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CONGREGAÇÃO SANTA DOROTÉIA DO BRASIL

FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE - FAFIRE


Eurico da Silva Santos

Mudando-se de Riacho Doce: uma análise das mudanças na


tradução de HQs no Brasil
CONGREGAÇÃO SANTA DOROTÉIA DO BRASIL
FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE - FAFIRE
Eurico da Silva Santos

Mudando-se de Riacho Doce: uma análise das mudanças na tradução de


HQs no Brasil

Trabalho apresentado como requisito


obrigatório para obtenção do grau de
Especialista Lato Sensu em Metodologia
da Tradução – Língua Inglesa, orientado
pela Professora Mestre Ana Patrícia Vaz
Manso.
CONGREGAÇÃO DE SANTA DOROTÉIA DO BRASIL

FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE – FAFIRE

CURSO DE PÓS – GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU

METODOLOGIAS DA TRADUÇÃO

EURICO DA SILVA SANTOS

MUDANDO-SE DE RIACHO DOCE: UMA ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA


TRADUÇÃO DE HQS NO BRASIL

Trabalho submetido ao Corpo do Docente da Faculdade

Frassinetti do Recife e aprovado em _____________de _______________2017.

__________________

Banca Examinador

Márcia Modesto-Coordenadora

_________________

Ana Patrícia Vaz Manso

Professora Mestra- Orientadora


DEDICATÓRIA

À minha mãe, Lúcia Maria, que


transcriou as dificuldades da vida em
algo além do fantástico.
AGRADECIMENTOS
A meu avô, Eurico, que me ensinou o caminho certo a seguir.

A meus irmãos, que sempre me apoiaram e sempre foram meus modelos a


perseguir.

Aos meus colegas, que me ensinaram muito mais do que qualquer livro poderá.

Em especial, a Riodenis Campos e Marlon Vasconcelos, a qual as conversas,


dicas, troca de ideias e parceria profissional me fizeram crescer mais do que
qualquer outra coisa no campo da Tradução nestes dois anos.
“It’s all a joke. Mother, forgive me.

Watchmen
RESUMO

A tradução das histórias em quadrinhos passou por diversas mudanças em


relação a perspectivas teóricas dos profissionais e às técnicas utilizadas em
seu processo produtivo, sendo influenciada ainda pelas mudanças nos anseios
da própria demanda e pela dinâmica do movimento da sociedade no decorrer
dos anos. Se no início, predominava uma nacionalização pela técnica da
transcriação, utilizada por nomes como Olavo Bilac, a passagem do tempo e o
estreitamento das relações internacionais facilitou a assimilação de termos e
conceitos das histórias em quadrinhos estrangeiras, modificando seu público e,
por consequência, o trabalho dos tradutores. Dentro dessa dinâmica, é possível
fazer uma proposta para o futuro nas traduções de quadrinhos em acordo com
os paradigmas de globalização cada vez mais crescentes.

Palavras-chave: tradução, história em quadrinhos, técnicas, mudanças,


globalização
ABSTRACT

The translation of comic books has passed through several changes related to
the theoretical perspectives of both professionals and techniques used in its
productive process, being yet influenced by changes on the eagerod the
demand itself, and by the dynamic of the movement of the society over the pass
of the years. If in the beginning there was a predominance of the preference to
adequate the text into national context using the techinique of transcriation,
used by persons such as Olavo Bilac, the passing of time and the approaching
between international relations has made assimilation of terms and concepts
from foreign comic books easier, modifying its audience and, by consequence,
the work of the translator. Within this dynamic, it is possible to predict a situation
for the future in comic books translation area, according to the paradigms of
globalization which grows even more each year.

Keywords: tranlation, comic books, techniques, changes, globalization


LISTA DE NOMENCLATURA

Titulo original

Título Tradução Ebal

Título Tradução Abril

Título tradução Panini

Título tradução literal

Excerto... original

Excerto... tradução literal

Excerto... tradução Ebal

Excerto... tradução Abril

Excerto... tradução Panini


LISTA DE ABREVIATURAS

Histórias em quadrinhos (HQs)

História em quadrinhos (HQ)


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................12

2. METODOLOGIA............................................................................................14

3. BREVE HISTÓRIA DAS HISTÓRIA EM QUADRINHOS..............................16

4. BREVE HISTÓRIA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO BRASIL......19

5. ASPECTOS DE ANÁLISE DA TRADUÇÃO DE HQS..................................21

6. ANÁLISE DOS RECORTES HISTÓRICOS DE HISTÓRIAS EM


QUADRINHOS..................................................................................................27

6.1. Juca e Chico..............................................................................................27

6.2. Batman.......................................................................................................30

6. 3. Homem-Aranha........................................................................................32

6. 4. O cavaleiro das trevas............................................................................34

6. 5. Thor – O Carniceiro dos Deuses...........................................................36

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................39

8. REFERÊNCIAS.............................................................................................41

9. ANEXOS........................................................................................................43
13

1. INTRODUÇÃO

Dentro das artes consideradas novas, as histórias em quadrinhos (HQs)


foram galgando seu lugar no seio da sociedade, alcançando nos dias de hoje,
um status de muita popularidade e aceitação dentre as pessoas ao redor do
mundo e se tornando um meio de difusão de ideias e formador de opinião em
larga escala (PARAÍSO, 2008).

Em nosso país, a assimilação dessas histórias se deu, desde sua


introdução no início do século XX, por via do surgimento de artistas nacionais,
mas primordialmente, sendo hoje ainda fator majoritário, pela tradução de
obras estrangeiras, marcadamente americanas e francesas (PARAÍSO, 2008).

No início de sua presença no Brasil, a distância entre as línguas de


origem das histórias em quadrinhos e a língua portuguesa permitia maiores
intervenções dos tradutores nas obras publicadas no país. Nos primeiros anos
do século XX, a tendência editorial era por uma aclimatação das histórias ao
cotidiano da classe média brasileira, público formador do mercado da época.
Uma predominância de técnicas de transcriação (POUND, 1925). Mesmo
sendo conceituado e defendido pelos irmãos Campos somente na década de
50, dentro do movimento Concretista, a prática de intervenção do tradutor em
textos originais se deu nas histórias em quadrinhos desde seus primeiros anos
em solo nacional. Nomes como Monteiro Lobato e Olavo Bilac traduziram
quadrinhos no país utilizando técnicas de transcriação para transsignificar
obras estrangeiras dentro do contexto nacional.

Esta tendência do mercado brasileiro, como dito acima, era permitido


pelo conhecimento global das pessoas em relação às línguas de origem, como
também impulsionado pelas editoras pelo caráter comercial que a transcriação
dava às revistas na época.

Contudo, o processo de tradução de HQs sofreu mudanças ao redor do


tempo, chegando aos dias de hoje como um dos principais responsáveis pela
popularidade dessa arte. Em certa medida, o aumento da globalização e uma
situação quase que constante de bull market (HAYEK, 1988) fez com que os
consumidores de quadrinhos no Brasil começassem a ter mais acesso ao
14

mercado estrangeiro e à língua de origem das obras por eles consumidas. Tal
fenômeno, acentuado com a abertura do mercado virtual a partir da década de
2000, fez com que um senso de comparação pudesse nascer nos leitores de
quadrinhos no Brasil, o que por sua vez, influenciou e exigiu mais das editora e
tradutores no processo de conversão das ideias significativas de uma língua à
outra (NEWMARK, 1999).

