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O dicionário Webster classifica religião como “o serviço e veneração a Deus ou ao

sobrenatural; um conjunto de leis ou um sistema institucionalizado de atitudes


religiosas, crenças e práticas; a causa, princípio ou sistema de crenças efetuada
com ardor e fé”. Ele também coloca a palavra Ritual como sendo “uma forma
estabelecida de cerimônia; um ato ou ação cerimonial; qualquer ato formal ou
costumeiro realizado de maneira seqüencial”.

Porém, nenhum dicionário vai conseguir dar a vocês a verdadeira definição de Magia.
Magia é um processo deliberado no qual eventos do desejo do Mago acontecem sem
nenhuma explicação visível ou racional. Os católicos/evangélicos chamam estes
eventos de Milagres quando são produzidos por eles e de “coisas do demônio” quando
são produzidos por outras pessoas. As religiões ortodoxas acabaram presas em uma
armadilha que elas mesmas criaram a respeito dos rituais e da magia. Embora a
Igreja Católica (e as Evangélicas por extensão, com seus óleos sagrados, águas do
rio Jordão e círculos de 318 pastores) use e abuse de rituais de magia baixa em
seus cultos, o mero comentário que seus fiéis estejam usando rituais de magia pode
te arrumar confusão.

Então… como os magos definem magia? Um Ritual de Magia é apenas e tão somente a
canalização de energias de outros planos de existência, através de pensamentos,
gestos, ações e vocalizações específicas, em uma forma manifestada no Plano Físico.
O nome que se dá a isso é Weaving (tecer), de onde se originam as palavras Witch
(bruxa) e Wiccan (bruxo). Não confundir com a baboseira new age que se difundiu no
Brasil e que chamam de “wicca” por aí. Estou falando de coisas sérias.
A idéia por trás da magia é contatar diversas Egrégoras (chamadas de Deuses ou
Deusas) que existem em uma dimensão não material. Os magos trabalham
deliberadamente estas energias porque as Egrégoras adicionam um poder enorme ao
Mago para a manifestação de sua vontade (Thelema, em grego).

O primeiro propósito de um ritual é criar uma mudança, e é muito difícil realizá-


las apenas com a combinação dos arquétipos e de nossa vontade solitária. Para isto,
precisamos da assistência destas “piscinas de energia” que chamamos de Divindades.
Tudo o que é usado durante a ritualística é um símbolo para uma energia que existe
em outro plano. O que define se o contato irá funcionar ou não depende do
conhecimento que o Mago possui destas representações simbólicas usadas no Plano
Material. O estudo e meditação a respeito da simbologia envolvida nas ritualísticas
é vital para o treinamento de um mago dentro do ocultismo.

Para conseguir trazer estas energias das Egrégoras para o Plano Físico, os magos
precisam preparar um circuito de comunicação adequado, de maneira a permitir o
fluxo destas energias. Isto é feito através da ritualística, do uso de símbolos, da
visualização e da meditação.
Para manter este poder fluindo em direção a um objetivo, é necessário criar um
Círculo de Proteção ao redor da oficina de trabalho. Este circuito providencia uma
área energética neutra que não permitirá que a energia trabalhada escoa ou se
dissipe. Este círculo pode ser imaginário, traçado, riscado ou até mesmo
representado por cordas (como a famosa “corda de 81 nós” usadas nas irmandades de
pedreiros livres na Idade Média).
O círculo de proteção também pode ser usado para limpar um ambiente, para afastar
energias negativas ou entidades astrais indesejadas.

Para direcionar este controle e poder, o mago utiliza-se de certas ferramentas de


operação, para auxiliar simbolicamente seu subconsciente a guiar os trabalhos no
plano mental e espiritual. É por esta razão que a maioria das escolas herméticas
utiliza-se dos mesmos instrumentos, como taças, moedas, espadas, adagas, incensos,
caldeirões, ervas e velas. O uso de robes e roupas consagradas especialmente para
estas cerimônias também é necessário para influenciar e preparar a canalização das
energias destas egrégoras.
Para contatar corretamente cada egrégora, o Mago necessita da maior quantidade
possível de símbolos para identificar e representar corretamente a divindade, poder
ou arquétipo que deseja. Apenas despertando sua mente subconsciente o Mago
conseguirá algum resultado prático em seus experimentos. E como o subconsciente
conversa apenas através de símbolos, somente símbolos podem atrair sua atenção e
fazer com que funcionem adequadamente.

