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Gilberto Antônio Silva

26 Dicas de Saúde
da Medicina Oriental

Gilberto Antônio Silva

2a Edição

Esta edição é uma versão revista e atualizada desta obra.


A edição em Ebook é gratuita, e pode ser baixada sem qualquer
ônus em nosso site www.laoshan.com.br

© 2007- 2011 por Gilberto Antônio Silva - Todos os direitos reservados

Esta obra não pode ser alterada, traduzida ou transcrita para nenhuma finalidade sem o
consentimento por escrito do autor. Ela encontra-se protegida pela Lei Federal n º 9.610/
98. Os infratores serão penalizados conforme a lei.

O conteúdo deste livro expressa os estudos do autor, sua opinião e conclusões pessoais.
Não se trata de manual de tratamento ou de um sistema que prescinda das técnicas
terapêuticas adequadas. Em caso de problemas de saúde, consulte um profissional
competente. Não nos responsabilizamos por problemas oriundos de interpretações
errôneas ou radicais do conteúdo deste livro.

As imagens que aqui aparecem são fotos do autor ou material em domínio público.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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Gilberto Antônio Silva
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SUMÁRIO
Introdução........................................................................ 04
1- Uma Pessoa, Um Universo...................................... 06
2- Diferenças Entre Medicina Ocidental e Oriental....I09
3- Filosofia Oriental e Saúde....................................... 14
4- Sua Saúde é Você Quem Faz.................................. 18
5- Separe “Boa Forma” de “Saúde”........................... 22
6- Dietas Alimentares e Você........................................ 26
7- Como Comer?........................................................... 33
8- Derrubando os Mitos dos Alimentos....................... 41
9- O Estresse Nosso de Cada Dia............................... I49
10- Cuidando dos Pés................................................... I56
11- Vida Longa ao Chá!................................................. 61
12- Orelhas, Reflexos do Corpo................................... 65
13- Emoções e Saúde................................................... I68
14- Respire e Controle-se............................................. 74
15- Cuidados na Interação com o Ambiente................ 77
16- Relaxe e Viva!........................................................... 82
17- Mitos do Exercício................................................... 86
18- Movimentando-se..................................................... 92
19- A Energia da Vida..................................................... 96
20- Práticas Orientais....................................................100
21- Modismos e Influências Externas.........................104
22- Beber Para Viver......................................................109
23- Vestuário e Saúde...................................................I115
24- Barulho, Ruído e Silêncio.......................................120
25- Em Busca da Longevidade....................................I125
26- Longevidade e Sabedoria.......................................131
Bibliografia......................................................................134
O Autor............................................................................I136
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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INTRODUÇÃO
Olá, amigo leitor ou amiga leitora!

Este livro tem o propósito de ajudar as pessoas a terem uma vida


melhor, com mais saúde. Não se trata de um livro sobre doenças, mas
sim em como preservar a saúde. A Medicina Oriental, nosso tema
central, se baseia na preservação da saúde e na prevenção das doen-
ças. Isto é muito mais fácil do que consertar as coisas mais tarde!

Esta obra foi escrita originalmente em 2007, quando decidi ajudar de


uma maneira mais ampla as pessoas a melhorarem sua qualidade de
vida. Inicialmente vendido em formato digital, foi liberado de vez
para download pela população, de forma gratuita, em 2009. Para as
pessoas que não gostam de ler no computador, criamos esta nova
versão impressa. Acredito que possa servir como valioso guia para o
autoconhecimento e a saúde das pessoas. Este é meu maior objetivo!

Você verá que escrevi este livro de uma forma simples e direta, como
uma conversa informal entre nós dois. Sem termos técnicos ou voca-
bulário difícil em línguas estrangeiras. Nada aqui é difícil de enten-
der ou seguir. Você vai perceber que andar com o fluxo natural da
vida é mais fácil do que tentar resistir a ele.

Falamos aqui sobre Medicina Oriental, assim, de forma mais ou me-


nos genérica. Este termo que usei, “Medicina Oriental”, no meu en-
tender engloba qualquer técnica que tenha sido desenvolvida com
base na cultura do Oriente e fundamentado em suas filosofias nati-
vas. Assim, tanto a Medicina Ayurvédica Indiana quanto a Medicina
Tradicional Chinesa estão representadas nesta classificação, bem como
técnicas terapêuticas japonesas e massagens como Shiatsu, Anmá, Do-
In, Reflexologia... A lista é muito grande! O que você deve estar ciente
é que “Medicina Oriental” significa aqui o conjunto de técnicas mui-
tas vezes milenares destes povos, que diferem substancialmente da
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nossa medicina ocidental moderna. Isto é explicado já nos primeiros
capítulos.

Grande parte das informações deste livro vem de meus estudos em


filosofia oriental, em particular o Taoísmo, e em medicina chinesa,
que é mais a minha praia. Portanto não se surpreenda com as várias
referências à cultura e filosofia chinesa presentes aqui. Algumas des-
cobertas da ciência ocidental também são utilizadas, pois hoje em dia
não podemos nos afastar completamente desta área. Ser radical em
qualquer aspecto vai contra tudo o que aprendi em mais de 30 anos
de estudos dentro da filosofia e cultura oriental.

Este livro é sobre saúde e também sobre filosofia e espiritualidade. O


ser humano é algo coeso, único, global, e não pode ser dividido em
partes isoladas para ser “consertado”. Ao analisarmos a saúde deve-
mos fazê-lo sempre do ponto de vista único. É isto o que significa o
termo “holístico”.

Creio que nem seria necessário mas sempre é bom afirmar que este
livro e seus ensinamentos não são um “guia de saúde” que possa subs-
tituir profissionais de saúde, tratamentos ou remédios. Este é um guia
para se viver melhor. Problemas de saúde devem ser levados aos pro-
fissionais competentes, pois qualquer sintoma indica que o mal já foi
feito. Os conhecimentos aqui apresentados são extremamente úteis
para prevenir e evitar estes problemas antes que se instalem.

Espero que goste e utilize esta sabedoria milenar para melhorar a sua
saúde e de sua família. Faça o download da versão gratuita, também,
e distribua em seu site ou blog, envie para seus amigos e familiares,
mande para todo mundo. É gratuito.

Boa leitura.

Gilberto Antônio Silva


26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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1
UMA PESSOA, UM UNIVERSO

Ao falar sobre Medicina Oriental, somos forçados a colocar sempre


em primeiro lugar a premissa básica deste tipo de terapia: a unicidade
da individualidade humana, ou seja, cada um de nós é um ser único e
especial.

Através disto podemos tratar cada pessoa como ela mesma, segundo
sua situação no momento e características próprias. Este é o fio prin-
cipal de qualquer tipo de tratamento oriental e que difere substanci-
almente da metodologia utilizada pela medicina ocidental.

Para os orientais, cada pessoa é um conjunto de circunstâncias soci-


ais, familiares, genéticas, kármicas e energéticas que a tornam dife-
rente de qualquer outra pessoa do mundo. Cada ser humano é um
pequeno universo em si mesmo, com suas próprias necessidades e
qualidades. Então como podemos tratar 6 bilhões de seres diferentes?

A resposta está na conceituação da medicina oriental, que procura


compreender as leis universais e sua operação para podermos então
tratar as pessoas. Independente de quem seja ou de que problema
tenha, todos estão sujeitos às mesmas leis universais. Apenas o modo
como respondem a estas leis é que difere completamente. Ao se co-
nhecer as leis de atuação universais, basta analisar minuciosamente a
pessoa para se descobrir suas particularidades e oferecer um trata-
mento compatível com ela. E apenas com ela.

Mas é comum em Acupuntura, por exemplo, que se utilizem deter-


minados tratamentos para pessoas com problemas semelhantes. Isto,
à primeira vista, conduz a um tipo de “receita de bolo”, que massifica
o tratamento. Realmente, muitos acupuntores fazem justamente uso
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destas receitas prontas. Mas estas formulações ancestrais ou moder-
nas são apenas o ponto de partida, pois em função disto analisamos a
pessoa em questão e alteramos, adaptamos, a fórmula para aquele
tipo de pessoa. E mais: adaptamos a receita para aquele momento em
particular.

O Taoísmo afirma que tudo no Universo está em constante mutação,


sempre alterando seus estados. A cada sessão, devemos analisar o
paciente para podermos compreender seu estado NAQUELE MO-
MENTO e avaliarmos o progresso do tratamento. Isto é muito impor-
tante. A medicina oriental não apenas afirma que cada pessoa é dife-
rente de outra como afirma que cada pessoa é diferente em cada mo-
mento. Tudo se transforma, tudo muda.

Isto torna a Medicina Oriental uma técnica terapêutica extremamente


individualizada, que olha a pessoa como se ela fosse única e observa
o seu momento. Com base nisto são prescritos os tratamentos ade-
quados.

Então como posso escrever um livro dando dicas “genéricas” de saú-


de segundo a Medicina Oriental? Ora, a resposta é muito simples.
Nenhuma destas dicas é imperativa, definitiva, sempre será acres-
centada a sua própria observação de si mesmo. Nesta obra sempre
procuro colocar as informações de um ponto de vista imparcial, de
modo que VOCÊ escolha o que deve fazer. Este é o segredo da coisa.
Carne faz mal para a saúde? Depende. Algumas pessoas não podem
chegar perto enquanto outras se fartam à vontade e vivem muito bem,
com saúde e disposição. Este é um dos maiores riscos da
automedicação, pois um remédio que é sensacional para a enxaqueca
de seu vizinho pode ser um veneno mortal para você. Em tudo você
sempre tem que observar: será que isto é bom para mim? Qual a mi-
nha experiência anterior nestas circunstâncias?

Isto nos leva a um assunto que parece saído de um livro de autoajuda,


26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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mas que é fundamental na Medicina Oriental: o auto-conhecimento.
Quanto você se conhece? Se você é um ser único no Universo, quem
pode conhecê-lo melhor do que você mesmo?

À partir da auto-observação podemos começar a perceber como nos-


so organismo funciona e como ele se comporta. Há algum tempo, quan-
do ainda tentava me conhecer, eu fiz um prato de frango com pimen-
tão que me rendeu uma noite interminável de gases. Não recomendo
isto para ninguém. Se perguntar por aí vão dizer que a culpa é do
pimentão, que é indigesto. Pois bem. Através da auto-observação e
do estabelecimento de uma dieta baseada em meu biotipo particular
pude perceber, com surpresa, que a culpa era do frango! Posso comer
pimentão até arrebentar, mesmo à noite, mas a carne de frango me é
indigesta. Tenho um amigo que se comer pimentão ficará com o gos-
to dele na boca por uma semana. Claro, somos diferentes. Mas quem
vai saber disto além de nós mesmos?

O autoconhecimento nos traz a uma outra questão que abordaremos


detalhadamente mais a frente, que toca na nossa responsabilidade
sobre nossa própria saúde. Costumamos deixar este encargo nas cos-
tas do médico ou de algum remédio “milagroso”, enquanto uma ob-
servação atenta de nosso modo de vida irá demonstrar que podemos
viver com saúde se respeitarmos quem somos e o que somos. Pois
somos únicos. Apenas isto.

RESUMO

Somos únicos na Criação, cada um de nós.


Um tratamento individual e particular é a premissa da medi-
cina oriental.
O que ajuda uma pessoa, pode fazer mal a outra.
Observar a si mesmo é a primeira diretriz de uma vida
saudável.
Autoconhecimento é o fundamento da saúde.
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DIFERENÇAS ENTRE
MEDICINA OCIDENTAL E ORIENTAL

O tópico anterior, nossa situação única no Universo, é a base princi-


pal das diferenças entre a medicina ocidental, que busca uma aborda-
gem científica estabelecida há pouco tempo, e a medicina oriental,
que parte de soluções empíricas formuladas e testadas muitas vezes
por centenas de anos.

Antes temos que fazer uma conceituação que empregaremos neste


trabalho: medicina ocidental é a técnica científica empregada hoje
em hospitais e clínicas modernas e que se utiliza de medicamentos e
drogas químicas diversas além de intervenções cirúrgicas. Medicina
oriental é o conjunto de técnicas terapêuticas estabelecidas no Orien-
te e que podem utilizar massagem, agulhas, ervas medicinais, óleos,
exercícios, dieta e outros procedimentos naturais e não-agressivos.

A medicina ocidental baseia-se na intervenção direta no organismo.


Através de cirurgias e medicamentos (chamados tecnicamente de “dro-
gas”) procura-se alterar artificialmente o estado do paciente para que
ele retorne à condição definida como “normal”. Na medicina oriental
busca-se restabelecer o equilíbrio do paciente através de seus própri-
os recursos, como massagem, exercícios, dietas e, se necessário,
Acupuntura, ervas ou outras técnicas que possam ajudar o organis-
mo a se recuperar. Mesmo no caso de fármacos naturais, a idéia cen-
tral nunca é suprir o corpo com os elementos de que necessita, mas
estimulá-lo a se recuperar espontaneamente. Enquanto a medicina
ocidental busca uma solução imediata e agressiva, a medicina oriental
busca uma solução gradual e natural para o organismo do paciente.

As diferenças saltam aos olhos pela metodologia empregada. A me-


dicina ocidental é principalmente baseada no estudo estatístico e no
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
10
ataque aos sintomas. Os medicamentos e tratamentos se concentram
nas médias estatísticas dos resultados de testes controlados, primei-
ramente com animais de laboratório e depois com pacientes voluntá-
rios. Passando nos testes, com mais de 50% de eficiência, o medica-
mento começa a ser vendido.

O que intriga muitas pessoas é porque muitas vezes o tratamento não


funciona, funciona pela metade ou tem que ser reavaliado? A respos-
ta é justamente este fator médio de sucesso. Será que você está na
faixa média da população ou pertence às partes que não possuem
efeito ou possuem efeito muito pequeno? Como muitos dos mecanis-
mos naturais do corpo humano são ainda desconhecidos pelos médi-
cos, procede-se muitas vezes a um tipo de tratamento por tentativa e
erro, muito comum, ou por meio de receitas de remédios para uso
geral, caso dos analgésicos e anti-inflamatórios que são receitados
freqüentemente quando uma pessoa tem dor e o médico não encon-
tra a causa.

Muitas vezes um medicamento é receitado e não surte efeito. Então


ele é trocado por outro similar, de outra marca ou princípio ativo. O
processo é repetido até que se encontre um medicamento compatível
com o paciente ou que se tente outra abordagem. Anti-concepcional é
um caso clássico. Minha mulher utilizou três marcas diferentes ten-
tando evitar efeitos colaterais (ou amenizá-los). Finalmente desistiu.
Você já deve ter passado por este tipo de coisa: troca de medicamen-
tos sucessivos até achar um que se encaixe no seu organismo. Como
dissemos antes, cada pessoa é uma pessoa mas a medicina moderna
enxerga apenas a média da população. Se você está fora dela, a coisa
se complica.

Allen Roses, chefe do setor de genética da empresa GlaxoSmithKline


(GSK), a maior empresa farmacêutica do Reino Unido, afirmou que
“a vasta maioria dos remédios - mais de 90%- só funciona para 30% a
50% das pessoas”. Para isto citou um estudo sobre as taxas de eficiên-
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cia de uma ampla variedade de remédios realizado por Brian Spear,
cientista dos Abbott Laboratories, empresa de diagnóstico médico de
Chicago. Ele constatou que as taxas de eficiência variam ao redor de
50%, partindo de 25% no caso de drogas contra o câncer a 80% de
eficácia no caso de analgésicos.

Um medicamento é testado em alguns milhares de voluntários (se


tanto) e os resultados são extrapolados estatisticamente para toda a
Raça Humana. Na média, ele funciona. Mas existem problemas.

Efeitos colaterais dos medicamentos também são comuns. Aliás, co-


muns não, quase obrigatórios. Existe uma idéia de que se não existem
efeitos colaterais o remédio (denominado tecnicamente de “droga”,
como vimos) também não está funcionando. Mas se você está fora da
média populacional da eficiência do medicamento, você pode ficar só
com os efeitos colaterais.

Um aluno meu teve problemas de pressão alta e lhe receitaram um


medicamento. Funcionou por algum tempo, já que o problema era o
estresse e o tratamento atacava apenas o sintoma – pressão alta. Ele
começou a ter crises de tosse com a continuidade da medicação, uma
tosse que não cessava. Ele me procurou e fiz uma terapia natural com
cristais que acabou com a tosse, mas esta retornava dias depois. Ele
acabou indo a outro médico que informou que a tosse era uma reação
alérgica comum aos medicamentos para controle da pressão. Solu-
ção? Nenhuma, pois o efeito colateral faz parte do medicamento e ele
provavelmente caiu numa faixa fora dos 50% de eficiência, onde os
efeitos secundários são mais sentidos.

A medicina oriental é baseada no equilíbrio da pessoa em ressonân-


cia com as Leis Universais. Estas leis foram formuladas depois de sé-
culos de observações e experimentações com milhões de pacientes.
Quando nos afastamos destas leis naturais, aparece a “doença”, de
modo que a medicina oriental é particularmente preventiva, se preo-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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cupando com a manutenção da saúde. Mas uma vez instalado o
desequilíbrio, a solução é retornar a pessoa a este estado harmônico
através da readequação de seu organismo. Existem muitos métodos
para isto, dependendo da cultura de origem (indiana, chinesa, japo-
nesa, coreana, tailandesa, vietnamita, etc...). Mesmo os medicamen-
tos fitoterapêuticos ou fármacos de origem natural possuem a carac-
terística de auxiliar o organismo a retornar ao equilíbrio. Isto é feito
com um mínimo de efeitos colaterais, exceto aqueles oriundos da re-
tomada do nível saudável. Por exemplo, uma pessoa com prisão de
ventre por alguns dias pode ter uma diarréia até seu organismo
retornar ao normal. Mesmo na extensa farmacopéia chinesa o medi-
camento indicado para um paciente possui em geral ao menos quatro
componentes: um agente para o problema específico, um outro que
amplia o efeito do agente principal, um que corta os efeitos colaterais
do medicamento e um último que dirige o efeito do medicamento
para a parte do corpo específica, reduzindo o risco de uma intoxica-
ção do organismo.

A medicina oriental também busca a causa dos problemas, seja físico,


ambiental, emocional ou energético. Uma enxaqueca pode ser resul-
tado de uma tomada de decisão adiada repetidamente, a prisão de
ventre ou nódulos musculares dolorosos podem ser gerados por uma
situação de estresse específica, etc... Os aspectos energéticos também
são um dos fundamentos da medicina oriental e que não são reconhe-
cidos pela medicina ocidental.
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RESUMO

A Medicina Ocidental procura atacar os sintomas e restaurar a


saúde através de técnicas invasivas (cirúrgicas) ou pela adoção
de drogas químicas desenvolvidas por análise estatística de re-
sultados. Atua geralmente depois da doença se instalar.
A Medicina Oriental baseia-se na prevenção das doenças e na
manutenção da saúde. Para restaurar a harmonia do organismo
pode-se utilizar de várias técnicas, sempre procurando utilizar os
recursos próprios do paciente. Um de seus fundamentos princi-
pais é o trabalho com a energia vital, assunto ignorado pela Me-
dicina Ocidental.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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FILOSOFIA ORIENTAL E SAÚDE

A Medicina Oriental se caracteriza pela forte influência de correntes


filosóficas do pensamento oriental em seus conceitos básicos e proce-
dimentos. Esta influência não se dá simplesmente por motivos religi-
osos, como rapidamente poderíamos afirmar, mas sim pela filosofia
de vida deste povos. Sua atitude perante a Vida e o Universo nortearam
o desenvolvimento de sua medicina.

Por este prisma podemos notar a causa da variedade imensa de esco-


las terapêuticas orientais, cada uma versando sobre fundamentos de
sua filosofia própria. A maioria das técnicas de Medicina Oriental que
conhecemos foram criadas à partir da cultura chinesa, pois sua influ-
ência nos povos do Oriente sempre foi muito marcante. Apesar disto
outros países moldaram esta filosofia segundo sua própria cultura,
como ocorreu no Japão. Os dois grandes pólos de cultura e medicina
da Ásia foram a Índia e a China, com a Ayurveda, medicina indiana,
e a Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

Alguns princípios norteiam a Medicina Oriental praticada no Extre-


mo Oriente. Via de regra estes conceitos foram formulados na China
antiga, há muitos milênios, dentro do Taoísmo. O Taoísmo é uma fi-
losofia nativa da China baseada na harmonia com o Universo e que
busca compreender a estrutura das coisas, com princípios esboçados
por sábios como Fu Xi, Chuang-Tzu e Lao-Tzu. Longe de ficarem
desatualizados, muitas pesquisas modernas apenas comprovam o
altíssimo grau de conhecimento que estes sábios da antigüidade pos-
suíam. Vamos ver alguns destes fundamentos essenciais:

Equilíbrio
Muito se fala sobre equilíbrio, mas de onde saiu esta idéia? O ser hu-
mano está em permanente contato com as forças da Natureza e extrai
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sua vida deste intercâmbio de forças. Quando ele está em equilíbrio


com o Universo, está saudável. As doenças aparecem quando este
equilíbrio se desfaz, gerando energias conflitantes com sua natureza.
A função do terapeuta é ajudar o paciente a manter ou retornar a este
estado de equilíbrio, que definimos como “saúde”.

Energia
A base do Universo é energia (Chi para os chineses, Prana para os
indianos, Ki para os japoneses e coreanos). É com base na manipula-
ção desta energia de inúmeras formas que vamos restaurar o equilí-
brio do paciente, pois este desequilíbrio também ocorre no nível
energético. Ninguém aqui está lidando com a área dos médicos oci-
dentais, pois nosso enfoque é sempre energético, desde o diagnóstico
até o tratamento. Vamos falar mais sobre isto em um capítulo especial
sobre energia.

Holismo
Hoje em dia ficou comum falarmos de Holismo ou técnicas holísticas.
“Holos” em grego significa “tudo” ou “o todo”, por isso usamos este
termo ao nos referirmos aos tratamentos alternativos, em particular
aos da Medicina Oriental, pois tratamos a pessoa como um ser com-
pleto, incluindo corpo, mente, emoções, conceitos, forma de pensar,
energia, predisposições. Não existe um acupuntor especializado no
pé, por exemplo, como existem médicos. Ou se resolve o problema
globalmente ou ele nunca terá solução. Uma dor nas costas pode ser
um problema emocional e uma enxaqueca pode se originar de uma
decisão difícil na vida. Se não houver uma análise e tratamento da
pessoa completa o problema pode não ser resolvido ou ser remedia-
do por algum tempo, voltando depois. Às vezes ainda pior.

O Terapeuta
Cada terapeuta é um agente do Universo que serve como intermedi-
ário entre as forças da Natureza e a pessoa. Como o paciente está
desequilibrado, necessita de uma ajuda externa para retornar ao equi-
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líbrio, que é ministrada pelo terapeuta. Como vimos, o próprio paci-
ente fará a sua cura, mas o terapeuta é importante para orientar e
auxiliar este processo. Ele é apenas um coadjuvante que fará a religação
entre paciente e Universo.

Yin/Yang
A polaridade complementar já confundiu muita gente. Ficaria difícil
explicar este conceito neste pequeno espaço, mas podemos resumir
algumas ideias. Tudo em nosso Universo manifestado possui um com-
ponente de forças dual formado pelo Yin e o Yang. O Yin corresponde
a forças contrativas e o Yang a forças expansivas. Um não existe sem
o outro e um gera o outro. São opostos complementares dos quais
tudo que existe é formado. Nada existe que seja apenas Yin ou apenas
Yang, mas sempre uma composição dos dois. Note que o conceito do
Yin/Yang pode variar segundo fontes diversas. A Macrobiótica, por
exemplo, utiliza uma noção de Yin/Yang muito diferente da Medici-
na Chinesa. Procure fontes na cultura chinesa e terá informações mais
confiáveis.

Cinco Elementos
Os 5 elementos são um dos aspectos mais interessantes da filosofia
chinesa, complexos porém simples numa ambigüidade típica da cul-
tura da China. Na verdade trata-se de cinco estados energéticos que
TERRA METAL ÁGUA MADEIRA FOGO

COR Amarelo Branco Preto Verde Vermelho

SABOR Doce Picante Salgado Ácido Amargo

ÓRGÃO Baço- Pulmão Rins Fígado Coração


Pâncreas

VÍSCERA Estômago Intestino Bexiga Vesícula Intestino


Grosso Biliar Delgado

ESTAÇÃO 5ª estação Outono Inverno Primavera Verão


DO ANO
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permanecem em constante mutação, sempre se transformando, daí
serem chamados de Wu Xing, corretamente traduzido como “cinco
ações” ou “cinco movimentos”. Um gera o outro e um controla o ou-
tro em um ciclo sem fim. Os elementos são: terra, madeira, água, fogo
e metal. A eles correspondem cores, estações do ano, sabores e órgãos
energéticos do corpo humano como mostra a tabela abaixo.
A interação entre estes elementos promoverá a saúde ou o
desequilíbrio. As técnicas da Medicina Oriental utilizam os 5 elemen-
tos como fator importante na manutenção da saúde ou no
restabelecimento do paciente.

RESUMO
A Medicina Oriental se baseia fortemente na filosofia oriental.
A principal fonte de influência na Medicina Oriental foi a filo-
sofia taoísta da China.
O Taoísmo busca estabelecer uma harmonia completa com o
Universo e compreender seu funcionamento.
Muitos conceitos filosóficos são importantes dentro da Medici-
na Oriental:
Equilíbrio- entre a Natureza e o ser humano (a “saúde”)
Energia – a base do Universo, que forma todas as coisas. É fun-
damental como pedra angular de toda a medicina oriental.
Holismo – tratar sempre o ser humano de maneira completa,
corpo, mente e espírito
O Terapeuta - é o encarregado de servir como ponte entre o
paciente e o Universo visando auxiliá-lo em manter ou recuperar
este equilíbrio.
Yin/Yang - polaridade complementar que forma todas as coi-
sas. O Yin corresponde a forças contrativas e o Yang a forças ex-
pansivas.
Cinco Elementos – estados energéticos em perpétua mutação.
Correspondem, por analogia, a madeira, metal, água, madeira e
fogo.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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SUA SAÚDE É VOCÊ QUEM FAZ

Uma das coisas que mais chamam a atenção na Medicina Oriental é


que o paciente tem grande parcela de responsabilidade pela sua me-
lhora. Como os ocidentais estão acostumados (mal-acostumados) a
se entregarem totalmente à medicina moderna, a recuperação costu-
ma ser mais problemática.

O que você tem sempre que ter em mente ao procurar qualquer tipo
de terapia alternativa é que você mesmo é o principal responsável
por sua cura. Enfrentei vários problemas neste aspecto em minhas
práticas terapêuticas. É muito comum o paciente não entender quan-
do você pede que ele mude sua alimentação ou use outro tipo de
roupa. A coisa fica pior quando percebemos que o problema princi-
pal está na maneira com que ele percebe alguns aspectos do mundo.
Alterar isto é extremamente difícil, embora conseguisse a cura do mal
que o atormenta.

Nós criamos nossa própria realidade, por isso se fala tanto em “pen-
samento positivo” e coisas do gênero. Muitos de nossos problemas
físicos decorrem de interpretações sobre o mundo que nos cerca,
muitas vezes percebidas ou interpretadas de maneira totalmente equi-
vocada. Procurar ter uma mente aberta e flexibilidade suficiente para
observar os nossos problemas de vários ângulos diferentes é funda-
mental na manutenção da saúde.