O presente trabalho visou analisar o processo de tradução de histórias


em quadrinhos no Brasil no contexto histórico e sob o ponto de vista econômico
como grande motivador do abandono das práticas do início do século para
satisfazer as necessidades de um mercado mais exigente. Dentro de tal
paradigma, foi possível, na análise dos dados selecionados, um prospecto do
futuro do tradutor de HQs em um contexto dinâmico, como no mercado editorial
de quadrinhos.

Partindo-se de uma compreensão histórica e econômica da trajetória das


histórias em banda desenhada no Brasil, foi feita, primeiramente, uma análise
do conceito de histórias em quadrinhos enquanto gênero textual. Em seguida, a
análise histórica, tanto no âmbito mundial quanto nacional deu um vislumbre da
evolução social das HQs no decorrer da história. Por fim, a análise do processo
tradutório em diferentes momentos cronológicos sob o ponto de vista
socioeconômico forneceu os dados necessários para o paradigma geral e o
prospecto de futuro a que almeja este trabalho.

Espera-se que a concatenação dos dados apresentados sirva para


formar um panorama da tradução e da função do tradutor no mercado atual e
futuro de histórias em quadrinhos, bem como apontar possíveis cenários dentro
das posições econômicas adotadas pelo presente trabalho.
15

2. METODOLOGIA

A pesquisa se deu, em um primeiro momento, no confronto de dados da


literatura existente que concerne os fatos históricos sobre histórias em
quadrinhos. Embora pouca, se comparada a outras áreas do conhecimento, a
literatura histórica sobre quadrinhos forneceu informações importantes a este
trabalho. Nomes como John Petty (2006) e Moya (1954) situam-se entre as
principais fontes que compuseram a primeira parte do desenvolvimento desta
pesquisa, formando o escopo histórico e social, necessários à analise global
dos dados do segundo momento.

Em um segundo momento, analisaram-se recortes históricos de histórias


em quadrinhos publicadas no Brasil. Foram escolhidas, majoritariamente,
histórias de nacionalidade americana, uma vez que elas compõem a maior
parte do mercado existente no país desde o início do século XX até os dias de
hoje. A guisa de exemplo dos pressupostos adotados, foram citados exemplos
de HQs alemãs e francesas.

Como terceiro e final momento, foram comparados os recortes


históricos, de modo qualitativo, para a formação de um índice comparativo das
mudanças e permanências do processo tradutório das histórias em quadrinhos
no Brasil ao longo de mais de 100 anos.

Vale-se ressaltar que, para a formação do paradigma geral e como pano


de fundo para previsões sobre o trabalho da tradução a análise foi feita dentro
da perspectiva econômica como grande motivador de mudanças sociais
enquanto principal influenciador das alterações nos modos de produção. O
pensamento de Hayek (1974) for norteador para a construção do paradigma
geral.

Foram elencados, em ordem cronológica, cinco recortes de histórias em


quadrinhos para comparação das modalidades de tradução utilizadas. A
comparação se deu em duas instâncias: a primeira, com a língua de origem
dos recortes em si mesmos; a segunda, em relação aos momentos históricos
que antecedem e/ou sucedem os recortes analisados. A primeira comparação
16

serviu para estabelecer as modalidades de tradução utilizadas e as


semelhanças e disparidades em relação ao material original. A segunda serviu
para analisar as mudanças e manutenções dos processos de tradução em
diferentes momentos da história dos quadrinhos. Nas duas instâncias, a
pesquisa se deu de modo qualitativo.

Por força da natureza do projeto, priorizou-se o estudo e análise das


partes textuais das HQs analisadas, fornecendo-se os excertos escolhidos na
seção de apêndices que finaliza esta produção acadêmica.

As histórias em quadrinhos escolhidas foram o livro Max e Moritz (1865),


traduzido para o português por Olavo Bilac, e sua versão na língua inglesa. A
seguir, analisamos um excerto do Batman publicado na revista O Lobinho, da
Ebal (Editora Brasil América Limitada) na década de 1940. Não se pôde
precisar a edição exata da publicação pela falta de preservação dos
exemplares da revista da Ebal. Seguiu-se analisando a primeira edição de
Amazing Spider-man, de 1963 em comparação com seu original na língua
inglesa. Voltou-se às edições do Batman analisando-se a tradução feita por
Jotapê Martins na novela gráfica O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller,
publicada originalmente em 1986. Por fim, analisou-se a edição compilada,
denominada encadernado, de Thor – o carniceiro dos deuses, publicado
originalmente em 2013 e, no Brasil, em 2015.

Infelizmente, pela natureza do mercado editorial brasileiro na época, não


se conseguiu atribuir os créditos de tradução a maior parte dos exemplares
analisados do início do final do século XIX e meados do século XX. Até pelo os
anos 1980 e 1990, o papel do tradutor era mais respeitado em outros gêneros,
especialmente o literário, sendo esquecido dos exemplares de HQs.
17

3. BREVE HISTÓRIA DOS QUADRINHOS

Antes de se compreender e embrenhar no universo da tradução de


histórias em quadrinhos no Brasil é preciso contextualizar dois aspectos
relacionados a elas.

O primeiro é a sua conceitualização enquanto gênero textual. Isso


implica saber as características gerais e específicas das HQs, para uma melhor
visualização da análise sobre seus pontos evolutivos no decorrer da história,
dentro e fora do Brasil.

Enquanto gênero textual, as histórias em quadrinhos podem ser


definidas como narrativas visuais que, normalmente, expressam a língua oral e
apresentam um enredo rápido, empregando somente imagem ou associando
palavra e imagem (SOARES, 2002). As HQs podem ou não apresentar o
recurso cômico como construtor de sentido de seus enredos, podendo também
ser classificadas como arte sequencial, pois são desenhos em sequência que
narram uma história (SARMENTO, 2006).

É importante salientar o crescimento do reconhecimento das histórias


em quadrinhos enquanto gênero textual. No início de sua história, as HQs eram
relegadas ao status de subgênero textual e artístico, não merecendo o estudo
sério por parte dos estudiosos da linguagem (BRAMLETT, 2012). Frederic
Wertham, na década de 50, e Sharon Lamb, em 2010, atestaram que os
quadrinhos, em especial os de super-heróis, significavam uma má influência
aos jovens. Contudo, não houve como parar a mudança de paradigma quanto
ao modo como a sociedade encarava as histórias em quadrinhos. Vergueiro
(2006, p. 16-17) dirá que

O desenvolvimento das ciências da comunicação e


dos estudos culturais, principalmente nas últimas
décadas do século XX, fez com que os meios de
comunicação passassem a ser encarados de
maneira menos apocalíptica, procurando-se analisá-
los em sua especificidade e compreender melhor o
18

seu impacto na sociedade. Isto ocorreu com todos


os meios de comunicação, como o cinema, o rádio, a
televisão, os jornais etc. Inevitavelmente, também as
histórias em quadrinhos passaram a ter um novo
status, recebendo um pouco mais de atenção das
elites intelectuais e passando a ser aceitas como um
elemento de destaque do sistema global de
comunicação e como uma forma de manifestação
artística com características próprias.

Nos dias de hoje, vários são os meios de comunicação que abraçaram a


temática dos quadrinhos. Além de jornais, os meios virtuais, as salas de aula e,
inclusive, o meio acadêmico trata as HQs com respeito e seriedade e considera
suas contribuições sociais e econômicas.

