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ECA – Material de Apoio
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passa a ter plena capacidade, não sendo em criança ou adolescente que se encontre
regra, aplicado o ECA. Este apenas será em situação de risco, sendo, em regra, o
aplicado excepcionalmente aos maiores de Conselho Tutelar a autoridade
18 anos, nos termos do que dispõe o competente para sua aplicação, com
parágrafo único do art. 2º. É o caso do exceção da colocação em família
previsto no art. 121, par. 5º . substituta e do acolhimento familiar .
As regras relacionadas ao Conselho Tutelar
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO sofreram algumas alterações pela Lei
O art. 6º do ECA traz as diretrizes para sua 12.696/12.
interpretação, o que acaba por consagrar a O ECA dispõe acerca do Conselho
regra de que sempre deve ser observado o Tutelar a partir do seu artigo 131. Os
melhor interesse do menor, já que o ECA é artigos 132, 134, 135 e 139 do ECA (Lei
formado por regras protetivas à criança e 8.069/90) foram alterados pela Lei
adolescente. 12.696/12, que entrou em vigor no dia 26
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se- de julho de 2012, trazendo substanciais
ão em conta os fins sociais a que ela se modificações quanto ao Conselho Tutelar.
dirige, as exigências do bem comum, os Podemos estabelecer que as modificações
direitos e deveres individuais e coletivos, e a disseram respeito aos seguintes
condição peculiar da criança e do aspectos:
adolescente como pessoas em Local de constituição do Conselho
desenvolvimento. Tutelar
Tempo de mandato dos Conselheiros
SITUAÇÕES DE RISCO E MEDIDAS DE Esclarecimento quanto ao conceito
PROTEÇÃO do termo recondução
Situações de risco (art.98 do ECA) – as Ampliação dos direitos dos
medidas de proteção são aplicadas Conselheiros
sempre que os direitos previstos no ECA Retirada da prerrogativa de prisão
forem ameaçados ou violados: especial, com a pequena alteração do artigo
Sempre que houver ação ou omissão 135, mantendo as demais prerrogativas
do estado ou da sociedade; Instituição de regras para o processo
Falta, abuso, omissão dos pais ou de escolha dos Membros do Conselho
responsável; Tutelar, com unificação em todo o território
Em razão de sua conduta. nacional de data de eleição e posse
Antes da alteração legislativa, o artigo 132
estabelecia que “Em cada Município haverá,
Cuidado para não confundir as medidas no mínimo, um Conselho Tutelar composto
de proteção com as medidas de cinco membros, escolhidos pela
socioeducativas. Vejamos abaixo um comunidade local para mandato de três
quadro esquemático com as principais anos, permitida uma recondução”. Ocorre
distinções entre as medidas de proteção e que a lei não esclarecia como se dava essa
as socioeducativas: recondução, o que era explicitado pela
Medidas de proteção Resolução 139 do CONANDA, que em seu
Medidas Socioeducativas
Destinatários Crianças e adolescentes artigo 6º, parágrafo 1º já trazia a previsão de
Adolescentes
que a recondução seria feita mediante novo
Cabimento Situações de risco (art. 98) Prática
processode ato
de infracional (art.98, III) o que
escolha, exatamente
Rol Exemplificativo passa a dispor a nova redação do artigo
Taxativo
art. 136, I, art. 148, III, e 132:
Autoridade Competente parágrafo único Art. 132.I Em cada Município e em cada
art. 148,
Região Administrativa do Distrito Federal
Dessa forma, podemos estabelecer que as haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
medidas de proteção previstas no artigo como órgão integrante da administração
101 podem ser aplicadas a qualquer pública local, composto de 5 (cinco)
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Art. 46. A adoção será precedida de § 7 o A adoção produz seus efeitos a
estágio de convivência com a criança ou partir do trânsito em julgado da sentença
adolescente, pelo prazo que a autoridade constitutiva, exceto na hipótese prevista no §
judiciária fixar, observadas as peculiaridades 6 o do art. 42 desta Lei, caso em que terá
do caso. força retroativa à data do óbito.
§ 1o O estágio de convivência poderá § 8 o O processo relativo à adoção
ser dispensado se o adotando já estiver sob assim como outros a ele relacionados serão
a tutela ou guarda legal do adotante durante mantidos em arquivo, admitindo-se seu
tempo suficiente para que seja possível armazenamento em microfilme ou por outros
avaliar a conveniência da constituição do meios, garantida a sua conservação para
vínculo. consulta a qualquer tempo.
