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Joana Trautvetter
Avaliando desta forma, teremos o Arcano do Absoluto no centro, como ponto central.
Em torno dele, está o Triângulo Divino, composto pelos demais 21 Arcanos Maiores,
representando assim a Divindade enquanto o conjunto formado pela sua criação(Plano da
Natureza), da consciência humana (Plano do Homem), e de atributos puramente divinais
(Plano Espiritual ou Plano do Arquétipo). Veremos oportunamente, que cada Arcano Maior
será estudado de acordo com sua representação em cada um desses planos. Por fim, Em
torno do Triângulo Divino, temos o quadrado do mundo manifesto, representado pelas
quatro séries de Arcanos Menores, que podem ser associadas, entre outras coisas, aos
quatro elementos básicos que compõe toda a substância manifesta no mundo físico. Cada
série é composta de catorze Arcanos: dez representam as Sefirot da Árvore da Vida e
quatro representam os poderes Yud – Hei – Vav – Hei, e aparecem nos baralhos em forma
de Rei, Dama, Cavaleiro e Valete ou pajem, escravo. Desta forma teremos composto o
Grande Arcano do Tarot.
O Esquema do Grande Arcano foi utilizado por alguns estudiosos como forma de
abertura oracular, mas na verdade, é uma representação da estrutura geral do Tarot, cuja
importância é eminentemente filosófica. O círculo da consciência, o ponto, o átomo que é
uma consciência individualizada, concebe em seu âmago, o Absoluto: o Mundo Noumênico
e Fenomênico tomados juntos, Arcano XXII. Quando essa consciência alcançar a
iluminação, estará integrada a esse todo, se tornando onisciente, onipresente e onipotente,
à imagem e semelhança de seu criador. Esse é o objetivo final do Tarot, auxiliar, como
Oráculo para essa Senda, o desenvolvimento do buscador. Para isto, ele dispõe de uma
forma de contemplar a Divindade em sua forma metafísica (o triângulo de Arcanos
Maiores) e o Mundo Físico (o quadrado) que é a manifestação divina perceptível aos
sentidos. O Grande Arcano pode ser representado como segue:
Flecha em movimento
7 Záin Z 7 A Carruagem Gêmeos
reto
A Roda da
10 Yud I, Y, J 10 Virgem O dedo indicador
Fortuna
Flecha em movimento
15 Samech S 60 O Bafomet Sagitário
circular
Os Arcanos Menores são divididos em quatro séries, que se referem aos quatro
elementos manifestos no Universo das formas; são As Quatro letras do Nome de Deus, da
Kabbalah:Yud / Hei / Vav / Hei; são as quatro classes de espíritos elementais; na
simbologia, são as quatro bestas do Apocalipse, são os quatro instrumentos do homem
sobre a terra: a Fé e o Amor, a Sensibilidade, O Intelecto e a Capacidade de Realização;
são ligados aos elementos básicos dos signos, água, fogo, terra e ar, na Astrologia, e aos
quatro pontos cardeais. Como já vimos, as quatro séries ou naipes possuem 14 lâminas
cada uma, são entendidas de acordo com os quatro mundos que se interpenetram na
Árvore; Emanação, Criação, Formação e Feitura. As quatro figuras, em cada naipe,
simbolizam os poderes Iud – Hei – Vav – Hei desses mundos citados e personificam sua
atuação enquanto os atores (as pessoas e seus papéis) que a consciência identifica no
mundo físico. Podemos, a princípio, delinear as séries como segue:
Yud – He – Vav – He
“No princípio era o verbo, e o verbo se fez carne...”
Estudaremos no capítulo sobre a Árvore da Vida, o que Kabalah ensina sobre como Deus
cria o Universo por intermédio do seu verbo. Para além da Vontade Manifesta de Deus, o
Verbo, o pulsar eterno que mantém toda a sua Criação, nossa mente, por mais evoluída
que seja, não tem como conhece-LO. Por isto, dizemos que Deus além da existência. Nós o
percebemos em suas infinitas manifestações, as materializações do Verbo Eterno.
Ao mesmo tempo em que, da Vontade de Deus emana um Influxo de Poder Ativo e
positivo, dotado de Informação e Intenção, é gerado, por complementaridade, o Poder
Receptivo e negativo, dotado de energia polarizada, a substância sutil, pronta para ser
fecundada pelo Poder Ativo, recebendo-o, contendo-o, delimitando-o e criando com ele
tudo que se manifesta. Da interação destes Poderes nasce toda a Criação e suas infinitas,
múltiplas formas; a este princípio interativo ou conjunctio chamamos o Logos, na
linguagem Teosófica, o G.A.D.U. – O Grande Arquiteto do Universo. Se chamarmos Espírito
ao primeiro princípio, e Substância ao segundo, teremos que a união do Espírito e da
Substância gera a Vida que se Manifesta em múltiplas Formas. Podemos exemplificar este
processo assim:
Yud He Vav He
Devido a este princípio, as letras hebraicas Yud – He – Vav – He compõe o Nome de
Deus, porque indica que Esse Imponderável, que significa toda a informação inteligente do
universo, mais sua energia ou substância, mais o poder criador que pulsa animando tudo
que existe, se manifesta de acordo com o princípio descrito pelos quatro componentes.
