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OAB XIX EXAME – 1ª FASE

ECA – Material de Apoio
Cristiane Dupret

Acompanhe dicas no Persicope:  Lei 13106/15  –  Revoga a


Cristiane Dupret contravenção penal do artigo 63 da LCP e
BIBLIOGRÁFICA: CURSO DE
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: altera o artigo 243 do ECA
DIREITO DA CRIANÇA E DO  Arts. 226 e 227 da CF e art. 7º,
 A D OL E S C E NTE 
NT E . 3ª. Edição. Cristiane XXXIII da CF
Dupret, 2015, Editora Letramento.  Súmulas 108, 265, 338, 342, 383,
492 e 500 do STJ
Leis importantes 
importantes  para o estudo do Vejamos os enunciados acima
conteúdo da disciplina Direito da Criança mencionados:
e do Adolescente:
Adolescente:
 Lei 8069/90  –  ECA (Estatuto da Súmula 108:
Criança e do Adolescente)
Adolescente)  A aplicação de medidas socio-educativas
socio-educativas ao
 Leis alteradoras do ECA: adolescente, pela pratica de ato infracional,
 Lei 12010/09 (já incorporada no e da competencia exclusiva do juiz.
ECA)
 Lei 12015/09 (já incorporada no Súmula 265:
ECA) É necessária a oitiva do menor infrator antes
 Lei 11829/08 (já incorporada no de decretar-se a regressão da medida sócio-
ECA) educativa.
 Lei 12415/11 (já incorporada no
ECA) Súmula 338:
 Lei 12594/12 (Alterou os artigos 90,  A prescrição penal é aplicável nas medidas
122, parágrafo 1º, incluiu o parágrafo 7º sócio-educativas.
no artigo 121, alterou o caput e inciso II
do artigo 198, incluiu o inciso X no artigo Súmula 342:
208 e alterou o artigo 260 do ECA. Dispõe No procedimento para aplicação de medida
acerca da execução das medidas sócio-educativa, é nula adesistência de
socioeducativas e deve ser estudada em outras provas em face da confissão do
conjunto com o ECA) adolescente.
 Lei 12696/12 (Alterou os artigos
132, 134, 135 e 139) Súmula 383:
 Lei 12955/13 - Acrescenta § 9o ao  A competência para processar e julgar as
art. 47 da Lei no 8.069, de 13 de julho de ações conexas de interessede menor é, em
1990 (Estatuto da Criança e do princípio, do foro do domicílio do detentor de
Adolescente), para estabelecer prioridade sua guarda.
de tramitação aos processos de adoção
em que o adotando for criança ou Súmula 492:
adolescente com deficiência ou com O ato infracional análogo ao tráfico de
doença crônica. drogas, por si só, não conduz
 Lei 12962/14  –  Dispões sobre obrigatoriamente à imposição de medida
direitos de crianças e adolescentes filhos socioeducativa de internação do
de pais privados da liberdade adolescente.
 Lei 13010/14  –  Lei Menino
Bernardo, vedando castigos físicos e Súmula 500:
tratamento cruel ou degradante  A configuração do crime do art. 244-B do
ECA independe da prova da efetiva
 Lei 13046 / 14 – Obriga entidades a corrupção do menor, por se tratar de delito
terem, em seus quadros, pessoal formal.
capacitado para reconhecer e reportar
maus-tratos de crianças e adolescentes.
Inclui os artigos 70 B, 94 A e o inciso XII No que tange às alterações legislativas,
no artigo 136 do ECA importante destacar suas principais
disposições:

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formas de correção, disciplina, educação ou


 A Lei 12955/14  incluiu o parágrafo 9º no qualquer outro pretexto estarão sujeitos,
artigo 47, passando a prever que: sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
Terão prioridade de tramitação os processos seguintes medidas, que serão aplicadas de
de adoção em que o adotando for criança ou acordo com a gravidade do caso:
adolescente com deficiência ou com doença
crônica. I - encaminhamento a programa oficial ou
comunitário de proteção à família;
Dentre outras alterações, a Lei 12962/14 II - encaminhamento a tratamento
incluiu o parágrafo 2º no artigo 23 do ECA, psicológico ou psiquiátrico;
psiquiátrico;
estabelecendo
estabelecendo que: III - encaminhamento a cursos ou programas
 A condenação criminal do pai ou da mãe de orientação;
não implicará a destituição do poder familiar, IV - obrigação de encaminhar a criança a
exceto na hipótese de condenação por crime tratamento especializado;
especializado;
doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o V - advertência.
advertência.
próprio filho ou filha. Parágrafo
Parágraf o único. As medidas previstas
neste artigo serão aplicadas pelo Conselho
 A lei 13010/14 alterou o artigo 18 do ECA. Tutelar, sem prejuízo de outras providências
Vejamos: legais.”
“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o
direito de ser educados e cuidados sem o  A referida lei também
também incluiu no
no ECA o artigo
uso de castigo físico ou de tratamento cruel 70A e alterou o artigo 13. Vejamos:
ou degradante, como formas de correção,
disciplina, educação ou qualquer outro  Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da Federal e os Municípios deverão atuar de
família ampliada, pelos responsáveis, pelos forma articulada na elaboração de políticas
agentes públicos executores de medidas públicas e na execução de ações destinadas
socioeducativas ou por qualquer pessoa a coibir o uso de castigo físico ou de
encarregada de cuidar deles, tratá-los, tratamento cruel ou degradante e difundir
educá-los ou protegê-los. formas não violentas de educação de
Parágrafo único. Para os fins desta desta Lei,
Lei, crianças e de adolescentes, tendo como
considera-se: principais ações:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar I - a promoção de campanhas educativas
ou punitiva aplicada com o uso da força permanentes para a divulgação do direito da
física sobre a criança ou o adolescente que criança e do adolescente de serem
resulte em: educados e cuidados sem o uso de castigo
a) sofrimento físico; ou físico ou de tratamento cruel ou degradante
b) lesão; e dos instrumentos de proteção aos direitos
II - tratamento cruel ou degradante: conduta humanos;
ou forma cruel de tratamento em relação à II - a integração com os órgãos do Poder
criança ou ao adolescente
adolescente que: Judiciário, do Ministério Público e da
a) humilhe; ou Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar,
b) ameace gravemente; ou com os Conselhos de Direitos da Criança e
c) ridicularize.”
ridicularize.” do Adolescente e com as entidades não
governamentais que atuam na promoção,
“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família proteção e defesa dos direitos da criança e
ampliada, os responsáveis, os agentes do adolescente;
adolescente;
públicos executores de medidas III - a formação continuada e a capacitação
socioeducativas ou qualquer pessoa dos profissionais de saúde, educação e
encarregada de cuidar de crianças e de assistência social e dos demais agentes que
adolescentes, tratá-los, educá-los ou atuam na promoção, proteção e defesa dos
protegê-los que utilizarem castigo físico ou direitos da criança e do adolescente para o
tratamento cruel ou degradante como desenvolvimento das competências

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formas de correção, disciplina, educação ou


 A Lei 12955/14  incluiu o parágrafo 9º no qualquer outro pretexto estarão sujeitos,
artigo 47, passando a prever que: sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
Terão prioridade de tramitação os processos seguintes medidas, que serão aplicadas de
de adoção em que o adotando for criança ou acordo com a gravidade do caso:
adolescente com deficiência ou com doença
crônica. I - encaminhamento a programa oficial ou
comunitário de proteção à família;
Dentre outras alterações, a Lei 12962/14 II - encaminhamento a tratamento
incluiu o parágrafo 2º no artigo 23 do ECA, psicológico ou psiquiátrico;
psiquiátrico;
estabelecendo
estabelecendo que: III - encaminhamento a cursos ou programas
 A condenação criminal do pai ou da mãe de orientação;
não implicará a destituição do poder familiar, IV - obrigação de encaminhar a criança a
exceto na hipótese de condenação por crime tratamento especializado;
especializado;
doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o V - advertência.
advertência.
próprio filho ou filha. Parágrafo
Parágraf o único. As medidas previstas
neste artigo serão aplicadas pelo Conselho
 A lei 13010/14 alterou o artigo 18 do ECA. Tutelar, sem prejuízo de outras providências
Vejamos: legais.”
“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o
direito de ser educados e cuidados sem o  A referida lei também
também incluiu no
no ECA o artigo
uso de castigo físico ou de tratamento cruel 70A e alterou o artigo 13. Vejamos:
ou degradante, como formas de correção,
disciplina, educação ou qualquer outro  Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da Federal e os Municípios deverão atuar de
família ampliada, pelos responsáveis, pelos forma articulada na elaboração de políticas
agentes públicos executores de medidas públicas e na execução de ações destinadas
socioeducativas ou por qualquer pessoa a coibir o uso de castigo físico ou de
encarregada de cuidar deles, tratá-los, tratamento cruel ou degradante e difundir
educá-los ou protegê-los. formas não violentas de educação de
Parágrafo único. Para os fins desta desta Lei,
Lei, crianças e de adolescentes, tendo como
considera-se: principais ações:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar I - a promoção de campanhas educativas
ou punitiva aplicada com o uso da força permanentes para a divulgação do direito da
física sobre a criança ou o adolescente que criança e do adolescente de serem
resulte em: educados e cuidados sem o uso de castigo
a) sofrimento físico; ou físico ou de tratamento cruel ou degradante
b) lesão; e dos instrumentos de proteção aos direitos
II - tratamento cruel ou degradante: conduta humanos;
ou forma cruel de tratamento em relação à II - a integração com os órgãos do Poder
criança ou ao adolescente
adolescente que: Judiciário, do Ministério Público e da
a) humilhe; ou Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar,
b) ameace gravemente; ou com os Conselhos de Direitos da Criança e
c) ridicularize.”
ridicularize.” do Adolescente e com as entidades não
governamentais que atuam na promoção,
“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família proteção e defesa dos direitos da criança e
ampliada, os responsáveis, os agentes do adolescente;
adolescente;
públicos executores de medidas III - a formação continuada e a capacitação
socioeducativas ou qualquer pessoa dos profissionais de saúde, educação e
encarregada de cuidar de crianças e de assistência social e dos demais agentes que
adolescentes, tratá-los, educá-los ou atuam na promoção, proteção e defesa dos
protegê-los que utilizarem castigo físico ou direitos da criança e do adolescente para o
tratamento cruel ou degradante como desenvolvimento das competências