O segundo aspecto para a compreensão do universo das HQs e sua


evolução quanto ao processo de tradução diz respeito à sua evolução histórica
sob o ponto de vista histórico e seus modos de produção.

A arte sequencial é uma prática humana desde a Pré-história (Leroi-


Gourhan, 1995). As chamadas bandas desenhadas, como ficaram inicialmente
conhecidas as histórias em quadrinhos têm, porém, uma gênese recente se
comparada a outros gêneros textuais. Seus primeiros registros datam do
século XVIII na Europa. Historiadores, contudo, argumentam que as primeiras
aparições das bandas desenhadas já podiam ser registradas desde o século
XVI (PETTY, 2006). No século XVIII apareceram há a primeira aparição do
balão de fala, elemento característico do que viria a ser o gênero quadrinhos.
Quanto ao primeiro exemplar de HQ moderna, tal qual se conhece nos
dias de hoje, há extrema falta de concordância entre os teóricos, estudiosos e
fãs do gênero. Paraíso (2007) credita ao alemão Max und Morritz (1865), do
humorista Wilhelm Busch, como o primeiro exemplar de HQ moderna. Já outra
linha, como Petty (2006) e Dunvaley (2012) credita a Hogan’s Alley (1895), de
Richard Oultcault, como o primeiro exemplar feito. O segundo evolução desde
19

suas origens até os dias atuais, o que nos levará à formação de um panorama
geral de sua influência e papel social.

Por seu caráter cômico no início de sua história, as histórias em


quadrinhos receberam o nome de comics. Embora o nome tenha permanecido
na língua inglesa, pouco representa no universo dos dias atuais das HQs.
Historicamente, as HQs passaram por cinco grandes momentos que ajudaram
a definir seus rumos e a estabelecer o gênero dentro da sociedade atual: a Era
de Platina (1897-1937), marcada pelos primeiros aparecimentos de quadrinhos,
saindo das páginas dos jornais e ganhando publicações próprias. Nomes como
Will Eisner – criador do subgênero novela gráfica, Bob Kane e Joe Shuster
surgiram nessa época. Seguiu-se à Era de Ouro (1938-55), com os quadrinhos
deixando para trás sua característica cômica e abraçando temas mais
complexos. Foi a época do surgimento dos super-heróis, com o Superman
sendo o primeiro deles. Durante a década de 60, veio a Era de Prata (1956-69),
com novas roupagens para as histórias de super-heróis e o aumento da
popularidade das histórias de terror em quadrinhos. Uma edição do Homem-
Aranha é creditada como a precursora dessa Era. A Era de Bronze (1970-79)
veio trazendo temas mais modernos e o fator social às histórias em quadrinhos
de modo mais realista. Por fim, chegamos à Era Moderna dos Quadrinhos
(1980-Hoje), que marca uma nova época, com as novelas gráficas tratando de
temas mais obscuros e adultos, mesmo dentro do universo dos super-heróis. A
época também marca o aparecimento de outras editoras de HQs no mercado
mundial, tradicionalmente polarizado em duas grandes empresas: a Marvel e a
DC Comics (DUNLAVEY, 2012).

Estas etapas foram reflexo do contexto socioeconômico da sociedade,


que influenciou o modo de se fazer e pensar quadrinhos, o que por sua vez,
veio a influenciar os processos de tradução ao redor do mundo. A seguir,
veremos como tais processos globais afetaram o modo de produção e tradução
das HQs no Brasil.
20

4. BREVE HISTÓRIA DOS QUADRINHOS NO BRASIL

As primeiras publicações de HQs no País datam do início do século XIX


(MOYA, 1986) O grande nome por trás do quadrinho nacional foi Angelo
Agostini. Colaborador de inúmeras publicações nacionais do final do século XIX
e início do século XX, Agostini fundou o que se pode chamar de primeira
revista de quadrinhos do Brasil: a Revista Ilustrada, que durou muito pouco
graças a um escândalo extraconjugal de seu fundador.

A vida das histórias em quadrinhos no Brasil esteve, durante muito


tempo, atrelada à revistas de grande circulação que publicavam vários títulos,
alternando em nacionais e internacionais. Em 1905, a revista O Tico-Tico
apareceu trazendo histórias de Angelo Agostini. Também graças à revista,
surgiram Lamparina, de J. Carlos, Zé Macaco e Faustina, de Alfredo Storni,
Pára-Choque1 e Vira-Lata, de Max Yantok e Reco-Reco, Bolão e Azeitona, de
Luis Sá. Em 1930, Adolfo Aizen lançou o Suplemento Juvenil, com o qual
introduziu no Brasil as histórias americanas.

Surgiram, também de Adolfo Aizen, as revistas Mirim e Lobinho. Roberto


Marinho, presidente da editora Globo, lançou o Globo Juvenil e, depois, o Gibi,
nome que se tornou sinônimo de história em quadrinhos até os dias de hoje no
vocabulário de muitas pessoas. A editora Abril apareceu na década de 1950 e,
durante quase toda a segunda metade do século XX, foi responsável por boa
fatia do mercado editorial brasileiro de quadrinhos. Foi nessa época que, em
especial, as histórias de super-heróis saíram dos periódicos como Gibi e
Lobinho e ganharam suas próprias edições.

Na década de 1980, seguindo a editora Abril e a Editora Globo


polarizavam o mercado das HQs do Brasil, a primeira voltada muito mais ao
mercado estrangeiro; a segunda, a artistas como Maurício de Sousa e sua
turma da Mônica. Vale ressaltar que, durante todo esse tempo, foi sempre
crescente a participação da HQ nacional no mercado.

1
Nota do Autor: Decidimos manter os títulos originais, tal qual antes do Acordo Ortográfico por
questões de contextualização com o momento histórico das obras.
21

Nos anos 2000, a editora Abril perde sua primazia na publicação de


HQs, sendo substituída pela editora Panini na distribuição nacional. Os títulos
de HQs continuam, em sua maior parte, majoritariamente americano, mesmo
com grande crescimento da produção de artistas nacionais no contexto atual.
22

5. ASPECTOS DE ANÁLISE DA TRADUÇÃO DE HQS

Para a execução deste trabalho, levou-se em consideração critérios


concernentes aos processos de tradução, tanto de modo geral quanto no
escopo específico das histórias em quadrinhos enquanto gênero textual.
Tentou-se criar guias de análise que deixassem pouco espaço para
subjetividade, visto que enquanto gênero, as HQs possuem seu próprio e
distinto conjunto de características (SILVA, s.d) 2. Sendo assim, tomaram-se
como critérios para a análise:

 os aspectos linguísticos – envolvendo-se aqui elementos da linguagem


utilizada, morfossintaxe, semântica e pragmática.
 Técnicas de tradução – foram consideradas as modalidades da
tradução, que são as técnicas e procedimentos utilizados durante o ato
tradutório, elencadas por Vinay e Darbelnet (1998). Aqui, dispomos as
modalidades tal como as define Henrik Albert (1998), a saber
I. Omissão – ocorre sempre que um dado segmento textual do Texto Fonte
e a informação nele contida não podem ser recuperados no Texto Meta.
Essa ressalva é de fundamental importância pois, em numerosos casos,
embora a correspondência biunívoca seja perdida, a informação como
tal é perfeitamente recuperável no Texto Meta, como nas transposições
e nas implicitações [...]. As omissões podem ocorrer por muitos motivos,
desde censura até limitações físicas de espaço (no caso de textos
multilíngues, legendagem de filmes, e situações similares), irrelevância
do segmento textual em questão para os fins do ato tradutório específico
– fins esses que nem sempre coincidem com os propósitos do ato de
comunicação que gerou o Texto Fonte –, etc. Assim, por exemplo, a
tradução para o inglês de um Relatório da Diretoria de um grande um
banco brasileiro, inclusive um capítulo sobre o Fundo 157, tradução essa
tendo por finalidade auxiliar a Receita Federal dos E.U.A na auditoria da
agência nova-iorquina do referido banco, poderia omitir integralmente o
capítulo dobre o Fundo 157, o qual, além de sua complexidade, não
2
Reproduzimos, para guisa de informação, as modalidades elencadas pelo autor acima citado
exatamente como no original publicado pela Revista do Centro Interdepartamental de Tradução
e Terminologia (FFLCH/USP), publicada em 1998. (N. do autor)
23