Como o quarto elemento simboliza a forma resultante de cada processo, os três primeiros
representam a essência da criação, A Trindade, que é símbolo da Divindade em todas as
culturas.
As quatro letras hebraicas que sintetizam o fenômeno da criação de tudo que existe,
são, em essência, o Verbo criador, imanente em todo universo. Há muitas formas de
pronúncias para esse Nome, onde a mais conhecida é Yaveh, como vemos na Bíblia, que se
deriva para Jeovah. A forma Yaveh do Nome de Deus provém da contração Iud – He que
compõe a parte Yang ou ativa do nome, e Vav – He, que compõe a parte Yin ou reativa,
feminina, do nome. Sua pronúncia é utilizada no caminho da Kabalah prática e é dotada de
grande poder realizador. Tudo que acontece no mundo fenomênico obedece a esse modo
de criação. Podemos exemplificar de muitas formas este postulado: Eis algumas bem
simples:
Esse postulado embasa o conceito de um princípio masculino – Deus Pai – que fecunda
o princípio feminino – Deusa Mãe – para gerar a natureza, o universo, o homem – Deus
Filho– o advento que possibilita as condições para que se desenvolva A Vida
Manifesta neste ou em outro plano de existência. Joseph Campbel,
em O Poder Do Mito ilustra maravilhosamente essa idéia, demonstrando como a idéia da
existência de um Deus Pai e de uma Deusa Mãe é representada por simbolismos adotados
em diversas culturas, das mais desenvolvidas às mais primitivas, sob formas diversas,
matizadas pela linguagem simbólica de cada cultura.
O Conjunctio, ou a relação entre o masculino e o feminino é simbolizado em muitas
culturas como princípio da divindade. Os deuses do panteão hindu são representados com
sua respectiva consorte, como Shiva e Adishakti. No budismo, o Guru Vajradara, Lama
supremo, é representado em abraço sexual com sua consorte, simbolizando o poder
criador da interação entre o aspecto masculino e ativo e o aspecto feminino e receptivo,
que neste caso indica a união do espírito iluminador e da mente em estado receptivo, de
vacuidade, como exemplo ou referencial para aquele que busca a vitória sobre a ilusão,
sobre o sofrimento. O Linghan indiano simboliza o mesmo princípio, como veremos no
Arcano III, assim como a flor de Lis. O falo e a vagina unidos são um símbolo manifesto
desse princípio, da mais elevada sutileza.
O Espíritofecunda a Substância – a informação inteligente fecunda a energia.
Não poderíamos imaginar a existência do espírito, enquanto essência sutil da vida, ou
melhor, utilizando o conceito rosacruciano – o espírito enquanto a inteligência imanente
em toda a coisa existente, ou energia formatada – sem que ele penetrasse a substância e
nela gerasse, criativamente, interativamente, a multiplicidade da forma. Esta concepção
ancestral da Criação pode também ser expressa da seguinte maneira:
1 3 4
2
Princípio Ativo Processo Criador Coisa Criada
Princípio Receptivo
1. O Princípio Ativo pode ser relacionado com toda Energia que estrutura, anima e
alimenta tudo que existe o mundo visível. É o grande Yud, que pode também ser
representado pelo ponto no sentido em que este expressa o potencial concentrado de
irradiação positiva, como um núcleo atômico, como o Sol no nosso sistema solar; também
refere-se à idéia anterior a qualquer forma, como afirmou Platão; é o Pleno de Potencial, é
a polaridade positiva da energia, é Yang e pode ser entendida como Mônada. É o primeiro
hexagrama do I Ching, O Criativo.
2. O Princípio Receptivo pode ser relacionado com toda substância que recebe o
influxo, e é necessariamente Vazio, oco de energia, mas pleno de potencialidade, como um
ovo sem gema, um como uma célula sem núcleo, como um átomo sem o núcleo
agregador, como o sistema solar sem o sol, se é que isto é possível no universo
compreensível. É a polaridade negativa da energia, dotada do poder atrativo e da
fecundidade, é o 1º He, é opoder yin. É o segundo hexagrama do I Ching, O Receptivo.
Quando 1 e 2 entram em contato, sendo esse instante imponderável e imerso no mais
sutil e abstrato da compreensão da vida, temos representado o binário. Nosso universo
conhecido é irrefutavelmente construído sobre binários: luz/sombra; cheio/vazio;
espírito/matéria; expansão/contração; dia/noite; masculino/feminino; bem/mal; sim/não;
positivo/negativo. “Os opostos se atraem”, não existem isoladamente, e estando em
contato, interagem pela poderosa instabilidade da junção, até que se fundem, se
equilibram e resultam em um processo interativo neutralizado. O espermatozóide, cheio de
energiayang, mas incompleto em si, navega desesperadamente em direção ao óvulo cheio
de energia yin, ou melhor, vazio de Yang e portanto cheio de possibilidade de vida, mas
que também é incompleto para a vida, em si mesmo. A fusão do conteúdo genético dos
dois e as condições geradas em torno deles cria um ser em desenvolvimento, que após
todo o processo de interação e maturação nasce para o mundo visível como uma nova
Criatura. Assim também tudo é emanado, criado, formado e feito no seio de Deus que é
tudo isso mais Ele mesmo, que está além da existência do que conhecemos ou
imaginamos.