§ 2 o A simples guarda de fato não § 9º Terão prioridade de tramitação os
autoriza, por si só, a dispensa da realização processos de adoção em que o adotando for
do estágio de convivência. criança ou adolescente com deficiência ou
§ 3o Em caso de adoção por pessoa com doença crônica.
ou casal residente ou domiciliado fora do Art. 48. O adotado tem direito de
País, o estágio de convivência, cumprido no conhecer sua origem biológica, bem como
território nacional, será de, no mínimo, 30 de obter acesso irrestrito ao processo no
(trinta) dias. qual a medida foi aplicada e seus eventuais
§ 4o O estágio de convivência será incidentes, após completar 18 (dezoito)
acompanhado pela equipe interprofissional a anos.
serviço da Justiça da Infância e da Parágrafo único. O acesso ao
Juventude, preferencialmente com apoio dos processo de adoção poderá ser também
técnicos responsáveis pela execução da deferido ao adotado menor de 18 (dezoito)
política de garantia do direito à convivência anos, a seu pedido, assegurada orientação
familiar, que apresentarão relatório e assistência jurídica e psicológica.
minucioso acerca da conveniência do Art. 49. A morte dos adotantes não
deferimento da medida. restabelece o poder familiar dos pais
Art. 47. O vínculo da adoção constitui- naturais.
se por sentença judicial, que será inscrita no Art. 50. A autoridade judiciária manterá,
registro civil mediante mandado do qual não em cada comarca ou foro regional, um
se fornecerá certidão. registro de crianças e adolescentes em
§ 1º A inscrição consignará o nome dos condições de serem adotados e outro de
adotantes como pais, bem como o nome de pessoas interessadas na adoção.
seus ascendentes. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-
§ 2º O mandado judicial, que será á após prévia consulta aos órgãos técnicos
arquivado, cancelará o registro original do do juizado, ouvido o Ministério Público.
adotado. § 2º Não será deferida a inscrição se o
§ 3o A pedido do adotante, o novo interessado não satisfazer os requisitos
registro poderá ser lavrado no Cartório do legais, ou verificada qualquer das hipóteses
Registro Civil do Município de sua previstas no art. 29.
residência. § 3o A inscrição de postulantes à
§ 4o Nenhuma observação sobre a adoção será precedida de um período de
origem do ato poderá constar nas certidões preparação psicossocial e jurídica, orientado
do registro. pela equipe técnica da Justiça da Infância e
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o da Juventude, preferencialmente com apoio
nome do adotante e, a pedido de qualquer dos técnicos responsáveis pela execução da
deles, poderá determinar a modificação do política municipal de garantia do direito à
prenome. convivência familiar.
§ 6 o Caso a modificação de prenome § 4o Sempre que possível e
seja requerida pelo adotante, é obrigatória a recomendável, a preparação referida no § 3 o
oitiva do adotando, observado o disposto deste artigo incluirá o contato com crianças
nos §§ 1o e 2 o do art. 28 desta Lei. e adolescentes em acolhimento familiar ou
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entregou seu filho à determinada pessoa. adotado passa a ter garantido o acesso
Não apresentando, assim, qualquer risco irrestrito ao processo de adoção. Se tal
para essa criança/adolescente. direito for exercido pelo menor de 18 anos,
Assim, não deve ser a inscrição na lista de tendo em vista sua condição peculiar de
adotantes uma condição sine qua non, um pessoa em desenvolvimento, deverá ser
requisito insuperável, absoluto, para a assegurada a orientação e assistência
efetivação da adoção. Deve-se, sobretudo, jurídica e psicológica.
atentar ao direito da criança de ser adotada Tal direito, como direito de personalidade, é
por quem já lhe dedica cuidado e atenção, imprescritível e personalíssimo. Pensamos
em vez de priorizar os adultos pelo simples que, com a atual disposição expressa do
fato de estarem incluídos numa listagem, e ECA, passa a constituir dever dos pais
só por isso. adotivos dar ciência ao filho adotado sobre a
- Constituição do vínculo na adoção origem do vínculo entre eles, de forma a
A constituição do vínculo de adoção se dá garantir ao adotado o conhecimento de sua
por sentença judicial inscrita no registro origem biológica. A manutenção em segredo
mediante mandado, do qual não se expedirá da adoção inviabilizaria tal direito ao
certidão. A adoção desconstitui os vínculos adotado.