seria pertinente para a Receita Federal dos E.U.A, visto que nenhuma
aplicação em tal fundo fora efetuada, transferida ou gerenciada a partir
da agência em Nova York.
II. Transcrição – Este é o verdadeiro ‘grau zero’ da tradução. Inclui
segmentos de texto que pertençam ao acervo de ambas as línguas
envolvidas (p.ex. algarismos, fórmulas algébricas e similares) ou, ao
contrário, que não pertençam nem à língua fonte nem à língua meta, e
sim a uma terceira língua e que, na maioria dos casos, seriam
considerados empréstimos no texto fonte (como, por exemplo, frases e
aforismos latinos – alea jacta est). Ocorre, ainda, transcrição sempre
que o Texto Fonte contiver uma palavra ou expressão emprestada na
Língua Meta.
III. Empréstimo – Um empréstimo é um segmento textual do Texto Fonte
reproduzido no Texto Meta com ou sem marcadores específicos de
empréstimo, (aspas, itálico, negrito, etc.). Nomes próprios (inclusive
topônimos) constituem objetos privilegiados de empréstimo, bem como
termos e expressões tendo por referentes realidades antropológicas
e/ou etnológicas específicas. Note-se, porém, que o uso da convenção
ortográfica da Língua Fonte constitui, de per se, evidência textual
insuficiente para classificar um segmento textual como empréstimo.
Assim, por exemplo, no português brasileiro, os termos office-boy e
outdoor tornaram-se, há já algum tempo, parte integrante do léxico da
língua; mas, adquiriram um significado específico ao português
brasileiro, e, por esse motivo, não podem ser classificados como
empréstimos.
IV. Decalque – Uma palavra ou expressão emprestada da Língua Fonte,
mas que (I) foi submetida a certas adaptações gráficas e/ou
morfológicas para conformar-se às convenções da Língua Fonte e (II)
não se encontra registrada nos principais dicionários recentes da Língua
fonte, como corporativo no sentido de societário, empresarial.
V. Tradução literal – No modelo descrito [...], o conceito de tradução literal
é sinônimo de tradução palavra-por-palavra e em que, comparando-se
os segmentos textuais fonte e meta, se observa: (I) o mesmo número de
palavras, (II) na mesma ordem sintática, (III) empregando as mesmas
categorias gramaticais e (IV) contendo as opções lexicais que, no
24

contexto específico, podem ser tidas por sendo sinônimos


interlingúisticos, como em:
Her name is Mary.
Seu nome é Mary.

VI. Transposição – Esta modalidade ocorre sempre que pelo menos um


dos três primeiros critérios que definem a tradução literal deixa de ser
satisfeito, ou seja, sempre que ocorrem rearranjos morfossintáticos.
Assim, por exemplo, se duas ou mais palavras forem fundidas em uma
única (como em I visited – visitei) ou, ao contrário, se uma palavra for
desdobrada em várias unidades lexicais (por exemplo Kindergarten –
Jardim de Infância), ou se houver uma alteração de classe gramatical
(por exemplo, should He arrive late – se ele chegar atrasado) ou
quaisquer combinações dos anteriores, por mais ‘literais’ que os
respectivos significados se apresentem, não constituirão segmentos
textuais estruturalmente literais, sendo, assim, classificados como
transposições.

VII. Explicitação/Implicitação – São duas faces da mesma, em que


informações implícitas contidas no texto fonte se tornam explícitas no
texto meta (por exemplo, por meio de aposto explicativo ou parentético,
paráfrase, nota de rodapé, etc.) ou, ao contrário, informações explícitas
contidas no texto fonte e identificáveis com determinado segmento
textual, tornam-se referências implícitas. Assim, por exemplo, em uma
tradução para o português brasileiro, a frase “Brasília, the Federal
Capital of the country” contém um aposto que será percebido como
redundante e, quase sempre, convirá relegá-lo ao implícito no texto
meta. Na direção tradutória oposta, porém, pode ser conveniente tornar
tal informação explícita ao leitor não familiarizado com a geografia
administrativa brasileira.

VIII. Modulação – Ocorre modulação sempre que um determinado segmento


textual for traduzido de modo a impor um deslocamento perceptível na
estrutura semântica de superfície, embora retenha o mesmo efeito geral
de sentido no contexto e no cotexto específicos. Ou, para retomar
25

Saussure3 os significados são parcial ou totalmente distintos, mas


mantém-se, em termos genéricos, o mesmo sentido. A modulação pode
assumir formas bastante diversas, variando desde variações de detalhe,
por exemplo:

Deaf as a doornail. – Surdo como uma porta.

It’s very difficult. – Não é nada fácil.

Até uma diferenciação a tal que nada nas respectivas estruturas da


superfície do segmento em questão lembraria ao observador a sua
efetiva equivalência tradutória, que somente pode ser recuperada
considerando-se o sentido contextual, como em:

Articles of Association – Contrato Social

Corporal Imbecility – Impotência

IX. Adaptação – Esta modalidade denota uma assimilação cultural; ou seja,


a solução tradutória adotada para o segmento textual dado estabelece
uma equivalência parcial de sentido, tida por suficiente para os fins do
ato tradutório em questão, mediante uma intersecção de traços
pertinentes de sentido, mas abandona qualquer ilusão de equivalência
‘perfeita’. Incluem-se, frequentemente, nessa modalidade os falsos
cognatos culturais [...].

X. Tradução intersemiótica. Em determinados casos, particularmente na


tradução dita ‘juramentada’, figuras, ilustrações, logomarcas, selos,
brasões e similares constantes do texto fonte vêm reproduzidos no texto
meta como material textual, como em:

[No canto superior esquerdo, brasão da Província de


Ontário.]

Ou

3
Linguista suíço autor do Curso de Linguística Geral (1916), que estabeleceu as bases da
Linguística moderna. (N> do autor)
26

[À página 4, foto e firma do titular deste passaporte, bem


como carimbo e assinatura ilegível da autoridade emitente.]

XI. Erro – Somente os casos evidentes de ‘gato por lebre’ incluem-se nesta
modalidade, como no exemplo:

only twenty per cent – ...20% seulement des

from the schools écoles conduisent leurs

make the grade èlèves au succès4.

Esta categoria nãoa abarca, portanto, as soluções tradutórias percebidas


como “inadequadas”, estilisticamente inconsistentes, etc., como visto
que, em tais casos, torna-se inevitável um viés subjetivo, que poderia
redundar em fortes distorções nos resultados finais.