Da mesma forma é altamente complexo cultivar opiniões fixas sobre


vários assuntos, mesmo com respaldo “científico”. A ciência muda
todo dia e o que hoje é certeza absoluta amanhã poderá cair por terra
como uma tolice.
Gilberto Antônio Silva
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O estado mental de uma pessoa é diretamente responsável pelo tipo
de problemas de saúde que tem e pela qualidade de sua recuperação.
Vários estudos mostram que pessoas otimistas e com bom humor ado-
ecem menos e vivem mais. Nas práticas da Medicina Oriental, um
estado receptivo do paciente pode ampliar centenas de vezes a eficá-
cia de um tratamento. Não digo que os bons resultados sejam algum
tipo de “efeito psicológico” ou “efeito placebo”, como muitos médi-
cos mal-informados gostam de dizer, mas pelo motivo de que você é
diretamente responsável pela sua saúde, pelas suas doenças e pela
qualidade de sua recuperação.

Nunca cuidei de alguém que não quisesse meus conhecimentos. A


Medicina Oriental é real, altamente eficiente organicamente e fisica-
mente, e não depende de crença alguma para surtir efeitos. Mas os
efeitos se ampliam quando a pessoa que recebe o tratamento se man-
têm receptiva e confiante. Do mesmo modo, uma pessoa altamente
cética terá menos resultados ou de caráter mais pobre. Estudos mos-
tram que um alto índice de ceticismo inibe o funcionamento do
hipocampo, uma região do cérebro, e conseqüentemente reduzem a
eficiência da Acupuntura, por exemplo. Como regra geral, sempre
tive o cuidado de verificar se as pessoas que me procuravam queriam
efetivamente ser tratados por aqueles métodos que eu emprego, ba-
seados na Medicina Oriental. Se houver qualquer tipo de resistência,
indico outro tratamento ou mesmo a medicina ocidental, já que ela
não se importa com este tipo de pré-disposição do paciente (embora
seja comprovado que ao menos 50% do resultado de um medica-
mento alopático está ligado ao “efeito placebo” ou “efeito psicológi-
co”). A ironia disto é que a esmagadora maioria dos pacientes que
buscam a Medicina Oriental já passou pela medicina ocidental, às
vezes durante muitos anos, com pouco ou nenhum resultado.

Quando se procura um tratamento alternativo, especialmente dentro


da Medicina Oriental, deve-se estar preparado para seguir as prescri-
ções. Às vezes podem parecer desconexas ou insuficientes, mas o
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
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terapeuta sabe o que está fazendo. Se o paciente não seguir as reco-
mendações, não pode querer ficar bem. Conversando com o Dr.
Bokulla, indiano especializado em Medicina Ayurveda, fiquei saben-
do que esta era uma de suas grandes frustrações: o brasileiro não se-
guia as prescrições à risca, muitas vezes preferindo continuar doente
do que deixar de comer carne de porco, por exemplo! Segundo ele, na
Índia (onde a maioria do sistema médico ainda é o milenar e tradicio-
nal Ayurveda), as pessoas fazem absolutamente qualquer coisa pres-
crita pelos terapeutas pois desejam apenas restabelecer a sua saúde.
Aqui em nosso país temos uma população de pessoas que se
automedicam e da mesma forma procuram interpretar as prescrições
e tratamentos recomendados segundo sua própria lógica, embora nada
saibam sobre as técnicas terapêuticas utilizadas.

É comum o paciente suspender seu tratamento por iniciativa própria.


Muitas vezes iniciamos o tratamento e, assim que se livra da dor ou
de outro incômodo, ele some do consultório. Mas o trabalho não aca-
bou! Apenas aliviamos os sintomas para que se sinta melhor até ter-
minar o tratamento.

Mas ele acaba voltando, geralmente depois de alguma semanas ou


meses, quando aquele problema não-tratado retornar...

Ao procurar um tratamento segundo a Medicina Oriental você deve


se manter receptivo e seguir as recomendações de maneira adequa-
da. Por menos lógicas que estas possam parecer a você.
Gilberto Antônio Silva
21

RESUMO
O paciente é altamente responsável pelo sucesso do tratamento
dentro da Medicina Oriental
Deve-se manter uma atitude receptiva ao tratamento. Não é ne-
cessário fé ou crença, mas apenas uma mente aberta.
Ceticismo exagerado atrapalha a eficiência do tratamento. Os dois
extremos, tanto ceticismo quanto a fé cega, devem ser evitados.
Siga todas as recomendações do terapeuta.
Não se submeta a tratamento se tiver qualquer ressalva quanto
ao profissional ou técnica apresentada.
Não existe medicina nem terapia perfeita. Nenhum profissional
sozinho, seja terapeuta, seja médico, pode curar você. Nenhum
medicamento ou tratamento isolado pode curar você. Apenas o
conjunto terapeuta-paciente-tratamento pode surtir resultados.
Faça a sua parte.
Médicos não curam. Terapeutas não curam. Apenas o paciente
pode curar a si mesmo, auxiliado pelo tratamento prescrito.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
22

5
SEPARE “BOA FORMA” DE “SAÚDE”

Muita gente se confunde com os termos “boa forma” e “saúde” e


acham que um corpo sarado, malhado e bronzeado pertence a uma
pessoa saudável. Nem sempre. Na verdade muitas vezes é mais fácil
encontrar saúde na simplicidade de uma dona de casa do que na ga-
tinha malhadora. Já conheci muitas pessoas que tinham uma excelen-
te forma física e tomavam caminhões de remédios.

Repare que tanto “forma física” quanto “boa forma” possuem a pala-
vra “forma” como característica principal. Ou seja, a sua forma, apa-
rência, é boa. Não significa nada em termos de saúde. Muita gente
treina como doida e leva seu corpo até limites perigosos. Os america-
nos tem um ditado muito repetido pelo mundo afora que eu acho
particularmente ridículo: “no pain, no gain” (sem dor não há ganho).
As pessoas acham que levar seu corpo além dos limites é vantajoso.
Talvez para se ganhar um troféu ou algo assim , pois para a saúde é
extremamente danoso. Quando você sente dor é o seu corpo dando o
alarme de que o esforço é excessivo. Ultrapassar este limite pode ser
complicado, senão agora, no futuro.

Pense em um carro. Por que as pessoas não gostam de comprar um


carro que pertenceu à frota de uma empresa? Porque ele está muito
“surrado”, utilizado até o extremo. Mas todas as revisões foram feitas
e o diagnóstico do motor, câmbio e suspensão estão OK. Mesmo as-
sim as pessoas hesitam, pois sabem que o desgaste pode ter compro-
metido algo ainda não descoberto. Pensamos assim de um carro, por
que não de nosso corpo?

Uma pessoa leva seu corpo até além de seus limites durante anos. Os
check-ups médicos estão corretos, tudo está em ordem. Então, repen-
Gilberto Antônio Silva
23
tinamente acontece um rompimento de ligamento, uma tendinite, uma
contusão muscular, um problema de coluna, e troca-se a academia
pela fisioterapia. Isto é muito mais comum do que você pensa. Já cui-
dei de muitas pessoas com problemas deste tipo. Um rapaz apareceu
com problemas no joelho e percebi que a cartilagem estava com pro-
blemas. Recomendei que ele fosse a um ortopedista e acabou tendo
que fazer uma cirurgia. Era professor de academia e ainda não tinha
25 anos de idade. Isto é o que se chama de “overtraining”, um exces-
so, um caso isolado, poderia-se perguntar. Mas é a filosofia de treina-
mento que vemos por aí que está errada. Mais adiante vamos ter um
capítulo todo voltado para a movimentação do corpo e o exercício
saudável e você vai ver, mesmo na academia, como se deve proceder.

Voltando ao nosso texto, as pessoas se esforçam demais para criar


uma aparência que pode ser aceita na sociedade. Esta é a verdade.
Poucas pessoas se dispõe a malhar três, quatro ou mais vezes por
semana depois de um dia agitado apenas para ficar saudável, salvo
se for por indicação estrita do médico. A cobrança da sociedade e os
padrões médicos de “saúde”, que mudam com o passar dos anos,
contribui muito para este esforço. Somente as pessoas que estão aci-
ma do peso tem noção da crueldade com que a sociedade trata aque-
les que estão fora dos padrões. Padrões estes ditados por empresas e
segmentos que estão preocupados em comercializar seus produtos e
não com sua saúde.

Veja o caso das modelos anoréxicas, por exemplo. Sabe por que elas
tem que ser tão magras? Porque não se trata de uma pessoa, mas de
um cabide que anda! Isso mesmo: a única função delas é mostrar as
roupas e, para isto, elas próprias não devem chamar a atenção. Daí a
necessidade de serem magras, pois ninguém gosta de mulheres ma-
gras. Se assustou? Esta é a verdade, nua e crua. E posso falar com
conhecimento de causa pela ala masculina: os homens preferem as
redondinhas. Se duvida, procure reparar nas profissionais – não exis-
tem prostitutas magricelas. Elas não atraem a clientela. Note também
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
24
que as modelos-manequins são maquiadas para parecerem com
zumbis mortas-vivas ou algum monstro da 5ª dimensão. Tudo para
não ficarem bonitas e chamar mais a atenção do que a roupa. Estilistas
não gostam de concorrência.

Bilhões de reais são movimentados pela indústria da


“boa forma” em publicações que trazem pessoas ma-
gras nas capas e ensinam como perder 5 Kg em uma
semana, livros com a dieta definitiva, aparelhos que
fazem ginástica sem você se mexer, suplementos ali-
mentares que emagrecem rapidamente ou permitem
que você coma toda a gordura que quiser porque ele
vai “absorver” este excesso (esta é boa!). Milhares de
produtos são vendidos para que você fique em forma,
de preferência rápido e sem trabalho. E tudo em nome da saúde.

Vi a algum tempo uma revista com a apresentadora Angélica na capa


e uma manchete espalhafatosa: “Angélica Magérrima”. Será que al-
guém acha que ser “magérrima” é uma boa coisa? A própria preocu-
pação com a “boa forma” muitas vezes acaba se tornando uma obses-
são ou um problema emocional. Como a frustração quando não se
consegue obter os resultados cobrados pela sociedade. No Oriente é
diferente.

O próprio modelo de aparência dos orientais é muito diferente. Na


Índia é bonito ter algumas gordurinhas a mais, pois a população no
geral é muito magra. Veja que os marajás sempre aparecem como
rotundos senhores. No Japão um homem com sua barriguinha é mui-
to bem visto, pois eles acreditam que o modelo ocidental de peito
largo e cintura fina é por demais desequilibrado. Uma cintura mais
larga dá mais estabilidade e segurança à pessoa, em vários sentidos.
Nos negócios eles confiam mais numa pessoa de maneiras tranqüilas
e cintura larga do que num executivo irriquieto e “em forma”.
Gilberto Antônio Silva
25
Na China a gordura extra nunca foi um problema. A Medicina Chine-
sa trata de efetuar um diagnóstico energético na pessoa antes de dizer
se ela é saudável ou não. A compleição, isto é, a cor e aparência do
rosto, nos diz muito mais sobre a saúde de uma pessoa do que o ta-
manho da sua cintura. O que importa para os chineses é relaxamento
e flexibilidade do corpo. Os atletas com o corpo “durinho” podem ser
considerados “estressados” pela Medicina Oriental. Veja Sammo
Hung, parceiro e diretor do astro Jackie Chan: ele seria considerado
obeso pelos padrões ocidentais mas o que ele faz nos filmes é impra-
ticável pelas pessoas “em forma” das academias. Muitos Mestres de
artes marciais chinesas estavam acima do peso por nossos padrões e
mesmo assim exibiam uma saúde de ferro. O Mestre Wang Shu Jing,
do estilo Baguazhang, de Taiwan, pesava mais de 150 quilos. Diz-se
que quando ele descia a rua a calçada trepidava. E era um dos melho-
res lutadores da Ásia! Seu golpe predileto era abraçar a cintura de seu
adversário e dar uma “barrigada” nele, quebrando sua espinha. Ria,
se puder.

A utilização de exercícios físicos e a noção de saúde dos orientais é


muito diferente.

RESUMO

Boa forma e saúde são coisas distintas.


Não se pode julgar a saúde de uma pessoa pelo seu peso ou “for-
mato”
No Oriente não se leva o fator “aparência” em consideração. Saú-
de é uma coisa mais profunda e possui uma conotação diferente.
Um corpo saudável, pela Medicina Oriental, deve ser relaxado e
flexível.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
26

6
DIETAS ALIMENTARES E VOCÊ

Antes de mais nada devemos sintetizar o que significa o termo “dieta


alimentar”. Em tom genérico, como o que utilizaremos aqui, ela sig-
nifica “sistema normal de alimentação de uma pessoa”. Não é regime
de emagrecimento, mas o hábito de alimentação das pessoas no dia-
a-dia, pois estamos interessados em saúde a longo prazo e não em
regimes restritos e de curta duração para algum objetivo específico
como desintoxicação, emagrecimento, etc... Apenas como curiosida-
de, na medicina da antigüidade “dieta” significava todo o modo de
vida, que compreendia sono, exercícios físicos, comida e bebida,
excreção, relações sexuais, saúde mental.

Perceba que nada do que será analisado aqui provêm de preconceitos


ou ideologias alimentares, mas apenas e tão somente na análise de
fatos através do bom senso, de fundamentos dentro da Medicina Ori-
ental e eventualmente de pesquisas cientificas. Tire suas próprias con-
clusões e experimente o que for melhor para você. Alimentação é uma
das coisas mais pessoais que temos em nossa vida.

Dietas Restritivas
Hoje existem centenas de tipos de dietas com restrição de algum tipo
de alimento, incluídos os regimes de emagrecimento cada vez mais
estranhos. Alguns exemplos de dietas e regimes restritivos: Dieta da
Sopa, Dieta do Abacaxi, Vegetarianismo, Ovo-Lacto-Vegetarianismo,
Crudivorismo, Frugivorismo, Dieta do Dr. Atkins, Macrobiótica, Die-
ta da Lua e outros tipos de restrição alimentar que se baseiam na idéia
de que determinados tipos de alimentos são melhores do que outros,
que devem ser evitados a todo custo por todo mundo.

Veja que nenhum tipo de dieta restritiva é saudável durante muito


tempo, pois acabam causando algum tipo de deficiência alimentar.
Gilberto Antônio Silva
27

Mesmo a Dieta do Dr. Atkins, tão criticada pelo mundo afora, que
praticamente elimina os carboidratos e favorece as proteínas animais
e gorduras, o faz por 14 dias. Depois deste período os carboidratos
voltam a entrar aos poucos na dieta. Isto segue uma regra muito inte-
ressante descoberta a respeito de dietas restritivas: TODA dieta
restritiva favorece o organismo por até duas semanas, mais ou me-
nos. Este é o tempo em que o organismo descansa da digestão de
algum tipo de alimento e se sente bem. Depois deste período, as ca-
rências começam a aparecer. Por isso QUALQUER tipo de dieta
restritiva funciona bem nos primeiros 15 dias. Daí um monte de gente
tentar regimes para emagrecer absurdos como a “dieta do Abacaxi”,
em que se come apenas abacaxi, e conseguir realmente emagrecer.
Pelo menos nos primeiros 15 dias.

Vamos mostrar algumas dietas restritivas mais comuns e seus pro-


blemas.

Vegetarianismo
Este é um tipo de dieta que exclui a carne e, muitas vezes, outros
produtos de origem animal. Eles se dividem basicamente em três ti-
pos:

- Ovo-Lacto-Vegetarianos, que consomem ovos e laticínios,


- Lacto-Vegetarianos, que não consomem ovos
- Vegetarianos puros, ou “veganos”, que não consomem absoluta-
mente nada de origem animal. Dentro desta classe temos o
Crudivorismo, que é a dieta na qual se consomem apenas vegetais
crus, sem qualquer tipo de produto animal, e também o
Frugivorismo, dos que se alimentam apenas de frutas. Mais nada.

Muito se fala sobre as vantagens do vegetarianismo como alimenta-


ção, que vão de saúde perfeita até aprimoramento espiritual. Na ver-
dade, comer ou não carne não fará de você uma pessoa necessaria-
mente melhor. Existem vegetarianos saudáveis? Claro. Mas também
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
28
existem milhares que são anêmicos crônicos. O ferro é o mineral que
forma nossa hemoglobina, responsável pelo transporte do oxigênio
pelo sangue. O melhor ferro que pode ser absorvido pelo organismo
é o de origem animal, denominado “ferro M”. Sua absorção chega a
40% contra 10% do ferro presente nos vegetais.

O vegetarianismo é um dogma levado a sério por muita gente, que


atribui a ele até o poder de tornar as pessoas espiritualmente mais
elevadas. Do meu ponto de vista, acredito que cada um deve comer o
que desejar. Mas muitos vegetarianos defendem que a única alimen-
tação para o ser humano é a deles. Causa estranheza a ferocidade e a
necessidade que muitos destes adeptos tem em justificar sua escolha
alimentar. Quer comer apenas vegetais? Faça. Mas em silêncio. Não
tente impor sua filosofia a todos como se fosse a salvação universal.
Outra coisa que acho intrigante é a quantidade de imitações de carne
que a maioria dos vegetarianos aprecia: almôndegas, salsichas, ham-
búrgueres e feijoada feitas com soja. Estes não comem carne com o
corpo mas o comem com a mente...

A saúde fica ainda mais comprometida nos vegetarianos radicais, que


eliminam todo tipo de produto animal de suas dietas, pois a vitamina
B12 que promove a proliferação dos glóbulos do sangue e faz a ma-
nutenção da integridade das células nervosas não existe no reino ve-
getal. Muitas vezes eles recorrem a suplementos vitamínicos artifici-
ais ou acabam com anemias crônicas.

Também a alimentação crua e à base unicamente de frutas reduzem a


vitalidade humana pois o fogo é grande fonte de energização dos ali-
mentos segundo a Medicina Chinesa. Aliás, na cozinha chinesa existe
um provérbio interessante: “cozinhar, sempre. Cozinhar muito, nun-
ca”. Assim se energiza o alimento mas se preservam seus valores
nutricionais, que são reduzidos pelo calor excessivo dos alimentos
muito cozidos.
Gilberto Antônio Silva
29
Mesmo no reino animal existem pouquíssimas criaturas totalmente
vegetarianas, pois todos os primatas (de certa forma, nossos “paren-
tes”) são onívoros e mesmo uma vaca, ao comer o capim, consome
insetos, ovos e larvas de insetos. Animais alimentados com feno aspi-
rado, 100% vegetarianos, ficam doentes.

O vegetarianismo não possui qualquer tipo de evidência científica de


que seja muito mais saudável que a dieta onívora (em que se come de
tudo), ao contrário do que seus defensores alardeiam. É uma questão
filosófica e não técnica ou científica. Nem mesmo a Medicina Indiana
Ayurveda ou a Medicina Chinesa deixam de preconizar a carne como
alimento. Novamente reafirmo a sentença inicial: cada pessoa é um
Universo. Não existem dietas ideais para toda a Humanidade.

Se quiser mais informações sobre os argumentos ridículos, e muitas


vezes mentirosos, utilizados pelos radicais do vegetarianismo, leia
meu livro “Vegetarianismo: Opção ou Obrigação?”. É uma vacina de
bom senso.

Macrobiótica
Este é um tipo de dieta que se tornou popular na segunda metade do
século XX. Desenvolvido por Sakurazawa Nyoiti, mais conhecido
como George Ohsawa, foi difundido à partir da França, lugar onde
se radicou.

Divulgado como uma espécie de verdade universal que poderia cu-


rar todos os males da Humanidade, a Macrobiótica se tornou logo
um excelente negócio pois a maioria de seus produtos não podia ser
encontrado no comércio normal. Lojas macrobióticas e empresas de
produtos macrobióticos proliferaram por todo o mundo.

A base da Macrobiótica são teorias de Ohsawa que ele divulgava como


sendo utilizadas “no Oriente”, principalmente a interação Yin/Yang.
Entretanto a idéia que ele tinha sobre esta polarização se choca fron-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
30

talmente com os fundamentos da Medicina Chinesa, originária desta


idéia e seguida por japoneses e outros povos do extremo oriente. Não
se sabe de onde a interpretação dele veio, mas não faz parte da Medi-
cina Oriental. Seu grande consumo de soja, excesso de cereais e a li-
mitação no consumo de frutas não são, principalmente em se tratan-
do de um país como o Brasil, recomendáveis. Soja em excesso irrita os
rins e o pâncreas dos ocidentais, pois não temos os dispositivos gené-
ticos dos orientais para trabalhar com este alimento. Muito cereal pre-
sente na alimentação (70 a 90%, segundo Ohsawa) pode causar
espessamento do sangue e diversas incompatibilidades orgânicas, pois
nem todos toleram carboidratos em excesso. A ideia de limitação no
consumo de frutas é muito comum em dietas nascidas em países com
clima temperado ou frio. Mesmo dietas taoístas, que são famosas pela
saúde e pela longevidade que podem proporcionar, são extremamen-
te direcionadas para o clima em que foram criadas e não podem se
aplicar a um país tropical como o Brasil. Aqui podemos e devemos
usar mais frutas do que estas dietas orientais preconizam.

A Macrobiótica pode ser uma interessante opção por algum tempo.


Seu conjunto básico prevê uma dieta restritiva com 14 dias de dura-
ção, que pode ser experimentada por aqueles que desejam tentar esta
forma de alimentação. Mas não se pode recomendar isto para todos,
durante toda a vida, mesmo porque ela viola os fundamentos da Me-
dicina Oriental que afirma seguir.

Dieta de Baixo Carboidrato


Conhecida também como “Dieta do Dr. Atkins” ou “Dieta da Proteí-
na”. Extremamente polemizado, o trabalho do Dr. Atkins não deixa
de ser interessante. Ele se baseou nos problemas do excesso de
carboidratos e formulou uma dieta baseada no consumo de proteínas
e gorduras. Este trabalho foi tremendamente combatido, pois como
veremos, os dogmas referentes à carne vermelha e à ingestão de gor-
dura animal são muito fortes.
Gilberto Antônio Silva
31

Na verdade sua idéia era sensata, pois reduzia drasticamente o con-


sumo de carboidratos por duas semanas, retornando aos poucos até
limites aceitáveis. Ele desenvolveu este método depois de experimen-
tar com centenas de pacientes e nele mesmo.

É interessante notar o ódio mortal que muitos desenvolveram dele e


de seu trabalho, especialmente vegetarianos radicais. Quando ele
morreu, grupos de vegetarianos radicais divulgaram material mos-
trando que ele havia morrido do coração, acima do peso e com pres-
são alta e outros problemas. Conclusão deles: a dieta era um fracasso.
Entretanto, ela funcionou (e continua funcionando) para milhares de
pessoas. O que aconteceu, então? Ora, uma pessoa perseguida e ata-
cada violentamente como ele foi por todo o tempo depois de divulgar
sua dieta, desenvolve vários problemas de saúde. A tensão emocio-
nal, estresse, angústia e mesmo depressão que este tipo de persegui-
ção pode provocar acabam com a saúde de qualquer pessoa e provo-
cam muitos problemas, como a hipertensão e a obesidade. Cito este
caso por dois motivos: mostrar o que o estresse e outras emoções for-
tes podem fazer com uma pessoa e também dar um exemplo do que
um mero dogma alimentar e muito radicalismo pode causar.

Dieta da Longevidade
Segue a idéia de quanto menos calorias ingerimos, mais vivemos.
Embora existam comprovações de laboratório (em ratos), não creio
que uma restrição muito grande resolva alguma coisa.

Vi a algum tempo atrás uma matéria em uma revista sobre esta dieta.
E as pessoas que apareciam na revista elogiando a dieta eram verda-
deiras caveiras que tentavam sorrir para mostrar o quanto eram feli-
zes sendo pele e osso. Seus olhos encovados me deixaram uma pro-
funda impressão, pois dentro da Medicina Chinesa damos muita im-
portância à compleição, conjunto de qualidades da fisionomia como
cor da pele, brilho dos olhos, cor dos olhos, estado dos cabelos, apa-
rência da pele, etc... E, segundo minha experiência e meus estudos,
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
32
todas as pessoas apresentadas na matéria estavam doentes. Pode ser
que seus exames médicos estejam em ordem e que estejam satisfeitas
do modo como viviam, mas estavam doentes. E isto irá aparecer, cedo
ou tarde. Não creio que atinjam realmente a longevidade. O próprio
site especializado neste tipo de dieta (www.calorierestriction.org) aler-
ta para os vários efeitos colaterais e riscos deste tipo de dieta. Existem
algumas fotos de membros, todos sorridentes com seus olhos fundos
e rostos encovados. Não tente algo tão drástico.

RESUMO

Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a


Humanidade. Cada pessoa é um caso.
Procure se conhecer melhor e crie sua própria dieta. Tenha um
modo pessoal de se alimentar, de acordo com sua idade, tipo
físico, fisiologia e estado emocional.
Dietas restritivas funcionam por algum tempo, ao redor de duas
semanas, pois descansam o organismo da digestão dos alimen-
tos faltantes. Depois disto começam a aparecer as deficiências.
Cuide de você e ouça a si mesmo.
Evite medidas drásticas ou mudanças bruscas de alimentação.
Faça tudo devagar e naturalmente.
Gilberto Antônio Silva
33

7
COMO COMER?

Todo tipo de dieta realmente funciona com algum tipo de pessoa ou


por algum tempo, por isso vemos esta verdadeira Babel sobre alimen-
tação. Todos querem dar seu testemunho de que seu sistema alimen-
tar é mais funcional, mas se esquecem de que pode funcionar bem
apenas com eles mesmos e algumas outras pessoas. Nunca com todo
mundo o tempo todo.

A cada dia assistimos uma enxurrada de informações sobre alimenta-


ção, muitas vezes baseada em descobertas científicas “derradeiras”.
E nossa compreensão da alimentação, ao invés de aumentar, se trans-
forma em confusão... Conceitos tidos como verdades caem por terra e
antigos vilões da alimentação são elevados à categoria de heróis. Tudo
porque a ciência ocidental se preocupa em tentar encontrar leis uni-
versais aplicáveis a toda a Humanidade e ignora a individualidade.

A Medicina Oriental nos mostra que, dentro de leis universais, sem-


pre existe a individualidade. Portanto, nos conhecer melhor é um ca-
minho mais seguro do que apenas seguir os estudos de outros. A ci-
ência é uma referência, um guia, e não a verdade definitiva.

Vamos ver algumas idéias gerais sobre o que comer, como comer,
quanto comer e quando comer, dentro da filosofia médica oriental.

O que comer
Vimos na primeira dica que cada ser humano é um universo próprio.
Isto vale também para a alimentação, sendo muito difícil encontrar
duas pessoas no planeta que possam comer exatamente as mesmas
coisas. Além das características intrínsecas de cada um de nós, temos
que levar em conta também as alterações criadas pelo meio ambiente
na forma de poluição, problemas no trabalho, dívidas, problemas fa-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
34
miliares, entressafra de alimentos, e outros fatores que se alteram con-
tinuamente. E nosso organismo precisa ser ouvido se quisermos co-
mer para ficarmos saudáveis.

A solução é o autoconhecimento, aquela palavra tão alardeada na


Nova Era e tão pouco compreendida. Conhece-te a ti mesmo e tudo te
será revelado, é nossa regra primordial. Vou lhe ensinar agora a pre-
parar uma dieta alimentar totalmente sua, apenas sua, baseado no
que faz bem ou mal para você.

Esqueça por um momento tudo o que conhece sobre alimentação: ca-


lorias, regimes, colesterol, fibras, açúcar, vitaminas, tudo. À partir deste
momento você começará do zero. Pegue papel e lápis e primeiramen-
te faça uma lista de tudo o que costuma comer, o mês inteiro em todas
as refeições. Será uma lista grande, mas necessária. Depois faça outra
lista, de tudo o que gosta de comer. Relacione seus prazeres
gastronômicos sem culpa. Em seguida crie uma terceira lista com to-
dos os alimentos que lhe fazem mal. Pode ser uma pequena azia, uma
indigestão, enxaqueca, qualquer tipo de distúrbio, até espinhas. Ob-
serve que devem ser alimentos que lhe fazem mal, e não os alimentos
de que não gosta. Existe uma grande diferença entre os dois grupos.
Se sua lista de alimentos problemáticos tiver menos de cinco itens,
mal sinal. Você precisa se observar e se conhecer melhor.