Toda criação segue o esquema tetragramático, fisiologia pura do processo criativo que
vem se repetindo desde tempos sem início. A repetição do processo cria tudo aquilo que se
manifesta, e a consciência humana, como uma criança no universo, vai aprendendo e
evoluindo com a dança da criação. Por isto, a cada Tetragrammaton corresponde um
ponto, que simboliza o seu significado, a quintessência daquilo que se manifestou.
Podemos representar esse processo assim: Yud – He – Vav – He.
O quadrado com um ponto no meio tem esse significado. Mas outros símbolos existem,
e a representação mais antiga, talvez, seja a Sagrada Ank, ou Cruz Ansata dos egípcios.
Ela representa a consciência que se desenvolve sobre a cruz da vida na matéria; também
com esse sentido existe a Cruz Rosa-cruz, onde a rosa no centro da cruz representa a alma
humana evoluindo na matéria. Os quatro braços da cruz simbolizam os quarto elementos,
os quatro pontos cardeais, as quatro virtudes herméticas, os quatro elementos alquímicos,
etc. (de acordo com G. O. Mebes, temos duas grandes interpretações para o lugar dos
elementos na Cruz Solar, como veremos no capítulo do Imperador). Do ponto de vista
hermético, não há sentido para a cruz com o corpo do Cristo pregado a ela; isto significa
um corpo atado à matéria, onde ele já está de fato. A triste imagem do Cristo crucificado é
uma meta-linguagem que apenas proclama o padecer físico e aliena o sublime sentido do
próprio sacrifício da vida de Jesus para a Imortalização da Obra do Messias. A cruz é um
símbolo hermético muito anterior ao cristianismo.
O Tarot como Oráculo:
a Cruz Solar e o Tetragrammaton
Joana Trautvetter
A criação segue seu curso, e por isto a cada ciclo Yud – He – Vav – He se segue um
novo ciclo, e assim temos a passagem do tempo ao longo dos processos. O tempo nada
mais que nada mais é do que uma seqüência, percebida pela mente, de ciclos de
acontecimentos que sucedem uns aos outros. A sucessão dos processos se dá de forma
entrelaçada, onde o final de um ciclo origina outro. Assim, temos que o 2º He de uma
situação fato ou experiência se torna o Yud de um novo ciclo. Isto se representa da
seguinte forma:
Yud – He – Vav – He / Yud – He – Vav – He / Yud – He – Vav – He / Yud...
A cada ciclo chamamos de Família. A Primeira Família que gerou tudo o mais é um
mistério que estudaremos no capítulo da Árvore da Vida. Se utilizarmos, para meditação, o
processo indutivo da mente podemos visualizar, por
intermédio da relação de causa e conseqüência, o
processo que antecedeu a qualquer fato físico ou
psíquico. Aplicando o conhecimento do Iud – He – Vav
–He, podemos encontrar as famílias anteriores ao que
se dá no momento e a partir de um fato presente
qualquer, podemos retroceder no tempo e alcançar
uma percepção da origem de tudo que já existiu e
existe como um ponto imponderável e sutil. Yud - He - Vav - He
Se, por outro lado, tomarmos uma situação atual e www.sacredhandpublishing.com
avançarmos na reflexão sobre seu desdobramento, por
meio do processo dedutivo da mente, poderemos avaliar as possibilidades futuras,
aplicando o esquema Iud – He – Vav – He.
Se considerarmos que o Poder Yud atrai para si um He complementar (Lei da
Complementaridade), assim como o próton atrai o elétron, teremos facilidade de avaliar
perspectivas claras. O ponto que representa a quintessência estará implícito em cada
família, e representa o marco de aprendizado, a gestalt que se fecha em cada etapa da
experiência.
Naturalmente, tanto um processo quanto outro tropeçam na questão das variáveis
intervenientes em qualquer acontecimento, incluindo, no caso de avaliação de situações
futuras, o livre poder de escolha de cada consciência ao direcionar sua experiência de vida.
Para um meditador alcançar com clareza a avaliação da seqüência dos acontecimentos pela
reflexão profunda, é necessário que ele tenha acesso aos domínios mais sutis da mente,
libertando o poder intuitivo que reside no inconsciente, para além da fabricação dos
pensamentos condicionados e influenciados pelas aparências externas das coisas. Por isto,
embora seja possível desenvolver essa capacidade independentemente de qualquer
procedimento externo, a utilização de um bom oráculo é um auxílio poderoso, pois canaliza
os dotes inconscientes por meio do próprio influxo energético sutil da pessoa, projetando-o
nos símbolos construídos para tal fim.