anteriores da criança ou adolescente com - Da irrevogabilidade da adoção
sua família biológica. Passa a constar no Vimos que a antiga previsão de
Registro de Nascimento o nome dos irrevogabilidade passou a estar prevista no
adotantes como pais, além do nome dos artigo 39, parágrafo 1º. Tal irrevogabilidade
progenitores, sem qualquer menção ou decorre de alguns fatores:
averbação relacionada à adoção, que é Proibição de desigualdade entre
origem do ato. Tal disposição visa à garantia filhos naturais e adotivos;
do direito constitucional à igualdade entre Constituição de vínculo ficto de
filhos naturais e adotivos. paternidade entre adotante e adotado;
- Do direito à ciência da origem biológica Natureza do Poder Familiar.
O artigo 48 do ECA trazia disposição acerca É justamente pela irrevogabilidade da
da irrevogabilidade da adoção, que agora adoção que o artigo 49 do ECA prevê que a
passa a fazer parte do parágrafo 1º do artigo morte dos pais adotantes não restabelece
39. A nova redação do artigo 48 dispõe o poder familiar dos pais naturais. A morte
acerca de grande inovação relacionada à é causa de perda automática do Poder
adoção: o direito à ciência de origem Familiar. Com a morte dos pais adotivos, a
biológica. Tal direito é inerente ao direito de criança ou adolescente tem garantidos todos
personalidade. Assim, dispõe o artigo 48: os direitos inerentes aos filhos, como o
O adotado tem direito de conhecer sua direito sucessório. O que pode ocorrer, no
origem biológica, bem como de obter acesso entanto, é que a morte dos pais adotivos
irrestrito ao processo no qual a medida foi possibilitará que o menor fique com sua
aplicada e seus eventuais incidentes, após família extensa ou ampliada, entendidas
completar 18 (dezoito) anos. como a família dos pais adotivos.
Parágrafo único. O acesso ao Excepcionalmente, esse menor poderá ser
processo de adoção poderá ser também colocado em família substituta, lembrando
deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) que uma dessas modalidades é a adoção,
anos, a seu pedido, assegurada orientação que, portanto, poderá ocorrer por uma
e assistência jurídica e psicológica. segunda ou até mesmo terceira vez.
- Efeitos da adoção – momento e adoção
Tal disposição não significa direito ao póstuma
reconhecimento de paternidade e de O ECA traz duas disposições referentes aos
alimentos, tendo em vista que, como dito , a efeitos da adoção:
adoção desconstitui os vínculos anteriores Art. 47
com a família biológica. Torna-se, ...
especificamente, de direito de conhecer a § 7º A adoção produz seus efeitos a partir
sua origem biológica. Dessa forma, o do trânsito em julgado da sentença
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avaliação da equipe técnica da Justiça da Brasil somente terá lugar quando restar
Infância e da Juventude, com o apoio dos comprovado:
técnicos responsáveis pelo programa de I - que a colocação em família
acolhimento familiar ou institucional e pela substituta é a solução adequada ao caso
execução da política municipal de garantia concreto;
do direito à convivência familiar. II - que foram esgotadas todas as
Art. 197-D. Certificada nos autos a possibilidades de colocação da criança ou
conclusão da participação no programa adolescente em família substituta brasileira,
referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade após consulta aos cadastros mencionados
judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) no art. 50 desta Lei;
horas, decidirá acerca das diligências III - que, em se tratando de adoção de
requeridas pelo Ministério Público e adolescente, este foi consultado, por meios
determinará a juntada do estudo adequados ao seu estágio de
psicossocial, designando, conforme o caso, desenvolvimento, e que se encontra
audiência de instrução e julgamento. preparado para a medida, mediante parecer
Parágrafo único. Caso não sejam elaborado por equipe interprofissional,
requeridas diligências, ou sendo essas observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art.
indeferidas, a autoridade judiciária 28 desta Lei.
determinará a juntada do estudo § 2 o Os brasileiros residentes no
psicossocial, abrindo a seguir vista dos exterior terão preferência aos estrangeiros,
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) nos casos de adoção internacional de
dias, decidindo em igual prazo. criança ou adolescente brasileiro.