Agora compare a primeira lista (alimentos costumeiros) com a tercei-


ra lista (alimentos que fazem mal). Você está no caminho certo. Ob-
serve cuidadosamente se os problemas de saúde que passou ultima-
mente não foram causados por algum alimento específico. Se teve
uma grande dor de cabeça na noite de terça-feira e foi o único dia em
que almoçou lingüiça, desconfie. Através desta análise você vai des-
cobrir que pode evitar facilmente comer algo que lhe fará mal. Pense
em como pode evitar este alimento ou substituí-lo por outro.

Agora compare a segunda lista (alimentos preferidos) com a terceira


Gilberto Antônio Silva
35
lista (alimentos que fazem mal) e repare quais alimentos que gosta
lhe agridem o organismo. É triste mas é a dura verdade. Muitas vezes
algo que amamos comer nos é extremamente prejudicial. Isto ocorre
em alguns casos onde algum sentimento nos empurra num processo
autodestrutivo. Pode ser uma culpa, um remorso, uma baixa auto-
estima, uma depressão. Nosso corpo sabe exatamente o que nos faz
mal. Se este for o caso, procure ajuda especializada e tente superar
este problema emocional.

Sempre que tiver um mal-estar em algum dia, anote tudo o que co-
meu nas 24 horas antes do problema. Pode ser que não tenha relação,
mas é essencial que você comece a compreender a simbiose entre saú-
de e alimentação.

Aos poucos você começará a perceber o que pode comer ou não, em


que quantidade e em que horário. Tudo isto é significativo e o bom
senso sempre deve imperar. Eu, por exemplo, posso comer quanta
carne de boi eu quiser, mas se comer carne de porco por mais de duas
refeições meu rosto fica cheio de espinhas. De qualquer forma, se me
oferecer um sanduíche de pernil, eu posso comer. UM sanduíche. Da
mesma forma o molho de tomate me agride o estômago, mas é pior à
noite (certeza de acordar com uma baita azia de manhã...). Entretan-
to, um pouco de molho de tomate no almoço, por exemplo, pode ser
tolerado. Desde que seja pouca quantidade (o molho que tem em uma
pizza é uma porção aceitável) e não coma mais nada agressivo (como
pizza de calabresa dois dias seguidos. E à noite).

Este tipo de informação não está nos manuais de nutrição, repletos de


tabelas, gráficos e informações contraditórias. Você terá que apren-
der sozinho através do autoconhecimento. Mas você irá ter muitos
outros benefícios ao se conhecer melhor.

Combinação
A combinação entre alimentos é muito importante. Ao começar sua
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
36
caminhada de autoconhecimento você pode perceber que determina-
do alimento está em sua lista negra mas que algumas vezes você o
come sem problemas. A resposta pode estar na combinação dele com
alguma outra coisa. Já contei minha experiência com o frango e o pi-
mentão, se lembra? Era uma combinação malévola. Cada pessoa é
uma pessoa e cada situação é uma situação.

Cuidado com combinações. Parte do amido é digerido na boca mas se


ela ficar muito ácida a digestão é prejudicada. Portanto comer algo
com amido (pão, macarrão, arroz) depois de comer uma fruta ácida
pode atrapalhar sua digestão. Almoçar bebendo suco de laranja, por
exemplo. Via de regra, evite frutas após as refeições. As frutas pas-
sam direto pelo estômago e são digeridas no intestino, portanto se
forem consumidas após outros alimentos elas terão que esperar sua
vez até serem digeridas e fermentarão no estômago. Isto pode não
representar nada para você mas para alguém pode ser um problemão.

Estas são apenas algumas idéias gerais sobre combinações de alimen-


tos. O melhor é verificar em sua lista negra se estes alimentos lhe fa-
zem mal sempre ou só quando estão acompanhadas por outra coisa.

Quantidade
A quantidade de comida que ingerimos é uma das
causas de muitos de nosso problemas de saúde.
Grandes volumes de alimentos somados ou relaci-
onados com a ansiedade faz mais obesos do que
todo o colesterol do planeta. Somos educados a
pensar que praticamente morreremos se pularmos
uma refeição ou que ficaremos debilitados e anê-
micos ao seguir um regime de restrição alimentar por uma semana.
Bobagem. Grande parte da população ingere uma quantidade de co-
mida maior do que o necessário, sem contar que os alimentos indus-
trializados tem muito mais “sustância” que os naturais e poderiam
ser utilizados em menor quantidade.
Gilberto Antônio Silva
37

Fazer três refeições diárias parece ser algo bastante lógico, mas de-
penderá de cada pessoa. Muitos ficam em jejum a manhã toda e vão
apenas almoçar, sem problemas. Outros comem pequenas porções,
seis ou sete vezes ao dia. Tudo dependerá do que for melhor para
você e do seu costume, também. O fator cultural é muito influente na
quantidade de refeições. Mas lembre-se de que deve comer se sentir
fome e não quando tiver vontade de comer. Fome e gula são coisas
diferentes e saber esta diferença é um passo importante no
autoconhecimento. Comer se tornou uma forma de preencher lacu-
nas em nossa vida. Alimentar-se deixou de ser uma necessidade do
organismo para se tornar uma atividade qualquer que pode ser feita
constantemente, ao bel-prazer, como diz na embalagem de um salga-
dinho que eu por acaso li: “a maneira mais divertida de passar o tem-
po”. Então comida agora é passatempo, diversão?

Vários trabalhos e estudos constataram que alguma carência na quan-


tidade de alimentação torna as pessoas mais saudáveis ao invés de
debilitadas. O Dr. Liu Zhengcai, pesquisador e especialista em medi-
cina chinesa, realizou um brilhante trabalho na análise da longevidade
de anciãos chineses, todos com mais de 100 anos (e existem milhares
na China). Ele descobriu que muitos deles se alimentavam muito pou-
co. Estudos feitos posteriormente com ratos mostraram que aqueles
que tiveram restrições alimentares viveram mais e com mais saúde
do que aqueles que tinham comida à vontade. Estes desenvolveram
várias patologias, como nefrite e câncer.

Monges orientais, yogues e ascetas em geral se alimentam muito pou-


co e vivem saudáveis, o que parece comprovar este argumento. Mas
veja que falamos “pouco” no sentido de “menos” e não no de “misé-
ria”. Entre comer pouco e ficar desnutrido existe uma grande distân-
cia. A verdade é que geralmente comemos muito mais do que neces-
sitamos, por gula, problemas emocionais ou outro motivo.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
38
Procure regular a sua alimentação pelo quanto você realmente deseja
comer. Normalmente se aconselha que se ingira cerca de 70% da ca-
pacidade do estômago, ou seja, saia da mesa antes de ficar repleto.
Isto dá uma sensação de leveza e tranqüilidade. Evite raspar a panela
para não “desperdiçar comida”. Coma somente o que tiver vontade e
eduque-se para conhecer a fronteira entre “necessidade” e “excesso”.
Ao forçar mais comida repetidas vezes, seu estômago se dilata e seu
organismo se acostuma com aquela nova quantidade. Da próxima
vez, sua fome será maior para poder ocupar a nova capacidade do
estômago e assim por diante.

Modere sua quantidade de comida antes que necessite de uma opera-


ção de redução de estômago...

Época
Estamos acostumados a comer mais ou menos do mesmo modo du-
rante o ano todo. Isto não é muito sábio, não importa o tipo de dieta
que utilizemos a não ser que você more em um lugar que tenha ape-
nas um tipo de alimento o ano inteiro, o que não acho que seja sue
caso.

Nossa alimentação deve seguir as épocas do ano, as estações do ano.


Conhece o I Ching, o Livro das Mutações? É uma obra maravilhosa
escrita na China antiga há mais de 3.000 anos que possui uma filoso-
fia extremamente profunda. Segundo este livro tudo no Universo está
em constante mutação, nada fica estático o tempo todo. Portanto nos-
sa alimentação deve seguir o padrão de mutação do Universo, ao me-
nos nas estações do ano.

O melhor seria consumir brotos, alimentos crus e frescos na Primave-


ra, época de crescimento e recuperação da letargia do Inverno. É a
hora certa para regimes de desintoxicação e emagrecimento. Evite ali-
mentos picantes e diminua os alimentos ácidos.
Gilberto Antônio Silva
39
O Verão é época de plenitude, o clímax, e pede alimentos crus, frutas
e mais líquidos, mas sem exageros. Reduza a quantidade de comida e
faça várias pequenas refeições ao longo do dia. Evite alimentos salga-
dos e diminua os alimentos amargos.

O Outono é a hora de se preparar para o Inverno. Consuma alimentos


mornos, mais “pesados” como as carnes, e sopas e caldos diversos.
Passe a cozinhar seus legumes. Evite alimentos amargos e diminua os
alimentos picantes

Inverno é sinônimo de redução de atividades, de uma menor movi-


mentação devido ao frio. Frio este que pede comidas mais gorduro-
sas e mais carnes na alimentação. Fuja de alimentos crus e coma no-
zes, amendoim e frutos oleaginosos. Evite alimentos doces e diminua
os alimentos salgados.

Dentro da filosofia chinesa temos 5 elementos, portanto 5 estações do


ano. Incluímos então a chamada “5ª Estação”, no final do Verão e
começo do Outono. Uma transição do clímax do Verão para a prepa-
ração do Inverno. Recomenda-se alimentação mais neutra como os
cereais. Evite alimentos ácidos e diminua os alimentos doces.

Não vou entrar em muitos detalhes, mesmo porque grandes partes


do Brasil não possuem as quatro estações bem definidas. A regra ge-
ral é procurar comer alimentos locais e da época, sempre que possí-
vel. Aumente os alimentos quentes quando o tempo esfriar e vice-
versa (mas cuidado com os gelados, pois atacam sua saúde). Assim
você estará seguindo as mutações corretamente.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
40

RESUMO

A alimentação deve ser algo individual. Não existem regrais


gerais aplicáveis a toda a Humanidade.
Assuma a responsabilidade pela sua saúde, conforme falamos
na dica 4 (Sua Saúde é Você Quem Faz). Se você sabe que comer
sanduíche todo dia lhe faz mal e continua fazendo, o problema
será todo seu. Nenhum médico do planeta, ocidental ou orien-
tal, poderá lhe ajudar.
Procure descobrir o alimento que lhe faz mal, quando lhe faz
mal e junto com que outro tipo de comida o efeito é pior.
Não se esqueça de pesquisar também o que lhe faz bem. Colo-
que estes alimentos sempre em seu cardápio.
Cuidado com as combinações. Nem sempre uma mesa muito
variada é sinônimo de saúde. Muitos alimentos criam proble-
mas quando misturados. Procure conhecer o que lhe afeta.
Não encha completamente seu estômago. Coma apenas 70% de
sua capacidade, mesmo que deixe a mesa com um pouco de
fome.
Quando estiver doente, com algo simples como uma gripe, pro-
cure reduzir a quantidade e a variedade de comida ingerida.
Dê um tempo para seu organismo se restabelecer.
Procure comer sempre os alimentos da estação do ano corres-
pondente. Evite coisas muito fora do padrão. Nozes e avelãs
consumidas no Natal, que é Verão aqui no Brasil, é um bom
exemplo de erro.
Fuja de aditivos alimentares como corantes, espessantes,
emulsificantes, flavorizantes, acidulantes, umectantes,
aromatizantes e estabilizantes. Eles são tóxicos para o organis-
mo. Evite-os ao máximo, especialmente glutamato monossódico
e aspartame.
Gilberto Antônio Silva
41

8
DERRUBANDO MITOS
DOS ALIMENTOS

Alimentação é sempre uma preocupação de todos que buscam uma


vida saudável. A relação entre o que comemos e como nos sentimos
ou somos sempre foi muito óbvia na cultura humana. Mas nas últi-
mas cinco décadas experimentamos um grande avanço na pesquisa
científica relacionada com a alimentação. Novos estudos analisaram
a composição e efeitos de vários alimentos e pesquisas ampliaram
nosso conhecimento sobre a digestão e assimilação. Embora a relação
entre alimentação e saúde seja conhecida desde os primórdios da Raça
Humana, nunca o Homem se preocupou tanto com o que come e nunca
ele comeu tão mal.

No início apenas se comia o que podia ser encontrado e quando era


encontrado. Depois passamos a criar, plantar e colher nossos alimen-
tos. À partir do século XX passamos a contar com muito mais alimen-
tos, de várias regiões diferentes, e passamos a efetuar grandes indus-
trializações na alimentação. Foi o início de diversos problemas.

Vamos analisar agora alguns mitos da alimentação que ocorrem não


apenas debaixo das barbas da ciência ocidental mas também em ou-
tras correntes de pensamento. Lembre-se de que toda pesquisa cien-
tífica é feita à partir de modelos estatísticos, conforme vimos anterior-
mente, estando pois sujeita a funcionar apenas na faixa média. Tam-
bém os avanços científicos acabam por derrubar “verdades” anterio-
res e acrescentar outras novas, que com o tempo também serão des-
cartadas. Mesmo assim estas pesquisas são importantes? Claro! Mas
lembre-se sempre de que são apenas referências e nunca verdades
absolutas. Muitas pessoas se enganam neste aspecto e dirigem toda a
sua vida segundo os “últimos avanços” da ciência. Mas os “últimos
avanços” de hoje amanhã estarão caídos por terra.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
42
Desenvolva seu autoconhecimento e descubra o que é realmente bom
para você ou não, independente do que outros digam.

Dogmas
A principal praga que assistimos é a dos dogmas e meias-verdades
científicas. Pesquisas mal-feitas, superficiais, contraditórias,
inconclusivas ou parciais muitas vezes derramam informações pela
metade e são avidamente divulgadas pela imprensa com sensaciona-
lismo como “a última palavra” da ciência. E estas meia-verdades ou
equívocos se propagam e criam uma cultura resistente às mudanças
que são normais na ciência. Tornam-se dogmas difíceis de serem der-
rubados.

É o caso por exemplo do uso da margarina em detrimento da mantei-


ga. Esta questão será analisada melhor adiante, mas aqui cabe uma
consideração. Nunca fui adepto da margarina e quando se ventilou
que existiam riscos potenciais nas gorduras trans, tratei de me infor-
mar melhor. Procurei na internet e achei um artigo excelente, de uma
nutricionista, que explicava detalhadamente o que eram as gorduras
trans e seus efeitos maléficos no organismo: enquanto a manteiga pode
apenas aumentar o “colesterol ruim”, a gordura trans não só aumenta
o “colesterol ruim” como diminui o “colesterol bom”. Conclusão ób-
via: é pior que a manteiga. Mas a nutricionista termina o artigo afir-
mando que, apesar de todos os problemas da gordura trans, comer
margarina ainda é melhor do que a manteiga porque esta é “de ori-
gem animal”. Entendeu? Nem eu!

A carne vermelha também sofreu com isto. Ela é acusada de ser a


responsável por pelo menos 75% das desgraças da Humanidade, pelo
que se nota por aí. Embora seja difícil provar tudo isto. Muitos artigos
tem sido escritos contra toda esta cultura de condenação à carne ver-
melha e à gordura animal, mas isto não aparece na imprensa. Como
bem demonstra o Dr. Drauzio Varella em seu site, “... fica claro que as
recomendações atuais para evitar gordura animal nas refeições são,
Gilberto Antônio Silva
43
no mínimo, desprovidas de fundamento científico” (http://
drauziovarella.ig.com.br/artigos/carne_introducao.asp).

Quando se levantou na imprensa que a carne vermelha pode provo-


car o Mal de Parkinson, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN),
através de seu Departamento Científico de Transtornos do Movimen-
to, teve que emitir uma posição oficial a respeito disto, negando vee-
mentemente a veracidade das informações e mostrando que são estu-
dos mal-feitos ou inconclusivos. Mas isto não chegou a ser uma notí-
cia importante.

O leite é considerado como alimento imprescindível, mais por dogma


do que por evidências científicas. Para mostrar como funciona um
dogma globalizado, existe uma campanha em curso para tentar im-
por a alimentação com leite e derivados aos chineses, pois isto não faz
parte de sua cultura. Os ocidentais não conseguem entender como
uma criança cresce forte e saudável sem beber leite, logo os chineses
devem bebê-lo também. Mas 99% dos chineses não toleram a lactose,
embora sejam um mercado enorme e atraente para os laticínios.

Muitos outros dogmas poderiam ser descritos, como o do carboidrato


como alimento indispensável e o consumo excessivo de calorias e
sedentarismo como origem da obesidade. Mas podemos acabar quei-
mados numa fogueira em praça pública...

Arroz Integral
Após os anos 60 se tornou muito comum a afirmação de que o arroz
branco é nefasto e que o arroz integral é saudável. Isto nasceu do
trabalho de George Ohsawa, divulgador da Macrobiótica. Segundo
esta filosofia os povos do Oriente consomem arroz integral, e por isto
são mais saudáveis. É um equívoco, pois os orientais consomem ar-
roz branco, como se pode constatar facilmente com pessoas que viaja-
ram até lá ou em filmes e fotos. Na Índia se consome o arroz integral,
chamado de “arroz com cutícula”, como se fosse um prato determi-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
44
nado, como “arroz à grega”. A maioria consome mesmo o arroz bran-
co, assim como japoneses e chineses. O arroz integral, escuro, pode
ser tremendamente indigesto para muitas pessoas e seu uso pode ser
liberado após algumas experiências pessoais. Mas não se sinta obri-
gado a comer arroz integral como se sua saúde dependesse disto. Os
orientais não o fazem.

Carne Vermelha
Este é um dos alimentos campeões de preconceito e histórias de ter-
ror. A carne é o principal fator para que os seres humanos tenham
desenvolvido sua inteligência, pois proporcionou proteínas abundan-
tes e aminoácidos essenciais que desenvolveram nosso cérebro e suas
calorias deram um espaço de tempo ocioso para que aprendêssemos
a pensar. Repare que os animais herbívoros comem o tempo todo e só
se preocupam com isto.

Já mostramos que a carne vermelha e sua gordura não devem sair da


mesa e que não existem comprovações científicas sérias sobre seus
riscos para o coração. Também comentamos sobre a sua riqueza em
ferro facilmente absorvido pelo organismo e na concentração em vi-
taminas do complexo B, principalmente a B12. Também possui abun-
dância em Zinco, essencial na cicatrização e no funcionamento do sis-
tema imunológico e o seu consumo aumenta a absorção do ferro dos
vegetais também. Além disto nossa carne brasileira vem dos chama-
dos “bois verdes”, criados livres em pastos e não em confinamento e
alimentados com rações industrializadas como os europeus e ameri-
canos. Por isso nossa carne é tão apreciada internacionalmente.

Ainda segundo o Dr. Drauzio Varella no artigo citado anteriormente,


não existe comprovação de que ingerir menos gordura animal dimi-
nua a probabilidade de se ter um ataque cardíaco ou possa aumentar
nossa longevidade. As dietas ricas em carboidratos são mais perigo-
sas para o coração do que o consumo de gordura animal.
Gilberto Antônio Silva
45
Leite
O leite in natura é o grande tabu da alimentação moderna. Considera-
do indispensável para o crescimento das crianças e para prevenir pro-
blemas de carência de cálcio como a osteoporose, o leite se tornou um
alimento cada vez mais indispensável. Mas nem tudo é assim como
parece. Em primeiro lugar o leite de vaca é adequado às vacas. As
proteínas do leite de vaca são muito diferentes daquelas do leite hu-
mano e a maioria das pessoas não consegue digerir a lactose, o açúcar
do leite de vaca. Estima-se que 65% da população brasileira tenha
intolerância à lactose. Mas continua-se apregoando que ninguém con-
segue crescer e ser saudável sem tomar três copos de leite por dia.
Veja que meio copo de suco de repolho tem mais cálcio do que um
litro de leite. Além disso o processamento do leite para enfiá-lo nas
caixinhas ou saquinhos o torna muito diferente do leite cru, mais sau-
dável. Para não falar do leite desnatado, uma água branca que per-
deu quase todos os nutrientes. Os orientais não consomem leite e lati-
cínios, com exceção dos indianos. A Medicina Chinesa considera o
leite como fator de retenção de líquidos e muco no organismo.

Manteiga e Margarina
Por muito tempo defendi a manteiga em detrimento da margarina.
Era considerado maluco, pois a nefasta manteiga era de origem ani-
mal, aumentava o colesterol, etc... As pessoas preferiam a margarina,
alimento sintético produzido por processos industriais e cheio de
aditivos químicos. Talvez por influência das propagandas que mos-
travam famílias e velhinhos felizes e saudáveis por usarem margari-
na. Até as evidências da gordura trans aparecerem.

Sempre se suspeitou que estas gorduras pudessem ser danosas, mas


a indústria se calou com a falta de respaldo científicos. Quando se
descobriu finalmente que as gorduras trans diminuíam o colesterol
bom e aumentavam o ruim, a coisa surgiu sem grande alarde. As in-
dústrias logo apareceram com substitutos da gordura trans, o que pro-
va que eles já sabiam dos problemas e estudavam alternativas. Isto
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
46
não aparece da noite para o dia. Nenhuma palavra foi dita pela im-
prensa sobre os milhões que devem ter morrido do coração por confi-
arem nos milagres da margarina. E, por força do dogma, muitos mé-
dicos e nutricionistas ainda afirmam que a margarina é melhor que a
manteiga. Será?

> Ambas tem as mesmas calorias


> A manteiga é rica em vitamina A, D e E. A margarina tem vitami-
nas artificias acrescentadas à sua massa pastosa.
> A manteiga é de fácil digestão e não indispõe o organismo. É a
gordura com absorção mais rápida.
> Usada na culinária, aumenta o valor nutritivo e o sabor dos ali-
mentos.
> Manteiga não engorda.
> Por lei, a manteiga não pode ter nenhum aditivo, exceto sal, desde
a época de Getúlio Vargas. Na década de 1990 liberaram-se alguns
aditivos, como corantes naturais. Mas a maioria das manteigas ven-
didas é apenas gordura de leite, com ou sem sal.

A margarina é fabricada artificialmente por hidrogenação de óleo ve-


getal, o que gera as gorduras trans. Mesmo que não tenham gordura
trans, por usarem óleo de palma, já existem boatos de que estes subs-
titutos podem fazer tanto mal ou até mais do que as trans. Na verda-
de a margarina vem de uma massa pastosa preta com forte cheiro de
óleo que depois é purificada, clareada, colorida e aromatizada. É qua-
se a mesma coisa que passar plástico derretido no pão. Veja você mes-
mo: deixe um pote de margarina aberto, em cima da mesa, por um
mês e veja o que acontece. Nada. Nenhum inseto se aproxima, ela não
embolora, nem fica rançosa, nem se estraga. Afinal, plástico dura cen-
tenas de anos...

Ovos e Colesterol
Os ovos são outro tipo de alimento banido das mesas nos anos 1950
depois da descoberta do colesterol. Mas descobriu-se recentemente
Gilberto Antônio Silva
47
que existem mais motivos para se comer ovos do que para não comê-
los. Sua taxa de gorduras totais é baixa e a de gorduras saturadas,
mais maléficas, é menor que uma fatia de queijo branco. Além disso o
ovo é rico em colina, nutriente importante para o cérebro, triptofano,
que se torna serotonina (substância associada à sensação de bem-es-
tar), e a maioria de suas gorduras são monoinsaturadas, as gorduras
benéficas. Tem poucas calorias e é de fácil digestão pela maioria das
pessoas. É interessante que a revista Veja tenha publicado uma maté-
ria sobre estas novas descobertas do ovo e tenha condenado seu con-
sumo junto com as gorduras trans, por serem reconhecidamente peri-
gosas. No final, uma das formas saudáveis de se consumir os ovos se-
gundo a revista é fritá-los... em margarina. Olha aí o dogma, de novo.

Calorias
Muita gente se descabela para comer uma refeição, pois tem que con-
tar cada caloria do prato. Esta é a ditadura das calorias, que muitas
pessoas se sentem forçadas a seguir principalmente para perder peso.
Já li um artigo de um médico dizendo que era fácil resolver a obesida-
de: era só comer menos calorias que as que gastamos. Fácil, não?

Então porque a obesidade está se tornando praga mundial? Não tem


nada de fácil, porque calorias e sedentarismo são apenas parte do
processo que engloba predisposição genética, ansiedade, traumas, for-
mas equivocadas de encarar a vida e toxinas como os aditivos ali-
mentares. É tudo muito complexo e cada caso é um caso.

Contar calorias desesperadamente é fonte de ansiedade e frustração


que acabam em estresse, depressão e... mais quilos extras! Já conheci
pessoas que tinham uma balança na cozinha para pesar cada alimen-
to e descobrir quantas calorias existiam no prato. Isto não é saúde, é
neurose. Novamente temos que chamar a atenção para o fato de que
a tabela de ingestão de calorias é montada em cima de estudos esta-
tísticos. Isto muda dramaticamente de pessoa para pessoa, de situa-
ção para situação e de época para época.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
48
Para a Medicina Oriental, emagrecer é um processo que deve englo-
bar corpo, mente, energia e espírito. Ou na maioria das vezes não
funciona. Existem pessoas sedentárias que comem como dragões e
não engordam nenhum grama. Outras fazem exercícios sempre que
podem e dietas terríveis e pouco oscilam no peso. Cada pessoa é um
Universo. Nunca se esqueça disto. Relaxe e procure uma solução
holística para seu problema.

RESUMO

Não existe dieta ou método de alimentação único para toda a


Humanidade. Cada pessoa é um caso.
Existem alimentos que são problemáticos para determinadas
pessoas e não para outras. Somente o autoconhecimento trará
luz para estas dúvidas.
“Comprovação científica” é uma referência, nunca uma verda-
de absoluta. Use o bom senso.
Cuidado com “últimas novidades científicas” alardeadas pela
imprensa. Quanto mais repercussão um estudo tiver, tanto mais
desconfiado você deve ficar.
Prefira alimentos naturais, não industrializados.
De novo: fuja de aditivos alimentares como corantes,
espessantes, emulsificantes, flavorizantes, acidulantes,
umectantes, aromatizantes e estabilizantes. Eles são tóxicos para
o organismo. Evite-os ao máximo, especialmente glutamato
monossódico e aspartame.
E, como tudo na vida, coma com moderação.
Gilberto Antônio Silva
49

9
O ESTRESSE NOSSO DE CADA DIA

À partir dos anos 1980 a palavra “estresse” (e sua originária inglesa


“stress”) bombardeou nossos noticiários. Esta seria a grande praga
do final do século XX, previsão que se revelou mais do que verdadei-
ra.

Hoje o estresse é uma das principais causas da queda na qualidade de


vida e de perda de saúde. Muito disto é um sub-produto natural de
nosso tipo de vida moderno, principalmente nas grandes cidades. Em
verdade, o estresse faz parte de nossa própria natureza e é perfeita-
mente natural. O seu excesso é que deve ser evitado.

Muitas das doenças relacionadas à obesidade e ao sedentarismo na


maioria das vezes se originam do estresse, como hipertensão, diabe-
tes, fadigas crônicas, disfunções cardíacas. Incluindo a própria obesi-
dade!

O estresse é um estado fisiológico gerado pela adaptação do organis-


mo a um determinado tipo de estímulo emocional muito forte. Vem
do inglês “stress”, que significa “tensão”. Esta tensão pode ser
desencadeada por diversos fatores, geralmente com forte influência
do ambiente: prazos, frustrações, ansiedade, problemas emocionais,
problemas de saúde, poluição, trânsito, compromissos. Aparentemente
nada podemos fazer com relação a muitos destes fatores. Mas existe
sempre um deles em que podemos intervir: nós mesmos. Se alterar-
mos nossa reação perante estes problemas, nossa fisiologia não preci-
sará desencadear uma guerra hormonal sem vencedores.

