento não pegar calibração, ele é
procedimentos correspondentes. submetido à manutenção corretiva e
depois calibrado e todos estas operações
Incerteza da calibração da malha devem ser anotadas em sua Folha de
No formulário Registro de Calibração Cadastro.
deve ser informada a incerteza do
processo de calibração, que é dada pela
relação:

5.8
157
Confirmação Metrológica

1.8. Parâmetros da Calibração associado com a medição varia com


cada processo e em uma mesma planta,
Além dos aspectos comerciais
podem se adotar relações de incertezas
envolvidos e, às vezes, dos aspectos
diferentes. O estabelecimento da relação
legais, a calibração para ser válida e
se baseia em aspectos econômicos
confiável deve cuidas dos seguintes
(quanto maior a relação, maior o custo
aspectos:
dos padrões da escada metrológica) e
1. medições replicadas
técnicos (quanto maior o número, menor
2. padrões rastreados
a interferência da incerteza do padrão na
3. procedimento escrito
incerteza do instrumento calibrado). O
4. ambiente conhecido
resultado final desta escolha é um
5. pessoal treinado
compromisso entre os valores de
6. registro documentado
aceitação e de incerteza.
7. período de validade administrado
Os padrões de referência
Medições replicadas selecionados através das especificações
Toda calibração deve ter várias do fabricante devem ser continuamente
medições de cada ponto de calibração. acompanhados e monitorados para
Os pontos de calibração preferidos são: comprovar a estabilidade e o
0%, 25, 50, 75 e 100%, com valores desempenho, através de calibrações
crescentes e decrescentes da variável sucessivas.
calibrada. A repetição das medições tem Procedimentos de Calibração
a finalidade de verificar linearidade,
Devem ser escritos procedimentos de
repetitividade e histerese do instrumento.
calibração de instrumentos para eliminar
Por questão de economia de tempo, é
fontes de erros devidas às diferenças de
comum se fazer apenas uma medição
técnicas, condições do ambiente, escolha
ascendente e outra descendente,
dos padrões e dos acessórios e
fazendo-se apenas duas medições de
mudança do técnico calibrador. Estes
cada ponto.
procedimentos não são os manuais de
Padrão rastreado calibração do fabricante. Os
Toda calibração requer um padrão procedimentos devem incluir os aspectos
para fornecer os valores verdadeiros técnicos destes manuais de operação,
convencionais envolvidos. O padrão porem devem ser mais abrangentes.
fornece o valor confiável, fiduciário da Os procedimentos devem ser usados
variável calibrada. pelo pessoal envolvido e responsáveis
Padrão rastreado significa que ele foi pela calibração. Eles devem ser
comparado com um outro padrão elaborados com a participação ativa
superior, que garanta sua confiabilidade. deste pessoal. Os procedimentos devem
Os padrões de referência devem possuir garantir que:
exatidão maior que a dos instrumentos 1. pessoas diferentes obtenham o
ou padrões sob calibração. Os padrões mesmo resultado quando
de referência de ordem superior devem calibrando instrumentos iguais ao
ser rastreados aos padrões credenciados mesmo tempo,
ou nacionais ou derivados de constantes 2. a mesma pessoa obtenha o mesmo
físicas. resultado quando calibrando o
As normas e os laboratórios mesmo instrumento em épocas e
recomendam números limites entre as locais diferentes.
exatidões dos instrumentos calibrados e Os procedimentos devem ser escritos
dos padrões. Por exemplo, o NIST numa linguagem simples, clara e
recomenda a relação mínima de 4:1; o acessível e o seu conteúdo deve ter, no
INMETRO recomenda a relação 3:1 e as mínimo,
normas militares falam de 10:1. Porém, 1. objetivo do procedimento
todos estes números são sugestões e 2. normas de referência e
não são mandatórios. O risco aceitável recomendações do fabricante
3. lista dos padrões requeridos

5.9
158
Confirmação Metrológica

4. lista dos instrumentos de teste, Os instrumentos de transferência


fontes de alimentação, pontos de secundária devem ser calibrados com
teste e ligações padrões primários ou de referência.
5. descrição do princípio de medição Os períodos de cada calibração
ou teoria do método empregado dependem da qualidade do instrumento,
6. estabelecimento das condições das condições ambientais, do
ambientais do local onde será feita treinamento do pessoal envolvido, do tipo
a calibração: temperatura, pressão, da indústria, da idade dos instrumentos,
umidade, posição, vibração, da manutenção corretiva dos
blindagem a ruídos elétricos e instrumentos. Os períodos não são
acústicos imutáveis e nem fixos. Podem ser
7. instruções, passo a passo, da alterados em função de:
calibração, envolvendo preparação, 1. recomendações do fabricante,
ajustes, leituras, comparações e 2. legislação vigente
correções 3. frequência de utilização (maior uso
8. formulários para a coleta e implica em períodos mais curtos).
anotação dos dados, relatórios, Uso incorreto requer recalibração
tabelas e certificados. imediata.
9. estabelecimento da próxima data 4. severidade e agressão ambiental.
de calibração. Maior agressividade do ambiente
No Apêndice A há um procedimento implica em menor período de
típico para a calibração de malha de calibração.
instrumento de processo. 5. características de construção do
instrumento; instrumento mais frágil
Condições Ambientais
requer calibrações mais freqüentes;
As condições ambientais de instrumentos com peças moveis
calibração do instrumento devem ser as requerem calibrações mais
recomendadas pelos procedimentos e freqüentes.
pelos fabricantes do instrumento e dos 6. precisão dos instrumentos em
padrões envolvidos. A maioria dos relação à tolerância do produto ou
instrumentos de processo não requer da medição; menor tolerância do
condições ambientais controladas. Isto é produto, calibração mais freqüente
tão verdade, que a tendência atual é dos instrumentos envolvidos.
fazer a calibração dos instrumentos na 7. posição na escada hierárquica de
área industrial. rastreabilidade: geralmente
As condições envolvidas na calibração instrumentos mais próximos da
não precisam ser controladas mas base da pirâmide (menos precisos,
sempre devem ser conhecidas, por de medição e de teste de oficina)
causa de eventuais fatores de correção requerem calibrações mais
para os padrões usados. freqüentes que os do topo (mais
Quando requerido, a área deve ser precisos, padrões primários).
limpa, sem vibração mecânica, sem 8. criticidade e importância da
interferências eletrostáticas e medição efetuada; maior a
eletromagnéticas quando houver conseqüência do erro, implica em
envolvimento de equipamentos elétricos menor intervalo de segurança.
e com a temperatura na faixa de 17 a 21 Medição envolvendo segurança,
oC e umidade relativa entre 35 e 55%.
menor período de calibração;
Intervalos de calibração medição envolvendo vidas
humanas, obrigação legal de
Os instrumentos de medição
calibração, geralmente com
industriais devem ser calibrados
períodos definidos por lei.
periodicamente por instrumentos de teste
de trabalho. Os instrumentos de trabalho
devem ser calibrados periodicamente por
padrões secundários ou de transferência.

5.10
159
Confirmação Metrológica

Revisão dos intervalos de calibração Tab.2. Ações a serem tomadas


Um sistema eficiente de calibração
deve ter ferramentas que permitam a E Indica que o intervalo entre
revisão dos intervalos de calibração, com Estender calibrações deve ser
critérios baseados em dados obtidos das estendido.
calibrações anteriores e que seja um D Indica que o intervalo entre
compromisso entre se ter menos trabalho Diminuir calibrações deve ser
de calibração e menos não reduzido.
conformidades por causa de M Indica redução do ciclo de
instrumentos descalibrados. Máxima calibração ao seu intervalo
O critério mostrado a seguir se baseia Redução) mínimo admissível.
no critério de Schumacher. P Não se altera o intervalo
1. A cada calibração feita, o Permanece anteriormente estabelecido
instrumento é classificado em
relação aos resultados obtidos,
conforme a Tab.1: Para a aplicação do critério, deve ser
consultada a Tab. 3 e Tab. 4.
Tab.1. Status do Instrumento

A Designa problema que Tab. 3. Classificação Dos


Avaria prejudica um ou mais Instrumentos
parâmetros ou funções do
instrumento. Ciclos Condições no
C Designa instrumento Anteriores Recebimento
Conform encontrado conforme com sua A F C
e tolerância durante a CCC P D E
calibração. FCC P D P
F Designa instrumento, apesar ACC P D E
Fora de apresentar bom
CF M M P
funcionamento, encontrado
fora das tolerâncias de CA M M P
calibração. FC P M P
FF M M P
Com base na situação encontrada de FA M M P
conformidade nos ciclos anteriores, será AC P D P
tomada uma das ações da Tab.2: AF M M P
AA M M P

5.11
160
Confirmação Metrológica

Tab. 4. Determinação do próximo do procedimento e pessoal


ciclo envolvido
8. garantia que o padrão superior
Ciclo Novo Ciclo (Valores Em estava confiável e rastreado,
Atual Semanas) através de certificado.
D E P M Deve haver um responsável pela
10 9 13 10 * organização e atualização do arquivo. O
12 11 15 12 8 responsável do arquivo deve
14 13 17 14 8 providenciar:
16 14 19 16 10 1. aviso de vencimento de prazo de
18 16 21 18 12 validade ao responsável do
20 18 24 20 13 instrumento
24 22 28 24 15 2. retirada do instrumento de
28 25 32 28 19 operação
32 29 37 32 21 3. encaminhamento do instrumento
36 32 41 36 24 para a calibração interna ou
52 47 52 52 37 externa
4. recebimento do instrumento
* Retirar Instrumento de Uso. Substituir calibrado
5. atualização das datas e dos
documentos
Registros documentados 6. encaminhamento do instrumento
A documentação registrada garante e para o usuário responsável
evidencia que os prazos de validade da 7. colocação de etiquetas nos
calibração estão sendo seguidos e que a instrumentos, com data da última
exatidão dos instrumentos está sendo calibração, nome da pessoa
mantida. responsável pela calibração, data
As seguintes informações devem ser da próxima calibração e
facilmente disponíveis: identificação do instrumento.
1. exatidão do instrumento
Sistema de Calibração
2. local de uso atual
3. intervalo de calibração, com data A implantação adequada de um
de vencimento sistema de calibração de instrumentos
4. procedimento da calibração requer as seguintes providências:
5. relatório da última calibração 1. listar individualmente todos os
6. histórico de manutenções e reparos instrumentos de medição, teste e
Todas as calibrações para serem padrão da empresa, incluindo os do
válidas devem ser devidamente processo, oficina, laboratórios,
certificadas. Os certificados devem ser armários do chefe.
arquivados e devem conter, no mínimo, 2. estabelecer os padrões e
1. número de série do instrumento instrumentos mestres necessários
correspondente para a empresa, baseando-se em
2. data de calibração fatores econômicos, técnicos,
3. laboratório ou padrão rastreado segurança, produção e qualidade
4. condições físicas nas quais foi feita do produto.
a calibração 3. adquirir os padrões necessários e
5. descrição do padrão referido: justificados
exatidão, tipo 4. prover local adequado para
6. desvios e fatores corretivos a armazenamento, guarda,
serem aplicados, quando as preservação e operação dos
condições da calibração forem instrumentos de teste e padrões.
diferentes das condições padrão
7. quando feito em laboratório externo
(credenciado, nacional), descrição

5.12
161
Confirmação Metrológica

Fazer ligações com padrões


conforme Procedimento ou MF

Aplicar sinais de entrada


Ler sinais de saída

CALIBRAÇÃO
Comparar com valores
limites do Relatório

SIM
DENTRO Desfazer ligações com
padrões

NÃO
Etiquetar instrumento calibrado
Fazer ajustes de zero, span e Proteger e lacrar pontos de ajuste
outros aplicáveis conforme MF
AJUSTE
Arquivar Relatório de
Aplicar sinais de entrada Calibração
Ler sinais de saída

FIM
Comparar com limites do
Relatório de Calibração

SIM Anotar valores finais no


DENTRO Relatório de Calibração

NÃO
Desfazer ligações com padrões
MANUTENÇÃO Fazer manutenção corretiva
conforme procedimento

Arquivar Relatório de Calibração


Etiquetar instrumento como
não adequado ao uso
Etiquetar instrumento calibrado
Desfazer ligações Proteger e lacrar pontos de

FIM Fazer relatório de Não Conformidade


e distribui-lo para ações corretivas

FIM
g. 2. - Diagrama de blocos da calibração de instrumento isolado

5.13
162
Confirmação Metrológica

Fazer ligações com padrões


conforme Procedimento ou MF

Aplicar sinais na entrada da malha


Ler sinais da variável no display da
sala de controle

CALIBRAÇÃO
DA MALHA Anotar valores lidos na Ficha Calibração
Comparar com limites estabelecidos

SIM Desfazer ligações com padrões


DENTRO

NÃO
Etiquetar malha calibrada

Desfazer a malha e calibrar cada


CALIBRAÇÃO instrumento individualmente
E AJUSTE DOS Arquivar Ficha de Calibração
INSTRUMENTOS
Calcular incerteza da malha
combinada com a do sensor

FIM

Comparar com tolerância do processo

SIM
MENOR Malha não conforme para calibração
mas conforme para o processo

NÃO
FIM
Malha não conforme para processo.
Fazer relatório de não conformidade

FIM

Fig. 5.4. - Diagrama de blocos da calibração de malha completa

5.14
163
Confirmação Metrológica

5. se necessário, implantar laboratórios porém são menos confiáveis e com menor


de calibração das variáveis, como vida útil.
temperatura, vazão, pressão, A manutenção deve ser feita quando o
voltagem e resistência elétrica. instrumento estiver visivelmente
6. pesquisar, conhecer e credenciar os danificado, não operante ou com
laboratórios externos para fins de desempenho deteriorado. Esta
intercâmbio laboratorial e mútua manutenção é chamada de corretiva.
rastreabilidade. Há laboratórios de A manutenção pode ser feita de
usuários que são tecnicamente periodicamente, de modo programado. Na
aceitáveis, mesmo não tendo o data marcada, faz-se a manutenção do
credenciamento legal do INMETRO instrumento. Nem sempre é possível se
7. definir a escada de rastreabilidade, programar a data para a manutenção
separando os instrumentos que preventiva para qualquer tipo de
podem ser calibrados internamente e instrumento. A manutenção preventiva só
os que devem ser enviados para deve ser feita em instrumentos que
laboratórios externos tenham causa constante, ou seja,
8. elaborar cronogramas de tais instrumentos que tenham peças que se
calibrações, acompanhando as datas desgastam de modo previsível.
de vencimento Tipicamente se faz manutenção preventiva
9. Elaborar procedimentos para em instrumento com peças móveis que se
calibrações internas, para envio e desgastam de modo previsível e estimado.
recebimento de instrumentos para Depois da manutenção corretiva ou
laboratórios externos preventiva do instrumento, ele deve ser
10. implantar arquivo para calibrado e se necessário, ajustado.
documentação de todos os históricos Durante a calibração do instrumento
11. treinar o pessoal para as atividades pode-se verificar a necessidade de fazer
de operação, calibração, manutenção no instrumento. Tipicamente
armazenamento, manuseio e tem-se:
preservação dos instrumentos e 1. Calibração do instrumento, onde e
padrões quando se verifica se o desempenho
12. elaborar plano de calibração. do instrumento está dentro do
esperado.
Calibração e manutenção
2. Quando o desempenho estiver fora
O objetivo da calibração é o de eliminar dos limites predeterminados, fazem-
os erros sistemáticos que aparecem ou se os ajustes, levando o instrumento
aumentam com o passar do tempo. O valor para o seu desempenho nominal.
esperado das várias medições replicadas Quando os ajustes no instrumento
de um mesmo valor da variável medida forem incapazes de levar o instrumento
tende a se afastar do valor verdadeiro para o seu desempenho nominal, é
convencional e por isso o instrumento deve necessário fazer manutenção, trocando
ser calibrado, periodicamente. peças e componentes.
Também com o passar do tempo o
instrumento tende a piorar o seu
desempenho e apresentar uma incerteza
além dos limites estabelecidos para a
incerteza nominal. Neste caso o
instrumento requer manutenção. A
manutenção deve ser criteriosa e devem
ser tomados cuidados para que o
desempenho do instrumento não se
degrade, usando-se peças originais,
ferramentas adequadas, componentes de
qualidade industrial. Componentes para a
indústria de entretenimento, são mais
baratos, mais fáceis de serem encontrados

5.15
164
Confirmação Metrológica

3. Padrões No Brasil, os padrões primários


(referência) e secundários (transferência)
Quando um sistema de medição é são mantidos no INMETRO.
calibrado, ele é comparado com algum Periodicamente, o INMETRO também
padrão cujo valor é presumivelmente calibra seus próprios padrões de
conhecido. Este padrão pode ser outro transferência.
instrumento, um objeto tendo um atributo
físico bem conhecido a ser usado como 3.1. Padrões físicos e de receita
comparação, uma solução com
propriedade química bem conhecida ou A medição requer a definição de
uma técnica conhecida e bem aceita para unidades, estabelecimento de padrões de
produzir um valor confiável. Um padrão é a medição, formação de escalas e
base de todas as medições, em um comparação de quantidades medidas com
laboratório ou oficina, em uma indústria, as escalas. O padrão fornece a ordem de
em um país e no mundo. comparação e a base de toda calibração.
Uma dimensão (em um sentido mais Foram estabelecidos os conceitos de
amplo) define uma variável física que é padrão material e de receita.
usada para descrever algum aspecto de Padrão físico ou material é baseado em
um sistema físico. O valor fundamental uma entidade física, como uma quantidade
associado com qualquer dimensão é dada de metal ou um comprimento de uma barra
por uma unidade. Uma unidade define uma de metal. O padrão material é físico e deve
medida de uma dimensão. Por exemplo, ser armazenado em condições de
massa, comprimento e tempo descrevem temperatura, pressão e umidade
dimensões básicas, com as quais especificas e ser rastreado
associamos as unidades de kilograma, periodicamente. Exemplo de padrão físico
metro e segundo, respectivamente. Um é kilograma físico, padrão de massa no SI,
padrão primário define o valor de uma que consiste em um cilindro de platina-
unidade, fornecendo os meios para irídio, com 39 mm de altura e de diâmetro
descrever a unidade com um único número e que recentemente engordou, passando
que pode entendido por todos e em todo para 1,000 030 kg. Este padrão está
lugar. Assim, o padrão primário atribui um preservado e guardo em Sèvres, França e
único valor a uma unidade por definição. uma réplica dele está guardada no
Como tal, ele deve definir a unidade INMETRO, em Xerém, RJ, Brasil.
exatamente. Padrão de receita pode ser reproduzido
Padrões primários são necessários, por em qualquer laboratório do mundo,
que o valor atribuído a uma é arbitrário. Se baseando-se em fenômenos físicos,
um metro é o comprimento do braço do rei procedimentos e métodos específicos. O
ou a distância que a luz percorre em uma padrão de receita substitui o padrão físico
fração de segundo depende somente de por causa da maior facilidade de
como alguém quis definí-lo. Para evitar reprodução e de disponibilidade.
confusão, as unidades são definidos por Antes de 1960 a unidade de
acordo internacional através do uso de comprimento era um padrão físico,
padrões primários. Depois de consensado, consistindo de uma barra de Pt-Ir
o padrão primário forma a definição exata guardada em Sèvres.
da unidade até que ela seja mudada por Em 1960, a unidade de comprimento foi
algum outro acordo posterior, que tenha redefinida em termos de padrão de receita
vantagens sobre a definição anterior. óptico, como sendo equivalente a 1 650
As principais características procuradas 763,73 vezes o comprimento de onda da
em um padrão são: luz laranja-vermelha de uma lâmpada de
1. disponibilidade global Kr86.
2. confiabilidade continuada Em 1983, o metro foi redefinido em
3. estabilidade temporal e espacial função do trajeto percorrido por uma onda
com mínima sensibilidade às fontes eletromagnética plana, no vácuo, durante
externas do ambiente. 1/299 792 458 de segundo.

5.16
165
Confirmação Metrológica

Atualmente, a única unidade definida erro e como a exatidão é determinada? No


como padrão material é o kilograma; todas máximo, a exatidão pode somente ser
as outras unidades são fixadas por meio estimada. E a confiança desta estimativa
de definições de receitas. O tempo foi a depende da qualidade do padrão e da
última unidade a ser substituída, tendo técnica de calibração usada.
sido domínio dos astrônomos por milhares
de anos.

3.1. Rastreabilidade Padrão


primário P. ex., balança pressão Inmetro
O valor conhecido da entrada para um
sistema de medição durante uma
calibração é o padrão na qual a calibração
Padrão P. ex., bomba peso morto
se baseia. Obviamente, o padrão primário secundário
real pode ser impraticável como padrão
para usar em uma calibração normal. Mas,
eles servem como referência por causa da Padrão
P. ex., manômetro master
trabalho
exatidão. Não é razoável viajar para
Sèvres, na França, para calibrar uma
balança analítica de laboratório que Instrumento
necessita de um peso padrão. E chegando Aumento calibrado P. ex., manômetro
na França, o acesso ao kilograma padrão da precisão

nem seria permitido. Assim, por razões


práticas, existe uma hierarquia de padrões
Fig. 5.5. Rastreabilidade dos padrões
secundários que tentam duplicar os
padrões primários. O padrão primário é
usado como referência para o padrão
Rastreabilidade (traceability) é o
secundário, que é usado como
princípio em que a incerteza de um padrão
transferência. O padrão secundário é uma
é medida contra um padrão superior,
aproximação razoável do primário e pode
permitindo que a incerteza do instrumento
ser mais facilmente acessível para
seja certificada. Isto é conseguido por uma
calibrações. Porém, deve haver um valor
auditoria para cima, de padrões mais
de incerteza razoável no uso de padrões
baixos para padrões superiores. Todo
que são réplicas dos padrões primários.
sistema válido de padrões deve se
No topo da pirâmide de hierarquia, logo
conformar com este princípio da
abaixo do padrão primário, estão os
rastreabilidade, onde o padrão inferior que
padrões primários mantidos pelos
é calibrado contra um padrão superior é
laboratórios nacionais através do mundo.
certificado e sua incerteza é garantida.
No Brasil, o INMETRO mantém os padrões
Os instrumentos de medição das
primários e secundários e os
variáveis do processo requerem
procedimentos padrão recomendados para
calibrações periódicas, referidas a padrões
a calibração dos sistemas de medição.
de oficina. Periodicamente, os padrões de
Cada nível de hierarquia é derivado por
oficina também devem ser calibrados e
calibração contra o padrão do nível anterior
rastreados com outros padrões
mais alto. Quando se move para baixo da
interlaboratoriais e padrões de referência
pirâmide, passa-se do padrão primário
nacional. Para isso, é fundamental que as
(referência), para o secundário
quantidades físicas envolvidas tenham os
(transferência), para o local e para o
seus padrões definidos e disponíveis.
padrão de trabalho, sempre com um grau
A exatidão do nível superior deve ser
de precisão menor ou com maior incerteza.
maior que a do nível inferior de um fator
Como a calibração determina a relação
variando, por exemplo, de 4 a 10. Quanto
entre o valor de entrada e o de saída, a
menor o fator (4), a exatidão do padrão
exatidão da calibração depende, em parte,
influi e interfere na exatidão do instrumento
da exatidão do padrão usado. Mas o
calibrado. Quanto maior o fator (10), maior
padrão de trabalho usado contem algum

5.17
166
Confirmação Metrológica

o custo do padrão. Pode-se até fazer a Brasil, o INMETRO credencia os


calibração com um instrumento com laboratórios que forma a Rede Brasileira
mesma classe de precisão (cross de Calibração. Os laboratórios da Rede
checking). Geralmente é aplicada no servem de referência para calibrações
recebimento de instrumentos, após secundárias. Por exemplo, o laboratório
transporte para verificação de violações ou industrial da Yokogawa (São Paulo, SP) é
antes da data do vencimento de credenciado pelo INMETRO para calibrar
calibração, apenas para verificar a voltagem, corrente e resistência elétrica. O
manutenção da exatidão. laboratório industrial da Companhia
Há vários tipos diferentes de padrões de Siderúrgica de Tubarão (Vitória, ES) está
medição, classificados conforme a função credenciado pelo INMETRO para
e o tipo de aplicação. referência de temperatura. O laboratório
1. internacional e nacional de Vazão do Instituto de Pesquisas
2. primário e secundário Tecnológicas (São Paulo, SP) está
3. referência e transferência credenciado pelo INMETRO para
4. de trabalho e de oficina rastreabilidade de medidores de vazão de
líquido, dentro de determinadas faixas. O
Padrão Internacional e nacional
Apêndice D mostra os laboratórios da
Os padrões internacionais são os Rede Brasileira credenciados até JAN 96.
dispositivos projetados e construídos para
as especificações de um fórum Padrão primário ou de referência
internacional. Eles representam as Os padrões primários são dispositivos
unidades de medição de várias mantidos pelas organizações e
quantidades físicas na maior precisão laboratórios nacionais, em diferentes
possível que é obtida pelo uso de técnicas partes do mundo. Eles representam as
avançadas de produção e medição. Eles quantidades fundamentais e derivadas e
estão guardados em Sèvres e não são são calibrados de modo independente,
disponíveis para o usuário comum e suas através de medições absolutas. A principal
necessidades diárias de calibração. função dos padrões primários é a de
Os padrões internacionais são definidos calibrar e certificar periodicamente os
de modo que possam ser reproduzidos em padrões secundários. Como os padrões
um grau aceitável de exatidão e quando internacionais, os primários não são
definidos, o problema seja realizar este disponíveis para o usuário final.
padrão. Há um padrão primário para cada O padrão primário é também chamado
unidade. No caso da massa, há um bloco de padrão de referência. Ele é fixo e
cilíndrico de Pt-Ir guardado em Sèvres, reprodutível, não sendo acessível como
França, de modo que massas semelhantes objeto de calibração industrial e é
possam ser comparadas com o protótipo necessário padrões práticos para as
com precisão de 10-8. As outras quantidades derivadas.
quantidades são definidas por padrões Os padrões primários são os mais
primários reprodutíveis, ou seja, que precisos existentes. Eles servem para
podem ser estabelecidas localmente, calibrar os secundários. Todos os padrões
quando necessário. Na prática, os primários precisam ter certificados. Os
equipamentos e procedimentos envolvidos certificados mostram a data de calibração,
requerem laboratórios altamente precisão, condições ambientes onde a
especializados. Os padrões internacionais precisão é válida e um atestado explicando
são primários. a rastreabilidade com o Laboratório
Padrão nacional é o de mais alto nível nacional. O padrão primário é certificado
dentro de um país. O INMETRO, no Rio de por padrões com maior hierarquia. Quando
Janeiro, RJ, é responsável legal pela o sistema é calibrado contra um padrão
manutenção dos padrões primários no primário, tem-se uma calibração primária.
Brasil. Estes padrões primários não saem Após a calibração primária, o equipamento
do INMETRO. A principal função de um é empregado como um padrão secundário.
padrão primário é a calibração e O resistor e a célula padrão,
verificação dos padrões secundários. No

5.18
167
Confirmação Metrológica

comercialmente disponíveis são exemplos ela fornece uma tensão constante e igual a
de calibração primária. 1,018 636 V @ 20 oC.
Há ainda um outro significado para Mesmo que estes padrões não tenham
padrão primário, com relacionado com o a menor incerteza da pirâmide metrológica
seu grau de precisão ou posição na de sua quantidade física, eles são
pirâmide de rastreabilidade, mas com a chamados também de padrões primários.
sua fabricação. Existem instrumentos e
Padrão secundário ou de transferência
dispositivos que, por construção, possuem
uma propriedade conhecida e constante Os padrões secundários são também
dentro de determinado limite de incerteza. instrumentos de alta precisão mas de
Esta propriedade pode ser usada para menor precisão que a dos padrões
calibrar outros instrumentos ou padrões de primários e podem tolerar uma
menor precisão. Sob este enfoque, são manipulação normal, diferente do extremo
considerados padrões primários a placa de cuidado necessário para os padrões
orifício, bocal sônico, célula Weston, diodo primários. Os padrões secundários são
zener e resistência de precisão. usados como um meio para transferir o
A placa de orifício é considerada um valor básico dos padrões primários para
padrão primário de vazão, pois ela é níveis hierárquicos mais baixos e são
dimensionada e construída segundo leis calibrados por padrões primários.
físicas aceitas e confirmadas O padrão secundário é o padrão de
experimentalmente, de modo que ela transferência. Ele é o padrão disponível e
mede a vazão teórica dentro de usado pelos laboratórios de medição e
determinado limite de incerteza e desde calibração na indústria. Cada laboratório
que sejam satisfeitas todas as condições industrial é responsável exclusivo de seus
do projeto. A calibração de um sistema de padrões secundários. Cada laboratório
medição com placa de orifício não requer industrial deve periodicamente enviar seus
um padrão de vazão, mas somente um padrões secundários para os laboratórios
padrão de pressão diferencial, que é o nacionais para serem calibrados contra os
sinal gerado pela placa e relacionado com primários. Após a calibração, os padrões
a vazão medida. secundários retornam ao laboratório
Um bocal sônico é também um padrão industrial com um certificado de precisão
primário de vazão. Ele é dimensionado e em termos do padrão primário.
construído segundo uma geometria
definida e valores de pressão a montante
e jusante teóricos, de modo que, numa
determinada situação passa por ele uma
vazão conhecida e constante, que pode
ser usada para calibrar outros medidores
de vazão. Por construção e teoria, ele
grampeia um determinado valor de vazão
que passa por ele.
Analogamente ao bocal sônico, o diodo
zener é um padrão primário de tensão
elétrica. Por construção e por causa do
efeito Zener e em determinada condição
de polarização e temperatura, o diodo
zener mantém constante uma tensão
nominal através de seus terminais e esta
tensão conhecida e constante pode ser
usada para calibrar outros medidores de
tensão.
Uma célula Weston é um padrão
primário de tensão elétrica, pois, por
construção e sob determinada corrente,

5.19
168
Confirmação Metrológica

Padrão de trabalho
Os padrões de trabalho são dispositivos
de menor precisão e comercialmente
disponíveis, usados como padrões para
calibrar os instrumento de medição do
processo e dos laboratórios industriais.
Fig. 5.6. Instrumento padrão de oficina (HP) Eles são usados para o trabalho diário de
medições. Geralmente são portáteis e de
uso coletivo e por isso sua precisão se
Padrão de Oficina degrada rapidamente e requerem
Os padrões de oficina são dispositivos calibrações freqüentes. Atualmente, com a
de alta precisão e comercialmente tendência de se calibrar a malha de
disponíveis, usados como padrões dos processo in situ, os fabricantes de
laboratórios industriais. Eles não são instrumento desenvolveram padrões de
usados para o trabalho diário de medições, trabalho robustos e precisos para
mas servem como referência de calibração calibração dos instrumentos da área
para os instrumentos de uso geral e diário. industrial.
Os padrões de oficina devem ser mantidos Deve-se tomar cuidados especiais com
em condições especificas de temperatura o uso dos instrumentos padrão elétricos
e umidade. A calibração com os padrões portáteis em local industrial, observando e
de oficina é chamada de calibração cumprindo as exigências de classificação
secundária. Usa-se um dispositivo de mecânica, elétrica e de temperatura, para
calibração secundária para a calibração de não danificar o instrumento e
um equipamento de pior precisão. A principalmente, não explodir a área.
calibração secundária é a mais usada na
instrumentação. Por exemplo, a célula
padrão pode ser usada para calibrar um
voltímetro ou amperímetro usado como
padrão de trabalho. O voltímetro padrão
serve para calibrar um voltímetro de menor
precisão, que é usado para fazer as
medições rotineiras do trabalho.