Podemos fazer uma analogia destas egrégoras como sendo cofres protegendo vastas
somas de recursos, cujas portas só podem ser abertas pela chave correta. Rezas,
orações, práticas mágicas e venerações “carregam” estes cofres e rituais
específicos “abrem” estes cofres. Cada desenho, imagem, vela, cor, incenso,
plantas, pedras, símbolo, gestos, movimentos e vocalização adicionam “dentes” para
esta chave, como um verdadeiro chaveiro astral (qualquer semelhança com o Keymaker
do filme Matrix NÃO é mera coincidência). De posse da simbologia correta do ritual
e da realização precisa de cada passo da ritualística, o Mago é capaz “girar a
chave”, contatar a egrégora e acessar estes recursos.
Ao final do ritual, estes deuses ou formas arquetipais são liberados para que
possam manifestar o desejo para qual foram chamados durante o ritual e também
permite que o Mago volte a funcionar no mundo normal. Manter os canais de conexão
com os poderes ativos após o ritual ter sido completado tornaria impossível para
uma pessoa viver uma vida normal.
Os magos enxergam o universo como um organismo infinito no qual a humanidade o
moldou à sua imagem. Tudo dentro do universo, incluindo o próprio universo, é
chamado de Deus (Keter). Por causa desta interação e interpenetração de energias,
os iniciados podem estender sua vontade e influenciar o universo à sua volta.
Para conseguir fazer isto, o iniciado precisa encontrar seu próprio Deus interior
(chamado pelos orientais de atmã e pelos ocidentais de EU SOU, ou seja, o seu
verdadeiro EU). Este é o verdadeiro significado da “Grande Obra” para a qual nós,
alquimistas, nos dedicamos. Tornar-se um mestre da Grande Obra pode demorar uma
vida inteira, ou algumas vidas.

A magia ritualística abre as portas para sua mente criativa e para o seu
subconsciente. Para conseguir realizar apropriadamente os rituais de magia, o
magista precisa desligar o seu lado esquerdo do cérebro (chamado mente objetiva ou
consciente, que lida com o que os limitados céticos chamam de realidade) e
trabalhar com o lado direito (ou criativo) do cérebro. Isto pode ser conseguido
através de meditação, visualização e outras práticas religiosas ou ocultistas para
despertar.
O lado esquerdo do cérebro normalmente nos domina. Ele está conectado com a mente
objetiva e lida apenas com o mundo material denso (chamado de Malkuth pelos
cabalistas). É o lado do cérebro que lida com lógica, matemática e outras funções
similares e também o lado do cérebro responsável pela culpa e por criticar tudo o
que fazemos ou pretendemos fazer. Na Kabbalah chamamos este estado de consciência
de Hod.
O lado criativo do cérebro pertence ao que chamam de “imaginação”. É artístico,
visualizador, criativo e capaz de inventar e criar apenas através de uma fagulha de
pensamento. Com o desequilíbrio entre as energias da Razão e da Emoção, o indivíduo
pode pender tanto para o lado “cético-ateu” quanto para o lado “fanático
religioso”. Os verdadeiros ocultistas são aqueles que dominam ambas as partes de
sua consciência.

Uma das primeiras coisas que alguém que pretende enveredar por este caminho precisa
fazer é aprender a eliminar qualquer sensação de falha, insatisfação ou crença
materialista no chamado “mundo real”. Esta é a esfera do gado e dos rebanhos.
Diariamente, todos nós somos bombardeados com estas mensagens negativas na forma de
“essas coisas não existem”, “imaginação é faz-de-conta”, “só acredito no que posso
tocar”, “magia é coisa de filme”” e outras baboseiras, condicionando o gado desde
pequeno a se comportar desta maneira. Esta é a razão pela qual amigos e
companheiros devem ser escolhidos cuidadosamente, não importa a idade que você
tenha. Diga-me com quem andas e te direi quem és.
Idéias a respeito de limitações ou falhas devem ser mantidas no nível mínimo e, se
possível, eliminadas completamente. Para isto, existem certas técnicas de meditação
que ensinarei nas colunas futuras.