A primeira coisa que sempre devemos nos lembrar é que o estresse é


um fenômeno natural, que muito nos auxilia em momentos de neces-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
50
sidade. A injeção de adrenalina que recebemos pode salvar nossa vida
em um momento de emergência ou nos ajudar a passar por algum
sufoco. Portanto o estresse é nosso aliado. O que não podemos é man-
ter o estado de emergência o tempo todo. Este é o grande problema.

Todos nós passamos por momentos de tensão no trabalho, em casa,


até no lazer. Mas estes momentos devem vir e passar. Quando uma
situação estressante é substituída logo em seguida por outra e mais
outra, aí temos um problema. O encadeamento de situações
estressantes mantêm nosso corpo em constante estado de emergên-
cia, em tensão contínua. O resultado todos nós sabemos. Se ficamos
tensos e não sentimos o alívio após a crise passar o organismo começa
a se desgastar. E os problemas de saúde aparecem.

Fica até difícil enumerar todas as complicações que podem vir do


estresse excessivo, mas diabetes, pressão alta, transtornos psicológi-
cos como fobias são bastante comuns. Grande parte dos casos de obe-
sidade está mais associado a ansiedade (uma forma de estresse) e aos
problemas do dia a dia do que com as calorias que se consome.

Existem muitas causas para o estresse e também muitos jeitos de se


livrar dele. Vamos ver alguns pontos.

Expectativa: manter expectativas sobre qualquer coisa é o cami-


nho certo para criar estresse e frustração, pois dificilmente as coisas
acontecem exatamente como imaginamos. Costumo dizer que o ser
humano é a única criatura que sofre por antecipação: pelo aluguel do
mês que vem, pelo encontro de quinta-feira, pela festa de aniversário
daquele pestinha do apartamento ao lado, pela visita do cunhado fol-
gado que vem filar o almoço de domingo. Muitas vezes as coisas não
saem tão ruins e o sofrimento todo foi em vão. Da mesma forma, ao se
esperar algo muito bom e isto não acontecer, a frustração dará o gol-
pe de misericórdia na expectativa. O resultado é mais estresse. A so-
lução é procurar esperar os acontecimentos do modo mais imparcial
Gilberto Antônio Silva
51
possível, e agir conforme o momento, de acordo com o resultado. Os
Taoístas tem um princípio denominado Wuwei, que significa “não-
ação”. Isto simboliza não criar problemas novos ou novas situações
mas reagir conforme elas aparecem. Utilizando um velho ditado, “pre-
ocupe-se com a travessia da ponte apenas quando chegar na ponte”.

Confinamento: ficar fechado, ter seus limites reduzidos, é um dos


grandes incentivadores de estresse. Passar o dia trancado no escritó-
rio, atrás do balcão, dentro de casa, aumenta bastante nossa tendên-
cia ao estresse. E se depois do trabalho voltamos para um
“apertamento” abafado, estagnado, o estresse de todo o dia aumenta
ao invés de diminuir. Sempre que puder dê uma volta ao ar livre, de
preferência em uma praça ou outra área aberta com pouca agitação.
Caminhe até o local do almoço ou dê uma volta maior ao retornar ao
trabalho. Ao sentir a tensão aumentar, saia e fique cinco minutos ao
ar livre. Se estiver chovendo, fique na porta ou em uma janela aberta
e observe a chuva caindo.

Refúgio: todo animal precisa de um refúgio para se esconder, cui-


dar da prole, se recuperar dos ferimentos da luta pela vida. E o ser
humano não é diferente. A sua residência tem que ser este refúgio.
Procure manter um ambiente calmo, tranqüilo. Use plantas vivas, flo-
res, aquários e fontes para dar mais vida ao lugar. Incensos e óleos
aromáticos são muito bons, se você tiver afinidade. Ao chegar em
casa, espreguice-se e coloque uma música suave, de preferência or-
questrada, em um volume baixo. Não precisa ser nada “New Age”,
mas tem que ser suave. Tome um banho tépido, nem quente nem frio.
Coloque uma roupa macia e procure esquecer os problemas do dia (e
não se preocupar com o dia seguinte!)

Prazo: os prazos são um dos maiores carrascos que temos na vida


moderna. Tudo está sujeito a horários e escalas. A tensão se agiganta
ao se aproximar o limite de tempo estabelecido, com os devidos da-
nos ao seu organismo. Correr atrás de prazos por algumas vezes é
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
52
normal. O problema é quando este tipo de atitude se torna constante.
Procure planejar tudo o que for fazer e dê limites de tolerância. Nem
tudo tem que ter precisão cirúrgica. No caso de compromissos em
uma cidade como São Paulo, dar 15 minutos de tolerância é normal e
aceito. Se houver um atraso maior ligue e avise. Não arrume nem
aceite trabalhos com prazos vencidos ou muito próximos do fim. Isto
pode mostrar eficiência profissional mas é o hospital que lhe manda-
rá a conta.

Hobby: sempre recomendei a todos os meus pacientes que encon-


trem um hobby, uma diversão, de preferência manual. Trata-se de
uma atividade lúdica, sem intenções profissionais, que nada tenha a
ver com sua profissão. Este é o segredo da coisa: o hobby tem que ser
uma atividade sem qualquer tipo de vínculo com seu trabalho. Quan-
to mais diferente, melhor. Eu trabalho com cultura oriental então meus
hobbies são modelismo e ler Ficção Científica. Nada a ver. Pode ser
jogar xadrez, colecionar selos, pintar quadros, qualquer coisa. Um
hobby artesanal combate o estresse de modo extremamente agradá-
vel. E é mais barato do que a conta da farmácia. Se você achar que não
tem tempo para isto, espere sua próxima internação hospitalar e co-
mece.

Trânsito: O estresse é responsável pela atitude de luta ou fuga que


todos temos frente a situações agressivas. Isto explica a tendência a
sermos agressivos quando estressados: nosso corpo se preparou para
uma boa briga, que acabou não acontecendo. Mas ele está em alerta,
tenso, pronto, e qualquer coisa é motivo para desencadear a violên-
cia. Vemos isto diariamente no trânsito das grandes cidades. Antes
de ficar agressivo veja se é realmente necessário, se o problema é real-
mente grande e se a solução é realmente complicada. Valorize as coi-
sas de modo adequado. De qualquer jeito, conte até 10 respirando
fundo em cada contagem. Funciona.

Exercícios físicos: qualquer tipo de exercício físico pode ser muito


Gilberto Antônio Silva
53
saudável e desestressante. Não precisa exagerar- uma leve caminha-
da, natação, até jogar ping-pong. O importante é que se concentre no
que está fazendo. Correr enquanto escuta música alta e pensa no es-
critório não adianta.

Esportes radicais: hoje se tornou muito comum a prática de espor-


tes radicais como rapel, escaladas livres, montanhismo, rafting. Já vi
praticantes afirmando que eles combatem o estresse. Mas a coisa não
é bem assim. Esportes radicais são extremamente estressantes por na-
tureza própria. Mas como a carga de estresse passa, tem um limite, a
pessoa normal experimenta um relaxamento final bastante agradá-
vel, pois a carga extra de adrenalina elevou os níveis de tensão até o
pico e depois desabou. No dia a dia nossas emergências não “aca-
bam”, por isso a tensão é constante. O problema é quando a pessoa se
torna viciada em esportes radicais. É a mesma coisa de uma depen-
dência de drogas químicas, pois trata-se de adrenalina, substância quí-
mica. A pessoa nestas condições busca emoções cada vez maiores e
com mais perigo para obter uma dose crescente de adrenalina. Quan-
do fica sem a prática, se sente irritado, ansioso, como a síndrome de
abstinência do drogado. Depois da prática ele sente um tremendo alí-
vio e relaxamento, como o causado pela satisfação no uso de drogas.
Isto não é combate ao estresse, mas uma dependência. Esportes radi-
cais podem ser saudáveis, se não acabar em obsessão.

Ponto de vista: muitas vezes o estresse é gerado por um determi-


nado jeito de encarar as coisas. Procure ser mais tolerante e flexível. A
capacidade de poder ver uma mesma situação sob a ótica de outra
pessoa conduz a uma maior compreensão dos que se encontram ao
nosso redor e é um grande diferencial na liderança empresarial, por
exemplo.

Reação:: a reação aos problemas do dia a dia deve ser analisada.


Você percebe um problema e logo começa a pensar em uma solução
ou você fica o dia todo reclamando dele? Lao-Tzu, grande sábio chi-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
54
nês, afirmou que é melhor acender uma lanterna do que amaldiçoar a
escuridão. Busque uma solução e não se estresse com o problema.

Artes Marciais: praticar uma arte marcial é uma boa pedida para
se reduzir o estresse. Qualquer tipo de atividade física regular é sufi-
ciente, mas as artes marciais possuem muitas propriedades a mais. Se
você optar por uma arte tradicional do Oriente você terá, além do
mero exercício físico, mais concentração, disciplina e uma excelente
filosofia de vida. Particularmente eu recomendo o Tai Chi Chuan ou
o Aikidô como ferramentas ideais para deixar o estresse comendo
poeira e ampliar sua visão do Universo.

Atividades orientais: além das artes marciais existem muitas ou-


tras atividades orientais que podem ser utilizadas como ferramentas
de redução do estresse ou como hobbies, como arranjo japonês de
flores (Ikebana), árvores miniaturas (Bonsai), caligrafia oriental
(Shodô), dobradura de papel (Origami). Elas induzem à concentra-
ção e pregam a liberação do pensamento. Terapias em forma de arte.

Massagem: feitas periodicamente, melhoram o relaxamento mus-


cular e a circulação de energia removendo e dissolvendo a tensão.
Qualquer tipo de massagem sempre ajuda, mas recomendo as tradi-
cionais como Tui-Ná, Shiatsu, Anmá ou mesmo o moderno Quick
Massage, feito em uma cadeira especial. Uma vez por semana seria o
ideal, mas em caso de necessi-
dade pode-se recorrer a ela sem-
pre que precisar.

Relaxamento: relaxar é a or-


dem para combater o estresse.
Relaxamento é o oposto da ten-
são, logo é nosso remédio. Cada
pessoa tem um jeito de relaxar,
apenas tome cuidado para não
Gilberto Antônio Silva
55
ser enganado. Muitos jovens acreditam que escutar o som no volume
máximo relaxa. Nada disto. Ele atordoa. Procure espreguiçar-se ao
longo do dia e, quando sentir um músculo tenso, faça o seguinte: ins-
pire profundamente, prenda a respiração e tensione aquele músculo
o máximo que puder. Solte o ar e relaxe a musculatura. Isto pode ser
feito com qualquer parte do corpo ou mesmo o corpo todo de uma
vez e utiliza o princípio Yin/Yang de Contração/Relaxamento para
dissolver tensões algumas vezes difíceis de resolver.

Trabalho: faça o que gosta. Ninguém se estressa fazendo o que gos-


ta e seguindo estas dicas.

RESUMO

Estresse é um termo utilizado para “tensão”.


O estresse é uma reação natural do organismo que é salutar
em sua devida proporção. Apenas o estresse contínuo e ilimi-
tado é danoso à saúde.
Tensões constantes podem causar diabetes, hipertensão, pro-
blemas cardíacos e distúrbios psicológicos.
É uma das grandes causas da obesidade.
Existem muitos fatores para desencadear o estresse: Expectati-
va, Confinamento, Prazo, Trânsito, Ponto de vista, Reação.
E muitas soluções: Hobby, Exercícios físicos, Esportes radicais,
Artes Marciais, Atividades Orientais, Massagem, Relaxamen-
to, Trabalho, Refúgio.
O importante é começar AGORA!
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
56

10
CUIDANDO DOS PÉS

A maioria das pessoas tem uma enorme preocupação com todo tipo
de problema no corpo mas se esquece completamente de seus pés. Só
nos lembramos deles quando aparece algo específico como um calo,
unha encravada ou sapato apertado. Mas devemos ter uma atenção
muito grande a esta parte de nosso corpo que é extremamente impor-
tante para nossa saúde. Os orientais também possuem muitas técni-
cas de saúde relacionados aos cuidados com os pés, principalmente
na China e Japão. Eles são os alicerces de nosso corpo.

Neste quesito os orientais estão muito à nossa frente, com suas sandá-
lias e sapatos de lona folgados. Sapatos de couro fechados, lacrados e
envernizados é um gosto duvidoso de nossa civilização. Para se man-
ter na moda utilizam-se calçados apertados, com formatos excêntri-
cos ou em uma constante repetição de modelos que acaba por preju-
dicar nossos pés. E para quem está pensando nos pés deformados e
enfaixados das chinesas, lembre-se de que era um modismo, pois, para
os homens, ter uma mulher com pés diminutos era muito elegante e
sexy. Estas conseguiam sempre os melhores casamentos, embora di-
ficilmente pudessem caminhar na velhice.

O principal é começar a prestar atenção em seus pés. Faça uma inspe-


ção minuciosa antes ou depois do banho. Utilize um espelho, se for
necessário. Cheque as unhas, entre os dedos, as solas dos pés e o cal-
canhar. Veja se existem manchas, machucados, bolhas, rachaduras
ou qualquer anormalidade. Se houver problemas que julgar impor-
tante procure um profissional para verificar a situação e ensinar-lhe
os cuidados necessários.

Corte as unhas dos pés com freqüência, não deixando que elas ultra-
passem o comprimento dos dedos pois podem se machucar nos cal-
Gilberto Antônio Silva
57

çados. Corte a unha sempre reta e nunca com os cantos arredondados


pois podem provocar o encravamento quando elas crescerem.

Os pés dos diabéticos devem ter mais cuidados ainda pois existe uma
tendência para perda de sensibilidade e problemas de circulação san-
guínea. Qualquer machucado que demore a cicatrizar deve ser comu-
nicado a um médico. Não é raro encontrar problemas de circulação
ou cicatrização que podem levar a amputações de dedos ou do pró-
prio pé. Todo cuidado é pouco.

Cuidado com os calçados: utilize-os sempre secos. Não use um mes-


mo par de calçados por dois dias seguidos, ou você pode desenvolver
micoses ou o execrável chulé. Eles precisam de no mínimo 24 horas
parados para secarem do suor do uso. Tênis e sapatos muito fechados
ou feitos de materiais sintéticos devem ter seus cuidados dobrados
pois evitam a ventilação dos pés. Evite-os o máximo possível nos dias
muito quentes e deixe-os secar 48 horas antes de utilizá-los novamen-
te. É interessante utilizar um talco antisséptico nos sapatos mas não
diretamente nos pés. Eles obstruem os poros. Nunca use sapatos fe-
chados, mesmo tênis, sem meias. As meias absorvem o suor e man-
têm os pés secos e protegidos contra lacerações provocadas pelo atri-
to com o calçado. Prefira sempre meias de fibras naturais como o al-
godão. Inspecione sempre os calçados e meias antes de calçá-los pois
podem ter algum tipo de material que prejudique os pés durante o
dia, como um caroço, pedrinhas, insetos ou defeitos. Especial atenção
se a pessoa for diabética, novamente, pois ela pode desenvolver certa
insensibilidade nos pés que a impeçam de sentir o incômodo, causan-
do machucados e lesões que podem se tornar sérias. Para as mulheres
existe uma dica que não pude comprovar na prática mas que pode
ser útil: evite utilizar saltos altos maiores do que o comprimento de
seu dedão. Parece ser uma medida natural. Experimente.

Após o banho seque muito bem os pés e entre os dedos, para evitar
micoses. Pode utilizar papel higiênico ou toalha de papel, que secam
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
58
melhor do que uma toalha de pano. Procure deixar meias de reserva
no local de trabalho ou até mesmo um outro par de sapatos para usar
se chegar com os pés molhados no trabalho devido à chuva ou outro
problema. NUNCA fique com os pés molhados. Os soldados ameri-
canos no Vietnã sempre levavam meias de reserva em suas mochilas
para serem trocadas sempre que ficassem molhadas no clima úmido
da selva. O exército americano estacionado na Iugoslávia colocou em
seu manual de práticas de saúde da tropa a exigência que os soldados
lavassem e secassem seus pés e calçassem meias secas ao menos duas
vezes por dia nos treinamentos em ambientes gelados. Umidade cau-
sa uma série de problemas, de micoses a lesões. Evite-a a todo custo..

Para a Medicina Oriental os pés são os pontos de conexão com a Ter-


ra, a entrada da energia Yin da Terra. Na sola dos pés existe um ponto
de acupuntura, Yongquan, que é o ponto nº 1 do Meridiano dos Rins,
e que é o grande responsável pela captação desta energia terrestre.
Por isto é sempre benéfico andar descalço pelo menos uma vez por
semana, mesmo dentro de casa. O melhor seria diretamente no chão,
principalmente na terra e com pedrinhas. Elas massageiam as solas
dos pés e é fácil se acostumar com elas. O importante é o contato
direto dos pés com o piso, sem a intermediação dos calçados.

Para aliviar os problemas do cotidiano nada melhor que um escalda-


pés, velha receita de nossas avós e que se revela excepcional para
Gilberto Antônio Silva
59
melhoria de nossa qualidade de vida. O importante é ter água bem
quente, mais do que morna, e mergulhar os pés pelo menos até os
tornozelos. Nada de colocar só a planta do pé na água, não! Faça seu
escalda-pés sempre à noite, pois depois você deve colocar um par de
meias e ir para a cama. Tomar friagem neste período é suicídio, por-
tanto tome muito cuidado.

Pode-se fazer o escalda-pés com inúmeras ervas, chás e óleos essenci-


ais. Uma receita simples seria algumas gotas de essência de eucalipto,
que é bactericida, fungicida e cicatrizante, um pouco de sal para dre-
nar o excesso de líquidos e desinchar os pés e algumas flores de
camomila para acalmar. Esta receita tira o peso das pernas e dos pés e
proporciona um grande relaxamento e um sono mais tranqüilo. Cer-
ca de 10 a 15 minutos de imersão são suficientes, duas a três vezes por
semana ou quando se sentir muito “baqueado”. Seque cuidadosamen-
te os pés antes da calçar suas meias.

Os pés também possuem zonas reflexas que espelham os órgãos e


partes do corpo, daí ser importante uma massagem diária. Existem
muitos aparelhos e utensílios como martelinhos para se fazer estas
massagens nos pés, mas nada como pedir a uma pessoa querida que
o faça. É muito mais gostoso quando a massagem é feita cuidadosa-
mente por outra pessoa. Várias clínicas orientais e Spas oferecem tan-
to a Reflexologia Podal quanto o escalda-pés. Pode-se também acres-
centar bolinhas de gude no fundo da bacia do escalda-pés para se
pisar de modo a estimular estes pontos reflexos durante a imersão.

À seguir mostro um modelo de mapa reflexo dos pés, identificando


as áreas dos órgãos e partes do corpo, apenas como referência. Cocei-
ras e manchas nestas áreas podem representar problemas nas partes
reflexas, assim como a massagem pode aliviá-las. Procure apertar com
os dedos, especialmente o polegar, esfregar e puxar estas áreas. Ex-
plore seu pé como quiser e, se preferir, use um pouco de óleo de amên-
doas para hidratar e ajudar na massagem.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
60

RESUMO
Os pés merecem todo cuidado e atenção. São os alicerces de
nosso corpo e de nossa saúde.
Procure fazer uma inspeção antes ou depois de banhar-se.
Cuidado com os calçados. Evite os muito apertados ou
desconfortáveis e prefira os de couro natural. Deixe-os secar
pelo menos 24 horas antes de reutilizá-los.
Seque muito bem seus pés e entre os dedos e NUNCA perma-
neça muito tempo com os pés molhados.
Em enchentes, permaneça sempre calçado mesmo dentro
d’água. A possibilidade de pegar Leptospirose, por exemplo,
será bem menor.
Escalda-pés são muito úteis para desintoxicar e desinchar os
pés, proporcionando um grande bem-estar.
Massageie seus pés diariamente, com as mãos ou utensílios es-
peciais. Uma boa idéia é colocar uma bola de tênis no chão e
pisar nela, rolando o pé de modo a que toda a sua área seja
massageada.
Gilberto Antônio Silva
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11
VIDA LONGA AO CHÁ!

Hoje é comum as pessoas buscarem o chá oriental como alternativa


de bebida saudável. Por suas propriedades medicinais ou simples
prazer em beber, o chá conquista a cada dia seu devido lugar na mesa
do brasileiro.

O chá oriental, como o consumido no Japão e China, é formado por


folhas da planta Camellia sinensis, popularmente denominada por “ár-
vore do chá”. Muitas pessoas acham que é a mesma planta do chá
mate, mas são completamente diferentes (o mate vem da Ilex
paraguaiensis e é nativo da América do Sul).

O chá mais badalado hoje é o chá verde. Ele tem este nome porque
não possui qualquer tipo de processamento, exceto a secagem ou
tostagem. Ele nem sempre é realmente “verde”. Existem dezenas ou
centenas de tipos de chá, dependendo do local da colheita ou do tipo
da folha. Sua cor característica depois de preparado é amarelo-doura-
do, podendo ser verde em algumas variedades. Isto não influi na qua-
lidade ou nos benefícios do chá.

O Chá é conhecido na língua principal da China, o Mandarim, como...


“cha”! A versão inglesa, “tea”, vem do dialeto de Fujian onde se pro-
nuncia “deh”. Existem três variedades principais:

Verde: chá sem fermentação, muito consumido na China, Japão e


Sudeste da Ásia.
Preto: Chá fermentado (em chinês é chamado de “chá vermelho”).
O preferido dos ingleses.
Semi-Fermentado: possui as qualidades dos dois tipos principais
(misturado a botões de jasmim, por exemplo, se transforma no famo-
so “Chá de Jasmim”).
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
62
Na China o chá é tomado antes ou após as refeições, mas dificilmente
durante. Toma-se chá em qualquer hora do dia ou da noite, normal-
mente vertendo água fervente sobre as folhas no copo. Quando so-
brar apenas um terço ou um quarto do chá no copo, verte-se mais
água até enchê-lo de novo. Essa segunda infusão é considerada a
melhor do ponto de vista do sabor. As folhas usadas de chá são apro-
veitadas como fertilizante em plantas domésticas. Os chineses nunca
colocam derivados de leite no chá, mesmo porque eles normalmente
não consomem laticínios.

Seus benefícios terapêuticos são realmente indubitáveis e seu consu-


mo, durante e após as refeições, melhora muito o processo digestivo.
Para a medicina chinesa, bebidas geladas durante a refeição parali-
sam o sistema digestivo, enquanto as quentes o favorecem. Alimen-
tos gelados também atrapalham a energia do sistema Baço-Pâncreas,
podendo ocasionar muitos problemas, ainda mais quando associado
a preocupações excessivas.

As propriedades antioxidantes do chá são superiores às da Vitamina


C e Vitamina E, retardando o envelhecimento celular. Seu efeito na
aceleração do metabolismo o torna muito eficiente nos regimes de
emagrecimento. Também tem efeito termogênico, aumentando o ca-
lor corporal mesmo se tomado frio. Por ter um pouco de cafeína em
sua composição, pessoas sensíveis devem evitar bebê-lo à noite ou
poderão perder o sono.

Veja alguns benefícios principais:


> Diminui o colesterol
> É anti-inflamatório
> Normaliza a Tireóide
> Antidepressivo
> Antigripal
> Possui efeitos anti-cancerígenos
> Ajuda a prevenir cáries
Gilberto Antônio Silva
63
Entretanto a forma de preparo que é apresentada normalmente, de se
ferver o chá de 4 a 8 minutos, está equivocada. Isto remonta a George
Ohsawa, difusor da Macrobiótica no Ocidente. É dele esta noção es-
tranha de se ferver o chá oriental. O que se consegue com isto é um
caldo adstringente e amargo, verdadeiramente intragável.

Veja algumas dicas de preparo e utilização:

Em primeiro lugar, evite ferver a água


para o chá. A água deve estar quase no
ponto de fervura, quando solta aquelas
“bolinhas” no fundo da vasilha.

É um mito essa história de que o chá


verde é amargo. Algumas variedades de
chá japonês podem se apresentar amargos,
mas são variedades especiais (e caras). O
segredo é não deixar o chá muito tempo na água quente ou colocar
pouca erva no bule/xícara.

O chá verde normal, “banchá” em japonês, deve ser comprado


em pacotes, solto, de preferência a saquinhos. São mais baratos, ren-
dem uma barbaridade e podem ser bem dosados: uma colher DE CAFÉ
rasa com a erva por cada 200ml de água. As mercearias de produtos
orientais vendem pacotes de chá bem em conta.

Não jogue fora a erva utilizada! Quando estiver acabando o chá,


verta água quente novamente sobre as folhas. Os chineses afirmam
que essa segunda infusão dá o verdadeiro sabor do chá. E você faz
duas porções com a mesma erva....

Depois de utilizado, deixe a erva esfriar e coloque nos seus vasos.


É um excelente adubo!!!
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
64

RESUMO

O chá consumido no Oriente vem da árvore Camellia sinensis.


Ela é bem diferente da erva mate, que vem da Ilex paraguaiensis.
Nunca se deve ferver o chá pois ele se torna intragável.
Os efeitos terapêuticos são enormes e mais estão sendo desco-
bertos pela medicina ocidental a cada dia.
Consumir o chá quente após as refeições ajuda na digestão, pre-
vine cáries e emagrece.
Não se esqueça de que o chá, como tudo na vida, deve ser con-
sumido com moderação.
Gilberto Antônio Silva
65

12
ORELHAS, REFLEXOS DO CORPO

As orelha são um acessório curioso do corpo humano, sede de todo


tipo de penduricalhos desde brincos até piercings. São motivos de
orgulho ou de chacota social. Mas a verdade é que, de um jeito ou de
outro, elas chamam nossa atenção.

Do ponto de vista da Medicina Oriental elas são mais do que apenas


“antenas” auditivas ou suporte de acessórios, incluindo um
microcosmo de nosso corpo. Os Indianos, chineses e egípcios já utili-
zavam técnicas similares muito antes de Cristo. A Auriculoterapia é a
técnica terapêutica moderna que utiliza o estímulo de pontos nas ore-
lhas para tratar uma série de problemas, desde enxaquecas e inflama-
ções do nervo ciático até dores na coluna e problemas respiratórios.

Utiliza-se para isto pequenas sementes, muito


duras, que são fixadas nos pontos da orelha com
esparadrapo. Pode-se utilizar também esferas de
metal, bolinhas de medicamentos, estímulo com
equipamentos ou pequenas agulhas especiais cha-
madas de “semipermanentes” porque elas tam-
bém são fixadas com esparadrapo. Utilizam-se
ainda as agulhas maiores, caso da Acupuntura
Auricular, que segue vários parâmetros da
Acupuntura chinesa. No caso da Auriculoterapia,
depois de uma semana retiram-se as sementes, esferas ou agulhas
semipermanentes e se faz uma nova seção para avaliação das altera-
ções no problema tratado.

A base de seu funcionamento é a existência de uma grande rede de


nervos na orelha que estão vinculados aos órgãos e partes do corpo.
Também existem pontos e meridianos energéticos, fazendo da orelha
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
66
um rico meio de se tratar inúmeros problemas de maneira simples e
eficiente. Veja algumas vantagens:
√ não é necessário se deitar em uma maca
√ não é necessário tirar qualquer peça de roupa
√ uma consulta completa leva entre 15 minutos e meia hora
√ os efeitos são sentidos quase de imediato
√ pode-se conseguir muitos dos benefícios da Acupuntura, mas sem
agulhas
√ todo tipo de problema pode ser ao menos amenizado pela
auriculoterapia

Cada órgão e parte do corpo possui uma área correspondente na ore-


lha. Ao estimularmos este ponto, o órgão ou parte do corpo sente o
estímulo e começa a se harmonizar. A avaliação é feita através de um
exame onde testamos alguns pontos (desequilíbrios levam o ponto a
ficar dolorido) e observamos alterações de cor, escamações, pintas,
caroços, cravos, veias, etc... Cada informação significa um tipo de
desequilíbrio.

