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David Riazanov

1870-1938

Social-democrata russo. Um dos organizadores do grupo


literário «Borba» («Luta»), que combateu o programa do
partido elaborado pelo Iskra e os princípios leninistas de
organização da estrutura do partido. Em 1918, começou a
organizar os arquivos marxistas. Em 1920, Riazanov foi
nomeado Diretor do Instituo Marx-Engels (que, em 1931, se
tornou o Instituto Marx-Engels-Lenin).

Atualmente estão disponíveis em Português as seguintes


obras:

Prefácio a "Os Princípios Fundamentais do Marxismo" de


1908
Plekhanov
1??? A Doutrina Comunista do Casamento

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Os Princípios Fundamentais
do Marxismo
G. V. Plekhanov
1908

Primeira Edição:........
Fonte: Biblioteca Marxista Virtual do Partido da Causa Operária.
Tradução: ........
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo, janeiro 2006.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e
indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

Prefácio

As últimas obras de Plekhanov, os "Princípios


Fundamentais do Marxismo", que faz uma exposição
sistemática do materialismo dialético, surgiu em 1908, um
quarto de século após ser lançado seu célebre panfleto: "O
Socialismo e a Luta Política", que inaugura a história da
social-democracia revolucionária na Rússia.

Esta brochura, publicada em 1883, marcou a ruptura


completa com os velhos preconceitos dos narodiniki. Ela
indicou ao movimento revolucionário vencido, uma nova via,
ao termo da qual, esperava a vitória, lenta a vir, porém certa.
Foi na própria realidade russa que ela mostrou o processo
social e econômico que minava lentamente, porém com
tenacidade, o antigo regime. Ela predisse que a classe
operária russa, desenvolvendo-se paralelamente ao
capitalismo, infligiria o golpe mortal no absolutismo russo e
tomaria seu lugar, em igualdade, nas fileiras do exército
internacional do proletariado.

Mas Plekhanov não se limitou à crítica do velho populismo


dos narodiniki. Num brilhante tratado, que conserva ainda
todo seu valor, ele fez a exposição dos princípios
fundamentais do socialismo científico e indicou o método do
materialismo dialético como a arma mais segura na luta
teórica e prática.
"Que é o socialismo científico? Por socialismo científico,
entendemos a doutrina comunista que, desde 1840, começou
a se desprender do socialismo utópico, sob a forte influência
da filosofia hegeliana de um lado, e da economia clássica de
outro; que deu, pela primeira vez, uma explicação real de
todas as etapas do desenvolvimento da civilização humana;
que demoliu sem piedade os sofismas dos teóricos burgueses
e que, "armada de todo o saber de seu século", partiu em
defesa do proletariado. Essa doutrina não só demonstrou,
com perfeita clareza, toda a inconsistência científica dos
adversários do socialismo mas, indicando seus erros, deu-
lhes, ao mesmo tempo, explicação histórica. E assim, como
outrora disse Heim a respeito da filosofia deHegel, "ela
atrelava a seu carro triunfal cada uma das opiniões sobre as
quais triunfara".

"Assim como Darwin enriquecera a biologia com a teoria


das espécies, tão admirável em simplicidade quanto
rigorosamente científica, também os fundadores do
socialismo científico nos mostraram, na evolução das forças
produtivas e na luta destas forças contra as formas sociais de
produção atrasadas, o grande princípio da transformação das
espécies sociais."

Mas não foi como um clichê, ou uma "verdade definitiva e


sem apelo" que Plekhanov havia recomendado aos
revolucionários russos o sistema do socialismo científico. "É
evidente", escrevia ele, "que a evolução do socialismo
científico não está terminada e tampouco pode parar nos
trabalhos de Engels e de Marx assim como a teoria da origem
das espécies não podia ser considerada definitivamente
acabada com o lançamento das principais obras do biólogo
inglês. Ao estabelecimento dos princípios fundamentais da
nova doutrina, deve suceder o estudo detalhado das questões
que a ela se ligam, estudo este que deve completar e levar a
seu termo a revolução feita na ciência pelos autores
do Manifesto Comunista. Não há nenhum ramo da sociologia
diante do qual não se abriram horizontes novos e de uma
amplitude extraordinária, na medida em que cada um deles
assimilava suas concepções filosóficas e históricas. A
influência benéfica dessas concepções se faz sentir
atualmente no domínio da história do direito e no da
chamada "civilização primitiva".