Fig. 5.8. Instrumentos padrão de trabalho (HP)


Materiais de Referência Certificada
Em laboratório químico e físico, é
comum se ter os Materiais de Referência
Certificada ou Materiais de Referência
Padrão que contém uma propriedade com
nível de incerteza conhecida. São
exemplos:
1. solução padrão de pH para calibrar e
ajustar indicadores e transmissores
de análise de pH,
Fig. 5.7. Instrumento de medição (Foxboro) 2. gases de pureza definida para
calibrar cromatógrafos
3. chapas de aço com revestimento
definido para calibrar e ajustar
indicadores de espessura a raios-X,
4. rochas, minerais, misturas de gases,
vidros, misturas de hidrocarbonetos,
polímeros, pós, águas de chuva e
sedimentos de rio e efluentes.

5.20
169
Confirmação Metrológica

Os materiais de referência certificadas 4.2. Especificações


podem ser preparados por síntese, pelo
A função de uma especificação é a
próprio usuário ou podem ser comprados
descrição de um produto em termos da
de laboratórios nacionais ou internacionais,
aplicação que o usuário pretende fazer
credenciados ou com padrões rastreados.
dele. A especificação pode ter a mesma
Um dos principais problemas
função da norma e algumas especificações
relacionados com o uso de materiais de
são, de fato, normas ou elas podem ser
referência certificada para analisar os erros
derivadas e resultados de uma norma.
sistemáticos é que o significado de
As especificações usualmente são mais
análises replicadas da amostra diverge do
detalhadas e menos genéricas para uma
valor teórico esperado. Neste caso, fica a
aplicação particular do que as normas.
incerteza se esta diferença é devida a
As especificações e normas formam a
erros aleatórios das medições ou a erros
base do sistema industrial. As
sistemáticos do material.
especificações são essenciais a toda
Geralmente os materiais de referência
operação de compra-venda, tornando
certificada tem prazos de validade e
possível a padronização básica para o
requerem o controle da idade (age control).
sistema de fabricação em massa industrial.
Há cerca de 85 000 normas
4. Normas e Especificações governamentais, publicas e privadas em
uso nos Estados Unidos.
4.1. Norma
4.3. Hierarquia
Norma é algo estabelecido pela
autoridade, usuário ou consenso geral Pode-se identificar uma hierarquia de
como um modelo ou exemplo a ser normas usadas pela sociedade. As normas
seguido. Existem normas de conduta para de valor são as de mais alto nível, em
uma sociedade política e normas técnicas termos de seu impacto na sociedade.
para uma sociedade tecnológica. Uma Estas normas tratam da regulação de
norma técnica é uma regra para uma radioativadade e da necessidade de água
atividade especifica, formulada e aplicada e ar limpo. As normas regulatórias são
para o beneficio e com a cooperação de derivadas das normas de valor básicas. Há
todos os envolvidos. Geralmente, uma três tipos de normas regulatórias:
norma é um documento que estabelece as 1. códigos e regulações da indústria,
limitações técnicas e aplicações para itens, que são produzidas pela indústria,
materiais, processos, métodos, projetos e 2. normas regulatórias consensuais
práticas de engenharia. produzidas pelos membros das
A norma é um documento que indica associações de normas e governo,
materiais, métodos ou procedimentos de 3. normas regulatórias mandatórias que
fabricação, operação, manutenção ou são produtos exclusivos dos
testes de uma certa classe de governos.
equipamentos ou instrumentos. Por
exemplo, há normas para manômetros,
termômetros, medidores de vazão, vasos e
tabulações de alta pressão. A norma
fornece limites na faixa de materiais e
propõe métodos aceitáveis, de modo que
um produto ou procedimento possa
satisfazer o objetivo para o qual ele foi
projetado.
No Brasil, o órgão credenciado para
gerar normas é a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), que é uma
empresa, não-governamental, sem fins
lucrativos, credenciado pelo INMETRO.

5.21
170
Confirmação Metrológica

4.4. Tipos de Normas As normas e especificações possuem


as funções comercial e legal de
A ABNT edita seis tipos diferentes de
1. estabelecer níveis de aceitação do
normas:
produto entre fabricante e comprador
1. método de teste descreve os
2. fornecer os níveis de qualidade,
procedimentos para determinar uma
funções e desempenho do produto.
propriedade de um material ou
A norma deve ter o bom senso de
desempenho de um produto,
estabelecer limites tolerados razoáveis, de
2. especificação é uma declaração
modo que o preço do produto seja
concisa das exigências a serem
acessível e o seu desempenho seja bom.
satisfeitas por um produto, material
O usuário quer um bom produto e não
ou processo,
uma excelente especificação mas nenhum
3. prática é o procedimento ou
produto comercialmente disponível. Para
instrução para auxiliar a
tanto:
especificação ou método de teste,
1. o usuário deve saber o que quer e
4. terminologia fornece as definições e
ter clara a função do produto a ser
descrições dos termos, explicações
aplicado. O usuário deve
de símbolos, abreviações e
estabelecer: faixa de medição,
acrósticos,
exatidão, estabilidade, configuração
5. guia oferece uma série de opções ou
e condições do processo que podem
instruções mas não recomenda um
afetar o desempenho, resposta e
modo de ação especifico,
confiabilidade do produto sendo
6. classificação define os arranjos
aplicado.
sistemáticos ou divisões de materiais
2. o usuário deve conhecer as normas
ou produtos em grupos baseados em
técnicas e legais e determinar como
características similares.
elas devem ser usadas para se obter
o desempenho projetado do produto.
4.5. Abrangência das Normas
3. o usuário e o fornecedor devem
A norma pode ter quatro níveis em concordar no documento de compra
função do grau de consenso necessário em que partes da especificação
para seu desenvolvimento e uso. aplicam-se os limites concordados,
1. norma de companhia, é o nível mais que meios serão empregados prelo
baixo, usado internamente para fabricante para se garantir que o
projeto, produção, compra ou produtor está dentro destes limites e
controle de qualidade. O consenso é que meios o usuário deve empregar
entre os empregados da companhia. para verificar se o produto entregue,
2. norma da indústria desenvolvida de fato, satisfaz as especificações e
tipicamente por uma sociedade ou as normas envolvidas.
associação profissional. O consenso O uso inteligente de normas e
para estas normas é entre os especificações garante produtos melhores
membros da organização. e medidores mais exatos e confiáveis nas
3. norma governamental reflete muitos aplicações do usuário.
graus de consensos. Às vezes, o
governo adota normas preparadas
pela iniciativa privada mas outras
vezes elas podem ser escritas por
um pequeno grupo.
4. norma de consenso total é o tipo de
norma desenvolvido por todos os
setores representativos, incluindo
fabricantes, usuários, universidades,
governo e consumidores.

4.6. Relação Comprador-Vendedor

5.22
171
Confirmação Metrológica

4.7. Organizações de Normas Brasileira de Calibração, credenciando


laboratórios para emitir certificados de
Qualquer medição é feita com relação a
calibração de grandezas físicas
outra medição. Quando se fala de
especificas. Nesta rede, o INMETRO tem o
exatidão, implica em uma medição
nível mais alto com os padrões nacionais.
comparada com algum padrão aceitável
para esta medição. Os padrões nacionais 
para todas as medições no Brasil estão
guardados no INMETRO.

Tab. 4. Laboratórios Nacionais de


Metrologia

País Laboratório
Brasil INMETRO - Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial
EUA NIST - National Institute of
Standards and Technology (ex-
NBS, National Bureau of
Standards)
França Bureau International de Poids et
Mesures
UK National Physical Laboratory
Alemanha Physikalisch-Technische
Bundesanstalt (PTB)
Itália Instituto de Metrologia Gustavo
Colonnetti


4.8. INMETRO
O Sistema Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial
(SINMETRO) foi criado pela lei 5966 de 11
DEZ 73, com a finalidade de formular e
executar a política de Metrologia,
Normalização e Certificação de Qualidade
dos produtos brasileiros. O SINMETRO
estabelece o Sistema Nacional de Medição
(SNM) e é composto de:
1. INMETRO - Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial,
2. CONMETRO - Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial.
O INMETRO estabelece a base técnica,
legal e ética para todas as medições. O
processo de medição envolve amostras,
padrões físicos, materiais de referência
certificada, garantia da qualidade
metrológica, normas e procedimentos. O
INMETRO é também o depositário destes
parâmetros. Para realizar esta tarefa
extensa, o INMETRO criou a Rede Apostilas\Metrologia 5Calibração.DOC 24 SET 98 (Substitui 02 ABR 98)

5.23
172
Confirmação Metrológica

B.I.P.M

IMGC NRLM INMETRO NIST PTB


Itália Japão Brasil EUA Alemanha

Rede Brasileira de Calibração

Laboratório Observatório
Laboratório Laboratório Laboratório
CST Nacional
do IPT de Furnas USP

Temperatura
Padrão
Eletricidade Referência

Pressão
Padrão
Transferênci
Massa

Vazão Padrão
Trabalho
Outros

Instrumento do
Usuário

Fig. 5.9. Cadeia ou pirâmide da rastreabilidade de padrões

5.24
173
A
Vocabulário de Metrologia

As definições dos termos metrológicos gerais relevantes para


este trabalho são dadas a partir do International vocabulary of basic
and general terms in metrology (abreviado VIM), 2a ed. , publicado
pela ISO, elaborado por especialistas e em nome das sete
organizações que suportam seu desenvolvimento:
1. Bureau Internacional de Poids et Mesures (BIPM),
2. International Electrotechnical Comission (IEC),
3. International Federation of Clinical Chemistry (IFCC),
4. Organization International of Standardization (ISO),
5. International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC),
6. International Union of Pure and Appplied Physics (IUPAP) e
7. International Organization of Legal Metrology (OIML).
O VIM deve ser a primeira fonte consultada para as definições
dos termos não incluídos aqui. Nas definições seguintes, o uso de
parênteses em torno de certas palavras de alguns termos significa
que as palavras podem ser omitidas se isto não causar confusão.
Os termos em negrito em alguns notas são termos metrológicos
adicionais definidos nestas notas, explicita ou implicitamente.
Os termos estão também consistentes com a Portaria 29, de 10
de março de 1995, do Instituo Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial INMETRO.

A.1
174
Vocabulário de Metrologia

componente de incerteza que pode ou não


1. Grandezas e pode ser significativa com relação à
Unidades exatidão requerida da medição.
A definição de um mensurando
especifica certas condições físicas.
Exemplo - A velocidade do som no ar seco
1.1. Grandeza (mensurável) de composição (fração molar):
N2 = 0,7808
Grandeza ou grandeza é o atributo de O2 = 0,1095
um fenômeno, corpo ou substância que Ar = 0,009 35
pode ser distinguido qualitativamente e CO2 = 0,000 35
determinado quantitativamente. O termo à temperatura T = 273,15 K e
grandeza pode se referir a uma grandeza pressão p = 101 325 Pa.
no sentido geral (ver exemplo 1) ou a uma
grandeza particular [ver exemplo 2). 1.3. Grandeza de base
Exemplos:
1. grandeza no sentido geral: No Sistema Internacional de Unidades
comprimento, tempo, massa, (SI), é a grandeza aceita como
temperatura, resistência elétrica, independente de uma outra grandeza, por
concentração e grandeza de convenção e função.
substância; Atualmente, há sete grandezas de base:
2. grandezas particulares: 1. comprimento
comprimento de uma dada barra, 2. massa
resistência elétrica de um dado fio 3. tempo
de cobre 4. temperatura
concentração de etanol em uma dada 5. corrente elétrica
amostra de vinho. 6. quantidade de substância
As grandezas que podem ser colocadas 7. intensidade luminosa
em ordem de valor relativo a uma outra
são chamadas de grandezas de mesma 1.4. Grandeza suplementar
espécie. Grandezas da mesma espécie No SI, é a grandeza aceita como
podem ser agrupadas juntas em independente de uma outra grandeza, por
categorias de grandezas. Por exemplo: convenção e função. Por questão histórica,
1. trabalho, calor, energia é chamada de suplementar, quando pode
2. espessura, circunferência, raio de ser considerada também de base.
círculo e comprimento de onda. As duas grandezas suplementares são:
Grandezas de mesma espécie são expressas com a 1. ângulo plano
mesma unidade SI. Os nomes e símbolos para as 2. ângulo sólido
grandezas são dados pelo SI (Sistema Internacional
de Unidades) 1.5. Grandeza derivada
Grandeza definida, em um sistema de
1.2. Grandeza medida (Mensurando) grandezas, como função de grandezas de
O primeiro passo na medição é base deste sistema. A grandeza derivada é
especificar a grandeza a ser medida ou o geralmente obtida pela multiplicação e
mensurando. O mensurando não pode ser divisão de grandezas de base e outras
especificado por um valor mas somente derivadas.
por uma descrição de uma grandeza. Exemplos de grandezas derivadas:
Porém, em princípio, um mensurando não 1. área é uma grandeza derivada do
pode ser completamente descrito sem uma quadrado do comprimento.
grandeza infinita de informação. Assim, 2. volume é uma grandeza derivada
para a extensão que lhe deixa espaço para do cubo do comprimento
interpretação, a definição incompleta do 3. velocidade é uma grandeza
mensurando introduz na incerteza do derivada do comprimento dividido
resultado de uma medição uma por tempo

A.2
175
Vocabulário de Metrologia

4. aceleração é uma grandeza Unidades de medição tem nomes e


derivada da velocidade dividida por símbolos aceitos por convenção. Por
tempo ou do comprimento dividido exemplo, a unidade de massa é o
pelo tempo ao quadrado kilograma, símbolo kg. Outro exemplo: a
5. força é uma grandeza derivada da unidade de comprimento é o metro,
massa multiplicada pelo símbolo m.
comprimento e dividida pelo Unidades de grandezas de mesma
quadrado do tempo. dimensão podem ter os mesmos nomes e
Há uma infinidade de grandezas símbolos, mesmo quando as grandezas
derivadas; algumas com nomes e não são de mesma natureza. Por exemplo,
unidades próprias. energia (elétrica, química, termodinâmica
ou mecânica) tem unidade de joule,
1.6. Grandeza, dimensão de uma simbolizada por J.
Expressão que representa uma
1.8. Unidade, símbolo de
grandeza de um sistema de grandezas,
como produto das potências (positivas ou Símbolo de uma unidade é um sinal
negativas) dos fatores que representam as convencional que a designa. Símbolo não
grandezas de base deste sistema. é abreviatura. Símbolo de metro é m,
Exemplos: símbolo de kilograma é kg; símbolo de
2 corrente elétrica é A.
1. Dimensão de área: L
3
2. Dimensão de volume: L
-1 1.9. Unidade, sistema de
3. Dimensão de velocidade: LT
-2
4. Dimensão de aceleração: LT Sistema de unidades de medição é um
-2
5. Dimensão de força: MLT conjunto das unidades de base,
Os fatores que representam as grandezas de base suplementares e derivadas, definido de
são chamados de dimensões dessas grandezas. A acordo com regras específicas, para um
área possui dimensão de comprimento ao quadrado. dado sistema de grandezas. Já existiram
vários sistemas de unidades: CGS, MKSA,
Grandeza adimensional é aquela onde inglês e chinês. Hoje, o sistema de
todos os expoentes das dimensões das unidades a ser usado por todo técnico é o
grandezas de base são zero. Na prática, SI, (símbolo de Sistema Internacional de
grandeza adimensional não tem dimensão. Unidades).
Exemplos: O SI é um sistema de unidades
1. densidade relativa (densidade de coerente, completo, decimal, universal.
fluido dividida pela densidade da
água ou do ar) 1.10. Valor (de uma grandeza)
2. coeficiente de atrito
3. número de Mach O valor é a magnitude ou a expressão
4. número de Reynolds quantitativa de uma grandeza particular
geralmente expresso como uma unidade
1.7. Unidade (de medição) de medição multiplicada por um número.
Exemplos
Grandeza específica definida e adotada ¾comprimento de uma barra: 5,34 m
por convenção, com a qual outras ou 534 cm;
grandezas de mesma natureza são ¾massa de um corpo: 0,152 kg ou
comparadas para expressar suas 152 g;
magnitudes em relação àquela grandeza. ¾grandeza de substância de uma
Cada grandeza deve ter uma única amostra de água (H2O): 0,012 mol
unidade de medição. Quando os números ou 12 mmol.
associados do valor da grande forem muito Notas:
grandes, deve-se usar múltiplos decimais 1. O valor de uma grandeza pode
ou quando forem muito pequenos, usam- ser positivo, negativo ou zero.
se submúltiplos. Por exemplo, kilômetro é
um múltiplo de metro e milímetro é um
submúltiplo de metro.

A.3
176
Vocabulário de Metrologia

2. O valor de uma grandeza pode grandeza é usado para estabelecer


ser expresso em mais de um um valor verdadeiro convencional.
modo.
3. Os valores das grandezas de 1.13. Valor verdadeiro, erro e incerteza
dimensão 1 são expressos como
O termo valor verdadeiro tem
números isolados.
tradicionalmente sido usado em
4. Uma grandeza que não pode ser
publicações sobre incerteza mas não neste
expressa como uma unidade de
trabalho pelas seguintes razões.
medição multiplicada por um
O resultado de uma medição da
número pode ser expressa por
grandeza realizada é corrigido para a
referência a uma escala padrão
diferença entre esta grandeza e o
convencional ou por um
mensurando de modo a prever o que o
procedimento de medição ou por
resultado da medição teria sido se a
ambos.
grandeza realizada, de fato, satisfizesse
totalmente a definição do mensurando. O
1.11. Valor verdadeiro (de uma
resultado da medição da grandeza
grandeza)
realizada é também corrigido para todos os
O valor verdadeiro é aquele consistente outros efeitos sistemáticos significativos
com a definição de uma dada grandeza reconhecidos. Embora o resultado final
particular. corrigido final seja geralmente visto como a
1. Este é um valor que seria obtida por melhor estimativa do valor verdadeiro do
uma medição perfeita mensurando, na realidade o resultado é
2. Valores verdadeiros são, por simplesmente a melhor estimativa do valor
natureza, indeterminados da grandeza que se quer medir.
3. O artigo indefinido um, em vez do Como exemplo, suponha que o
artigo definido o, é usado em mensurando é a espessura de uma dada
conjunto com valor verdadeiro, folha de material em uma especificada
porque pode haver vários valores temperatura. A peça é trazida para a
verdadeiros. temperatura próxima da temperatura
especificada e sua espessura, em um
1.12. Valor verdadeiro convencional (de determinado local, é medida com um
uma grandeza) micrômetro. A espessura do material neste
local e temperatura, sob a pressão
O valor verdadeiro convencional é
aplicada pelo micrômetro, é a grandeza
aquele atribuído a uma grandeza particular
realizada.
e aceito, algumas vezes por convenção,
A temperatura do material na hora da
como tendo uma incerteza apropriada para
medição e a pressão aplicada são
um dado objetivo.
determinadas. O resultado não corrigido da
Exemplos
medição da grandeza realizada é então
a) em um dado local, o valor atribuído à
corrigido levando em conta a curva de
grandeza realizada por um padrão
calibração do micrômetro, o afastamento
de referência pode ser tomada como
da temperatura do equipamento da
um valor verdadeiro convencional;
temperatura especificada e a leve
b) o valor recomendado pelo CODATA
compressão da peça sob a pressão
(1986) para a constante de
aplicada.
Avogrado:
23 -1 O resultado corrigido pode ser chamado
6,022 136 7 x 10 mol .
a melhor estimativa do valor verdadeiro,
1. O valor verdadeiro convencional é
verdadeiro no sentido que é o valor da
geralmente chamado de valor
grandeza que se acredita satisfazer
atribuído, melhor estimativa do valor,
totalmente a definição do mensurando mas
valor convencional ou valor de
tem o micrômetro sido aplicada a diferença
referência.
parte da folha de material, a grandeza
2. Freqüentemente, um número de
realizada teria sido diferente com um
resultados de medições de uma
diferente valor verdadeiro. Porém, este

A.4
177
Vocabulário de Metrologia

valor verdadeiro seria consistente com a discrepâncias dos resultados das


definição do mensurando porque o último medições da ostensivamente
não especificou que a espessura era para mesma grandeza feitas em
ser determinada neste determinado ponto diferentes laboratórios.
da folha. Assim, neste caso, por causa de O termo valor verdadeiro de um
uma definição incompleta do mensurando, mensurando ou de uma grandeza (muitas
o valor verdadeiro tem uma incerteza que vezes truncado para valor verdadeiro) é
pode ser avaliada das medidas feitas em evitado neste trabalho porque a palavra
diferentes pontos da folha. Em algum nível, verdadeiro é vista como redundante.
cada mensurando tem uma incerteza Mensurando significa grandeza particular
intrínseca que pode, em princípio, ser sujeita à medição, assim valor de um
estimada de algum modo. Esta é a mínima mensurando significa valor de uma
incerteza com que um mensurando pode grandeza particular sujeita à medição.
ser determinado e cada medição tem tiver Desde que grandeza particular é
esta incerteza pode ser vista como a geralmente entendida para significar uma
melhor medição possível do mensurando. grandeza definida ou especificada, o
Para obter um valor da grandeza em adjetivo verdadeiro em valor verdadeiro de
questão tendo uma menor incerteza requer um mensurando (ou em valor verdadeiro
que o mensurando seja definido com mais de uma grandeza) é desnecessário - o
detalhes. valor verdadeiro do mensurando (ou
1. No exemplo, a especificação do grandeza) é simplesmente o valor do
mensurando deixa muitos outras mensurando (ou grandeza). Além disso,
informações em dúvida que como indicado na discussão acima, um
poderiam afetar a espessura: único valor verdadeiro é apenas um
pressão barométrica, umidade, conceito idealizado.
atitude da folha no campo
gravitacional, o modo como ela é 1.14. Valor numérico (de uma grandeza)
suportada.
O valor numérico é o número que
2. Embora um mensurando seja
multiplica a unidade na expressão do valor
definido em detalhe suficiente, de
de uma grandeza. Exemplo,
modo que qualquer incerteza
• No valor do comprimento de uma
resultante de sua definição
barra: 5,34 m; 5,34 é o valor
incompleta seja desprezível em
numérico.
comparação com a exatidão
• No valor da massa de um corpo:
requerida da medição, deve ser
0,152 kg; 0,152 é o valor numérico.
reconhecido que isto pode nem
sempre ser praticável. A definição
pode, por exemplo, ser incompleta
porque ela não especifica
parâmetros que deveriam ser
assumidos, injustificavelmente,
tendo efeito desprezível; ou ela pode
implicar condições que nunca são
totalmente satisfeitas e cuja
realização imperfeita é difícil de
considerar. Por exemplo, a
velocidade do som implica ondas
planas infinitas com pequena
amplitude. Para o objetivo que a
medição não satisfaz estas
condições, a difração e os efeitos
não lineares devem ser
considerados.
3. Especificação inadequada do
mensurando pode levar a

A.5
178
Vocabulário de Metrologia

de medição (ou um método de medição) e


2. Medição é usualmente em detalhe suficiente para
possibilitar um operador fazer uma
medição sem informação adicional.
2.1. Metrologia 2.6. Mensurando (mensurand)
Metrologia é a ciência que trata das Mensurando é o objeto da medição ou a
medição, tratando de seus aspectos grandeza particular sujeita à medição. Por
teóricos e práticos, incluindo a incerteza, exemplo - pressão de vapor de uma dada
em todos os campos da ciência ou da amostra de água a 20 C.
o
tecnologia.
A especificação de um mensurando pode requerer
declaração acerca de grandezas como tempo,
2.2. Medição
temperatura e pressão.
Medição é um conjunto de operações
com o objetivo de determinar um valor de
2.7. Grandeza de influência
uma grandeza.
As operações podem ser feitas É a grandeza que não é o mensurando
manualmente ou automaticamente. mas que afeta o resultado da medição.
Exemplos
2.3. Princípio de medição 1. temperatura de um micrômetro
usado para medir comprimento
Princípio é a base científica de uma
2. freqüência na medição da
medição.
amplitude de uma diferença de
Exemplos
potencial elétrica alternada.
1. efeito termelétrico aplicado à
3. concentração de bilirubin na
medição de temperatura;
medição de concentração de
2. efeito Josephson aplicado à
hemoglobina em uma amostra de
medição de diferença de
plasma sangüíneo do homem.
potencial elétrico;
4. A grandeza de influência inclui
3. efeito Doppler aplicado à
valores associados com padrões de
medição de velocidade ou de
medição, materiais de referência e
vazão;
dados de referência dos quais o
4. efeito Raman aplicado à
resultado de uma medição pode
medição do número de onda de
depender, bem como os fenômenos
vibrações moleculares.
tais como flutuações rápidas do
instrumento de medição e
2.4. Método de medição
grandezas tais como temperatura
Método é a seqüência lógica de ambiente, pressão barométrica e
operações, descrita genericamente, usada umidade.
para fazer medições
Métodos de medição podem ser 2.8. Grandeza de modificação
qualificados em vários modos, tais como:
É a grandeza que não é o mensurando
1. direto
mas que afeta o resultado da medição,
2. substituição
alterando o seu valor justo na medição,
3. comparação ou balanço de nulo
diretamente no elemento sensor.
Exemplos
2.5. Procedimento de medição
1. temperatura e pressão na medição
Procedimento é um conjunto de da vazão volumétrica de gás. Como
operações, descrito especificamente e o volume depende da pressão e da
usado para fazer medições particulares de temperatura do gás, estas variáveis
acordo com um dado método modificam o valor medido da vazão
Um procedimento de medição é volumétrica do gás.
usualmente registrado no documento que 2. densidade na medição de nível de
é geralmente chamado de procedimento líquido através da pressão