XII. Correção – Com certa frequência, o texto fonte contém erros factuais
e/ou linguísticos, inadequações e gafes. Se o tradutor optar por
‘melhorar’ o texto meta em comparação com o texto fonte, considerar-
se-á ter ocorrido uma correção, como em:

The current US déficit O déficit atual dos EUA

amounts to several monta a centenas de

hundred million dollars. bilhões de dólares.

XIII. Acréscimo. Trata-se de qualquer segmento textual incluído no texto alvo


pelo tradutor por sua própria conta, ou seja, não motivado por qualquer
conteúdo explícito ou implícito do texto original. O acréscimo não deve ser
confundido como qualquer das formas de transposição (tipicamente uma
palavra como tradução de um sintagma), nem com a explicitação. Acréscimos
podem ocorrer em várias circunstâncias distintas, por exemplo na forma de
comentários velados ou explícitos do tradutor, quando fator tenham ocorrido
após a produção do texto fonte justifiquem a elucidação. Assim, um texto
4
Apenas 20% das escolas levam seus alunos ao sucesso (Tradução nossa). A tradução, aqui,
mostra um erro de interpretaçãoa que gera novo enunciado contrastante com a ideia do texto
fonte, gerando distanciamento entre o que se disse originalmente, e o que diz o texto meta.
Sendo assim, constitui este texto novo, e não mais tradução, por isso classificado como erro.
27

fonte referindo-se à Cortina de Ferro como um fato político contemporâneo


poderá, no texto traduzido, incluir uma nota do tradutor, uma paráfrase
explicativa ou mesmo um simples prefixo “ex-“, contribuído pelo tradutor tendo
em vista as alterações geopolíticas havidas em época ainda recente no Leste
Europeu.

Que seja interessante notar que o caráter de gênero independente, que


permite estabelecer critérios objetivos para a análise de sua tradução também
gera, como veremos na análise de dados, freios naturais e entraves ao
processo tradutório. Concordamos com Arrojo () quando ela diz que o gênero
textual define, em maior ou menor grau, os rumos do tradutor, mas pela
motivação e natureza deste trabalho, não nos deteremos nos pormenores
deste pressuposto.

Transcriação – termo utilizado por Ezra Pound e apropriado, no Brasil, por


nomes como Monteiro Lobato e os irmãos Campos – Augusto e – dentro do
movimento concretista. A técnica consiste na intervenção mais direta do
tradutor, alterando nomes, modificando o texto original, reduzindo-o ou
expandindo-o para melhor aclimatá-lo ao contexto da língua para a qual se está
traduzindo.
28

6. ANÁLISE DOS RECORTES HISTÓRICOS DE HISTÓRIAS EM


QUADRINHOS

A seguir, começamos com análise dos recortes que constituíram o


corpus de estudo deste trabalho.

Por ser o foco deste trabalho a parte textual das histórias em quadrinhos
e não sua imagem, muito embora as considerações de gênero possam ser
feitas, os recortes analisados estarão expostos apenas nessa forma nos
excertos abaixo, estando as partes visuais nos anexos que vêm no fim da
pesquisa.

6.1. Juca e Chico

O primeiro recorte é a edição de Max und Moritz (1865), que foi


traduzida no Brasil pelo escritor Olavo Bilac em 1915.

Já a começar pela tradução do título, percebemos a tendência da


tradução brasileira no início do século XX. A modalidade da transposição ficou
explícita na decisão do escritor-tradutor, que opta pelo título Juca e Chico, que
não são linguisticamente correspondentes aos originais (como Mathew –
Mateus), mas servem ao mesmo propósito de informar os nomes dos dois
protagonistas da história. Provável5 a tradução de Bilac tenha procurado ficar,
pelo menos no título, perto da escolha inglesa, de William T. Brooks, na qual foi
traduzido Max and Maurice, mesmo tendo o escritor brasileiro traduzido direto
do alemão, língua que dominava. Também na tradução de Brooks, a
transposição foi fator determinante na escolha do título e no nome dos
personagens.

É interessante também notar que não houve modulação ou tradução


oblíqua mais radical, trocando-se na versão de Bilac as classes gramaticais ou
o valor da conjunção do título fosse por acréscimos, seja por omissões.

5
Fica claro as observações do autor deste trabalho pelas leituras comparativas entre as várias
traduções feitas da história e a formulação de um paradigma histórico da tradução naquele
momento da história que se refletia em nosso contexto.
29

O que se percebe é uma transposição mais incisiva de Bilac e menos


incisiva de Brooks, e se crê que seja motivada por uma possibilidade que o
inglês apresenta em relação ao português. O nome de um dos personagens é
comum a ambas as línguas, o que, concordando com Torop (2005) sobre o que
determina os rumos e escolhas de um tradutor está já contido nos aspectos
culturais que separam a língua fonte da língua meta.

Título original Título de Olavo Bilac Título de William T.


Brooks
Max und Moritz Juca e Chico Max and Maurice

A partir daqui, as semelhanças ficam cada vez mais distantes. De fato, já


no prólogo, Olavo Bilac fez opção pelo uso da transcriação para traduzir o
poema mantendo a característica do ritmo do texto original, mas falando ao
público brasileiro, com a linguagem deste público. Além, fica claro o uso de
ordens sintagmáticas diferentes nos trechos abaixo que compõem as primeiras
linhas do prólogo.

Prólogo Prólogo Prólogo


Original Tradução literal Tradução de Olavo
Bilac
Ach, was muß man oft Muito ouvimos falar do Não têm conta as
von bösen mal que as crianças aventuras,
Kindern hören oder
lesen ! podem causar, leia! As peças, as
Wie zum Beispiel hier Aqui, por exemplo, travessuras
von diesen,
Dos meninos mal
criados...
- Destes dois
endiabrados,

Tanto na língua fonte como na língua alvo permanece o teor principal da


mensagem, que é falar do mal que as crianças da história podem causar. Por
conta da natureza estilística do texto fonte, a forma versificada, o tradutor teve
sua escolha também definida em uma relação de subordinação implícita. A
transposição é substituída por uma forma mais próxima da transcriação como
30

marca do autor a escolha das palavras que vão marcar as rimas do verso,
sendo estas não equivalente ao texto fonte em nível morfossintático.

A seguir, observamos o excerto da primeira brincadeira, que resume


bem as escolhas de Olavo Bilac em todo o livro.

Primeira brincadeira Primeira brincadeira Primeira brincadeira


Original Tradução literal Tradução de Olavo
Bilac
Mancher gibt sich viele Para a maioria das Todos gostam afinal,
Müh' pessoas que têm lazer, De ter aves no quintal:
Mit dem lieben A criação e aves dá As galinhas, bem
Federvieh; grande prazer; pirmeiro, nutridas,
Einesteils der Eier por que os ovos que Põem ovos, quando
wegen, elas dão nos compensa cozidas
Welche diese Vögel pelo cuidado que Ou assadas, no jantar,
legen, temos; segundo, pois São gratas ao paladar;
Zweitens: weil man podemos de vez em Servem para encher
dann und wann quando jantar carne almofadas
Einen Braten essen assada de galinha; Em Em cujo macio encosto
kann; terceiro lugar, da A gente dorme com
Drittens aber nimmt galinha e do ganso gosto...
man auch Penas homens fazem
Ihre Federn zum vários usos.
Gebrauch Algumas pessoas
In die Kissen und die gostam de descansar a
Pfühle, cabeça Na noite em
Denn man liegt nicht camas de penas.
gerne kühle.