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o § 3 o A adoção internacional pressupõe
postulante será inscrito nos cadastros a intervenção das Autoridades Centrais
referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua Estaduais e Federal em matéria de adoção
convocação para a adoção feita de acordo internacional.
com ordem cronológica de habilitação e Art. 52. A adoção internacional
conforme a disponibilidade de crianças ou observará o procedimento previsto nos arts.
adolescentes adotáveis. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes
§ 1o A ordem cronológica das habilitações adaptações:
somente poderá deixar de ser observada I - a pessoa ou casal estrangeiro,
pela autoridade judiciária nas hipóteses interessado em adotar criança ou
previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, adolescente brasileiro, deverá formular
quando comprovado ser essa a melhor pedido de habilitação à adoção perante a
solução no interesse do adotando. Autoridade Central em matéria de adoção
§ 2o A recusa sistemática na adoção das internacional no país de acolhida, assim
crianças ou adolescentes indicados entendido aquele onde está situada sua
importará na reavaliação da habilitação residência habitual;
concedida. II - se a Autoridade Central do país de
- Adoção internacional acolhida considerar que os solicitantes estão
Art. 51. Considera-se adoção internacional habilitados e aptos para adotar, emitirá um
aquela na qual a pessoa ou casal postulante relatório que contenha informações sobre a
é residente ou domiciliado fora do Brasil, identidade, a capacidade jurídica e
conforme previsto no Artigo 2 da Convenção adequação dos solicitantes para adotar, sua
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à situação pessoal, familiar e médica, seu
Proteção das Crianças e à Cooperação em meio social, os motivos que os animam e
Matéria de Adoção Internacional, aprovada sua aptidão para assumir uma adoção
pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de internacional;
janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto III - a Autoridade Central do país de
no 3.087, de 21 de junho de 1999. acolhida enviará o relatório à Autoridade
§ 1 o A adoção internacional de criança Central Estadual, com cópia para a
ou adolescente brasileiro ou domiciliado no Autoridade Central Federal Brasileira;
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que buscam garantir a eficácia de tais pelo legislador justamente levando em conta
princípios. o prazo máximo de três anos. Se não
Em apreço ao princípio da brevidade, a houvesse a possibilidade de aplicação da
medida de internação, embora não tenha internação até os 21 anos, o adolescente
prazo determinado na sentença pelo juiz, que praticasse o ato próximo à data de
deverá ser cumprida, em regra, por um completar a maioridade provavelmente não
prazo máximo de três anos. Dizemos em receberia a medida. O legislador pensou em
regra porque o ECA prevê alguns outros atingir até mesmo o adolescente que
prazos de grande importância. Dessa forma, deixasse para praticar o ato infracional no
existe a previsão no ECA dos seguintes último momento antes de completar a
prazos máximos: maioridade.
a) Três anos: prazo estabelecido pelo Seja qual for o motivo da desinternação,
art. 121, par. 3º; essa somente será realizada mediante
b) 45 dias: prazo estabelecido no art. decisão judicial fundamentada, não
108 para a internação provisória; sendo automática em nenhuma hipótese.
c) Três meses: prazo estabelecido no Caso o adolescente não seja liberado ao
par. 1º do art. 122, relativo à medida de completar três anos de internação ou
internação sanção, pelo descumprimento de quando atingir 21 anos, passará a existir
medida anteriormente imposta de forma ilegal privação de liberdade, sendo cabível
injustificada e reiterada; habeas corpus. Também será cabível o writ
d) Seis meses: prazo máximo no caso de inadequação da medida de
estabelecido para a reavaliação da medida internação, caso em que se admite a
de internação. progressão para semiliberdade ou até
Com isso, podemos afirmar que a mesmo para liberdade assistida.
internação é medida privativa de Rafael, na véspera de seu aniversário de 18
liberdade que não comporta prazo anos, deu um tiro em Carlos, que morreu em
determinado na sentença, mas que virtude do ferimento 10 dias depois. Como
comporta prazo máximo de três anos Rafael responderá pelo ato praticado?
para que o adolescente permaneça Resposta: Levando-se em conta que tanto o
internado, desde que tenha sido Código Penal quanto o ECA adotam a teoria
reavaliada mediante decisão da atividade, considera-se a idade de Rafael
fundamentada no máximo a cada seis no momento da conduta (artigo 104 do
meses. A reavaliação é direito subjetivo do ECA). Dessa forma, Rafael praticou ato
adolescente, sendo cabível a impetração de infracional e não crime, sendo cabível
mandado de segurança para que ela seja medida socioeducativa. Considerando o ato
realizada, pois possibilitará que o ter sido praticado mediante violência, é
adolescente seja desinternado assim que a possível a medida de internação, que
medida não se mostre mais necessária. poderá perdurar por até três anos, desde
Também tem sido aceita a impetração de que não ultrapasse o limite de 21 anos de
habeas corpus e deferida a ordem para idade de Rafael.