A.6
179
Vocabulário de Metrologia

diferencial. Como a pressão 2. blindagem e aterramento quando


diferencial exercida pela coluna ruído for de natureza elétrica
líquida depende da densidade do
líquido, aceleração da gravidade e 3. Resultado da Medição
da altura do líquido, o nível é
modificado pela densidade.
A modificação pode ser eliminada ou 3.1. Resultado de uma medição
diminuída através da compensação da É o valor atribuído a um mensurando,
medição, quando se fazem as medições obtido por medição.
que afetam a variável medida e o cálculo 1. Quando um resultado é dado, deve
matemático para eliminar a modificação. ficar claro se ele se refere a
Por exemplo, na medição de nível de - uma indicação
líquido com densidade variável através da - um resultado não corrigido
pressão diferencial, medem-se a pressão - um resultado corrigido
diferencial e a densidade do líquido e - média de vários valores
aplicam-se os dois sinais a um divisor de 2. Uma apresentação completa do
sinais. A saída do divisor é proporcional resultado de uma medição inclui
apenas ao nível. informação acerca da incerteza da
medição.
2.9. Sinal de medição (measurement
signal) 3.2. Resultado não corrigido
Sinal é a grandeza que representa a Resultado de uma medição antes da
quantidade medida ao qual está correção devida aos erro sistemáticos.
funcionalmente relacionada. O sinal
contem a informação. Exemplos de sinais: 3.3. Resultado corrigido
1. deslocamento na saída de um
sensor mecânico de pressão Resultado de uma medição depois da
2. sinal padrão de 4 a 20 mA na saída correção devida aos erros sistemáticos.
de um transmissor eletrônico de
temperatura 3.4. Erro (da medição)
3. sinal padrão de 20 a 100 kPa na Erro é o resultado de uma medição
saída de um transmissor menos um valor verdadeiro do
pneumático de nível. mensurando.
4. tensão ou força eletromotriz de um 1. Desde que um valor verdadeiro não
termopar usado para medir a pode ser determinado, na prática é
temperatura de um processo. usado um valor verdadeiro
O sinal de entrada de um dispositivo convencional.
pode ser considerado estímulo; o sinal de 2. Quando for necessário distinguir
saída pode ser considerado resposta. erro de erro relativo, o erro é
O sinal pode sofrer várias modificações geralmente chamado de erro
ao longo do sistema de medição, porém absoluto da medição, que não deve
deve preservar inalterada a informação da ser confundido com o valor absoluto
medição. Por exemplo, ele pode ser do erro, que é o módulo do erro.
filtrado, amplificado, convertido em outra 3. Se o resultado de uma medição
forma de energia, compensado, blindado. depende dos valores de outras grandezas
diferentes do mensurando, os erros dos
2.10. Ruído (noise) valores medidos destas grandezas
Grandeza da mesma natureza que o contribuem para o erro do resultado da
sinal que afeta a medição, provocando erro medição.
de influência. O ruído pode ser eliminado
ou diminuído através de várias técnicas, 3.5. Erro relativo
como Erro relativo é erro da medição dividido
1. posição relativa entre instrumento por um valor verdadeiro do mensurando
de medição e fonte de ruído

A.7
180
Vocabulário de Metrologia

Nota - Desde que um valor verdadeiro 3.9. Fator de correção


não pode ser determinado, na prática,
Fator numérico pelo qual o resultado
é usado um erro verdadeiro
não corrigido de uma medição é
convencional.
multiplicado para compensar o erro
sistemático
3.6. Erro aleatório
Erro aleatório um resultado de uma 3.10. Incerteza
medição menos a média que resultaria de
A palavra incerteza significa dúvida e
um número infinito de medições do mesmo
assim em seu sentido mais amplo
mensurando feitas sob as condições de
incerteza da medição significa dúvida
repetitividade.
acerca da validade do resultado de uma
1. Erro aleatório é igual ao erro menos
medição.
o erro sistemático.
2. Como pode ser feito somente um
3.11. Incerteza (da medição)
número finito de medições, é
possível determinar somente uma A incerteza da medição é um parâmetro
estimativa do erro aleatório. associado com o resultado de uma
medição que caracteriza a dispersão dos
3.7. Erro sistemático valores que podem razoavelmente ser
atribuídos ao mensurando.
Erro sistemático é média que resultaria
1. O parâmetro pode ser, por exemplo,
de um número infinito de medições do
um desvio padrão (ou um dado
mesmo mensurando feitas sob as
múltiplo dele) ou a meia largura de
condições de repetitividade menos um
um intervalo com determinado nível
valor verdadeiro do mensurando.
de confiança.
1. Erro sistemático é igual ao erro
2. A incerteza de uma medição
menos o erro aleatório.
compreende, em geral, muitos
2. Como o valor verdadeiro, o erro
componentes. Alguns destes
sistemático e suas causas não
componentes podem ser avaliados
podem ser completamente
da distribuição estatística dos
conhecidos.
resultados de séries de medições e
3. Para um instrumento de medição, o
podem ser caracterizados por
erro sistemático é chamado de
desvios padrão experimentais. Os
polarização (bias)
outros componentes, que também
4. O erro do resultado de uma medição
podem ser caracterizados por
pode geralmente ser considerado como
desvios padrão, são avaliados de
resultante de um número de efeitos
distribuições de probabilidade
aleatórios e sistemáticos que contribuem
assumidas baseadas na experiência
com componentes individuais para o erro
ou em outras informações.
do resultado.
3. O resultado da medição é a melhor
estimativa do valor do mensurando e
3.8. Correção (do erro)
todos os componentes da incerteza,
Correção do erro é o valor somado incluindo os que aparecem de
algebricamente ao resultado não corrigido efeitos sistemáticos, tais como os
de uma medição para compensar o erro componentes associados com
sistemático correções e padrões de referência,
1. A correção é igual ao negativo do contribuem para a dispersão.
erro sistemático estimado. A definição anterior de incerteza de
2. Como o erro sistemático não pode medição é um operacional que focaliza o
ser perfeitamente conhecido, a resultado da medição e sua incerteza
compensação não pode ser avaliada. Outros conceitos de incerteza da
completa. medição podem ser:
1. uma medida do erro possível no
valor estimado do mensurando

A.8
181
Vocabulário de Metrologia

como o fornecido pelo resultado de o conhecimento incompleto das grandezas


uma medição; de influência e seus efeitos podem
2. uma estimativa caracterizando a geralmente contribuir significativamente
faixa de valores dentro da qual cai o para a incerteza do resultado de uma
valor verdadeiro de um mensurando. medição.
Embora estes dois conceitos
tradicionais sejam válidos como ideais, 3.12. Incerteza padrão
eles envolvem grandezas desconhecidas
Incerteza do resultado de uma medição
como o erro do resultado de uma medição
expressa como um desvio padrão.
e o valor verdadeiro do mensurando (em
contraste com o seu valor estimado), 3.13. Incerteza padrão combinada
respectivamente.
Uma vez que os valores exatos das Incerteza padrão do resultado de uma
contribuições para o erro de um resultado medição quando este resultado é obtido
de uma medição são desconhecidos e dos valores de várias outras grandezas,
desconhecíveis, as incertezas associadas iguais à raiz quadrada positiva de uma
com os efeitos aleatórios e sistemáticos soma de termos, os termos sendo as
que provocam o erro podem ser avaliados. variâncias ou covariâncias destas outras
Mas mesmo se as incertezas avaliadas grandezas com pesos de acordo com o
são pequenas, ainda não há garantia que modo que o resultado da medição varia
o erro no resultado da medição é pequeno; com alterações destas grandezas.
para a determinação de uma correção ou
na avaliação do conhecimento incompleto, 3.14. Incerteza expandida
um efeito sistemático pode sido omitido por Grandeza que define um intervalo
que ele não é reconhecido. Assim, a dentro do qual o resultado de uma
incerteza de um resultado de uma medição medição que é esperado incluir uma
não é necessariamente uma indicação da grande fração da distribuição de valores
probabilidade que o resultado da medição que podem razoavelmente ser atribuídos
está próximo do valor do mensurando; ele ao mensurando.
é simplesmente uma estimativa da 1. A fração pode ser vista como a
probabilidade de proximidade ao melhor probabilidade de cobertura ou nível
valor que é consistente com o de confiança do intervalo.
conhecimento atualmente disponível. 2. Associar um nível específico de
A incerteza da medição é assim uma confiança com o intervalo definido
expressão do fato que, para um dado pela incerteza expandida requer
mensurando e um dado resultado da hipóteses explícita ou implícita com
medição dele, não há um valor mas um relação a distribuição de
número infinito de valores dispersos em probabilidade caracterizada pelo
torno do resultado que são consistente resultado da medição e sua
com todas as observações e dados e seu incerteza padrão combinada. O nível
conhecimento do mundo físico e que, com de confiança que pode ser atribuído
graus variáveis de credibilidade, podem ser a este intervalo pode ser conhecido
atribuídos ao mensurando. somente na extensão em que tais
Felizmente, em muitas medições hipóteses possam ser justificadas.
práticas, muito da discussão deste Anexo 3. A incerteza expandida é também
não se aplica. Exemplos são quando o chamada de incerteza total.
mensurando é adequadamente bem
definido, quando padrões ou instrumentos 3.15. Avaliação Tipo A (de incerteza)
são calibrados usando padrões de
referência bem conhecidos que são Método de avaliação da incerteza por
rastreáveis a padrões nacionais; e quando análise estatística de séries de
as incertezas das correções da calibração observações, geralmente aplicado às
aparecem de efeitos aleatórios nas incertezas aleatórias, cuja distribuição é
indicações de instrumentos ou de um normal ou gaussiana.
número limitado de observações. Todavia,

A.9
182
Vocabulário de Metrologia

3.16. Avaliação Tipo B (de incerteza) 1. sensor


2. condicionador
Método de avaliação da incerteza por
3. display
meios diferentes de análise estatística de
séries de observações, geralmente
4.1. Instrumento de medição (measuring
aplicado às incertezas sistemáticas, cuja
instrument)
distribuição não é normal e geralmente é
retangular. Dispositivo utilizado para realizar uma
medição, isolado ou em conjunto com
3.17. Fator de cobertura outros dispositivos complementares.
Um número que, quando multiplicado
4.2. Medida materializada (material
pela incerteza padrão combinada, produz
measure)
um intervalo (incerteza expandida) em
torno do resultado da medição que pode Dispositivo destinado a reproduzir ou
ser esperado englobar uma grande fração fornecer, de maneira constante durante
especificada (e.g., 95%) da distribuição seu uso, um ou mais valores conhecidos e
dos valores que podem razoavelmente ser confiáveis de uma dada grandeza. É
atribuídos à grandeza medida. também chamado material de referência
Fator numérico usado como um certificado. Exemplos:
multiplicador da incerteza padrão 1. Massa padrão
combinada de modo a obter uma incerteza 2. Bloco padrão de comprimento
expandida. Um fator de cobertura, k, é 3. Medida de volume (de um ou vários
tipicamente na faixa de 2 a 3. valores, com ou sem escala
graduada)
4. Resistor elétrico padrão
4. Instrumento de 5. Gerador de sinal padrão
Medição 6. Solução padrão de pH

4.3. Transdutor de Medição (measuring


Há muitos termos empregados para transducer)
descrever os artefatos utilizados nas Genericamente, transdutor é qualquer
medições. Eles não são mutuamente dispositivo que modifica a forma de
excludentes. Alguns são precisos outros energia, da entrada para a saída. As
são ambiguos, alguns são genéricos formas de energia na entrada e saída são
outros são específicos, alguns são usados diferentes, porém há uma relação
por técnicos, outros por leigos. Os matemática definida entre ambas.
principais nomes são: Exemplos:
1. elemento 1. termopar
2. componente 2. transformador de corrente
3. parte 3. célula extensiométrica para medir
4. transdutor de medição pressão eletricamente
5. dispositivo de medição 4. eletrodo de pH
6. medidor
7. instrumento de medição 4.4. Transmissor (transmitter)
8. aparelho
9. equipamento Instrumento que sente uma variável de
10. malha de medição processa e gera na saída um sinal padrão
11. instalação de medição proporcional ao valor da variável medida.
12. sistema de medição Pode ser de natureza eletrônica (sinal de 4
Em Instrumentação, uma malha de a 20 mA cc) ou pneumática (sinal de 20 a
medição é constituída dos seguintes 100 kPa).
componentes, que podem estar É utilizado para
fisicamente separados ou alojados em um 1. usar o sinal remotamente
único invólucro: 2. isolar processo do display
3. padronizar sinais

A.10
183
Vocabulário de Metrologia

4.5. Cadeia de medição (measuring 4.8. Registrador (recorder)


chain)
Instrumento de medição que sente uma
Seqüência de elementos de um variável e imprime o resultado historico ou
instrumentos ou sistema de medição de tendência em um gráfico através de
formando o trajeto do sinal de medição, penas com tinta.
desde o estimulo (entrada) até a resposta Exemplos:
(saída). O instrumentista diz: malha de 1. registrador de temperatura
medição (measuring loop). 2. registrador de vazão, pressão e
Uma cadeia de medição de temperatura temperatura
pode ser formada por: termopar, fios de O registro pode ser contínuo, com uma
extensão, junta de referência e indicador a quatro penas independentes ou pode ser
de temperatura. discreto, quando cada ponto de registro é
feito um de cada vez, em uma seqüência
4.6. Sistema de medição (measuring fixa definida (registrador multiponto).
system) Um registrador pode apresentar os
valores de várias grandezas
Conjunto completo de instrumentos de
independentes, de modo simultâneo ou um
medição e outros equipamentos
valor de cada vez, de modo selecionável
associados para executar uma
manual ou automaticamente.
determinada medição. Em certos casos,
O registrador pode também estar
eqüivale à cadeia ou malha de medição.
associado às funções de
Um sistema de medição pode incluir
1. indicação
medidas materializadas e reagentes
2. controle
químicos.
Sistema de medição instalado de modo 4.9. Totalizador (totalizer)
permanente é chamado de instalação de
medição. Instrumento de medição que determina
o valor de uma grandeza por meio do
4.7. Indicador (indicator) acúmulo dos valores parciais, durante
determinado intervalo de tempo. É também
Instrumento de medição que sente uma
chamado de integrador. Geralmente a
variável e apresenta o resultado
integração é feita em relação ao tempo. O
instantâneo em uma escala com ponteiro
totalizador multiplica a variável totalizada
ou através de dígitos.
por um intervalo de tempo, de modo que a
Exemplos:
integração da velocidade é distância, da
1. voltímetro
potência é energia, da vazão volumétrica é
2. frequencímetro
volume.
3. termômetro
4. manômetro Exemplos:
A indicação pode ser analógica, 1. totalizador de potência elétrica, que
(contínua ou discreta), através de escala e apresenta o valor totalizado no
ponteiro ou digital, através de dígitos. tempo em energia.
Um indicador pode apresentar os 2. totalizador de vazão, que apresenta
valores de várias grandezas o valor totalizado no tempo em
independentes, de modo simultâneo ou um volume ou massa.
valor de cada vez, de modo selecionável 3. totalizador de velocidade, que
manual ou automaticamente. apresenta o valor totalizado no
O indicador pode também estar tempo em distância.
associado às funções de O totalizador pode receber em sua
1. transmissão entrada sinal analógico ou digital. Sua
2. registro saída é sempre um contador. Quando um
3. controle totalizador pára de totalizar, a sua saída
O leigo também chama o indicador de fica congelada no último valor acumulado.
relógio, mostrador ou medidor, que são
nomes ambíguos e devem ser evitados.

A.11
184
Vocabulário de Metrologia

O display do contador é geralmente 4.13. Escala (scale)


digital, porém é possível ter display
Régua graduada do indicador, em
analógico.
ordem crescente ou decrescente, contínua
ou discreta, sobre a qual um ponteiro se
4.10. Instrumento analógico (analog
posiciona para fornecer o valor indicado da
instrument) e digital (digital instrument)
medição. No conjunto escala e ponteiro,
O fato de um instrumento ser analógico um dos dois é fixo e o outro, móvel.
ou digital depende de quatro parâmetros, Geralmente, a escala é fixa e o ponteiro é
cada um podendo analógico ou digital: móvel.
1. sinal A graduação da escala pode ser
2. função uniforme ou linear ou pode ser não linear
3. tecnologia específica.
4. display Quanto maior a escala e o número de
Na prática, quando se fala de um marcas (divisões), maior é a precisão e
instrumento analógico ou digital, está-se resolução da indicação e maior é a
referindo implicitamente ao display e não quantidade de algarismos significativos no
necessariamente aos outros três resultado da indicação.
parâmetros. Assim, instrumento analógico Escala de valor de referência ou escala
é aquele que apresenta a indicação de referência convencional é usada para
através do conjunto escala e ponteiro e comparar grandezas específicas, como a
instrumento digital é aquele que apresenta escala de dureza Mohs, escala de pH,
a indicação através de dígitos. escala de índice de octanas para gasolina.

4.11. Mostrador (display, dial) 4.14. Escala com zero suprimido


(supressed zero scale)
Mostrador é a parte do indicador que
apresenta a indicação. Quando analógico, Escala cuja faixa de indicação não inclui
é o conjunto escala e ponteiro e quando o valor zero. Por exemplo, escala do
o
digital, o conjunto de dígitos. termômetro clinico, que vai de 35 a 42 C.

4.15. Escala com zero elevado (elevated


O MOSTRADOR PODE TER
zero scale)
DIFERENTES
1. formatos: circular, reto horizontal, Escala cuja faixa de indicação onde o
reto vertical, valor 0% é negativo e por isso o zero está
2. tamanhos elevado em relação ao 0%. Por exemplo,
3. cores escala de termômetro que vai de -20 a 50
o o
4. princípios de operação ou C. O valor 0 C está elevado em relação
o
acionamento: eletrônico, ao 0% (-20 C).
pneumático ou mecânico
4.16. Escala expandida (expanded scale)
4.12. Índice (index) Escala na qual parte da faixa de indicação ocupa
Parte fixa ou móvel de um dispositivo mostrador, um comprimento da escala que é
cuja posição em relação às marcas da escala define desproporcionalmente maior do que outras partes.
o valor indicado.
O índice pode ser 4.17. Sensor (sensor)
1. ponteiro Sensor é o elemento de um instrumento
2. ponto luminoso de medição ou de uma malha de medição
3. superfície de um líquido que é diretamente afetado pela quantidade
4. pena de registrador medida. O sensor detecta a variável,
5. lâmpadas ou LEDs (diodo emissor gerando um sinal proporcional a ela.
de luz) que se acendem em um Nomes alternativos de sensor: detector,
conjunto elemento primário, elemento transdutor,
captador, probe.

A.12
185
Vocabulário de Metrologia

Em função de seu sinal de saída, o 4.19. Amplitude de faixa (span of


sensor pode ser mecânico (saída é um indication)
deslocamento ou movimento) ou eletrônico
Diferença algébrica, em valor absoluto,
(saída é uma tensão ou variação de
do limite máximo (100%) e mínimo (0%) da
parâmetro eletrônico, como resistência,
faixa de indicação. Exemplos:
indutância, capacitância). o
1. Largura da faixa de 0 a 100 C é
O sensor depende umbilicalmente da o
100 C
variável medida, ou seja, o sensor é o
2. Largura da faixa de 20 a 100 C é
determinado pela variável medida. o
80 C
Exemplos: o
3. Largura da faixa de -20 a 100 C é
1. termopar, que gera uma tensão em o
120 C
função da diferença da temperatura o
4. Largura da faixa de -40 a -20 C é
medida e a de referência o
20 C
2. detector de temperatura a
resistência (RTD) que varia a
4.20. Escala linear (linear scale)
resistência elétrica em função da
temperatura medida Escala linear possui graduações ou
3. placa de orifício que gera uma marcações uniformemente separadas. O
pressão diferencial proporcional ao instrumento possui escala linear quando
quadrado da vazão volumétrica há uma relação constante entre as saídas
medida e entradas de todos os componentes da
4. bourdon C que gera um pequeno malha de medição, incluindo o sensor.
deslocamento em função da Quando aparece uma não linearidade
pressão aplicada na malha, ela pode ser corrigida
5. bóia de um sistema de medição de imediatamente por alguma operação não
nível linear inversa, através de circuito,
6. tubo magnético de vazão que gera instrumento ou programa. Quando o sinal
uma fem proporcional à vazão de medição que chega à escala é linear,
volumétrica de um líquido usa-se uma escala linear; quando for não
eletricamente condutor que passa linear, usa-se uma escala não linear
em seu interior específica. As escalas não lineares mais
Às vezes, o sensor indica apenas a utilizadas em instrumentação são a
presença ou ausência de uma grandeza, logarítmica (escala do ohmímetro
sem fornecer necessariamente o seu valor analógico) e a raiz quadrática (associada à
numérico. Por exemplo, detector de medição de vazão com placa de orifício,
vazamento de gases, papel tornasol para geralmente chamada de quadrática – o
indicar apenas se uma solução é ácida ou que é incorreto!).
básica.

4.18. Faixa de indicação (range of


indication)
Conjunto de valores compreendidos entre 0 e 100%
das indicações. O 0% é o limite inferior e o 100% é
o limite superior da indicação.
A faixa de indicação pode ser expressa
em unidade de engenharia ou em
percentagem.
Para o indicador analógico, a faixa de
indicação é igual à faixa da escala.
O início da escala (0%) e o fim da
escala (100%) podem ser iguais a zero,
negativos ou positivos.

A.13
186
Vocabulário de Metrologia

e degradação das características


5. Características do metrológicas especificadas, as quais são
Instrumento de Medição mantidas nas condições de funcionamento
em utilizações subsequentes.
Alguns dos termos utilizados para As condições limites de armazenagem,
descrever as características de um transporte e operação podem ser
instrumento de medição podem ser diferentes.
igualmente aplicáveis a sensores, As condições limites podem incluir
condicionadores de sinal ou sistema de valores limites para a quantidade medida e
medição e também a medida materializada para as grandezas de influência.
ou material de referência certificada.
5.5. Condições de Referência (reference
5.1. Faixa nominal (nominal range) conditions)

Faixa de indicação que se pode obter Condições de uso prescritas para


em uma posição específica dos controles ensaio de desempenho de um instrumento
de um instrumento de medição. de medição ou para intercomparação de
A faixa nominal coincide geralmente resultados de medições.
com a faixa de medição ou de calibração As condições de referência geralmente
do instrumento. incluem os valores de referência ou as
faixas de referência para as grandezas de
5.2. Valor nominal (nominal value) influência que afetam o instrumento de
medição.
Valor teórico, arredondando ou
aproximado de uma característica do 5.6. Constante de um instrumento
instrumento de medição que auxilia na sua (instrument constant)
utilização. Exemplos:
1. Resistor padrão de 100 Ω. Fator pelo qual a indicação direta de um
2. Recipiente volumétrico de 1 L instrumento de medição deve ser
3. Concentração da quantidade de multiplicada para se obter o valor indicado
matéria de uma solução de ácido do mensurando ou de uma grandeza
clorídrico, HCl, de 0,1 mol/L utilizada no cálculo do valor do
o
4. 24 C como temperatura de mensurando.
referência para calibração de um Instrumentos de medição com diversas
instrumento. faixas com uma única escala, têm várias
constantes que correspondem, por
5.3. Condições de Utilização (rated exemplo, a diferentes posições de um
operating conditions) mecanismo seletor.
Quando a constante é igual a 1, ela
Condições de uso para as quais as geralmente não é indicada no instrumento.
características metrológicas especificadas Quando não se diz qual é a constante,
de um instrumento de medição mantém-se entende-se que ela é igual a 1.
dentro dos limites especificados. Medidores de vazão possuem uma
As condições de utilização geralmente constante, que relaciona o seu sinal de
especificam faixas ou valores aceitáveis saída com o valor da vazão medida. Este
para a quantidade medida e para as fator K ou constante deve ser
grandezas de influência, como valor e periodicamente calibrada.
freqüência da alimentação, ruídos
externos, posição, vibração mecânica, 5.7. Característica de resposta (response
temperatura e pressão ambientes. characteristic)
5.4. Condições Limites (limiting Relação entre a saída (resposta) e a
conditions) entrada (estímulo) de um instrumento, sob
condições definidas. Exemplos: a força
Condições extremas nas quais um eletromotriz de saída do termopar como
instrumento de medição resiste sem danos função da entrada de temperatura.

A.14
187
Vocabulário de Metrologia

A relação pode ser expressa por uma características metrológicas ao longo do


equação matemática, tabela numérica ou tempo.
gráfico. A estabilidade pode ser estabelecida
Quando a saída varia em função do em relação a outra grandeza que não o
tempo, a forma característica de resposta tempo, mas isto deve ser explicitamente
é a função de transferência da resposta declarado.
dividida pela da entrada. A estabilidade pode ser quantificada de
vários modos, por exemplo:
5.8. Sensibilidade (sensitibility) 1. pelo tempo no qual a característica
metrológica varia de um valor
Variação da saída (resposta) de um
determinado ou
instrumento de medição dividida pela
2. em termos da variação de uma
correspondente variação da entrada
característica em um determinado
(estímulo). A sensibilidade nem sempre é
período de tempo.
linear e pode depender do valor da
entrada.
5.13. Discriminação (transparency)
5.9. Limiar de mobilidade (discrimination, Aptidão de um instrumento de medição
threshold) em não alterar o valor da quantidade
medida.
Maior variação da entrada (estímulo)
que não produz variação detectável na
5.14. Deriva (drift)
saída (resposta) de um instrumento de
medição, sendo a variável no sinal de Variação lenta de uma característica
entrada lenta e uniforme. metrológica de um instrumento de
O limiar de mobilidade pode depender, medição. Geralmente a deriva é devida à
por exemplo, do ruído, atrito e também do variação da temperatura ambiente ou do
valor da entrada (estímulo). tempo ou de ambos.

5.10. Resolução (resolution) 5.15. Tempo de resposta (response time)


Menor diferença entre indicações de um Intervalo de tempo entre o instante em
dispositivo mostrador que pode ser que uma entrada é submetido a uma
percebida significativamente. variação brusca e o instante em que a
Para mostrador digital, é a variação na resposta atinge e permanece dentro de
indicação quando o dígito menos limites especificados em torno do seu valor
significativo (o da extrema direita) varia de final estável.
um dígito.
5.16. Exatidão da medição
5.11. Zona morta (dead zone)
Exatidão é o grau de concordância
Intervalo máximo no qual uma entrada entre o resultado de uma medição e um
(estímulo) pode variar em ambos os valor verdadeiro do mensurando
sentidos, sem produzir variação na saída 1. Exatidão é um conceito qualitativo
(resposta) de um instrumento de medição . 2. O termo precisão não deve ser
A zona morta pode depender da taxa de usado para exatidão.
variação. 3. A exatidão está relacionada com os
A zona morta, algumas vezes, pode ser erros sistemáticos do instrumento.
deliberadamente ampliada, de modo a 4. A exatidão é obtida através da
prevenir variações na saída (resposta) calibração periódica do instrumento.
para pequenas variações na entrada
(estímulo). 5.17. Classe de exatidão (accuracy class)
Classe de instrumentos de medição que
5.12. Estabilidade (stability)
satisfazem a certas exigências
Aptidão de um instrumento de medição metrológicas destinadas a conservar os
em conservar constantes suas erros dentro de limites especificados. A

A.15
188
Vocabulário de Metrologia

classe de exatidão é geralmente indicada - padrão de referencia


por um número ou símbolo adotado por - local
convenção e denominado índice de - condições de uso
classe. - tempo
3. A reprodutibilidade pode ser
5. 18. Repetitividade (de resultados de expressa quantitativamente em
medições) termos da dispersão característica
dos resultados.
Repetitividade é o grau de concordância
4. Os resultados são aqui entendidos
entre os resultados de medições como os resultados corrigidos.
sucessivas do mesmo mensurando feitas
sob as mesmas condições de medição A 5.20. Erro
repetitividade representa o grau de
dispersão de várias medidas repetidas Um resultado correto da medição não é
feitas de um mesmo valor do mensurando. o valor do mensurando - isto é, ele está
1. Estas condições são chamadas de com erro - por causa da medição
condições de repetitividade imperfeita da grandeza realizada devido a
2. As condições de repetitividade variações aleatórias das observações
incluem (efeitos aleatórios), determinação
¾o mesmo procedimento de inadequada das correções para os efeitos
medição sistemáticos e o conhecimento incompleto
¾o mesmo observador de certos fenômenos físicos (também
¾o mesmo instrumento de efeitos sistemáticos). Nem o valor da
medição, usado sob as mesmas grandeza realizada nem o valor do
condições mensurando pode ser conhecido
¾o mesmo local exatamente; tudo que pode ser conhecido
¾repetições em um curto período são seus valores estimados. No exemplo
de tempo acima da medida da espessura da chapa
3. A repetitividade pode ser expressa pode estar com erro, isto é, pode diferir do
quantitativamente em termos da valor do mensurando (a espessura da
dispersão característica dos chapa), por causa de cada uma das
resultados. seguintes contribuições para um erro
4. A repetitividade é a precisão do desconhecido para o resultado da
instrumento. medição:
5. A precisão está relacionada com os a) pequenas diferenças entre as
erros aleatórios do instrumento. indicações do micrômetro quando
6. A precisão é mantida através da é repetidamente aplicada à
manutenção programada do mesma grandeza realizada;
instrumento. b) calibração imperfeita do
micrômetro;
5.19. Reprodutibilidade c) medição imperfeita da
temperatura e da pressão
Reprodutibilidade é a proximidade de aplicadas;
consenso entre os resultados de medições
d) conhecimento incompleto dos
sucessivas do mesmo mensurando feitas efeitos da temperatura, pressão
sob condições diferentes de medição barométrica e umidade na peça
1. Uma expressão válida da
ou no micrômetro ou em ambos.
reprodutibilidade requer a O resultado de uma medição menos um
especificação das condições valor verdadeiro da grandeza medida (não
variadas. precisamente quantificável por que o valor
2. As condições variadas podem
verdadeiro cai em algum ponto
incluir: desconhecido dentro da faixa de
- princípio de medição incerteza).
- método de medição
- observador
- instrumento de medição

A.16
189
Vocabulário de Metrologia

5.21. Erro máximo admissível (maximum Erro de um instrumento de medição,


permissible error) determinado sob condições de referência.