O Tarot é o mais completo oráculo de que dispomos. Construído a partir de arquétipos
profundamente identificados com o inconsciente coletivo e se traduzindo por uma
simbologia viva no organismo psíquico individual ao longo de milênios e com incrível
atualidade, o Tarot dispõe de uma flexibilidade única, adaptando-se a qualquer
investigação que se pretenda realizar. Desde que se tenha o domínio do Tetragrammaton,
o buscador não terá como se perder na avaliação das situações, por mais complexas que
pareçam. No capítulo sobre o Arcano XVII, a Estrela da Magia, estudaremos outras formas
oraculares. O Tarot é visto pelo grande mestre suíço Oswald Wirth como uma “ máquina de
filosofar”. Na verdade, a aplicação do Tetragrammaton nas aberturas de Tarot permite a
reflexão sobre situações das mais simples às mais complexas, mesmo existenciais e
espirituais profundas, de grande utilidade na evolução da consciência.
O Tarot Hermético aplicado como oráculo, segue, indefectivelmente, o esquema Yud –
He – Vav – He – Ponto. Em situações de desdobramento mais longo, o esquema pode ser
aplicado, mas não se recomenda avançar além da quarta família, justamente devido à
questão do livre arbítrio. A consciência se transforma, e o Iud de uma quinta família
poderá estar totalmente transformado com relação ao Iud presente e pelo livre arbítrio, os
atores envolvidos poderão dar rumos completamente novos a cada situação.
Cabe, neste ponto, uma observação preciosa para aqueles que desejem aplicar o
oráculo, especialmente para orientar outras pessoas. É de fundamental importância que
um operador do oráculo tenha um trabalho autêntico e profundo consigo mesmo, no
âmbito do autoconhecimento, do equilíbrio emocional e do desenvolvimento interior no
sentido da libertação do poder intuitivo da mente. Cada operador corre o risco de projetar,
no momento da interpretação do oráculo, seus próprios medos, desejos, bloqueios e
condicionamentos. Se ele não investe no autoconhecimento e não trabalha o equilíbrio
emocional não estará apto a avaliar situações de uma outra pessoa, já que não dispõe do
desprendimento psicológico necessário para isto. Por isto, um terapeuta precisa, antes de
mais nada, passar ele mesmo por um processo profundo de análise. Assim também um
operador do oráculo precisa primeiro buscar a clareza de seu mundo interior; então poderá
contemplar o do outro.
Por outro lado, o poder intuitivo da mente é o caminho para a verdadeira sabedoria interior e
sua atuação depende de uma prática consistente de relaxamento da mente ordinária. Este não é
um caminho difícil, mas exige muita dedicação e prática. Nossa mente é poderosa e é treinada
intensivamente para estar atenta ao mundo externo; além disso, nossos medos, frustrações e
dores profundas, alojadas em nosso inconsciente, levam a mente ordinária a fugir do olhar
interior, mas estão prontos para se misturar às nossas percepções e interferirem no fluxo
intuitivo autêntico. Por isto, é fácil confundir um medo ou desejo com intuição e é fácil e
recorrente projetar sobre o outro nossos clichês pessoais, sem nos apercebermos disso.
Ao estudarmos, na parte sobre astrologia, o planeta Netuno, veremos
que o mesmo canal do fluxo intuitivo é também o canal da inspiração. De
forma sutil, a inspiração se manifesta sob forma de fantasias, em sua
essência, riquíssimas e criativas. Um organismo psíquico livre de
bloqueios, preconceitos e recalques atuam com estes canais de forma
maravilhosa, nos domínios da arte, da espiritualidade e da sintonia
Glifo de harmoniosa com a sabedoria do universo e da manifestação de forças sutis
Netuno na natureza dos acontecimentos.
Os acontecimentos são anunciados por sinais, que se fazem sentir nos níveis sutis de
vibração e uma mente aberta é capaz de perceber estes sinais e integrá-los em uma
percepção clara e sábia. Para alcançar esse estado de sintonia interior e conectar nossa
consciência à sincronicidade que permeia todos os eventos sutis e densos que constituem a
experiência, é preciso trabalhar nosso mundo interior incessante e incansavelmente. Se
alguém não tem ainda esse poder desenvolvido, deve, em primeiro lugar buscá-lo com
todas as forças e trabalhar com o oráculo, em um primeiro momento, de forma a conhecê-
lo, compreendê-lo e aplicá-lo em assuntos pessoais. Esse caminho leva anos.
É perigoso demais para o Karma pessoal interferir em interpretações e decisões de
outras pessoas, e por melhor que sejam as intenções, o que parece bom para alguém pode
ser um desastre pessoal para o outro. O dano que podemos causar é grave e
responderemos por ele, em algum momento de nossos caminhos, pela ação do karma. Por
isto, além de todos os cuidados mencionados, que visam a autenticidade da interpretação
oracular, o operador do oráculo deve, acima de qualquer coisa, evitar decidir pelo outro ou
direcionar de forma pessoal sua decisão. O verdadeiro oráculo respeita, acima de tudo, o
livre arbítrio. Deve ser usado para esclarecer, auxiliar a compreensão e a auto-avaliação,
dentro dos episódios da experiência, mas jamais induzir a posturas que não sejam
autênticas para a pessoa que consulta.
