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Alex Fernandes de Oliveira
RESUMO ABSTRACT
Este artigo remete as origens do futebol, This article refers to the origins of football,
demonstrando historicamente a sua prática historically demonstrating its practice by
pela sociedade em seu berço natal na society in its birthplace in England and later on
Inglaterra e depois no brasil. Busca-se uma in Brazil. Historical and official
contextualização histórica e oficial do esporte contextualization is searched in industrial
no período da revolução industrial, e seu revolution age, and its use as axiom tool of
emprego como ferramenta doutrinária dos capitalism values. The text also approaches
valores do capitalismo. O texto aborda the spread of the sport in Brazil, as well the
também a disseminação do esporte no Brasil, context of the elitis beginer, until its cultural
bem como o contexto de seu inicio elitista, até merge by the masses, wich now compose an
a sua incorporação cultural pelas massas, que important element of the differential identity of
passou a compor um importante elemento the brazilian people.
diferencial da identidade do povo brasileiro.
Key words: History, Football, Brazil, England
Palavras-chave: História, futebol, Brasil,
Inglaterra.
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.4, n.13, p.170-174. Set/Out/Nov/Dez. 2012. ISSN 1984-4956
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reencontrou um Brasil republicano, que recém na esfera estética urbana, mas também
havia abolido a escravidão e trocara a mão de pretendiam influenciar na conduta dos
obra negra por trabalhadores imigrantes indivíduos, criando novos hábitos na
assalariados. população que pretendesse usar os recém
Essas condições conjuminadas podem abertos espaços públicos. Os homens,
explicar a rápida disseminação do futebol no seguindo o modelo Frances ou Inglês,
Brasil. Devido à abolição da escravatura, um deveriam trajar-se adequadamente como um
grande contingente de negros recém libertos cavalheiro, assim como, estavam proibidas as
migrou das zonas rurais para as grandes rodas de capoeira dos negros.
cidades. A capital da república o Rio de As grandes reformas urbanas
Janeiro, assistiu sua população mais que europeias do século XIX abriram amplos
dobrar entre os anos de 1890 e 1920, quando espaços públicos, preencheram-se com
a cidade passou de 520.000 para 1.150.000 monumentos que expressavam o triunfo da
habitantes. burguesia e dotaram-nos de eventos e
Uma grande parcela dessas pessoas cerimoniais atléticos de apologia ao ideal de
era composta principalmente por negros, mens sana in corpore sano (Mascarenhas,
mulatos e brancos pobres de origem europeia, 1999 p.18).
que se amontoavam em cortiços insalubres e Dessa maneira, o futebol começa a se
violentos na área central e portuária da capital espalhar pelos novos espaços públicos, em
federal da época. Esse crescimento regiões centrais nas grandes cidades. Em um
populacional desordenado levou o Rio de primeiro momento, a prática atraiu
Janeiro a atingir índices alarmantes de principalmente os jovens da elite que se
doenças, tais como a tuberculose, que organizavam em clubes e escolas ligadas às
segundo a revista Brasil Médico de 1895 era a colônias de imigrantes, como também o meio
causa de 15% das mortes registradas na industrial dominado pela aristocracia de
cidade. Em 1916 o Rio de Janeiro era o local origem europeia (Helal, 2007).
de maior número de casos de tuberculose no Colégios e clubes constituíam-se em espaços
mundo. restritivos de formação, lazer e sociabilidade,
Diante esse quadro, visando nos quais se representava a pretensa
“modernizar” o Rio de Janeiro e livrá-lo da superioridade da elite, que procurava
“degeneração racial”, o então Presidente da fortalecer, num movimento endógeno, por
Republica Rodrigues Alves (1902-1906), meio da difusão de vínculos de solidariedade e
determina uma nova política urbana, que do consequente afastamento dos demais
estabelecia a abertura de amplos espaços setores sociais (Franco Junior, 2007, p. 62-
públicos, onde antes existiam ruas estreitas, 63).
becos mal iluminados e cortiços infestados de Não era somente o futebol que
doenças e degeneração moral, como alguns despertava o interesse dos jovens das elites,
pregoavam (Aquino, 2002). mas sim toda forma de atividade física que
O modelo de reforma urbana, Belle pudesse valorizar os ideais da burguesia, que
Epoque como ficou conhecida, deveria servir enxergavam nisso uma forma de
de referencial para as demais cidades superioridade. O boxe, críquete, rugby, além
brasileiras. O Brasil deveria incorporar em seu das atividades náuticas, que originaram os
sistema cultural um conjunto de clubes de regatas no Rio de Janeiro e clubes
“europeísmos”, que seriam destinados a situados na beira do Rio Tietê em São Paulo.
marcar o imaginário e a memória coletiva Ser um sportman, termo que
(Freyre, 2004). designava o futebolista, ou adepto de uma
Assim, graças a empréstimos externos atividade física na velha república era fazer
e a recursos financeiros advindos do aumento parte de um seleto grupo que cultuava os
nos preços da saca de café no mercado valores da aristocracia, pois somente a elite
internacional, as grandes cidades brasileiras poderia dar-se ao luxo de dispor de tempo e
passaram por obras que forneciam aos recursos para praticar esportes nos clubes ou
cidadãos espaços ao ar livre, destinados à praças de esporte, que posteriormente se
socialização e o esporte. tornariam estádios de futebol.
As diretrizes da belle epoque Como subgrupo social, pertencente a
estabeleciam um novo padrão social, não só um grupo ainda maior, o sportman, ou até
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