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necessárias à prevenção, à identificação de assistência ou guarda de crianças e


evidências, ao diagnóstico e ao adolescentes, punível, na forma deste
enfrentamento de todas as formas de Estatuto, o injustificado retardamento ou
violência contra a criança e o adolescente; omissão, culposos ou dolosos.”
IV - o apoio e o incentivo às práticas de
resolução pacífica de conflitos que envolvam Inclusão do Art. 94-A. As entidades,
violência contra a criança e o adolescente; públicas ou privadas, que abriguem ou
V - a inclusão, nas políticas públicas, de recepcionem crianças e adolescentes, ainda
ações que visem a garantir os direitos da que em caráter temporário, devem ter, em
criança e do adolescente, desde a atenção seus quadros, profissionais capacitados a
pré-natal, e de atividades junto aos pais e reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
responsáveis com o objetivo de promover a suspeitas ou ocorrências de maus- tratos.”
informação, a reflexão, o debate e a
orientação sobre alternativas ao uso de  Alteração do Art. 136, incluindo seu inciso
castigo físico ou de tratamento cruel ou XX:
degradante no processo educativo;
VI - a promoção de espaços intersetoriais XII - promover e incentivar, na comunidade e
locais para a articulação de ações e a nos grupos profissionais, ações de
elaboração de planos de atuação conjunta divulgação e treinamento para o
focados nas famílias em situação de reconhecimento
reconhecimento de sintomas de maus-tratos
violência, com participação de profissionais em crianças e adolescentes.
de saúde, de assistência social e de
educação e de órgãos de promoção, Comentaremos a Lei 13106/15  ao final da
proteção e defesa dos direitos da criança e apostila, na parte referente aos crimes
do adolescente.
adolescente. previstos no ECA.
Parágrafo único.
único. As famílias
famílias com crianças
crianças e
adolescentes com deficiência terão CONCEITOS IMPORTANTES
prioridade de atendimento nas ações e
políticas públicas de prevenção e proteção. DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
O ECA é regido pela Doutrina da
 Art. 13. Os casos de suspeita ou Proteção integral e pelo princípio do
confirmação de castigo físico, de tratamento melhor interesse do menor.
cruel ou degradante e de maus-tratos contra Art.1º ECA  –  Doutrina da proteção
criança ou adolescente serão integral  –  foi adotada no lugar da antiga
obrigatoriamente comunicados ao Conselho doutrina que era o parâmetro do antigo
Tutelar da respectiva localidade, sem código de menores (Lei 6697/79). O objetivo
prejuízo de outras providências legais. da antiga lei era tão somente tratar das
situações dos menores infratores. Com a
Vejamos as alterações promovidas pela Lei revogação dessa lei e com entrada em vigor
13046/14: do ECA consagra a adoção da doutrina da
Inclusão do artigo Art. 70-B. As entidades,
entidades, proteção integral e o ECA vai se dirigir a
públicas e privadas, que atuem nas áreas a toda e qualquer criança e adolescente, ou
que se refere o art. 71, dentre outras, devem seja, em situação regular ou situações de
contar, em seus quadros, com pessoas risco. Logo, fica superada a antiga doutrina
capacitadas a reconhecer e comunicar ao da situação irregular
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de
maus-tratos praticados contra crianças e CONCEITO DE CRIANÇA E
adolescentes. ADOLESCENTE
Parágrafo único. São igualmente Art.2º do ECA  –  conceitua criança como
responsáveis pela comunicação de que trata pessoa que tem até 12 anos incompletos
este artigo, as pessoas encarregadas, por e adolescente quem tem entre 12 e 18
razão de cargo, função, ofício, ministério, anos de idade. Esses 18 anos são
profissão ou ocupação, do cuidado, incompletos. Aquele que completa 18 anos

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passa a ter plena capacidade, não sendo em criança ou adolescente que se encontre
regra, aplicado o ECA. Este apenas será em situação de risco, sendo, em regra, o
aplicado excepcionalmente aos maiores de Conselho Tutelar a autoridade
18 anos, nos termos do que dispõe o competente para sua aplicação, com
parágrafo único do art. 2º. É o caso do exceção da colocação em família
previsto no art. 121, par. 5º . substituta e do acolhimento familiar .
 As regras relacionadas ao Conselho Tutelar
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO sofreram algumas alterações pela Lei
O art. 6º do ECA traz as diretrizes para sua 12.696/12.
interpretação, o que acaba por consagrar a O ECA dispõe acerca do Conselho
regra de que sempre deve ser observado o Tutelar a partir do seu artigo 131. Os
melhor interesse do menor, já que o ECA é artigos 132, 134, 135 e 139 do ECA (Lei
formado por regras protetivas à criança e 8.069/90) foram alterados pela Lei
adolescente. 12.696/12, que entrou em vigor no dia 26
 Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se- de julho de 2012, trazendo substanciais
ão em conta os fins sociais a que ela se modificações quanto ao Conselho Tutelar.
dirige, as exigências do bem comum, os Podemos estabelecer que as modificações
direitos e deveres individuais e coletivos, e a disseram respeito aos seguintes
condição peculiar da criança e do aspectos:
adolescente como pessoas em  Local de constituição do Conselho
desenvolvimento. Tutelar
 Tempo de mandato dos Conselheiros
SITUAÇÕES DE RISCO E MEDIDAS DE  Esclarecimento quanto ao conceito
PROTEÇÃO do termo recondução
Situações de risco (art.98 do ECA)  – as  Ampliação dos direitos dos
medidas de proteção são aplicadas Conselheiros
sempre que os direitos previstos no ECA  Retirada da prerrogativa de prisão
forem ameaçados ou violados: especial, com a pequena alteração do artigo
 Sempre que houver ação ou omissão 135, mantendo as demais prerrogativas
do estado ou da sociedade;  Instituição de regras para o processo
 Falta, abuso, omissão dos pais ou de escolha dos Membros do Conselho
responsável; Tutelar, com unificação em todo o território
 Em razão de sua conduta. nacional de data de eleição e posse
 Antes da alteração legislativa, o artigo 132
estabelecia que “Em cada Município haverá,
Cuidado para não confundir as medidas no mínimo, um Conselho Tutelar composto
de proteção com as medidas de cinco membros, escolhidos pela
socioeducativas. Vejamos abaixo um comunidade local para mandato de três
quadro esquemático com as principais anos, permitida uma recondução”. Ocorre
distinções entre as medidas de proteção e que a lei não esclarecia como se dava essa
as socioeducativas: recondução, o que era explicitado pela
Medidas de proteção Resolução 139 do CONANDA, que em seu
Medidas Socioeducativas
Destinatários Crianças e adolescentes artigo 6º, parágrafo 1º já trazia a previsão de
Adolescentes
que a recondução seria feita mediante novo
Cabimento Situações de risco (art. 98) Prática
processode ato
de infracional (art.98, III) o que
escolha, exatamente
Rol Exemplificativo passa a dispor a nova redação do artigo
Taxativo
art. 136, I, art. 148, III, e 132:
Autoridade Competente parágrafo único  Art. 132.I Em cada Município e em cada
art. 148,
Região Administrativa do Distrito Federal
Dessa forma, podemos estabelecer que as haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
medidas de proteção previstas no artigo como órgão integrante da administração
101 podem ser aplicadas a qualquer  pública local, composto de 5 (cinco)

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membros, escolhidos pela população local inclusive quanto à remuneração dos


 para mandato de 4 (quatro) anos, permitida respectivos membros, aos quais é
1 (uma) recondução, mediante novo assegurado o direito a:
 processo de escolha. I - cobertura previdenciária;
II - gozo de férias anuais remuneradas,
Outra questão que o ECA não esclarecia era acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da
a natureza deste Órgão, se ele integrava a remuneração mensal;
 Administração Pública. O que agora se III - licença-maternidade;
encontra expressamente previsto no ECA, IV - licença-paternidade;
como percebemos acima, na redação do V - gratificação natalina.
artigo 132, também já integrava a Resolução Parágrafo único. Constará da lei
139 do CONANDA (Conselho Nacional dos orçamentária municipal e da do Distrito
Direitos da Criança e do Adolescente), em Federal previsão dos recursos necessários
seu artigo 3º, que estabelecia que em cada ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
Município e no Distrito Federal, haveria no remuneração e formação continuada dos
mínimo um Conselho Tutelar, como órgão conselheiros tutelares.
da Administração Pública local. Desta forma, com as alterações, em cada
A inovação mais garantista aos membros Município e em cada região
dos Conselhos Tutelares se deu por meio administrativa do Distrito Federal haverá,
do artigo 134. A Resolução 139 do no mínimo, um Conselho Tutelar como
CONANDA trazia em alguns de seus artigos órgão integrante da Administração
a necessidade de adequação da legislação, Pública local, composto de cinco
para que fossem assegurados aos membros membros, escolhidos pela população
do Conselho Tutelar a remuneração pelo local para mandato de quatro anos,
exercício de sua função, assim como as permitida uma recondução, mediante
demais vantagens e direitos sociais novo processo de escolha.
assegurados aos demais servidores Lei municipal  ou distrital disporá sobre o
municipais (tendo em vista que ao ECA local, dia e horário de funcionamento do
citava que a lei municipal disporia sobre Conselho Tutelar, inclusive quanto à
“eventual remuneração). No entanto, as remuneração dos respectivos membros.
previsões contidas nos artigos 37 e 38 da O exercício efetivo da função de conselheiro
Resolução eram meramente diretrizes ao constituirá serviço público relevante e
Poder Público, que as implemetaria em nível estabelecerá presunção de idoneidade
local se assim o desejasse. Desta forma, na moral.
prática, era comum encontrar Municípios em O processo para a escolha dos membros do
que os Conselheiros Tutelares eram Conselho Tutelar será estabelecido em lei
remunerados e Municípios em que isso não municipal e realizado sob a responsabilidade
ocorria. do Conselho Municipal dos Direitos da
Com a alteração legislativa, além da Criança e do Adolescente, e a fiscalização
obrigatoriedade de remuneração, várias do Ministério Público.
outras garantias passam a ser Uma das principais inovações da Lei
asseguradas aos membros do Conselho 12.696/12 diz respeito à eleição dos
Tutelar, além da obrigatoriedade de membros do Conselho Tutelar, tendo em
previsão em lei orçamentária Municipal e vista que não existiam normas unificadas
do Distrito Federal para a remuneração e acerca do processo de escolha, data da
formação continuada dos membros do eleição e posse.
Conselho Tutelar , o que também já era um Passa a dispor o artigo 139:
ideal da Resolução 139 do CONANDA.  Art. 139. O processo para a escolha dos
 A tímida redação antiga do artigo 134 foi membros do Conselho Tutelar será
substituída pela seguinte disposição: estabelecido em lei municipal e realizado
 Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sob a responsabilidade do Conselho
sobre o local, dia e horário de Municipal dos Direitos da Criança e do
funcionamento do Conselho Tutelar,

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 Adolescente, e a fiscalização do Ministério  Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses


Público.  previstas no art. 98, a autoridade
§ 1o O processo de escolha dos membros competente poderá determinar, dentre
do Conselho Tutelar ocorrerá em data outras, as seguintes medidas:
unificada em todo o território nacional a cada I - encaminhamento aos pais ou
4 (quatro) anos, no primeiro domingo do responsável, mediante termo de
mês de outubro do ano subsequente ao da responsabilidade;
eleição presidencial. II - orientação, apoio e
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares acompanhamento temporários;
ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano III - matrícula e frequência1 obrigatórias
subsequente ao processo de escolha. em estabelecimento oficial de ensino
§ 3o No processo de escolha dos membros fundamental;
do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato IV - inclusão em programa comunitário
doar, oferecer, prometer ou entregar ao ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
eleitor bem ou vantagem pessoal de adolescente;
qualquer natureza, inclusive brindes de V - requisição de tratamento médico,
 pequeno valor.  psicológico ou psiquiátrico, em regime
hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou
De resto, não houve alteração. O ECA comunitário de auxílio, orientação e
continua trazendo requisitos para tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
candidatura ao Conselho Tutelar: idade VII - acolhimento
mínima de vinte e um anos, reconhecida institucional ; (Redação dada pela Lei
idoneidade e residir no mesmo Município. O 12.010, de 2009)
ECA também prevê alguns impedimentos. VIII - inclusão em programa de
Vejamos: acolhimento familiar; (Redação dada pela
 Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Lei 12.010, de 2009)
Conselho marido e mulher, ascendentes e IX - colocação em família
descendentes, sogro e genro ou nora, substituta. (Incluído pela Lei 12.010, de
irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e 2009)
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. O acolhimento familiar e o acolhimento
Parágrafo único. Estende-se o impedimento institucional são, além de excepcionais,
do conselheiro, na forma deste artigo, em provisórios. Sendo assim, a criança ou o
relação à autoridade judiciária e ao adolescente só devem permanecer
representante do Ministério Público com acolhidos como forma de transição, para a
atuação na Justiça da Infância e da reintegração em sua família natural ou
Juventude, em exercício na comarca, foro colocação em família substituta. Não há de
regional ou distrital. se confundir a medida de acolhimento
institucional com a medida socioeducativa
Quanto às medidas de proteção, o artigo de internação. A instituição de acolhimento
101 foi alterado pela Lei 12.010/2009. Com não caracteriza privação de liberdade; pelo
a reforma, passamos a ter o acolhimento contrário, trata-se de lar coletivo, sempre
institucional e o acolhimento familiar no lugar com o intuito de proteger a criança ou
da antiga previsão de abrigo. Além da adolescente.
referida alteração, o artigo passou a ser
composto por 12 parágrafos. Antes da Modalidades de colocação em família
reforma, havia apenas o parágrafo único, substituta
que dispunha acerca da excepcionalidade e 1. Guarda (art. 148, §único, “a” do
provisoriedade da medida de instituição de ECA) - só será competente o juiz da vara da
acolhimento. Vejamos o rol do artigo 101,
que elenca exemplificativamente as 1
 Grafia exigida pela reforma ortográfica
medidas de proteção: que suprimiu o emprego do trema.

