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Resumo
O objetivo desse trabalho foi fomentar a discussão sobre os resíduos gerados pelos
laboratórios do IFF Campus Campos-Guarus junto à comunidade acadêmica, utilizando como
fio condutor a PNRS e incentivar a realização do Plano de Gerenciamento dos Resíduos,
formando alunos e servidores como multiplicadores dessas práticas. A coleta dos dados foi
alcançada através de questionários aplicados aos funcionários usuários dos laboratórios e
estudantes do curso de Engenharia Ambiental e Técnico em Meio Ambiente, a sensibilização
e conscientização da comunidade acadêmica foi realizada através de minicursos e palestras.
Após análise das respostas do questionário constatou-se a existência de passivos ambientais e
uma contínua geração de resíduos, colocando em risco a saúde e segurança no laboratório.
Para maiores informações sobre a quantidade e características dos resíduos gerados elaborou-
se uma ficha de atividades práticas para os laboratórios. Esses dados irão contribuir para
elaboração de um inventário. Analisando as respostas dos questionários aplicados aos
estudantes observou-se a necessidade de ampliação dos seus conhecimentos acerca do
assunto, com essa finalidade foi distribuída uma cartilha relacionada ao tema PGR. Há
necessidade de mais atividades de capacitação de toda comunidade dessa maneira cada
membro poderá contribuir,
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Este artigo constitui-se no Trabalho de Conclusão de Curso da Pós-graduação Lato Sensu em Educação
Ambiental, cursado no Instituto Federal Fluminense, Campus Campos-Centro, durante os anos de 2014/2016,
desenvolvido sob a orientação do Profo. MSc. Cristiano Peixoto Maciel. As autoras agradecem o apoio da Profª.
Drª Monique Freitas Neto do Instituto Federal Fluminense, Campus Campos-Guarus.
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Graduada em Licenciatura em Biologia. Servidora Técnica Profissional na Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro. E-mail: andreiafranciscarn@yahoo.com.br
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Graduada em Licenciatura em Biologia. Servidora Técnica Profissional na Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro e Professora Supervisora de Aulas Práticas da Fundação Cecierj/Consórcio CEDERJ.
E-mail: rivearodrigues@gmail.com
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1-Introdução
A PNRS articula-se com várias outras leis federais, tais preceitos são elencados nos
art. 2o e 5o: reproduzidos seguir:
Art. 2o Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei, nas
os
Leis n 11.445/2007, 9.974/2000 e 9.966/2000, as normas estabelecidas pelos órgãos
do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do Sistema Nacional de
Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade
Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Sinmetro).
Art. 5o A Política Nacional de Resíduos Sólidos integra a Política Nacional
do Meio Ambiente e articula-se com a Política Nacional de Educação Ambiental,
regulada pela Lei no 9.795/99, com a Política Federal de Saneamento Básico, regulada
pela Lei nº 11.445/2007 e com a Lei no 11.107/2005.
Considerando que o art. 225, 1º, VI da CF estabelece que o poder público tem
obrigação de “promover a Educação Ambiental (EA) em todos os níveis de ensino e
conscientização pública para preservação do meio ambiente”, destaca-se a importância de
ações coletivas na defesa do meio ambiente.
A EA está prevista no art. 225, § 1º, VI, Constituição Federal de 1988; no art. 2º, X,
da Política Nacional do Meio Ambiente e delimitada na Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA). A lei 9.795/99 dispõe sobre a EA e institui a PNEA, e o seu primeiro
artigo traz a definição de EA como sendo “os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
Nesse sentido, o papel das instituições de ensino (IE) é extremamente importante,
incentivando futuros profissionais a atuarem no mercado de trabalho de forma
ambientalmente correta. Uma prática relevante a ser adotada pela IE são os Programas de
Gerenciamento de Resíduos (PGR). A proposta, ao se implantar um PGR é a minimização
dos impactos gerados pelas atividades da instituição. Uma vez iniciada, esse tende a ganhar
corpo, pois apresenta aspectos positivos tanto financeira quanto ambientalmente (Nolasco, et
al., 2006).
