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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no AgRg no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 28.220 -


DF (2008/0251026-4)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
EMBARGANTE : ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CÓRREGO DAS
ANTAS - AMCA - LAGO SUL E OUTROS
ADVOGADOS : DENNIS TORRES MOSTACATO E OUTRO(S) -
DF010957
JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES E OUTRO(S) -
DF006546
EMBARGADO : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : MÁRIO CÉSAR LOPES BARBOSA E OUTRO(S) -
DF008943
EMBARGADO : TERRACAP COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA
ADVOGADO : DIEGO ALBERTO BRASIL FRAGA E OUTRO(S) -
DF023665
EMENTA
ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE
SEGURANÇA. OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL. LEGALIDADE NO ATO DO PODER PÚBLICO DISTRITAL DE
DISCIPLINAR A UTILIZAÇÃO DA ÁREA E ZELAR PARA QUE SUA
DESTINAÇÃO SEJA PRESERVADA. A OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA,
FEITA DE MANEIRA IRREGULAR, NÃO GERA OS EFEITOS GARANTIDOS
AO POSSUIDOR DE BOA-FÉ. INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DIREITO
LÍQUIDO E CERTO A SER AMPARADO PELA VIA MANDAMENTAL,
RESSALVA DAS VIAS PROCESSUAIS ORDINÁRIAS. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO DA AMCA REJEITADOS.

1. É vedado a este Tribunal apreciar a violação de


dispositivos constitucionais, uma vez que o julgamento de matéria de índole
constitucional é reservado ao Supremo Tribunal Federal, ainda que para fins
de prequestionamento. Precedentes: EDcl no AgRg no REsp. 1.233.330/PR,
Rel. Min. REYNALDO SOARES DA FONSECA, DJe 27.3.2017; EDcl nos
EAREsp. 473.529/SC, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe
21.3.2017; EDcl nos EAREsp. 166.402/PE, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO,
DJe 29.3.2017, EDcl no REsp. 1.469.087/AC, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO,
DJe 16.3.2017.

2. O acórdão embargado é claro ao asseverar que não há


como reconhecer a ilegalidade no ato do Poder Público Distrital de disciplinar a
utilização da área e zelar para que sua destinação seja preservada, porque é
justamente por estar inserida na citada APA, que incumbe ao Estado o
gerenciamento da área, exercendo regularmente o direito de restringir o uso e
gozo da propriedade em favor do interesse da coletividade.

3. Consignando, ainda, que os próprios impetrantes


reconhecem que ocupam a área de maneira irregular e precária, assim não há
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como reconhecer a violação a direito líquido e certo como sustentado na peça
inaugural da segurança.

4. Embargos de Declaração da AMCA rejeitados.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros
da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos
e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, rejeitar os Embargos de
Declaração, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Sérgio Kukina, Regina
Helena Costa (Presidente) e Gurgel de Faria votaram com o Sr. Ministro
Relator.

Brasília/DF, 03 de agosto de 2017 (Data do Julgamento).

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO


MINISTRO RELATOR

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EDcl no AgRg no RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 28.220 -
DF (2008/0251026-4)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
EMBARGANTE : ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CÓRREGO DAS
ANTAS - AMCA - LAGO SUL E OUTROS
ADVOGADOS : DENNIS TORRES MOSTACATO E OUTRO(S) -
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JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES E OUTRO(S) -
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EMBARGADO : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : MÁRIO CÉSAR LOPES BARBOSA E OUTRO(S) -
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EMBARGADO : TERRACAP COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA
ADVOGADO : DIEGO ALBERTO BRASIL FRAGA E OUTRO(S) -
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RELATÓRIO

1. Cuida-se de Embargos de Declaração no Agravo


Regimental no Recurso Ordinário em Mandado de Segurança opostos pela
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CÓRREGO DAS ANTAS, ao acórdão
assim ementado:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. OCUPAÇÃO DE ÁREA
PÚBLICA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL. LEGALIDADE NO
ATO DO ESTADO DE DISCIPLINAR A UTILIZAÇÃO DA ÁREA E
ZELAR PARA QUE SUA DESTINAÇÃO SEJA PRESERVADA. A
OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA, FEITA DE MANEIRA IRREGULAR,
NÃO GERA OS EFEITOS GARANTIDOS AO POSSUIDOR DE
BOA-FÉ. IMPOSSIBILIDADE DE ALEGAÇÃO DE FATO CONSUMADO
EM MATÉRIA AMBIENTAL. INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DIREITO
LÍQUIDO E CERTO A SER AMPARADO PELA VIA MANDAMENTAL,
RESSALVA DAS VIAS PROCESSUAIS ORDINÁRIAS. PARECER
MINISTERIAL PELO DESPROVIMENTO DO FEITO. AGRAVO
REGIMENTAL DA AMCA E OUTROS A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.