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infância e juventude se houver situação de programa de acolhimento familiar) ou na


risco para o menor. instituição de acolhimento (antigo abrigo).
2. Tutela (art. 148, §único, “a” do Logo, assim fica a ordem:
ECA) - só será competente o juiz da vara da 1º família natural;
infância e juventude se houver situação de 2º família extensa;
risco para o menor. 3º família substituta, mas se não for possível
3. Adoção  – competência exclusiva do sua imediata colocação, a criança ou
 juiz da vara da infância e juventude (art.148, adolescente ficará provisória e
III ECA). transitoriamente em acolhimento familiar ou
institucional.
Art.101, VII e VIII -  saiu a palavra abrigo e A família voluntária  concorda em receber
colocação em família substituta, mas com o provisoriamente a criança ou adolescente
advento da lei 12010/09 no lugar do abrigo para depois colocar na família substituta.
entra a nomenclatura acolhimento Essa família que recebe criança como
institucional e acolhimento familiar e mantida família voluntaria tem preferência na
a colocação em família substituta, tendo adoção.
havido renumeração, do inciso VIII para o Prazo do acolhimento institucional  – 2
IX. A Lei 12010/09 realizou importantes anos.
alterações no ECA.
MODALIDADES DE COLOCAÇÃO EM
Lei 12010/09  –  dispõe sobre o FAMÍLIA SUBSTITUTA
aperfeiçoamento da sistemática relacionada Guarda
a garantia do direito a convivência familiar.  Art. 33. A guarda obriga a prestação de
A lei 12010/09 criou mais uma assistência material, moral e educacional à
modalidade de família que é a família criança ou adolescente, conferindo a seu
extensa ou ampliada. detentor o direito de opor-se a terceiros,
Família extensa ou ampliada  – é a inclusive aos pais. (Vide Lei 12.010, de
comunidade formada pelo menor com seus 2009) Vigência
parentes próximos, com os quais ele possua § 1º A guarda destina-se a regularizar a
relação de afinidade e afetividade. (art. 25,  posse de fato, podendo ser deferida, liminar
par. Único) ou incidentalmente, nos procedimentos de
Família natural  –  é a comunidade formada tutela e adoção, exceto no de adoção por
pelos pais com seus filhos. Ou só pai e filho estrangeiros.
ou só mãe e filho. (art. 25, caput) § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a
Quando o menor é criado pelo irmão guarda, fora dos casos de tutela e adoção,
mais velho, pelo tio, pelo primo, qual é  para atender a situações peculiares ou
esse tipo de família? Atualmente, família suprir a falta eventual dos pais ou
extensa ou ampliada. responsável, podendo ser deferido o direito
O ECA estabelece expressamente que o de representação para a prática de atos
menor deva permanecer na sua família determinados.
natural (art.19 do ECA)  – se  não pode § 3º A guarda confere à criança ou
estar com sua família natural, deve seguir a adolescente a condição de dependente,
ordem e colocar em família extensa ou  para todos os fins e efeitos de direito,
ampliada e caso não seja possível, deve ser inclusive previdenciários.
colocado em família substituta. § 4o Salvo expressa e fundamentada
Acolhimento institucional – é uma medida determinação em contrário, da autoridade
protetiva provisória como forma de transição  judiciária competente, ou quando a medida
para colocação em família substituta. Se o for aplicada em preparação para adoção, o
menor é afastado do convívio familiar e é deferimento da guarda de criança ou
recolhido pelo Conselho Tutelar, adolescente a terceiros não impede o
provisoriamente, como forma de transição exercício do direito de visitas pelos pais,
ficará na família voluntária (inclusão em assim como o dever de prestar alimentos,
que serão objeto de regulamentação

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específica, a pedido do interessado ou do 3) Guarda para atender situação


Ministério Público. (Incluído pela Lei 12.010, peculiar ou para suprir falta eventual
de 2009)
 Art. 34. O poder público estimulará, por São as hipóteses previstas no artigo 33,
meio de assistência jurídica, incentivos parágrafo 2o  –situação peculiar. Pode até
fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a mesmo implicar em responsabilidade sobre
forma de guarda, de criança ou adolescente o menor até os 18 anos de idade. Tal guarda
afastado do convívio familiar. (Redação pode por fim ao processo, decidindo com
dada pela Lei 12.010, de 2009) quem vai ficar o menor. No entanto, nada
§ 1o A inclusão da criança ou impede a revogação dessa guarda,
adolescente em programas de acolhimento consoante dispõe o artigo 35 do ECA. O que
familiar terá preferência a seu acolhimento prepondera é o interesse do menor, e não a
institucional, observado, em qualquer caso, pretensão dos pais ou do guardião. A perda
o caráter temporário e excepcional da ou a modificação da guarda poderá ser
medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela decretada nos mesmos autos do
Lei 12.010, de 2009) procedimento, consoante o disposto no
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo artigo 169, parágrafo único. Quanto à
a pessoa ou casal cadastrado no programa guarda para suprir falta eventual dos pais, é
de acolhimento familiar poderá receber a possível que, durante uma viagem de
criança ou adolescente mediante guarda, estudos, por exemplo, o menor esteja em
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta guarda com determinada pessoa, até que os
Lei . (Incluído pela Lei 12.010, de 2009) pais voltem a exercer a guarda.
 Art. 35. A guarda poderá ser revogada a
qualquer tempo, mediante ato judicial - Efeitos da guarda
fundamentado, ouvido o Ministério Público.
- Prestação de assistência material,
 A guarda não retira o poder familiar dos moral e educacional.
pais, diferentemente da tutela, que - Passa o menor a figurar como
pressupõe a perda ou a suspensão desse dependente para todos os fins e efeitos de
poder familiar. Já a adoção rompe com direito, inclusive previdenciários.
todos os vínculos anteriores.
 A questão deve passar, ainda, pela análise
da Lei 8.213/1993, em seu artigo 16,
- Espécies de guarda parágrafo 2o, que sofreu uma alteração em
1997, pela Lei 9.528, passando a não
1) Guarda para regularizar a posse de considerar o menor sob guarda como
fato equiparado a filho, mas apenas o enteado e
É possível que a criança ou adolescente já o menor tutelado. Mesmo para aqueles que
esteja sendo criado por alguém, que não entendem como possível a guarda para fins
possui o termo de guarda. O objetivo, nesta exclusivamente previdenciários,
modalidade de guarda, é tornar de direito posicionamento que praticamente não mais
uma situação meramente fática. se encontra na jurisprudência, o
recebimento de tais benefícios deve passar
2) Guarda liminar ou incidental no pela análise da modificação da lei. O fato
processo de adoção gerador do benefício é a morte do segurado.
 Artigo 33, parágrafo primeiro  –  guarda Dessa forma, deve-se levar em conta a lei
liminar ou incidental nos procedimentos de em vigor na data da morte do beneficiário.
tutela e adoção, exceto por estrangeiros. Se anterior à alteração legal, o menor sob
Com base nesse dispositivo, é possível que, guarda ainda poderia receber o beneficio.
durante o processo de adoção, os futuros Se posterior, não mais seria permitido, em
pais adotivos tenham a guarda da criança ou virtude da nova redação do parágrafo 2º.
adolescente.

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Há controvérsia na doutrina e na dever alimentar, salvo expressa e


 jurisprudência acerca do conflito existente fundamentada determinação em contrário,
entre o artigo 33, parágrafo 3º do ECA e a da autoridade judiciária competente, ou
ausência da previsão do menor sob guarda quando a medida for aplicada em
como beneficiário na lei previdenciária (Lei preparação para adoção.
8.213/91  –  artigo 16, alterado pela Lei
9.528/97). O STJ entende pela 5.3.2 – Tutela
preponderância da lei previdenciária, que  Art. 36. A tutela será deferida, nos termos
não inclui o menor sob guarda como da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito)
dependente do guardião. anos incompletos. (Redação dada pela Lei
12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. O deferimento da tutela
 pressupõe a prévia decretação da perda ou
- Guarda especial destinada a crianças e suspensão poder familiar e implica
adolescentes de difícil colocação necessariamente o dever de guarda.
(Expressão substituída pela Lei 12.010, de
O artigo 34 sofreu alteração pela Lei nº 2009)
12.010/2009. As antigas expressões “órfão  Art. 37. O tutor nomeado por
ou abandonado” foram substituídas por testamento ou qualquer documento
“afastado do convívio familiar”. autêntico, conforme previsto no parágrafo
único do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10
Dispõe o ECA que o poder público de janeiro de 2002 - Código Civil, deverá, no
estimulará, por meio de assistência jurídica,  prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da
incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sucessão, ingressar com pedido destinado
sob a forma de guarda, de criança ou ao controle judicial do ato, observando o
adolescente afastado do convívio familiar  procedimento previsto nos arts. 165 a 170
desta Lei. (Redação dada pela Lei 12.010,
de 2009)
- Competência Territorial Parágrafo único. Na apreciação do
 pedido, serão observados os requisitos
É fixada pelo domicílio dos pais ou  previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei,
responsável pela criança ou adolescente  – somente sendo deferida a tutela à pessoa
artigo 147, I, do Estatuto. À falta dos pais ou indicada na disposição de última vontade, se
responsável, pelo local onde se encontre a restar comprovado que a medida é
criança ou adolescente. vantajosa ao tutelando e que não existe
outra pessoa em melhores condições de
- Competência em razão da matéria assumi-la. (Redação dada pela Lei 12.010,
de 2009)
É prevista no art. 148, parágrafo único,  Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o
 Alínea a, sendo de competência da Justiça disposto no art. 24.
da Infância e Juventude apenas nos casos  A tutela é medida de colocação em família
de existência de situação de risco para a substituta que, diferentemente da guarda,
criança ou adolescente. É por isso, que pressupõe a morte dos pais, sua declaração
podemos verificar uma ação de guarda de ausência, qualquer outra forma de perda
tramitando na Vara de família ou na Justiça ou ainda suspensão do Poder Familiar.
da Infância e Juventude, dependendo se a
criança ou adolescente se encontra ou não  A Lei 12.010/2009 realizou duas alterações
em situação de risco. no ECA quanto à tutela. A primeira foi no
artigo 36, alterando o limite de idade para 18
- Visitação e alimentos anos, tornando letra da lei algo que já era
 A Lei nº 12.010/2009 incluiu no artigo 33 o aplicado desde o advento do novo Código
parágrafo 4º, passando a prever que a Civil. A segunda alteração foi realizada no
guarda não afasta o direito de visitação e o artigo 37, que antes dispunha sobre a

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especialização da hipoteca. Na vigência do  Art. 42. Podem adotar os maiores de