Eu aplico a Auriculoterapia, incluindo a Acupuntura Auricular, há mais


de 10 anos com excepcionais resultados, inclusive em mim mesmo. Já
perdi a conta das pessoas que se beneficiaram rapidamente com a técni-
ca com problemas como dores nas costas e nervo ciático, por exemplo.

Você também pode usufruir deste sistema ma-


ravilhoso de reflexo através de uma massa-
gem na orelha. Inicie na parte superior e vá
descendo, apertando a orelha com vigor. Ao
chegar ao lóbulo, suba pela parte central e de-
pois desça novamente pela parte de dentro.
Faça isto três ou quatro vezes nas duas ore-
lhas, duas a três vezes ao dia. É excelente para
melhorar o ânimo, reduzir o estresse e esti-
mular todo o organismo.
Gilberto Antônio Silva
67
Em uma prova ou exame, puxe e massageie com vigor o lóbulo das
orelhas, que é a região do encéfalo. Melhora a memória e a concentra-
ção mental.

Pode-se também esfregar ambas as orelhas com as palmas das mãos.


É um excelente estimulador geral do corpo.

Evite usar muitos brincos ou piercings. Eles afetam os pontos e po-


dem causar desequilíbrios. Especialmente os piercings muito gros-
sos.

Os brincos são um caso interessante. Se sua orelha recusa bijuterias e


só quer ouro ou prata, existe uma boa razão. Dentro da Medicina Chi-
nesa o ouro é tonificador e a prata é sedativa. Então, o ponto localiza-
do no furo do brinco pode pedir prata para ser sedado (se estiver com
excesso de energia) ou ouro para ser tonificado (se estiver com carên-
cia de energia). Tal é o desequilíbrio causado pelo modesto furinho...

RESUMO

A Auriculoterapia é uma modalidade terapêutica muito antiga.


Ela se baseia na correspondência entre pontos nas orelhas com
partes do corpo ou órgãos internos
Analisando-se a estrutura da orelha, suas formas, cores,
escamações, pode-se perceber desequilíbrios energéticos no or-
ganismo
O tratamento é feito através da fixação de sementes, esferas ou
pequenas agulhas especiais na orelha por um determinado tem-
po. Existe também a Acupuntura Auricular, que utiliza agulhas
maiores e segue os parâmetros da Acupuntura Chinesa.
Massagens e manipulações na orelha podem estimular benefi-
camente todo o organismo
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
68

13
EMOÇÕES E SAÚDE

As emoções tem um papel fundamental na manutenção de nossa saú-


de. É de conhecimento popular que nosso estado de ânimo interfere
substancialmente na situação do nosso organismo. Crises emocionais
fortes conduzem a tremendas alterações fisiológicas que podem com-
prometer nossa saúde no mesmo momento ou posteriormente. Esta-
dos emocionais desregulados, quando mantidos nesta situação por
períodos prolongados de tempo, trazem danos incríveis. Este é um
dos motivos pelos quais o estresse da vida moderna é tão danoso,
pois se mantém constante por um período indefinido. Mas dedica-
mos um capítulo inteiro ao estresse e agora vamos falar um pouco
mais da influência das emoções na nossa saúde, principalmente do
ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa.

O que é emoção?
Precisamos antes de tudo definir “emoção” e diferenciá-la de “senti-
mento”.

Sentimento seria um estado afetivo brando, suave, que ocorre dia-


riamente e do qual nenhum de nós está a salvo. Ele se caracteriza
como o prazer, desprazer ou indiferença com relação ao que ocorre
ao nosso redor. O sentimento varia em função da interação social
humana, costumes e crenças.

Emoção é uma reação muito forte de prazer ou desprazer, gerando


uma reação física intensa. Embora possam possuir os mesmos nomes
dos sentimentos (ciúme, raiva, amor, etc…), são muito mais intensos
e simples em seu funcionamento, ocorrendo mais em um nível fisio-
lógico do que intelectual. Essa reação, por ser orgânica, se torna mui-
to pessoal. Duas pessoas com a mesma educação e formação podem
ter reações muito diversas quando submetidas a um mesmo fato. Isso
Gilberto Antônio Silva
69
explica a variedade de reações diferentes de pessoas diferentes e suas
consequentes patologias diversas, frente a uma mesma causa. Logo
tanto os problemas quanto as soluções devem ser altamente indivi-
dualizadas. Acrescentamos que os estados emocionais estão profun-
damente ligados às necessidades básicas do ser humano, principal-
mente a sobrevivência.

Influência Psicossomática
O termo “psicossomático” é muito comum hoje em dia. Ele significa
uma influência dos estados emocionais sobre o funcionamento do or-
ganismo, a correlação entre mente e corpo.

As condições psicossomáticas surgem porque as emoções desenca-


deiam reações instantâneas no Sistema Nervoso Autônomo, respon-
sável pela manutenção fisiológica de nosso corpo e que não é
influenciável pela nossa vontade consciente. Por isso as reações físi-
cas relacionadas com as emoções não podem ser contidas: elas ou são
canalizadas para fora em resposta ao fato ocorrido ou, no impedi-
mento disto, são absorvidas e acabam desequilibrando o sistema or-
gânico. É a constatação do termo popular “engolir um sapo”!

Quando as reações são por demais intensas, pode advir um


desequilíbrio duradouro, o chamado “trauma”. Depois de uma expe-
riência traumática ou choque emocional, a reação orgânica pode per-
durar por dias, meses ou mesmo por vários anos, principalmente quan-
do acontece alguma coisa semelhante ao que provocou a reação emo-
cional. Uma pessoa que quase se afogou pode ficar traumatizada com
a água e ter uma reação violenta se for obrigada a se aproximar dela.

Controle
As reações mais comuns hoje em dia, particularmente devido ao nos-
so modo de vida moderno, são a ansiedade e o estresse. Já falamos
sobre o assunto e explicamos inclusive como controlar o fluxo emoci-
onal através da respiração. Isto é muito importante, pois como as rea-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
70
ções orgânicas que respondem às emocionais não são controláveis,
temos que controlar a emoção antes que cause algum estrago. Uma
emoção forte é como uma bola de neve, que deve ser detida logo no
início, pois ela começa a crescer com o passar do tempo. Depois é
tarde demais.

As Emoções sob o Ponto de Vista da MTC


As emoções sempre formaram a parte principal dos tratamentos da
Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Já no principal livro de medici-
na chinesa, Huang Di Nei Jing (O Livro de Medicina Interna do Impe-
rador Amarelo) escrito por volta do século II a.C., existem grandes
referência aos problemas das emoções na saúde. No Capítulo 13 da
Parte I intitulado Yi Jing Bian Qi Lun - “Acerca da Terapia de Transfor-
mar a Mente e o Espírito”, podemos ver o Imperador Amarelo afirmar:

Disseram-me que nos tempos antigos, quando um médico trata-


va uma doença, ele apenas transformava a mente e o espírito do
paciente, a fim de extirpar a fonte da doença

Dessa forma, segundo o Imperador Amarelo, a fonte primordial das


doenças são os desequilíbrios da mente e do espírito. Na resposta de
Qibo, conselheiro do imperador, depois de enunciar o modo de vida
saudável dos ancestrais, que evitava doenças externas e não necessi-
tava da acupuntura e outras medicinas, ele finaliza:

Por isso, quando alguém contraía uma doença, não eram neces-
sários tanto os remédios para curar internamente quanto a
acupuntura para curar externamente, mas somente alteravam a
emoção e o espírito do paciente; só era necessário cortar a fonte
da doença.

A fonte principal dos males que afligem a Humanidade, portanto,


está no estado emocional e espiritual das pessoas. Isso é conhecido
dentro da Medicina Chinesa como Causas Internas das doenças. Es-
Gilberto Antônio Silva
71
tas são ativadas ou agravadas muitas vezes por Fatores Patológicos
Externos (Frio, Calor, Umidade, Secura, Vento).

Emoções e Órgãos
Para a Medicina Tradicional Chinesa, cada órgão “armazena” um de-
terminado conjunto de emoções, pelo fato de serem considerados Yin.
Por “órgão” não queremos dizer precisamente o órgão físico, de que
trata a medicina ocidental mas uma função energética deste órgão.
Assim, quando falamos em “coração”, estamos falando do sistema
energético vinculado ao coração físico. Só quando o sistema energético
fica comprometido é que a doença se apresenta no órgão físico. Por
isso a medicina oriental é predominantemente preventiva, pois trata-
mos as doenças no sistema energético, antes de se manifestar no cor-
po físico. Vamos demonstrar agora simplificadamente as emoções as-
sociadas aos principais órgãos, como referência.

Baço-Pâncreas (Pi, em chinês)


Sua emoção é Si, algo como melancolia, contemplação, meditação. Os
excessos mentais prejudicam o Baço-Pâncreas: pensar demais, estu-
dar demais, pensamentos obsessivos e preocupação.

Pulmão (Fei)
A emoção associada ao Pulmão é You, a angústia, melancolia, soli-
dão, mágoa ou tristeza. Essa última pode estar associada com defici-
ência de espírito (Shen), pois estagnam o Chi no tórax, enfraquecen-
do o Pulmão.

Rins (Shen)
Kong é a emoção dos Rins, equivalendo ao medo ligado à
autopreservação, à vontade ou desejo de viver. Pode corresponder
desde um medo passageiro até ao pavor e o terror, podendo provocar
uma perda temporária do controle de micção e evacuação, pois os
Rins governam os orifícios inferiores. Por isso se urina nas calças ou
se “borra” de medo.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
72
Fígado (Gan)
A raiva normalmente é associada ao Fígado, denominada Nu em chi-
nês, e manifesta-se geralmente de forma explosiva, em “ataques” de
raiva. Nervosismo, irritabilidade e raiva moderada mas contínua tam-
bém são geralmente relacionadas com problemas na energia do Fíga-
do

Coração (Xin)
A alegria ou felicidade (Xi) é a emoção atribuída ao Coração. Essas
emoções geralmente são advindas da superação de alguma dificulda-
de, atribulação ou obrigação. É a sensação de alívio, do “dever cum-
prido”. Essas emoções, entretanto, possuem muitas faces, podendo
aparecer também como excitação, riso, conversas e atividades sociais.
Excesso de alegria prejudica o Coração, dispersando seu Chi, da mes-
ma forma como choque e medo o contraem. Como o Coração é o res-
ponsável pela distribuição das emoções pelos outros órgãos, ele é afe-
tado por todos os problemas emocionais.

Quando sofremos algum impacto emocional o nosso sistema orgâni-


co responde, podendo trazer problemas de saúde. Da mesma forma
problemas em algum órgão podem ser causa de disfunções emocio-
nais. O bêbado agressivo pode ser explicado em parte pelo
desequilíbrio do Fígado causado pela bebida e que gera raiva e vio-
lência. Ao efetuar um diagnóstico energético dentro da Medicina
Chinesa temos que procurar as causas do problema e não apenas di-
minuir seus sintomas.

Muitos casos de enxaqueca na lateral da cabeça que eu cuidei esta-


vam relacionados à importantes tomadas de decisão na vida. Se estas
decisões não forem resolvidas, a enxaqueca se torna crônica. Portanto
o nosso modo de encarar as coisas, nossa “filosofia de vida”, é direta-
mente responsável por nossa saúde pois o jeito particular com que
olhamos tudo ao nosso redor molda nossas reações emocionais e, con-
seqüentemente, nossas reações orgânicas.
Gilberto Antônio Silva
73

RESUMO

As emoções tem um papel fundamental na manutenção de nos-


sa saúde. Seu controle pode melhorar estados de desequilíbrio e
prevenir problemas.
Emoção é uma reação muito forte de prazer ou desprazer, ge-
rando uma reação física intensa.
Todo impacto emocional resulta em uma reação orgânica cor-
respondente e vice-versa.
Na Medicina Tradicional Chinesa cada órgão tem relação com
um tipo de emoção. A Acupuntura e outros métodos terapêuticos
orientais sempre levam em conta o estado emocional do paciente.
Emoções e órgãos se relacionam segundo a MTC:
· Baço-Pâncreas - Sua emoção está relacionada com contempla-
ção, meditação, preocupação.
· Pulmão - Sua emoção está relacionada com angústia, melanco-
lia, solidão, mágoa ou tristeza.
· Rins - Sua emoção está relacionada com medo ligado à
autopreservação, à vontade ou desejo de viver, pavor e terror.
· Fígado - Sua emoção está relacionada com raiva explosiva, ner-
vosismo, irritabilidade e também raiva moderada mas contínua.
· Coração - Sua emoção está relacionada com alegria ou felicida-
de, excitação, riso, conversas e atividades sociais. Seu excesso
prejudica o Coração, que é responsável pela distribuição das emo-
ções pelos outros órgãos.
Aperfeiçoar nossa filosofia de vida é um importante fator na pre-
venção de doenças e na manutenção da saúde.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
74

14
RESPIRE E CONTROLE-SE

A capacidade de exercer um autocontrole emocional é um dos fatores


mais importantes na redução do estresse. Mas este autocontrole não é
apenas no sentido racional. Todos sabemos dos problemas ocasiona-
dos por explosões emocionais, que geralmente ocorrem nos momen-
tos mais equivocados. Porém apenas saber deste problema não é sufi-
ciente, pois a parte emocional não está totalmente sob controle cons-
ciente. Precisamos então de alguma ferramenta que nos permita dis-
sipar as energias que estão prestes a explodir, seja por causa de uma
prova, de uma agressão verbal, de um problema familiar. Sempre
podemos nos controlar.

Mas “controle” aqui não significa empurrar os problemas para debai-


xo do tapete. Emoções escondidas tendem a aflorar nos piores mo-
mentos. O que pretendemos é dissipar a carga emocional e recuperar
a razão para resolver a questão. E nossa ferramenta número um é a
respiração.

Esse é um dos mais eficientes meios para se controlar nossas emo-


ções. Já há milhares de anos que os orientais descobriram a ligação
entre as emoções e a respiração. Também aqui no Ocidente se apren-
deu muito sobre essa atividade vital. Um dos pioneiros em tentar re-
lacionar a respiração e as atividades mentais foi o Dr. Wilhelm Wundt
(1832-1920). O Dr. Wundt e seus associados da Universidade de
Leipizig, na Alemanha, concentraram todos os seus esforços nessa
relação. Após a Guerra do Vietnã, médicos especialistas dos Estados
Unidos também se entregaram a pesquisas nessa área, chegando a
resultados surpreendentes.

Foi constatada uma inter-relação entre o estado emocional e mental


com a amplitude do diafragma. O diafragma é um músculo existente
Gilberto Antônio Silva
75
em nosso tronco e que separa o abdô-
men do peito. Quando ele se move para
cima, pressiona nossos pulmões e ex-
piramos o ar, como se espremesse uma
esponja. Quando se move para baixo,
cria um efeito de sucção que nos faz ins-
pirar. Foi notado que a amplitude des-
se movimento varia conforme nossas
emoções: se elas forem agradáveis a
amplitude é maior do que nas situações
desagradáveis. Uma maior amplitude
significa uma respiração mais lenta e
profunda, caso contrário a respiração
é mais rápida e curta.

O oposto também foi notado. Se uma pessoa respirar de acordo com


determinado ritmo e pensar numa certa situação, ela irá experimen-
tar a emoção correspondente. O que se nota é que o controle respira-
tório é fundamental no controle emocional. E controlando suas emo-
ções você poderá reduzir o estresse e caminhar na direção de uma
vida mais tranqüila.

Quando estiver a ponto de “explodir”, se sentir muito estressado, ir-


ritado ou notar que por qualquer motivo sua respiração se acelerou,
procure respirar lenta e profundamente pelo nariz, algumas vezes,
que seu controle voltará.

Como você pode ver, tudo isso foi escrito para dar aquele velho con-
selho: conte até dez e respire fundo. Realmente funciona.

A respiração profunda libera no sangue uma substância chamada


“endorfina”. Essa substância afeta o córtex cerebral, ajudando a eli-
minar medos e pavores, mantendo o conforto físico e mental e regu-
lando vários órgãos.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
76
Preste muita atenção em seu ritmo respiratório, o que está dentro de
nossa filosofia de autoconhecimento. Respirações rápidas e
entrecortadas é sinal de que alguma coisa não está bem. Pessoas que
praticam meditação, Yoga, Chi Kung ou Tai Chi Chuan geralmente
respiram bem mais lentamente que uma pessoa normal, pois estas
artes possuem um enorme cabedal de exercícios de controle respira-
tório. Este é um dos ingredientes para uma vida longa, tranqüila e
com espírito sereno segundo o pensamento oriental.

RESUMO

Manter-se no perfeito auto-controle emocional é fundamental


para uma vida saudável e feliz
A melhor ferramenta para isto é o controle da respiração
Respiração longa e profunda indica tranqüilidade; respiração
curta e entrecortada indica abalo emocional (estresse, ansieda-
de, medos, fobias, pânico, agressividade)
Mantenha sua respiração controlada e controle também seu es-
tado emocional
Respiração lenta e profunda é um dos grandes segredos da sere-
nidade interior transmitidos pelo Yoga, Tai Chi Chuan, Chi Kung
e Meditação.
Gilberto Antônio Silva
77

15
CUIDADOS NA INTERAÇÃO
COM O AMBIENTE

Apesar do título rebuscado deste capítulo, seu objetivo é muito sim-


ples: chamar sua atenção para o meio ambiente. Estamos tão acostu-
mados a viver em nosso ambiente que continuamente o ignoramos.
Se do ponto de vista pessoal e individual isto pode ser ruim para nos-
sa saúde, do ponto de vista global é catastrófico! Já temos provas con-
cretas e oculares de que o efeito estufa e outros distúrbios afetam nos-
so planeta agora mesmo. E muito disso foi causado pela ignorância
que o ser humano mostrou no trato com seu ambiente.

Hoje já nos preocupamos mais com o planeta mas ainda vamos ter
que pagar para ver se os grandes governos e grandes companhias
vão fazer algo para minorar o problema, já que uma vez instalado
teremos repercussões por centenas de anos. Isto mesmo: o planeta
terá seu equilíbrio desregulado por centenas de anos, mesmo que
paremos imediatamente a emissão de gases do efeito estufa ou atitu-
des semelhantes. Quando o estrago já foi feito, consertar é sempre
bem mais difícil.

Isto acontece também com a Medicina Oriental, que como dissemos é


caracteristicamente preventiva. E enquanto nossos olhos se voltam
para o planeta como um todo, eles perdem de foco o ambiente ao
nosso redor. Esquecemos que vivemos em um sistema ainda equili-
brado, mas que precisamos manter a guarda levantada e muita aten-
ção para que nossa saúde não seja prejudicada. Depois, consertar é
sempre mais difícil.

O primeiro cuidado que devemos tomar é com o sol. Cerca de 20 mi-


nutos por dia são suficientes para a produção de vitaminas em nosso
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
78
organismo. Sempre se aconselha a
tomar cuidado com a exposição so-
lar prolongada no verão, blá, blá, blá.
Mas existem alguns detalhes em que
é bom prestar atenção.

Você dificilmente verá um chinês ou


japonês “bronzeado”. Os orientais
não costumam tomar banho de sol
porque a Medicina Oriental ensina que um excesso de exposição é
ruim para o organismo. Afinal foram os chineses que inventaram a
“sombrinha”, além do guarda-chuva...

Sabe por que a pele fica “bronzeada”? Ela tende a escurecer para po-
der filtrar os raios ultravioletas da luz solar. Como sabemos, os ultra-
violeta são um tipo de onda que causa inúmeros problemas em nos-
sas células. Por isso a pele escurece como proteção, para formar um
“filtro”. Já reparou como muitas pessoas descascam depois de fica-
rem moreninhas? É porque a pele simplesmente morreu devido à con-
centração de radiação ultravioleta!

Com os problemas na camada de ozônio, o Brasil começa a ser amea-


çado pelo aumento desta radiação. Isto significa que devemos tomar
muito mais cuidado com nossa saúde, mesmo em dias nublados. Como
a radiação danosa é ultravioleta, seus efeitos não dependem de estar-
mos em um dia ensolarado. Pelo contrário, em dias nublados as pes-
soas se descuidam e os danos são piores. Utilize sempre um protetor
solar e evite tomar muito sol desprotegido entre 10 e 16h, quando a
radiação ultravioleta está no auge. Veja que falamos em horário solar,
portanto se estiver no Horário de Verão faça os cálculos de ajuste.

Uma coisa que as pessoas ainda não tem muita consciência é sobre os
olhos. Eles são extremamente sensíveis aos ultravioletas, que podem
aumentar a chance de desenvolvermos catarata, pterígio, câncer de
Gilberto Antônio Silva
79
pele nas pálpebras e lesões na retina.
Procure usar sempre óculos de sol,
mas os de boa qualidade. Embora seja
muito difícil separar os bons dos ru-
ins, tome todos os cuidados e exija
uma garantia do comerciante. Ócu-
los escuros sem proteção UV tendem
a fazer as pupilas dilatarem, aumen-
tando as lesões provocadas pelos raios ultravioletas. Para usar óculos
sem-vergonha, é melhor ficar sem nada. Não se esqueça que os efei-
tos dos raios UV são cumulativos, ou seja, o pouquinho de hoje vai se
juntar ao pouquinho de ontem e ao da sua adolescência e ao da sua
infância...

A Medicina Chinesa também ensina que devemos ter cuidado com


vários outros fatores ambientais. O Livro de Medicina Interna do Im-
perador Amarelo, a “bíblia” da medicina chinesa, explica que no pas-
sado remoto os seres humanos eram muito simples, comiam quando
tinham fome, dormiam quando anoitecia, seguiam a Natureza e se
protegiam das intempéries, podendo viver por mais de cem anos com
saúde. As doenças eram causadas por problemas emocionais e podi-
am ser facilmente reguladas. Mas o ser humano começou a achar que
era senhor das coisas e passou a menosprezar as forças naturais, tra-
balhando demais, procurando o que fazer à noite, acreditando que
podia controlar o mundo e colocá-lo aos seus pés. O resultado foi que
se precisou criar a Acupuntura e outras práticas para poder debelar
as doenças que o ser humano desenvolveu por viver fora dos padrões
naturais. Estes desequilíbrios tiveram que ser compensados posteri-
ormente através de técnicas terapêuticas cada vez mais complexas.

Dentre os vários fatores ambientais que a medicina chinesa analisa,


vou falar apenas de dois que considero mais importantes e mais co-
muns: o vento e a umidade.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
80
O vento parece inofensivo, pelo menos em baixa velocidade. Mas ele
é uma gente invasor do sistema. Para a filosofia chinesa, todo fluxo
de ar (vento) é por conseqüência um fluxo de Chi (energia). De modo
que ser atingido por vento de diversas maneiras pode causar um
desequilíbrio energético que se traduzirá no que chamamos de “do-
ença”. Os efeitos causados pelo ataque de “vento” podem ser espas-
mos, tremores, convulsões, rigidez na nuca ou nos membros, por exem-
plo. A paralisia facial, relativamente comum, é atribuída pela sabedo-
ria popular a “golpes de ar”, juntamente com resfriados e outros pro-
blemas. Perfeitamente, “golpes de ar” ou “ataques de vento”. Evite
sair ao vento quando este estiver muito forte e principalmente evite
sentar-se ou trabalhar em correntes de ar. Mova sua cadeira ou feche
alguma porta ou janela para evitar isto. Proteja principalmente a nuca,
que possui pontos chamados de “porta dos ventos” pelos chineses.
Um amigo meu se livrou de torcicolos crônicos quando deixou seu
cabelo crescer até o ombro, o que protegeu sua nuca. O vento também
é um agente transmissor de outras complicações, principalmente umi-
dade e frio (a “friagem”).

A umidade é outro problema comum. Precisamos procurar nos man-


ter sempre secos para evitar este problema. Se tomar chuva, dê um
jeito de tirar as roupas molhadas imediatamente. Ficar com elas até
secarem no corpo pode acabar com sua saúde. Também evite de qual-
quer jeito os solos e pisos úmidos. Se tiver que trabalhar em um lugar
úmido, utilize calçados com solas grossas, de preferência de borra-
cha. Sintomas de “umidade”, pela Medicina Chinesa, se enquadram
geralmente em estagnação de energia (Chi), sensação de peso no cor-
po e principalmente nas pernas e muitas vezes se traduz em cansaço
generalizado. Evite tomar vento com o corpo ou cabelos molhados,
para que não se intensifique o problema. Procure secar os cabelos
assim que puder.
Gilberto Antônio Silva
81
Os efeitos causados por problemas ambientais muitas vezes demo-
ram para aparecer. Eles minam as defesas do organismo e ajudam a
acumular problemas. Quando os sintomas aparecerem, a coisa já es-
tará complicada. Previna e previna sempre.

RESUMO

A saúde deve ser mantida pela observação das forças da Natu-


reza e nosso respeito a elas.
Evite extremos e procure seguir o que seu corpo deseja. Abri-
gue-se bem e mantenha-se seco e quente.
Cuidado com os raios solares: use sempre protetor e óculos
escuros com proteção UV.
Vento pode ser extremamente danoso à saúde. Proteja-se ade-
quadamente.
Evite a qualquer custo a umidade, que deteriora as condições
do organismo.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
82

16
RELAXE E VIVA!

O título deste capítulo pode parecer estranho à primeira vista, mas


você verá que realmente faz sentido.

Uma pessoa tensa, dura, rígida, não vive realmente mas apenas so-
brevive. Os danos causados pela tensão muscular são enormes e po-
dem ser sentidos a qualquer momento através de um mau jeito, uma
cãibra, uma “fisgada” na perna. Também a tensão mental é extenuan-
te, minando a energia de nosso corpo com um trabalho inútil. Real-
mente, tanto a tensão física quanto a mental são apenas desperdícios
de energia, pois não servem a nenhum propósito definido.

O Tao Te Ching, antigo livro da sabedoria taoísta escrito há 2600 anos


na China por Lao-Tzu, afirma em seu capítulo 76:

O homem ao nascer é tenro e brando


Ao morrer é rígido e duro
A erva, a madeira e os dez mil seres ao brotarem
São como a suave penugem do ventre do pássaro
Ao morrer são secos e murchos
Por isso, os rígidos e duros são companheiros da morte
Os tenros e brandos são companheiros da vida

Relaxar e ser flexível é um sinônimo de estar vivo. O duro e o rígido


são conseqüências da morte. Para termos saúde é fundamental que
possamos relaxar. Mas muitos fatores conspiram para que isto seja
difícil de conseguir: problemas do dia a dia, ruídos altos e incessan-
tes, o tumulto e a agitação dos centros urbanos, dificuldade de enca-
rar os problemas corretamente.

Além das causas físicas mencionadas, talvez você tenha estranhado a


Gilberto Antônio Silva
83
última sentença: dificuldade de encarar os problemas corretamente.
Este é um dos grandes fatores de tensão que temos em nossa vida. O
ser humano é o único animal que gosta de sofrer prematuramente,
por antecipação. Estamos no início do mês e ele já se preocupa com as
contas do mês que vem. O chefe o chamou? Ele sofre em antecipação,
por tudo que acha que vai acontecer. O que na maioria das vezes não
acontece e todo o sofrimento foi apenas desperdício de energia.

Preocupe-se em como atravessar a ponte apenas quando chegar até


ela. Este é um dos fatores principais. Outro ensinamento importante
seria se preocupar apenas com o que pode ser resolvido. Deixar a
vida acontecer e não querer controlar tudo e todos, pois isto é impos-
sível. É o caso da morte de uma pessoa querida, que tanto abala as
pessoas. Nada pode ser feito, apenas continuar tocando a vida. Saber
encarar este tipo de coisa é poder viver com saúde mesmo durante os
piores tormentos e temporais de nossa vida.