Por fim, é preciso, para um bom operador, que ele seja dotado da autêntica compaixão,
que pode até ser dura com aquele que consulta, mas que tenha o firme propósito de
auxiliar a pessoa a crescer, a se tornar um ser humano melhor, a ser ele mesmo, uma vez
que é uma criatura de Deus com qualidades, dificuldades e caminhos pessoais, integrados
aos propósitos evolutivos do universo. Não é fácil manter uma postura assim desprendida,
pois a maior parte das pessoas que procuram o oráculo está em busca de alívio para as
aflições do caminho e de forças para prosseguir. Querem ouvir o que imaginam que seja
bom para eles, e é preciso muita força para mostrar a verdade e que o único caminho para
a felicidade é o da vitória sobre nós mesmos, em nossa ignorância, condicionamentos
equivocados e venenos mentais. É preciso ter uma visão clara que a geração do sofrimento
é interna e que toda situação pode ser mudada quando nos empenhamos de forma positiva
no crescimento interior.
O operador também enfrenta a dificuldade com a ignorância sobre a função oracular,
onde se espera que o oráculo adivinhe situações como se elas estivessem escritas em um
destino inexorável, engendrado por um estranho Deus, que se diverte em distribuir
venturas e desventuras. Interessante lembrar que adivinhação é um termo que deriva de
divinação, termo originado de Divinatio, ou Ato Divino. O oráculo se propõe a avaliar o Ato
Divino que é a própria essência da criação, onde está a natureza humana evoluindo. O
universo opera por leis inteligentes e harmoniosas; conhecê-las e aplicá-las implica em
conhecer o Divino Ato em tudo que existe e acionar a Graça Divina na vida de cada um de
nós, pela acumulação de méritos e crescimento interior. O verdadeiro oráculo foi criado
para isto. Muitos são os oráculos; mas veremos que o Tarot Hermético, nas mãos de um
operador esclarecido, é autêntico.
A Cruz Solar
Para efeito de interpretação dos Arcanos, aplicaremos o Tetragrammaton, como
veremos, em formas diferentes, de acordo com o propósito da abertura, o que depende do
tipo de questão que temos pela frente e do nível de abordagem. Da mesma forma que o
Universo é Criado, ele continua a ser gerado, nos mínimos detalhes, seguindo as mesmas
leis – por isto, não existe nenhuma forma de praticar aberturas oraculares de natureza
hermética, que não siga esse esquema. Mesmo o Mandala Astrológico, que em um primeiro
momento parece ter uma estrutura diferente, opera de acordo com esse princípio.
Para iniciar, estudaremos a Cruz Solar, que é a forma mais simples de abertura do
Tarot. Para isto, utilizaremos quatro Arcanos que representarão os quatro poderes das
Letras do Nome de Deus. Nesta prática, se entende que tudo que acontece no mundo, seja
o desenvolvimento de uma situação, um acontecimento qualquer, a realização de qualquer
coisa, pode ser simplificado em seus componentes primários Yud – He – Vav – He,
cumprindo a lei da analogia, onde o Macrocosmos se reflete no Microcosmos. A Cruz Solar,
portanto, opera com uma única família, sintetizando os princípios fundamentais da situação
investigada.
Vale a pena salientar que não existe nenhuma consulta oracular autêntica com um
número de cartas inferior a 3. Retirar um Arcano para se ter uma mensagem pode ser
inspirador, mas não quer dizer nada do ponto de vista oracular. Precisamos entender, no
mínimo os princípios ativo e receptivo de uma situação, assim como das possibilidades de
interação criativa entre esses princípios, para ter uma “frase” oracular que permita um
avaliação mínima, mesmo para se refletir sobre um momento.
O Iud revela o princípio ativo da questão; o He revela as condições que o princípio ativo
enfrenta, mesmo que em nível interno, psíquico; o Vav revela a interação entre os dois,
conflitos e complementaridades, a possibilidade de acontecer algo entre esses dois
princípios. Podemos ter um grande Yud e um receptivo He, mas não há interação possível.
Tomando um exemplo bem prático, posso ter um magnífico cão e uma gatinha fértil, mas
não haverá possibilidade de cruzamento entre os dois. Para uma mente muito bem
treinada, pode ser suficiente lidar com esses três dados, pois será capaz de inferir
resultados possíveis a partir dos elementos fornecidos em três casas. O quarto elemento,
porém, o 2º He, revela a perspectiva do tipo de resultado que se pode obter nessa
situação, e é importante lembrar que o oráculo é capaz de captar interferências
inesperadas que escapam à mente mais perspicaz. Deixar uma interpretação ao sabor da
intuição pode ser perigoso, como já vimos.
A Cruz Solar trabalha com cinco casas: a posição de número 5 é adotada nesta
abertura para identificar qualidades da experiência interior (quintessência) da situação
analisada. Considerando que o desenvolvimento da consciência superior é o propósito
fundamental de toda experiência, a carta 5 é a essência do significado da situação e de
forma hermética, podemos dizer que ela indica o que na verdade, nos leva a essa
experiência; a força sutil que nos encaminhou para esse tipo de situação.