Aqui, temos a presença predominante, e isso perpassa todo o livro, das


modalidades de equivalência e transposição, uma vez que há algumas
reduções de palavras para preservar o sentido e a proximidade na língua alvo.
As palavras aqui são utilizadas com um sentido quase idêntico ao original, mas
ainda aclimatados ao linguajar brasileiro da época. A modulação também se faz
31

presente e é precisamente essa junção, de transposição, equivalência,


modulação e um pouco de transcriação que definem o livro e a tradução de
Olavo Bilac, aparece na escolha do tradutor pelo termo almofadas ao invés de
camas. Provável, porqueos colchões da época no Brasil eram mais de algodão
e mola do que de penas, como as almofadas.

Podemos ver nesse recorte a tendência defendida por escritores como


Monteiro Lobato na tradutologia brasileira do século XIX e início do século XX.
A presença sensível e expressiva de modalidade mais oblíquas (não literais) do
que literais nas escolhas do tradutor, o que pode ser explicado e justificado no
caso de Olavo Bilac, pelas escolhas do autor do texto fonte, pelo contexto
cultural e social do Brasil à época e pela estilística do tradutor em si. Vale
ressalvar que o ponto de vista econômico estimulava esse tipo de tradução,
pois como o público não tinha contato com outras línguas, a aclimatação das
histórias serviria melhor aos propósitos comerciais das editoras.

6.2. Batman

O recorte que ilustra o título deste trabalho foi publicado pela revista
Lobinho, da editora Ebal, de Adolfo Aizen, na década de 40. Pela falta de
material disponível da editora para consulta, não se pôde precisar a edição
exata da publicação. Também, por característica do mercado editorial mundial,
o nome do tradutor não vinha expresso nas publicações, razão pela qual não
se pôde determinar o nome do tradutor que realizou o processo e as decisões
tradutológicas naquela publicação. Sendo assim, os procedimentos foram
analisados unicamente tendo por base o texto, não se considerando a
formação social, cultural e profissional do tradutor.

Novamente começou-se pelo título, que mostra uma mudança no


paradigma da época de Olavo Bilac. O título original foi traduzido literalmente,
como Homem-Morcêgo, em relação ao original, Batman. Contudo, a literalidade
não esteve presente no nome dos personagens presentes nesse recorte. Ainda
no título, temos a presença do companheiro do Homem-Morcêgo e o tradutor
utilizou o empréstimo, mantendo o nome tal qual o original. Até os dias de hoje,
o apelo sonoro dos títulos é fator determinante na tradução de uma obra.
Acredita-se que a manutenção do nome original (na tradução literal, seria
32

tordo) deva-se à sonoridade que o título vendia. Mesmo motivo pelo qual, no
decorrer dos anos 50, já com uma maior aproximação do público com a língua
alvo do título, a revista o Lobinho “sai de Riacho Doce” e adota o empréstimo
em todos os aspectos dos personagens, como nomes, lugares, veículos etc. O
nome da cidade, traduzida utilizando-se a adaptação (Gotham City – Riacho
Doce) também era registrado nessa época, embora não conste nesse recorte.
Por fim, a tradução recorreu à omissão da metonímia que caracteriza o
ajudante do protagonista (The boy wonder – O menino prodígio)6.

Título original Título tradução literal Título tradução Ebal


Batman and Robin, the Homem-Morcego e Homem-Morcêgo e
boy wonder Tordo, o menino- Robin
prodígio

Ainda na primeira página da edição, temos algo sugerido como


modulação e transposição, ainda dialogando com a equivalência e a
transcriação, na escolha do vocabulário mais próximo dos círculos letrados da
época. Análises de textos da época sugerem que o brasileiro médio não
utilizava termos como “habilíssimo” ou “salteadores” em seu vocabulário
corrente, o que pode explicar o tipo e público a que se direcionava as
publicações de quadrinhos da época. Infelizmente, não se pôde obter o
comparativo no original para o trecho presente nesta edição, sendo as
assumpções tomadas com base nas edições que tomaram corpo na Ebal a
partir da década de 1960, já com os nomes dos personagens e localidades
sendo traduzidos por empréstimo, além de um vocabulário mais próximo do
discurso do brasileiro médio, tomado em entrevistas e vídeos da época.
Tomou-se, mais uma vez, o critério econômico como grande influenciador das
decisões tradutológicas, passando dessa vez, também pelo aspecto social.

Em todos os excertos presentes no recorte que pôde-se adquirir, está


presente a escolha vocabular que preserva o sentido sugerido pelas imagens e
dialoga com o público consumidor de quadrinhos da época, o que motiva
ambos, um controle da tradução pela força da imagem, o que leva a escolhas

6
Mais um exemplo de tradução literal nas HQs, exemplificando a mudança de paradigma da
transcriação para a literalidade cada vez mais acentuada.
33

de ordem transposicional e de equivalência, ao mesmo tempo que libera o


tradutor na direção transcriacionista, ou pelo menos, de ordem modulacionista
na aclimatação vocabular.

6. 3. Homem-Aranha

Saindo da década anterior e da Era de Ouro dos quadrinhos, entramos


em uma nova fase considerada iniciada justamente por esse personagem cuja
primeira edição analisa-se agora. O Homem-Aranha foi publicado no Brasil
também pela Ebal a partir do término da década de 60, sendo a edição original
de 1962.

Novamente começou-se a análise do recorte pelo título, percebendo-se


mais literalidade, fruto de uma maior aproximação do país com termos da
língua inglesa. O empréstimo permeia a escolha do nome do protagonista da
edição. Entretanto, novamente o plano da transposição e transcriação ainda
não foi substituído no plano tradutório. Na nota de abertura da edição, a
publicação original fala do início do personagem em outra revista, e que agora,
devido ao número de cartas e vontade popular, ganhava sua própria história. A
versão brasileira coloca uma ideia parecida, mas não explicando a origem do
personagem, e sim produzindo um discurso que justificava a não necessidade
justamente de uma nota sobre sua história. Os termos que compõem a página
remontam à equivalência, com as expressões usadas e, mais uma vez, à
equivalência e à modulação, mas de forma mais próxima ao original do que as
produções da década de 40.

Titulo original Título Tradução Ebal


The amazing Spiderman O Homem-Aranha

Novamente, omissão de termos marcam a construção do título da


publicação na língua alvo.

Dentro da HQ, percebemos mais fidelidade literal e sintática nas


construções do que nas HQs da década de 20 e 40. OS termos utilizados
buscam sempre a modalidade de tradução da modulação e equivalência,
lembrando a esse ponto mais o conceito de equivalência dinâmica (NIDA,
34

1977), que se caracteriza como modulação, mas adapta-se às pretensões do


produtor da tradução em relação ao público e seu horizonte de expectativa. Há
a presença de decalque em algumas construções, mas nada muito expressivo,
e há ainda a presença da transposição em um nome específico, no nome do
local de trabalho do protagonista, sendo traduzido, crê-se, por influência de
outra história em quadrinhos, a do Super-Homem.

Excerto 1 original Excerto 1 tradução Excerto 1 tradução


literal Ebal
Note: Spider-man first Nota: Homem-Aranha É mais do que certo que
appeared as a feature in apareceu primeiro como vocês já conhecem êsse
Amazing Fantasy #15 uma participação em espantoso nôvo herói e,
Aug.! So great was your Fantasia Incrível #15, de pensando assim,
responde via letters and agosto! Tão grande foi deixaremos de fazer
postcards, that it was sua resposta via cartas uma introdução muito
decided to give him his e cartões postais, que grande para êste seu
own magazine! A brief ficou decidido dar a ele primeiro número, pois é
summary follows… sua revista própria! Um lógico que vocês
breve resumo segue... querem ação.