Código Civil de 1916, a especialização de 18 (dezoito) anos, independentemente do
hipoteca era obrigatória, mas passou a não estado civil.
se adequar à Constituição Federal de 1988. § 1º Não podem adotar os ascendentes
Com a vigência do novo Código Civil, a e os irmãos do adotando.
exigência de prestação de caução passou a § 2 o Para adoção conjunta, é
ser faculdade do juiz, que apenas deverá indispensável que os adotantes sejam
exigi-la se necessária ao superior interesse casados civilmente ou mantenham união
do menor. Ainda assim, apenas nos casos estável, comprovada a estabilidade da
em que o patrimônio do menor for de valor família.
considerável (artigo 1.745, parágrafo único, § 3º O adotante há de ser, pelo menos,
Código Civil). dezesseis anos mais velho do que o
Com a atual redação, o artigo 37 do ECA adotando.
passa a dispor sobre o pedido judicial de § 4o Os divorciados, os judicialmente
controle do ato, nos casos de tutor nomeado separados e os ex-companheiros podem
em testamento ou em outro documento adotar conjuntamente, contanto que
legítimo. Nesses casos, deve o tutor acordem sobre a guarda e o regime de
ingressar com tal pedido no prazo de 30 dias visitas e desde que o estágio de convivência
a contar da abertura da sucessão. Com isso, tenha sido iniciado na constância do período
a prestação de caução será regida pelo de convivência e que seja comprovada a
Código Civil nos termos do artigo 1.745. existência de vínculos de afinidade e
afetividade com aquele não detentor da
5.3.3 – Adoção guarda, que justifiquem a excepcionalidade
 Art. 39. A adoção de criança e de da concessão.
adolescente reger-se-á segundo o disposto § 5 o Nos casos do § 4o  deste artigo,
nesta Lei. desde que demonstrado efetivo benefício ao
§ 1 o A adoção é medida excepcional e adotando, será assegurada a guarda
irrevogável, à qual se deve recorrer apenas compartilhada, conforme previsto no art.
quando esgotados os recursos de 1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de
manutenção da criança ou adolescente na 2002 - Código Civil.
família natural ou extensa, na forma do § 6 o A adoção poderá ser deferida ao
 parágrafo único do art. 25 desta Lei. adotante que, após inequívoca manifestação
§ 2 o É vedada a adoção por de vontade, vier a falecer no curso do
 procuração.  procedimento, antes de prolatada a
 Art. 40. O adotando deve contar com, sentença.
no máximo, dezoito anos à data do pedido,  Art. 43. A adoção será deferida quando
salvo se já estiver sob a guarda ou tutela apresentar reais vantagens para o adotando
dos adotantes. e fundar-se em motivos legítimos.
 Art. 41. A adoção atribui a condição de  Art. 44. Enquanto não der conta de sua
filho ao adotado, com os mesmos direitos e administração e saldar o seu alcance, não
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o  pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou
de qualquer vínculo com pais e parentes, o curatelado.
salvo os impedimentos matrimoniais.  Art. 45. A adoção depende do
§ 1º Se um dos cônjuges ou consentimento dos pais ou do representante
concubinos adota o filho do outro, mantêm- legal do adotando.
se os vínculos de filiação entre o adotado e § 1º. O consentimento será dispensado
o cônjuge ou concubino do adotante e os em relação à criança ou adolescente cujos
respectivos parentes.  pais sejam desconhecidos ou tenham sido
§ 2º É recíproco o direito sucessório destituídos do poder familiar.
entre o adotado, seus descendentes, o § 2º. Em se tratando de adotando maior
adotante, seus ascendentes, descendentes de doze anos de idade, será também
e colaterais até o 4º grau, observada a necessário o seu consentimento.
ordem de vocação hereditária.

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 Art. 46. A adoção será precedida de § 7 o A adoção produz seus efeitos a
estágio de convivência com a criança ou  partir do trânsito em julgado da sentença
adolescente, pelo prazo que a autoridade constitutiva, exceto na hipótese prevista no §
 judiciária fixar, observadas as peculiaridades 6 o  do art. 42 desta Lei, caso em que terá
do caso. força retroativa à data do óbito.
§ 1o O estágio de convivência poderá § 8 o O processo relativo à adoção
ser dispensado se o adotando já estiver sob assim como outros a ele relacionados serão
a tutela ou guarda legal do adotante durante mantidos em arquivo, admitindo-se seu
tempo suficiente para que seja possível armazenamento em microfilme ou por outros
avaliar a conveniência da constituição do meios, garantida a sua conservação para
vínculo. consulta a qualquer tempo.
§ 2 o A simples guarda de fato não § 9º Terão prioridade de tramitação os
autoriza, por si só, a dispensa da realização  processos de adoção em que o adotando for
do estágio de convivência. criança ou adolescente com deficiência ou
§ 3o Em caso de adoção por pessoa com doença crônica.
ou casal residente ou domiciliado fora do  Art. 48. O adotado tem direito de
País, o estágio de convivência, cumprido no conhecer sua origem biológica, bem como
território nacional, será de, no mínimo, 30 de obter acesso irrestrito ao processo no
(trinta) dias. qual a medida foi aplicada e seus eventuais
§ 4o O estágio de convivência será incidentes, após completar 18 (dezoito)
acompanhado pela equipe interprofissional a anos.
serviço da Justiça da Infância e da Parágrafo único. O acesso ao
Juventude, preferencialmente com apoio dos  processo de adoção poderá ser também
técnicos responsáveis pela execução da deferido ao adotado menor de 18 (dezoito)
 política de garantia do direito à convivência anos, a seu pedido, assegurada orientação
familiar, que apresentarão relatório e assistência jurídica e psicológica.
minucioso acerca da conveniência do  Art. 49. A morte dos adotantes não
deferimento da medida. restabelece o poder familiar dos pais
 Art. 47. O vínculo da adoção constitui- naturais.
se por sentença judicial, que será inscrita no  Art. 50. A autoridade judiciária manterá,
registro civil mediante mandado do qual não em cada comarca ou foro regional, um
se fornecerá certidão. registro de crianças e adolescentes em
§ 1º A inscrição consignará o nome dos condições de serem adotados e outro de
adotantes como pais, bem como o nome de  pessoas interessadas na adoção.
seus ascendentes. § 1º O deferimento da inscrição dar-se-
§ 2º O mandado judicial, que será á após prévia consulta aos órgãos técnicos
arquivado, cancelará o registro original do do juizado, ouvido o Ministério Público.
adotado. § 2º Não será deferida a inscrição se o
§ 3o A pedido do adotante, o novo interessado não satisfazer os requisitos
registro poderá ser lavrado no Cartório do legais, ou verificada qualquer das hipóteses
Registro Civil do Município de sua  previstas no art. 29.
residência. § 3o A inscrição de postulantes à
§ 4o Nenhuma observação sobre a adoção será precedida de um período de
origem do ato poderá constar nas certidões  preparação psicossocial e jurídica, orientado
do registro.  pela equipe técnica da Justiça da Infância e
§ 5 o A sentença conferirá ao adotado o da Juventude, preferencialmente com apoio
nome do adotante e, a pedido de qualquer dos técnicos responsáveis pela execução da
deles, poderá determinar a modificação do  política municipal de garantia do direito à
 prenome. convivência familiar.
§ 6 o Caso a modificação de prenome § 4o Sempre que possível e
seja requerida pelo adotante, é obrigatória a recomendável, a preparação referida no § 3 o
oitiva do adotando, observado o disposto deste artigo incluirá o contato com crianças
nos §§ 1o e 2 o do art. 28 desta Lei. e adolescentes em acolhimento familiar ou

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institucional em condições de serem guarda de família cadastrada em programa


adotados, a ser realizado sob a orientação, de acolhimento familiar.
supervisão e avaliação da equipe técnica da § 12. A alimentação do cadastro e a
Justiça da Infância e da Juventude, com convocação criteriosa dos postulantes à
apoio dos técnicos responsáveis pelo adoção serão fiscalizadas pelo Ministério
 programa de acolhimento e pela execução Público.
da política municipal de garantia do direito à § 13. Somente poderá ser deferida
convivência familiar. adoção em favor de candidato domiciliado
§ 5 o Serão criados e implementados no Brasil não cadastrado previamente nos
cadastros estaduais e nacional de crianças e termos desta Lei quando:
adolescentes em condições de serem I - se tratar de pedido de adoção
adotados e de pessoas ou casais habilitados unilateral;
à adoção. II - for formulada por parente com o
§ 6 o Haverá cadastros distintos para qual a criança ou adolescente mantenha
 pessoas ou casais residentes fora do País, vínculos de afinidade e afetividade;
que somente serão consultados na III - oriundo o pedido de quem detém a
inexistência de postulantes nacionais tutela ou guarda legal de criança maior de 3
habilitados nos cadastros mencionados no § (três) anos ou adolescente, desde que o
5 o deste artigo. lapso de tempo de convivência comprove a
§ 7 o As autoridades estaduais e fixação de laços de afinidade e afetividade, e
federais em matéria de adoção terão acesso não seja constatada a ocorrência de má-fé
integral aos cadastros, incumbindo-lhes a ou qualquer das situações previstas nos
troca de informações e a cooperação mútua, arts. 237 ou 238 desta Lei.
 para melhoria do sistema. § 14. Nas hipóteses previstas no § 13
§ 8 o A autoridade judiciária deste artigo, o candidato deverá comprovar,
 providenciará, no prazo de 48 (quarenta e no curso do procedimento, que preenche os
oito) horas, a inscrição das crianças e requisitos necessários à adoção, conforme
adolescentes em condições de serem  previsto nesta Lei.
adotados que não tiveram colocação familiar  Art. 51. Considera-se adoção
na comarca de origem, e das pessoas ou internacional aquela na qual a pessoa ou
casais que tiveram deferida sua habilitação casal postulante é residente ou domiciliado
à adoção nos cadastros estadual e nacional fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2
referidos no § 5 o deste artigo, sob pena de da Convenção de Haia, de 29 de maio de
responsabilidade. 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à
§ 9o Compete à Autoridade Central Cooperação em Matéria de Adoção
Estadual zelar pela manutenção e correta Internacional, aprovada pelo Decreto
alimentação dos cadastros, com posterior Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e
comunicação à Autoridade Central Federal  promulgada pelo Decreto n o 3.087, de 21 de
Brasileira.  junho de 1999.
§ 10. A adoção internacional somente § 1 o A adoção internacional de criança
será deferida se, após consulta ao cadastro ou adolescente brasileiro ou domiciliado no
de pessoas ou casais habilitados à adoção, Brasil somente terá lugar quando restar
mantido pela Justiça da Infância e da comprovado:
Juventude na comarca, bem como aos I - que a colocação em família
cadastros estadual e nacional referidos no § substituta é a solução adequada ao caso
5 o  deste artigo, não for encontrado concreto;
interessado com residência permanente no II - que foram esgotadas todas as
Brasil.  possibilidades de colocação da criança ou
§ 11. Enquanto não localizada pessoa adolescente em família substituta brasileira,
ou casal interessado em sua adoção, a após consulta aos cadastros mencionados
criança ou o adolescente, sempre que no art. 50 desta Lei;
 possível e recomendável, será colocado sob III - que, em se tratando de adoção de
adolescente, este foi consultado, por meios