O Arcano da quintessência pode também ser encontrado pela soma cabalística dos
valores numéricos dos Arcanos componentes da família. A soma cabalística é obtida
somando os algarismos do número final e extraindo os nove de forma a ter um número
abaixo de 22. Considero, pela prática, mais inspirador escolher a quinta casa, pois oferece
mais condições de manifestação das forças inconscientes que operam. Podemos, além de
escolher uma lâmina para a quinta casa, fazer a soma cabalística das quatro primeiras e
meditar sobre ela, pois sempre há uma chave nessa mensagem. A abertura da Cruz solar é
sfeita considerando-se como casa 1 a primeira carta escolhida por quem pergunta; casa 2
a segunda, e assim por diante – consultar abaixo a orientação sobre o procedimento para
abertura do Tarot. Eis o esquema da abertura:
A cartomancia
A cartomancia utilizou por séculos os Arcanos Menores sem contar com sua
decodificação hermética, devido ao obscurantismo do medievo, à destruição dos livros
antigos de sabedoria e à matança dos mestres que detinham conhecimentos mais
profundos sobre o conhecimento profundo de nossa origem, sobre o propósito de nossa
existência, sobre nosso poder realizador independente de credos e sobre o fato de que
somos os construtores do nosso caminho, à medida em que nos trabalhamos interiormente
para isso.
A sabedoria popular, imersa no inconsciente pessoal e coletivo se manifesta nas
abordagens aos símbolos com grande propriedade, mas despida da Gnose original. Daí
toda a influência cultural dessas práticas, que postulam a existência de um “destino” e
exilam, com tolerância de potentados que preferem seres dependentes e tementes, do que
mentes esclarecidas e atuantes, astralmente. A compreensão de que geramos nosso
caminho, ao trilha-lo, se perde no obscuro do medievo e nos torna pedintes de graça
divina, quando já a possuímos, em essência, somos seus executores, jamais seus
replicantes!
Portanto, a busca de análise de tendências sutis, em vias de manifestação, mas
passíveis, totalmente, de intervenção de nossa Mente Superior, Fruto Divino, é o
verdadeiro propósito da criação dos Arcanos Menores do Tarot, como caminho de
esclarecimento para que possamos formatar nossas experiências de forma cada vez mas
consciente e luminosa. Por este fato é que a abordagem hermética não considera a
existência de destino, mas sim da relação entre causa e conseqüência, que se
desenvolve de acordo com o esquema tetragramático.
Podemos dizer que no naipe dos Bastões, azilutiano, encontramos a formação mais sutil
de todas a causas de todos os demais processos de nossa existência. Para realizar em uma
vida ou em uma vivência, a experiência interior do ideal ou dos ideais a serem vividos esse
poder atua sobre nós de forma muitas vezes insondável, enquanto trilhamos os caminhos
dos três mundos subseqüentes, mais ao alcance de almas ainda não libertas dos véus do
fenômeno, que ainda não realizaram o estado búdico ou crístico. Por essa razão, muitas
vezes entendemos o porquê de experiências e episódios que vivemos nos demais mundos,
mais perto de nossa consciência como alma encarnada, só depois, por vezes, muito depois
dos episódios consumados em Azyiah, manifestação fenomênica. Por isso se diz que tudo
tem um sentido, nada está fora da perfeição da sincronicidade do Universo Inteligente,
emanação do Totalmente Harmonioso e Imanente.Essa é a diferença principal do emprego
dos Arcanos no hermetismo, o que difere profundamente da cartomancia, que avalia, em
seu alcance limitado a linguagem simbólica e sua relação com fatos, mas cujo emprego
popular é extremamente simplista, criando associações diretas dando-nos a impressão de
que o destino está “escrito”. Esse saber simplório, embora encontre grande relação com o
contato com o poder de manifestação do sutil, e seja mais assertivo com relação ao
passado, clichês já manifestos, é totalmente destituído do conhecimento da grande lei
hermética da atração universal (atraímos o que formatamos no nível astral – na mente e
no coração – Hod e Netzah, como aprendemos no Arcano XVII, A Estrela da Magia).
A Árvore da Vida
Vamos avaliar a aplicação oracular dos Menores à luz dos postulados de Mebes para
cada Arcano, e utilizando os ensinamentos de Z’ev Ben Shimon Halevi, quanto à estrutura
da Árvore da Vida. Na medida do possível, tentaremos entender o significado oracular de
acordo com seu significado hermético, e faremos uma correlação com as interpretações
das duas maiores linhagens de cartomancia, que surgiram na Europa a partir do século
XVII. Essas práticas, pelos registros correntes em nossa cultura, utilizam apenas parte dos
Arcanos Menores, dependendo da influência da cultura onde floresceu. Não utilizam o
pajem, nas linhas espanholas e não utilizam o cavaleiro, nas linhas francesas. Não existe
na cartomancia autêntica a utilização dos Arcanos Maiores, pois que seu conhecimento se
manteve velado pela igreja de Roma, como vimos no histórico do início do livro, e devido a
várias deformações dos Maiores, apenas poucos grandes buscadores, como Papus, Eliphas
Levi e depois, a Golden Down, puderam nos restituir fragmentos da compreensão deles, o
que encontramos com mestria no incomparável Mebes.