Existe um conceito dentro da filosofia taoísta denominado Wuwei, a


não-ação. Através dela aprendemos a deixar as coisas prosseguirem
naturalmente, sem no entanto nos acovardarmos. Basta seguir o flu-
xo dos acontecimentos, seguir com a correnteza. Este conceito foi in-
terpretado de várias maneiras equivocadas por pensadores ociden-
tais. Achou-se que os chineses gostavam de uma filosofia do tipo de
laissez-faire, de indolência, ou mesmo de fatalismo, tendo que aceitar
tudo como é. A verdade é que a maioria das coisas que nos aconte-
cem estão realmente fora de nosso controle. Nós mais reagimos do
que agimos, propriamente. Isto é condizente com o Wuwei, em acei-
tar o que acontecer embora tenhamos tomado todas as precauções.

Não é porque um fato ruim ocorreu que deixamos de nos prevenir. Se


uma casa está desabando, sair dela é a ação correta embora tenhamos
de aceitar o seu desabamento. Assim, aceitamos o que não pode ser
mudado e agimos em direção ao que pode ser feito. Seguimos o fluxo
dos acontecimentos. Persistir em permanecer na casa traria
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
84
consequências desastrosas e seria contra o fluxo da Natureza. O in-
vestidor em ações toma todas as suas providências mas segue o fluxo
dos negócios, vendendo quando as ações estão em alta e comprando
quando estão em baixa. O Wuwei nos mostra que, ao aceitar o inevi-
tável e conduzir nossa vida para o admissível, estamos agindo sabia-
mente e diminuindo a tensão emocional de nossas vidas. Lutar contra
a correnteza é perda de tempo e energia. Daí artes marciais suaves
como o Tai Chi Chuan e o Aikidô serem terríveis em combate, pois se
utilizam de muita pouca força para conseguir grandes resultados.

Na administração de uma empresa, saber conduzir as situações por


um caminho mais natural reduz os problemas e leva a resultados ex-
cepcionais. Isto pode ser feito em qualquer assunto. Vejam a história
real a seguir.

Dois americanos foram fazer um retiro espiritual em um templo Zen


no Japão. Depois do almoço os monges foram até um morro retirar
enormes pedras para poderem criar uma nova horta. Os dois ameri-
canos pegaram a primeira pedra, enorme, e tentaram arrastá-la para
fora. Ficaram um tempão tentando levá-la até onde achavam que se-
ria adequado. Nisto o Mestre foi até eles e perguntou qual o proble-
ma que estavam enfrentando, pois todos os outros monges já tinham
terminado a tarefa! Eles responderam, incrédulos, que não consegui-
am mover a grande pedra, ao que o Mestre perguntou: “vocês sabem
em que direção ela quer ir?”. Então, para espanto deles, ele observou
a inclinação natural da pedra e a deslocou com um pequeno empur-
rão. Depois verificou novamente para onde ela tendia e novamente a
deslocou. Fez isto até tirá-la completamente do morro. Ao invés de
tentar levar a pedra para onde ele queria, ele analisou para
onde a pedra tendia a ir e a ajudou. Isto é Wuwei.

O riso também é um instrumento valiosíssimo para que-


brar as tensões. Muitos médicos tem utilizado comédias
para aliviar problemas de seus pacientes. Rir desestressa e
Gilberto Antônio Silva
85
traz uma sensação de satisfação dificilmente obtida por outros méto-
dos. Pessoas alegres e otimistas vivem mais e melhor. Não se pode
encontrar muitos sábios carrancudos. Bom humor é uma marca ca-
racterística deles!

RESUMO

Relaxar é poder viver de verdade.


No estresse das grandes cidades, aprender a relaxar é ques-
tão de sobrevivência.
Aplique o Wuwei em sua vida: preocupe-se apenas com o
que pode ser mudado no momento, e tenha mais saúde.
Procure ouvir músicas orquestradas ou clássicas, que ten-
dem a induzir um padrão mental mais calmo e a relaxar o
corpo.
Quando estiver muito tenso fisicamente, tente o seguinte:
fique em pé e tensione cada músculo do corpo, mantendo
esta tensão por alguns segundos. Em seguida solte tudo e
relaxe. Faça isto por duas ou três vezes e ficará mais relaxa-
do. Isto segue o princípio oriental do Yin/Yang: um excesso
deYang gera o Yin.
Tente também este outro exercício: inspirar pelo nariz, lenta
e profundamente, prender a respiração por dois segundos e
expirar pela boca, lenta e suavemente. Faça isto por 10 vezes
e notará que a duração de cada respiração se tornará gradu-
almente maior, mostrando o relaxamento.
Tente seguir as orientações do capítulo sobre estresse, como
ter um hobby, por exemplo.
Procure viver com bom humor. Assista filmes de comédia e
fique longe de gente rabugenta e ranzinza.
Faça atividades físicas pouco estressantes com regularida-
de, como caminhada, tai chi chuan, yoga, dança.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
86

17
MITOS DO EXERCÍCIO

É público e notório que fazer exercícios é bom para a saúde. Na ver-


dade, nosso corpo foi feito para o movimento e não para o repouso.
Como diz o Taoísmo chinês, “o flexível e o móvel é vida, o rígido e o
parado é morte”. Isto sintetiza brilhantemente tudo o que precisamos
saber sobre exercício físico.

Quando falamos sobre alimentação mencionamos os dogmas que an-


dam rondando por aí. No quesito “exercício” vemos outros dogmas
problemáticos circulando sobre nossas cabeças como abutres esfome-
ados. Vamos ver alguns destes espectros.

O primeiro fantasma a nos livrarmos é do pejorativo termo “sedentá-


rio”. O que é um indivíduo sedentário? Segundo a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS), órgão da ONU dedicado à saúde, o sedentário é
todo indivíduo que não se exercita pelo menos 30 minutos por dia.
Exercício moderado, ainda por cima. E mais: estudos demonstram
que fazer três sessões diárias de 10 minutos tem quase tantos benefí-
cios quanto 30 minutos direto. Ora, você conhece alguém que não se
“exercite” pelo menos 10 minutos três vezes ao dia? Um executivo
que caminhe 15 minutos até o restaurante para almoçar faz 30 minu-
tos de caminhada leve diária (ida e volta). Logo, não pode ser consi-
derado sedentário.

Este tipo de classificação dogmática engana muito. Vi um programa


jornalístico de televisão que fez a seguinte experiência: colocou um
pedômetro (aparelho que marca quantos passos e qual quilometra-
gem você andou) em um carteiro e outro em uma funcionária do Cor-
reio que atendia no balcão. No final do dia o carteiro tinha andado
cerca de 10 Km e, pasme, a moça do escritório tinha andado 8 Km!
Claro que a reportagem enalteceu o exercício do carteiro e diminuiu o
Gilberto Antônio Silva
87
exercício da balconista (lembra-se dos dogmas?). Mas o que nos mos-
tra esta experiência é que a balconista, que tecnicamente poderíamos
classificar como “sedentária” segundo os padrões corriqueiros, an-
dou 8 Km em um único dia de trabalho. Isto sem contar o senta-le-
vanta da cadeira, carregar pacotes pesados, abaixar-se para pegar coi-
sas no chão, etc... Será que ela precisa freqüentar uma academia?

Vimos então que é muito fácil deixar a classe dos “sedentários”. Uma
dona de casa que limpe sua residência está fazendo exercício sufici-
ente. Se dividir a limpeza em três etapas intercaladas durante a sema-
na fará todo o exercício que precisa. Neste momento em que escrevo
este texto minha esposa está “malhando” aqui em casa...

Muito se fala sobre esportes e a saúde que eles provocam. Isto é uma
meia-verdade. Esporte enquanto diversão e atividade física recreati-
va é extremamente saudável. Quando ele fica competitivo começam
os problemas. Competições significam treinamentos consistentes, com
fins e metas estabelecidas, significa ficar sempre próximo aos seus
limites ou ultrapassá-los e, claro, se tornar melhor do que os outros
competidores. Isto é um esporte: lutar para ser o melhor. O resultado
são lesões, estresse, ansiedade e frustração quando por alguma even-
tualidade não se alcançam as metas.

Me lembro de uma tirinha em quadrinhos de Calvin, que retrata uma


criança com muita imaginação e seu amigo fictício representado por
um tigre de brinquedo. Calvin estava brincando com os irrigadores
do gramado, pulando, correndo, se abaixando. Seu pai passou por ali
e disse algo como “continue assim e você ficará em forma”. O garoto
parou imediatamente com a brincadeira porque tinha perdido a gra-
ça. Tinha virado treino, obrigação.

Esporte só é saudável enquanto for uma diversão e não uma obriga-


ção. Colocar crianças em idade muito tenra para praticar esportes com-
petitivos e sobrecarregá-las com atividade física é criminoso. As cri-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
88
anças fazem suas atividades físicas através de jogos e brincadeiras,
naturalmente. Muitos tipos de esporte estressam a criança e acabam
por provocar lesões, pois suas articulações não estão maduras para
um esforço tão grande. Meus pais eram ambos professores de Educa-
ção Física e eu soube por eles de muitos casos de crianças lesionadas
porque determinados técnicos de clubes exigiam demais delas. Tudo
para vencer. Mas ganha-se o quê? Um troféu de plástico? Um título
que na próxima competição será de outra pessoa?

Outra história é que o “condicionamento cardiovascular” que os exer-


cícios mais intensos proporcionam o protegerá de problemas cardía-
cos. Ainda estou para ser convencido disto. Vemos mais
freqüentemente do que gostaríamos atletas de vários esportes, com
treinamentos sofisticados e acompanhamentos médicos precisos, te-
rem problemas no coração ou simplesmente caírem duros. Também
vemos cardiologistas afirmarem que é difícil fazer algum tipo de pre-
visão específica sobre a possibilidade de ocorrência de problemas car-
díacos. Lembre-se que a ciência trabalha com modelos estatísticos.

Outro dogma é o de que basta fazer muito exercício e controlar a ali-


mentação que se emagrece automaticamente. Ora, nada nos seres hu-
manos ocorre automaticamente. Existem muitos fatores que podem
interferir nisto, pois como já repetimos até a exaustão, cada um de
nós é um ser único. Além disto, a pessoa obesa tem inúmeros proble-
mas emocionais que dificultam a execução dos exercícios. A socieda-
de é implacável com os gordos, logo é muito difícil se expor publica-
mente para se exercitar. Andar com malhas justas, então, nem pensar.
Outro problema é que as pessoas obesas sofrem com a baixa auto-
estima e problemas emocionais como a depressão, o que faz com que
larguem o exercício rapidamente no primeiro obstáculo. Este é um
problema que deve ter uma solução global e não uma fórmula mági-
ca como “menos consumo de calorias e mais queima”. Esta relação
pode ser importante, mas não é decisiva.
Gilberto Antônio Silva
89
Em 2000 um grupo de estudo da Escola de Saúde Pública da Univer-
sidade Johns Hopkins, nos EUA, fez uma pesquisa com 1704 estu-
dantes de escolas americanas. Um grupo de crianças fez uma dieta
especial, teve mais atividade física e aulas sobre vida saudável (se-
gundo a ótica científica moderna). O resultado, depois de três anos de
estudos: nada. Elas não demonstraram menor índice de gordura cor-
poral que o outro grupo, que viveu normalmente.

Um dos dogmas relativos à obesidade, exercícios físicos e problemas


cardíacos está relacionado com as referências. Teoricamente, para
muitos, uma pessoa acima do peso tem maiores possibilidades de ter
problemas cardíacos. Mas a coisa não é bem assim. Estudos demons-
tram que é muito difícil fechar o cerco em cima desta afirmação. Mas
afinal o que é uma pessoa acima do peso? Qual o peso “certo” para
cada um? Para isso muitas escalas de referência foram criadas.

No meu tempo de treinamento intenso, quando fazia musculação nos


anos 1980, a tabelinha de “peso x altura” reinava soberana. Se você
tivesse uma diferença maior do que dois quilos para mais ou para
menos que sua altura, você era magro demais ou gordo demais. Por
exemplo, para uma pessoa com 1,80 cm seu peso adequado estaria
entre 78 e 82 Kg. Era ridículo, mas na época era “cientificamente cor-
reto”.

Aí nos anos 1990 passou-se a usar o Índice de Massa Corporal (IMC),


que é uma fórmula cabalística onde dividimos o peso pela altura ao
quadrado. Bem mais esotérico, não? Recentemente colocou-se em dú-
vida a precisão do método e resolveu-se... medir a barriga! Isto mes-
mo, agora o “científico” é calcular o IMC e checar o perímetro da
cintura, pois a gordura abdominal é a mais “perigosa”. Vejam que
este tipo de coisa foi proposta por cientistas e pesquisadores, por isso
foi aceita como válida. Se fosse um chinês do século III a.C. que tives-
se dito que os perigos da gordura podem ser relacionados com o diâ-
metro da cintura, seria motivo de piadas...
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
90
Bem, você deve estar pensando que estou fazendo apologia à gordu-
ra, hein? Nada disto. Apenas defendo uma análise pessoal e específi-
ca da pessoa, seus traços genéticos, hábitos familiares, estado emoci-
onal, estado físico e filosofia de vida. Aí podemos dizer em que pé
está o estado de saúde desta pessoa e o que ela deve fazer para ficar
mais saudável. Sem regras, esquemas, referências ou receitas genéri-
cas.

Outro dogma interessante é o da corrida, muito divulgado nos anos


1970 pelo Dr. Kenneth Cooper. Aliás, um mal-entendido comum são
as pessoas que acham que “fazer cooper” é sair correndo. O método
dele é sofisticado, com vários tipos de atividades. Correr, especifica-
mente, é desgastante e pode ser perigoso. Para correr é preciso ter o
local adequado, o calçado adequado e o piso adequado, além de to-
mar uma série de cuidados específicos como alongamento, hidratação,
etc... Sempre é melhor caminhar.

Uma pessoa que corre nos canteiros centrais ou calçadas de grandes


avenidas, muito comum nas grandes cidades, está se envenenando
literalmente. A concentração de monóxido de carbono nestes locais é
muito grande. Este gás, resultado da queima do combustível pelos
veículos, tem grande afinidade com a hemoglobina do sangue e toma
o lugar do oxigênio, envenenando as células. Como num esforço con-
centrado os brônquios pulmonares estão mais dilatados, a quantida-
de de monóxido de carbono absorvida é muito maior que o normal
Segundo a CETESB, órgão público que monitora a poluição em São
Paulo, é mais saudável correr na esteira, dentro de casa ou na acade-
mia, do que ao ar livre. O interior dos prédios é menos poluído. Ape-
nas um dado extra: um dos lugares mais poluídos de São Paulo é o
Parque do Ibirapuera.

Então o que fazer? Como podemos nos movimentar de forma saudável


e natural e fazer o necessário para nós, como pessoas únicas, de modo
integral? A medicina oriental tem as respostas, no próximo capítulo.
Gilberto Antônio Silva
91

RESUMO

Exercícios fazem bem à saúde. (Você não sabia disto, sabia?)


Para deixar de ser sedentário você precisa de 30 minutos diári-
os de atividade física leve ou moderada.
É difícil relacionar quantidade de atividade física com menos
problemas cardíacos
Esportes só são saudáveis enquanto são meros divertimentos.
Dançar ou limpar a casa podem ter os mesmos benefícios de se
malhar em academia.
Correr em grandes avenidas é danoso à saúde. Prefira correr
em ambientes fechados.
Caminhar ainda é a melhor alternativa.
Referências de obesidade são apenas isto: referências. Nada de
leis universais.
Perder muito peso é uma tarefa complexa e que envolve uma
análise global da pessoa, corpo-mente-espírito-energia.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
92

18
Movimentando-se

Muito bem. Já vimos algumas idéias estranhas ou enganosas sobre


condição física e saúde. Mas então como a Medicina Oriental encara
isto?

Como mostramos anteriormente, a filosofia chinesa relaciona movi-


mento com vida, logo para podermos viver saudáveis temos que nos
mover. O que não implica em ficar malhando duas horas por dia, seis
dias por semana, em uma academia. A compreensão oriental sobre
isto é diferente.

Em primeiríssimo lugar o importante é a flexibilidade. A Medicina


Chinesa preconiza que com o passar do tempo nossas articulações se
endurecem e os tendões ficam rígidos, vindo daí a decrepitude e a
velhice. Manter os tendões ativos e firmes e o corpo flexível e forte
mantêm a saúde até idade avançada. Os chineses antigos diziam que
para ser saudável e longevo é preciso “esticar o pescoço como um
pássaro”, já que as vértebras cervicais são as primeiras a ficarem “en-
ferrujadas”.

Mas antes temos que fazer um “diagnóstico” de nossa situação. Me-


dir a flexibilidade, simplesmente, não adianta muito porque seu grau
varia de pessoa para pessoa, geneticamente. O peso também não é
um fator muito confiável. Por isso eu desenvolvi um método único
para avaliação da condição física, o “Método Silva de Análise Física”.
Patenteado.

Para saber como você está siga estes passos:


1- Sente-se no chão. Pode ser em um tapete ou colchonete de ginásti-
ca bem fino.
Gilberto Antônio Silva
93
2- Agora deite-se completamente.
3- Relaxe todos os músculos e feche os olhos. Se necessário utilize as
dicas do capítulo sobre relaxamento.
4- Fique assim, deitado e completamente relaxado, por uns dois mi-
nutos.
5- Agora, lentamente, levante-se do chão. SEM APOIO NENHUM.

Muito bem. O grau de dificuldade que você terá lhe dirá exatamente
a sua condição física. Precisou usar ambas as mãos? Teve que se apoi-
ar em um móvel? Chamou pela ajuda de vizinhos? Dos bombeiros?
Ou ainda não se levantou?

Tudo isto vai indicar o seu estado geral. Seja honesto e sincero em sua
avaliação, pois você não pode enganar a si mesmo. Procure sentir seu
peso e sua condição. Se as suas articulações funcionaram bem ou fica-
ram sobrecarregadas, se foi relativamente fácil mas demorado ou se
foi rápido mas exigiu uma grande dose de esforço. Tudo isto são fato-
res que indicam seu estado físico, o estado de suas articulações, sua
flexibilidade e seu peso. Se ao tentar se levantar você se sentiu um
hipopótamo manco, está na hora de perder alguns quilos e fazer al-
guns exercícios...

Agora que você já sabe o tamanho de sua desgraça, o que podemos


fazer? Para nossa sorte a cultura oriental, está cheia de opções.

Você pode praticar uma atividade integral


como o Yoga. Ele possui alongamentos,
posturas estacionárias, relaxamento, exer-
cícios respiratórios, meditação. È extrema-
mente completo e pode ser feito por pes-
soas de todas as idades, embora algumas
linhagens não admitam isto. Encontre a es-
cola na qual se sinta mais à vontade.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
94
Se sua escolha for o Tai Chi Chuan, muito bem. Os benefícios desta
prática chinesa são comprovados todos os dias. Você faz relaxamen-
tos, exercícios respiratórios, concentração mental, manipulação de
energia (Chi) e desenvolvimento físico de uma só vez. Sua prática
melhora o sistema nervoso, digestão, sistema respiratório, ossos, arti-
culações e músculos. Relaxa o corpo todo e aperfeiçoa nossa filosofia
de vida. Melhora o quadro emocional, equilibrando o praticante como
um todo. Muitas pessoas tem a idéia equivocada de que o Tai Chi
Chuan é muito fraco, lento, e por isso não tem valor como atividade
física, talvez no máximo um relaxamento físico e mental. Errado. A
prática do Tai Chi Chuan é extenuante, principalmente no início. Fa-
zer movimentos com lentidão extrema exige precisão, controle mus-
cular e concentração muito superiores aos movimentos rápidos. Este
é um dos segredos da arte. Procure um professor que tenha uma idéia
da filosofia taoísta e da marcialidade da arte, que na verdade foi cria-
da para combate. Sem estas noções o treino se torna um tipo de dança
coreografada com menos benefícios. Tai Chi Chuan é antes da mais
nada, arte marcial e filosofia!

Além disto os chineses desenvolveram uma enorme gama de exercí-


cios especialmente designados para combater algumas enfermidades
ou manter a saúde em um patamar ótimo. O Liangong é um destes
exercícios. Desenvolvido em 1974 pelo Dr. Zhuang Yuen Ming, um
fisioterapeuta chinês, possui exercícios específicos para cada tipo de
problema de saúde que pode ocorrer ou que já está em progresso. É
uma técnica muito completa e fácil de seguir por pessoas de todas as
idades e já está bem difundida no Brasil.

Outras técnicas são o Yi Jin Jing, “Transformação de Músculos e Ten-


dões”, elaborado pelo monge Ta Mo no século V, e o Ba Duan Jing,
“Oito Peças de Brocado”, elaborado pelo general Yue Fei na Dinastia
Song (1117-1279).

Procure livros de referência ou centros de cultura chinesa para desen-


volver estas técnicas. Sua saúde irá agradecer.
Gilberto Antônio Silva
95
Qualquer atividade física interessante e di-
vertida, ainda que moderada, pode ser uti-
lizada para melhorar sua saúde: caminha-
da, dança, subir escadas ao invés de tomar
o elevador (não é divertido, mas é saudá-
vel), atividades circenses, jogos como o tê-
nis, tênis de mesa e peteca, natação, pólo
aquático, e “peladas” de futebol regulares. Qualquer destas ativida-
des, feitas sem compromisso competitivo ou obsessão, são muito sau-
dáveis.

RESUMO

Utilize qualquer tipo de exercício moderado para se manter


em forma, principalmente se for divertido. A vida é muito
curta.
Verifique sua condição física pelo “Método Silva de Análise
Física” (Patenteado).
Busque práticas orientais como alternativa, como Yôga, Tai
Chi Chuan, Chi Kung, Liangong, exercícios chineses. Eles são
suaves e extremamente completos.
Ao procurar uma atividade física, prefira as que promovem a
flexibilidade e o relaxamento.
Só faça práticas físicas em um ambiente no qual se sinta bem,
independente dos méritos do professor, da fama do local ou
da técnica apresentada. Sinta o ambiente e só então decida.
Outras práticas como natação e dança podem ser úteis. Prati-
que aquilo que lhe fizer sentir-se bem com você mesmo e com
o Universo. Sem compromissos a mais.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
96

19
A Energia da Vida

Os antigos indianos e chineses perceberam a existência de uma ener-


gia que permeia todo o Universo e que foi denominada de Prana ou
Chi, respectivamente. Vários outros povos tiveram esta consciência
energética, sendo que os japoneses a chamaram de Ki, os gregos de
Pneuma, os egípcios de Ankh, os hebreus de Ruah. Essa energia foi
percebida também no corpo humano originando a Medicina Oriental
como forma de regularizar e harmonizar o fluxo dessa energia. Sem
energia, o ser morre.

Na China se conhece essa energia e seus efeitos há muitos milênios.


Uma das mais antigas referências a essa manipulação energética vem
novamente do Huang Di Nei Jing, Essa obra relata diálogos entre o
célebre Imperador Amarelo e seus conselheiros sobre métodos para
se manter a saúde e prolongar a vida. Estas técnicas, em sua maioria,
se baseavam na manipulação da energia universal: o Chi.

Os indianos também possuem um


sistema terapêutico extremamente
avançado que se baseia no Prana.
Mas a tônica indiana recai sobre os
chakras, sistemas de captação e dis-
tribuição de energia no corpo. Os
sete principais se localizam sobre a
linha central do corpo, com conexões
na medula espinhal e glândulas
endócrinas. “Chakra” significa
“roda” pois estes mecanismos se
apresentam à visão clarividente
como rodas energéticas que giram
continuamente. Inclusive admite-se
Gilberto Antônio Silva
97
que a velocidade deste girar influencia nossa saúde e longevidade,
mas isto é outra história. Eles também perceberam que o Prana circu-
lava pelo corpo através de canais denominados “nádis”. Os indianos
mapearam 10.000 nádis no corpo humano...

Para os chineses essa energia também circula em trajetos específicos


denominados pelo ocidentais como
“meridianos” (em chinês é “Jing Luo”,
algo como “canais e colaterais”). Em al-
guns locais esses meridianos se acham
mais acessíveis, originando áreas mais fá-
ceis de serem usadas para influenciar o sis-
tema energético humano. Essas áreas são
os conhecidos “pontos de acupuntura”
onde se introduz agulhas na técnica da
acupuntura. Esses pontos servem como
verdadeiras “janelas” para o sistema
energético humano, podendo ser usadas
para equilibrar o sistema da pessoa. Atra-
vés deles se pode influenciar o fluxo de Chi
de todo o corpo, restaurando a harmonia.
Existem 14 meridianos principais e diver-
sos outros secundários, com um total de mais de 1.000 pontos de
acupuntura.

É importante frisar que tanto os chineses quanto os indianos reconhe-


cem ambos os sistemas, os meridianos e os chakras, mas as suas técni-
cas terapêuticas adotaram uma ou outra abordagem como
direcionamento, mais por motivos culturais do que por qualquer tipo
de desconhecimento. Eu utilizo as duas abordagens em minhas práti-
cas e ambas produzem resultados excelentes.

Esta energia pode ser desenvolvida através de exercícios que existem


em diversas culturas. Na Índia podemos vê-los no Pránáyáma do Yôga
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
98
e na China nos exercícios de Chi Kung (ou Qigong). A principal se-
melhança entre estes dois sistemas está nos exercícios respiratórios,
pois o ar que inspiramos é uma de nossas principais fontes de Chi e a
que pode ser controlada mais facilmente. Vamos abordar alguns tó-
picos sobre o Chi Kung.

Qualquer pessoa pode utilizar a técnica do Chi Kung para melhorar


sua saúde e se recuperar de doenças. São exercícios muito indicados
para pessoas sedentárias ou preguiçosas, que necessitem de um
“empurrãozinho” energético em suas vidas. Os exercícios são muito
fáceis de se fazer e melhoram consideravelmente a saúde das pesso-
as. Através de movimentos suaves com o corpo e os braços e o contro-
le da respiração, pode-se aumentar a energia absorvida pelo organis-
mo e ajudá-lo a se harmonizar.

Pessoas de todas as idades podem fazer o Chi Kung, inclusive as ido-


sas que muito se beneficiarão destes exercícios. À seguir mostro um
deles, que apesar de básico pode promover um grande bem-estar.

1. Em pé, relaxado, com os pés afastados na largura dos ombros, flexione as


pernas.
2. Relaxe os braços, flexione levemente
os cotovelos e coloque as mãos na altu-
ra da cintura.
3. Inspire lentamente, levantando os bra-
ços. Erga os dois juntos, no mesmo tem-
po da respiração. Mantenha-os relaxa-
dos.
4. Levante as mãos até a altura dos om-
bros. Não ultrapasse esta altura!
5. Solte o ar lentamente, abaixando os
braços no mesmo ritmo até a cintura.
6. Repita mais 4 vezes, totalizando 5 se-
qüências.
Gilberto Antônio Silva
99
Este exercício é muito bom para energização geral, principalmente se
feito de manhã cedo. Utilize-o sempre que se sentir muito cansado ou
indisposto.

RESUMO

A vida depende da energia universal.


Esta energia, que a ciência ainda não reconhece, é a base da
Medicina Oriental. Todas as suas técnicas são baseadas na ma-
nipulação desta energia com vista à sua harmonização.
Os indianos desenvolveram seu sistema terapêutico com base
nos Chakras e Nádis.
Os sete chakras principais se localizam na linha central do cor-
po e distribuem a energia pelo organismo, além de outras fun-
ções.
Os chineses desenvolveram seus sistema terapêutico sobre o
fluxo da energia nos trajetos conhecidos como Meridianos.
Agulhas inseridas em pontos específicos deste sistema alteram
o fluxo desta energia e é a base da Acupuntura.
A energia universal pode ser desenvolvida por qualquer pes-
soa através de exercícios simples e fáceis de fazer.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
100

20
Práticas Orientais

A maioria das práticas orientais se baseia na manipulação de energia.


Vamos mostrar algo sobre algumas práticas dentro da cultura taoísta
chinesa, que serão muito interessantes para a sua saúde e de sua fa-
mília. Alguns exercícios e massagens podem parecer estranhos ou
exóticos, mas são bastante efetivos. Claro que não dá para se ensinar
a movimentação exata apenas por figuras, mas dá para se ter uma
boa idéia e conseguir fazer em casa.

