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Ferreira, Jorge. Delgado, Almeida Neves.

O tempo do liberalismo excludente – da


Proclamação da República à Revolução de 1930. Rio de janeiro: Civilização Brasileira,
6 ed, 2013. P. 163-186.
Francisco Das Chagas Batista Barros
Fichamento:
Formação da classe operária e projetos de identidade coletiva.
“A formação da classe operária é frequentemente pensada como um fenômeno no
puramente econômico ao surgimento da indústria.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P.
163)

“A formação de classe é, portanto, um processo mais ou menos demorado, cujos


resultados podem ser verificados na medida em que concepções, ações e instituições
coletivas, de classe, tornam-se uma realidade.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 163)

“a escravidão dificultaria o processo de formação do proletariado como classe”


(FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 163)

“branca, fabril e masculina (...) o caráter fabril do operário foi grandemente exagerado
nas fontes disponíveis, pois, de modo geral, os levantamentos públicos e privados do
período tenderam a desconsiderar as manufaturas e oficinas, com pequeno número de
operários e com trabalho manual.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 164)

“a mão de obra feminina foi muito significativa em ramos têxtil e o de vestuário,


chegando a ser majoritária em alguns lugares (...) Inclusive nas organizações de setores
que contavam com presença significativa e até mesmo majoritária de mulheres, como nas
associações de trabalhadores têxteis, elas estavam quase invariavelmente ausentes dos
quadros diretores.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 165)

“a imensa maioria dos imigrantes provinha do campo e, na maioria das vezes, não tinha
qualquer experiência prévia de engajamento sindical ou político.” (FERREIRA,
DELGADO, 2013, P. 166)

“a perspectiva de ascensão social e as diferenças culturais, tanto entre os diferentes grupos


de imigrantes como destes com relação ao operário nativo, que frequentemente resultam
em conflitos étnicos, são alguns fatores que dificultam a organização operaria.
(FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 166)
“os fatores que dificultam a organização operária, em primeiro lugar, costumam figurar
as divisões étnicas e os conflitos que delas derivam. (FERREIRA, DELGADO, 2013, P.
167)

“Trabalhadores empregados e protegidos por sua organização sindical contra recém-


chegados desvinculados de uma organização profissional. São raros os conflitos
envolvendo dos dois lados categorias organizadas que assumem uma dimensão étnica.”
(FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 167)

“se a identidade ética fosse fator fundamental em meio ao operariado organizado,


proliferaram associações operarias organizadas exclusivamente com base na
nacionalidade ou na origem étnica, mas os exemplos nesse sentido são poucos
numerosos.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 168)

“A conclusão a ser tirada da produção que relaciona a imigração com a formação da classe
operaria no brasil é o abandono por completo das análises fundadas em determinações
estruturais, que podiam conduzir tanto a ver necessariamente todo imigrante um
anarquista ou, ao contrário, percebê-lo como exclusivamente movido pelo interesse
individual de enriquecimento, o que tornaria implausível sua participação em
movimentos coletivos.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 170)

“a base do movimento operário era constituída pelos trabalhadores qualificados, e a


maioria dos trabalhadores, isto é, os desqualificados, estava fora dos sindicatos.”
(FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 170)

“o movimento operário das primeiras décadas do século XX é moldado pelos


trabalhadores qualificados de ofício, (...) podemos falar de formação de classe operária,
não como o resultado mecânico da existência da indústria ou da abolição da escravidão,
mas como um processo conflituoso, marcado por avanços e recuos, pelo fazer-se e pelo
desfazer-se da classe, que surge na organização, na ação coletiva, em toda a manifestação
que afirma seu caráter de classe. (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 173)

“busca de obtenção de direitos sociais, sem questionamento do sistema político,


sustentada pelo positivismo, cooperativas e toda uma série de manifestações do
sindicalismo reformista.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 174)
“a conquista de direitos sociais aliada a direitos políticos, visando à mudança do sistema
pela participação no processo político-eleitoral, posição dos socialistas e dos setores mais
politizados” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 174)

“a posição de negação da política institucional, depositando na ação direta a forma de


pressão necessária para obtenção de conquistas defendida por sindicalistas
revolucionários e anarquistas.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 175)

“como resposta à exclusão social e política que não terminou com o advento da República,
parte substancial dos setores organizados da classe operária priorizou a luta por direitos
sociais. Mas as razões que conduzem a eleger os direitos sociais, muitas vezes em
separado e em prejuízo da luta por direitos políticos, variam consideravelmente de
corrente para corrente do movimento operário.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 176)

“Os integrantes do Círculo eram movidos pela crença de que os parlamentares e o governo
não poderiam deixar de tomar uma atitude diante da justeza das reivindicações
apresentadas. Prevalece, portanto, nessa organização uma perspectiva que descarta a luta
política e o conflito.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 177)

“O termo cidadania foi de tal modo vulgarizado que pode ser utilizado nas mais diversas
situações. Sindicais, empresas, governos empregam o termo conferindo-lhe os mais
diversos significados, o que tem conduzido muitos a encará-lo com crescente ceticismo e
até a contrapô-lo a uma perspectiva classista.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 179)

“O associativismo nesse período das classes trabalhadoras em geral, e da classe operaria


em particular, se expressa através de uma rede extremamente diversificada e rica de
associações.” (FERREIRA, DELGADO, 2013, P. 180)

“A história da classe operária no Brasil percorreu um longo caminho até a eleição de um


dos seus membros à Presidência da República em 2002. Essa eleição por si não garante
que uma concepção operaria da cidadania passe a vigorar, mas nos deixa sem dúvida mais
próximos daquilo que almejava o manifesto de 1902.” (FERREIRA, DELGADO, 2013,
P. 186)

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