Joana Trautvetter
A quatro figuras
Joana Trautvetter
Rainha de
Rainha dos Rainha das Rainha dos Gládios
Moedas
Bastões Taças Mãe do cavaleiro,
1º Dona dos filhos,
Esposa do pai, Senhora da atração, personalidade de
He personalidade de
personagem de personagem de natureza feminina
natureza feminina
natureza feminina natureza feminina interativa, geradora de
inercial, mantém as
ativa, consubstancia o receptiva, criadora de formas, mental,
condições das
poder. condições. articuladora.
realizações físicas.
Cavaleiro de Moedas
Cavaleiro de Bastões Cavaleiro de Cavaleiro dos Gládios
Individualidades
Transmissor do Taças Agente ativo, que
componentes,
Vav poder ativo, Intermediário, atrai os transmite a vida,
movimento inercial
movimento ativo, elementos, movimento movimento mental
mantenedor das
caminho do poder. espontâneo e atrativo. interativo, transforma
formas.
transmite ideais. Caminho do as formas astrais.
Caminho da prática,
Caminho de desafios. sentimento. Caminho do intelecto.
da adaptação.
Os Reis
Cada Rei é a representação do poder Iud em um naipe. O Iud porta em si, o poder
divino masculino, portanto ativo, que podemos interpretar como Informação
Inteligente e poder fecundador, análogo ao Relâmpago da Árvore da Vida, que desce
em ação germinativa, na direção da manifestação. Um Rei sempre terá um poder
polarizador em si, e geralmente aparece representando um personagem, que pode ser
masculino ou feminino, pois a lâmina sempre descreve a característica Astral, não a
física. Conhecemos homens com natureza receptiva, análogo ao feminino, assim como
mulheres com características mais ativas, análogas ao masculino.
Uma pessoa não pode ser representada por um único Arcano, por isso, o naipe do
Rei indica o tipo de energia daquela pessoa dentro de determinado contexto, não na
vida como um todo. Alguém pode deter o poder de um Rei de Bastões em uma
situação, mas não em outra, onde pode estar atuando mais emocionalmente e sair
como um Rei de Taças, ou mais racionalmente e aparecer em um Rei de Gládios. Um
personagem pode ter sobre uma pessoa o efeito taças e sobre outra o efeito moedas. É
preciso avaliar as figuras dentro de determinado contexto e no prisma de sua
colocação na abertura, de acordo com a seqüência do Tetragramaton: Iud-He-Vav-He.
A verdade é que uma personalidade masculina se torna plena quando é capaz de
integrar em si os quatro Reis, aplicando-os com sabedoria e discernimento, de acordo
com a área de experiência em que estiver sendo solicitado, devendo preservar a
orientação íntima da postura do Rei dos Bastões.
O Rei de Paus
Este Rei personifica o poder masculino máximo dentro dos Arcanos Menores, uma vez
que é o Senhor de Azilut, expressão da Face Masculina do Poder Divino, gerador de todas
as coisas. Encarna e expressa a Vontade Divina, a presença do Espírito, irradiando o ideal
superior e o poder de manifestação em todos os níveis da Árvore, no caminho descendente.
Atua por meio do poder fecundante dos ideais e exerce seu efeito sobre tudo e
sobre os demais, por personificar a magnitude desse poder. Sua presença inspira
segurança, fé, confiança, respeito e evoca o amor divinal em Beriah.
Quando representa a pessoa que consulta o Oráculo, indica que nessa situação
específica ela está revestida desse poder pela sintonia com propósitos superiores. A
força interior, assim insuflada e mantida, aliada a uma atitude positiva (natural do
elemento Fogo), são determinantes para a evolução da situação. Quando a posição
desse Arcano na abertura indica alguém envolvido na situação, está-se falando de
um personagem poderoso, íntegro, respeitável, cuja posição é decisiva na situação.
Se o conjunto mostrar interação favorável, pode-se esperar o melhor da pessoa
assim representada.
Pode simbolizar o pai, de forma arquetípica, um grande chefe, uma autoridade
máxima, um mestre, um guru, alguém que personifica a presença divina, em seu
aspecto masculino, ativo e imbuído do poder de girar a Roda do Mundo.
Conhecido carinhosamente como o “Pau dos Paus”, o Poder dos Poderes, quando
aparece no caminho de uma mulher, eliminada a possibilidade de estar retratando
o arquétipo do seu pai, representa o grande
homem de sua vida, a personificação de seus ideais mais elevados. Ele detém o poder
de a preencher, realizar e plenificar. A melhor companheira deste rei será a Rainha das
Taças, que detém o poder atrativo e receptivo e a capacidade de entrega, o que a
torna em Graal para este Iud.
O Rei de Copas
Este é o poder Iud inserido no Mundo do amor, da devoção e da emoção. É o Rei
amoroso, cujo psiquismo está tomado pelo amor e cujas atitudes são movidas pelo
sentimento, espiritualidade e sensibilidade. Por isto é visto como esposo da Rainha, senhora
de sua devoção amorosa.
A força de seu amor e capacidade de se permitir viver o sentimento e estar
pronto a agir motivado pelo sentimento, o caracteriza como o companheiro, o
amante, o personagem capaz de realizar os anseios da alma, de preencher as
necessidades emocionais dos que os rodeiam, buscando também realizar sua busca
interior de sentido, de propósito, de saciedade. É um personagem receptivo, mas
dotado de poder de direcionamento, quando sensibilizado em uma situação.