Nas Instituições de Ensino Superior (IES) são gerados resíduos sólidos classificados
nos dois grupos: quanto à origem (resíduos sólidos urbanos) e quanto à periculosidade
(resíduos perigosos e não perigosos). Algumas IES e pesquisa podem produzir resíduos
radiativos, são resíduos perigosos cujos tratamentos e descartes obedecem a instruções
normativas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN-NE-6.05).
De forma geral, acredita-se que apenas indústrias e hospitais são produtores de
resíduos perigosos, entretanto quando entramos nos laboratórios de pesquisa das IE
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observamos que eles são também uma fonte desses resíduos. Muitos pesquisadores discutem
sobre as agressões ao meio ambiente, no entanto em muitas instituições os reagentes e
amostras contaminadas são descartados nas pias, mesmo sabendo que a rede de efluentes
sanitários não trata tais resíduos.
No Brasil, um número crescente de IES possuem PG ou tratam os resíduos químicos
produzidos em seus laboratórios dando-lhes uma destinação final ambientalmente correta.
Algumas das quais servem de referência de gestão de resíduos para outras instituições.
Dentre as IES que possuem PGR pode-se citar: Universidade Federal do Pará (PGGR, 2008),
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Estadual de São Paulo,
(UNESP), USP São Carlos, EMBRAPA, Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP)
mencionado por Sassiotto (2005); Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA/USP)
citado por Tavares e Bendassoli (2005). O estudo acerca da implementação do PGR químico
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi publicado por Gerbase et al. (2006).
Segundo Cunha (2001), a Universidade Federal do Paraná iniciou o seu PG de resíduos
químicos em 1999.
Nesse contexto, o presente trabalho de EA foi realizado com o objetivo de fomentar a
discussão sobre os resíduos gerados pelos laboratórios do IFF Campus Campos-Guarus, junto
à comunidade acadêmica, utilizando como fio condutor o estudo das leis ambientais, em
particular a PNRS, incentivando a realização do Plano de Gerenciamento dos Resíduos
gerados na unidade, previsto na Lei 12305/10 e formando os alunos e servidores como
multiplicadores de práticas que levem em conta a questão ambiental.
2-Metodologia
2.1-Descrição do Local
2.2-Coleta de Dados
A B
Figura1- A Minicurso Resíduos Sólidos Conscientização Ambiental e Sensibilização. B. Minicurso
Tratamento de Resíduos de Laboratório.
Figura 2: Cartilha distribuída aos estudantes abordando os temas PNRS, PGR e resíduos de laboratório.
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3-Resultados e Discussão
Os esforços podem ser comprovados pela iniciativa dos técnicos de solicitar aos
usuários a identificação dos resíduos deixados na pia para posterior processamento, entretanto
na maioria das vezes não ocorre. O fato de os laboratórios serem utilizados por muitos
usuários de todos os segmentos da instituição (docentes, técnicos, discentes dos níveis técnico
médio e graduandos), amplia a dificuldade nesse controle (figura 5).
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Muitos resíduos são estocados de forma inadequada e sem correta identificação, o que
dificulta o correto tratamento e disposição, nesse caso os novos resíduos gerados devem ser
priorizados no gerenciamento por maior facilidade de identificação. O primeiro passo a ser
seguido seria a obtenção de um local apropriado para a estocagem desses resíduos e posterior
tratamento, essa ação foi priorizada em PGRs bem sucedidos (PGR da UFPA, UFLA, entre
outras). Entretanto, a falta de um local específico para o tratamento de resíduos não pode ser
um empecilho iniciar o PGR, o laboratório gerador pode funcionar como uma estação de
tratamento inicial.
Ressalta-se, no entanto, que a maioria das universidades não dispõe do passivo, o que
facilita o estabelecimento de um programa de gerenciamento, mas, por outro lado, mostra o
descaso com que o assunto vem sendo tratado até os dias atuais (Tavares e Bendassoli, 2005).