5.28. Tendência (bias)


5.22. Limite de Erro Admissível (limit of
permissible error) Erro sistemático da indicação de um
instrumento de medição. A tendência de
Valor extremo de um erro admissível um instrumento de medição é
por especificação, norma, legislação, para normalmente estimada pela média dos
um dado instrumento de medição. erros de indicação de um número
apropriado de medições repetidas.
5.23. Erro de um instrumento de
medição (error of a measuring instrument) 5.29. Isenção de Tendência (freedom
Indicação de um instrumento de from bias)
medição menos um valor verdadeiro da Aptidão de um instrumento de medição
grandeza de entrada correspondente. dar indicações isentas de erro sistemático.
Como, na prática, não existe um valor
verdadeiro, usa-se o valor verdadeiro 5.30. Erro fiducial (fiducial error)
convencional, dado por um padrão
confiável. Para uma medida materializada, Erro de um instrumento de medição
a indicação é o valor atribuído a ela e o dividido por um valor especificado para o
valor verdadeiro convencional é o instrumento. O valor especificado é
fornecido por padrão rastreado. geralmente chamado de valor fiducial e
pode ser, por exemplo, a amplitude da
5.24. Erro no ponto de controle (datum faixa nominal ou o limite superior da faixa
error) nominal do instrumento de medição.
Erro de um instrumento de medição em
uma indicao especificada ou em um valor
especificado do mensurando, escolhido
para controle do instrumento.

5.25. Erro no zero (zero error)


Erro no ponto de controle de um
instrumento de medição para o valor zero
do mensurando. Um instrumento
apresenta erro de zero, quando sua saída
for diferente de zero para entrada igual a
zero. Diz se que um instrumento apresenta
erro de zero quando a curva real de
calibração que deveria passar pela origem,
não passa.

5.26. Erro no span (span error)


Um instrumento apresenta erro de zero,
quando a inclinação de sua curva de
calibração for diferente da inclinação
nominal. Diz se que um instrumento
apresenta erro de span quando a curva
real de calibração tem inclinação diferente
da ideal.

5.27. Erro intrínseco (intrinsic error)

A.17
190
Vocabulário de Metrologia

6. Conceitos estatísticos
[7]
As definições dos termos básicos estatísticos dados aqui foram tiradas da ISO 3534-1 .
Esta norma deve ser a primeira fonte consultada para as definições de termos não incluídos
aqui.

6.1. Estatística 6.5. Função distribuição


Uma função das variáveis aleatórias da Uma função dando, para cada valor x, a
amostra. probabilidade que a variável aleatória X
Uma estatística, como uma função de seja menor ou igual a x:
variáveis aleatórias, é também uma
variável aleatória e como tal, assume F(x) = Pr(X ≤ x)
diferentes valores para a amostra. O valor
Distribuição de probabilidade (de uma
da estatística obtida usando-se os valores
observados nesta função pode ser usado variável aleatória
em um teste estatístico ou com uma Uma função dando a probabilidade que
estimativa de um parâmetro da população, uma variável aleatória tome qualquer valor
tal como uma média ou um desvio padrão. dado ou pertença a um dado conjunto de
valores.
6.2. Probabilidade A probabilidade de um conjunto inteiro
de valores da variável aleatória é igual a 1.
Um número real na escala 0 a 1
atribuído a um evento aleatório. Função densidade de probabilidade
A probabilidade pode se referir a uma (para uma variável aleatória contínua)
freqüência relativa de ocorrência em longo A derivada (quando ela existir) da
período de tempo ou a um grau de função distribuição:
confiança que um evento possa ocorrer.
Para um alto grau de confiança, a f(x) = dF(x)/dx
probabilidade é próxima de 1.
f(x)dx é o elemento probabilidade:
6.3. Variável aleatória
Uma variável que pode tomar qualquer f(x)dx = Pr(x < X < x +dx)
valor de um específico conjunto de valores Função massa da probabilidade
e com a qual é associada uma
Uma função dando, para cada valor xi
distribuição de probabilidade.
de uma variável aleatória discreta, a
1. Uma variável aleatória que pode
probabilidade pi que a variável aleatória X
tomar somente valores isolados é seja igual a xi:
chamada de discreta. Uma variável pi = Pr(X = xi)
aleatória que pode tomar qualquer
valor dentro de um intervalo finito ou Desvio padrão (de uma variável
infinito é chamada de contínua. aleatória ou de uma distribuição de
2. A probabilidade de um evento A é probabilidade
denotada por Pr(A) ou P(A). A raiz quadrada positiva da variância:
Variável aleatória centrada
Uma variável aleatória cuja expectativa σ = V( X )
é igual a zero.
Se a variável aleatória X tem uma Momento central de ordem 1
expectativa igual a µ, a variável aleatória Em uma distribuição de uma única
a
centrada correspondente é (X - µ). característica, a média aritmética da q

A.18
191
Vocabulário de Metrologia

potência da diferença entre os valores experimental da média z com n = ν - 1


observados e sua média x é: graus de liberdade.
1 n

n i =1
( x i − x) q 6.6. Parâmetro
O momento central de ordem 1 é igual a Uma grandeza usada para descrever a
zero. distribuição de probabilidade de uma
variável aleatória.
Momento central de ordem q
Em uma distribuição com uma variável, 6.7. Característica
a
a expectativa da q potência da variável
Uma propriedade que ajuda a identificar
aleatória centrada (X - µ):
ou diferenciar entre itens de uma dada
q população.
E[(X - µ) ] A característica pode ser quantitativa
O momento central de ordem 1 é a (para variáveis) ou qualitativa (para
variância da variável aleatória X. atributos)
Distribuição normal; distribuição de
Laplace-Gauss 6.8. População
A distribuição de probabilidade de uma A totalidade de itens sob consideração.
variável aleatória continua X, a função de No caso de uma variável aleatória, a
densidade de probabilidade de que é distribuição de probabilidade é considerada
1  x−µ 
− 
2
para definir a população desta variável.
1 2 σ 

f( x) = e
σ 2π 6.9. Freqüência
O número de ocorrências de um dado
para -∞ < x < +∞ tipo de evento ou o número de
µ é a expectativa e σ é o desvio padrão observações caindo em uma classe
da distribuição normal. específica.
Distribuição t; (Student) Distribuição de freqüência
A distribuição t ou distribuição de A relação empírica entre os valores de
Student é a distribuição de probabilidade uma característica e suas freqüências ou
de uma variável aleatória continua t cuja suas freqüências relativas.
função densidade de probabilidade é A distribuição pode ser graficamente
 ν + 1  ν + 1 apresentada como um histograma, gráfico
Γ   t 2  −  2 
1  2  1+ de barra, polígono de freqüência
p( t, ν) =   cumulativa ou como uma tabela de duas
πν Γ  ν   ν
2 vias.
 
onde Γ é a função gama e ν > 0. A 6.10. Expectativa (de uma variável
expectativa da distribuição t é zero e sua aleatória ou de uma distribuição de
variância é ν/(n - 2) para ν > 2. Quando n probabilidade; valor esperado; média
→ ∞, a distribuição t se aproxima da
1. Para uma variável aleatória discreta X tomando
distribuição normal com µ = 0 e σ=1.
os valores xi dentro das probabilidades pi, a
A distribuição probabilidade da variável
expectativa, se existir, é:
( z − µ z ) / s( z) é a distribuição t se a variável
aleatória z é normalmente distribuída com
µ = E( X ) = ∑ pi x i
expectativa µz, onde z é a média
aritmética de n observações
independentes zi de z, s(zi) é o desvio a soma sendo estendida sobre todos os
padrão experimental de n observações e valores de xi, que pode ser tomado por X.
2. Para uma variável aleatória contínua
s( z) = s( z i ) / n é o desvio padrão X tendo a função densidade de

A.19
192
Vocabulário de Metrologia

probabilidade f(x), a expectativa, se existir, 6.12. Estimativa


é
A operação de atribuir, a partir de
observações em uma amostra, valores
µ = E( X ) = ∫ xf ( x )dx numéricos para os parâmetros de uma
distribuição escolhida como o modelo
a integral sendo estendida sobre todo o estatístico da população da qual a amostra
intervalo de variação de X. é retirada.
Um resultado desta operação pode ser
6.11. Desvio padrão expresso como um valor único (ponto
estimado; ou como um intervalo estimado.
O desvio padrão é a raiz quadrada positiva da
variância. Estimador
Uma vez que uma incerteza padrão do Tipo A é Uma estatística usada para estimar um
obtida tomando a raiz quadrada da variância parâmetro da população.
estatisticamente calculada, é geralmente mais Estimado
conveniente quando determinando uma incerteza O valor de um estimador obtido como
padrão do Tipo B para avaliar um desvio padrão não um resultado de uma estimativa.
estatístico equivalente primeiro e depois obter a
variância equivalente elevando ao quadrado o Intervalo estatístico de cobertura
desvio padrão. Um intervalo para o qual se pode
estabelecer, com um dado nível de
O desvio padrão da amostra é um
confiança, que ele contem no mínimo uma
estimador não polarizado do desvio padrão
proporção especificada da população.
da população.
1. Quando dois limites são definidos
Desvio padrão experimental por estatística, o intervalo tem dois
Desvio padrão para uma série de n lados. Quando um dos dois limites
medições do mesmo mensurando é a não é finito ou consiste do limite da
grandeza s(qk) caracterizando a dispersão variável, o intervalo é de um lado.
dos resultados e dado pela fórmula: 2. Também chamado de intervalo de
n tolerância estatística. Este termo não deve
∑ ( q k − q) 2 ser usado porque ele pode causar
s( qk ) = k =1 confusão com intervalo de tolerância.
n−1
Coeficiente de confiança, nível de
a
confiança
qk sendo o resultado da k medição e q A probabilidade que o valor da
sendo a média aritmética dos n resultados grandeza medida caia dentro da faixa
considerados cotada de incerteza.
1. Considerando a série de n valores
como uma amostra de uma Graus de liberdade
distribuição, q é uma estimativa não Em geral, o número de termos em uma
2 soma menos o número de limitações nos
polarizada da média µq e s (qk) é termos da soma.
uma estimativa não polarizada da
2
variância σ , desta distribuição. Média aritmética
2. A expressão s( q k ) / n é uma A soma dos valores dividida pelo
estimativa do desvio padrão da número de valores.
1. O termo média pode se referir a um
distribuição de q e chamado de parâmetro da população ou ao
desvio padrão experimental da resultado de um cálculo dos dados
média. obtidos em uma amostra.
3. O desvio padrão experimental da 2. A média de uma única amostra
média é, às vezes, chamado aleatória tomada de uma população
incorretamente de erro padrão da é um estimador não polarizado da
média. média de sua população. Porém,

A.20
193
Vocabulário de Metrologia

outros estimadores, tais como média reflete o fato que há somente (n - 1)


geométrica, média harmônica, itens independentes no conjunto {zi -
mediana ou moda, podem também z)
ser usados. 2. Se a expectativa µz de z é
conhecida, a variância pode ser
6.13. Variância estimada por:
Uma medida da dispersão, que é a 1 n
soma dos quadrados dos desvios de s 2 ( z i ) = ∑ ( zi − µ) 2
n i =1
observações de sua média dividida por um
A variância da média aritmética das
menos o número de observações.
observações, no lugar da variância das
Por exemplo, para n observações x1,
observações individuais, é a medida
x2,..., xn com média
apropriada da incerteza de um resultado
1 n
x = ∑ xi da medição. A variância de uma variável z
n i=1 deve ser cuidadosamente distinguida da
variância da média z . A variância da
a variância é média aritmética de uma série de n
1 n observações independentes zi de z é dada
s2 = ∑ (x i − x )2
n − 1 i=1 por
1. A variância da amostra é um
estimador não polarizado da 2 σ 2 ( zi )
σ ( z) =
variância da população. n
2. A variância é n/(n - 1) vezes o
momento central de ordem 2. e é estimada pela variância experimental
A variância definida aqui é mais da média
apropriadamente chamada de estimativa
da amostra da variância da população. A s 2 ( zi ) 1 n

variância de uma amostra é usualmente s 2 ( z) =


n
= ∑ ( z i − z) 2
n(n − 1) i=1
definida para ser o momento centro de
ordem 2 da amostra. Variância (de uma variável aleatória ou
de uma distribuição de probabilidade
A variância de uma variável aleatória é
A expressão do quadrado da variável
a expectativa de seu desvio quadrático em
aleatória centrada
relação a sua expectativa. Assim, a
variância da variável aleatória z com
função densidade de probabilidade p(z) é σ 2 = V( X ) = E{[ X − E( X )] 2 }
dada por
6.14. Covariância
2 2
σ ( z) = ∫ ( z − µ z ) p( z)dz A covariância de duas variáveis
aleatórias é uma medida de sua
onde µz é a expectativa de z. A variância dependência mútua. A covariância de
2
σ (z) pode ser estimada por variáveis aleatórias y e z é definida por:

cov(y,z) = cov (z,y) = E{[y-E(y)][z - E(z)]}


1 n
s 2 ( zi ) = ∑ ( z i − z) 2
n − 1 i=1 que leva a
onde
1 n cov(y,z) = cov (z,y)
z= ∑ zi
n i=1
e zi são n observações independentes de = ∫ ∫ ( y − µ y )( z − µ z )p( y, z)dydz
z.
2
1. O fator (n -1) na expressão de s (zi) = ∫ ∫ yzp( y, z)dydz − µ y µ z
vem da correlação entre zi e z e

A.21
194
Vocabulário de Metrologia

onde p(y,z) é a função densidade de 1. Como r e r são números puros na


probabilidade conjunta de duas variáveis y faixa de -1 a +1 inclusive, enquanto
e z. A covariância cov(y,z)] também as covariâncias são usualmente
denotada por ν(y,z)] pode ser estimada por grandezas com dimensões físicas e
x(yi,zi) obtido de n pares independentes de tamanhos inconvenientes, os
observações simultâneas yi e zi de y e z, coeficientes de correlação são
1 n geralmente mais úteis que as
s( y i , z i ) = ∑ ( yi − y)( zi − z)
n − 1 i=1 covariâncias.
2. Para distribuições de probabilidade
onde multivariáveis, a matriz de
1 n coeficientes de correlação é
z = ∑ zi
n i =1 usualmente dada no lugar da matriz
A covariância estimada de duas médias de covariância. Desde que ρ(y,y) = 1
e r(yi,yi) = 1, os elementos da
y e z é dada por s( y , z ) = s(yi,zi)/n
diagonal desta matriz são 1.
Matriz de covariância 3. Se as estimativas de entrada xi são
Para uma distribuição de probabilidade correlatas e se uma variação δi em xi
multivariável, a matriz V com elementos produz uma variação δj em xj, então
iguais às variâncias e covariâncias das o coeficiente de correlação
variáveis é chamada de matriz covariância. associado com xi e xj é estimado
2
Os elementos diagonais, ν(z,z) = σ (z) ou aproximadamente por
2
s(zi,zi) = s (zi), são as variâncias e os
elementos fora da diagonal, ν(y,z) ou u( x i )δ j
r( x i , x j ) =
s(yi,zi) são as covariâncias. u( x j )δ i

6.15. Correlação Esta relação pode servir como base


A relação entre duas ou várias variáveis para estimar experimentalmente os
aleatórias dentro de uma distribuição de coeficientes de correlação. Ela também
duas ou mais variáveis aleatórias. pode ser usada para calcular a variação
Muitas medidas estatísticas de aproximada em uma estimativa de entrada
correlação medem somente o grau de devido à variação em outra se o
relação linear. coeficiente de correlação for conhecido.
Coeficiente de correlação 6.16. Independência
O coeficiente de correlação é uma
medida da dependência mútua relativa de Duas variáveis aleatórias são
duas variáveis, igual à relação de suas estatisticamente independentes se sua
covariâncias para a raiz quadrada positiva distribuição de probabilidade conjunta é o
do produto de suas variâncias. Assim, produto de suas distribuições de
probabilidades individuais.
ν( y, z) ν( y, z)
ρ( y, z) = ρ( z, y) = = Se duas variáveis aleatórias são
ν( y, y) ν( z, z) σ ( y)σ( z) independentes, sua covariância e
coeficiente de correlação são zeros, mas o
com estimativas inverso nem sempre é verdade.
s( y i , z i ) s( y i , z i )
r( y i , z i ) = r ( z i , y i ) = = 6.17. Representação gráfica
s( y i , y i )s( z i , z i ) s( y i )s( z i )
A Fig. 1. mostra algumas das idéias
discutidas na cláusula 3 deste trabalho e
O coeficiente de correlação é um neste Anexo. Ela ilustra por que o foco
número puro tal que -1 ≤ ρ ≤ +1 ou -1 ≤ deste trabalho é a incerteza e não o erro.
r(yi,zi) ≤ +1. O erro exato de um resultado de uma
Notas medição é, em geral, desconhecido e
desconhecível. Tudo que se pode fazer é
estimar os valores das grandezas de

A.22
195
Vocabulário de Metrologia

entrada, incluindo correções para os


efeitos sistemáticos reconhecidos, junto
com suas incertezas padrões (desvios
padrão estimados), ou de distribuições de
probabilidade desconhecidos que são
amostradas por meio de observações
repetidas ou de distribuições subjetivas ou
a priori baseadas em um pool de
informação disponível e então calcular o
resultado da medição dos valores
estimados das grandezas de entrada e a
incerteza padrão combinada das
incertezas padrão destes valores
estimados. Somente se há uma base boa
para acreditar que tudo isso possa ser feito
corretamente, com nenhum efeito
sistemático significativo tendo sido omitido,
pode-se assumir que o resultado da
medição é uma estimativa confiável do
valor do mensurando e que sua incerteza
padrão combinada é um medida confiável
do erro possível.
1. Na Fig. 1(a) as observações são
mostradas como um histograma
para fins ilustrativos.
2. A correção para um erro é igual ao
negativo da estimativa do erro.
Assim, na Fig. 1 e na Fig. 2, uma
seta que ilustra a correção para um
erro é igual em comprimento mas
aponta no sentido oposto à seta que
ilustra o erro e vice-versa. O texto da
figura torna claro se uma seta
particular ilustra uma correção ou
um erro.
Fig. 2 mostra algumas das idéias
ilustradas na Fig. 1 mas de modo
diferente. Mais ainda, ela também mostra a
idéia que pode haver muitos valores do
mensurando se a definição do mensurando
é incompleta (entrada g da figura). A
incerteza resultante deste definição
incompleta como medida pela variância é
avaliada da medição de realizações
múltiplas do mensurando, usando o
mesmo método, instrumentos, local.
Na coluna Variância as variâncias são
2
entendida serem as variâncias ui (y)
definidas na eq. (11); assim elas se
somam linearmente, como mostrado.

Apostila\Incerteza CalculoIncerteza1.doc 01 DEZ 97

A.23
196
Vocabulário de Metrologia

(a) Conceitos baseados em grandezas observáveis

Média aritmética não Fig. 1.


Média Ilustração gráfica de valor, erro e
aritmética
corrigida das observações corrigida das incerteza

A média aritmética
corrigida é o valor
estimado do mensurando
e o resultado da medição

Incerteza padrão da
média não corrigida Incerteza padrão
Correção de todos combinada da média
devida à dispersão das
efeitos sistemáticos
observações
Inclui a incerteza da média
não corrigida devida à
dispersão das observações e
à incerteza da correção

(b) Conceitos baseados em grandezas desconhecidas

Distribuição desconhecida da
população inteira de observações
Distribuição desconhecida (aqui corrigidas possíveis
assumida ser normal) da população
inteira de observações não
corrigidas possíveis

Erro desconhecido na média corrigida devido ao


erro aleatório desconhecido na media não
Média da população desconhecida corrigida e ao erro desconhecido na correção
(expectativa) com desvio padrão Erro desconhecido devido a todos aplicada
desconhecido (indicado pelas linhas efeitos sistemáticos conhecidos
verticais)
Erro residual desconhecido na média
Erro aleatório desconhecido da média corrigida devido ao efeito sistemático não
não corrigida das observações conhecido.

Valor do mensurando
não conhecido

A.24
197
Vocabulário de Metrologia

Grandeza Valor Variância


(não em escala) (não em escala)
Valor crescente

a) Observações não
Única
corrigidas

b) Média aritmética não


corrigida das
observações

c) Correção de todos os
efeitos sistemáticos
conhecidos

(Não inclui a variância devida à


definição incompleta do
mensurando)
d) Resultado da
medição

e) Erro residual
(desconhecível)

f) Valor do mensurando
(desconhecível)

g) Valores da
mensurando devidos à
definição incompleta
(desconhecível)

h) Resultado final da
medição

Fig. 2. Ilustração gráfica de valores, erro e incerteza

A.25
198
B
Normas ISO 9000
As normas não fornecem informações
1. Introdução específicas de como fabricar ou fabricar
um produto com qualidade. As normas não
As normas de qualidade ISO garantem que o fabricante certificado
apareceram de uma necessidade fornece um produto com qualidade. As
crescente de os países garantirem, de normas apenas garantem que um
algum modo, a qualidade de todas as fabricante possui um sistema de qualidade
práticas de fabricação e para garantir um no local e que estes procedimentos do
certo nível de consistência no valor dos programa de qualidade estão
produtos e serviços. Elas foram adotadas documentados e são observados por todos
no Brasil em 1990, porém apareceram na os empregados.
Europa no início dos anos 1980 e foram As normas são escritas de um ponto de
adotadas nos EUA em 1987. A Europa vista de contrato com duas partes. Elas
adotou estas normas como parte de seu são projetadas para modelar um sistema
tratado do mercado comum, de qualidade que irá encorajar um
estabelecendo que sem a certificação ISO vendedor a satisfazer as exigências de
não há negócio. Embora isso seja qualidade que um comprador pode esperar
exagerado, os países envolvidos do produto final.
concordam que este conjunto de normas As normas ISO 9000 não foram escritas
de qualidade são muito importantes no pela e para a Comunidade Européia, mas
mercado mundial. por uma organização mundial, com mais
As normas ISO 9000 são uma série de de 100 membros, em Genebra, Suíça. O
cinco normas - ISO 9000, 9001, 9002, Brasil é representado pela ABNT
9003 e 9004 - usadas para documentar, (Associação Brasileira de Normas
implementar e demonstrar um programa Técnicas), uma empresa não
de garantia da qualidade da empresa. Elas governamental responsável pelas normas
fazem isto, de um modo muito genérico, brasileiras.
apresentando três modelos de sistema de Em 1992, aproximadamente 52 países,
qualidade, resumidos nas normas ISO incluindo o Brasil, já tinham adotado
9001, 9002 e 9003. oficialmente as normas ISO 9000. Como
A ISO 9001 é o modelo para projeto e as normas são muito genéricas, qualquer
desenvolvimento, produção, instalação e país pode fazer pequenas modificações e
serviço. A ISO 9002 se aplica à produção e alterações de linguagem e publicá-las com
instalação e a ISO 9003 se aplica à títulos diferentes.
inspeção e teste finais. O guia para o uso A certificação ISO 9000 é dolorosa para
destas normas está incluído na ISO 9000 e companhias que não estão preparadas.
o guia para desenvolver o gerenciamento Pode-se levar mais de um ano para se
de qualidade e os elementos do sistema ficar pronto para uma primeira auditoria. O
estão descritos na ISO 9004. As definições processo de auditoria em si pode levar de
dos conceitos de qualidade estão descritas meses até alguns anos. Mesmo uma
em outro documento, ISO 8402, Quality companhia que já tenha um programa de
Vocabulary. gerenciamento de qualidade pode ter

B.1
199
Normas ISO 9000

muito trabalho para ficar de conformidade 5. sociedade


com as exigências do certificador ISO. As Ela menciona explicitamente a saúde a
normas não são específicas, mas segurança no local de trabalho, proteção
simplesmente exigem que "todos os do meio ambiente, conservação de energia
instrumentos sejam calibrados e dos recursos naturais. Também se
corretamente" e que seja "escrito um dedica a discussões de bom senso a
manual de qualidade". respeito da qualidade. Ela capacita os
usuários com maior consistência, clareza e
2. Aspectos Legais compreensão.
A norma pode não transformar todo o
A norma ISO 9000 é voluntária, porém processo industrial em algo altamente
se torna compulsória para muitos produtivo, mas eliminará muitos erros e
fabricantes e fornecedores das principais confusões nas comunicações e fornecerá
firmas internacionais, especialmente em um sistema pratico de controle. Por tudo
eletrônica, computadores, aeroespacial, isso, hoje há um crescimento epidêmico da
transporte e nuclear. As industriais que já ISO 9000 no Brasil e no mundo.
possuem suas próprias normas rigorosas,
como farmacêutica e de alimentos, 3. Histórico
também adotam a ISO 9000 como norma
adicional. A norma ISO 9000 foi publicada em
A ISO 9000 é aceita por todos os 1987 pela ISO (International Organization
órgãos nacionais de normas. Em algumas for Standartization - Organização
situações, ela substitui outras normas Internacional de Normalização). Ela se
nacionais. No Brasil, a série de normas foi baseou principalmente na norma inglesa
traduzida e adaptada pela ABNT, BS 7750.
assumindo a numeração NB 900X - ISO A norma relaciona e trata de:
900X (X variando de 0 a 4) e registrada no 1. normas do produto
INMETRO como NBR 1900X. Nos EUA, as 2. calibração e medição
normas ISO são distribuídas através da 3. sistemas de gerenciamento da
ANSI e pela American Society for Quality qualidade.
Control (ASQC) e os documentos são A maior parte dos produtos utilizados na
ANSI/ASQC Q90 a Q94. vida cotidiana apresenta normas.
Ela é um mecanismo pronto para A maioria das atividades humanas
incorporar e controlar os regulamentos utiliza medições, que precisam ser aceitas.
compulsórios. A ISO 9000 é uma norma Estas medições devem estar monitoradas
para um sistema de gerenciamento pelos órgãos nacionais de calibração e
integrado da qualidade no ambiente medição.
industrial. A calibração e a medição dentro do
A conformidade com a norma ISO 9000 processo industrial constituem parte
pode: integrante da norma. O treinamento de
1. reduzir desperdícios, todo o pessoal envolvido é exigido pela
2. diminuir tempo de paralisação norma.
3. eliminar a ineficiência da mão de obra Qualidade é adequação ao uso. É a
4. aumentar a produtividade. conformidade às exigências e
A norma se envolve no projeto, desenvolvimento, especificações. É o produto projetado e
produção, instalação, inspeção, ensaios finais e fabricado para executar apropriadamente a
assistência técnica pós venda. Ela possui função prevista.
implicação entre fornecedor e cliente. O gerenciamento da qualidade envolve:
1. definição dos objetivos, feita através
A norma ISO 9000 relaciona os cinco
de procedimentos detalhados,
grupos legais de interesse:
atribuídos a cada etapa, desde a
1. cliente
compra dos componentes até a
2. proprietário
expedição do produto acabado.
3. fornecedor
2. normas, atribuídas a componentes,
4. empregador
fornecedores, fabricação e

B.2
200
Normas ISO 9000

conformidade com especificações ISO 9000-4 - Aplicação de


dos produtos. Gerenciamento de Confiança - 1992 (IEC
3. sistema. A definição dos objetivos e 300-1).
os procedimentos não são
suficientes. É necessário um sistema 4.2. ISO 9001
de medição para o suprimento,
ISO 9001 - Sistemas de Qualidade -
materiais recebidos, desempenho no
Modelo de Garantia da Qualidade no
processo, inspeção final e expedição.
Projeto, Desenvolvimento, Produção,
Também é necessário um sistema de
Instalação e Assistência Técnica - 1987,
testes e aferições dos equipamentos
Rev. JUL 1994, Projeto funcional para
de ensaio.
1996.
Deve-se fazer certo desde a primeira
A ISO 9001 destina-se a empresas que
vez. Deve-se prevenir em vez de
precisam assegurar a seus clientes
acompanhar e corrigir. O sistema
conformidade às exigências especificadas
satisfatório opera virtualmente sem
é atendida por todo ciclo, desde o projeto
inspeção final e sem departamento de
até a assistência técnica pós venda. É a
controle da qualidade. O controle é
norma mais abrangente e completa pois
preditivo antecipatório (feedforward) e não
trata do projeto, desenvolvimento,
a realimentação negativa (feedback)
produção, instalação e assistência técnica.
A demonstração da norma ISO 9000 é
A norma estabelece a noção de revisão
aberta, transparente. É uma atitude, um
do contrato, com definição e
estilo de vida. Torna acessível o chão de
documentação do contrato, resolução de
fábrica, expõe cada setor, mostra a relação
diferenças da proposta e avaliação da
entre os membros da equipe, mostrando
capacidade do fornecedor de atender as
ao cliente uma organização aberta.
exigências contratuais.
No controle do projeto, envolve o
4. Normas ISO planejamento, atribuição de atividades,
Há cinco normas internacionais organização de interfaces, entradas e
relacionadas com a garantia da qualidade, saídas e verificação do projeto. Inclui
conhecidas como ISO 9000. alterações no projeto, aprovação e
distribuição do documento, controlando as
4.1. ISO 9000 alterações no documento.
O restante da norma é rotineiro: inclui
ISO 9000 - Gerenciamento da compra, identificação e rastreabilidade do
Qualidade e Normas de Garantia da produto, controle da produção, inspeção e
Qualidade (1987) - Diretrizes para Seleção ensaio. A inspeção, medição e calibração
e Uso tanto do ensaio como do próprio
equipamento de medição estão incluídas,
ISO 9000-1 - Projeto do Comitê (rev. pois isso constitui controle de produtos
1992). Projeto funcional planejado para não-conformes. Manuseio,
1996 (1992) armazenamento, empacotamento e
expedição também são tratados, pois são
ISO 9000-2 - Diretrizes Genéricas para registros da qualidade, auditoria e
a Aplicação da ISO 9001, ISO 9002 e ISO treinamento.
9003 - Projeto da norma ISO/DIS 9000-2
(1992) 4.3. ISO 9002