Unhas
Descobri certa vez um velho texto taoísta que recomendava que se
cortassem as unhas apenas às sextas-feiras para elas crescerem fortes.
Experimentei e posso garantir que funciona. Mostrei minhas unhas
para uma manicure e ela ficou admirada, dizendo que eram as cha-
madas “unhas de porcelana”. Não sei o porquê disto funcionar, mas
com certeza funciona.

Pentear os Cabelos para Trás


Manter os dedos das mãos entreabertos, pen-
teando os cabelos em direção à nuca, com a
ponta dos dedos, de forma suave. Fazer 36
repetições. (Esta prática pode melhorar a irri-
gação sangüínea na cabeça e no couro cabe-
ludo, dando mais brilho aos cabelos. Tem efei-
to terapêutico contra dor de cabeça e ajuda a
tonificar o cérebro)
Gilberto Antônio Silva
101
Abrir a Porta Celestial
Com os dedos indicador e médio unidos,
esfregar a testa para cima, da região do
“terceiro olho” entre as sobrancelhas (pon-
to Yin Tang), até o começo dos cabelos. Al-
ternar as mãos.

Empurrar o Palácio Kan


Com os dedos indicador e médio unidos, es-
fregar a sobrancelha da região do “terceiro
olho” (ponto Yin Tang) entre as sobrancelhas,
até a têmpora (ponto Tai Yang). Fazer doze
vezes, direita e esquerda simultaneamente.

Girar os Olhos
Esquentar as mãos e colocá-las sobre os olhos
fechados. Virar os olhos para cima e para bai-
xo, por 12 vezes. Em seguida, virar para esquer-
da e direita mais 12 vezes. Terminar, girando
os olhos 12 vezes no sentido horário e outras 12
vezes no sentido anti-horário.

Nariz
Esfregar as laterais do nariz para cima e para
baixo, incluindo a região entre as sobrance-
lhas (Ponto Min Tan), entre os olhos (Ponto
Shan Ken) e as regiões laterais das narinas
(Ponto Yin Shan – IG20), com os dedos mé-
dio e indicador unidos. Fazer 12 repetições.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
102

Ao Tomar Banho
Esfregue com o calcanhar algumas vezes o outro pé, na região entre a
parte de trás do “ossinho” do tornozelo e o Tendão Calcâneo (ex-
Tendão de Aquiles). Existem vários pontos de acupuntura nesta re-
gião ligados ao Meridiano do Rim, que melhorarão seu estado
energético.

Massagem na cabeça
Feche as mãos em forma de punho, bem relaxados para deixar um
buraco em seu interior. Relaxe o pulso e bata repetidamente por toda
a região da cabeça com os punhos (no lado das pontas dos dedos).
Comece da frente e vá até a nuca, passando pelas laterais. Repita al-
gumas vezes, suavemente. É um exercício utilizado no Aikidô japo-
nês.

Banhos
Evitar banhos muito quentes ou muito gelados. Quando fizer muito
exercício físico, principalmente se forem exercícios de energia como o
Chi Kung ou Tai Chi Chuan, espere um pouco antes de tomar banho.
O corpo estará muito aquecido e pode ter um choque térmico com a
água gelada. Por outro lado, para a Medicina Chinesa, quando nos
exercitamos muito os poros se abrem para a passagem da energia Yang
irradiada e o banho (tanto frio quanto quente) pode fazer uma ener-
gia perversa penetrar no organismo por esta abertura. O resultado
pode ser desequilíbrio energético e doenças.
Gilberto Antônio Silva
103

RESUMO

Gostaria de passar aqui 7 Regras Taoístas para a Longevidade,


segundo um autor anônimo:

1- Falar pouco, para fortalecer internamente a energia;


2- Controlar o instinto sexual para economizar energia;
3- Comer pouco, para absorver o Chi mas não sobrecarregar
o organismo;
4- Passar a língua pelos dentes e depois engolir a saliva (a
saliva é considerado como uma substância energética muito
especial pelos alquimistas taoístas);
5- Evitar a ira e a raiva, para não enfraquecer o fígado (órgão
associado à raiva);
6- Saber comer somente o que não nos faz mal;
7- Cultivar a mente para fortalecer o coração (o coração é a
sede do espírito para a Medicina Chinesa)
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
104

21
Modismos e Influências Externas

Nós, seres humanos, temos duas fontes básicas de estímulos: a inter-


na e a externa. A interna é a sensação de fome, sede, cansaço, emo-
ções como alegria, tristeza, raiva, entusiasmo e algumas aspirações
especiais, espirituais, que muitas vezes nem mesmo sabemos concre-
tamente de onde vem. A fonte externa está representada pela infor-
mação que nos chega através de nossos cinco sentidos ordinários: vi-
são, audição, olfato, paladar e tato. É através destes cinco canais que
recebemos as informações externas. E é por onde entra a maioria das
influências externas que vão moldar o que somos.

Já falamos sobre as fontes internas e é interessante analisarmos agora


algumas fontes externas especialmente importantes em nossos dias.

Como o ser humano é um animal social, tendemos a fazer coisas que


outras pessoas também fazem, por um sentimento instintivo de “gru-
po”. Isto é perfeitamente natural. Mas eis que em nossa sociedade
consumista os modismos se tornaram extremamente dominantes, o
que muitas vezes pode colocar em risco nossa saúde.

Somos constantemente bombardeados por anúncios e notícias que


penetram em nosso sistema e nos influenciam profundamente. Esta
influência muitas vezes não é percebida conscientemente e acabamos
fazendo muitas coisas sem ter muita noção do seu porquê.

O primeiro passo para assumirmos o controle completo de nossas


vidas é percebermos conscientemente quando está havendo uma in-
fluência externa que pode alterar nosso modo de pensar ou agir.
Identificada esta influência, podemos pesar os seus possíveis resulta-
dos e decidir se queremos ou não isto em nossa vida. Esta é a palavra-
chave: decidir. Você tem que ter a última palavra na decisão pela aqui-
Gilberto Antônio Silva
105

sição de um produto, serviço ou mesmo de uma informação. Se será


bom ou não para você é você quem decide, ninguém mais. Não se
deixe influenciar pelo que mostram a você, por promessas ou mesmo
testemunhos de pessoas famosas. Somente você sabe o que é real-
mente bom para você.

O primeiro passo para se livrar do consumismo exagerado e da influ-


ência externa inconsciente é não tomar nenhuma atitude por impul-
so. Esqueça as ofertas maravilhosas, o quanto você vai ficar linda ou
como você ficará mais rico. A propaganda é o veículo por onde estes
modismos e consumismo entram em sua vida. Basta manter sua in-
dependência e apenas fazer o que tiver certeza de que deseja e certeza
do é bom para você.

No vestuário vemos muitos modismos que


acabam atrapalhando a saúde das pesso-
as, principalmente na moda feminina. Os
saltos superaltos e “salto agulha”, os sa-
patos de bico fino tipo “aladim”, calças de
cintura baixa, blusinhas curtas, e agora, em
2007, as bolsas extragrandes. Já existem vários casos de problemas
físicos gerados pela moda das bolsas ultragrandes. Uma pesquisa de
um jornal mostrou que este tipo de bolsa tem entre 3 e 4,5Kg de peso.
Se a bolsa é enorme, claro que ela terá uma tendência a ficar cheia. É o
mesmo que você andar o dia todo carregando um saco de batatas nas
costas. Qual a vantagem disto? Nenhuma. Só porque alguns estilistas
resolveram que é “fashion” bolsas enormes. Ano que vem poderá ser
a “Era das Minibolsas” e você perderá o dinheiro investido na big-
bolsa, que acabará no fundo do armário. Somente a fisioterapia irá
lembrar-lhe dela...

Piercings são outro modismo em que se necessita pensar muito antes


de agir. Em primeiro lugar é grande a quantidade de casos de infec-
ção, pois muita gente não toma cuidados na aplicação destes
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
106
penduricalhos e chegam até a tentar fazer isto sozinhos. O nosso cor-
po não é de borracha e cada piercing terá um envolvimento em sua
saúde. Mesmo que seja feito com todo cuidado e a cicatrização for
normal, muitas vezes ele estará danificando ou alterando pontos de
energia, do mesmo tipo dos utilizados pela acupuntura, e conseqüen-
temente mexendo com sua saúde. Evite especialmente os piercings
nas orelhas, cujos buracos enormes prejudicam muito os pontos refle-
xos existentes nelas. Na língua, por exemplo, a probabilidade de
necrose (morte dos tecidos) é extremamente alta. E mesmo que isto
não aconteça, podem existir danos às glândulas salivares, às gengi-
vas e aos dentes. A lista é bem grande. Será que vale a pena?

Depois das roupas, as dietas são as preferidas pelos modismos mo-


dernos. Aparecem cerca de duas dietas por semana, na melhor das
hipóteses. Depois do advento da Internet, dietas velhas e novas vão e
vem, multiplicando a confusão sobre a alimentação. Se a atriz Fulana
perdeu 5Kg com a “dieta da couve”, será que isto é saudável para
você também? E existem as dietas fantasiosas, como a “dieta da sopa”,
atribuída ao Hospital do Coração de São Paulo. Claro que eles nunca
ouviram falar disto. Como dissemos no capítulo sobre alimentação,
QUALQUER tipo de restrição alimentar funciona por até 14 dias. En-
tão aprenda de uma vez a ouvir seu corpo e monte uma dieta ideal
para você. Não é para seu vizinho, sua filha, seu tio, nem para a atriz
Fulana. Mas apenas para você, Ser Único em todo o Universo.

Remédios e tratamentos médicos também são alvo de modismos. Prin-


cipalmente no Brasil, que é um dos campeões mundiais de
automedicação, usar o remédio “da moda” é muito comum. Você tem
zumbido no ouvido? A Tia Maricota também teve e ficou boa depois
de tomar o remédio X. E lá vai você atrás do remédio X, pois se foi
bom para a Tia Maricota também será para você. Espero que depois
de ler este livro você já não esteja mais pensando assim... Lembre-se
que medicamentos são chamados tecnicamente de “drogas” e é assim
que devem ser utilizados. Deve-se evitar tanto os modismos como as
Gilberto Antônio Silva
107
soluções fáceis. Seus filhos são hiperativos, tem falta de atenção? É só
dar um remedinho. Nos EUA é comum se receitar antidepressivos,
soníferos e psicotrópicos para a juventude. Na Europa já se liberou o
uso de Prozac, um antidepressivo, para menores de 18 anos. Mesmo
na linha mais natural, já vi pais em viagem entupirem os filhos de
“Maracugina” para ficarem “calminhos”. Será que o problema deles
é químico? Não existe outra causa, talvez alguma responsabilidade
dos pais na sua criação e acompanhamento? No início do Século XX a
moda era a Lobotomia. Uma técnica que removia ou danificava o lobo
frontal do cérebro, deixando a pessoa mais “tranqüila”. Foi utilizada
por centenas de milhares de pessoas, inclusive pais querendo “acal-
mar” seus irriquietos filhos.

Hoje a grande moda são as cirurgias plásticas, principalmente a


lipoaspiração, encarada como um método fácil e rápido para emagre-
cer. Mas é uma cirurgia, com anestesia geral e toda as suas possíveis
complicações. Hoje já existem clínicas que fazem plásticas com paga-
mento por carnê e promoções do tipo “cobrimos as ofertas da concor-
rência”. E fazem de tudo para convencer você de que pode ser uma
pessoa melhor. Você cai nesta história? Acredita realmente que se
mudar o nariz será uma pessoa melhor?

O modismo estético é um dos grandes vilões que temos. Constrói-se


uma imagem determinada do que seria “bonito” e vende-se isto como
se fosse algum tipo de verdade universal. Na minha infância, nos anos
1970, o legal era ser magro até mostrar os ossos. O rapaz que não
tivesse as costelas à mostra e as garotas que não fossem “tábuas” li-
sas, sem seios nem bunda, eram considerados “gordos”. E, claro,
execrados por toda a sociedade. O ser humano é pródigo em conde-
nar e humilhar outras pessoas que ele considera diferentes. Nos anos
1980 isto começou a mudar com a geração saúde, dando mais impor-
tância à músculos e corpos mais torneados. Nos anos 1990, seios far-
tos e bundas redondinhas ganharam corpo e apareceram as próteses
de silicone para as menos “desenvolvidas”. E todos correm em busca
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
108
do corpo perfeito, do rosto perfeito. Mudamos o nariz, os lábios, as
orelhas, a curva dos olhos, o queixo, pintamos os cabelos, fazemos
“chapinha” e o que temos? Alguma outra pessoa. Se não é mais a
mesma pessoa, então quem é?

Assuma-se. Você é você mesmo, com o seu corpo, seu jeito de vestir,
de andar, de sorrir. Pode ser melhorado? Claro, mas dentro dos limi-
tes da Mãe Natureza e da sua saúde. Saúde e modismos raramente
combinam, pois modismos são massificações e você é um Ser Único
em todo o Universo. Tomar o remédio da Tia Maricota, carregar ma-
las pesadas (pois já deixaram de ser bolsas) e fazer 23 plásticas para
parecer outra pessoa não vão ajudar o que você é. Seja você mesmo e
pense e decida antes de seguir os outros cegamente.

RESUMO

Temos duas fontes básicas de estímulos: a interna e a externa. A


interna é a sensação de fome, sede, cansaço, emoções como ale-
gria, tristeza, raiva, entusiasmo e algumas aspirações especiais
e espirituais. A fonte externa está representada pela informação
que nos chega através de nossos cinco sentidos ordinários: vi-
são, audição, olfato, paladar e tato.
Imitar os outros é natural para o Ser Humano.
Devemos tomar cuidado para que nossas escolhas sejam feitas
de forma consciente e não por mera influência externa.
Modismos aparecem em tudo: vestuário, moda, remédios, in-
tervenções médicas, dietas, equipamentos eletrônicos, aparên-
cia física e comportamento. Toda vigilância é pouca.
Modismos são muitas vezes danosos à saúde pois são elabora-
dos para as massas e não para pessoas individuais como você.
Procure ser você mesmo, valorize quem você é ao invés de pro-
curar ser como todos os outros.
Gilberto Antônio Silva
109

22
Beber Para Viver

Todos precisamos de líquidos para sobreviver. Somos compostos em


mais de 70% por água, portanto é natural que precisemos repor o
líquido que perdemos com o suor, urina e processos metabólicos. Esta
reposição deve ser constante ou corremos o risco de uma desidrata-
ção, que nada mais é do que a falta de água no organismo.

O ser humano, como criatura extremamente inventiva, não se con-


tentou com a água e criou diversas outras bebidas alcoólicas e não-
alcoólicas como cerveja, vinhos, bebidas destiladas, refrigerantes, su-
cos, café, chá, isotônicos. Como isto afeta sua saúde? Veja a seguir.

Água
A água é nosso meio de subsistência. Somos todos filhos da água e
nos desenvolvemos no útero dentro de uma bolsa de água. Nossa
afinidade é imensa como demonstra o antigo hábito humano de ba-
nhar-se e o prazer de nadar. A água também deve ser consumida re-
gularmente para repor nossas perdas e prevenir problemas no orga-
nismo. Mas quanto devemos beber?

A resposta, como sempre, depende de cada pessoa e cada situação.


Não existe uma regra única e universal como a que se difunde por aí:
“beba pelo menos dois litros de água por dia”. A coisa não é bem
assim, pois consumimos água o tempo todo, sempre que ingerimos
algo. O cafezinho do escritório, refrigerantes, sucos, frutas, saladas,
são ricas em água. Um bife acebolado tem 80% de água. Até farofa
tem grande porcentagem de água! Então ingerimos água sempre que
ingerimos qualquer tipo de alimento. Como a nossa necessidade diá-
ria de reposição está entre 2 e 3 litros, a alimentação já supre mais da
metade das nossas necessidades. A regra de ouro é: beba quando ti-
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
110
ver sede. Nada mais. Esqueça fórmulas e receitas mirabolantes e ape-
nas ouça seu corpo. Tire de sua cabeça a idéia de que “quanto mais
água, melhor”. Nem sempre é verdade.

Lembre-se também de que nossa necessidade de água depende de


fatores climáticos, ambientais e de atividade. Qualquer exercício irá
criar uma necessidade de água proporcional ao esforço dispendido.
Se for verão ou inverno, também. O escritório tem ar condicionado? É
outro tipo de ambiente. Quanto mais você der atenção a seu corpo,
melhor ele irá funcionar.

Excesso de água pode ser extremamente danoso à saúde. Pessoas com


problemas cardíacos podem ter edema. Pessoas com baixo peso cor-
poral ou anorexia podem sofrer intoxicação pela água e causar danos
cerebrais, coma e até morte. Realizou-se um estudo na Maratona de
Boston em 2002 com 488 atletas. Eles fizeram um exame de sangue
antes e depois da corrida. Dos que completaram a prova à beira de
um desmaio, 65% tinham abaixado o nível de sódio por terem bebido
água demais.

Também evite água muito gelada, principalmente nos dias mais quen-
tes, pois causam choque térmico e bagunçam o equilíbrio da tempe-
ratura corporal. Tomadas durante as refeições, bebidas muito gela-
das atrapalham a digestão e causam sérios problemas.

Álcool
As bebidas alcoólicas são responsáveis por muitos problemas em nossa
sociedade. A cidade de Diadema, em São Paulo, ordenou o fecha-
mento de bares depois das 23h e reduziu os homicídios em 68%. O
alcoolismo também é uma das grandes causas de problemas familia-
res e agressões domésticas e seu uso deve ser restrito, principalmente
para menores de idade. O alcoolismo juvenil cresce a taxas alarman-
tes e é um problema muito grave no Brasil. É fácil se acostumar com a
bebida quando jovem e não poder mais viver sem ela depois.
Gilberto Antônio Silva
111

À rigor, um pouco de álcool não faz mal. Pelo contrário, pode trazer
benefícios à saúde, principalmente as bebidas fermentadas como vi-
nhos e cervejas. O metabolismo e absorção de álcool pelo fígado é
mais lenta nas bebidas fermentadas. O álcool também pode aumen-
tar o colesterol bom no sangue. O vinho tinto consumido com mode-
ração é reconhecido como protetor do coração, reduzindo os riscos
de enfartes e derrames. Aliás, o vinho faz parte da chamada “Dieta
Mediterrânea”, tão alardeada como uma alimentação saudável.

A cerveja é rica em minerais e tem ação antioxidante, além de ser um


bom diurético. O grande problema com a cerveja é a quantidade. Se
tomar até dois copos por dia, é saudável. Um engradado ou mais, é
problema. E é muito fácil para uma pessoa beber várias garrafas de
cerveja, como pude constatar facilmente nos bares ao redor da facul-
dade, em meus tempos de estudante. Se você beber 5 garrafas de cer-
veja convencionais, estará tomando quase 4 litros de líquido...

As bebidas destiladas como vodka, uísque e cachaça devem ser


consumidas com muito mais cuidado, pois são rapidamente
metabolizadas no fígado, sobrecarregando-o. A maioria dos benefíci-
os da ingestão do álcool desaparece nas bebidas destiladas, que são
produzidas à base de destilação das bebidas fermentadas, aumentan-
do a concentração de álcool. Evite este tipo de bebida ou pelo menos
não as misture com bebidas fermentadas numa mesma ocasião. Se
beber cerveja, não beba uísque. Não existem provas científicas sobre
os danos que isto causa, mas a tendência é que você consuma mais
álcool ao beber os dois tipos. A sabedoria popular afirma que a mis-
tura dá uma tremenda ressaca. Por que arriscar?

No Oriente as bebidas alcóolicas são muito apreciadas, mas trata-se


geralmente de bebidas fermentadas. O famoso Saquê, vinho de arroz
consumido em todo o Oriente é uma bebida fermentada. Na literatu-
ra taoísta é comum nos depararmos com personagens que tenham
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
112
bebido. Isto não é um motivo de condenação. A Medicina Oriental
não possui restrições ao consumo de álcool, desde que seja feito de
maneira moderada.

Refrigerantes
São a grande fonte de ingestão de líquido para muitas pessoas atual-
mente, principalmente pelos mais jovens. Bebida muitas vezes con-
denada injustamente, podem ser consumidas desde que com
parcimônia. A noção de que refrigerantes causam celulite é incorreta,
mas existem outros problemas e o pior deles é o gás carbônico conti-
do nestas bebidas. Se tomado nas refeições ele estufa a barriga, dila-
tando o estômago e promovendo um espaço maior a ser preenchido
com comida. O resultado todos nós sabemos. Além disto possuem
muitos tipos de aditivos, já que a maioria dos refrigerantes é artificial.
E fuja dos “diet”, pois adoçantes artificiais são piores que o açúcar.

Sucos
São uma boa fonte de líquidos, principalmente sendo o Brasil um país
tropical. Também são ricos em minerais, vitaminas e anti-oxidantes.
Temos grande quantidade de frutas de todos os tipos, formas, cores e
sabores. Mas tomar muito suco régiamente adoçado pode levar a um
excesso no consumo de açúcar. Cuidado também com os sucos
supergelados durante as refeições, já que em muitos estados do Brasil
é comum se fazer sucos com polpas de frutas congeladas. Também
deve-se pensar na quantidade, pois um copo de suco possui mais fru-
tas do que você consumiria normalmente de uma só vez. Um copo de
suco de laranja puro contêm cerca de 4 ou 5 laranjas, por exemplo.
Não é saudável consumir mais de uma dúzia de laranjas por dia (cer-
ca de três copos), não é mesmo? Moderação, sempre.

Café e Chá
Injustiçados por muito tempo, o chá e o café não produzem tantos
malefícios assim. A própria cafeína pode ser saudável em pequenas
doses. Uma xícara de café fresco tomado após as refeições contribui
Gilberto Antônio Silva
113
para uma boa digestão por sua composição e por
ser tomado quente. O chá mate é uma alimento
poderoso, tendo sustentado nossas tropas na
Guerra do Paraguai por vários dias quando fal-
taram provisões. Pode ser tomado de diversas
formas, tanto quente quanto gelado, acrescido de
limão ou com suco de vários tipos de frutas. O
chá verde tradicional do Oriente é extremamen-
te benéfico ao organismo e tem um capítulo todo
dedicado a ele neste livro.

Isotônicos
São bebidas ricas em sais minerais e carboidratos que repõe as perdas
do organismo principalmente em atividades esportivas intensas. Foi
desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Flórida para o
seu time de futebol americano, os “Gators” (daí o nome “Gatorade”).
Seu uso pode ser importante na reposição de minerais e líquido per-
didos pelo organismo nas atividades físicas intensas, mas deve ser
restrito às práticas esportivas. Isotônicos são complementos
nutricionais e não refrigerantes! Seu uso deve ser moderado e dentro
das necessidades reais de cada atleta. Os isotônicos podem ser substi-
tuídos sem problemas pela água de coco, muito rica em minerais como
potássio, sódio, fósforo e cloro, com rápida absorção pelo organismo.
Também o caldo de cana é um complemento interessante para as prá-
ticas esportivas por ter alto teor de sais minerais e carboidratos. O
açúcar (sacarose) presente na “garapa”, como dizemos em São Paulo,
é facilmente metabolizado pelo alto teor mineral do líquido, diferente
do açúcar branco que precisa retirar minerais do corpo para ser utili-
zado. Quando era adolescente, há algumas décadas, eu era adepto da
musculação e sempre tomava um copo de caldo de cana (sem gelo)
depois dos treinos. Diziam que eu era doido por causa das calorias
que a bebida tinha. Bobagem. Hoje até times de futebol “descobri-
ram” que um copo de caldo de cana depois dos treinos coloca os atle-
tas em ordem!
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
114

RESUMO

Somos 70% de água, logo precisamos de líqüidos para perma-


necermos saudáveis.
A água é a melhor opção, mas sem exageros. Não precisa neces-
sariamente tomar 2 ou 3 litros por dia, basta ter uma alimenta-
ção balanceada com verduras e frutas. O resto vem dos demais
alimentos, do cafezinho, do leite, do refrigerante...
Beba a água que quiser quando tiver sede. Mas atente também
para o clima da região e a época do ano. Lugares muito quentes
e secos podem causar desidratação mais rápido do que o corpo
percebe. Quando tiver sede, é tarde.
Bebidas alcóolicas podem ser consumidas e são até saudáveis,
desde que seja com moderação. Dê preferência às bebidas fer-
mentadas, especialmente os vinhos.
Evite refrigerantes em excesso. Prefira sucos naturais.
Café e chá podem ser consumidos normalmente de acordo com
sua pré-disposição. O café deve ser fresco e em quantidades
módicas. Consulte o capítulo sobre o chá verde e veja seus be-
nefícios.
Isotônicos podem ser consumidos em caso de atividade física
intensa. Eles não são refrigerantes, mas complementos
nutricionais.
Gilberto Antônio Silva
115

23
Vestuário e Saúde

Qual a relação entre vestuário e saúde? Toda, eu diria. Somos ani-


mais com poucos pelos, de modo que necessitamos de vestimentas
para podermos nos abrigar do tempo. E nossa vestimenta deve seguir
o clima da região em que moramos, nossas características étnicas e
fisiológicas. Vamos ver como isto funciona.

O vestuário é um item no qual Oriente e Ocidente menos tem em


comum. Os orientais preferem uma roupa folgada, que ventile o cor-
po e o deixe mais livre. A indumentária ocidental é cheia de nós, la-
ços, botões, cintos e outros mecanismos para modelar o corpo de
maneira justa. Nós homens apertamos os pés em sapatos de couro
rígido, apertamos a cintura com cintos e apertamos a garganta com
gravatas. As mulheres tem sutiãs, espartilhos, meias de nylon, saltos
altos, vestidos justos. Tudo isto é muito elegante para nós, mas cobra
seu preço na nossa saúde.

Começaremos com as malfadadas calças de cintura baixa, tão na moda


entre as moças. Este tipo de calça, muito divulgado no início do sécu-
lo por ícones pop como Cristina Aguillera e Britney Spears, é extre-
mamente danosa à saúde, especialmente para as brasileiras. Para este
tipo de vestuário ser compatível com suas usuárias seria necessário
que fosse feito sob medida, algo impraticável para a maioria das pes-
soas.

Acontece que as brasileiras são, por definição étnica, bem guarnecidas


de quadris. Como a calça não é feita sob medida, geralmente ela não
“encaixa” na silhueta da mulher, deformando seu corpo. Notamos
muitas vezes na rua mulheres com a calça profundamente enterrada
em sua cintura, ou melhor, no quadril. Além de ser esteticamente de-
sagradável isto deforma o corpo, criando uma “linha de cintura” no
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
116
quadril e favorecendo a queda abdominal (denominado de “ptose”),
a famosa “barriguinha”. As mulheres tem uma forte tendência a acu-
mular gordura no baixo ventre como mecanismo de reserva e prote-
ção durante a gestação. Sem apoio, esta camada adiposa “cai” para a
frente, sendo seguida pelos órgãos internos caso a pessoa não tenha
os músculos abdominais muito bem trabalhados. Para se ter uma no-
ção da crueldade a que estão sujeitas as mulheres, ao mesmo tempo
em que é moda usar calças de cintura baixa (que causam a “barrigui-
nha”) também é moda a barriga lisinha. E tome estresse!

Além do aspecto estético deplorável, a saúde também se ressente desta


prática. O uso indiscriminado e contínuo de calças de cintura baixa
favorece a parestesia, que é uma sensação de queimação na
panturrilha, formigamento ou adormecimento dos membros inferio-
res, segundo estudo publicado no Canadian Medical Association
Journal, em 2003. Isto se deve à pressão extrema exercida sobre ner-
vos do quadril. Cessada a utilização deste tipo de calça, a parestesia
desaparece.