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adequados ao seu estágio de VI - a Autoridade Central Estadual


desenvolvimento, e que se encontra  poderá fazer exigências e solicitar
 preparado para a medida, mediante parecer complementação sobre o estudo
elaborado por equipe interprofissional,  psicossocial do postulante estrangeiro à
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. adoção, já realizado no país de acolhida;
28 desta Lei. VII - verificada, após estudo realizado
§ 2 o Os brasileiros residentes no  pela Autoridade Central Estadual, a
exterior terão preferência aos estrangeiros, compatibilidade da legislação estrangeira
nos casos de adoção internacional de com a nacional, além do preenchimento por
criança ou adolescente brasileiro.  parte dos postulantes à medida dos
§ 3 o A adoção internacional pressupõe requisitos objetivos e subjetivos necessários
a intervenção das Autoridades Centrais ao seu deferimento, tanto à luz do que
Estaduais e Federal em matéria de adoção dispõe esta Lei como da legislação do país
internacional. de acolhida, será expedido laudo de
 Art. 52. A adoção internacional habilitação à adoção internacional, que terá
observará o procedimento previsto nos arts. validade por, no máximo, 1 (um) ano;
165 a 170 desta Lei, com as seguintes VIII - de posse do laudo de habilitação,
adaptações: o interessado será autorizado a formalizar
I - a pessoa ou casal estrangeiro,  pedido de adoção perante o Juízo da
interessado em adotar criança ou Infância e da Juventude do local em que se
adolescente brasileiro, deverá formular encontra a criança ou adolescente,
 pedido de habilitação à adoção perante a conforme indicação efetuada pela
 Autoridade Central em matéria de adoção  Autoridade Central Estadual.
internacional no país de acolhida, assim § 1o Se a legislação do país de
entendido aquele onde está situada sua acolhida assim o autorizar, admite-se que os
residência habitual;  pedidos de habilitação à adoção
II - se a Autoridade Central do país de internacional sejam intermediados por
acolhida considerar que os solicitantes estão organismos credenciados.
habilitados e aptos para adotar, emitirá um § 2 o Incumbe à Autoridade Central
relatório que contenha informações sobre a Federal Brasileira o credenciamento de
identidade, a capacidade jurídica e organismos nacionais e estrangeiros
adequação dos solicitantes para adotar, sua encarregados de intermediar pedidos de
situação pessoal, familiar e médica, seu habilitação à adoção internacional, com
meio social, os motivos que os animam e  posterior comunicação às Autoridades
sua aptidão para assumir uma adoção Centrais Estaduais e publicação nos órgãos
internacional; oficiais de imprensa e em sítio próprio da
III - a Autoridade Central do país de internet.
acolhida enviará o relatório à Autoridade § 3o Somente será admissível o
Central Estadual, com cópia para a credenciamento de organismos que:
 Autoridade Central Federal Brasileira; I - sejam oriundos de países que
IV - o relatório será instruído com toda ratificaram a Convenção de Haia e estejam
a documentação necessária, incluindo devidamente credenciados pela Autoridade
estudo psicossocial elaborado por equipe Central do país onde estiverem sediados e
interprofissional habilitada e cópia no país de acolhida do adotando para atuar
autenticada da legislação pertinente, em adoção internacional no Brasil;
acompanhada da respectiva prova de II - satisfizerem as condições de
vigência; integridade moral, competência profissional,
V - os documentos em língua experiência e responsabilidade exigidas
estrangeira serão devidamente autenticados  pelos países respectivos e pela Autoridade
 pela autoridade consular, observados os Central Federal Brasileira;
tratados e convenções internacionais, e III - forem qualificados por seus
acompanhados da respectiva tradução, por  padrões éticos e sua formação e experiência
tradutor público juramentado;  para atuar na área de adoção internacional;

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IV - cumprirem os requisitos exigidos § 6 o O credenciamento de organismo


 pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas nacional ou estrangeiro encarregado de
normas estabelecidas pela Autoridade intermediar pedidos de adoção internacional
Central Federal Brasileira. terá validade de 2 (dois) anos.
§ 4o Os organismos credenciados § 7 o A renovação do credenciamento
deverão ainda:  poderá ser concedida mediante
I - perseguir unicamente fins não requerimento protocolado na Autoridade
lucrativos, nas condições e dentro dos Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta)
limites fixados pelas autoridades dias anteriores ao término do respectivo
competentes do país onde estiverem  prazo de validade.
sediados, do país de acolhida e pela § 8 o Antes de transitada em julgado a
 Autoridade Central Federal Brasileira; decisão que concedeu a adoção
II - ser dirigidos e administrados por internacional, não será permitida a saída do
 pessoas qualificadas e de reconhecida adotando do território nacional.
idoneidade moral, com comprovada § 9o Transitada em julgado a decisão,
formação ou experiência para atuar na área a autoridade judiciária determinará a
de adoção internacional, cadastradas pelo expedição de alvará com autorização de
Departamento de Polícia Federal e viagem, bem como para obtenção de
aprovadas pela Autoridade Central Federal  passaporte, constando, obrigatoriamente, as
Brasileira, mediante publicação de portaria características da criança ou adolescente
do órgão federal competente; adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
III - estar submetidos à supervisão das sinais ou traços peculiares, assim como foto
autoridades competentes do país onde recente e a aposição da impressão digital do
estiverem sediados e no país de acolhida, seu polegar direito, instruindo o documento
inclusive quanto à sua composição, com cópia autenticada da decisão e certidão
funcionamento e situação financeira; de trânsito em julgado.
IV - apresentar à Autoridade Central § 10. A Autoridade Central Federal
Federal Brasileira, a cada ano, relatório Brasileira poderá, a qualquer momento,
geral das atividades desenvolvidas, bem solicitar informações sobre a situação das
como relatório de acompanhamento das crianças e adolescentes adotados.
adoções internacionais efetuadas no § 11. A cobrança de valores por parte
 período, cuja cópia será encaminhada ao dos organismos credenciados, que sejam
Departamento de Polícia Federal; considerados abusivos pela Autoridade
V - enviar relatório pós-adotivo Central Federal Brasileira e que não estejam
semestral para a Autoridade Central devidamente comprovados, é causa de seu
Estadual, com cópia para a Autoridade descredenciamento.
Central Federal Brasileira, pelo período § 12. Uma mesma pessoa ou seu
mínimo de 2 (dois) anos. O envio do cônjuge não podem ser representados por
relatório será mantido até a juntada de cópia mais de uma entidade credenciada para
autenticada do registro civil, estabelecendo atuar na cooperação em adoção
a cidadania do país de acolhida para o internacional.
adotado; § 13. A habilitação de postulante
VI - tomar as medidas necessárias para estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá
garantir que os adotantes encaminhem à validade máxima de 1 (um) ano, podendo
 Autoridade Central Federal Brasileira cópia ser renovada.
da certidão de registro de nascimento § 14. É vedado o contato direto de
estrangeira e do certificado de nacionalidade representantes de organismos de adoção,
tão logo lhes sejam concedidos. nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de
§ 5 o A não apresentação dos relatórios  programas de acolhimento institucional ou
referidos no § 4 o deste artigo pelo organismo familiar, assim como com crianças e
credenciado poderá acarretar a suspensão adolescentes em condições de serem
de seu credenciamento. adotados, sem a devida autorização judicial.

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§ 15. A Autoridade Central Federal manifestamente contrária à ordem pública


Brasileira poderá limitar ou suspender a ou não atende ao interesse superior da
concessão de novos credenciamentos criança ou do adolescente.
sempre que julgar necessário, mediante ato § 2 o Na hipótese de não
administrativo fundamentado. reconhecimento da adoção, prevista no § 1 o
 Art. 52-A. É vedado, sob pena de deste artigo, o Ministério Público deverá
responsabilidade e descredenciamento, o imediatamente requerer o que for de direito
repasse de recursos provenientes de  para resguardar os interesses da criança ou
organismos estrangeiros encarregados de do adolescente, comunicando-se as
intermediar pedidos de adoção internacional  providências à Autoridade Central Estadual,
a organismos nacionais ou a pessoas que fará a comunicação à Autoridade
físicas. Central Federal Brasileira e à Autoridade
Parágrafo único. Eventuais repasses Central do país de origem.
somente poderão ser efetuados via Fundo  Art. 52-D. Nas adoções internacionais,
dos Direitos da Criança e do Adolescente e quando o Brasil for o país de acolhida e a
estarão sujeitos às deliberações do adoção não tenha sido deferida no país de
respectivo Conselho de Direitos da Criança origem porque a sua legislação a delega ao
e do Adolescente.  país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
 Art. 52-B. A adoção por brasileiro mesmo com decisão, a criança ou o
residente no exterior em país ratificante da adolescente ser oriundo de país que não
Convenção de Haia, cujo processo de tenha aderido à Convenção referida, o
adoção tenha sido processado em  processo de adoção seguirá as regras da
conformidade com a legislação vigente no adoção nacional.
 país de residência e atendido o disposto na
 Alínea “c” do Artigo 17 da referida A adoção foi a medida de colocação em
Convenção, será automaticamente família substituta que mais sofreu
recepcionada com o reingresso no Brasil. alterações com a Lei 12.010/2009. Além de
§ 1o Caso não tenha sido atendido o todas as disposições gerais que vimos
disposto na Alínea “c”   do Artigo 17 da acerca das modalidades de colocação em
Convenção de Haia, deverá a sentença ser família substituta, passemos a estudar
homologada pelo Superior Tribunal de especificamente a adoção, de acordo com
Justiça. as novas diretrizes estabelecidas pela Lei
§ 2 o O pretendente brasileiro residente 12.010/2009.
no exterior em país não ratificante da  Antes da reforma promovida pela Lei
Convenção de Haia, uma vez reingressado 12.010/2009, a adoção de criança e
no Brasil, deverá requerer a homologação adolescente era tratada pelo ECA, além de
da sentença estrangeira pelo Superior incidirem também as disposições dos artigos
Tribunal de Justiça. 1.618 a 1.629 do Código Civil. Com a
 Art. 52-C. Nas adoções internacionais, reforma, a Lei 12.010/2009 revogou os
quando o Brasil for o país de acolhida, a artigos 1.620 a 1.629 do Código Civil, que
decisão da autoridade competente do país passou a estabelecer em seu artigo 1.618 e
de origem da criança ou do adolescente 1.619 que a adoção de crianças e
será conhecida pela Autoridade Central adolescentes passa a ser regida
Estadual que tiver processado o pedido de exclusivamente pelo ECA, que também
habilitação dos pais adotivos, que incidirá, no que couber, na adoção de
comunicará o fato à Autoridade Central maiores de 18 anos.
Federal e determinará as providências  Art. 1.619. A adoção de maiores de 18
necessárias à expedição do Certificado de (dezoito) anos dependerá da assistência
Naturalização Provisório. efetiva do poder público e de sentença
§ 1o A Autoridade Central Estadual, constitutiva, aplicando-se, no que couber, as
ouvido o Ministério Público, somente deixará regras gerais da Lei n o 8.069, de 13 de julho
de reconhecer os efeitos daquela decisão se de 1990 - Estatuto da Criança e do
restar demonstrado que a adoção é  Adolescente.

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OAB XIX EXAME – 1ª FASE
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O STJ já se manifestou expressamente no - Natureza jurídica