realização da reavaliação. Poderia Rafael ser internado após os 18
Atingido o prazo máximo de três anos, o anos?
adolescente será liberado ou passará a Resposta: É controvertida tal possibilidade.
cumprir medida de semiliberdade ou de Entendimento favorável à defesa seria pela
liberdade assistida, caso a medida impossibilidade da internação, 8 sendo ela
socioeducativa não tenha atingido sua considerada anacrônica e sem
finalidade. potencialidade para surtir os efeitos
O prazo máximo de três anos deve ser preconizados se determinada após os 18
analisado conjuntamente com a idade anos. Só poderia perdurar após os 18 anos,
máxima permitida para o cumprimento da
internação, que é de 21 anos, consoante 8
Neste sentido, Yussef Cahali, JTJ-LEX
disposto no parágrafo 5º do artigo 121. 169/107.
Tal limite máximo de idade foi estabelecido
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mas não poderia ser iniciada após esta adolescente que já tenha concluído
idade. Não entendemos dessa forma. cumprimento de medida socioeducativa
Considerando o espírito da lei e o objetivo dessa natureza, ou que tenha sido
da medida de internação, que é, sobretudo, transferido para cumprimento de medida
o de educar e reintegrar à sociedade, menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos
pensamos ser possível a internação após os por aqueles aos quais se impôs a medida
18 anos, desde que o ato infracional tenha socioeducativa extrema.
sido praticado antes dos 18, pois, caso o Com base no disposto no artigo 45,
agente já tenha atingido tal idade, ele será parágrafo 1º da Lei 12594/12, poderá a
considerado imputável, praticará crime e medida de internação ultrapassar 03 anos,
poderá ser-lhe aplicada pena. Caso já tenha desde que por mais de um ato infracional
completado 18 anos, poderá incidir a seu praticado.
favor circunstância atenuante prevista no Passemos à análise do princípio da
artigo 65, I, do Código Penal. excepcionalidade. De acordo com esse
princípio, por ser considerada a mais grave,
O que se entende por prescrição a mais drástica das medidas, a medida de
educativa e executiva no ECA? internação somente pode ser aplicada nos
Resposta: Trata-se da impossibilidade de casos expressos de forma taxativa,
continuidade da medida de internação após exaustiva no artigo 122 do ECA. Eventual
os 21 anos daquele que praticou ato sentença que estabeleça a medida de
infracional antes dos 18 anos, ficando internação fora dos casos previstos no artigo
obstada a execução da medida 122 será nula, por violação literal de
socioeducativa. disposição de lei. Sendo assim, não basta a
Muito embora o ECA disponha que o prazo gravidade em abstrato ou em concreto do
máximo da medida de internação seja de ato infracional para fundamentar a referida
três anos, com o advento da Lei 12.594/12, medida, pois o juiz só poderá determinar a
a prática de ato infracional posteriormente internação quando:
ao início da execução de medida a) O ato infracional for praticado com
anteriormente imposta pode desafiar nova violência ou grave ameaça à pessoa;
medida, caso em que o prazo máximo de b) Houver reiteração em atos
três anos se dará em razão de cada medida, infracionais dotados de gravidade;
desde que a idade limite de 21 anos não c) A medida anteriormente imposta ao
deixe de ser observada: adolescente for descumprida de forma
Art. 45. Se, no transcurso da execução, injustificável e reiterada, caso em que vimos
sobrevier sentença de aplicação de nova que a internação substitutiva terá o prazo
medida, a autoridade judiciária procederá à máximo de três meses.
unificação, ouvidos, previamente, o
Ministério Público e o defensor, no prazo de Nesta última hipótese, com alteração
3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em promovida pela Lei 12.594/12, passa a
igual prazo. dispor o parágrafo 1º do artigo 122 que:
§ 1º É vedado à autoridade judiciária O prazo de internação na hipótese do inciso
determinar reinício de cumprimento de III deste artigo não poderá ser superior a 3
medida socioeducativa, ou deixar de (três) meses, devendo ser decretada
considerar os prazos máximos, e de judicialmente após o devido processo legal.