Verifica-se total abandono da nota explicativa, motivado provável pelo


fato da editora não ter publicado as histórias da revista Amazing Fantasy no
Brasil, e não poder retirar o quadro com a nota do projeto gráfico, como hoje
seria possível tecnologicamente.

Excerto 2 original Excerto 2 tradução Excerto 2 tradução


literal Ebal
But, not satisfied with Mas, não satisfeito Não satisfeito apenas
merely writing editorials, meramente em escrever com um editorial, J.
J. Jonah Jameson, editoriais, J. Jonah Jonah Jameson, editor
publisher of the powerful Jameson, editor do do “Terra Diário” começa
“Daily Bugle” delivers poderoso “Clarim Diário” a fazer sua campanha
lectures all over town… realiza palestras em de “esclarecimento”...
35

toda a cidade...

Percebeu-se, como exemplo marcante de caso, que na década de 60,


as HQs não recorriam, ou recorriam pouco, às modalidades de inferência muito
grande por parte do tradutor, sendo a tradução mais definida por aspectos de
aproximação do público consumidor com termos na língua inglesa 7.

6. 4. O cavaleiro das trevas

Prosseguindo nossa análise dos recortes, chegamos à Era Moderna das


HQs e à obra O Cavaleiro das Trevas, de Frank Muller (1986). No Brasil, a Ebal
já não era o centro das atividades, sendo substituída, ainda na década de 70,
pela editora Abril e pela Editora Globo, com a revista Gibi. A tradução de O
Cavaleiro das Trevas foi feita por Jotapê Martins, o que assinala mais uma
mudança, dessa vez no caráter de destaque dos tradutores e da equipe técnica
na publicação de quadrinhos. Seguindo tendência mundial, o nome dos
roteiristas, ilustradores, coloristas e, em casos de tradução, tradutores agora
figuravam nas aberturas das histórias, o que deu certo impulsionamento
profissional a alguns profissionais da área.

Adotou-se o mesmo procedimento, começando pelo título da obra e sua


correspondente tradução. Novamente, constatou-se que a literalidade tomou o
lugar da transposição e modulação nos títulos de histórias em quadrinhos.
Entretanto, manteve-se a tradição da omissão de um termo nas histórias do
Batman. O complemento do original ficou ausente, não se adotando a própria
transposição para modificar o lugar e o valor sintático das palavras para
adaptação na língua alvo.

Título original Título tradução literal Título tradução Abril


Batman: The Dark Batman: O Cavaleiro Batman: O Cavaleiro
Knight Returns das Trevas Retorna das Trevas

A literalidade permeia toda a obra, e acredita-se que a abertura maior do


país a obras estrangeiras em seu idioma original tenha definido um ainda maior
7
Na década de 60 e 70, houve maior entrada de produtos estrangeiros no país, além de uma
maior difusão dos programas de televisão, cuja tradutologia oferece características próprias,
mas que em determinada medida dialogava com as decisões de tradução das HQs.
36

estreitamento de limite da liberdade de inferência do tradutor em suas


escolhas. No trecho apresentado abaixo, entretanto, ainda percebemos essa
inferência, fruto de decisão puramente estilística, acredita-se, pelo termo
substituído ou modulado não possuir nenhuma dificuldade de entendimento
para o público brasileiro de acordo com a análise do vocabulário corrente da
época.

IDEM Excerto 1 tradução Excerto 1 tradução


literal Abril
…I leave my car in the …Eu deixo meu carro ... Deixo meu carro no
lot. I can´t stand to be no estacionamento. Eu estacionamento. Agra,
inside anything right não consigo aguentar eu não aguentaria ficar
now. I walk the streets of estar dentro de nada dentro de nada só;
the city I’m learning to neste momento. Eu decido caminhar pelas
hate, the city that’s given ando pelas ruas desta ruas da cidade que está
up, like the whole world cidade que eu estou se acabando como o
seems to have. aprendendo a odiar; a resto do mundo.
cidade que desistiu, Sou um zumbi, um
como todo o mundo holandês voador, um
parece ter desistido. cadáver... morto há dez
anos.

Vemos a transposição e a equivalência de forma expressiva neste


trecho, em que a intervenção estilística do tradutor faz com que ele recorra à
omissão de termos inteiros para aclimatar o texto ao português brasileiro.

Excerto 2 original Excerto 2 tradução Excerto 2 tradução


literal Abril
Come on, honey, slice Vamos lá, querido, fatia Vamo lá, meu... grana
and dice... e joga os cubos. pra mão.

Interessante notar a equivalência utilizada por ambos, a tradução literal e


Jotapê Martins. Dice tem o significado literal de dados ou jogar os dados, algo
que não possui correspondência na língua portuguesa em termos de signos
37

dotados de significados. Embora a tradução literal procure se manter mais


próxima do teor original, a tradução brasileira parte para a transcriação e a
inferência mais expressiva e de caráter estilístico do tradutor, provável
motivada pela expressão escolhida mais próxima do vocabulário corrente do
brasileiro.

Fato interessante a escolha tradutológica de Jotapê Martins nesse


trecho, pois, como posto anteriormente, os termos foram utilizados no original
em sua acepção denotativa, por isso de fácil acesso ao público brasileiro.
Somente se pode explicar essa aclimatação ao gosto e estilo do tradutor. Tanto
é que, em outro tipo de mídia, a animação, produzida já no século XXI, o termo
foi abolido e a literalidade adotada sem prejuízo ao entendimento do público
que havia lido a tradução de Martins.

A tradução da Abril dessa edição oferece outros exemplos que não


carecem de ser analisados em minúcia, pois expressam a mesma
particularidade, a decisão puramente estilística do tradutor em uma obra.
Analisando a tendência editorial da época, isso acontecia com frequência nas
traduções da Abril, mas em Jotapê Martins e nos Cavaleiro das Trevas essa
escolha de estilo fica mais evidente.

6. 5. Thor – O Carniceiro dos Deuses

Chegou-se ao último recorte, a análise da edição de Thor – O Carniceiro


dos Deuses, publicado pela editora Panini, que substituiu a Abril como principal
editora de HQs do país na década de noventa e anos 2000. Neste exemplar,
tem-se um dos melhores exemplos da literalidade assumindo lugar hegemônico
nas decisões da tradução quanto ao uso das modalidades. Ela permeia toda a
obra, salvo no nome do subtítulo, que caracteriza o volume. Uma modulação foi
escolhida de God Butcher – Deus Carniceiro ou Carniceiro-Deus, em tradução
literal – para O Carniceiro dos Deuses, em clara transposição que afeta o
adjetivo da língua alvo sendo substituído por locução adjetiva, associado ainda
com a adição do artigo definido masculino, mais comum na língua portuguesa.
38

Tal decisão, contudo, não distancia ou deixa perceber nenhuma marca


estilística do tradutor de HQ, que foi feita por na edição brasileira. A análise do
trabalho supõe, baseado nas mudanças de exigência do público consumidor,
que tem hoje muito mais acesso ao texto original e, por isso, faz comparações
muito mais pertinentes, que as decisões seguem a necessidade do mercado
editorial de satisfazer as necessidades dos leitores de HQs atuais. A exigência
do mercado, seguindo a teoria econômica, é o perfeito estímulo para o molde
da atividade de tradutor. Outro fator que pode influenciar, embora ainda sob a
égide do primeiro, é o volume muito grande de obras a serem traduzidas e o
contexto da história em que se passa a publicação. O nível de formalidade que
pressupõe a literalidade pode, sim, ter sua parcela de escolha no background
do protagonista.

