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Ricardo Vendramin Ross

"il Bianco e dolce cigno" de Jacob Arcadelt

Curitiba

2017
Ricardo Vendramin Ross

"il Bianco e dolce cigno" de Jacob Arcadelt

Trabalho apresentado à disciplina de

Contraponto pelo curso de Composição

e Regência da UNESPAR Campus Curitiba I.

Curitiba

2017
Jacob Arcadelt foi um compositor renascentista da escola Franco-
flamenca. Ficou mais conhecido pelas suas composições seculares embora
tenho escrito música sacra. Arcadelt foi o madrigalista mais influente do
começo das composições madrigalistas e seu primeiro livro de madrigais foi um
dos mais publicados na época.

Em sua composição "il bianco e dolce cigno", existe um jogo de palavras


clássico dessa época dos madrigais. O texto traz uma analogia entre o cisne
que acredita-se que canta apenas no momento de sua morte e o poeta que
canta no momento de uma morte muito mais "doce". Essa morte do poeta, se
refere aos prazeres carnais.

Alem de todas as analogias do texto, há muitas interações do texto com


a música. Toda a textura que se refere ao cisne é menos dissonante e mais
homofônica, como se estive em ordem. Sempre a que a figura do poeta
aparece, a música tende a ter mais dissonâncias e ter um ritmo mais
deslocado, como se o homem representasse a baderna.

As vozes também apresentam as características do texto. A voz


soprano, por exemplo, uma voz mais aguda, ou com um caráter mais
angelical, preza por graus conjuntos e poucos saltos. A voz anda,
aproximadamente 60 vezes em grau conjunto e salta 15 vezes terça e 3 vezes
quarta. Essa predominância de graus conjuntos mostra um caráter de mais
ordem na voz. Na voz alto, os saltos já aparecem mais vezes, mas ainda há a
predominância de graus conjuntos. A voz anda, aproximadamente 80 vezes em
grau conjunto e tem 14 saltos de terça, 9 de quarta e 6 de quinta. A voz tenor
tem um numero ainda maior de saltos, mas a predominância, como em todas
as outras, ainda são os graus conjuntos. A voz anda, aproximadamente, 80
vezes em grau conjunto, 16 saltos de terça, 8 saltos de quarta e 4 saltos de
quinta. A voz baixo, por sua vez, é a voz que mais salta, tendo um equilíbrio
entre saltos que são, quase sempre, compensados em graus conjuntos. A voz
anda, aproximadamente, 35 vezes em grau conjunto, 8 saltos de terça, 6 de
quarta, 9 de quinta e 2 de oitava. A voz baixo carrega mais o conteúdo
"harmônico" da composição, mas o motivo de saltar tanto é, também,
metafórico. Como o baixo é a voz mais grave, ela esta associada às tentações,
logo esta, também, associada à desordem.

Á música é, em maior parte homofônica e tem poucos momentos de


contraponto imitativo. Existe um predomínio de segunda espécie. A primeira
espécie é bastante utilizada em início de frases e cadências. A terceira espécie
aparece pouco. A quarta espécie aparece bastante, principalmente associada a
figura do homem ( que gera dissonâncias).

Apenas na última seção da música existe um contraponto imitativo que


perdura até o fim da peça. Com o intuito de gerar a sensação de prazer e
insistência, as vozes repetem várias vezes: Di mille morte il di sarei contento
(eu vou sentir prazer de morrer mil vezes por dia). Não a toa, esse é o ponto
que mais ocorrem saltos na música, sendo o próprio motivo, um salto.

Tessitura das Vozes

 Soprano – Do3 – Sib3

 Alto – Mi2 – Sol 3

 Tenor – Mi2 – Fa 3

 Baixo – Fa 1 – La 2

Texto original

Il bianco e dolce cigno Cantando more, et io Piangendo giungo al fin del


viver mio. Strano e diversa sorte Ch'ei more sconsolato, Et io morrò beato.
Morte, che nel morire Mi empie di gioia tutto di desire. Se nel morir altro dolor
non sento Di mille morte il di sarei contento.

Texto draduzido ( Tradução própria)

O gentil cisne branco, cantando, morre; e eu, suspirando aproximo ao


fim da minha vida. A diferença é estranha: ele morre desconsolados, e eu
morro abençoado. Que a morte, a qual não serve para morrer mas para me
encher de alegria e prazer: se na morte eu não sinto pesar, eu vou sentir prazer
de morrer mil vezes por dia.

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