sentido de que não é mais possível em caso Quando uma pessoa é adotada, novos
de adoção de maiores a mera escritura vínculos são constituídos entre adotante e
pública, havendo necessidade de processo adotado. Os vínculos com a família biológica
 judicial. Dada a importância da matéria e as são desconstituídos, mas não se
consequências decorrentes da adoção, não desconstituem os impedimentos
apenas para o adotante e adotado, mas matrimoniais. A partir da adoção, os pais
também para terceiros, faz-se necessário o adotivos em tudo se igualam aos pais
controle jurisdicional que se dá pelo naturais; o filho adotivo possui todos os
preenchimento de diversos requisitos, direitos inerentes ao filho natural, sendo
verificados em processo judicial próprio. Ao proibida pela CF e pelo ECA qualquer forma
exigir o processo judicial, o Código Civil de discriminação.
extinguiu a possibilidade de a adoção ser  Art. 41. A adoção atribui a condição de filho
efetivada mediante escritura pública. Toda e ao adotado, com os mesmos direitos e
qualquer adoção passa a ser encarada deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
como um instituto de interesse público, de qualquer vínculo com  pais e parentes,
exigente de mediação do Estado por seu salvo os impedimentos matrimoniais.
poder público. A competência é exclusiva CF: Art. 227 
das Varas de Infância e Juventude quando o ...
adotante for menor de 18 anos e das Varas § 6º - Os filhos, havidos ou não da relação
de Família, quando o adotando for maior. do casamento, ou por adoção, terão os
Não se pode falar em excesso de mesmos direitos e qualificações, proibidas
formalismo nesses casos, pois o processo quaisquer designações discriminatórias
 judicial específico garante à autoridade relativas à filiação.
 judiciária a oportunidade de verificar os - Da adoção unilateral
benefícios efetivos da adoção para o  Apenas em uma modalidade de adoção não
adotante e adotando, seja ele menor ou haverá desconstituição total dos vínculos.
maior, o que vai ao encontro do interesse Trata-se da adoção unilateral, que é aquela
público a que visa proteger. Sendo assim, é em que o cônjuge ou companheiro adota
indispensável, mesmo para a adoção de o filho do outro. É lógico que o mero fato
maiores de 18 anos, a atuação jurisdicional, de constituir nova união não faz com que
por meio de processo judicial e sentença seja possível a desconstituição do poder
constitutiva. familiar do pai ou da mãe com seu filho. Um
Cabe ressaltar que a adoção simples, antes pai não pode perder o poder familiar
existente nos termos do Código Civil de simplesmente porque a mãe da criança se
1916, continha determinadas restrições e casou novamente. Dessa forma, a adoção
deixou de existir com o Código Civil de unilateral é extremamente excepcional;
2002. Desde seu advento, a adoção é plena somente deve ser deferida nos casos em
e irrestrita. que se justifique a perda do poder familiar
 Antes da reforma, o artigo 39 do ECA de um dos pais e que se reconheça a
continha um parágrafo único, que paternidade socioafetiva existente entre
estabelecia a vedação da adoção por padrasto ou madrasta e seu enteado.
procuração. Tal disposição passa a constar  A adoção unilateral é, portanto, a única que
no parágrafo 2º, tendo sido incluído um possibilita que ainda permaneçam vínculos
parágrafo 1º, que repete a regra antes anteriores com um dos pais. Nas demais
prevista no artigo 48, no sentido de ser a hipóteses de adoção, a desconstituição é
adoção irrevogável. Além de estabelecer a total, exceto no que tange aos impedimentos
irrevogabilidade, o parágrafo 1º dispõe matrimoniais.
acerca da excepcionalidade da adoção, que É importante destacar que a adoção
apenas deve ocorrer depois de esgotados unilateral não se confunde com as hipóteses
todos os recursos para a manutenção da em que uma pessoa adota sozinha. Quando
criança ou adolescente em sua família classificamos a adoção como unilateral, isso
natural ou extensa. significa que a desconstituição de vínculos

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OAB XIX EXAME – 1ª FASE
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só ocorre em um dos lados, unilateralmente. da Jurisprudência. O STJ admitiu a adoção


Quando uma pessoa adota sozinha, todos conjunta por casal homoafetivo. O STF
os vínculos anteriores são desconstituídos. admitiu a união estável entre pessoas do
- Quem pode adotar mesmo sexo. Em interpretação
Qualquer pessoa capaz que preencha os principiológica deste julgado, o STJ admitiu
requisitos elencados a seguir, ainda que a habilitação para o casamento entre
seja o tutor da criança ou adolescente e que pessoas do mesmo sexo.
tenha prestado contas, poderá adotar, desde
que a adoção apresente reais vantagens - Cadastro de adoção
para o menor e se fundamente em motivos  A matéria era tratada no artigo 50 do
legítimos. Estatuto da Criança e do Adolescente que
Quanto à idade, podem adotar os maiores estabelecia a necessidade de a autoridade
de 18 anos. Antes da reforma, o ECA previa  judiciária manter, em cada comarca, um
no artigo 42 a idade mínima de 21 anos. cadastro das pessoas interessadas na
Para não nos tornarmos repetitivos, adoção. Colocava como requisito para o
remetemos o leitor para o capítulo inicial, em cadastro, a necessidade de satisfazer as
que tratamos das recentes alterações exigências legais previstas para a adoção,
legislativas. bem como de oferecer um ambiente familiar
Quanto ao estado civil, podem adotar as adequado e não apresentar
pessoas solteiras. As casadas e as que incompatibilidade com a medida pleiteada. O
vivem em união estável podem adotar cadastro somente se efetivaria após a prévia
conjuntamente, desde que comprovada a consulta aos órgãos técnicos do Juizado da
estabilidade da família. O ECA possibilita Infância e da Juventude, com a
ainda que, excepcionalmente, possam manifestação do Ministério Público.
adotar os divorciados, os judicialmente
separados e os ex-companheiros. Nesse Em face desta normatividade, as
aspecto, o parágrafo 4º do artigo 42 especificidades relativas ao cadastro eram
sofreu pequena alteração. Os ex- detalhadas em provimentos dos Tribunais. O
companheiros foram incluídos pela Lei Conselho Nacional de Justiça, através da
12.010/2009, que também passou a exigir Resolução nº 54, de 29 de abril de 2008,
a comprovação de afinidade e afetividade instituiu o Cadastro Nacional de Adoção,
com o não detentor da guarda, de forma estabelecendo diretrizes quanto a sua
que se justifique a excepcionalidade da implantação e funcionamento.
medida. O dispositivo legal continuou  Agora, o legislador optou por inserir na
exigindo que o estágio de convivência legislação estatutária uma normatividade
tenha-se iniciado na constância da união que viesse unificar os procedimentos quanto
e que os pais adotivos acordem sobre a ao cadastro.
guarda e o regime de visitação.
Recentemente, o Código Civil sofreu Define-se o cadastro como o registro de
reforma em seu artigo 1.584, passando a brasileiros ou estrangeiros residentes no
prever, expressamente, a guarda País, interessados na adoção de crianças e
compartilhada. A Lei 12.010/2009 faz adolescentes, a ser mantido por cada Juízo
menção a essa reforma, estabelecendo no da Infância e da Juventude.
parágrafo 5º do artigo 42 que a guarda  Além deste cadastro na comarca, pela
poderá ser compartilhada, nos termos do Resolução nº 54, de 29 de abril de 2008, do
artigo 1.584 do Código Civil. Conselho Nacional de Justiça, que teve
O ECA não dispõe expressamente acerca dispositivos alterados pela Resolução 93, de
da possibilidade de casais homoafetivos que 27 de abril de 2009, há o Cadastro Nacional
vivam em união estável poderem adotar. No de Adoção vinculado ao citado Conselho e
entanto, como vimos acima, possibilita a que abrangerá todas as comarcas das
adoção conjunta por pessoas que vivam em unidades da federação. O nacional não
união estável, comprovada a estabilidade substitui o estadual, que continua em vigor.
familiar. A questão há de ser analisada à luz  Apenas unificou as informações da

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federação de forma a ter um banco de  À adoção precederá o chamado estágio de


dados a nível nacional. Assim, uma consulta convivência, que é o período necessário
a pretendentes à adoção, deve iniciar-se na para que seja avaliada a adaptação da
comarca, passando para o cadastro criança ou adolescente à sua nova família,
estadual e se não resultar positiva é que se período de tempo no qual o magistrado
fará a consulta no cadastro nacional. expede um termo responsabilidade,
Normalmente, os pretendentes ao cadastro entregando a criança ou adolescente aos
somente tem contato com a equipe técnica. futuros pais adotivos, antes de deferir a
 Agora, com a nova alteração legislativa pode adoção:
ocorrer a designação de data para oitiva dos  Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou
mesmos em Juízo, bem como de a requerimento das partes ou do Ministério
testemunhas. O adequado é que esta oitiva Público, determinará a realização de estudo
ocorra após a apresentação do laudo social ou, se possível, perícia por equipe
técnico, para esclarecimento de algum ponto interprofissional, decidindo sobre a
obscuro ou que restou pendente. Não se concessão de guarda provisória, bem como,
vislumbra a utilidade da oitiva preliminar, no caso de adoção, sobre o estágio de
apenas para ratificar a intenção de adotar convivência.
uma criança. Não estabeleceu o legislador o Parágrafo único. Deferida a concessão da
número máximo de testemunhas que podem guarda provisória ou do estágio de
ser ouvidas nesta fase, mas deve-se seguir convivência, a criança ou o adolescente será
a regra geral de no máximo 10 testemunhas, entregue ao interessado, mediante termo de
conforme previsto no artigo 407 do CPC. responsabilidade .
Lembramos que atualmente, com a reforma
promovida pela Lei 12.010/09, o ingresso no O ECA exige, como regra, o estágio de
cadastro depende do procedimento prévio convivência entre o adotante e o adotando,
de habilitação, que veremos adiante. que será acompanhado por equipe
interprofissional a serviço do Juizado da
- Quem pode ser adotado Infância e Juventude. O estágio de
Para se efetivar a adoção, o adotando deve convivência poderá ser dispensado se o
contar com no máximo 18 anos à data do adotando já estiver sob a tutela ou guarda
pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou legal do adotante durante tempo suficiente
tutela dos adotantes. Dessa forma, é para que seja possível avaliar a
possível a adoção de maior de 18 anos pelo conveniência da constituição do vínculo. A
ECA, mas de forma excepcional. simples guarda de fato, por si só, não
Entendemos que só pode ocorrer adoção de autoriza a dispensa do estágio de
criança ou adolescente, nos termos do ECA, convivência. Antes da reforma, a idade de
não se estendendo a mesma ao nascituro. até um ano do adotando dispensava o
No mesmo sentido dispõe Walter Kenji estágio de convivência. Tal exceção foi
Ishida.2  Com a reforma, o parágrafo 6º do suprimida pela Lei 12.010/2009.
artigo 166 passa a dispor que o  A duração do estágio de convivência não é
consentimento dado antes do nascimento predeterminada legalmente, devendo o juiz
não será considerado válido. Logo, não se estabelecer o prazo de acordo com as
admite adoção de embrião, de feto. peculiaridades do caso. No entanto, a lei
- Proibidos de adotar prevê um período mínimo nos casos de
Para evitar confusão de parentesco, o ECA adoção internacional, em que o estágio de
determina que os ascendentes e irmãos convivência deverá ser cumprido em
não podem adotar . Isso não significa que, território nacional por um período mínimo de
ainda que tenha avós vivos, a criança ou 30 dias. Lembramos que, nos casos de
adolescente deva ser entregue à adoção. adoção internacional, sempre deverá existir
- Estágio de convivência o estágio de convivência, tendo em vista que
a dispensa não pode incidir por não ser
2
 Ob cit, p. 90. admitida a guarda liminar ou incidental
nessa modalidade de adoção.