Thor título original Thor tradução literal Thor tradução Panini


Thor – God of Thunder Thor – Deus do Trovão Thor – Deus do Trovão

Excerto 1 original Excerto 1 tradução Excerto 1 tradução


literal Panini
That was four days ago. Isso foi há quatro dias Isso foi há quatro dias
Since then I have eaten atrás. Desde então, eu atrás. Desde então, eu
more goats than the comi mais cabras que o comi mais cabras que o
frost giant, drank enough gigante de gelo, bebi gigante de gelo, bebi
mead to drown a dozen hidromel o suficiente hidromel o suficiente
sailors and made Love para afogar uma dúzia para afundar uma dúzia
to half the women in the de marinheiros e fiz de marinheiros e fiz
village. amor com metade das amor com metade das
mulheres da aldeia. mulheres da aldeia.

No excerto 1, embora quase todo literal, a opção por afundar ao invés de


afogar ou submergir, faz aparecer o dedo do tradutor na tradução.

Excerto 2 original Excerto 2 tradução Excerto 2 tradução


literal Panini
I heard your prayer, little Eu ouvi tua prece, Eu ouvi tua prece,
one. And what kind of pequenino(a). E que tipo pequena. E que tipo de
39

god would I be if I did de deus eu seria se não deus eu seria se não


not answer prayers? atendesse a preces? atendesse preces?

Vemos nova decisão estilística, embora tímida no que tange aos


impactos de sentido do texto, no que diz respeito à escolha de gênero de um
personagem. A cena em questão não permite que se determine, em português,
o gênero do personagem, mas a natureza da língua portuguesa obriga uma
escolha, e o estilo do autor fica responsável pela opção feminina.

Pelos exemplos acima, vemos que no momento atual da tradução de


HQs, acredita-se que motivados pelos estímulos da conjuntura que fornece o
mercado consumidor, a modalidade de tradução mais adotada, e que só tende
a crescer na medida em que a globalização aproxima mais texto fonte e texto
alvo tendo como ligação o leitor, nas projeções de futuro dessa atividade
profissional.
40

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que as traduções brasileiras no decorrer do século XX até


chegar nos primeiros anos do século XXI possuem um forte caráter de
influência do tradutor nas decisões tradutórias das HQs. Essa decisão é
proporcionalmente limitada em ordem direta ao grau de aproximação do
público com o idioma original do texto e, por consequência, ao texto fonte. Nas
primeiras décadas do século XX, esse contato era menor, por isso, o grau de
criação do tradutor definia modalidades de tradução mais oblíquas e distantes
da literalidade. Na década de 1940, esse contato ainda era pouco expressivo, o
que permitia omissões e mudanças mais radicais em relação à morfossintaxe
original, mas sempre mantendo o teor original das ideias do texto fonte.

A partir de um maior contato do público com o texto fonte, e um maior


interesse comercial em atender às necessidades desse público, as traduções
distanciam-se mais das modalidades oblíquas, embora nunca as tenham
abandonado, e aproximam-se mais das modalidades diretas, ou seja, literais.
Mesmo com o panorama de aproximação e entrada do texto fonte no contexto
do público leitor, as decisões tradutológicas ainda mantêm a influência do
tradutor, agora em nível muito mais estilístico do que necessidade de
aclimatação de expressões ao vocabulário corrente do brasileiro.

No momento atual das HQs, a literalidade é muito forte, embora a


modulação e a transposição ainda tenham seu lugar, motivadas por sonoridade
comercial especialmente em títulos das obras traduzidas. De modo geral, pode-
se prever que essa interação entre as modalidades da tradução de histórias em
quadrinhos tenderão a permanecer na atividade do tradutor, mesmo o de sua
influência estilística, embora essa influência pareça tender a uma diminuição
cada vez mais crescente pelo inversamente proporcional crescimento de
leitores que buscam o texto fonte e, assim, podem fazer comparações com o
texto alvo.

Resumidamente, podemos estabelecer uma relação de subordinação do


tradutor de HQs às evoluções de seu mercado consumidor, grande fornecedor
41

de estímulos nos rumos da tradução e nas escolhas das melhores modalidades


de tradução que atendam às suas necessidades. Com o acesso mais aberto,
por meios digitais, redes sociais, facilidade de compra devido à aproximação de
mercados de países distintos, o grau de exigência do mercado poderá deixar
pouca margem para o estilo do tradutor, que poderá ser subjugado em suas
decisões aos ditames unicamente da tendência editorial, que via de regra,
adéqua seu rumo para agradar as necessidades consumidoras.
42

8. REFERÊNCIAS

BUSCH, Wilhelm. Juca e Chico. História de Dois Meninos em Sete


Travessuras. (tradução: Olavo Bilac) 11ª edição. São Paulo: Melhoramentos,
2013.

David Blamires. Telling Tales: The Impact of Germany on English Children's,


Livros 1780-1918.

David Gorman. Max and Moritz. Disponível em


<http://www.davidgorman.com/maxundmoritz.htm>

DUNVALEY, Ryan. Comic Book History of Comics. IDW Publishing, 2012.

HAYEK, Friedrich. Individualism and Economic Order. Routledge, University


of Chicago Press, 1988.

Leroi-Gourhan, André. Préhistoire de L'art occidental. Citadelle & Mazenod,


1995.

Moya, Álvaro de. Historia da Historia em Quadrinhos. São Paulo: Brasiliense,


1987.

NEWMARK, Peter. Word, Text, Translation: Liber Amicorum for Peter


Newmark. Multilingual Matters, 1999.

Osimo. Modena: Logos via Curtatona, 2000.

PARAÍSO, Rostand. A magia dos quadrinhos. Recife: Edições Bagaço, 2008.

PETTY, John. A Brief History of Comic Books. Heritage Auction Galleries,


2006.

POUND, Ezra. Translations. Praeger, 1925.

SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de redação. 3. ed. São Paulo: Moderna,


2006. 472p. (p.45-49).
43

SILVA, s.d. Apud. ALBERT, Francis Henrik. Modalidades da tradução: teoria e


resultados. In: Tradterm – Revista do Centro Interdepartamental de Tradução e
Terminologia FFLCH/USP. São Paulo: USP, 1998.

SOARES, Magda. Português: uma proposta para o letramento. 6º ano. 1. ed.


São Paulo: Moderna, 2002. 264p. (p.34-39). BRAMLETT, 2012.

TOROP, Peeter. La traduzione totale, tradução para o italiano de Bruno


44

9. ANEXOS

Capa de Max und Moritz, de Wilhelm Busch.


45

Página do Prólogo da versão inglesa com o original em alemão.


46

Batman – Lobinho
47

Capa de Homem-Aranha #1, pela Ebal.


48

Homem-Aranha #1, pela Ebal.


49

Homem-Aranha #1, pela Ebal.


50
51
52

The Dark Knights Retuns, versão original


53
54
55

O Cavaleiro das Trevas, de Jotapê Martins.


56
57
58

Homem-Aranha, edição Ebal


59
60
61

Spiderman #1, 1962.


62
63
64

Thor, God of Thunder Vol. 1. The God Butcher.


65

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