1. Os impetrantes buscam o reconhecimento da


ilegalidade no procedimento de desocupação perpetrado pelo
Secretário de Administração de Parques do Distrito Federal, objetivando
que a autoridade coatora abstenha-se de praticar qualquer ato tendente

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a remover os moradores do Parque das Copaíbas.

2. Nos termos da Lei Complementar Distrital 265/1999 e


Lei Distrital 1.600/1997, não há como reconhecer a ilegalidade no ato
do Estado de disciplinar a utilização da área e zelar para que sua
destinação seja preservada. É justamente por estar inserida na citada
APA, que incumbe ao Estado o gerenciamento da área, exercendo
regularmente o direito de restringir o uso e gozo da propriedade em
favor do interesse da coletividade.

3. Cumpre ao Estado, nestas situações, empreender


ações efetivas visando não só a salvaguarda da diversidade biológica
local, como também a regência urbanística das áreas, garantindo a
sustentabilidade do usufruto dos recursos disponibilizados pela
Natureza, além de atender ao projeto original da Capital, que assegura
a existência de áreas de lazer no Lago voltadas à população em geral
do Distrito Federal.

4. Vale frisar que a própria impetrante reconhece que


ocupa a área de maneira irregular e precária, uma vez que a Ação de
Interdito Proibitório já reintegrou a TERACAP na posse da área em
litígio, assim, não há como reconhecer a violação a direito líquido e
certo como sustentando na peça inaugural da segurança.

5. É firme o entendimento desta Corte de que a ocupação


de área pública, feita de maneira irregular, não gera os efeitos
garantidos ao possuidor de boa-fé pelo Código Civil, configurando-se
mera detenção.

6. Não prospera também a alegação de aplicação da


teoria do fato consumado, em razão de os moradores já ocuparem a
área, com tolerância do Estado por anos, uma vez que tratando-se de
construção irregular em Área de Proteção Ambiental-APA, a situação
não se consolida no tempo. Isso porque, a aceitação da teoria
equivaleria a perpetuar o suposto direito de poluir, de degradar, indo
de encontro ao postulado do meio ambiente equilibrado, bem de uso
comum do povo essencial à qualidade sadia de vida.

7. Agravo Regimental da AMCA e outros a que se nega


provimento.

2. Sustenta a embargante que a decisão não enfrentou a


assertiva de que as APAs permitem ocupação humana, o que permitiria o
reconhecimento da legitimidade dessa ocupação. Aponta, ainda, alegada
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infringência aos arts. 5o., XXII e XXIII e 183 da Constituição Federal.

3. É o relatório.

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RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
EMBARGANTE : ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CÓRREGO DAS
ANTAS - AMCA - LAGO SUL E OUTROS
ADVOGADOS : DENNIS TORRES MOSTACATO E OUTRO(S) -
DF010957
JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES E OUTRO(S) -
DF006546
EMBARGADO : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : MÁRIO CÉSAR LOPES BARBOSA E OUTRO(S) -
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EMBARGADO : TERRACAP COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA
ADVOGADO : DIEGO ALBERTO BRASIL FRAGA E OUTRO(S) -
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VOTO
ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO
DE SEGURANÇA. OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA. ÁREA DE
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL. LEGALIDADE NO ATO DO ESTADO
DE DISCIPLINAR A UTILIZAÇÃO DA ÁREA E ZELAR PARA QUE SUA
DESTINAÇÃO SEJA PRESERVADA. A OCUPAÇÃO DE ÁREA
PÚBLICA, FEITA DE MANEIRA IRREGULAR, NÃO GERA OS
EFEITOS GARANTIDOS AO POSSUIDOR DE BOA-FÉ.
INEXISTÊNCIA DE QUALQUER DIREITO LÍQUIDO E CERTO A SER
AMPARADO PELA VIA MANDAMENTAL, RESSALVA DAS VIAS
PROCESSUAIS ORDINÁRIAS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DA
AMCA REJEITADOS.