Desligando o lado esquerdo


Durante um ritual, o lado esquerdo do cérebro é enganado para sua falsa sensação de
domínio pelos cantos, gestos, ferramentas, velas e movimentações. Ele acredita que
nada ilógico está acontecendo ou envolvido e se torna tão envolvido no processo que
esquece de “fiscalizar” o lado direito. Ao mesmo tempo, as ferramentas se tornam os
símbolos nas quais nosso lado direito trabalhará.

Existem diversas maneiras de se treinar para “desligar” a mente objetiva durante


uma prática mágica. Os mais simples são a meditação, contemplação, rezas e mantras,
mas também podemos usar a dança, exercícios físicos até a beira da exaustão,
atividades sexuais e orgasmos, rodopios, daydreaming, drogas alucinógenas ou até
mesmo bebedeira até o estado de semi-inconsciência. O exercício da Vela que eu
passei em uma das primeiras matérias é um ótimo exercício para treinar este
desligamento da mente objetiva.

Emoções
O lado esquerdo do cérebro não gosta de emoções (repare que a maioria dos fanáticos
céticos parecem robozinhos, ao passo que os fanáticos religiosos parecem
alucinados), pois emoção não é lógica. Mas as emoções são de vital importância na
realização dos rituais. A menos que você esteja REALMENTE envolvido de maneira
emocional e queira atingir os resultados, eu recomendo que você feche este browser
e vá procurar uma página com mulheres peladas, porque não vai atingir nenhum
resultado prático na magia. Emoções descontroladas também não possuem lugar na
verdadeira magia, mas emoções controladas são VITAIS para a realização correta de
rituais. O segredo é soltar estas emoções ao final da cerimônia (eu falarei sobre
isso mais para a frente).
O primeiro passo para realizar magias é acreditar que você pode fazer as coisas
mudarem e acontecerem. A maioria do gado do planeta está tão tolhido de imaginação
e visualização que não é capaz nem de dar este primeiro passo, pois acreditam que
“estas coisas não existem”. Enquanto você não conseguir quebrar a programação que
as otoridades colocaram em você desde criança, as manifestações demorarão muito
tempo para acontecer.
É o paradoxo do “eu não acredito que aconteça, então não acontece”.
Para começar a fazer as mudanças que você precisa, é necessário matar hábitos
negativos. Falarei sobre a Estrela Setenária e os Sete defeitos capitais da
alquimia (ou “sete pecados” da Igreja) mais para a frente. Conforme você for
mudando seus hábitos, descobrirá que você gostará mais de você mesmo e os
resultados mágicos começarão a fluir.
Esta é a origem dos famosos “livros de auto-ajuda” que nada mais são do que a
aplicação destes princípios místicos travestidos de explicações científicas. O
livro “O segredo” nada mais é do que uma compilação de ensinamentos iniciáticos
desde o Antigo Egito. Ele não funciona para a maioria dos profanos simplesmente
porque o gado não possui a disciplina mental, a imaginação e a vontade (Thelema)
para executar o que deve ser executado.

O Bem e o Mal
Algumas Escolas iniciáticas, religiões judaico-cristãs e filosofias de botequim
irão te dizer que realizar magias para você mesmo é egoísta e “magia negra”.
Esqueça estas besteiras… se você não é capaz de operar e manifestar para você
mesmo, você nunca conseguirá manifestar nada para os outros.
Não existe “magia branca” ou “magia negra”. O que existe é a INTENÇÃO. A magia é
uma ferramenta, como um martelo. Você pode usá-lo para construir uma casa ou para
abrir a cabeça de um inocente a pancadas. Quando Aleister Crowley disse “Faze o que
tu queres há de ser o todo da Lei”, ele disse isso para iniciados que já tinham
total noção do que deviam ou não fazer dentro da Grande Arte, não para um zé mané
iniciante. Cansei de ver misticóides do orkut interpretando esta frase como sendo
“vou fazer o que minhas paixões de gado me dizem para fazer”, usando as palavras do
grande Crowley para justificar suas imbecilidades.
O Karma é uma Lei Imutável. Assim como a Lei da Gravidade, a Lei do Karma não dá a
mínima se você acredita nela ou não, ela simplesmente existe: você sofrerá suas
ações. Ponto final.
Por esta razão, é essencial pensar nisso quando se fala em magia. Normalmente,
utilizar este tipo de conhecimento para causar o mal gratuito não vale o preço
kármico a se pagar depois. Simples assim.