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OAB XIX EXAME – 1ª FASE
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- Do consentimento dos pais e da adoção conhecida do parente biológico e,


intuitu pers onae certamente, de sua confiança.
Estabelece o artigo 45 do ECA que a  A indicação expressa daquele que vem a ser
adoção depende do consentimento dos pais. o adotante não implica ignorar os requisitos
No entanto, a adoção poderá ocorrer ainda legais a serem preenchidos, com exceção
que contrariamente à vontade dos pais do prévio cadastro de postulantes à adoção.
biológicos, se esses perderem o Poder No que tange à adoção intuitu personae,
Familiar ou forem desconhecidos, exceção para Adalberto Filho, esta é polêmica e
expressa do parágrafo 1º do artigo 45. Tal perigosa, pois não há aplicação do artigo 50
previsão influencia algumas disposições que do ECA, que determina a ordem de
estudaremos no capítulo referente às preferência para adoção aos que estiverem
disposições procedimentais, como, por habilitados na lista. Isso tudo porque,
exemplo, a previsão da possibilidade de durante esse processo de habilitação, os
revogação do consentimento. No estudo adotantes passam por uma série de exames
dessa parte, analisaremos, detalhadamente, e testes psicológicos e físicos, que, dependo
cada característica e formalidade do dos resultados, se tornarão aptos ou não à
consentimento necessário. paternidade.
Quando o ECA estabelece a necessidade de Não há norma específica que proíba os pais
consentimento dos pais biológicos, isso não biológicos escolherem quem serão os pais
significa que os pais biológicos escolhem os afetivos de seu filho. No entanto, a contrario
pais adotivos. Pelo contrário; em regra, isso senso, o artigo 50, parágrafo 13, só permite
não ocorre. As crianças e adolescentes que a dispensa do prévio cadastramento nos
estão disponíveis para a adoção ficam casos nele especificados e não contempla a
inscritas em registro mantido pela autoridade escolha dos pais adotivos pelos pais
 judiciária em cada comarca ou foro regional , biológicos.
assim como os pretensos pais adotivos. Os Sustentando-se a possibilidade da adoção
dados são cruzados para encontro da futura intuitu personae, porém, é fundamental que
família substituta. se estabeleçam alguns critérios para a
Ressalte-se que a referida inscrição apenas adoção direcionada, visando, sobretudo,
se dará após o preenchimento de todos os prevalecer o vínculo de afeto existente entre
requisitos previstos no artigo 50 do ECA, adotante e adotado, a fim de que esta
que sofreu substancial alteração pela Lei modalidade de adoção não represente uma
12.010/2009, antes formado pelo caput  e "troca de interesses".
dois parágrafos, e passando, agora, a ser  Apesar desta modalidade, claramente,
integrado pelo caput   e por 14 parágrafos, priorizar o melhor interesse do adotado, a
como colocamos no início do tópico. Além inutiliza a regra do art. 50 do ECA (Cadastro
disso, passa a existir um procedimento Nacional de Adotantes), o que faz parte da
prévio, que é a habilitação para a adoção, doutrina defender o não uso da adoção
que ainda estudaremos. intuitu personae  "pelos riscos de comércio
Define-se adoção intuitu personae  como ou intermediação indevida, com exploração
aquela em que os pais biológicos, ou um decorrente, o desrespeito ao direito
deles, ou, ainda, o representante legal do fundamental da criança de ser criada em
adotando, indica expressamente aquele que sua família natural ou ampliada, e a
vem a ser o adotante. manifesta burla ao cadastro de pretendentes
Não é vontade dos pais biológicos que a à adoção.
criança seja simplesmente adotada, mas Porém, é preciso reconhecer que o excesso
que seja adotada por pessoa específica. de burocratização no processo de adoção,
Este tipo de adoção é bastante comum recentemente atualizado pela Lei 12.010/10,
quando verificamos a realidade brasileira. beneficia este tipo de adoção, visto que nas
Mães entregam seus filhos a determinada hipóteses do artigo 46 do ECA haverá uma
pessoa ou permitem que a criança seja comissão interdisciplinar acompanhando o
acolhida no seio de determinada família. processo judicial, que poderá avaliar o
Obviamente, tal pessoa ou família é estado psíquico dos pais ou da mãe que

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OAB XIX EXAME – 1ª FASE
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entregou seu filho à determinada pessoa. adotado passa a ter garantido o acesso
Não apresentando, assim, qualquer risco irrestrito ao processo de adoção. Se tal
para essa criança/adolescente. direito for exercido pelo menor de 18 anos,
 Assim, não deve ser a inscrição na lista de tendo em vista sua condição peculiar de
adotantes uma condição sine qua non, um pessoa em desenvolvimento, deverá ser
requisito insuperável, absoluto, para a assegurada a orientação e assistência
efetivação da adoção. Deve-se, sobretudo,  jurídica e psicológica.
atentar ao direito da criança de ser adotada Tal direito, como direito de personalidade, é
por quem já lhe dedica cuidado e atenção, imprescritível e personalíssimo. Pensamos
em vez de priorizar os adultos pelo simples que, com a atual disposição expressa do
fato de estarem incluídos numa listagem, e ECA, passa a constituir dever dos pais
só por isso. adotivos dar ciência ao filho adotado sobre a
- Constituição do vínculo na adoção origem do vínculo entre eles, de forma a
 A constituição do vínculo de adoção se dá garantir ao adotado o conhecimento de sua
por sentença judicial inscrita no registro origem biológica. A manutenção em segredo
mediante mandado, do qual não se expedirá da adoção inviabilizaria tal direito ao
certidão. A adoção desconstitui os vínculos adotado.
anteriores da criança ou adolescente com - Da irrevogabilidade da adoção
sua família biológica. Passa a constar no Vimos que a antiga previsão de
Registro de Nascimento o nome dos irrevogabilidade passou a estar prevista no
adotantes como pais, além do nome dos artigo 39, parágrafo 1º. Tal irrevogabilidade
progenitores, sem qualquer menção ou decorre de alguns fatores:
averbação relacionada à adoção, que é  Proibição de desigualdade entre
origem do ato. Tal disposição visa à garantia filhos naturais e adotivos;
do direito constitucional à igualdade entre  Constituição de vínculo ficto de
filhos naturais e adotivos. paternidade entre adotante e adotado;
- Do direito à ciência da origem biológica  Natureza do Poder Familiar.
O artigo 48 do ECA trazia disposição acerca É justamente pela irrevogabilidade da
da irrevogabilidade da adoção, que agora adoção que o artigo 49 do ECA prevê que a
passa a fazer parte do parágrafo 1º do artigo morte dos pais adotantes não restabelece
39. A nova redação do artigo 48 dispõe o poder familiar   dos pais naturais. A morte
acerca de grande inovação relacionada à é causa de perda automática do Poder
adoção: o direito à ciência de origem Familiar. Com a morte dos pais adotivos, a
biológica. Tal direito é inerente ao direito de criança ou adolescente tem garantidos todos
personalidade. Assim, dispõe o artigo 48: os direitos inerentes aos filhos, como o
O adotado tem direito de conhecer sua direito sucessório. O que pode ocorrer, no
origem biológica, bem como de obter acesso entanto, é que a morte dos pais adotivos
irrestrito ao processo no qual a medida foi possibilitará que o menor fique com sua
aplicada e seus eventuais incidentes, após família extensa ou ampliada, entendidas
completar 18 (dezoito) anos. como a família dos pais adotivos.
Parágrafo único. O acesso ao Excepcionalmente, esse menor poderá ser
 processo de adoção poderá ser também colocado em família substituta, lembrando
deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) que uma dessas modalidades é a adoção,
anos, a seu pedido, assegurada orientação que, portanto, poderá ocorrer por uma
e assistência jurídica e psicológica. segunda ou até mesmo terceira vez.
- Efeitos da adoção  – momento e adoção
Tal disposição não significa direito ao póstuma
reconhecimento de paternidade e de O ECA traz duas disposições referentes aos
alimentos, tendo em vista que, como dito , a efeitos da adoção:
adoção desconstitui os vínculos anteriores  Art. 47
com a família biológica. Torna-se, ...
especificamente, de direito de conhecer a § 7º A adoção produz seus efeitos a partir
sua origem biológica. Dessa forma, o do trânsito em julgado da sentença

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constitutiva, exceto na hipótese prevista no § I - qualificação completa;


6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá II - dados familiares;
força retroativa à data do óbito. III - cópias autenticadas de certidão de
nascimento ou casamento, ou declaração
 Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção relativa ao período de união estável;
 produz efeito desde logo, embora sujeita a IV - cópias da cédula de identidade e
apelação, que será recebida exclusivamente inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas;
no efeito devolutivo, salvo se se tratar de V - comprovante de renda e domicílio;
adoção internacional ou se houver perigo de VI - atestados de sanidade física e mental;
dano irreparável ou de difícil reparação ao VII - certidão de antecedentes criminais;
adotando. VIII - certidão negativa de distribuição cível.
 Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo
Quando o artigo 47, parágrafo 7º menciona de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos
a possibilidade de no artigo 42, parágrafo 6º, autos ao Ministério Público, que no prazo de
os efeitos da adoção retroagirem à data do 5 (cinco) dias poderá:
óbito, está referindo-se à denominada I - apresentar quesitos a serem respondidos
adoção póstuma, hipótese em que o  pela equipe interprofissional encarregada de
adotante morre no curso do processo de elaborar o estudo técnico a que se refere o
adoção, já tendo manifestado a inequívoca art. 197-C desta Lei;
vontade de adotar. Neste caso, se os efeitos II - requerer a designação de audiência para
não retroagissem à data do óbito, o adotado oitiva dos postulantes em juízo e
não poderia herdar. testemunhas;
 Ao analisarmos o primeiro dispositivo legal, III - requerer a juntada de documentos
parece-nos que os efeitos da adoção complementares e a realização de outras
dependem do trânsito em julgado da diligências que entender necessárias.
sentença. No entanto, ao dispor sobre  Art. 197-C. Intervirá no feito,
recursos, o ECA estabelece que os efeitos obrigatoriamente, equipe interprofissional a
são gerados com a sentença. Como serviço da Justiça da Infância e da
interpretar esta aparente contradição? Juventude, que deverá elaborar estudo
Depende dos efeitos. A desconstituição do  psicossocial, que conterá subsídios que
registro anterior e o novo registro apenas  permitam aferir a capacidade e o preparo
com o trânsito em julgado. Já alguns efeitos dos postulantes para o exercício de uma
mais superficiais, como a guarda poderiam  paternidade ou maternidade responsável, à
se dar a partir da sentença. luz dos requisitos e princípios desta Lei.
- Do procedimento de habilitação § 1o É obrigatória a participação dos
 A Lei 12.010/2009 incluiu no ECA um  postulantes em programa oferecido pela
procedimento prévio ao cadastro dos Justiça da Infância e da Juventude
pretendentes de adoção. Foi incluída a  preferencialmente com apoio dos técnicos
Seção VIII, com os artigos 197-A, B, C, D e responsáveis pela execução da política
E. municipal de garantia do direito à
 Apenas após a observância de todo o convivência familiar, que inclua preparação
procedimento de habilitação, o postulante,  psicológica, orientação e estímulo à adoção
se for habilitado, será inscrito nos cadastros inter-racial, de crianças maiores ou de
de adoção referidos no artigo 50 do ECA. O adolescentes, com necessidades
procedimento prévio visa a uma maior específicas de saúde ou com deficiências e
preparação e conscientização dessa de grupos de irmãos.
modalidade de colocação em família § 2o Sempre que possível e recomendável,
substituta. a etapa obrigatória da preparação referida
Seção VIII no § 1o deste artigo incluirá o contato com
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção crianças e adolescentes em regime de
 Art. 197-A. Os postulantes à adoção, acolhimento familiar ou institucional em
domiciliados no Brasil, apresentarão petição condições de serem adotados, a ser
inicial na qual conste: realizado sob a orientação, supervisão e