1. É vedado a este Tribunal apreciar a violação de


dispositivos constitucionais, ainda que para fins de
prequestionamento, uma vez que o julgamento de matéria de índole
constitucional é reservado ao Supremo Tribunal Federal. Precedentes:
EDcl no AgRg no REsp. 1.233.330/PR, Rel. Min. REYNALDO SOARES
DA FONSECA, DJe 27.3.2017; EDcl nos EAREsp. 473.529/SC, Rel.
Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 21.3.2017; EDcl nos
EAREsp. 166.402/PE, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe
29.3.2017, EDcl no REsp. 1.469.087/AC, Rel. Min. FRANCISCO
FALCÃO, DJe 16.3.2017.

2. O acórdão embargado é claro ao asseverar que não há


como reconhecer a ilegalidade no ato do Estado de disciplinar a
utilização da área e zelar para que sua destinação seja preservada,
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porque é justamente por estar inserida na citada APA, que incumbe ao
Estado o gerenciamento da área, exercendo regularmente o direito de
restringir o uso e gozo da propriedade em favor do interesse da
coletividade.

3. Consignando, ainda, que os próprios impetrantes


reconhecem que ocupam a área de maneira irregular e precária, assim
não há como reconhecer a violação a direito líquido e certo como
sustentado na peça inaugural da segurança.

4. Embargos de Declaração da AMCA rejeitados.

1. De início, cumpre esclarecer que a legislação processual


é peremptória ao prescrever as hipóteses de cabimento dos Embargos de
Declaração; trata-se, pois, de recurso de fundamentação vinculada, restrito a
situações em que patente a existência de obscuridade, contradição ou
omissão no julgado.

2. Dest'arte, infere-se que, a par da pacífica orientação


acerca da natureza recursal dos Declaratórios, estes não se prestam ao
rejulgamento da lide, mediante o reexame de matéria já decidida, mas,
apenas, à elucidação ou ao aperfeiçoamento do decisum em casos de
obscuridade, contradição ou omissão. Não tem, pois, de regra, caráter
substitutivo ou modificativo, ou seja, o condão de alterar, livre e
substancialmente, o decisório, em seu dispositivo, mas, sim, aclarar ou
integrar, razão por que seu processamento não é norteado pelos princípios do
contraditório e da igualdade.

3. Com efeito, os Embargos de Declaração não podem ser


utilizados com a finalidade de sustentar eventual incorreção do decisum
hostilizado ou de propiciar novo exame da própria questão de fundo, em ordem
a viabilizar, em sede processual inadequada, a desconstituição de ato judicial
regularmente proferido.

4. Ressalte-se, por oportuno, que esta Corte admite a


atribuição de efeitos infringentes a Embargos de Declaração, apenas quando o
reconhecimento da existência de eventual omissão, contradição ou
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obscuridade acarretar, invariavelmente, a modificação do julgado, o que não
se verifica na hipótese em tela. A respeito, confira-se:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSUAL CIVIL E


ADMINISTRATIVO. ANISTIA. PORTARIA. EFEITOS RETROATIVOS.
PAGAMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. OMISSÕES.
INEXISTÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES. INVIABILIDADE.
MATÉRIA CONSTITUCIONAL. ANÁLISE. DESNECESSIDADE.

1. A obtenção de efeitos infringentes, como pretende a


embargante, somente é possível, excepcionalmente, nos casos em
que, reconhecida a existência de um dos defeitos elencados nos incisos
do mencionado art. 535, a alteração do julgado seja conseqüência
inarredável da correção do referido vício; bem como nas hipóteses de
erro material ou equívoco manifesto, que, por si sós, sejam suficientes
para a inversão do julgado. Precedentes.

2. No caso, inexiste qualquer vício a ser sanado. Da


simples leitura do acórdão ora embargado, depreende-se,
inequivocamente, que todas as questões apontadas como não
enfrentadas foram, clara e explicitamente, abordadas.

3. A solução da controvérsia posta à apreciação desta


Superior Tribunal carece da análise dos dispositivos constitucionais
apontados pela Embargante, na medida em que se funda
exclusivamente na interpretação da legislação infraconstitucional,
mormente na Lei 1.533/51 - Lei do Mandado de Segurança e na Lei
10.559/02 - Lei das Anistias.

4. Embargos de Declaração rejeitados (EDcl no MS


11.621/DF, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJU 23.10.2006).

5. Vale ainda esclarecer que, apenas excepcionalmente, os


Aclaratórios podem ser utilizados para amoldar o julgado à superveniente
orientação jurisprudencial do Pretório Excelso dotada de efeito vinculante, em
atenção à instrumentalidade das formas, de modo a garantir a celeridade e a
eficácia da prestação jurisdicional, hipótese diversa da apresentada nestes
autos.