ISO 9000-3 - Diretrizes para Aplicação ISO 9002 - Sistemas de Qualidade -


da ISO 9001 em Desenvolvimento, Modelo de Garantia da Qualidade na
Suprimento e Manutenção do Software - Produção e Instalação - 1987, Rev. 1992,
1991 como ISO 9000-3. Projeto funcional para 1996.
A ISO 9002 demonstra a capacidade do
fornecedor na produção e instalação. É

B.3
201
Normas ISO 9000

menos rígida que a 9001. É a mais comum


para fabricantes. ISO 9004-7 - Gerenciamento da
Qualidade e Elementos do Sistema da
4.4. ISO 9003 Qualidade - Diretrizes para Gerenciamento
da Configuração - Projeto do comitê
ISO 9003 - Sistemas de Qualidade -
ISO/DIS 9004-7 (1992)
Modelo de Garantia da Qualidade em
Inspeção e Ensaio Finais - 1987, Rev.
4.6. Outras normas ISO
1992, Projeto funcional para 1996.
A ISO 9003 demonstra a capacidade de ISO 8042 (1986), revista em 1992 -
inspeção e ensaio de produtos. Quase Vocabulário do Gerenciamento da
metade dos elementos da ISO 9004 é Qualidade e Garantia da Qualidade.
exigida neste caso. Ela inclui controle de
documentação, identificação do produto e ISO 10011-1 - Diretrizes para Auditoria
marcação, controle de produtos dos Sistemas da Qualidade - Auditoria
reprovados nos ensaios específicos, (1990)
sistema de manuseio e armazenamento, ISO 10011-2 - Diretrizes para Auditoria
controle de equipamento de medição e dos Sistemas da Qualidade - Critérios de
ensaio, técnicas estatísticas e treinamento. Qualificação para Auditores do Sistema da
Qualidade (1991)
4.5. ISO 9004
ISO 10011-3 - Diretrizes para Auditoria
ISO 9004 - Gerenciamento da
dos Sistemas da Qualidade -
Qualidade e Elementos do Sistema da
Gerenciamento dos Programas de
Qualidade - Diretrizes - 1987.
Auditoria (1991)
A ISO 9004 trata de todas as formas de
serviços, inclusive de fabricação e
ISO 10012-1 - Requisitos de Garantia
fornecimento de produtos.
da Qualidade para Equipamento de
ISO 9004-1 - Gerenciamento da Medição - Sistema de Confirmação
Qualidade e Elementos do Sistema da Metrológico para Equipamento de Medição
Qualidade - Diretrizes - Rev. 1992, Projeto (1992)
funcional para 1996.
ISO 10012-2 - Requisitos de Garantia
ISO 9004-2 - Gerenciamento da da Qualidade para Equipamento de
Qualidade e Elementos do Sistema da Medição - Controle do Processo de
Qualidade - Diretrizes para Serviços - Medição (Projeto funcional, data
1991. imprevista)
ISO 9004-3 - Gerenciamento da
Qualidade e Elementos do Sistema da ISO 10013 - Diretrizes para
Qualidade - Diretrizes para Materiais Desenvolvimento de Manuais da
Processados - Projeto da norma ISO/DIS Qualidade - Projeto do comitê ISO/CD
9004-3 (1992) 10013 (1992)

ISO 9004-4 - Gerenciamento da ISO XXXXX - Economia em Qualidade -


Qualidade e Elementos do Sistema da Projeto funcional, data e número ainda
Qualidade - Diretrizes para desconhecidos.
Aperfeiçoamento da Qualidade - Projeto da
norma ISO/DIS 9004-4 (1992)

ISO 9004-5 - Gerenciamento da


Qualidade e Elementos do Sistema da
Qualidade - Diretrizes para Planos de
Qualidade - Projeto do comitê ISO/DIS
9004-5 (1991)

B.4
202
Normas ISO 9000

5. Filosofia da Norma interno próprio de calibração e ensaio,


porém, deverá rastrear seus equipamentos
A filosofia da norma não é ensaiar com contra um centro nacional.
o propósito de encontrar falhas e sim ter o A norma exige:
produto adequado na primeira vez e usar a 1. especificação e aquisição
inspeção e o ensaio para garantir sua adequadas: amplitude, tendências,
conformidade. O princípio é prevenção e precisão, robustez e durabilidade
não deteção. 2. calibração inicial antes do uso
A ISO 9000 exige a verificação 3. solicitação periódica para calibração
completa do produto para acrescentar às 4. evidencia documentaria dos itens
inspeciones e aos ensaios durante a anteriores
produção e recomenda: 5. rastreabilidade quanto às normas de
1. a verificação total de cada produto referência
proveniente da produção, incluindo 6. ação corretiva, quando necessário.
nova verificação na ordem de O artigo seminal da norma ISO 9001 é
compra ou amostragem do lote e o 4.11. Controle de equipamentos de
amostragem contínua, inspeção, medição e ensaios., com dois
2. auditoria das unidades sub itens:
representativas da amostra. 1. Generalidades
2. Procedimento de controle
5.1. Controle e manutenção do
equipamento 5.3. Calibração do equipamento
Antes da ISO 9000 havia maior Todo equipamento usado para medir
consideração quanto ao controle da qualquer parâmetro, que se estiver
produção e da engenharia de manutenção. impreciso pode afetar criticamente a
Na década de 1980, a manutenção foi qualidade, deve ser incluído no sistema de
identificada como fator secundário apenas calibração. Deve existir um Procedimento
quanto à eficácia que produziria uma de Calibração, que inclua a lista de
economia considerável, se controlada. equipamentos que requerem calibração e
Com relação à norma ISO 9000, é qual a frequência de calibração exigida.
impossível operar uma fabrica dentro de Deve ser feito um Cronograma de
um nível satisfatório de gerenciamento da Calibração. Todo equipamento pertencente
qualidade sem um programa de ao sistema de calibração deve ter uma
manutenção preventiva. Porém, além da etiqueta afixada com detalhes sobre a
manutenção, o equipamento deve ser próxima data de calibração.
verificado quanto a tendências e precisão, Toda calibração segue uma norma
de modo regular e recalibrado sempre que nacional. Quando o equipamento estiver
necessário. fora da calibração, será removido
Na revisão de 1994, a ISO 9001 exige a imediatamente e levado para o Gerente da
manutenção adequada de equipamentos Qualidade. Se possível, o equipamento
para assegurar a continuidade da deve ser substituído e enviado para
capabilidade do processo (art. 4.9 – g) recalibração. Deve haver um Procedimento
de ação corretiva, com instruções.
5.2. Controle do equipamento de O cronograma deve ser cumprido. Para
medição e ensaio cada item do sistema de calibração, há um
Não basta testar a precisão de um arquivo com detalhes dos resultados de
medidor; é necessário um sistema para todas as calibrações.
controlar a exatidão dele quanto a Todos os operadores dos equipamentos
medição. Isto implica em laboratórios de de inspeção e ensaios são responsáveis
ensaio e calibração e centros nacionais de para garantir que o equipamento esteja
calibração, envolvendo toda espécie de aferido, verificando as etiquetas.
medição, química, elétrica, eletrônica, Todo item do equipamento de medição
física e pneumática. Uma companhia de e ensaio deve ter um número de
grande porte deve ter um laboratório inventário, que é atribuído no recebimento.

B.5
203
Normas ISO 9000

Deve-se garantir que todo equipamento computador. Além disso, a instrumentação


usado com propósitos de medição seja de processo que pode afetar as
adequado à sua aplicação. características especificadas de um
Os itens de equipamento de medição e produto ou serviço deve ser controlada
ensaio classificados como inativos ou convenientemente.
usados como referência e que não exijam Para os sistemas de medição de
calibração devem ser identificados como produto e serviço, os métodos estatísticos
tal, através de uma etiqueta de Calibração são ferramentas valiosas para conseguir e
Não Exigida. demonstra conformidade com as
Deve-se garantir que todos os especificações. Em particular, os métodos
fornecedores ou subcontratados utilizados estatísticos são ferramentas preferidas no
no projeto e fabricação do dispositivo preenchimento da exigência global que
tenham um sistema de calibração "equipamento deve ser usado de modo
satisfatório, através de auditorias de que garanta que a incerteza da medição
fornecedores. seja conhecida e seja consistente com a
capacidade de medição requerida". Estes
6. Equipamento de Inspeção, métodos podem também ser usados para
Medição e Teste monitorar e manter sistemas críticos de
medições em um estado de controle
A cláusula 4.11 da Norma ISO 9000 estatístico.
apresenta de controle de equipamentos de
inspeção, medição e ensaios. Ela se aplica O fornecedor irá
a equipamentos usados na satisfação das a) determinar as medições a serem
exigências das inspeções de recebimento, feitas e a exatidão requerida e selecionar
processo e final e teste. É útil enfocar este os equipamentos apropriados de inspeção,
elemento da perspectiva de que cada medição e ensaios com exatidão e
sistema de medição é um processo precisão necessárias;
envolvendo materiais, equipamentos,
procedimentos, pessoas e condições O fornecedor precisa identificar todas
ambientes. as medições necessárias para demonstrar
que o produto está de conformidade com
O fornecedor deve estabelecer e manter as necessidades. Isto inclui as medições
procedimentos documentados para do produto comprado, medições de
controlar, calibrar e manter os controle de processo e medições do
equipamentos de inspeção, medição e produto acabado ou serviço. Em termos
ensaios (incluindo software de ensaio) gerais, sempre que o instrumento de
utilizados pelo fornecedor para demonstrar inspeção, medição e teste fornece dados
a conformidade do produto com os requeridos pelo sistema de qualidade,
requisitos especificados. Os equipamentos então o equipamento deve ser identificado,
de inspeção, medição e ensaios devem ser controlador, calibração e mantido de
utilizados de tal forma que assegurem que acordo com as especificações da cláusula
a incerteza das medições seja conhecida e 4.11.
consistente com a capacidade de medição O equipamento referido aqui é restrito
requerida. ao usado para controlar e verificar a
qualidade do produto. A instrumentação da
Deve-se manter um controle suficiente planta e os equipamentos de testes
sobre todos os sistemas de controle fornecidos para a segurança, controle
usados no desenvolvimento, fabricação, ambiental, conservação de energia ou
instalação e serviço de um produto para material, podem permanecer fora do
fornecer confiança em qualquer decisão ou sistema de qualidade. Porém, inclua todos
ação baseada nos dados de medição. O os equipamentos críticos de inspeção,
controle deve ser exercido sobre teste ou medição no sistema de garantia
indicadores locais, instrumentos, sensores, da qualidade para medições, independente
equipamento de teste e programas de do objetivo.

B.6
204
Normas ISO 9000

Para cada equipamento de medição e ANSI/ASQC Standard M1-1987 -


teste deve ser especificado e selecionada Calibration Systems.
aquele que fornece a precisão, exatidão, A indústria de processo freqüentemente
robustez e confiabilidade nas condições usa materiais de referência internos, juntos
reais de serviço. com métodos estatísticos para validar o
processo completo de medição. O uso de
O fornecedor irá um material de referência certificado para
b) identificar todos dos equipamento de verificar a exatidão (incerteza sistemática)
inspeção, medição e ensaios que possam geralmente invalida somente parte de um
afetar a qualidade do produto e calibrá-los dado processo de medição.
e ajustá-los a intervalos prescritos ou antes
do uso, contra equipamentos certificados O fornecedor irá
tenham uma relação valida conhecida com c) definir o processo empregado para a
padrões nacional ou internacionalmente calibração de equipamentos de inspeção,
reconhecidos. Quando não existirem tais medição e ensaios, incluindo detalhes
padrões, a base usada para calibração como: tipo de equipamento, identificação
deve ser documentada; única, localização, frequência de
conferência, método de conferência,
A calibração de equipamento de critérios de aceitação e a ação a ser
inspeção, medição e teste deve incluir o tomada quando os resultados forem
seguinte: insatisfatórios;
1. Verificação inicial da calibração antes
de colocar em operação, verificando O fornecedor deve considerar a
a conformidade com a exatidão e seguinte recomendação nos
precisão necessárias. O software e procedimentos de desenvolvimento e
procedimentos de controle de documentação:
equipamento automático de teste 1. Os procedimentos de calibração
também devem ser verificados. devem ser documentados,
2. Fazer verificações programadas aprovados, mantidos e controlados
periódicas dos sistemas de medição. como uma parte do sistema de
Quando fora do critério de aceitação, qualidade. Estes procedimentos
fazer recalibração, ajustes ou devem definir o critério de aceitação
reparos para restabelecer a exatidão ou limites e frequência dos testes.
e precisão em operação. A 2. O critério de aceitação deve ser a
recalibração geralmente deve ser precisão e exatidão requeridas para
feita somente quando os testes o teste mais exigente para que este
indicarem que o sistema de medição equipamento é usado.
estiver estatisticamente fora de 3. O intervalo de tempo entre as
controle. Recalibração excessiva verificações de calibração e
pode aumentar a variabilidade total. manutenção devem ser razoáveis
3. Fazer a rastreabilidade dos padrões para a necessidade: o fornecedor
de calibração até os padrões determinar isto baseado na
nacionais e internacionais, se eles experiência e conhecimento de como
existirem. Quando reconhecidamente o equipamento é usado. O
estes padrões não existirem, usar equipamento e, onde apropriado, os
padrões internos. A preparação e materiais usados no teste devem ser
testes destes padrões internos verificados, calibrados e mantidos de
devem estar de acordo com acordo com procedimentos escritos.
procedimentos documentados e 4. Onde um sistema de medição é
aprovados. determinado estar fora de controle
Uma orientação nas exigências gerais ou fora dos limites de aceitação,
para garantir a qualidade da calibração fazer a ação corretiva. A revisão dos
pode ser encontrada na norma registros de controle estatístico é
geralmente necessária e útil para

B.7
205
Normas ISO 9000

identificar quando e se ações software antes dele ser usado para liberar
corretivas são necessárias. Se os material para uso ou venda.
registros estatísticos mostram que o
processo de medição está fora de O fornecedor irá
controle (i.e., existe uma causa e) manter registros de calibração para
especial), o usuário deve remover a os equipamentos de inspeção, medição e
causa antes da recalibração. ensaios;
f) avaliar e documentar a validade dos
O fornecedor irá resultados de inspeção e ensaios
d) identificar equipamento de inspeção, anteriores quando os equipamentos de
medição e ensaios com um indicador inspeção, medição ou ensaios forem
adequado, ou registros de identificação encontrados fora de aferição;
aprovados, para mostrar a situação da Um método muito usado para
calibração; evidenciar a calibração é a colocação de
etiquetas físicas em cada peca do
Fabricantes de instrumentos padrão de medição equipamento de inspeção, medição e
especificam e, geralmente, fornecem certificação da teste. A etiqueta é marcada com a
precisão e exatidão de seus equipamentos, quando identificação do dispositivo, o status
entregues. Estas especificações ou certificados de corrente de sua calibração, a identificação
capacidade devem ser comparadas com as da pessoa que fez a calibração e a
exigências do processo, contrato, sistema de próxima data de calibração.
qualidade e métodos de teste. A verificação da Na indústria petroquímica, onde
capacidade do dispositivo contra a especificação ou centenas de dispositivos de medição são
certificado do fabricante é recomendada. Esta usados no processo de produção,
informação deve ser incluída na documentação do alternativas práticas podem ser usadas,
sistema de qualidade para o equipamento de como registros baseados em computador
inspeção, medição e teste. com condições de verificar o status da
calibração. O usuário deve ser capaz de
Na indústria de processo, são comuns demonstra que o sistema efetivamente
equipamentos e procedimentos de evita o uso de medição de um
medição complexos. O desenvolvimento equipamento critico de inspeção, medição
de sistemas especiais de medição deve e teste quando sua data de calibração está
incluir determinações da precisão e vencida.
exatidão. Considerar, inclusive, o Além do status de calibração, os
laboratório do comprador nos estudos de registros de cada parte do equipamento de
métodos de testes para produtos inspeção, medição e teste, devem incluir
acabados. Estes estudos devem ser todos os dados da cláusula 4.11 (c).
conduzidos usando procedimentos aceitos, A manutenção de rotina e a verificação
como a norma ASTM 4691-87 Standard da precisão e exatidão dos sistemas de
Practice for Conducting an Interlaboratory medição durante a produção devem incluir
Test Program to Determine the Precision of o arranjo dos dados obtidos usando
Test Methods. amostras de referência ou padrão.
A avaliação de qualquer capacidade de Para cada sistema de medição incluído
sistema de medição deve incluir estudos no escopo desta exigência, é necessário
da variação devido a amostragem. Na identificar o equipamento e materiais
indústria petroquímica, a variância devida usados para fazer as medições. Os
aos procedimentos de amostragem é materiais particulares (p. ex., soluções
geralmente muito significativa. O controle analíticas padrão soluções buffer) devem
de procedimentos de amostragem é uma ser identificadas por um número de
parte necessário do controle do sistema de etiqueta ou de algum outro modo que
medição. satisfaça as exigências de segurança e
Onde é usado software de computador, indique a data de expiração do material.
como parte do sistema de medição, é
necessário testar o desempenho do

B.8
206
Normas ISO 9000

no plano de qualidade ou procedimentos


O fornecedor irá documentados, ao longo da produção ,
g) assegurar que as condições instalação e serviços associados do
ambientais sejam adequadas para produto, para assegurar que somente
calibrações, inspeções, medições e produto aprovado pela inspeção e ensaios
ensaios que estejam sendo executados; requeridos ou liberado sob concessão
autorizada seja expedido, utilizado ou
Quando um sistema de medição é instalado.
encontrado fora de calibração ou fora do
controle estatístico, esta parte do sistema A exigência relacionando o
requer uma análise das medições equipamento ou programa de computador
anteriores obtidas com o sistema de de teste se aplica a tais coisas como:
medição. Os produtos originados enquanto 1. moldes ou tintas usadas para
as medições estavam erradas podem preparar amostras para teste
requerer novos testes para verificar a 2. plaquetas padrão de cor
conformidade com as especificações. Os 3. amostras de referência usadas para
registros devem ser mantidos dos avaliar aparência, fragrância e outros
resultados da verificação da medição, fatores
incluindo qualquer substituição de 4. programa de sistema de teste para
medições incorretas nos registros do análise de espectro
sistema de qualidade. 5. equipamento de cromatógrafos a gás
Os registros e dados de projeto,
O fornecedor irá desenvolvimento, controle do sistema de
h) assegurar que o manuseio, medição devem ser mantidos. O usuário
preservação e armazenamento dos sempre pode requerer e rever estes dados
equipamento de inspeção, medição e para verificar se os sistemas fornecidos
ensaios sejam tais que a exatidão e a são adequados.
adequação ao uso sejam mantidas;
j) proteger as instalações de inspeção,
medição e ensaios, incluindo tanto
materiais e equipamentos como software
para ensaios, contra ajustes que poderiam
invalidar as condições de calibração.

Esta seção da Normal contem


exigências para garantir que a capacidade
de todo equipamento de inspeção,
medição e teste é protegido contra dano
ou ajustes errados. Dispositivos
apropriados de proteção, blindagens e
instruções de trabalho devem ser
incorporados ao sistema de qualidade para
proteger este equipamento. As condições
ambientais apropriadas para o sistema de
medição devem ser continuamente
mantidas.

A situação de inspeção e ensaios do


produto deve ser identificada através de
meios adequados, os quais indiquem a
conformidade ou não do produto com
relação a inspeção e ensaios realizados. A
identificada da situação de inspeção e
ensaios deve ser mantida como definido

B.9
207
Normas ISO 9000

7. Certificação pela ISO 9000 Abrangência


O Sistema de Calibração e Ajuste deve
incluir todas as malhas que impactam a
7.1. Projeto
qualidade, direta ou indiretamente e que
garantam a continuidade operacional da
Introdução
planta. A sistemática deve garantir que
Atualmente, no Brasil, há uma busca qualquer alteração (retirada ou colocação)
frenética da certificação pela ISO 9000. deva ser feita por consenso entre os
Para tal, qualquer firma deve ter um responsáveis envolvidos (Operação e
Sistema de Calibração e Calibração dos Manutenção), a qualquer momento.
instrumentos. O ponto de partida da Em instrumentação, se medem,
implantação de um Sistema eficiente e monitoram e controlam as variáveis de
eficaz é o treinamento de todo o pessoal processo por vários motivos, entre os
envolvido no processo. O pessoal deve ter quais se destacam:
curso de Metrologia onde sejam mostrados 1. qualidade,
as bases teóricas e os aspectos técnicos 2. segurança,
para começar a dominar com segurança o 3. custódia,
sistema e passar a trabalhar de modo 4. balanço de processo,
sistemático e transparente para implantar o 5. economia de energia,
Sistema de Qualidade que seja aceito e 6. ecologia e
certificado conforme as normas ISO 9000. 7. saúde ocupacional
Somente a perseverança e insistência Atualmente, como o Programa de
de um pessoal chave fará o sistema Calibração e Ajuste dos Instrumentos é o
funcionar. O seguimento sistemático e o que possui o melhor marketing
rastreamento contínuo de todos os passos promocional e tem o suporte da alta
do processo nas áreas envolvidas, através direção da empresa, todas as áreas
de auditorias sérias, deve sustentar o tendem a incluir neste programa outros
Sistema e lhe dar credibilidade. instrumentos que não impactam a
Lógica do Sistema qualidade, mas que devem ser
periodicamente calibrados e aferidos. Esta
Deve-se ter um Diagrama de Fluxo
filosofia deve ser alterada e paralelo ao
(Flow Chart) para cada atividade do
programa de Calibração e Ajuste dos
sistema e para a elaboração dos
Instrumentos da Qualidade, devem ter
Procedimentos. Este diagrama deve ser
outros programas, igualmente cumpridos,
claro, objetivo e eficaz.
relacionados com segurança, custódia,
Deve-se desenvolver Procedimentos
balanço, conservação de energia, ecologia
Administrativos, Procedimentos Técnicos
e saúde ocupacional.
para classes de instrumentos e Tabelas
Todo instrumento apresenta incerteza
Técnicas para os instrumentos específicos.
devida à precisão e incerteza devida à
Todos estes procedimentos, mesmo com
exatidão. É necessário haver um programa
enfoques diferentes, devem ser
de manutenção preventiva e corretiva do
consistentes entre si.
instrumento para garantir sua precisão e é
Deve-se ter, no mínimo, os seguintes
necessário haver um programa de
Procedimentos
calibração para garantir sua exatidão. Por
1. Composição da Malha de
isso, o Sistema de Garantia da Qualidade
Instrumentos, para fins de cálculo de
deve contemplar o Sistema de Calibração
incertezas instaladas,
– Ajuste e um Sistema de Manutenção
2. Composição da Malha de
Preventiva e Corretiva.
Instrumentos, para fins de cronograma de
A filosofia do Sistema deve considerar
calibração
apenas as malhas abertas de indicação e
3. Calibração dos instrumentos
registro. Nas malhas de controle, somente
componentes da Malha, como sensores,
o sensor, condicionador de sinal e
transmissores, conversores, indicadores,
indicador ou registrador fazem parte do
registradores, fios de extensão de
termopares.

B.10
208
Normas ISO 9000

sistema, não entrando o controlador nem o 2. na mesma unidade, para que se


elemento final de controle. possa verificar diretamente a adequação
Também faz parte do Sistema e ao uso da malha instalada
geralmente é esquecido pelo pessoal de 3. quando expressa em percentagem,
Instrumentação, o Sistema de Calibração esclarecer se é percentagem do fundo de
dos Instrumentos de Laboratório e por isso escala ou do valor medido
deve haver comunicação e consenso entre 4. algarismos significativos consistentes
os sistemas da Manutenção e do entre si e com a precisão dos
Laboratório. instrumentos.
Linguagem Unidades de engenharia
A linguagem empregada nos Assim como os procedimentos devem
procedimentos deve ser simples e clara, ser escritos em português gramaticalmente
empregando-se termos conhecidos por correto, as unidades de engenharia, com
todos os envolvidos, necessitando de um nomes e símbolos corretos devem ser as
mínimo de definições adicionais. do SI (símbolo de Sistema Internacional de
Deve haver uma consolidação dos Unidades).
procedimentos e uma padronização de
Abreviaturas e símbolos
linguagem, pois alguns procedimentos
serão usados em mais de uma área Os nomes e símbolos das unidades
(Manutenção e Laboratório). estão claramente definidos no SI e devem
O início da sabedoria é chamar as ser seguidos. Na documentação, deve-se
coisas pelos seus próprios nomes. também padronizar de nomes e de
Todos os instrumentos do Sistema abreviaturas de nomes.
devem ser cadastrados, incorporando os Deve se fazer um procedimento para
símbolos usados nas normas de abreviar os nomes de áreas, equipamentos
simbologia de instrumentos e usando os e instrumentos, pois isso é fundamental
termos consagrados pela Instrumentação. para se ter uma manipulação correta dos
dados nos programas de computador,
Dados Técnicos definindo a quantidade de letras na
Somente o essencial deve ser escrito abreviatura, uso do ponto e do espaço e
nos procedimentos administrativos, colocação de preposição.
técnicos e relatórios. Qualquer dado
Quantidade de documentos
técnico só deve ser escrito e constar em
um documento se for utilizado pelo Há uma crítica generalizada de que o
usuário. Sistema de Calibração e Ajuste envolve
Deve-se padronizar a linguagem técnica muita papelada e que esta papelada é
e usar somente termos em português; e.g., inútil e perda de tempo. É muito difícil
usar faixa em vez de range. e largura de mudar a mentalidade de uma pessoa que
faixa em vez de span. durante anos fez o seu trabalho sem
documentá-lo e sem preencher relatórios e
Tabelas registros. É muito difícil convencer alguém
Na elaboração de tabelas para registros a escrever o que ele faz e ele acreditar que
de calibração e ajuste, deve-se colocar a estes registros são úteis para a melhoria
unidade da grandeza em um quadro de seu trabalho e não é um meio para
superior, uma única vez e não deve ser patrulhar o seu trabalho.
repetida em todas os quadros da tabela. Numa auditoria do sistema de qualidade
da ISO 9000, inicialmente o auditor verifica
Tolerâncias
se a documentação trata dos elementos da
As tolerâncias ou incertezas devem ser qualidade. Posteriormente, ele visita os
expressas em locais, coletando e analisando evidências
1. unidades de engenharia, para verificar se os controles do sistema,
preferivelmente descritos na documentação estão sendo
implementados e funcionando
adequadamente.