Outra moda adolescente muito comum é a das blusas curtas, mos-


trando o umbigo. Combinadas com as calças de cintura baixa, cau-
sam um grande estrago à saúde feminina. Segundo a Medicina Tradi-
cional Chinesa (MTC), o sistema reprodutor feminino se ressente fa-
cilmente de friagem, causando inúmeros transtornos como cólicas
menstruais, por exemplo. Já curei muitos casos de cólicas menstruais
apenas mandando a garota utilizar camisetas mais compridas. A re-
gião do útero e ovários devem sempre se manter aquecidos e não
ficar à mercê de correntes de vento, extremamente danosas segundo
a MTC. As mulheres grávidas também precisam manter a barriga co-
berta para proteger o bebê.

Os orientais tem uma prática interessante que é o “banho de ar”. Ape-


nas fica-se nu ou pouco vestido durante algum tempo, em casa mes-
mo, para que o corpo tome ar e ventile. É uma prática extremamente
Gilberto Antônio Silva
117
saudável. Pequenos “banhos de ar” são benéficos na gravidez, mas
deve-se evitar sair por aí com o barrigão de fora...

Sempre que possível devemos utilizar tecidos confeccionados com


fibras naturais ou pelo menos com maioria de fibras naturais. Eles
facilitam a transpiração e causam menos alergias que os sintéticos,
que por sinal tem outro efeito colateral.

Uma das secretárias de uma empresa de engenharia americana tinha


grandes problemas em utilizar seu computador. Aliás, qualquer com-
putador “pirava” quando ela passava por perto. Intrigados, os enge-
nheiros da empresa resolveram medir a carga elétrica estática acu-
mulada no vestido sintético da moça. Sabe o que deu? 600V! Isto mes-
mo: seiscentos volts de eletricidade estática. Apenas porque ela usa-
va vestidos de material sintético.

Roupas íntimas de tecidos sintéticos não são muito boas justamente


por não permitirem a transpiração natural, ocasionando aumento do
calor na região e umidade do suor que se acumula. Local excelente
para micróbios de todo tipo proliferarem e causarem uma série de
doenças.

Por falar em aumento de temperatura, roupas muito justas tem este


mesmo incoveniente. No caso masculino, calças muito apertadas po-
dem reduzir a fertilidade, causar impotência e até mesmo chegar a
um câncer. Os testículos são extremamente sensíveis ao calor do cor-
po. Basta ver como o saco escrotal se alonga nos dias quentes, saindo
de perto do corpo, e se encolhe nos dias frios, se aproximando do
calor corporal. Tudo para manter a temperatura dentro dos fatores
ideais.

Sutiãs devem ser macios e bem ajustados. Peças apertadas costumam


dar sérios problemas de saúde como dores nas costas, problemas res-
piratórios e inclusive cistos nos seios.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
118

Uma simples gravata apertada pode aumentar a pressão no globo


ocular e provocar glaucoma e perda da visão, se insistirmos na práti-
ca. Cheque sempre seu colarinho!

Sapatos apertados podem causar joanetes


e várias deformidades nos pés e pernas.
Também causam dores nas costas, princi-
palmente na região lombar, como aqueles
dos saltos altos. Deve-se evitar o uso con-
tínuo de tênis muito justos, abafados, que
podem causar micoses e outros problemas
de pele. Periodicamente é bom andar descalço, na terra, na grama ou
mesmo em casa. O uso de sandálias também é interessante, para man-
ter o pé arejado. Mantenha os pés sempre secos. Se necessário, tenha
um par de meias e sapatos extras no seu trabalho.

Ao sair em tempo ruim, com muito vento ou chuva, use uma roupa
que proteja o pescoço, especialmente a nuca. Vimos que na MTC a
nuca é a “Porta dos Ventos” e pode levar a vários desequilíbrios in-
ternos. Nunca saia no vento com os cabelos molhados.

Quando viajar ao exterior ou em regiões do Brasil com clima muito


diferente do que está acostumado, procure observar o que os “nati-
vos” usam e copie. Eles estão melhor adaptados para seu próprio cli-
ma.

Alguns cuidados simples com o vestuário podem melhorar muito sua


saúde. Aprenda a sentir o que está causando seus males. Você não
precisa virar naturista e andar pelado para ser saudável. Basta usar o
bom senso.
Gilberto Antônio Silva
119

RESUMO

Procure utilizar roupas folgadas e de tecidos naturais.


Moças, respeitem sua cintura: nada de calças de cintura baixa
ou uso excessivo de blusinhas mostrando o umbigo.
Homens, nada de calças apertadas. Seus futuros filhos agrade-
cem.
Proteja sempre a barriga e a nuca de ventos, principalmente
frios.
Cuidado na escolha dos sapatos. Podem ser de liquidação, des-
de que sejam bem confortáveis.
Sempre que possível areje seu corpo. Ir à praia é um bom exem-
plo de “banho de ar”. Cuidado com o sol e divirta-se.
Procure usar o que as pessoas do lugar usam pois elas estão
adaptadas ao meio.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
120

24
Barulho, Ruído e Silêncio

A vida nas grandes cidades se torna mais e mais barulhenta. E quan-


do não bastam os ruídos normais da civilização, saímos em busca de
ruídos ainda mais altos em músicas, shows, ferramentas, etc...

No Oriente o silêncio sempre foi considerado de grande importância.


Técnicas orientais de meditação e exercícios físicos e mentais diver-
sos são empregadas sem a necessidade de sons ou qualquer ruído. Os
indianos tem até um termo próprio, múni, para designar a pessoa que
está guardando voto de silêncio por algum motivo. Gandhi era fre-
quente usuário desta técnica, ficando um dia inteiro sem falar nada
todas as semanas. Alguém aí seria capaz disto?

Para os orientais falar pouco e fazer pouco ruído está associado à ob-
servação do interior, pois não se pode “ouvir” a própria mente se
estamos cercados de barulhos por todos os lados. Claro que isto não
deve ser levado a extremos, pois a música oriental é muito apreciada
e sons monossilábicos fazem parte das mais variadas culturas e são
empregados em técnicas como os mantras indianos e os sons de cura
chineses. Mas repare em um jardim japonês ou chinês e verá que gran-
de parte de sua atmosfera de paz e tranqüilidade vem da falta de
barulho ou de pequenos ruídos suaves como uma cascata.

Hoje vivemos em um mundo barulhento, cheio de máquinas, músi-


cas amplificadas e sons conflitantes por todos os lados. Na cidade de
São Bernardo do Campo (SP), onde moro, existem parques públicos
com jardins e locais para se caminhar ou correr. Seria um paraíso con-
tra o estresse se não existissem caixas de som espalhadas por todo
lado, tocando música incessantemente, mesmo que seja música sua-
ve. Não se pode nem ouvir os pássaros. Este tipo de antiecologia é um
sintoma de nossa dependência psicológica do ruído. Quando chega-
Gilberto Antônio Silva
121

mos em casa corremos a ligar a TV, o rádio ou colocar um CD. Xinga-


mos o vizinho barulhento mas enchemos nossa vida de sons altos e
desnecessários que minam nossa saúde.

As células auditivas são extremamente sensíveis e quando são expos-


tas a um ruído muito forte, simplesmente morrem. Como existem mi-
lhões delas os danos não são imediatamente sentidos, mas com o pas-
sar dos anos, se a exposição aos ruídos continuar, a diminuição da
audição será sentida claramente. Estas células não voltam a nascer,
então quanto mais delas perdermos menor será nossa sensibilidade
aos sons.

Os fatores mais nocivos hoje em dia são os barulhos cotidianos (trân-


sito, campainhas, sirenes e equipamentos diversos) e as músicas mui-
to altas, principalmente quando escutadas através de fone de ouvido.

Os barulhos cotidianos muitas vezes passam desapercebidos pelo


consciente mas são notados pelo organismo que tenta desesperada-
mente se adaptar a eles. Este tipo de ruído, por ser incessante, gera
um estresse orgânico inconsciente, que abala todas as fundações da
saúde e é a causa maior da irritabilidade, nervosismo e agressividade
dos moradores das grandes cidades. A grande diferença entre viver
numa grande metrópole e numa minúscula cidade do interior, acre-
dite, não é a agitação, mas o barulho! Só notamos o barulho a que
estamos acostumados quando vamos a algum lugar silencioso. Ao
mudarmos de casa para um lugar mais silencioso torna-se difícil con-
seguir dormir nas primeiras noites devido ao silêncio! É nosso corpo
que se adaptou para sobreviver.

Música alta é extremamente prejudicial, tanto em shows e baladas


quanto nas casas e mais ainda nos fones de ouvido. Os jovens se habi-
tuaram com a idéia absurda de ouvir música no máximo volume. Na
verdade, desta forma ela deixa de ser música para se tornar apenas
pressão sonora, já que o som é uma onda mecânica. Melodia, letra e
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
122
cadência deixam de existir em função da “batida” da música, pois é
só o que se percebe em altos níveis sonoros. Ouvir música alta nas
baladas ou no fone de ouvido cria perdas auditivas certas e definiti-
vas, que só tenderão a piorar com o passar do tempo. Pena que os
jovens não se preocupem com isto e acabem levando este hábito para
a idade adulta, com os conseqüentes efeitos.

As academias de ginástica são especialistas em música altíssima. Au-


las de Aeróbica parecem sessões de tortura com barulhos superiores
aos de um avião decolando. Certa vez fui pedir informações em uma
academia de musculação e ninguém conseguia me ouvir por causa
do volume da música ambiente. Desisti de treinar lá, pois não gosto de
usar protetores de ouvido, o que seria obrigatório para um apreciador
do silêncio como eu. Gosto de escutar meus próprios pensamentos.

Se você gosta de ficar em frente às caixas de som em shows ou au-


mentar o volume do CD, veja que pode não ser apenas por gosto, mas
por perda de audição. Pessoas que estão ficando surdas aumentam
gradualmente os volumes da televisão, rádio ou da música que ten-
tam escutar.
Gilberto Antônio Silva
123
Eis uma pequena tabela de referência de ruídos, elaborada pela Asso-
ciação Americana de Fonoaudiologia, para ver a que ponto chega-
mos:

Desagradável ou Doloroso:
150 dB = pico de ruído em música de rock
140 dB = armas de fogo, sirene de ataque aéreo, motor a jato
130 dB = britadeira
120 dB = decolagem de avião a jato, música de rock amplificada de
4 a 6 pés [1,2 a 1,8 metros] de distância, estéreo de carro, ensaio de
banda

Extremamente alto:
110 dB = música de rock, aeromodelo
106 dB = sons de tímpano e zabumba
100 dB = snowmobile, moto-serra, perfuratriz
90 dB = cortador de grama, ferramentas elétricas, tráfego de cami-
nhões, metrô

Muito alto:
80 dB = despertador, rua movimentada
70 dB = tráfego intenso, aspirador
60 dB = conversa, lavadora de pratos

Moderado:
50 dB = chuva moderada
40 dB = sala tranqüila

Fraco:
30 dB = sussurro, biblioteca tranqüila
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
124

RESUMO

Sons e ruídos muito altos abalam nossa saúde, com certeza.


Os danos são graduais e irreversíveis.
Somos viciados em ruídos, desde nosso lazer e trabalho até a
ginástica da academia, feita sob músicas em volume máximo.
Sons normais do cotidiano causam grande estresse orgânico por
serem contínuos.
Música deve ser ouvida em volumes razoáveis. No volume
máximo não trazem nenhum benefício, apenas a perda siste-
mática da audição
Cuidado ao utilizar fones de ouvido. É normal no ônibus, por
exemplo, ouvirmos a vários metros o que uma pessoa está es-
cutando em seus fones. Isto é um abuso inadmissível contra a
sua saúde.
Procure sair do estresse urbano periodicamente e passeie por
parques e jardins que não tenham sistema de som. Deixe a na-
tureza ser o seu DJ.
Visite sempre que possível locais do interior ou do litoral, me-
nos barulhentos.
Olhe ao seu redor e procure reduzir o número e o nível de ruí-
dos em sua vida. Comece por reduzir o volume da televisão e
falar mais baixo, por exemplo.
Preste mais atenção ao seu próprio interior.
Gilberto Antônio Silva
125

25
Em Busca da Longevidade

Muitos buscam a longevidade. Mas longevidade, para nós, é muito


mais do que simplesmente “viver muito”. É viver bem, mais feliz,
com saúde e disposição. É estar bem disposto, ativo e vibrante, inde-
pendente de quanto se viva. Esta é a questão.

A preocupação com o “quanto” se pode viver sempre intrigou os se-


res humanos e fez parte das investigações básicas de todas as civiliza-
ções. A verdade é que ninguém quer morrer, tomado pela ignorância
sobre a real condição do Universo e de seu papel nele. Passamos a
acreditar piamente que tudo o que vemos ao nosso redor é a única
realidade existente, o que nos limita e nos faz buscar desesperada-
mente um prolongamento de nossa existência terrena.

Nos tempos antigos muitas pessoas pereceram buscando o “elixir das


longa vida” ou outro remédio milagroso que pudesse prolongar seus
dias na Terra indefinidamente. Na China, esta busca se intensificou
entre os séculos II e VI de nossa era, quando os alquimistas chineses
buscavam muitas formas de se prolongar a vida e alcançar a imortali-
dade.

Muitos morreram envenenados por ingerirem pílulas feitas com chum-


bo ou mercúrio, elementos comuns nas práticas alquímicas. Inclusive
imperadores chineses. O que eles não compreendiam é que o objetivo
dos alquimistas chineses taoístas era obter a imortalidade espiritual e
não simplesmente a continuidade física. Este tipo de engano também
aconteceu com os alquimistas ocidentais, cujos experimentos se base-
aram em fragmentos do conhecimento alquímico chinês levado para
a Europa pelos árabes. Por trás de todo um glossário de termos e o
intrincado aparato de materiais e produtos estava na verdade uma
analogia para a conquista de uma espiritualidade elevada.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
126
Hoje vemos a ciência correr atrás do velho sonho dos alquimistas,
senão da imortalidade ao menos da longevidade. Remédios, dietas e
tratamentos “miraculosos” surgem todos os dias para retardar o en-
velhecimento.

A maioria das pessoas, principalmente as mulheres, procuram retar-


dar o envelhecimento físico externo, apenas. Com aplicações de botox,
implantes e cirurgias plásticas se sucedendo em um ritmo sem fim,
acabam por ficar desfiguradas mas acreditando que ainda são jovens.
Não percebem como enganam-se a si próprias com alterações que, à
partir de certo ponto ou de certa idade, se tornam óbvias e artificiais.

Mas todos nós envelhecemos e um dia morreremos. É uma lei da vida


que não pode ser mudada. O que podemos e devemos evitar é a
decrepitude, a degeneração. Sempre respeitando a ação natural do
tempo, podemos nos prevenir e agir em conformidade com o Univer-
so para podermos chegar ao nosso fim com um sorriso nos lábios.

Saber envelhecer é o grande segredo para retardarmos a decrepitude.


Mas para isto devemos primeiro compreender como esta degenera-
ção se dá.

No Livro de Medicina Interna do Imperador Amarelo (Huang Di Nei


Jing), obra fundamental da Medicina Chinesa e mencionado anterior-
mente, já no primeiro capítulo vemos o Imperador Amarelo pergun-
tar ao seu conselheiro taoísta Qibo o porquê dos homens de antiga-
mente viveram até os cem anos conservando uma boa saúde e dispo-
sição enquanto no tempo dele os homens declinavam já aos 50 anos.
A resposta do Mestre Qibo foi muito simples: porque os homens dos
tempos antigos norteavam seu comportamento do dia a dia pelas leis
da Natureza. Seguiam o princípio do Yin/Yang e das mutações do I
Ching, por isso preservavam a sua saúde, mantendo em padrões ade-
quados sua comida e bebida, atividades físicas e trabalho. Já no seu
tempo (e no nosso, também!), eles não preservavam sua saúde. Comi-
Gilberto Antônio Silva
127
am em demasia, bebiam sem limites, eram sonhadores, extenuavam-
se com o sexo gastando sua energia de forma desordenada e trabalha-
vam em excesso com finalidades egoístas. Você já viu uma situação
assim por aí?

Todos temos um ciclo natural de evolução que, segundo a Medicina


Chinesa se dá desta forma:

HOMEM MULHER
(Ciclos de 8 anos) SITUAÇÃO (Ciclos de 7 anos)

Aos 8 anos (1x8) O sistema ósseo se ativa Aos 7 anos (1x7)


pela ativação da energia
do Rim e os dentes de
leite são substituídos

Ocorre o amadure-
Aos 16 anos (2x8) cimento e o sistema Aos 14 anos (2x7)
reprodutor se equilibra. A
menina pode engravidar
e o garoto se acha cheio
de energia vital e pode
gerar um bebê

Aos 24 anos (3x8) Seus dentes estão Aos 21 anos (3x7)


prontamente desenvol-
vidos e atinge o status de
adulto

Aos 32 anos (4x8) Seu corpo está na Aos 28 anos (4x7)


melhor forma e seus
músculos estão fortes e
desenvolvidos.

Aos 40 anos (5x8) Ocorre a mudança da Aos 35 anos (5x7)


prosperidade para o
declínio, onde se abalam
os cabelos e seus dentes
se estragam e sua face
enfraquece
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
128
HOMEM MULHER
(Ciclos de 8 anos) SITUAÇÃO (Ciclos de 7 anos)

Aos 48 anos (6x8) Os canais de energia Aos 42 anos (6x7)


Yang se enfraquecem
e os cabelos se
tornam brancos e a
compleição da face
definha.

Aos 56 anos (7x8) Seu físico começa a Após os 49 anos


ficar velho e mais (7x7)
frágil.
Nas mulheres- seus
canais principais
declinam, a mens-
truação some e não
pode mais conceber.
Nos homens– a
energia do fígado
declina e os tendões
se tornam duros e os
movimentos lentos.

Após os 64 anos A energia do Rim se


(8x8) enfraquece, levando à
debilidade dos ossos
e tendões. A energia
vital declina e o corpo
se torna decrépito

Não se assuste, pois isto está colocado como uma referência natural,
que obviamente varia de pessoa para pessoa e de situação para situa-
ção. Mas a ordem é esta, de acordo inclusive com as descobertas da
ciência ocidental, apesar deste conhecimento ter mais de 2.000 anos
na China.
Gilberto Antônio Silva
129
Portanto, qual o caminho para evitar a decrepitude segundo a sabe-
doria oriental? Seguir as leis da Natureza:

☯ Respeitar as estações do ano- agasalhar-se nos dias frios


e se refrescar nos dias quentes
☯ Evitar extremos de calor e frio, tanto no ambiente quanto
na alimentação
☯ Comer e beber moderadamente
☯ Ter sempre um período de descanso
☯ Participar de alguma atividade de lazer
☯ Se exercitar, mas sem competitividade
☯ Manter seu corpo relaxado e flexível
☯ Procurar prazer nas coisas simples da vida: um jardim
florido, um pôr-do-sol, um cachorrinho brincando, uma
criança feliz, uma borboleta, uma flor determinada, uma
pessoa querida, uma conversa amena, uma pequena via-
gem.
☯ Manter-se ativo fisicamente, mesmo em idade avança-
da. Tente caminhadas, Tai Chi Chuan, Yoga ou outra atividade
que envolva também um processo de quietude mental.
☯ Manter sua mente sempre ativa, através de palavras cru-
zadas ou jogos de xadrez, por exemplo. Um dos melhores
exercícios para a mente que existe é o xadrez, que é muito fácil
de se aprender e jogar. Experimente!
☯ Procurar usar água mineral e alimentos frescos, de pre-
ferência sem agrotóxicos e dentro da estação do ano adequada.
☯ Ter senso de humor. Praticamente todas as pessoas cen-
tenárias que já vi dando entrevistas sobre seu “segredo” de
longevidade tem sempre uma coisa em comum: estão sempre
rindo! São alegres e animadas.

Este livro é todo baseado nas leis da natureza, que regem a Medicina
Oriental. Estude-o e procure compreender os ensinamentos que exis-
tem por trás das palavras.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
130
Busque a longevidade, com naturalidade. Saiba envelhecer, ame a
vida. Mas não se apegue a ela. E torne-se um ancião ou anciã respeitá-
vel e feliz.

RESUMO

Viver muito é menos importante do que viver bem.


Todos temos um ritmo de envelhecimento. É natural e faz parte
de nossa vida. O que podemos prevenir e atenuar é a decrepitude.
Agir segundo a Natureza e ter autoconhecimento são os únicos
caminhos para a longevidade saudável.
Medidas simples como respeitar as estações do ano e praticar
atividades que ajudem na manutenção da flexibilidade e do rela-
xamento são fundamentais.
Tenha senso de humor e não deixe de exercitar a mente também.
Aceite sua idade e aja segundo ela. Não tente esconder o óbvio,
pois você só engana a si mesmo. Tenha orgulho de envelhecer
com dignidade e seja feliz.
Gilberto Antônio Silva
131

26
Longevidade e Sabedoria

Vimos no capítulo anterior sobre o que significa longevidade e como


retardar a decrepitude. Mas qual o objetivo de se atingir uma idade
avançada? Para que você deseja atingir a longevidade?

Dizem que durante nossa vida toda pessoa tem que fazer três coisas:
escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Você já pensou
sobre este velho ditado? O que estas três coisas tem em comum?

A resposta é: muitas gerações. Escrever um livro vai transmitir co-


nhecimentos e o seu modo de pensar para muitas gerações, durante
centenas de anos. Um filho irá ter outros filhos e assim sucessivamen-
te, criando inúmeras gerações. Uma árvore dará sombra e frutos por
várias gerações. Todas as três atividades podem tornar um simples
ato seu em algo perene, com o poder de influenciar o mundo por
décadas ou até séculos.

Pense no que você vai deixar para o mundo depois de sua morte, pois
em algum momento isto irá acontecer. Será que estas contribuições
para a Humanidade, se existirem, serão boas?

Não pense em fama, de jeito nenhum. Os maiores benfeitores da Hu-


manidade foram anônimos mas deixaram sua semente. Também não
pense em nada muito complicado, pode ser ajudar alguém em difi-
culdades, um gesto de simpatia em um momento de desespero, dei-
xar de agredir quando provocado, auxiliar quem necessite. Você pode
deixar uma grande obra ou centenas de pequenas obras, não importa.
Apenas o conjunto delas dirá quem você foi.

Há pouco tempo li sobre um rapaz que mergulhou no rio Tietê para


salvar uma criança que estava sendo afogada pela mãe, e conseguiu.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
132
Ao fato se deu grande repercussão no momento, mas em breve será
esquecido. Mas aquela garotinha, que teria perecido nas águas polu-
ídas do rio, está viva. Ela pode ser a cientista que aperfeiçoará células
solares mais eficientes e nos dará uma fonte de energia limpa e ecoló-
gica. Ou a piloto que, em um momento de pane, consiga pousar uma
avião com centenas de pessoas à bordo. Talvez aquele rapaz tenha
feito o único grande ato de sua vida, mas pode ter mudado todo o
destino da Humanidade. Aquela garotinha pode ficar mundialmente
famosa, mas ela terá tido sua chance graças a um anônimo.

Graham Bell, o inventor do telefone, não tinha nenhum sucesso com


os investidores e mesmo outros cientistas, e seu invento estava amea-
çado de não ter uma chance. Até que, numa exposição científica, o
nosso Imperador D. Pedro II (frequentador da comunidade científi-
ca) se interessou pelo invento esquecido em um canto do pavilhão.
Imediatamente o mundo se voltou para o telefone! E foi apenas uma
curiosidade do monarca.

Qualquer pequeno ato pode ter grande repercussão. Todos somos


importantes pois a Humanidade é uma só. Todos contribuímos de
alguma forma para a vida de nosso semelhante. Nenhum gesto é pe-
queno demais ou insignificante demais.

Apenas viver muito não é suficiente. Apenas viver muito e com saú-
de não é suficiente. O que você faz com sua vida, isto sim é o que
importa. A busca da sabedoria deve se iniciar desde cedo para que
tenhamos o que transmitir em nossa velhice. Para que nossa
longevidade tenha um propósito.

Mas em qualquer momento pode-se parar e perceber que estamos


apenas sobrevivendo. E mudar. A busca pelo autoconhecimento, a
espiritualidade e a sabedoria não tem idade. É uma necessidade ínti-
ma do ser humano. Não tem fim, nem mesmo na nossa morte. Pois
morrer significa passar a outro estado e continuar a caminhada. Sem-
pre existe espaço para o auto-aprimoramento.
Gilberto Antônio Silva
133
Não temer a morte e nem procurá-la. Não buscar fama e riqueza, nem
rejeitá-las. Seguir a vida como ela se apresenta, do começo ao fim.
Aceitar as mutações do caminho como as estações que passam. Seme-
ar boas sementes para que as próximas gerações possam ser mais fe-
lizes e sábias do que nós. Buscar o autoconhecimento, não para nossa
satisfação pessoal mas para que tenhamos algo de bom para plantar.

Eis o sábio caminho da Longevidade.

RESUMO

Longevidade e Sabedoria não podem ser resumidos.


Devem ser vivenciados em sua forma integral.
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
134

BIBLIOGRAFIA

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onário Ilustrado de Psicologia, Livraria Editora Iracema, 1979

HUNG, CHO TA Exercícios Chineses Para a Saúde, Ed. Pensamento,


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LIU, ZHENGCAI The Mystery of Longevity. Foreign Language Press,


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ROSS, J. Zang Fu - Sistema de Órgãos e Vísceras da Medicina Tradicional


Chinesa. Ed. Roca, 1994

MASSON, ROBERT Regenerando Sua Saúde Pela Alimentação. Ed.


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NAKAMURA, TAKASHI Respiração Oriental. Ed. Pensamento, 1989


PEREIRA, GILBERTO A Cozinha Natural dos Trópicos. Ed. Sol Nascen-
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Gilberto Antônio Silva
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são da Medicina Tradicional Chinesa, Monografia, 2004

TSÉ, LAO, CHERNG, WU JHY (TRAD.) Tao Te Ching, Ed. Mauad,


2002

XIE, Z. Best of Traditional Chinese Medicine. New World Press, Beijing,


1995
26 Dicas de Saúde da Medicina Oriental
136

O Autor
Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo, Acupuntor, Terapeuta e Es-
critor. Estudioso de filosofias e culturas orientais desde 1977, pesquisou
e analisou com profundidade a cultura e o modo de pensar oriental.
Atua no mercado editorial como escritor, assessor e editor desde 1991,
tendo mais de 250 artigos e matérias já publicadas em internet, revis-
tas especializadas e jornais diversos. É atual Editor do jornal Saúde &
Longevidade e Coordenador Editorial da revista Medicina Chinesa Bra-
sil.

Como terapeuta, especializou-se em Terapias Energéticas como Crystal


Healing, Acupuntura e Chi Kung. Foi palestrante convidado na Feira
TERAPÊUTICA 2003, com o tema “Manipulação Consciente de Ener-
gia nas Práticas Terapêuticas” e palestrante convidado do VII Con-
gresso Internacional de Acupuntura e Terapias Orientais do SATOSP,
em 2004, com o tema “SEITAI, a Quiropraxia Japonesa”. É criador do
conceito de Transmutação Pessoal, que já mudou a vida de muitas
pessoas.

É membro da conceituada Associação de Medicina Chinesa e


Acupuntura do Brasil (AMECA), representante oficial da World
Federation of Acupuncture-Moxibustion Societies (WFAS) em nosso
país.

Na área de ensino terapêutico regular, foi Professor de Literatura da


Acupuntura Chinesa na EOMA - Escola Oriental de Massagem e
Acupuntura (SP) e foi Professor dos cursos de Massoterapia,
Acupuntura e Formação em Chi Kung da Keiko’s - Prevenção e Saú-
de (SP), sempre na área de filosofia e cultura chinesa, filosofia Taoísta
e fundamentos da Medicina Oriental.

Como Taoísta, procura difundir e utilizar esta sabedoria milenar, ber-


ço da Medicina Oriental, em benefício de todas as pessoas.
Gilberto Antônio Silva
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