6. No presente recurso, busca o embargante a apreciação


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de dispositivos constitucionais, ocorre que é vedado a este Tribunal apreciar a
violação de dispositivos constitucionais, ainda que para fins de
prequestionamento, uma vez que o julgamento de matéria de índole
constitucional é reservado ao Supremo Tribunal Federal.

7. Corroborando tal orientação, os seguintes julgados:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL


EM RECURSO ESPECIAL - JUÍZO DE RETRATAÇÃO -
PREVIDENCIÁRIO - PRAZO DECADENCIAL DECENAL PARA
PLEITEAR A REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO
CONCEDIDO ANTES DE 1º/08/1997. AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO,
OMISSÃO OU OBSCURIDADE. PRETENSÃO DE REEXAME DA
MATÉRIA. IMPOSSIBILIDADE. EMBARGOS REJEITADOS.

1. Não compete ao Superior Tribunal de Justiça se manifestar


explicitamente acerca de dispositivos constitucionais, ainda que para
fins de prequestionamento, sob pena de usurpação de competência
reservada ao Supremo Tribunal Federal. Precedentes desta Corte.

2. A contradição impugnável por meio dos embargos de


declaração é aquela interna ao julgado, que demonstra incoerência
entre as premissas e a conclusão da decisão, e não o alegado erro de
julgamento (error in judicando) da Turma julgadora, ao considerar
inexistente divergência entre acórdão recorrido e acórdão paradigma,
que o embargante considera demonstrada. Precedentes.

3. Os embargos de declaração somente se prestam a corrigir


error in procedendo e possuem fundamentação vinculada, dessa forma,
para seu cabimento, imprescindível a demonstração de que a decisão
embargada se mostrou ambígua, contraditória ou omissa, conforme
disciplina o art. 1.022 do Código de Processo Civil/2015.

Portanto, a mera irresignação com o resultado de julgamento,


visando, assim, a reversão do julgado, não tem o condão de viabilizar a
oposição dos aclaratórios.

4. Os embargos de declaração, ainda que manejados para fins


de prequestionamento, somente são cabíveis quando o provimento
jurisdicional padece de ambiguidade, obscuridade, contradição ou
omissão, nos ditames do art. 1.022 do Código de Processo Civil/2015,
bem como para sanar eventual erro material, o que não se verifica na

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espécie.

5. Situação em que o recorrente, na realidade, não chega a


indicar nenhum dos defeitos por ele mencionados nos embargos de
declaração (omissão e contradição), limitando-se a apresentar novos
argumentos ligados a um suposto direito adquirido a benefício
previdenciário mais vantajoso que não chegaram a ser aventados no
seu recurso especial e que também não condizem com o pedido e as
razões apresentadas na petição inicial.

6. Honorários recursais (art. 85, § 11, do novo CPC) fixados


em R$ 100,00 (cem reais).

7. Embargos de declaração rejeitados (EDcl no AgRg no REsp.


1.233.330/PR, Rel. Min. REYNALDO SOARES DA FONSECA, DJe
27.3.2017).

² ² ²

PROCESSUAL CIVIL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº


03/STJ. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS
NO JULGADO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA JÁ DECIDIDA.
IMPOSSIBILIDADE. PRONUNCIAMENTO SOBRE MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE.

1. A análise das razões recursais revela a pretensão da parte


em alterar o resultado do julgado, o que é inviável nesta seara recursal.

2. "Não configura omissão capaz de ensejar a oposição dos


embargos de declaração, o não enfrentamento de questões
implicitamente afastadas pela decisão embargada em face da
fundamentação utilizada" (EDcl no RMS 30.973/PI, Rel. Min. LAURITA
VAZ, QUINTA TURMA, DJe 03/04/2012).

3. Não compete ao Superior Tribunal de Justiça se manifestar


sobre suposta ofensa a preceitos constitucionais, ainda que para fins de
prequestionamento, sob pena de invasão da competência do Supremo
Tribunal Federal, nos termos do art. 102, III, da Constituição da
República (cf. EDcl nos EAREsp 186.449/PR, Rel. Min. ELIANA
CALMON, CORTE ESPECIAL, DJe 01/07/2013; EDcl no AgRg nos
EREsp 1211315/RJ, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE
ESPECIAL, DJe 01/02/2013).

4. Embargos de declaração rejeitados (EDcl nos EAREsp.


473.529/SC, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe
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Superior Tribunal de Justiça
21.3.2017).