B.11
209
Normas ISO 9000

Uma planta típica, com algumas separadas, de modo que o


dezenas de malhas incluídas no Sistema responsável pelo reparo de um
de Qualidade da ISO 9000 deve ter instrumento nunca esteja envolvido
necessariamente um cadastro de na subsequente calibração e
instrumentos, procedimentos certificação deste instrumento.
administrativos e técnicos, registros de 5. Ter disciplina na organização da
calibração e ajuste. Quando os processos documentação, separando os
são simples e com muitas malhas iguais registros diferentes e agrupando na
repetidas, a quantidade de procedimentos mesma pasta os registros do mesmo
se torna relativamente pequena. tipo, sempre em ordem cronológica.
A evidência do cumprimento de um 6. Fazer as correções e revisões dos
sistema de qualidade é a documentação, procedimentos administrativos e
que deve ser simples e agradável. técnicos, quando necessário e
Registre o que realmente é feito e não sempre de modo oficial. Atuar para
perca tempo com o que deveria ser feito. modificar e não modificar sem atuar,
Use sempre os procedimentos fazendo correções a lápis nos
existentes, que devem ser simples, procedimentos, de modo informal.
resumidos, exatos, completos, 7. Fazer registros de não conformidade
compreensíveis e úteis. devida a instrumentos de processo
Faça sempre como está escrito. com defeito.
Escreva tudo de importante que é feito. 8. Ter sempre Procedimento Técnico
para fazer calibração e manutenção
7.2. Implementação de instrumento específico e não usar
apenas o manual do fabricante, que
Organização não o substitui totalmente.
O maior obstáculo à implantação do 9. Controlar uso de instrumento com
Sistema é passar a mensagem da Restrição de Uso por causa da
Qualidade a todos os funcionários. O calibração incompleta devida à falta
processo exige a participação consciente e de padrões secundários adequados.
voluntária de todos os funcionários 10. Justificar o estabelecimento da
simultaneamente, além de um freqüência de calibração de cada
gerenciamento competente e dedicado instrumento, através de critério
prioritariamente ao sistema. técnico confiável e evidente.
Para que o Sistema de Calibração da 11. Usar o instrumento padrão somente
Qualidade seja implementado com com o correspondente Registro de
sucesso é necessário: Calibração.
1. Identificar os instrumentos de 12. Evitar que as não conformidades se
processo sobressalentes que devem repitam contínua e sistematicamente,
estar separados dos outros não através de ações corretivas, atuando
pertencentes ao Sistema de nas causas e não nos efeitos.
Qualidade. Infra-estrutura
2. Identificar e separar os instrumentos
Deve-se ter uma Oficina de
sem condição de uso, não calibrado,
Manutenção, cuidando da calibração dos
não pertencente ao Sistema de
instrumentos de processo e um
Qualidade.
Laboratório de Metrologia calibrando estes
3. Armazenar os instrumentos em
instrumentos de calibração.
locais adequados e previstos para
Estabelecer uma política clara e
tal, cuidando-se da limpeza,
definida nos procedimentos para utilizar os
ordenação, seleção e separação.
instrumentos que atendam as exigências
Seguir as recomendações do
metrológicas, principalmente entre os
fabricante, quanto à posição e
instrumentos padrão das áreas (padrões
condições ambientais.
terciários) e os instrumentos padrão do
4. As atividades de reparo e calibração
Laboratório de Metrologia (padrões
devem ser demonstravelmente
secundários).

B.12
210
Normas ISO 9000

Estabelecer mecanismos para que a 3. facilidade de compra de


modernização dos instrumentos de equipamentos de calibração e ajuste
controle de processo implique também na adequados,
modernização consistente dos 4. facilidade de se programar e
instrumentos de calibração e ajuste destes executar treinamento do pessoal.
instrumentos do processo.
Documentação
Informatização e instrumentação A documentação do sistema deve ser
No Brasil, ainda há poucos atual, conservada, divulgada entre todos
computadores usados como ferramenta de os envolvidos e bem dominada pela
suporte para a manutenção preventiva e maioria. No sistema de qualidade, é muito
corretiva dos instrumentos. Qualquer útil a troca de experiência entre as áreas,
sistema confiável e eficiente de Calibração pois se aprende com os erros dos outros.
deve alterar consistente e dinamicamente É demorado aprender tudo sozinho. É
os intervalos de calibração e isso só pode também fundamental aprender com as
ser feito se houver um programa de experiências bem sucedidas de outras
computador, que seja entendido e aplicado empresas, mesmo de outra atividade
por todos os envolvidos. Para este totalmente diferente, como Xerox, IBM,
programa ser futuramente empregado, é Petrobrás, Vale do Rio Doce, Copene,
necessário que todo o pessoal já tenha Celpav e CSN.
familiaridade com a informática. Porém, Faltam encontros internos agendados
somente o computador não resolve; é onde se possa levantar e discutir
necessário se criar antes uma infra- problemas potenciais, disseminar
estrutura organizacional eficiente. experiências que deram certo e corrigir
rumos.
Formação e qualificação do pessoal
O investimento nos equipamentos deve Catálogos
ser complementado com o investimento no Os catálogos técnicos dos instrumentos
pessoal. Toda pessoa necessita de são úteis para se fazer corretamente sua
treinamento e sempre o faz, por manutenção e calibração. Aliás, um critério
programação ou por acidente. A pessoa para o cadastro e escolha do fabricante de
bem treinada fica motivada para fazer instrumento deve ser a disponibilidade de
melhor o seu trabalho e a um menor custo catálogos claros e úteis. Os catálogos de
para a empresa. instrumentos são a fonte de consulta para
Para dominar o Sistema de Calibração a determinação das incertezas dos
e Ajuste de Instrumentos, toda pessoa instrumentos e por isso eles devem ter as
envolvida deve ter conhecimentos sólidos informações acerca de exatidão e precisão
de Instrumentação, Metrologia e bem explícitas.
Estatística. O treinamento do pessoal é tão
Procedimentos
importante na qualidade que é mencionado
nas cláusulas 4.18 (ISO 9001), 4.17 (ISO O Sistema de Calibração de uma planta
9002) e 4.11 (ISO 9003). pode envolver dezenas e até centenas de
procedimentos administrativos e técnicos.
Gerência Toda calibração correta envolve o
O gerenciamento do Sistema de instrumento a ser calibrado, padrões,
Calibração e Ajuste deve ser bem operador e um procedimento escrito. O
dominado por todos os supervisores das procedimento escrito de calibração é o
áreas, que devem ter o total apoio da alta meio de tirar o máximo do bom
direção. equipamento e do operador treinado,
Este apoio significa definindo a interligação, seqüência de
1. quadro de pessoal suficiente, passos da calibração, dados a serem
2. facilidade de obtenção de micro- tomados e o grau de conformidade a ser
computadores modernos, conseguido.
O procedimento deve refletir a maneira
pela qual as coisas são realmente feitas. O

B.13
211
Normas ISO 9000

objetivo de um procedimento é assegurar 8. data de calibração - ajuste


que uma tarefa seja feita do mesmo modo, 9. data da próxima calibração
chegando-se aos mesmos resultados, feita programada
pela mesma pessoa em tempos diferentes 10. nome e assinatura do executante
ou feita por pessoas diferentes, 11. nome e assinatura do responsável
simultaneamente. Para tornar a tarefa pela aprovação
objetiva, o procedimento deve tirar toda 12. correções devidas à temperatura
subjetividade e vontade do operador. diferente da teórica e outros fatores.
O procedimento administrativo (PA) deve indicar É comum se encontrar registros
quando se deve fazer os ajustes necessários e o sucessivos com as leituras idênticas e
procedimento técnico (PR) e o registro (PP) devem redondinhas (4,00; 6,00; 8,00; 10,00;
indicar especificamente a classe de incerteza dos 12,00; 16,00; 18,00 e 20 mA cc). Isto é
instrumentos padrão usados, os valores estatisticamente impossível de ocorrer.
encontrados e os valores limites para se fazer os Estas anotações indicam que o
ajustes de calibração. instrumentista não leu corretamente as
leituras dos instrumentos, mas escreveu os
Por exemplo, deve haver um valores nominais esperados ou então usou
Procedimento Administrativo relacionado instrumento com classe de precisão
com a calibração de registradores insuficiente. Estes registros não podem ser
eletrônicos, um Procedimento Técnico considerados evidências de calibração.
relacionado com determinado registrador Estes registros são totalmente inúteis e
eletrônico, com entrada de milivoltagem de não permitem o Controle Estatístico de
termopar e deve haver uma tabela com Processo que já é recomendado pela
valores específicos para determinada norma ISO 9001 (JUL 94) e certamente
aplicação de registro de temperatura. será obrigatório na próxima revisão.
No mínimo, um procedimento Os registros preenchidos devem ser
administrativo deve ter os seguintes aprovados pelo Chefe de Divisão e pelo
tópicos: Supervisor da área. Esta aprovação deve
1. política ser séria e feita somente após a leitura
2. objetivo atenciosa dos dados registrados.
3. escopo Deve-se ser íntegro, escrevendo o que se lê e não o
4. responsabilidades que deva dar e nem o que o chefe quer.
5. definições
6. documentos associados Equipamentos e instrumentos
7. diagrama de blocos (flowchart)
8. descrição do diagrama de blocos Instalações de Processo
9. procedimento A maioria das instalações de medição e
10. distribuição e registros controle de processo está adequada para
Registros as necessidades metrológicas do
Nos registros devem ser anotadas as processo. Mesmo uma instrumentação
leituras dos instrumentos e nada mais que pneumática, com mais de dez anos de
as leituras. uso, pode ser adequada para atender as
No mínimo, um registro de calibração e necessidades metrológicas de um
ajuste deve ter os seguintes campos: processo pouco exigente.
1. identificação do instrumento (serial, Oficinas de Manutenção e de Reparo
tag, fabricante, modelo A oficina de Manutenção e Reparo deve
2. valores encontrados antes do ajuste ser reaparelhada para se adequar às
3. valores lidos depois do ajuste exigências do Sistema de Calibração e
4. valores limites aceitáveis Ajuste. Deve-se ter um ambiente limpo e
5. instrumentos padrão utilizados com agradável de se trabalhar, com locais
rastreabilidades válidas adequados para se armazenar e separar
6. local de calibração, com condições os instrumentos de processo e de teste.
ambientais estabelecidas
7. critério de aceitação

B.14
212
Normas ISO 9000

Laboratório de Metrologia interferência de rádio frequência (RF)


O Laboratório de Metrologia deve ser a devem ser conhecidos. A temperatura influi
referência metrológica de todas as áreas em comprimento, área, volume e nos
da empresa (Manutenção, Produção, parâmetros elétricos indiretos das
Laboratório). Com dinheiro suficiente, substâncias. A umidade altera a isolação
qualquer pessoa pode sair por aí e de plásticos e placas de circuito impresso
comprar um instrumento de calibração, e a condução de superfícies. A pressão
que sozinho não garante boas calibrações. atmosférica afeta o empuxo e o peso das
A chave é um conjunto fixo de massas. A calibração de instrumentos de
procedimentos e a disciplina em sua pressão absoluta requer o conhecimento
aplicação. Por isso, o Laboratório de exato da pressão atmosférica. A
Metrologia deve ser o modelo de disciplina aceleração da gravidade local deve ser
e rigor no cumprimento dos procedimentos conhecida, quando se tem padrões de
escritos. O Laboratório deve produzir uma pressão a pistão e a peso morto. Embora
listagem ou gráfico que mostre as variáveis os instrumentos geralmente não sejam
físicas, como pressão, temperatura, sensíveis à iluminação, os operadores o
voltagem ou corrente elétrica que podem são.
ser calibradas e a exatidão Estes cuidados e exigências do
correspondente. Laboratório de Metrologia devem ser bem
O Laboratório de Metrologia deve ter entendidos, pois seu objetivo é calibrar e
instrumentos padrão que sejam mais aferir os instrumentos padrão que calibram
precisos que os instrumentos calibrados. os instrumentos de processo. O
Nenhuma norma estabelece números Laboratório de Metrologia de uma empresa
obrigatórios de relação entre incerteza do é para atender as exigências do chão de
padrão e do instrumento calibrado, pois fábrica e não um laboratório científico para
esta relação depende do risco associado enviar foguetes no espaço sideral. As
com o processo de medição, que varia sugestões das normas estabelecem
para cada processo, por isso sugerindo também uma relação máxima entre as
varias relações. Algumas normas sugerem incertezas do instrumento calibrado e do
e justificam determinadas relações (MIL padrão, tipicamente em 10:1. Ter padrões
STD 45662 recomenda o mínimo de 4:1, o acima desta relação é um desperdício de
INMETRO recomenda 3:1), mas são dinheiro e não há nenhuma vantagem
apenas sugestões. Se uma empresa prática detectável. Por isso, toda aquisição
determina que a relação mínima entre as de padrão deve ser criteriosamente
incertezas do instrumento calibrado e do analisada sob o ponto de vista metrológico
padrão seja de 3:1, todos devem entender e econômico.
e administrar as conseqüências desta A empresa deve estabelecer a sua
relação, principalmente o Laboratório de política, definindo o número de degraus da
Metrologia. cadeia de rastreabilidade metrológica e
Consistentemente, o Laboratório de deve seguir esta política. A filosofia
Metrologia deve ter métodos de calibração recomendada para a cadeia metrológica
mais rigorosos e controlados. O de uma empresa de tamanho médio seria:
Laboratório de Metrologia deve ter 1. instrumentos de processo,
métodos de calibração monitorados por 2. padrões terciários, mantidos nas
computador, onde seja possível se calibrar oficinas de área, para calibrar os
muito mais pontos, diminuir a instrumentos de processo,
probabilidade de erros, apresentar 3. padrões secundários, mantidos no
certificados de calibração com melhor Laboratório de Metrologia, para
estética e mais compreensíveis ao usuário. calibrar os padrões terciários,
O Laboratório de Metrologia deve ter 4. os padrões secundários, calibrados
um ambiente controlado; com a fora da empresa
temperatura igual a 23 ± 5 oC, umidade O Laboratório de Metrologia é a
relativa entre 20 a 60%. A pressão interface entre a empresa e os laboratórios
atmosférica, gravidade e campos de externos, preferivelmente os da Rede

B.15
213
Normas ISO 9000

Brasileira de Calibração. Para ser eficiente, menores, para atender as incertezas


o Laboratório deve requeridas.
1. Garantir através de pedido bem Estas tarefas envolvem vários conceitos
especificado que todo instrumento importantes de Instrumentação, que se
enviado para os laboratórios não forem bem entendidos e aplicados, dá
externos seja calibrado e ajustado e resultados totalmente errados. Para isso, é
não apenas aferido. necessário entender e usar corretamente
2. Exigir que os padrões usados na 1. O conceito de malha de
calibração tenham uma determinada instrumentos, que tipicamente possui
incerteza (sugestão: mínima de 5 um sensor, um condicionador de
vezes). Quando se tem um sinal e um instrumento de display.
instrumento calibrado com incerteza 2. O discernimento de detectar os
igual à do padrão, o instrumento instrumentos que afetam a incerteza
herda a incerteza do padrão e a da medição em malhas
incerteza da medição com o multivariáveis, com vários
instrumento calibrado é igual à soma condicionadores de sinal; e.g., malha
das duas incertezas. de indicação de vazão com
3. Devolver o instrumento e não pagar compensação de pressão e
o serviço quando estas exigências temperatura.
não forem cumpridas. 3. O comportamento do operador na
4. Exigir que o algorítmo de cálculo de sua tomada de decisão, se usa a
incerteza seja definido indicação do indicador, a indicação
5. Solicitar a probabilidade ou o limite do controlador, o registro ou a
de incerteza real (2σ ou 3σ) totalização. Tem-se uma malha com
O Laboratório de Metrologia deve um tacômetro, um conversor, um
orientar claramente, de modo didático, o indicador local, um indicador no
uso de instrumento degradado ou painel e um registrador de painel;
estabelecer Procedimento para a onde apenas o indicador de painel é
adequação ao uso deste instrumento. usado pelo operador para tomar
decisões.
7.3. Comprovação Metrológica 4. O conceito de multiplexação, mesmo
quando mecânica, quando se tem
Introdução vários sensores, vários registradores
Na implantação do Sistema de e um único indicador, podendo ter
Calibração e Ajuste para a certificação da várias combinações de malhas.
ISO 9000, há as seguintes etapas: 5. O conceito de modularidade aplicado
1. o Processo lista as malhas de à instrumentação de SDCD e CLP,
instrumentos que impactam a onde a malha de indicação inclui a
qualidade do produto, estabelecendo interface entrada/saída (I/O) e a
os limites de incerteza para cada indicação do monitor de vídeo (tubo
grandeza indicada, de raio catódico).
2. a Instrumentação calcula ou mede as 6. As informações contidas nos
incertezas dos instrumentos já catálogos dos fabricantes, onde os
instalados, comprados sem nenhuma dados metrológicos são incompletos,
critério metrológico, há muitos anos errados por má fé ou por
atrás, incompetência ou inexistentes,
3. faz-se o consenso, para adequar ao 7. O bom senso para se usar fatores de
uso os instrumentos instalados, degradação e drift, devidos ao
quando algumas tolerâncias envelhecimento, influência do meio
requeridas devem ser aumentadas, ambiente agressivo e do padrão de
mantendo-se os instrumentos calibração indevido, determinando-se
existentes ou alguns instrumentos estes fatores através de dados
são mudados, com incertezas estatísticos e experimentos de
laboratório.

B.16
214
Normas ISO 9000

Composição das malhas processo são estabelecidos depois que a


Para fins de qualidade, a malha de Instrumentação calcula os valores das
instrumentos inclui apenas o elemento incertezas instaladas.
sensor, elemento condicionador de sinal e Há casos em que a incerteza calculada
o instrumento de display (indicador ou é maior que a requerida pelo processo.
registrador). Não é necessário considerar Mas, como a empresa já funciona há
os instrumentos de controle e o elemento muitos anos e o seu produto está dentro
final de controle. da especificação nominal, pode-se concluir
O que Sistema cuida é que a indicação que
esteja dentro dos limites de incerteza 1. a incerteza requerida pelo processo
estabelecidos pelo processo. Ocorre uma está errada e poderia ser maior ou
não conformidade quando se pensa que a 2. a malha de instrumentos não impacta
indicação está correta e se verifica que ela a qualidade final do produto.
está errada, quando se faz a aferição do Calibração por malha
instrumento indicador. A partir dessa não
Não imagine quando puder calcular e
conformidade, devem ser tomadas ações
não calcule quando puder medir.
corretivas e preventivas, inclusive rastrear
O aceitável é considerar a incerteza
o produto, quando isso for previsto por
medida do instrumento não-conforme
contrato.
associada com as incertezas máximas
Quando há problemas no controlador ou
dadas pelo catálogo dos fabricantes dos
no elemento final de controle, o produto sai
instrumentos. Porém, é preferível medir a
fora da especificação e instantaneamente,
incerteza da malha, em vez de calcular a
o operador percebe a não conformidade e,
incerteza total a partir das incertezas dos
em linha com o processo, atua no
instrumentos componentes. Isto é
processo para levar a indicação para os
conseguido facilmente, desde que a
limites previstos pelo processo.
empresa faça a calibração por malha e não
Cálculos de incertezas das malhas por instrumento. Além de se ter um
No cálculo das incertezas das malhas tratamento mais realista das não
do Sistema de Qualidade, o algoritmo de conformidades, tem-se várias outras
cálculo típico é aquele onde a incerteza vantagens, tais como:
total é a raiz quadrada da somas dos 1. gasta-se menos tempo na calibração
quadrados das incertezas individuais. por malha, pois uma malha típica tem
Os cálculos das incertezas devem ter a três instrumentos,
referência bibliográfica (catálogo de 2. a calibração é mais confiável, pois
fabricante, literatura técnica, registro). não se tem o risco de descalibrar o
instrumento na retirada, transporte e
Compatibilidade metrológica recolocação dos instrumentos,
A incerteza da malha de instrumentos 3. a calibração é mais exata, pois todos
instalada deve ser menor que a incerteza os efeitos da instalação são
requerida pelo processo. Este menor é considerados naturalmente.
vago, e por isso deve ser definida uma 4. tem-se a medição e não o cálculo da
relação numérica entre estas incertezas incerteza, coerente com a
(não use adjetivos, use números), recomendação metrológica de não
consistente com a política metrológica de imaginar quando puder calcular e
toda a empresa, pois há implicações nas não calcular quando puder medir..
incertezas dos padrões terciários, Obviamente, a calibração por malha
secundários e em toda cadeia de tem algumas desvantagens, como:
rastreabilidade. 1. necessidade de reescrever os
Geralmente, as incertezas requeridas procedimentos orientados para
pelo processo são arbitrariamente calibração de instrumentos
estabelecidas pela Produção ou; quando individuais,
há critérios, eles não são informados à 2. disponibilidade de padrões que
Instrumentação. Em algumas situações, os possam ser usados na área
valores das incertezas requeridas pelo industrial,

B.17
215
Normas ISO 9000

3. necessidade de medir as condições


de calibração (temperatura, umidade,
ambiente).
Como conclusão, é vantajoso se fazer a
calibração por malha (como regra) e, em
caso de não-conformidade, fazer a
calibração dos instrumentos individuais
(exceção).
Prevendo esta tendência mundial, os
fabricantes de instrumentos de teste e
calibração desenvolveram vários
instrumentos multitarefa para executar
calibrações na área industrial (Altek,
Beamex, Eutron, Fluke, Hathaway,
Rochester, Ronan, Transmation, Unomat).

Revisão 2000 da ISO 9000


As normas ISO 9000 terão uma revisão
em 2000. Já há testes de implementação
do rascunho (draft) desta revisão, antes da
finalização e publicação das normas ISO
9001 e 9004.

B.18
216
Conclusão final

Mesmo com as dificuldades inerentes à mudança de hábitos e motivação de pessoal,


ao ceticismo de uns e à omissão de outros, um Sistema de Calibração e Ajuste dos
Instrumentos pode funcionar bem e receber a certificação ISO 9002.
Todo mundo deve ter um treinamento contínuo, para haver um posicionamento
mental orientado para a equipe e para elevar o moral e a eficácia do pessoal.
Como recomendações finais, tem-se:
1. programar e executar um treinamento de todo pessoal envolvido no Sistema.
2. estabelecer com critério a lista das malhas que impactam a qualidade e garantem
a continuidade operacional da planta, com as suas respectivas incertezas.
3. fazer criteriosamente os cálculos das incertezas das malhas requeridas pelo
processo, considerando os parâmetros de especificações nominais, drift e
influências da instalação,
4. fazer um Manual de Qualidade e escrever um conjunto de documentos,
principalmente os procedimentos técnicos e administrativos, adequando os
conceitos de instrumentação e uniformizando a terminologia;
5. estabelecer uma política e procedimentos do Laboratório de Metrologia, tornando-o
centro de referência de todas as áreas da empresa, estabelecendo a comunicação
adequada com a Produção e Laboratório,
6. implantar um sistema adequado de microcomputadores na Oficina de Manutenção,
Laboratório de Metrologia e Laboratório Químico-Físico,
7. escolher um programa de gerenciamento do Sistema de Calibração e Aferição que
atenda as especificidades da empresa e rode nos computadores acima;
8. adquirir instrumentos de teste e aferição (padrões terciários) em quantidade
apropriada e com precisão metrologicamente consistente;
9. implantar um sistema de Controle Estatístico do Processo para os dados dos
registros de calibração;
10. estabelecer uma filosofia de calibração do sistema para aferição por malha, como
regra e aferição por instrumento, como exceção;


Apostila\Metrologia ApB-ISO9000.doc 26 MAI 97(Substitui 04 JUN 96)

B.19
217
C
Rede Brasileira de Calibração
Laboratório Cidade, Telefone Grandeza
UF s
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland São Paulo, SP (011) 268-5111 Dimensão
Força
ABSI - Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 914-8987 Pressão
Balitek – Instrumentos e Serviços Ltda São Paulo, SP (011) 215-0088 Dimensão
Pressão
Ceman – Central de Manutenção Ltda Camaçari, BA (071) 832-8586 Dimensão
Pressão
Cepel - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica Rio de Janeiro, (021) 767-2111 Eletricidade
RJ Tempo
Certi - Fundação Centro Regional em Tecnologias Florianópolis, (0482) 34-3000 Dimensão
Inovadoras SC Força
Pressão
Cetec - Fundação Centro Tecnológico de Minas Belo (031) 486-1000 Força
Gerais Horizonte, MG
Cetemp/Senai RS - Centro Tecnológico de Porto Alegre, (051) 592-5618 Dimensão
Mecânica de Precisão RS
CMPJ – Centro de Mecânica de Precisão de Joinville, SC (047) 432-0133 Dimensão
Joinville
Copel – Companhia Parananense de Energia Curitiba, PR (041) 366-2020 Eletricidade
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional Volta (0243) 44-705 Dimensão
Redonda, RJ
CST – Companhia Siderúrgica Tubarão Vitória, ES (027) 348-2162 Eletricidade
Pressão
Temperatura
CTA - Centro Técnico Aeroespacial São José dos (012) 340-3355 Dimensão
Campos, SP
Dresser Indústria e Comércio Ltda – Divisão de São Paulo, SP (011) 453-5477 Pressão
Manômetros Willy
Ecil S.A. Piedade, SP (0152) 44-3000 Temperatura
Embraco – Empresa Brasileira de (047) 441-2686 Dimensão
Compressores
Fucapi – Fundação Centro de Análise, Pesquisa (092) 237-5858 Dimensão
e Inovação Tecnológica
Furnas Centrais Elétricas SA Furnas, MG (035) 523-1001 Eletricidade
Tempo
Ibametro – Instituto Bahiano de Metrologia, Simões Filho, (071) 394-1172 Massa
Normalização e Qualidade Industrial BA
IEE/USP - Instituto de Eletrotécnica e Energia da São Paulo, SP (011) 815-2423 Eletricidade
Universidade de São Paulo
IFM - Instituto Fluminense de Metrologia SC Petrópolis, RJ (0242) 21-2652 Eletricidade
Ltda Pressão
Temperatura
INPE - Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais São José dos (012) 325-6274 Eletricidade
Campos, SP Tempo
Instituto Presbiteriano Mackenzie São Paulo, SP (011) 236-8766 Dimensão

C.1
218
Normas ISO 9000

Força
INT - Instituto Nacional de Tecnologia Rio de (021) 253-9294 Força
Janeiro, RJ
IOPE Instrumentos de Precisão Ltda São Paulo, SP (011) 265-4577 Temperatura
IPEI - Instituto de Pesquisas e Estudos São Bernardo (011) 419-0200 Dimensão
Industriais do Campo,
SP
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do São Paulo, SP (011) 268-2211 Dimensão
Estado de São Paulo SA Eletricidade
Força
Massa
Pressão
Temperatura
K&L Assistência Técnica em Instrumentos de (0474) 26-1712 Dimensão
Medição
Mitutoyo do Brasil Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 478-4544 Dimensão
Naka Instrumentação Industrial Ltda São Paulo, SP (011) 417-1177 Pressão
PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio Rio de Janeiro, (021) 259-5197 Dimensão
de Janeiro RJ Força
Pressão
Temperatura
PUC/RS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Porto Alegre, (051) 339-1511 Eletricidade
Grande do Sul RS Rádio
freqüência
Senai/RJ – Cetec de Metal Mecânica Euvaldo Lodi Rio de Janeiro (021) 569-1322 Dimensão
Sharp do Brasil S.A. Manaus, AM (092) 614-2533 Dimensão
Tempo
Siemens S.A. São Paulo, SP (011) 833-4405 Dimensão
Força
Pressão
Tempo
Tektronix Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 3741- Eletricidade
8417 Tempo
Tridmensional Leka’s Medições Ltda Rio de Janeiro, (021) 270-5888 Dimensão
RJ
Triel Engenharia Ltda Santos, SP (013) 227-5666 Eletricidade
Pressão
Unicamp - Centro de Tecnologia da Universidade Campinas, SP (0192) 39-1103 Dimensão
Estadual de Campinas
Yokogawa Elétrica do Brasil Indústria e Comércio São Paulo, SP (011) 548-2666 Eletricidade
Ltda Tempo

Fonte| CQ Qualidade, Maio 1997, p. 42




Apostila\Metrologia ApD-RedeCalibração.doc 26 MAI 97 (Substitui 11 MAI 96)

C.2
219
D
Fundamentos da Qualidade
Objetivos de Ensino
1. Apresentar a história da qualidade.
2. Conceituar qualidade e listar sua terminologia, características e aspectos.
3. Mostrar as três filosofias básicas de qualidade, segundo Deming, Crosby e Juran

1. História da Qualidade 1.2. Qualidade Moderna


Segundo Feingenbaum, a função
1.1. Primórdios qualidade nas organizações modernas, a
partir de 1900 evoluiu através dos
As técnicas de qualidade são usadas desde os seguintes estágios:
tempos antigos. Há quatro mil anos atrás, os 1. supervisor
egípcios mediam as pedras que usavam nas suas 2. inspeção
pirâmides. Os gregos e romanos mediam os 3. controle de qualidade
edifícios e aquedutos para garantir que eles 4. garantia da qualidade
estavam de conformidade com as especificações. 5. gerenciamento da qualidade total
As estruturas e arquiteturas dos romanos para
edifícios, igrejas, pontes, estradas até hoje causam Supervisor
admiração e inspiração. Entre 1900 e 1920, tem-se o período
chamado de Controle de Qualidade do
Durante a Idade Média até os anos 1900, a Supervisor A Revolução Industrial gerou a
produção de bens e serviços era confinada a produção em massa. O resultado foi o
indivíduos isolados ou grupos pequenos de especialista. O indivíduo não era mais
indivíduos. A qualidade era determinada e responsável pelo produto inteiro, mas
controlada pelo próprio indivíduo ou pelo grupo. somente de uma porção ou parte do
Este período foi chamado de Controle de produto. A desvantagem deste enfoque é
Qualidade do Trabalhador Os artesões a perda do senso de acompanhamento e
especificavam, mediam, controlavam e garantiam identificação do trabalhador com o seu
a qualidade das tintas, roupas, tapeçaria, produto. Nesta configuração apareceu a
esculturas e arquiteturas. Para garantir a figura do supervisor, que é responsável
uniformidade, os estudantes e aprendizes pela coordenação das diferentes tarefas e
cumpriam rigorosos programas de treinamento e operações. O supervisor que dirigia a
acompanhamento dos mestres. O volume da operação se tornou o responsável pela
produção era pequeno. O autor do trabalho se qualidade do produto final.
orgulhava dele e esta motivação garantia a
Inspeção
qualidade.
A qualidade moderna começou na
década de 1920. O período de 1920 e
1940 foi chamado de Controle de
Qualidade por Inspeção. O volume de
produção aumentou, com um grande
salto. Os produtos e os processos se
tornaram mais complicados. Como o

D.1
220
Fundamentos da Qualidade
número de trabalhadores se reportando departamento de inspeção pudesse
ao supervisor se tornou muito grande, controlar os processos de produção. A
ficou impossível o supervisor controlar inspeção de 100%, geralmente
rigorosamente as operações individuais impraticável, foi substituída pelos planos
de cada trabalhador. Os inspetores de amostragem, que foram aceitos e
verificavam a qualidade do produto após estudados. Em 1946, formou-se a
determinadas operações e no final. Havia American Society for Quality Control
padrões para serem comparados com os (ASQC). Em 1950, foi desenvolvida a
produtos. Quando haviam discrepâncias série de normas MIL-STD-105, associada
entre o padrão e o item do produto, os à qualidade.
itens eram separados. Os itens não- Qualidade, definida como
conformes podiam ser retrabalhados e conformidade com a especificação, era
quando isso não fosse possível, controlada durante a produção, em vez
rejeitados. de ser inspecionada nos produtos. A
Os primeiros grupos de qualidade responsabilidade pela qualidade foi
eram os departamentos de inspeção. transferida para um departamento
Durante a produção, os inspetores independente (QC), que era agora
mediam os produtos contra considerado o guardião da qualidade. O
especificações. Os departamentos de departamento QC era separado da
inspeção não eram independentes; eles fabricação, para ter autonomia e
geralmente se reportavam ao independência.
departamento de fabricação cujos Embora as condições fossem idéias
esforços eles inspecionavam. Isso para se explorar os benefícios do controle
apresentava um conflito de interesses, estatístico da qualidade, as indústrias
pois o departamento de inspeção americanas se mostraram preguiçosas e
rejeitava uma batelada de produtos não- pouco interessadas com estas teorias
conformes e o departamento de relacionadas com qualidade. Foi o Japão,
fabricação queria aproveitar essa totalmente destruído pela guerra, que
batelada de produtos para venda, adotou rigorosamente os planos de
independente da qualidade. Havia o controle de qualidade e se submeteu a
conflito entre as mensagens de "produção programas intensivos de treinamento e
a qualquer custo" e "qualidade é o mais educação. Foram para o Japão, como
importante". Neste ambiente, a qualidade consultores e professores, os americanos
do produto melhorava muito lentamente. W. Edwards Deming (1950) e Joseph M.
Durante este período, foram Juran (1954).
desenvolvidos os fundamentos
Garantia da Qualidade
estatísticos da qualidade e a Bell
Telephone Laboratories montou uma Na década de 1960, o controle da
equipe de pioneiros do estudo da qualidade evoluiu para Garantia da
qualidade, como Walter A. Stewhart Qualidade (QA - quality assurance). O
(controle estatístico de processo), H. G. departamento de garantia da qualidade
Romig e H.F. Dodge (planos de assegurava a qualidade do processo e do
amostragem). produto através de auditorias
operacionais, treinamentos, análises
Controle da qualidade técnicas. Os consultores de QA atuavam
No período de 1940 a 1960, a fase da nos departamentos onde realmente
evolução é chamada de Controle estava a responsabilidade pela qualidade.
Estatístico da Qualidade. Nesta etapa, os O QA é uma área funcional responsável
grupos de inspeção evoluíram para os pela inspeção dos produtos, calibração
departamentos de Controle da Qualidade dos instrumentos, teste dos produtos e
(QC). O início da Segunda Guerra inspeção da matéria prima.
Mundial requereu produtos militares sem Neste período surgiu o conceito de
defeitos. A qualidade do produto era Defeito Zero (ZD - zero defect), que se
crucial para ganhar a guerra e isso baseava na obtenção de produtividade
somente seria garantido se o através do envolvimento do trabalhador.