Plekhanov já considera necessário chamar, a atenção para


a seguinte particularidade da doutrina que ele expõe:
Remontando sua genealogia entre outros, a Kant e a Hegel, o
socialismo científico apresenta-se, entretanto, como o
adversário mais encarniçado e resoluto do idealismo
filosófico. Ele o afugenta de seu derradeiro refúgio, a
sociologia, onde os positivistas lhe haviam dado uma acolhida
tão calorosa. O socialismo científico pressupõe a "concepção
materialista da história", ou seja, ele explica a história
espiritual da humanidade pela evolução das relações sociais
em seu próprio seio (que se dão, como outras, sob a
influência do meio natural).

Um trabalho persistente para criar o partido revolucionário


do proletariado, a necessidade de aplicar um novo método ao
estudo dos problemas concretos da atualidade russa, à
pesquisa dos "destinos do capitalismo na Rússia", tudo isso,
ao mesmo tempo que uma atividade prática intensa, não
impedia Plekhanov de trabalhar no "estudo
minucioso" dos "princípios fundamentais do marxismo",
concentrando-se cada vez mais na história da filosofia, da
civilização e da arte. Ao mesmo tempo que efetuava esse
trabalho específico, consagrado a desenvolver as concepções
de Marx e Engels, Plekhanov continuava a defendê-las contra
os diferentes representantes do revisionismo russo e
internacional, revisionismo que periodicamente
intenta "completar", ou"corrigir", ou "substituir" certos
princípios do marxismo por velhos "dogmas burgueses", há
muito obsoletos.

Esta obra de Plekhanov é consagrada principalmente aos


aspectos filosófico e histórico do socialismo científico. Para
Plekhanov, o marxismo é toda uma concepção do mundo, una
e indivisível, penetrada pela unidade de uma idéia
fundamental. Plekhanov protesta contra as tentativas.
empreendidas por Bogdanov, Lunatcharsky, Bazarov,
Fritsche, de separar os aspectos histórico e econômico desta
concepção do mundo, do fundamento filosófico sobre o qual
ela se apóia. Ele protesta contra todas essas tentativas
de "assentar o marxismo" sobre novas bases, acoplando-o a
esta ou àquela filosofia, como o neokantismo, o machismo, o
empiriocriticismo etc., tentativas essas freqüentemente
empreendidas sob a influência de correntes filosóficas em
moda, num dado momento, entre os ideólogos da burguesia.
Conforme a opinião de Plekhanov, emitida por ele pela
primeira vez na ocasião de uma polêmica contra Bernstein, o
materialismo de Marx e Engels está fundado no espinosismo
desembaraçado, por Feuerbach, dos elementos teológicos que
o atrapalhavam. Assim como Feuerbach, os fundadores do
socialismo científico reconheciam a existência da unidade,
mas não da identidade entre o "pensamento e o "ser". As
retificações trazidas por Marx à filosofia
de Feuerbach consistem principalmente em que as relações
recíprocas de ação e reação entre o objeto e o sujeito são
vistas por Marx da perspectiva em que o sujeito aparece num
papel ativo, como um ser atuante, não mais apenas
contemplativo.

"Agindo sobre a natureza exterior e transformando-a, o


homem transforma ao mesmo tempo, sua própria natureza."
Plekhanov tem perfeitamente razão quando diz
que Marx foi fortemente influenciado por um artigo de
Feuerbach intitulado: "Teses Preliminares para a Reforma da
Filosofia", editado em 1843, no segundo tomo da coletânea
onde havia aparecido (1º tomo) um artigo de Marx sobre a
censura prussiana (Anecdota).