A partir da análise das respostas obtidas através dos questionários aplicados aos
alunos observa-se que há uma necessidade de ampliação do conhecimento sobre os temas
abordados nesse trabalho.
Quando perguntados sobre tratamento e gerenciamento de resíduos observou-se que a
maioria dos alunos não tem conhecimento sobre os temas abordados, muitas vezes
associando somente a reciclagem e/ou disposição do lixo em aterros sanitários. Um grupo de
alunos demonstrou relativo conhecimento sobre os temas, mas de forma incompleta. Uma
minoria respondeu corretamente, de forma sucinta (gráficos 1 e 2).
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Gráfico 3. Porcentagem de alunos que marcaram ( ) sim, considerado certo (C) e que
marcaram ( ) não sendo considerado errado (E), ao responderem no questionário se o
IFF Campus Campos Guarus possui Gerenciamento de Resíduo.
Todos os alunos consideram que o tratamento de resíduos é vital para uma melhor
proteção do ambiente e quando questionados sobre a responsabilidade do resíduo gerado na
instituição, a maioria considera o gerador de resíduos como responsável (gráfico 4).
Os laboratórios dos cursos de ensino médio e graduação, das escolas técnicas e dos
institutos de pesquisa, também são geradores de resíduos líquidos e sólidos, de grande
diversidade e potencial poluidor, embora em volume reduzido (Furiam e Gunther, 2006) (Vaz
et al., 2010). Esses autores através de levantamento bibliográfico, concluíram que as
Instituições de Ensino Superior são pouco exploradas e restritas, em relação ao seu
gerenciamento ambiental. No entanto, demonstram a sua preocupação com o
desenvolvimento sustentável, tanto no que diz respeito ao ensino dos alunos, quanto às suas
práticas ambientais.
De acordo com os usuários entrevistados, no campus Campos-Guarus, os laboratórios
são utilizados com maior frequência para o ensino através de aulas práticas e
desenvolvimentos de projetos de extensão, em menor escala são realizados experimentos de
projetos para pesquisa. Os dados obtidos nos questionários possibilitaram a confecção de uma
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tabela com o levantamento inicial dos resíduos gerados nos laboratórios da instituição e sua
destinação (tabela 1).
Mesmo que não quantificados muitos dos resíduos encontrados no local e citados
pelos geradores são inflamáveis, corrosivos, tóxicos ou infectantes, colocando em risco a
saúde e segurança no laboratório. Os frascos de resíduos estão armazenados, de forma
acessível às pessoas que circulam naquele ambiente. Além disso, a identificação de alguns
frascos é inadequada, evidenciando a necessidade do início da discussão com a comunidade
no intuito de o tema ganhar força dentro da instituição e conduzir a um processo gradativo de
elaboração de um plano de gerenciamento desses resíduos.
De acordo com o art. 13 da PNRS, os resíduos sólidos são classificados em dois
grupos: quanto a origem e quanto a periculosidade. Os resíduos classificados como perigosos
são aqueles que, “em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e
mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de
acordo com lei, regulamento ou norma técnica”. .
Shinzato et al. ao apresentaram uma análise preliminar dos riscos associados ao
gerenciamento de resíduos em uma universidade pública, sugerem que a capacitação
continuada, voltada ao correto gerenciamento de Resíduos Sólidos da Saúde, é prevista nas
resoluções e normas pertinentes como uma medida necessária à prevenção de problemas e à
proteção da saúde dos trabalhadores e frequentadores de estabelecimentos geradores de tais
resíduos.
É importante ressaltar que a capacitação dos profissionais de laboratório deve ser
contínua no processo de PGR, contribuindo para correta classificação dos agentes com os
quais trabalham, reconhecendo as devidas normativas que regulam tais agentes assim como o
manuseio e armazenamento corretos.