D.2
221
Fundamentos da Qualidade
Esse conceito era adequado para a ou boicote do esforço da qualidade. O
NASA (National Aeronautics and Space comitê executivo define uma política
Administration) em lançamento de realística, os gerentes estabelecem
foguetes e satélites. objetivos atingíveis, os engenheiros
No Japão, surgiu o conceito de projetam produtos funcionais, confiáveis e
círculos de controle de qualidade, atraentes, as recepcionistas são gentis e
baseado no estilo participativo do eficientes e os operadores fabricam um
gerenciamento. Este princípio assume produto sem defeitos.
que a produtividade irá aumentar através A orientação para o cliente final é
de um moral elevado e motivação, que essencial, pois suas necessidades
são obtidos através de consulta e mudam e a organização deve detectar
discussão em grupos informais. essas variações e se adaptar para
atendê-las. Adaptar significa projetar
Gerenciamento da Qualidade Total
produtos estéticos, fabricar produtos sem
Na década de 1970, quando o assunto defeitos, entregar os produtos em tempo
qualidade se tornou mais crítico, QA e com lucro. Uma organização deve
evolui para o Gerenciamento da projetar e produzir e entregar o que o
Qualidade Total (TQM - total quality cliente quer e não o que a organização
management) ou o gerenciamento da pensa que o cliente quer.
qualidade em toda a companhia (CWQM
- company-wide quality management).Os 2. Conceito de Qualidade
grupos de qualidade da companhia são
menores, com mais autoridade e menor A noção de qualidade pode ser
responsabilidade direta pela qualidade. dividida em cinco categorias:
Por exemplo, o grupo de qualidade tem 1. transcendental,
autoridade para impedir a saída de um 2. baseada no produto,
produto defeituoso da porta da fábrica, 3. baseado no usuário,
enquanto a responsabilidade do controle 4. baseada na fabricação e
de qualidade atua no operador do 5. baseada no valor.
departamento de fabricação. Ainda foram identificados oito atributos
A qualidade está associada com cada na definição da qualidade:
indivíduo. O programa de qualidade total 1. desempenho,
envolve toda a organização, 2. características,
desenvolvendo e implantando uma ética e 3. confiabilidade,
cultura de qualidade. O foco do programa 4. conformidade,
é toda a companhia, orientado para o 5. durabilidade,
usuário e realizado competitivamente. 6. utilidade,
A qualidade não fica apenas em um 7. estética e
departamento. Para fabricar um produto 8. percepção da qualidade.
com qualidade ou entregar um serviço O termo qualidade pode ser definido
com qualidade requer a atenção e de vários modos, dependendo do
envolvimento de todos da organização. É enfoque e perspectiva do usuário.
responsabilidade da pessoa que faz Qualidade é:
diretamente o trabalho, da recepcionista 1. conformidade com especificações e
que atende alegremente as pessoas, da normas aplicáveis (Crosby)
telefonista que se comunica com o 2. adequação (fitness) ao uso (Juran)
mundo externo, do gerente que 3. satisfação das vontades,
supervisiona os empregados, do necessidades e expectativas do
instrumentista que mantém os comprador a um custo competitivo
instrumentos em operação, do 4. adequação do produto ou serviço
responsável pela embalagem do produto. ao seu uso pretendido como
Cada elemento da organização, desde o requerido pelo usuário.
comitê executivo que estabelece a
política de qualidade até a recepcionista
na portaria da firma, contribui para o êxito

D.3
222
Fundamentos da Qualidade
2.1. Conformidade comprador. O comprador é a razão da
existência da organização, mas o
Toda organização, se lucrativa ou sem
fabricante ou o fornecedor do serviço
fins lucrativos, de fabricação, serviços,
deve ter o seu lucro. Muitos clientes não
privada ou pública, tem especificações e
compram um produto ou serviço, a não
normas, que são elaboradas por
ser que ele tenham um preço razoável.
organizações para medir o desempenho e
corrigir os desvios dos níveis esperados.
3. Características da Qualidade
Por exemplo, em uma operação de
fabricação, as especificações detalham Pode haver um ou mais elementos
limites dimensionais, atributos físicos de para definir o nível de qualidade de um
uma característica da qualidade de uma produto ou serviço. Esses elementos são
peça. Em uma operação de serviço, as chamados de características da
normas estabelecem os métodos qualidade. Estas características podem
aprovados de comportamento ou serviço. ser agrupadas de vários modos:
estrutural, sensorial, tempo e ético.
2.2. Adequação ao uso As características estruturais incluem
A associação da qualidade com a as grandezas físicas como comprimento,
adequação ao uso é de Joseph Juran. É área, volume, massa, peso, resistência,
uma definição baseada no mercado e no viscosidade, densidade e muitas outras
comprador. Um produto ou serviço é variáveis de processo incluídas na
adequado para uso se ele satisfaz as instrumentação e controle do processo.
necessidades e exigências do comprador. As características sensoriais incluem o
É possível se ter um produto que gosto de uma comida, cheiro de um
esteja de conformidade com o uso em perfume, beleza de um modelo. As
termos de satisfação do comprador mas características que dependem do tempo
não se conforme com a especificação. A incluem a garantia, confiabilidade,
especificação de acabamento de mantenabilidade. As características éticas
superfície foi desenvolvida para um incluem honestidade, cortesia, amizade.
produto de consumo. A condição do As características da qualidade podem
acabamento da superfície é importante ser agrupadas em duas grandes classes:
porque ela melhora a aparência do variáveis e atributos.
produto e sua facilidade de venda. As
especificações foram escritas para todas 3.1. Variável
as superfícies, internas e externas. Variável é a característica que pode
Porém, se a superfície interna do produto ser medida e expressa por um valor
não está de conformidade com a norma e numérico, unidade e um limite de
como ela não pode ser vista pelo incerteza. São exemplos de variáveis:
comprador, ela não influencia 1. o diâmetro de eixo, como 10,0 ±0,1
negativamente na sua decisão de compra mm
e portanto a não-conformidade é aceita. 2. a massa de um corpo, como 8,5 ±0,2
Assim, um produto com uma imperfeição kg
pode ser adequado ao uso se tal 3. a densidade relativa de um fluido em
imperfeição não afeta seu desempenho, relação à agua, como 0,8
segurança ou atração para a venda. (adimensional)
4. a resistência elétrica de uma bobina,
2.3. Satisfação do comprador a um
como 24 Ω.
preço competitivo 5. o volume de um frasco, como 1,0 litro.
A qualidade do produto ou serviço é a
habilidade do produtor ou prestador de 3.2. Não-conformidade
serviço satisfazer as necessidades do Uma não conformidade é uma
comprador, ainda sendo capaz de ter característica de qualidade que não
lucro. Esta definição envolve os dois satisfaz a especificação requerida
lados da questão: o fornecedor e o estabelecida. Por exemplo, seja a

D.4
223
Fundamentos da Qualidade
espessura nominal de uma arruela de 5,0 ou não (defeituoso). O termo moderno
±0,2 mm. Uma arruela com espessura de para item defeituoso é item não-
5,1 mm é conforme e boa; uma arruela conforme. A definição do American
com 5,3 mm tem a espessura não- National Standards Institute (ANSI) e
conforme e deve ser retrabalhada para American Society for Quality Control
ficar dentro do especificado. (ASQC) é a seguinte (ANSI/ASQC A3,
Uma unidade não-conforme é aquela 1987):
que possui uma ou mais não- Defeito é um afastamento de uma
conformidades, de modo que a unidade característica de qualidade de seu nível
não é capaz de satisfazer a especificação ou estado pretendido que ocorre com
estabelecida e portanto, incapaz de uma gravidade suficiente para fazer o
funcionar como previsto. Uma peça com produto ou serviço associado não
o peso e o comprimento fora das satisfazer a exigência de uso pretendida,
tolerâncias estabelecidas é uma unidade de modo visível
não-conforme e como tal, deve ser
retrabalhada ou se isso não for possível, 3.5. Padrão e Especificação
rejeitada e jogada fora. Como a definição de qualidade
envolve a satisfação do usuário, as
3.3. Atributo necessidades do usuário devem ser
Atributo é uma característica de documentadas. Uma norma ou
qualidade se ela só pode ser classificada especificação se refere ao
como conforme ou não conforme, boa ou estabelecimento preciso que formaliza as
ruim, satisfaz ou não satisfaz, de acordo necessidades do usuário. Eles podem ser
com uma determinada especificação. referir a produto ou processo ou serviço.
O atributo é a característica da Por exemplo, a especificação de uma
qualidade que geralmente não pode ser peça pode incluir o diâmetro interno de
medida em uma escala numérica. Por 4,0 ±0,1 cm, diâmetro externo de 10,0
exemplo, o cheiro de um perfume, a cor ±0,2 cm, comprimento de
de um tecido são atributos, pois são 12,0 ± 0,3 cm. Isto significa que uma
caracterizados como aceitável ou não- peça aceitável deve satisfazer cada uma
aceitável. das dimensões acima, dentro das
Às vezes, uma variável pode ser tolerâncias estabelecidas.
considerada como atributo. Por exemplo, Segundo o National Institute of
o diâmetro de um eixo a ser usado em Standards and Technology (NIST),
um conjunto, é rigorosamente uma especificação é um conjunto de
variável, com uma dimensão, unidade e condições e exigências, de aplicação
tolerância. O eixo poderia ser medido por limitada ou específica, que fornece uma
um paquímetro ou micrômetro e o descrição detalhada do procedimento,
operador iria classificá-lo como conforme processo, material, produto ou serviço,
ou não-conforme. Uma alternativa mais para uso principalmente em compra e
rápida, seria comparar o diâmetro do eixo fabricação. Normas podem ser referidas
com um padrão ou inserir o eixo em um ou incluídas em um especificação.
furo padrão, de modo que ele seria Norma é um conjunto escrito de
classificado rapidamente como conforme condições e necessidades, de aplicação
ou não-conforme. A grande vantagem de geral ou restrita, estabelecida por uma
considerar o indicador bom ou não-bom é autoridade ou acordo, para ser satisfeita
a economia de tempo no teste. por um material, produto, processo,
procedimento, convenção, método de
3.4. Defeito teste; relacionada com características
Defeito está associado com uma físicas, funcionais, desempenho ou de
característica de qualidade que não conformidade.
satisfaz a especificação. A gravidade de Padrão é a representação física de
um ou mais defeito em um produto ou uma unidade de medição ou uma receita
serviço pode determinar se ele é aceitável

D.5
224
Fundamentos da Qualidade
que define o método para se obter uma
Custo
unidade de medição. Custo

4. Aspectos da Qualidade Valor

Três aspectos são usualmente


associados com a definição de qualidade:
qualidade de projeto, qualidade de
conformidade e qualidade de
desempenho.
Nível de qualidade
4.1. Qualidade de Projeto projetado

A qualidade de projeto trata das


condições restringentes que o produto ou
serviço deve possuir, no mínimo, para Fig. 1. Custo e valor em função do nível de
satisfazer as necessidades do usuário. qualidade
Isso implica que o produto ou serviço
deve ser projetado para satisfazer 4.2. Qualidade de conformidade
minimamente as necessidades do
consumidor. A qualidade de conformidade implica
O projeto deve ser o mais simples e o que o produto fabricado ou serviço
mais barato e ainda satisfazer as prestado deve satisfazer as normas
expectativas do usuário. A qualidade de selecionadas na fase de projeto. Com
projeto depende de fatores como: tipo do relação ao setor de fabricação, esta fase
produto, custo, política de lucro, demanda está relacionada com o grau onde a
do produto, disponibilidade de peças e qualidade deve ser controlada, desde a
materiais e segurança. Por exemplo, seja compra das matérias primas até a
um cabo de aço cujo nível de qualidade entrega para o comprador. Esta fase
requeira uma resistência para suportar consiste de três etapas:
100 kg/cm2. Quando se projeta tal cabo, 1. prevenção de defeito
selecionam-se os parâmetros do cabo 2. procura de defeito
para ele suportar, no mínimo, esta 3. análise do defeito e conserto.
tensão. Na prática, o cabo é A prevenção de defeito significa evitar
superdimensionado, de modo que a que a ocorrência de defeitos e é usualmente
a condição desejada seja excedida. conseguida através de técnicas de
Assim, quando se projeta um cabo com controle estatístico de processo. A
25% além da especificação, o cabo pode procura de defeito é conduzida através de
suportar tensão de 125 kg/cm2. inspeção, teste e análise estatística dos
Geralmente, quando se aumenta o dados do processo. Finalmente, as
nível de qualidade projetada, o custo causas de defeito são investigadas e são
sobe de modo exponencial. Porém, o tomadas ações corretivas.
valor do produto aumenta de um modo A qualidade de projeto tem um impacto
crescente no início e depois permanece na qualidade de conformidade. É claro
praticamente constante, além de um que deve ser possível produzir o que é
determinado nível de qualidade. A figura projetado. Por exemplo, se a
mostra as curvas do custo do produto e o especificação de projeto para o
seu valor. Observa-se que abaixo do nível comprimento de um pino de aço é 20,0 +-
de qualidade c, o valor é sempre menor 0,2 mm, deve-se ter um projeto
que o custo do produto; além do nível, o envolvendo ferramentas, materiais e
custo fica maior que o valor do produto e métodos que produza o pino com esta
ele fica impraticável. Esta curva serve especificação. Se o sistema de produção
para escolher o nível mais conveniente de consegue esta peça com esta
qualidade de projeto. especificação, o produto é fabricado com
esta especificação. Se o processo é
capaz de produzir a peça com

D.6
225
Fundamentos da Qualidade
especificação de 5. Gerenciamento da Qualidade Total
20,0 ±0,4 mm, a fase do projeto deve ser
revista. Se for possível fabricar pinos 5.1. Introdução
somente com a tolerância de 20,0 ±0,4, a
especificação do produto é alterada. Em uma economia global, a fabricação
Caso seja mandatória a especificação de de produtos e a execução de serviços
20,0 ± 0,2 mm, deve-se alterar a não possui fronteiras. Uma indústria
ferramenta ou o método de produção, automobilística pode ter o gerenciamento
certamente com aumento do custo final na Alemanha, fabricar o motor no México,
do produto. Enfim, deve haver uma montar o carro no Brasil e vendê-lo e
constante interação entre o projeto e a prestar assistência técnica na Arábia
produção de modo que o projetado possa Saudita. Este carro, da concepção,
ser realmente fabricado. fabricação e entrega, deve incorporar
qualidade.
Na Europa, a International Standards
Organization (ISO) desenvolveu normas
(série 9000) para estabelecer uma
Qualidade
linguagem comum e entendimento dos
principais termos e conceitos na
qualidade. Nos Estados Unidos, o
American National Standards Institute
(ANSI) é a organização responsável pela
Qualidade de emissão de normas. As normas ANSI são
Conformidade tecnicamente equivalentes às normas
ISO.
As normas se referem à fabricação de
produtos e execução de serviços, pois
estes parâmetros estão quase sempre
Qualidade Qualidade de associados. Na maioria dos casos, um
de Projeto Desempenho fabricante de produtos é também um
entregador de serviços. Por exemplo,
Fig. 2. Aspectos da qualidade quando se pede uma refeição no
restaurante, a componente serviço da
comida é tão importante quanto a
componente produto, que é a comida em
si. O maître toma o pedido do cliente com
4.3. Qualidade de Desempenho todas as especificações da comida, o
A qualidade de desempenho está cozinheiro faz a comida usando produtos
relacionada com a operação do produto comprados de diversos fornecedores, o
quando realmente posto para usar ou garçom entrega a comida e serve o
quando o serviço foi executado e se cliente, de modo educado e cuidadoso. O
mede o grau de satisfação do ambiente deve ser adequado para a
consumidor. A qualidade de desempenho conversação, com música ambiente
é função da qualidade de projeto e da suave e temperatura adequada. E a conta
qualidade de desempenho. O teste final deve ser honesta para o cliente e deve
do produto é sempre feito pelo dar lucro ao dono do restaurante.
consumidor. A satisfação de suas Quando a qualidade dos bens e
expectativas é o principal objetivo. Se um serviços complexos deve ser controlada e
produto não funciona como é esperado, garantida, deve-se implantar um
deve-se fazer ajustes nas fases de programa de qualidade total. O objetivo
projeto e de conformidade. do programa é medir, detectar, reduzir,
eliminar e evitar deficiências na
qualidade. Deficiências podem ser
1. produtos com defeito
2. serviços descorteses

D.7
226
Fundamentos da Qualidade
3. entregas demoradas Para um mercado estabelecido, pode-
4. falta de assistência pós-venda se ter uma versão melhorada do produto
existente com preço equivalente, ou um
5.2. Sistema de Qualidade Total produto similar com preço mais baixo.
Pode-se também desenvolver um produto
Um sistema de qualidade é
especializado para um segmento de um
estabelecido na estrutura operacional de
mercado estabelecido. Esse produto
toda a companhia e planta, documentado
satisfaz as necessidades de um
em procedimentos efetivos e integrados
segmento específico do mercado alvo.
relativos ao gerenciamento e trabalhos
O marketing também identifica as
técnicos, para orientar as ações
necessidades, vontades e expectativas
coordenadas das pessoas, máquinas e
de produtos e serviços. Quase todo
informações da companhia e planta do
produto tem um componente serviço
modo melhor e mais prático possível para
associado, que é tão importante quanto o
garantir a satisfação da qualidade do
componente produto. Por exemplo, quem
usuário e custos econômicos da
compra um microcomputador IBM compra
qualidade.
também o serviço que está associado
5.3. Malha da Qualidade com o nome IBM.
Assim que as necessidades do usuário
Os principais elementos da malha de são identificadas, elas são comunicadas à
qualidade de um programa de organização em termos de um conjunto
gerenciamento de qualidade total, de necessidades resumidas em uma
conforme são os seguintes: especificação do produto. As
1. Marketing e pesquisa de mercado necessidades do cliente se transformam
2. Projeto, especificação, engenharia gradualmente em especificações do
e desenvolvimento do produto produto e do serviço, como
3. Procurement características de desempenho, estética,
4. Planejamento e desenvolvimento do embalagem, preço, exigências legais.
processo Finalmente, o marketing estabelece
5. Produção uma informação, monitoração e sistema
6. Inspeção, teste e exame de realimentação negativa. As
7. Embalagem e armazenamento necessidades do usuário se alteram e
8. Venda e distribuição uma organização deve continuamente se
9. Instalação e operação acomodar a essas alterações através do
10. Assistência técnica e manutenção ciclo de vida do produto. Se não houver
11. Descarte depois do uso esta adaptação, os produtos e serviços
Marketing e pesquisa de mercado irão envelhecer e não mais irão satisfazer
as necessidades do usuário.
A responsabilidade do marketing é A maioria dos produtos segue um ciclo
identificar o mercado, identificar as de vida consistindo de quatro estágios:
necessidades do cliente, desenvolver introdução, crescimento, maturidade e
uma descrição resumida do produto e declínio. Esses quatro estágios mostram
estabelecer um sistema de controle à o perfil de vendas de um produto.
realimentação negativa (feedback). Quando um produto é introduzido no
Um mercado pode ser inteiramente mercado, as vendas podem ser baixas
novo, já estabelecido ou um segmento de por que as pessoas ainda não conhecem
um mercado estabelecido. Pode-se o produto ou não conhecem os benefícios
desenvolver um produto totalmente novo resultantes de seu uso ou o produto pode
para um mercado novo. Este produto tem ter um preço muito alto. Em seu estágio
um preço normalmente muito elevado, de crescimento, através da propaganda,
para recuperar alguns custos de as pessoas tomam conhecimento de seus
desenvolvimento e pesquisa. Esse novo benefícios potenciais ou de sua
produto inicialmente não tem competição habilidade de satisfazer suas
e de modo que se alguém quiser comprá- necessidades. As vendas crescem. No
lo, deve pagar o seu alto preço. estágio de maturidade, os competidores

D.8
227
Fundamentos da Qualidade
desenvolvem produtos melhores com A qualidade no projeto é essencial
mesmo preço ou produtos com igual para um produto final ser livre de defeitos,
desempenho mas com preço menor. As seguro e confiável. Projeto ruim causa
vendas permanecem estáveis. falha prematura do produto. Se os erros
Finalmente, no estágio de declínio, a de projeto não são corrigidos, eles são
competição força a organização repetidos em cada produtos fabricado. O
desenvolver novos produtos ou abaixar o projeto bom implica em segurança e
preço do produto existente. De qualquer saúde. Se uma planta nuclear não é
modo, as vendas caem. projetada e construída com a segurança
em mente, um acidente pode liberar
Projeto, especificação, engenharia e
radioatividade na atmosfera, resultando
desenvolvimento do produto
em mortes (Chernobyl e Three Mile
A engenharia usando o resumo do Island).
produto, transforma as necessidades do O projeto também deve considerar a
usuário em especificações técnicas para confiabilidade, o efeito a longo prazo da
materiais, produtos e processos. No qualidade. Produto confiável é aquele que
desenvolvimento do produto, são raramente se estraga. Quando estragado,
considerados os seguintes parâmetros: o produto deve ser rapidamente
necessidades do usuário, custo, consertado. O instrumento é considerado
facilidade de fabricação e de teste e muito disponível quando raramente se
qualidade do projeto. estraga e é facilmente consertado.
A engenharia primeiro desenvolve uma
ideia e o conhecimento do que o usuário Matéria prima
quer ou espera. Geralmente, as Dependendo do produto e da indústria,
necessidades, vontades e expectativas muitos fabricantes usam cerca de 70% de
do usuário são vagas e a engenharia seu material de fornecedores externos.
somente tem uma ideia abstrata do Um produto final só é de boa qualidade
mercado. O marketing deve obter quando os seus componentes adquiridos
informações dos grupos enfocados, forem de boa qualidade. Assim, a compra
amostragens, pesquisas e outras fontes. e o controle de compra das matérias
O marketing acredita que a organização primas e peças de terceiros são
pode desenvolver um produto ou serviço fundamentais para a qualidade do
para satisfazer estas exigências. A produto final.
engenharia então determina se é possível Deve-se selecionar e monitorar os
desenvolver o produto dentro do tempo e fornecedores. A seleção dos
orçamento estabelecidos. fornecedores é um processo formal que
Mesmo durante as considerações da avalia os fornecedores quanto à sua
satisfação do cliente, os custos do habilidade de fabricar um produto sem
produto e sua entrada são sempre defeito, com preço competitivo, entregue
considerados. Se um produto tem um alto no tempo combinado e com suporte de
preço e uma imagem de qualidade, ele serviço adequado. A monitoração dos
vende pouco, o mercado é rico mas não é fornecedores garante que seus produtos
um mercado de massa. estão de conformidade com as
Às vezes, o engenheiro projeta um especificações. A monitoração inclui
produto no terminal do computador e não auditorias nas dependências do
solicita informação ou ajuda quanto à sua fornecedor relativas ao seu sistema de
capacidade de ser construído. Um qualidade, teste e melhoria do produto.
produto projetado com pequenas Um fabricante é um comprador de
tolerâncias é, às vezes, impossível de ser seus fornecedores. O comprador deve
fabricado ou operado. Tolerâncias muito comunicar aos seus fornecedores as
pequenas ou muito grandes podem suas especificações detalhadas, com
resultar em falhas prematuras, causadas desenhos, ordens de compra e contratos.
pela interferência de peças muito As necessidades do usuário devem
encaixadas ou muito folgadas. incluir:

D.9
228
Fundamentos da Qualidade
1. características de qualidade do determinados. Pode-se implantar o
produto controle estatístico de processo, que
2. características de serviço engloba as seguintes idéias básicas:
3. ambiente de operação 1. qualidade é a conformidade com as
4. identificações precisas de estética e especificações
grau de qualidade 2. processos e produtos variam
5. instruções de inspeção sempre
6. especificações do produto 3. as variações nos processos e
produtos podem ser medidas
Processo, planejamento e
4. as variações seguem padrões
desenvolvimento
identificáveis
Os processos de produção, quer 5. as variações devidas a causas
sejam de inspeção, montagem ou assinaláveis distorcem o formato da
fabricação, devem ser planejados para distribuição normal
que operem corretamente sob condições 6. as variações são detectadas e
controladas. Isto significa que os controladas através do controle
equipamentos de fabricação, produção e estatístico do processo.
os instrumentos de medição são O controle estatístico de processo
monitorados, calibrados e controlados envolve a comparação da saída de um
conforme programas elaborados para processo ou serviço com uma norma ou
fabricar produtos sem defeitos. A padrão e a tomada de ações corretivas
variabilidade causada pelos operadores, em caso de discrepância entre as duas.
materiais, métodos e máquinas é mantida O controle estatístico também envolve a
dentro de limites mínimos exequíveis. As determinação da habilidade de um
operações de produção são detalhadas. processo fabricar um produto que
As instruções de trabalho e manutenção satisfaça as especificações ou
são seguidas. O pessoal envolvido é necessidades desejadas.
treinado.
Inspeção, teste e exame
Produção
Inspeção, teste e exame são aplicados
A produção torna realidade o projeto a processos e produtos. O nível de teste
da engenharia. Os desenhos e depende do produto, do risco ao
especificações são transformados em consumidor, risco ao produtor, custo e
produto. Produção é um termo legislação vigente. Por exemplo, produtos
abrangente que inclui montagem, envolvendo a saúde e segurança públicas
fabricação e inspeção em linha. tem riscos associados com o produtor e o
A responsabilidade pela qualidade fica consumidor, se o produto falha. Este tipo
com o operador e o supervisor de de produto deve ser regulado por leis
produção. O supervisor de produção deve governamentais, que incluem testes e
comunicar a importância da qualidade ao inspeção. Por exemplo, produtos
pessoal da linha de montagem. Deve alimentícios e farmacêuticos possuem
haver uma dedicação honesta na legislação federal específica, que
perseguição e obtenção da excelência e estabelece testes, fabricação e
uma interminável e contínua melhoria. Se distribuição.
o programa de qualidade é apenas A qualidade do produto é somente tão
retórico ou teórico, o trabalhador da linha exata quanto os instrumentos de medição
de produção ou o operador do processo usados para verificar sua qualidade. Isto
sente a manipulação, rejeita-a e não se implica que qualquer instrumento de
empenhará para que o produto final tenha medição deve ser exato e preciso para
a qualidade desejada. fornecer o gerenciamento com suficiente
Assim que um processo entra em confiança nas decisões e ações
operação, ele é controlado manual ou baseadas nas medições. Indicadores
automaticamente para garantir as locais, instrumentos e equipamentos de
características de qualidade e quantidade teste automático devem ser escolhidos
do produto, dentro de limites para satisfazer ou exceder as exigências

D.10
229
Fundamentos da Qualidade
do usuário. Todo instrumento de medição do produto, mesmo antes de ser usado. É
deve ser calibrado ou aferido em importante monitorar e corrigir essa
intervalos regulares, com padrões situação porque ela afeta as vendas
apropriados. Todo padrão, em qualquer futuras.
nível hierárquico deve ser calibrado ou
Instalação e operação
aferido também em intervalos regulares,
nas próprias dependências ou em Produtos industriais complexos podem
laboratórios externos. requerer ferramentas, equipamentos,
A qualidade do produto pode ser métodos especializados ou pessoal
verificada através da entrada, em linha treinado para a sua instalação e
com o processo ou através da inspeção operação. Em um mínimo, as máquinas e
final. A matéria prima examinada quando produtos complexos devem ter manuais
chega. O controle estatístico do processo detalhados e claros, que descrevem a
é usado para controlar o desempenho em instalação e operação seguras. A
linha do processo. A inspeção final ocorre documentação de instalação e operação
antes que o produto é enviado para a inclui instruções de montagem, reparo,
estocagem ou para o usuário. instalação e operação, lista de peças de
O grau e a frequência da inspeção reposição e informação de serviço do
depende da importância da característica produto.
da qualidade e da capacidade do Assistência técnica e manutenção
processo. Se a qualidade de um produto
Assim que o produto é vendido, o
é essencial ao desempenho do produto,
comprador de um produto técnico ou
então o produto pode ser 100%
complexo poderia requerer assistência
inspecionado.
técnica para manter sua operação.
Embalagem e armazenamento Assistência técnica pode se resumir em
A qualidade somente pode ser mantida responder perguntas por telefone. Serviço
se os produtos são embalados, pós-venda de equipamento complexo
armazenados, manipulados e pode significar o envio de um técnico
transportados adequadamente. A especializado para reparar, substituir,
embalagem adequada protege o manter ou modificar uma peça sofisticada
conteúdo contra perigos devidos a do equipamento. A assistência técnica
vibração, choque mecânico, calor, pós-venda cria lealdade ao produto ou à
abrasão e corrosão. Alguns produtos marca, que gera novas vendas.
requerem cuidados especiais no Jogada fora depois do uso
armazenamento, manipulação e
Após o uso, um produto descartável
embalagem. Por exemplo, circuitos
deve ser jogado fora de modo adequado
eletrônicos integrados devem ser
e seguro. Se o produto não tem mais vida
embalados em sacos envelopes
útil, ele deve ser jogado fora. Porém, um
antiestáticos; produtos alimentícios
produto pode ter sua vida estendida,
perecíveis devem ser transportados em
quando reparável. Se ele deve ser jogado
containers refrigerados; equipamentos
fora, isso deve ser feito de modo a não
que entram em contato direto com
prejudicar a segurança, saúde ou
oxigênio, cloro ou outro oxidante forte
ambiente. Por exemplo, a legislação
deve ser isento de pó e óleo.
cuida e regula o lixo de produtos químicos
Vendas e distribuição tóxicos.
Assim que o produto é vendido, ele Depois que um produto sai da malha
deve ser entregue ao comprador em de qualidade, a malha recomeça com um
estado intacto, no prazo combinado e de outro produto, novo ou melhorado. Há
modo cortês. Se o produto é danificado muito poucos produtos ou serviços que
durante o transporte, o problema deve ser não seguem a malha da qualidade, por
tratado efetiva e eficientemente com o que os produtos devem se adaptar às
comprador. Se o pessoal de entrega é variações do mercado ou desaparecer.
mal educado, cria-se uma má impressão

D.11
230
Fundamentos da Qualidade

Marketing e pesquisa de

Jogado fora depois do


Engenharia do projeto e
especificação do produto

Assistencia técnica e
manutenção
Compra de matéria
prima e peças
Instalação e operação

Planejamento e
Venda e distribuição desenvolvimento do processo

Embalagem e Produção

Inspeção, teste e

Fig. 4. Malha típica de qualidade, conforme ANSI/ASQC Norma Q94: Quality Management
and Quaality System Elements – Guide lines.

D.12
231
Fundamentos da Qualidade

inspecionar ou testar o produto para


6. Inspeção e Prevenção verificar sua conformidade com a
especificação. Se aceitável, o produto é
6.1. Inspeção embalado e enviado para o comprador. Se
rejeitado, o produto é jogado fora ou
A prevenção de defeitos, não enviado de volta para o processo para
conformidades, falhas e imperfeições é a retrabalho. Pelo tempo que o produto é
filosofia básica do programa de qualidade. processado, adiciona-se valor ao produto
A prevenção diminui os defeitos, melhora em termos de trabalho direto, matérias
os processos e eventualmente diminui os primas, equipamento e treinamento. Neste
custos. Os conceitos de inspeção e ponto, se um produto é jogado fora ou
prevenção são diferentes. retrabalhado, perde-se valor.

6.2. Modo Prevenção

Valor adicionado Custo adicionado No modo prevenção, as entradas são


Máquina
Operador
as mesmas. Também, o processo pode ter
Material Process Inspeçã de um a 100 passos e adiciona-se valor
Métodos Consumidor em cada passo. No modo prevenção, o
Ambiente
processo é controlado. A diferença básica
Produto retrabalhado Produto descartado entre inspeção e prevenção é que durante
Custo adicionado Custo adicionado o processo, o operador continuamente
mede peças e ajusta o processo se a
Modo detecção – inspeção característica desvia dos limites
calculados. O operador evita que ocorram
defeitos, controlando a saída da operação.
Valor adicionado
Consumido O objetivo é enviar produtos sem defeitos
Máquina
r satisfeito ao usuário.
Operado
r Processo
7. Medição
Material
Métodos A qualidade é somente tão boa quanto
Mediçã o instrumento de medição.
A medição é importante por que a
qualidade das decisões de gerenciamento
Ajustes subsequentes é somente tão confiável
quanto os dados obtidos através dos
Modo prevenção – controle de processo instrumentos de medição. Muitas análises
de qualidade assumem que os dados da
Fig. 6. Comparação entre operações de medição são exatos e precisos, mas nem
inspeção e prevenção sempre isso é garantido. Os instrumentos
de medição podem ser de má qualidade
(imprecisos) ou descalibrados (inexatos).
As entradas são as mesmas nos Mais ainda, os instrumentos podem estar
processos de inspeção e prevenção: podem estar mal aplicados, abusados,
máquina, operador, material, método e ultrapassados e estragados.
ambiente. Cada uma dessas entradas é Assim como o produto de um processo
uma causa potencial de dispersão ou de fabricação pode variar durante um
variação das características do produto. As período de tempo, a saída de um
operações de fabricação ou montagem instrumento complexo de medição pode
processam as entradas, adicionando valor variar com o tempo. O controle da
em cada passo operacional. qualidade é responsável pela seleção do
Um processo pode ter de um até 100 instrumento apropriado e pela manutenção
passos. No final do primeiro passo ou no de sua exatidão. A exatidão é estabelecida
centésimo passo, um operador pode e mantida através de um programa

D.13
232
Fundamentos da Qualidade

sistemático de calibração periódica, adversas, Deming conseguiu desenvolver


armazenamento seguro e manuseio e inocular produtos japoneses com
correto. qualidade. Durante os últimos 40 anos o
A medição exata requer: produto japonês passou a ser sinônimo de
1. unidades de medição do SI qualidade. O Japão passou a fabricar
2. seleção do instrumento de exatidão relógios melhores que os suíços, máquinas
necessária fotográficas melhores que as japonesas,
3. calibração dos instrumentos após equipamentos eletrônicos melhores que os
abuso, queda, defeito americanos, navios melhores que os
4. calibração periódica dos instrumentos escandinavos. A melhoria da qualidade
5. calibração envolvendo padrões com não foi repentina, de um dia para outro,
exatidão de 4 a 10 vezes melhor que mas foi um processo lento e contínuo. Até
a do instrumento calibrado hoje são válidos e aplicados os princípios
6. programa de aferição e calibração de Deming no Japão. O americano Deming
dos padrões envolvidos (trabalho, foi agraciado com a Medalha de Segunda
transferência e referência) Ordem do Tesouro Sagrado pelo
7. operação e manutenção feita por imperador Hirohito e no Japão existe o
pessoal treinado e motivado. Prêmio Deming para pessoas ou firmas
que tenham se destacado no campo da
8. Algumas Filosofias de Qualidade qualidade. Já foram ganhadoras do Prêmio
Deming firmas como Toyota, Nissan,
8.1. Introdução Nippon Steel e Hitachi. A Texas
Instruments foi a primeira firma americana
Várias pessoas fizeram grandes a ganhar este prêmio (1985).
contribuições no campo do controle da É irônico que o primeiro nome em
qualidade. Aqui serão vistas as qualidade no Japão seja um americano. A
contribuições de três pioneiros que tiveram verdade é mais estranha que a versão. As
um papel fundamental na adoção e firmas americanas rejeitaram as idéias de
integração da garantia e do controle da Deming, logo depois da guerra. Neste
qualidade na indústria, através de seus período a demanda era muito grande, a
ensinamentos, artigos, livros e qualidade aceitável. Como tudo que era
consultorias. Estes pioneiros são W. produzido era vendido, pouco se fez para
Edwards Deming, Philip B. Crosby e melhorar a qualidade. Não houve uma
Joseph M. Juran Todas as filosofias visão a longo prazo e nem evolução.
centram a qualidade no gerenciamento e Somente depois que os produtos
no seu comprometimento com o programa japoneses substituíam os produtos
da qualidade. americanos, nos Estados Unidos, é que as
indústrias americanas começaram a adotar
8.2. W. Edwards Deming e sua filosofia a filosofia de controle e garantia de
W. E. Deming foi um consultor que se qualidade. Esta adaptação era o único
tornou famoso com o trabalho de meio de sobrevivência - não havia outra
qualidade feito no mundo industrial alternativa.
japonês, a partir do término da Segunda Filosofia
Grande Guerra. Ele era matemático e
A filosofia de Deming enfatiza o
físico, com PhD. da Universidade de Yale,
gerenciamento. Quase 85% dos problemas
em 1928. Ele tinha um grande
da indústria podem ser resolvidos apenas
conhecimento de estatística que ele
por gerenciamento. Estas tarefas
aplicou no controle de qualidade.
envolvem mudança no sistema de
Em 1950 ele foi convidado pela União
operação e não são influenciadas pelos
de Cientistas e Engenheiros Japoneses
trabalhadores. Os trabalhadores tem a
(JUSE) para ir ao Japão. Até esta data o
responsabilidade de comunicar a
Japão tinha uma reputação ruim em
informação que eles tem sobre o sistema
qualidade e estava falido depois da guerra.
para o gerente, de modo que ambos
Mesmo com estas condições iniciais
trabalhem em harmonia. Para Deming a

D.14
233
Fundamentos da Qualidade

organização é uma entidade integrada. Deve-se alterar fundamentalmente o estilo


Deve haver um planejamento a longo de gerenciamento e a cultura da empresa.
prazo e um plano de ação a curto prazo. Na filosofia de Deming a gerência deve
Por exemplo, no Brasil, só se pensa em criar um ambiente de segurança para os
ganhos rápidos e imediatos. trabalhadores sentirem orgulho de seu
Deming acredita na adoção de trabalho e serem recompensados de
programa de qualidade total e enfatiza a acordo. Os gerentes e trabalhadores
natureza contínua e interminável do devem trabalhar juntos, como uma equipe,
controle da qualidade e na sua melhoria. para lidar com os fornecedores e
Tal programa leva inevitavelmente para os investidores. A cultura da organização
objetivos estabelecidos, maior deve remover o medo do sistema de modo
produtividade e menores custos totais a que os trabalhadores possam se sentir
longo prazo. Ele elimina o erro de se confortáveis em recomendar alterações do
pensar que o aumento da qualidade produto ou do processo. Deve haver
também aumenta os custos e diminui a confiança entre empregados e gerentes.
produtividade. A filosofia de Deming Os 14 pontos de Deming fornecem o
oferece um plano de ação para se obter sentido da direção. Os métodos de Deming
resultados a longo prazo. Ele afirma a incorporam ferramentas estatísticas. A
necessidade de se desenvolver uma adoção destes princípios garantem e
cultura na organização onde se sustentam a produtividade e competição
abandonam os objetivos imediatos, como da companhia por muito tempo.
os lucros trimestrais. A filosofia de 1. Crie e publique para todos os
qualidade deve ser adotada, praticada e empregados a declaração dos
usada como um meio de vida na objetivos e propósitos da
organização. Os princípios devem ser companhia. O gerenciamento
reaprendidos e refinados baseando-se na deve demonstrar constantemente
experiência acumulada de cada firma. No a responsabilidade de seguir esta
centro da filosofia está a necessidade de declaração.
os gerentes e trabalhadores falarem a 2. Aprenda a nova filosofia, a alta
mesma linguagem e a linguagem sugerida gerência e todo mundo.
pelo matemático Deming é a estatística. A 3. Entenda o objetivo da inspeção
filosofia Deming só produz resultados para a melhoria dos processos e
notáveis quando todo o pessoal envolvido redução dos custos.
com o processo entende os princípios 4. Acabe com a prática de
fundamentais de estatística para usar no considerar o negócio somente na
controle e melhoria do processo. Assim, as base do preço final.
idéias fundamentais tratam do 5. Melhore constantemente e pelo
entendimento e uso de ferramentas futuro todo o sistema de produção
estatísticas e uma mudança na atitude de e serviços.
gerenciamento Os 14 pontos de Deming 6. Institucionalize o treinamento
fornecem uma referência para a ação aos 7. Ensine e institucionalize a
gerentes e um caminho a ser seguido para liderança.
ser competitivo por muito tempo. 8. Elimine o medo. Crie confiança.
Enfim, quando ele aponta para a lua, Crie um clima de inovação.
ele olha a lua e não a ponta do dedo! 9. Otimize através dos objetivos e
propósitos da companhia os
14 pontos de Deming
esforços da equipe, grupos e
O foco da filosofia de Deming está no pessoal técnico.
gerenciamento. Para Deming, o gerente 10. Elimine os exageros para a força
não pode fugir da responsabilidade e de trabalho.
tentar culpar os outros. Embora uma 11. Elimine as cotas numéricas para
minoria dos problemas sejam devidos aos a produção. Em vez disso,
fornecedores ou trabalhadores, a maioria entenda e institua métodos para a
dos problemas é devida ao gerenciamento. melhoria. Elimine o gerenciamento
por objetivos. Em vez disso,

D.15
234
Fundamentos da Qualidade

entenda as capacidades do 3. Padrão de desempenho: o único


processo e como melhorá-las. padrão de desempenho é zero
12. Remova as barreiras que tiram o defeito.
orgulho da mão de obra das 4. Medição: a medição do desempenho
pessoas. é o custo da qualidade, que inclui
13. Encoraje a educação e a refugo, retrabalho, serviço, inspeção
competência de todos. e teste.
14. Aja para acompanhar a
14 passos para a melhoria da qualidade
transformação
Crosby também tem o número
8.3. Philip B. Crosby e sua filosofia cabalístico de 14 passos para a melhoria
da qualidade.
Philip B. Crosby trabalhou 14 anos na 1. Comprometimento da gerência
ITT como responsável pelas operações de 2. Equipe de melhoria da qualidade
qualidade da companhia em todo o mundo 3. Medição da qualidade
e atualmente é o presidente da Philip 4. Avaliação do custo da qualidade
Crosby Associates (1979). 5. Despertar da qualidade
O enfoque Crosby começa com uma 6. Ação corretiva
avaliação do sistema de qualidade 7. Ad hoc comitê para programa de
existente. Sua grade de gerenciamento da zero defeito
qualidade fornece um método de identificar 8. Treinamento de supervisores
onde está a operação de qualidade 9. Dia do zero defeito
existente e aponta as operações que 10. Estabelecimento de objetivo
podem ser melhoradas. Esta grade é 11. Remoção da causa de erro
dividida em cinco estágios de maturidade: 12. Reconhecimento
1. incerteza (uncertainty) 13. Seminários de qualidade
2. despertar (awakening) 14. Faça isso sempre.
3. conhecimento (enlightenment)
4. julgamento (wisdom) 8.4. Joseph M. Juran e sua filosofia
5. certeza (certainty)
Há seis categorias de gerenciamento O engenheiro e advogado Joseph M.
que ajudam na avaliação do processo: Juran é o fundador e presidente emérito do
1. entendimento e atitude do Instituto Juran, que oferece consultoria e
gerenciamento treinamento de gerenciamento em
2. status da qualidade da organização qualidade. Desde 1924 Juran desenvolve
3. manipulação do problema uma carreira na indústria como
4. custo da qualidade como % de engenheiro, árbitro e diretor, além de ter
vendas sido administrador do governo e professor
5. ações para a melhoria da qualidade universitário. Possui vários livros sobre
6. sumário da postura de qualidade da planejamento, controle, gerenciamento e
companhia. melhoria da qualidade. Começou a dar
cursos no Japão (1954) e depois repetiu os
4 premissas do gerenciamento da seminários durante mais de 30 anos, em
qualidade mais de 40 países e todos os continentes.
Para entender o significado de Juran define qualidade como
qualidade, Crosby identificou quatro adequação ao uso. O foco da qualidade é
premissas do gerenciamento da qualidade: a necessidade do usuário final. Há várias
1. Definição de qualidade: qualidade não-uniformidades em uma companhia
significa conformidade com que atrapalham o desenvolvimento de um
necessidades. processo, como
2. Sistema para obtenção da qualidade: 1. Há funções múltiplas, como
o enfoque racional é a prevenção de marketing, projeto e
defeitos. desenvolvimento, fabricação e venda
do produto, onde cada função se

D.16
235
Fundamentos da Qualidade

julga a mais importante, a única e a Melhoria


especial. A melhoria da qualidade envolve:
2. A presença de níveis hierárquicos na 1. Prova da necessidade da melhoria.
estrutura da organização cria grupos 2. Identificação dos projetos específicos
de pessoas com diferentes para a melhoria.
responsabilidades. Estes grupos 3. Organização para conduzir os
variam em formação e tem diferentes projetos.
conceitos acerca da qualidade. 4. Organização dos diagnósticos para
3. Há várias linhas de produto que descobrir as causas.
diferem em mercado, processos de 5. Procura das causas.
produção, causando uma perda de 6. Tomada de ações corretivas.
unidade. 7. Prova de que as ações corretivas
Juran propõe um modo universal de são efetivas nas condições de
pensar qualidade. Este conceito deve ser o operação.
mesmo para todas as funções, níveis de 8. Fornecimento de controle para
gerenciamento e ilhas de produto. A manter os ganhos.
qualidade requer continuamente
1. planejamento 8.5. Comparação das Três Filosofias
2. controle
3. melhoria. As três filosofias de qualidade de
Deming, Crosby e Juran tem o mesmo
Planejamento objetivo de desenvolver um sistema
O planejamento da qualidade inclui: integrado de qualidade total com uma
1. Identificação do cliente, interno e atuação contínua na melhoria. Há muitas
externo. semelhanças e algumas diferenças entre
2. Determinação das necessidades do estes três planos. Como disseram Lowe e
cliente. Mazzeo, são três pastores e uma única
3. Desenvolvimento das características religião.
do produto que atendam as
Definição
necessidades do cliente.
4. Estabelecimento dos objetivos da A definição de Deming trata a qualidade
qualidade que satisfaçam igualmente como uma uniformidade previsível do
às necessidades dos clientes e produto, conseguida através do controle
fornecedores, a um custo combinado estatístico do processo. A qualidade do
mínimo. produto é refletida na qualidade do
5. Desenvolvimento de um processo processo, que é o seu foco de atenção. A
que possa fabricar as características sua definição não dá muita importância ao
necessárias do produto. usuário final, como o fazem Crosby e
6. Prova da capacidade do processo. Juran. Deming inclui o usuário no conceito
de processo estendido.
Controle Crosby define qualidade como
O controle da qualidade inclui: conformidade à necessidade. A
1. Escolha das características a serem necessidade é formulada em função do
controladas usuário. O desempenho de zero defeito
2. Escolha das unidades de medição. implica em procurar estar sempre
3. Estabelecimento das medições. satisfazendo um conjunto de exigências.
4. Estabelecimento das especificações Juran define qualidade como
e padrões. adequação do produto a um uso
5. Medição do desempenho real. estabelecido e incorpora o usuário. A
6. Interpretação da diferença entre o definição relaciona claramente a satisfação
real versus o padrão. da necessidades do cliente.
7. Eliminação das diferenças.

D.17
236
Fundamentos da Qualidade

Compromisso da gerência Processo interminável


Todos os três especialistas enfatizam a Todas as três filosofias de Deming,
importância do comprometimento da alta Crosby e Juran acreditam em um processo
gerência no programa de qualidade. sem fim de melhoria da qualidade. Os 14
Deming fala da criação de um objetivo pontos de Deming são repetitivos em
permanente e constante em direção à relação à melhoria da qualidade e há o
melhoria da qualidade e define as tarefas ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act - planejar,
da gerência. fazer, verificar e agir). Crosby e Juran
Crosby fala da criação de uma cultura recomendam o ciclo contínuo de planejar,
de qualidade, que só pode ser obtida controlar e melhorar a qualidade.
através do envolvimento da gerência.
Educação e treinamento
Juran fala do planejamento, controle e
melhoria do processo de qualidade com o É fundamental para a melhoria da
suporte da gerência em todos os níveis. qualidade a existência de um pessoal que
Assim, em todas as três filosofias, o seja treinado na filosofia e nos aspectos
suporte da alta gerência é fundamental. técnicos da qualidade. Deming se refere
ao treinamento em seu ponto 6, que
Estratégia recomenda o treinamento de todos os
Deming estabelece uma estratégia para empregados e no ponto 13 que descreve a
a alta gerência. A gerência deve seguir os necessidade de retreinamento para se
primeiros 13 pontos e deve criar uma manter sintonizado com as mudanças das
estrutura para promover continuamente necessidades do cliente, através de
esses 13 pontos em um ciclo interminável alterações no produto e no processo.
de aprimoramento (o 14o ponto cria esta A educação é também citada por
estrutura). Crosby em seu ponto 8, que enfatiza a
O enfoque de Crosby é estruturado. necessidade do desenvolvimento de uma
Seu segundo ponto sugere a criação das cultura de qualidade dentro da organização
equipes de melhoria de qualidade. para haver um clima propício à qualidade.
Juran recomenda a criação de equipes Juran não fala explicitamente em
de pessoas para orientar o processo de educação e treinamento. Porém, estes
melhoria da qualidade, diagnosticando e conceitos estão implícitos, por causa da
resolvendo os eventuais problemas. necessidade de diagnosticar os defeitos e
determinar as ações corretivas, só possível
Medição
com um pessoal com conhecimento do
Os três especialistas consideram a processo e das relações causa e efeito do
qualidade uma entidade possível de ser sistema.
medida, assumindo diferentes graus. Às
vezes, se quer saber os efeitos da boa Eliminação das causas dos problemas
qualidade em dinheiro, em economia, em Deming usa os termos causas especiais
aumento de produtividade. Um objetivo e causas comuns para denominar os
fundamental da estratégia de qualidade é problemas que aparecem devido à
eliminar refugos e retrabalho, que irá ocorrência de algo imprevisto ou que
reduzir o custo da produção e aumentar a sejam inerentes ao sistema,
produtividade. O custo total da qualidade respectivamente. Exemplos de causas
pode medido dividindo-se a qualidade em especiais são os problemas devidos à
itens como prevenção, avaliação, falha qualidade inferior de um vendedor não-
interna e externa. É mais difícil medir o qualificado ou uso de uma ferramenta
custo da não-qualidade ou o prejuízo inadequada. As causas comuns não
provocado pela não-satisfação do cliente. possuem razões especiais e podem ser
Crosby dizia que a qualidade é grátis, é a eliminadas com mudanças no sistema.
não-qualidade que custa. Exemplos de causas comuns são a
variabilidade natural da máquina e da
capacidade do operador.
Deming e Juran estabelecem que cerca
de 85% dos problemas são controláveis

D.18
237
Fundamentos da Qualidade

pelo gerenciamento. Assim, ações de melhoria de qualidade com objetivos


gerenciamento podem eliminar estabelecidos. Ele acredita que tais
diretamente os problemas ou podem objetivos ajudam na medição do sucesso
fornecer a autoridade e as ferramentas dos projetados de qualidade aplicados em
para os trabalhadores eliminarem os um dado ano. Os objetivos devem se
problemas. basear nas necessidades dos
O centro da filosofia de Deming é o uso consumidores. O desempenho do
de técnicas estatísticas para a programa é medido pela obtenção dos
identificação das causas especiais e das objetivos numéricos estipulados.
causas comuns. Deming atribui as
Plano estrutural
variações fora dos limites de controle como
especiais. Estas variações podem ser Os 14 pontos de Deming para a
controladas pelo operador e os operadores melhoria da qualidade enfatizam o uso de
devem tomar providências para eliminá- ferramentas estatísticas em todos os
las. As variações dentro dos limites de níveis. Primeiro, se leva o processo para
controle são consideradas comuns. Estas um estado de controle estatístico, através
variações são controláveis pelo de cartas de controle e depois procura-se
gerenciamento e requerem ação da sua melhorar o processo. A eliminação das
parte para serem removidas. causas especiais para levar o processo
Juran diz que as causas especiais criam para o estado de controle ocorre nos níveis
problemas esporádicos e as causas inferiores da estrutura da organização.
comuns criam problemas crônicos. Juran Quando essas causas são removidas e o
fornece recomendações detalhadas para processo fica sob controle estatístico,
identificar os problemas esporádicos. Por requer a atenção dos níveis superiores da
exemplo, os erros do operador podem ser gerência para conseguir melhoria
acidentais, propositais ou devidos a adicional. O plano de Deming é de baixo
treinamento inadequado e técnica para cima.
imprópria. Crosby enfatiza uma mudança na
Juran e Crosby fornecem cultura de gerenciamento. Depois de se
especificações para se obter o implantar a nova cultura, se propõe um
desempenho padrão de zero defeito. plano para gerenciar a transição. O se
Crosby sugere a ação para a remoção da plano é de cima para baixo.
causa de erro em seu ponto 11. Juran enfatiza a melhoria da qualidade
através de um enfoque projeto-por-projeto.
Estabelecimento de objetivo
Deming diz claramente que se deve
evitar estabelecer objetivos numéricos
arbitrários. Ele acha que objetivos
numéricos impedem, em vez de apressar a
implementação de um sistema de
qualidade total. Não se deve estabelecer
objetivos de curto prazo baseados em
níveis de produtividade sem considerar a
qualidade. Deming não vê necessidade de
objetivos de curto prazo pois enfatiza que
o processo de melhoria da qualidade
nunca acaba.
Crosby e Juran recomendam o
estabelecimento de objetivos. O ponto 10
de Crosby trata do estabelecimento de
objetivos, onde os empregados sob a
orientação dos seus supervisores, devem
estabelecer objetivos mensuráveis mesmo
para curto prazo, de 30 a 90 dias. Juran
recomenda um programa anual de Apostila\Metrologia. ApA-FundQual.doc 27 MAI 97 (Substitui 27 MAI 96)

D.19
238
Metrologia Industrial

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