Willpower, baby
A força de vontade humana é uma força real e muito poderosa. Ela é possível de ser
disciplinada e produzir o que a uma primeira vista parecem resultados
sobrenaturais. A força de vontade é direcionada pela imaginação, que é o domínio do
lado direito do cérebro. O universo não é aleatório. “Tudo o que está em cima é
igual ao que está embaixo”. Ele é constituído de padrões e conexões, como um
fractal multidimensional de ações. Através das correspondências, do conhecimento
dos padrões e da força de vontade, você será capaz de utilizar as forças
arquetipais para seus próprios propósitos, sejam eles bons ou malignos.

Os deuses, demônios, devas, elementais, anjos enochianos, djinns, exús, emanações


divinas, qlipoths e entidades astrais são amorais. O poder simplesmente está lá.
COMO você vai utilizá-lo é que se torna responsabilidade dos magos. Tanto a magia
branca quanto a magia negra trazem resultados, mas no final das contas, todos
teremos de nos acertar com a Balança de Anúbis e os preços devem ser pagos.
Infelizmente, a maioria das pessoas tem esta idéia errada de que Karma significa
“punição” ou “recompensa”. Isto vem de um sincretismo com as religiões judaico-
cristãs. Karma significa apenas que cada ação traz uma reação de igual força. E que
as pessoas são responsáveis por aquilo que fazem.

A simbologia dos deuses per se são apenas estímulos para serem usados pela
humanidade como catalisadores para uma elevação da consciência e a melhoria do
ambiente ao redor do mago. Os rituais, em seu senso mais puro, lidam com
transformações no mundo. O conhecimento destas ações é o motivo pela qual as Ordens
(a maioria delas) trabalha em ações globais além das ações locais. E esta também é
a razão pela qual as otoridades tanto temem e perseguem os magos, bruxos e membros
de ordens secretas. Eles não querem que o status quo se modifique, pois perderiam
todo o poder e o controle sobre o rebanho que possuem.

Carl Jung disse que experiências espirituais são diferentes de experiências


pessoais, sendo que a segunda estaria em um nível mais elevado. Isto acontece
porque normalmente nem todos em um grupo possuem a concentração ou a dedicação
necessária para elevar todo o grupo ao mesmo patamar de consciência (uma corrente é
tão forte quanto o mais fraco de seus elos). ESTA é a razão pela qual as ordens
secretas (especialmente as invisíveis, já que as discretas já estão sendo
contaminadas faz um tempo pelo gado de avental) escolhem com tanto cuidado seus
membros.
Muita gente choraminga a respeito do porque as Ordens Iniciáticas serem tão
fechadas, e do porquê este conhecimento ficar preso nas mãos de poucas pessoas, mas
a verdade é que pessoas perturbadas ou cujo grau de consciência não esteja no mesmo
nível do grupo acabarão agindo como sifões de energia ou criarão caos suficiente
para estragar a egrégora das oficinas.

Meditação
O conceito de participar de um ritual ou entrar em um templo sagrado (seja ele um
círculo de pedra, uma pirâmide ou uma igreja católica) é o de atingir um estado de
consciência conhecido na Índia como “a outra mente”. Durante um ritual, todos os
participantes são ao mesmo tempo atores e platéia, ativando áreas da mente que não
são usadas durante o dia-a-dia. Através deste jogo, conseguimos libertar nossas
mentes e espíritos destes grilhões e alcançar que está além.

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