"O pensar é condicionado pelo ser, não o ser pelo pensar.


O ser é condicionado por si mesmo... O ser tem seu
fundamento em si mesmo". Esta concepção, acrescenta
Plekhanov, é colocada por Marx na base da interpretação
materialista da história.

Isto não é bem exato; Marx modificou radicalmente e


completou a tese de Feuerbach, que é tão abstrata, tão pouco
fundada na história quanto seu homem, que ele coloca no
lugar de Deus, e de sua transformação hegeliana, a Razão. "A
essência humana não é algo abstrato, próprio ao indivíduo
isolado. Em sua realidade,diz Marx nas conhecidas teses
sobre Feuerbach, esta essência é o conjunto das relações
sociais." É precisamente porque não chega a esta conclusão,
que Feuerbach é forçado a "abstrair o curso da evolução
histórica e partir da suposição do indivíduo humano abstrato,
isolado."

Em completo acordo com esta crítica ao homem abstrato


de Feuerbach, Marx também modifica sua tese
fundamental: "Não é", diz ele, "a consciência dos homens que
determina sua maneira de ser, mas, ao contrário, sua
maneira de ser social que determina sua consciência". Até
hoje o erro fundamental de todos os sistemas filosóficos que
procuram explicar a relação entre o pensamento e o ser, é o
de querer ignorar esta circunstância, que nem Feuerbach via,
notadamente, o fato que "o indivíduo abstrato, por eles
analisado, pertence na realidade a uma forma determinada
da sociedade".

Já em suas primeiras obras, Plekhanov tinha sublinhado


mais de uma vez a diferença entre o método dialético de Marx
e Engels e a teoria vulgar da evolução, segundo a qual nem a
natureza nem a história dão saltos, tudo no mundo só se
transformaria lenta e gradualmente. Em sua polêmica contra
Tikhomírov que, de revolucionário, se transformara em
reacionário, Plekhanov explica ao "novo defensor do
absolutismo" a inelutabilidade dos saltos na evolução. Nós
reproduzimos aqui, em anexo, estas páginas brilhantes, ainda
mais porque aí o próprio Plekhanov se refere à sua velha
brochura, que é atualmente bastante difícil de se encontrar.

Particularmente interessantes na obra de Plekhanov são


os capítulos onde o autor mostra como os cientistas
contemporâneos, o mais freqüentemente sem o saber, são
obrigados, em razão do estado atual da ciência social, a dar
uma explicação materialista dos fenômenos que estudam.
Cada nova descoberta relativa à história da civilização, à
mitologia, à arte, traz novos argumentos em apoio da
interpretação materialista da história. Às fontes de
documentação que enumera e às quais se refere, Plekhanov
teria podido acrescentar, para 1908, os numerosos trabalhos
de outros cientistas burgueses no domínio das ciências
históricas e sociológicas. Sem se aperceberem, eles usam
uma linguagem e reúnem, pedra por pedra, materiais e fatos
que confirmam a justeza das concepções filosóficas e
históricas do marxismo.

Algumas palavras sobre a presente edição. Além do


fragmento sobre os "saltos"(1), apresentamos em anexo o
artigo de Plekhanov sobre o "papel do indivíduo na história" (2),
assim como um grande extrato de seu prefácio (3) à brochura
de Engels sobre Feuerbach. Conforme desejo de Plekhanov,
estas notas sobre a dialética e a lógica tinham sido inseridas
no texto da tradução alemã de seu livro, publicado em 1910.
O leitor encontrará também uma série de novas anotações,
feitas por Plekhanov para os leitores alemães. De nossa
parte, acrescentamos algumas notas explicativas, e
completamos, onde foi necessário, as referências indicadas
por Plekhanov.

D. Riazanov

continuação: capítulos - I a IV >>>

Início da página

Notas:

(1) trata-se do texto intitulado: Os "Saltos" na Natureza e na História. (retornar ao


texto)

(2) ainda não incluído no sítio (retornar ao texto)

(3) ainda não incluído no sítio (retornar ao texto)

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