Pode representar a pessoa que consulta, indicando que seu poder ativo está
tomado por sentimentos, cujo encaminhamento deve ser estudado no restante da
abertura, podendo ou não conduzir a uma experiência gratificante.
Quando aparece para representar outra pessoa, indica uma receptividade afetiva
inequívoca desse personagem à pessoa que consulta. Isto pode ocorrer em
qualquer nível de relacionamento, amoroso, fraterno, familiar ou profissional.
Justamente por sua receptividade, pode personificar alguém talentoso e forte,
mas em posição fraca, pois está mais à disposição da vontade do outro que da sua
própria, na situação analisada. A decisão não vem dele, mas da pessoa ou instância
que o está sensibilizando.
No amor, este é o Rei que busca na Rainha o seu Graal. No campo espiritual, é o
caminho do místico, daquele que atua devocionalmente inspirado, a serviço do Influxo
Espiritual Superior, do amor e da compaixão. O Graal é sua Rainha.
Como não detém o comando, em situações familiares personifica o pai amoroso,
compreensivo, mas não exerce a função de estabelecimento de limites e carece de
severidade, o que pode gerar problemas, a não ser que esteja acompanhado de uma
rainha forte. Sua melhor companheira é a Rainha dos Bastões.
O Rei de Espada
Rei que encarna o poder Iud no Mundo do Intelecto, é o senhor da ação mental, racional,
direcionada para a formação de clichês astrais destinados à manifestação. Personificando o
princípio VAV, dá início ao maior drama humano: o Livre Arbítrio.
Este personagem pode utilizar a Espada Excalibur a serviço do bem ou ao
serviço de si próprio. Justamente por isso é a figura de Rei mais difícil de
interpretar, pois que não se sabe para que direção sua mente tem inclinação
pessoal.
É o melhor companheiro da dama de moedas, que se abre para as feituras
materiais, mas há que se questionar, a que propósito servem?
Na dimensão da mente, que conecta o Espírito com o mundo material, todas as
seduções e impressões imagéticas refletidas pelo fenômeno, não só seduzem o
princípio Iud, mas, em sua dicotomia, o ensinam, por tentativa e erro, o Caminho
(Vav) por meio do qual construímos o conhecimento, sempre dual, característica do
mundo intelectual, mas também nos maltratam e punem, pois nada há, fora da
experiência materializada no fenômeno, que antes não tenha existido no mundo
mental. A isto, alguns hermetistas chamavam de Lei da Atração, que hoje é
utilizada na neurolingüística.
Este Rei, que manifesta o Poder Iud na mente de qualquer pessoa encarnada, é
o responsável pela Lei da Atração. A mente formula, o Universo cumpre. Por isto,
ele é a chave para uma existência construtiva ou destrutiva e a interpretação de
seu significado na abertura é um grande desafio,
pois é o contexto que dirá o que está sendo formatado pelo poder astral dessa força da
mente.
O Rei de Ouro
Neste domínio de realizações materiais o poder Iud do Rei está empenhado em
manter a segurança, estabilidade e continuidade dos assuntos do mundo físico.
Esta é a posição mais inercial para esse poder, que vai cumprir na criação o
ensinamento do Imperador, cuja essência é a Lei da Adaptação, que cuida de se
adequar constantemente às circunstâncias para assim garantir a permanência, mas
que em situações imperativas pode atuar de modo direto sobre as circunstâncias, de
forma a se impor no mundo manifesto.
Na cartomancia mostra uma personalidade estável, imersa no mundo material,
provedora e previsível, do ponto de vista de atitudes.
Trata-se de um excelente administrador. Não é caracterizado como ambicioso,
não é dado a mudanças em seus rumos, podendo ser conformado e centrado em seu
cotidiano e em suas atividades físicas, sem grandes questionamentos ou buscas
interiores.
Sua Rainha ideal é a dos Gládios, que confere ao par as aspirações mentais e a
possibilidade de dinâmica nas situações.
Em uma abertura, pode indicar estabilidade material, conforto, bens preservados,
segurança física.
As Rainhas
Joana Trautvetter
Os Pajens
Joana Trautvetter
O Valete de Ouros
O servidor ou filho dos feitos, a encarnação das obras, indica o obreiro com o fruto
de seu trabalho realizado nas mãos. O pajem é o que realiza, o que dá forma definitiva
às coisas práticas, materializadas, definidas no mundo fenomênico. É o mais poderoso
dos Valetes, o obreiro, inserido em Azyiah, psiquicamente imerso nas questões de
trabalho e concretização das idéias. Aqui a força de manifestação é total, são clichês
astrais que cumpriram seu propósito, seja superior ou inferior. Um resultado
inequívoco é apresentado por esse Arcano.
Quando representa uma criança, indica uma natureza prática, telúrica, de
preponderância do elemento Terra. Criança que facilmente desenvolve o apego
material, precisa de atenção para se abrir ao mundo dos ideais e ao preenchimento da
necessidade de amor. Os valores do espírito e do coração precisam ser evidenciados.