² ² ²

PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FINALIDADE DE
PREQUESTIONAMENTO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES.
IMPOSSIBILIDADE. ART. 1.022 DO NOVO CPC.

1. A ocorrência de um dos vícios previstos no art. 1.022 do


CPC é requisito de admissibilidade dos embargos de declaração, razão
pela qual a pretensão de mero prequestionamento de dispositivos
constitucionais para a viabilização de eventual recurso extraordinário
não possibilita a sua oposição. Precedentes da Corte Especial.

2. A pretensão de reformar o julgado não se coaduna com as


hipóteses de omissão, contradição, obscuridade ou erro material
contidas no art. 1.022 do novo CPC, razão pela qual inviável o seu
exame em sede de embargos de declaração.

3. Embargos de declaração rejeitados (EDcl nos EAREsp.


166.402/PE, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 29.3.2017).

² ² ²

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO E DIREITO


DO CONSUMIDOR. CANCELAMENTO DE VOOS. DIREITO DE
INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR. ALEGAÇÃO DE OMISSÕES E
CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA.

I - A tese suscitada pela parte recorrente a respeito da


distinção entre consumidor e usuário do serviço foi deduzida
somente em embargos de declaração, não tendo sido objeto de
recurso em momento oportuno, caracterizando, por isso, intolerável
inovação recursal, mesmo que invocada a título de prequestionamento.
Além disso, revela pretensão de alterar o resultado da decisão.

II - Não cabe ao Superior Tribunal de Justiça, nem mesmo


com fim de prequestionamento, em embargos de declaração, analisar
violação de dispositivos constitucionais, sob pena de usurpar a
competência constitucional do STF.

III - A análise das razões recursais revela a pretensão da parte


em alterar o resultado da decisão, o que é inviável nesta seara
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recursal.

IV - Embargos de declaração rejeitados (EDcl no REsp.


1.469.087/AC, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJe 16.3.2017).

8. O voto que conduz o acórdão recorrido examinou


exaustivamente a questão. De fato, está claramente destacado no acórdão
embargado que o não há como reconhecer a ilegalidade no ato do Estado de
disciplinar a utilização da área e zelar para que sua destinação seja
preservada, porque é justamente por estar inserida na citada APA, que
incumbe ao Estado o gerenciamento da área, exercendo regularmente o direito
de restringir o uso e gozo da propriedade em favor do interesse da
coletividade.

9. Consignando, ainda, que os próprios impetrantes


reconhecem que ocupam a área de maneira irregular e precária, assim não há
como reconhecer a violação a direito líquido e certo como sustentado na peça
inaugural da segurança.

10. O acórdão recorrido, inclusive, assevera que já foi julgada


Ação de Interdito Proibitório reintegrando a TERRACAP na posse da área em
litígio, bem como determinando a desocupação pelos moradores no prazo de
30 dias.

11. Ante o exposto, rejeitam-se os Embargos de Declaração.

12. É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

EDcl no AgRg no
Número Registro: 2008/0251026-4 PROCESSO ELETRÔNICO RMS 28.220 / DF

Número Origem: 20050020105533


PAUTA: 03/08/2017 JULGADO: 03/08/2017

Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra REGINA HELENA COSTA
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. DARCY SANTANA VITOBELLO
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CÓRREGO DAS ANTAS - AMCA -
LAGO SUL E OUTROS
ADVOGADOS : DENNIS TORRES MOSTACATO E OUTRO(S) - DF010957
JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES E OUTRO(S) - DF006546
RECORRIDO : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : MÁRIO CÉSAR LOPES BARBOSA E OUTRO(S) - DF008943
RECORRIDO : TERRACAP COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA
ADVOGADO : DIEGO ALBERTO BRASIL FRAGA E OUTRO(S) - DF023665
ASSUNTO: Administrativo - Ato - Regulamento

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
EMBARGANTE : ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CÓRREGO DAS ANTAS - AMCA -
LAGO SUL E OUTROS
ADVOGADOS : DENNIS TORRES MOSTACATO E OUTRO(S) - DF010957
JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES E OUTRO(S) - DF006546
EMBARGADO : DISTRITO FEDERAL
PROCURADOR : MÁRIO CÉSAR LOPES BARBOSA E OUTRO(S) - DF008943

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EMBARGADO : TERRACAP COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA
ADVOGADO : DIEGO ALBERTO BRASIL FRAGA E OUTRO(S) - DF023665

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa (Presidente)
e Gurgel de Faria votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 1620683 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 17/08/2017 Página 1 4 de 14

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