You are on page 1of 2

Argumento cosmológico da contingência

De acordo com este argumento, é possível expressar algumas premissas, dentre as quais:

1) Tudo o que existe possui uma explicação para tal, seja pela necessidade de sua
própria natureza, ou por causa externa.
2) O universo tem uma explicação para sua existência
3) Logo, se não é por necessidade da sua própria natureza, é por causa externa. Deus.

1) “Tudo o que existe possui uma explicação para tal, seja pela necessidade de sua própria
natureza, ou por causa externa.”

Coisas que existem pela necessidade de sua própria natureza: leis da física, como a lei da
gravidade, sentimentos, como ciúmes, paixão, não necessitam de uma causa externa, apenas
existem pela necessidade de sua própria natureza. Alguns filósofos matemáticos chegam a
declarar que o conceito de números e conjuntos não foi criado, sempre existiram, mas o
homem que começou com o processo de contagem. É como se um bebê estivesse vendo um
boi, ele não sabe o que é um boi, mas pelo fato de ele não saber o que é, não significa que ele
não exista. A partir do momento que ele chama o animal pelo nome, este ganha uma
personalidade característica para o bebê, mas não foi ele quem o fez, ele já estava lá.

Coisas que existem por causa externa: pessoas e objetos pertencem a essa categoria.

2) “O universo tem uma explicação para sua existência”

No entanto, ao aplicarmos essas classificações ao Universo, alguns filósofos tentam alegar que
o Universo não possui explicação. Logo, acham que o ateísmo é verdadeiro por objeção. Mas
de acordo com o filósofo ateu do século XIX, Arthur Schopenhauer, no chamado “falácia do
táxi”, não se pode despachar o táxi (a primeira premissa) uma vez que se chegou ao seu
destino.

Imagine que você está fazendo uma caminhada pela mata e dá de cara com uma bola
translúcida no chão do bosque. Naturalmente você fica pensando em como foi que ela chegou
ali. Se algum dos seus companheiros de caminhada dissesse “Não se preocupe com isso, não
existe explicação para a existência disso”, você acharia que ele é maluco ou apenas queria que
você continuasse andando. Suponha agora que você aumente essa bola para o tamanho de um
carro. Isso nada serviria para satisfazer ou remover a exigência de uma explicação. Presuma
que fosse do tamanho de uma casa, a exigência continuaria. Um continente ou planeta, o
mesmo problema. Agora que seja do tamanho do Universo inteiro...mesmo problema. Não se
pode dizer que há uma explicação para a existência de tudo e deixar de fora o Universo.

Outros tentam alegar que o Universo sempre existiu. Mas com isso, nos deparamos com o
seguinte problema, se o universo sempre existiu, isso significa que o número de eventos
passados é infinito. No entanto, de acordo com a segunda lei da termodinâmica, e com a lei de
Lavoisier, nada se cria nem se perde, tudo se transforma. É uma lei absoluta. E se isso é
verdade, a lei da termodinâmica explica que a toda a quantidade de energia útil no Universo já
teria sido convertida em energia inútil, a entropia já estaria no zero, e já teria se resfriado, há
muito tempo. Mas, a realidade é outra, ainda há energia útil sendo transformada em energia
inútil, a entropia ainda está acontecendo, visto que as galáxias ainda estão se afastando uma
das outras, e o universo ainda não está totalmente resfriado. Todas essas evidências nos
mostram que o Universo teve um começo, e que o número de eventos passados é finito.
3) “Logo, se não é por necessidade da sua própria natureza, é por causa externa. Deus”

Logo, uma vez que o estado prévio de coisas em que o universo ainda não existia, é
simplesmente o nada. E o nada não pode criar a si mesmo. Assim desconsiderando a hipótese
de que a existência do Universo se dá pela necessidade de sua própria natureza. Só nos resta
então partir para a segunda hipótese, a causa externa. Algo além do próprio Universo.

Ora uma vez que o Universo é composto por toda uma realidade espaço-temporal, matéria e
energia. E alguma coisa o criou, esta coisa deve ser imaterial, não físico, além do espaço e
tempo. Uma vez que só existem duas coisas que se encaixam nessa descrição, vamos analisa-
las. A primeira seria um objeto abstrato, como um número, o número 7 como exemplo. Mas
eles nada podem causar, faz parte do significado de ser abstrato. 7 não é capaz de criar
nenhum efeito. Portanto, se há uma explicação para a existência do Universo, ela tem de uma
mente transcendente e incorpórea, que os cristãos chama de Deus.

You might also like