Alberguini et al. (2003), destacam que após implantação do Programa de Gestão e
Gerenciamento de Resíduos Químicos, a consciência ética formada se auto-alimenta tornando
inconcebível a irresponsável prática de lançar resíduos químicos pia abaixo. Essa atitude
diária, essa prática cotidiana, leva o aluno a desenvolver uma ética adequada e correta no que
concerne à manipulação, tratamento e descarte de produtos químicos levando,
consequentemente, à preservação ambiental e influenciando sua atitude na vida profissional
futura.
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Figura 7-Banner apresentado no evento CONEPE, marcando o início das atividades de sensibilização.
que o método não tradicional pode transformar “o aprender” numa atividade atrativa, além de
contribuir para o desenvolvimento do espírito crítico dos alunos. No caso específico deste
estudo, a cartilha estimulou uma interessante discussão sobre o que “somos capazes de fazer,
e o que podemos fazer para melhorar o local onde moramos” reduzindo a distância entre a
teoria e a prática.
O fato de os laboratórios não possuírem registro das atividades desenvolvidas naquele
local e a dificuldade que os usuários apresentam em quantificar os resíduos que geram,
revelou a necessidade da elaboração de uma ficha para registro de resíduos gerados. Essa
ficha irá contribuir para o levantamento dos dados qualitativos e quantitativos, importantes na
elaboração de um PGR.
No Brasil, diversas Instituições Federais de Ensino Superior desenvolveram
Programas de Gerenciamento de Resíduos Químicos (PGRQ), dentre elas 44,6% tem
programa ou estão com uma linha de pesquisa formada. Nas universidades estaduais 28,6% já
possuem PGRQ implantado ou em desenvolvimento (Oliveira Junior, 2012).
Mesmo que na elaboração e implementação de um PGR seja necessário investimento
de recursos financeiros, a posteriori, em função dos princípios que regem o programa – não
geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final- o saldo econômico
será positivo para a instituição. Segundo Nolasco et al.(2006), a proposta, ao se implantar um
PGR é a minimização dos impactos gerados pelas atividades da instituição. Uma vez iniciada,
esse tende a ganhar corpo, pois apresenta aspectos positivos tanto financeira quanto
ambientalmente.
4- Considerações Finais
Abstract
The objective of this study was to encourage discussion about the waste generated by the
laboratories of the IFF Campus Campos-Guarus in the academic community using the
National Policy on Solid Wastes as a guide and encourage the accomplishment of the Waste
Management Plan (WMP), forming students and employees as multipliers of these practices.
Data collection was achieved through questionnaires given to staff that used the laboratories
and students of the Environmental Engineering and Environmental Technician courses.
Sensitization and awareness of the academic community was conducted through short
courses and lectures. After analyzing responses of questionnaires, it was found the existence
of environmental liabilities and a continuous generation of waste, endangering the health and
safety of laboratory users. In order to obtain more information on the quantity and
characteristics of the waste generated, it was elaborated a form of practical activities for
laboratories. These data will contribute to create an inventory. After analyzing responses
from questionnaires given to students, it was observed the need to expand their knowledge on
the subject. Therefore, it was distributed a booklet about WMP to the students. It is necessary
to develop more training activities of all community, allowing each member to contribute
with his ability to benefit the collective. The evidence of waste generation at the Educational
Institution supports the need to implement the laboratory WMP in the unit.
Key words: Awareness, Laboratory waste management, Educational Institution.
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5- Referências
MILARÉ, E. Direito Ambiental: a gestão em foco. Editora Revista dos tribunais. 6ª edição,
2009.
MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS RENOVÁVEIS. Disponível
em: http://www.mma.gov.br/agua/item/8852-agenda-ambiental-na-administra-publica-a3p.
Acesso em: 18/10/2014
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Anexo
Laboratório: Data:
Professor:
Número de alunos:
Reagentes Utilizados (especificar quantidade):
Sugestões para observações: Pode ser descartado na pia, reaproveitado ou tratado? Qual a
quantidade gerada? É nocivo, tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, ácido ou básico?
Essa aula ou experimento podem ser reduzidos em escala? ( ) SIM ( ) NÃO
Anexo 1: Ficha para registro de resíduos gerados a partir das atividades realizadas nos laboratórios