liberação compulsória previstos na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (E s tatuto da Ou seja, muito embora antes fosse aplicada
Criança e do Adolescente), excetuada a a súmula 265 do STJ para se exigir a prévia
hipótese de medida aplicada por ato oitiva do adolescente, de forma que lhe
infracional praticado durante a fosse dada a possibilidade de se justificar,
execução. agora a lei, ao alterar o ECA vai adiante,
§ 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar exigindo o devido processo legal para
nova medida de internação, por atos aplicar a medida na hipótese do inciso III,
infracionais praticados anteriormente, a pelo prazo máximo de três meses.
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Dispõe ainda o artigo 43 da Lei 12.594/12: separação por critérios de idade, compleição
§ 4o A substituição por medida mais física e gravidade da infração. Durante todo
gravosa somente ocorrerá em situações o período de internação, inclusive provisória,
excepcionais, após o devido processo legal, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 Com base na disposição desse artigo,
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 questiona-se o que ocorre com o
(Estatuto da Criança e do Adolescente), e adolescente que pratica ato infracional que
deve ser: desafie a internação, não havendo
I - fundamentada em parecer técnico; estabelecimento próprio para o cumprimento
II - precedida de prévia audiência, e nos da medida.
termos do § 1o do art. 42 desta Lei. Internação e acolhimento não se
Exigência do parágrafo 1º do artigo 42: confundem. O acolhimento, atualmente
§ 1o A audiência será instruída com o previsto no artigo 101 com a nomenclatura
relatório da equipe técnica do programa de alterada para “acolhimento institucional”,
atendimento sobre a evolução do plano de possui natureza de lar coletivo, medida
que trata o art. 52 desta Lei e com qualquer protetiva que não consiste em privação da
outro parecer técnico requerido pelas partes liberdade, funcionando tão-somente de
e deferido pela autoridade judiciária. forma provisória e como transição para a
O plano a que se refere o artigo 52 é o plano colocação em família substituta.
de atendimento individual (PIA), que A medida de internação é regulamentada
também estudaremos no procedimento de pela Resolução nº 46 do CONANDA, que
apuração e execução das medidas determina que a instituição de acolhimento
socioeducativas. não deve atender mais de 40 internos.
O Superior Tribunal de Justiça vem O artigo 124 elenca os direitos do
decidindo que o tráfico de drogas praticado adolescente privado da liberdade. O rol é, no
por adolescente não possibilita, por si só, a entanto, meramente exemplificativo. A Lei
incidência de medida de internação, exceto 12.594/12 elenca ainda, também em rol
se a análise do caso concreto levar a uma exemplificativo, direitos para todos os
das situações acima previstas. Vem adolescentes que cumpram medidas
decidindo o Tribunal, portanto, pela socioeducativas, como poderemos verificar
possibilidade de internação se houver no capítulo referente ao procedimento
reiteração no cometimento de atos relacionado à apuração e execução das
infracionais graves. medidas socioeducativas.
Vejamos o enunciado 492: Art. 124. São direitos do adolescente privado
O ato infracional análogo ao tráfico de de liberdade, entre outros, os seguintes:
drogas, por si só, não conduz I - entrevistar-se pessoalmente com o
obrigatoriamente à imposição de medida representante do Ministério Público;
socioeducativa de internação do II - peticionar diretamente a qualquer
adolescente autoridade;
Caso o adolescente fuja do estabelecimento III - avistar-se reservadamente com seu
de internação, assim que apreendido, ele defensor;
dará prosseguimento ao cumprimento da IV - ser informado de sua situação
medida, exceto se praticar novo ato processual, sempre que solicitada;
infracional que desafie a internação. Nesse V - ser tratado com respeito e dignidade;
caso, é iniciada nova medida pelo ato VI - permanecer internado na mesma
praticado, não podendo haver soma que localidade ou naquela mais próxima ao
possibilite ao adolescente permanecer domicílio de seus pais ou responsável;
internado por mais de três anos ou além dos VII - receber visitas, ao menos,
21 anos de idade. semanalmente;
Determina o artigo 123 que a medida de VIII - corresponder-se com seus familiares e
internação deverá ser cumprida em entidade amigos;
exclusiva para adolescentes, em local IX - ter acesso aos objetos necessários à
distinto do destinado ao, obedecida rigorosa higiene e asseio pessoal;
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