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avaliação da equipe técnica da Justiça da Brasil somente terá lugar quando restar
Infância e da Juventude, com o apoio dos comprovado:
técnicos responsáveis pelo programa de I - que a colocação em família
acolhimento familiar ou institucional e pela substituta é a solução adequada ao caso
execução da política municipal de garantia concreto;
do direito à convivência familiar. II - que foram esgotadas todas as
 Art. 197-D. Certificada nos autos a  possibilidades de colocação da criança ou
conclusão da participação no programa adolescente em família substituta brasileira,
referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade após consulta aos cadastros mencionados
 judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) no art. 50 desta Lei;
horas, decidirá acerca das diligências III - que, em se tratando de adoção de
requeridas pelo Ministério Público e adolescente, este foi consultado, por meios
determinará a juntada do estudo adequados ao seu estágio de
 psicossocial, designando, conforme o caso, desenvolvimento, e que se encontra
audiência de instrução e julgamento.  preparado para a medida, mediante parecer
Parágrafo único. Caso não sejam elaborado por equipe interprofissional,
requeridas diligências, ou sendo essas observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art.
indeferidas, a autoridade judiciária 28 desta Lei.
determinará a juntada do estudo § 2 o Os brasileiros residentes no
 psicossocial, abrindo a seguir vista dos exterior terão preferência aos estrangeiros,
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) nos casos de adoção internacional de
dias, decidindo em igual prazo. criança ou adolescente brasileiro.
 Art. 197-E. Deferida a habilitação, o § 3 o A adoção internacional pressupõe
 postulante será inscrito nos cadastros a intervenção das Autoridades Centrais
referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua Estaduais e Federal em matéria de adoção
convocação para a adoção feita de acordo internacional.
com ordem cronológica de habilitação e  Art. 52. A adoção internacional
conforme a disponibilidade de crianças ou observará o procedimento previsto nos arts.
adolescentes adotáveis. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes
§ 1o A ordem cronológica das habilitações adaptações:
somente poderá deixar de ser observada I - a pessoa ou casal estrangeiro,
 pela autoridade judiciária nas hipóteses interessado em adotar criança ou
 previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, adolescente brasileiro, deverá formular
quando comprovado ser essa a melhor  pedido de habilitação à adoção perante a
solução no interesse do adotando.  Autoridade Central em matéria de adoção
§ 2o A recusa sistemática na adoção das internacional no país de acolhida, assim
crianças ou adolescentes indicados entendido aquele onde está situada sua
importará na reavaliação da habilitação residência habitual;
concedida. II - se a Autoridade Central do país de
- Adoção internacional acolhida considerar que os solicitantes estão
 Art. 51. Considera-se adoção internacional habilitados e aptos para adotar, emitirá um
aquela na qual a pessoa ou casal postulante relatório que contenha informações sobre a
é residente ou domiciliado fora do Brasil, identidade, a capacidade jurídica e
conforme previsto no Artigo 2 da Convenção adequação dos solicitantes para adotar, sua
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à situação pessoal, familiar e médica, seu
Proteção das Crianças e à Cooperação em meio social, os motivos que os animam e
Matéria de Adoção Internacional, aprovada sua aptidão para assumir uma adoção
 pelo Decreto Legislativo no  1, de 14 de internacional;
 janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto III - a Autoridade Central do país de
no 3.087, de 21 de junho de 1999. acolhida enviará o relatório à Autoridade
§ 1 o A adoção internacional de criança Central Estadual, com cópia para a
ou adolescente brasileiro ou domiciliado no  Autoridade Central Federal Brasileira;

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IV - o relatório será instruído com toda I - sejam oriundos de países que


a documentação necessária, incluindo ratificaram a Convenção de Haia e estejam
estudo psicossocial elaborado por equipe devidamente credenciados pela Autoridade
interprofissional habilitada e cópia Central do país onde estiverem sediados e
autenticada da legislação pertinente, no país de acolhida do adotando para atuar
acompanhada da respectiva prova de em adoção internacional no Brasil;
vigência; II - satisfizerem as condições de
V - os documentos em língua integridade moral, competência profissional,
estrangeira serão devidamente autenticados experiência e responsabilidade exigidas
 pela autoridade consular, observados os  pelos países respectivos e pela Autoridade
tratados e convenções internacionais, e Central Federal Brasileira;
acompanhados da respectiva tradução, por III - forem qualificados por seus
tradutor público juramentado;  padrões éticos e sua formação e experiência
VI - a Autoridade Central Estadual  para atuar na área de adoção internacional;
 poderá fazer exigências e solicitar IV - cumprirem os requisitos exigidos
complementação sobre o estudo  pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas
 psicossocial do postulante estrangeiro à normas estabelecidas pela Autoridade
adoção, já realizado no país de acolhida; Central Federal Brasileira.
VII - verificada, após estudo realizado § 4o Os organismos credenciados
 pela Autoridade Central Estadual, a deverão ainda:
compatibilidade da legislação estrangeira I - perseguir unicamente fins não
com a nacional, além do preenchimento por lucrativos, nas condições e dentro dos
 parte dos postulantes à medida dos limites fixados pelas autoridades
requisitos objetivos e subjetivos necessários competentes do país onde estiverem
ao seu deferimento, tanto à luz do que sediados, do país de acolhida e pela
dispõe esta Lei como da legislação do país  Autoridade Central Federal Brasileira;
de acolhida, será expedido laudo de II - ser dirigidos e administrados por
habilitação à adoção internacional, que terá  pessoas qualificadas e de reconhecida
validade por, no máximo, 1 (um) ano; idoneidade moral, com comprovada
VIII - de posse do laudo de habilitação, formação ou experiência para atuar na área
o interessado será autorizado a formalizar de adoção internacional, cadastradas pelo
 pedido de adoção perante o Juízo da Departamento de Polícia Federal e
Infância e da Juventude do local em que se aprovadas pela Autoridade Central Federal
encontra a criança ou adolescente, Brasileira, mediante publicação de portaria
conforme indicação efetuada pela do órgão federal competente;
 Autoridade Central Estadual. III - estar submetidos à supervisão das
§ 1o Se a legislação do país de autoridades competentes do país onde
acolhida assim o autorizar, admite-se que os estiverem sediados e no país de acolhida,
 pedidos de habilitação à adoção inclusive quanto à sua composição,
internacional sejam intermediados por funcionamento e situação financeira;
organismos credenciados. IV - apresentar à Autoridade Central
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, relatório
Federal Brasileira o credenciamento de geral das atividades desenvolvidas, bem
organismos nacionais e estrangeiros como relatório de acompanhamento das
encarregados de intermediar pedidos de adoções internacionais efetuadas no
habilitação à adoção internacional, com  período, cuja cópia será encaminhada ao
 posterior comunicação às Autoridades Departamento de Polícia Federal;
Centrais Estaduais e publicação nos órgãos V - enviar relatório pós-adotivo
oficiais de imprensa e em sítio próprio da semestral para a Autoridade Central
internet. Estadual, com cópia para a Autoridade
§ 3o Somente será admissível o Central Federal Brasileira, pelo período
credenciamento de organismos que: mínimo de 2 (dois) anos. O envio do
relatório será mantido até a juntada de cópia

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autenticada do registro civil, estabelecendo atuar na cooperação em adoção


a cidadania do país de acolhida para o internacional.
adotado; § 13. A habilitação de postulante
VI - tomar as medidas necessárias para estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá
garantir que os adotantes encaminhem à validade máxima de 1 (um) ano, podendo
 Autoridade Central Federal Brasileira cópia ser renovada.
da certidão de registro de nascimento § 14. É vedado o contato direto de
estrangeira e do certificado de nacionalidade representantes de organismos de adoção,
tão logo lhes sejam concedidos. nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de
§ 5 o A não apresentação dos relatórios  programas de acolhimento institucional ou
referidos no § 4 o deste artigo pelo organismo familiar, assim como com crianças e
credenciado poderá acarretar a suspensão adolescentes em condições de serem
de seu credenciamento. adotados, sem a devida autorização judicial.
§ 6 o O credenciamento de organismo § 15. A Autoridade Central Federal
nacional ou estrangeiro encarregado de Brasileira poderá limitar ou suspender a
intermediar pedidos de adoção internacional concessão de novos credenciamentos
terá validade de 2 (dois) anos. sempre que julgar necessário, mediante ato
§ 7 o A renovação do credenciamento administrativo fundamentado.
 poderá ser concedida mediante  Art. 52-A. É vedado, sob pena de
requerimento protocolado na Autoridade responsabilidade e descredenciamento, o
Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) repasse de recursos provenientes de
dias anteriores ao término do respectivo organismos estrangeiros encarregados de
 prazo de validade. intermediar pedidos de adoção internacional
§ 8 o Antes de transitada em julgado a a organismos nacionais ou a pessoas
decisão que concedeu a adoção físicas.
internacional, não será permitida a saída do Parágrafo único. Eventuais repasses
adotando do território nacional. somente poderão ser efetuados via Fundo
§ 9o Transitada em julgado a decisão, dos Direitos da Criança e do Adolescente e
a autoridade judiciária determinará a estarão sujeitos às deliberações do
expedição de alvará com autorização de respectivo Conselho de Direitos da Criança
viagem, bem como para obtenção de e do Adolescente.
 passaporte, constando, obrigatoriamente, as  Art. 52-B. A adoção por brasileiro
características da criança ou adolescente residente no exterior em país ratificante da
adotado, como idade, cor, sexo, eventuais Convenção de Haia, cujo processo de
sinais ou traços peculiares, assim como foto adoção tenha sido processado em
recente e a aposição da impressão digital do conformidade com a legislação vigente no
seu polegar direito, instruindo o documento  país de residência e atendido o disposto na
com cópia autenticada da decisão e certidão  Alínea “c” do Artigo 17 da referida
de trânsito em julgado. Convenção, será automaticamente
§ 10. A Autoridade Central Federal recepcionada com o reingresso no Brasil.
Brasileira poderá, a qualquer momento, § 1o Caso não tenha sido atendido o
solicitar informações sobre a situação das disposto na Alínea “c”   do Artigo 17 da
crianças e adolescentes adotados. Convenção de Haia, deverá a sentença ser
§ 11. A cobrança de valores por parte homologada pelo Superior Tribunal de
dos organismos credenciados, que sejam Justiça.
considerados abusivos pela Autoridade § 2 o O pretendente brasileiro residente
Central Federal Brasileira e que não estejam no exterior em país não ratificante da
devidamente comprovados, é causa de seu Convenção de Haia, uma vez reingressado
descredenciamento. no Brasil, deverá requerer a homologação
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu da sentença estrangeira pelo Superior
cônjuge não podem ser representados por Tribunal de Justiça.
mais de uma entidade credenciada para  Art. 52-C. Nas adoções internacionais,
quando o Brasil for o país de acolhida, a

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decisão da autoridade competente do país aquela na qual a pessoa ou casal postulante


de origem da criança ou do adolescente é residente ou domiciliado fora do Brasil, (3)
será conhecida pela Autoridade Central conforme previsto no Artigo 2 da Convenção
Estadual que tiver processado o pedido de de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à
habilitação dos pais adotivos, que Proteção das Crianças e à Cooperação em
comunicará o fato à Autoridade Central Matéria de Adoção Internacional, aprovada
Federal e determinará as providências  pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de
necessárias à expedição do Certificado de  janeiro de 1999, e  promulgada pelo Decreto
Naturalização Provisório. nº 3.087, de 21 de junho de 1999.
§ 1o A Autoridade Central Estadual,  A Convenção mencionada, que caracteriza
ouvido o Ministério Público, somente deixará ato multilateral, é relativa à Proteção das
de reconhecer os efeitos daquela decisão se Crianças e à Cooperação em Matéria de
restar demonstrado que a adoção é  Adoção Internacional, tendo entrado em
manifestamente contrária à ordem pública vigor internacionalmente em 1º de maio de
ou não atende ao interesse superior da 1995. No Brasil, entrou em vigor em 1º de
criança ou do adolescente.  junho de 1999, tendo sido depositado o
§ 2 o Na hipótese de não instrumento de inteira ratificação da
reconhecimento da adoção, prevista no § 1 o Convenção em 10 de março de 1999.
deste artigo, o Ministério Público deverá Cabe ressaltar que também é considerada
imediatamente requerer o que for de direito como adoção internacional a realizada por
 para resguardar os interesses da criança ou brasileiros domiciliados em território
do adolescente, comunicando-se as estrangeiro.
 providências à Autoridade Central Estadual,  A Convenção, inaugurando um sistema de
que fará a comunicação à Autoridade cooperação entre os Estados contratantes,
Central Federal Brasileira e à Autoridade estabeleceu garantias para que as adoções
Central do país de origem. internacionais fossem feitas segundo o
 Art. 52-D. Nas adoções internacionais, superior interesse da criança e com respeito
quando o Brasil for o país de acolhida e a aos direitos fundamentais que lhe reconhece
adoção não tenha sido deferida no país de o Direito Internacional.
origem porque a sua legislação a delega ao Dispõe o artigo 2º da Convenção:
 país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,  A Convenção será aplicada quando uma
mesmo com decisão, a criança ou o criança com residência habitual em um
adolescente ser oriundo de país que não Estado Contratante ("o Estado de origem")
tenha aderido à Convenção referida, o tiver sido, for, ou deva ser deslocada para
 processo de adoção seguirá as regras da outro Estado Contratante ("o Estado de
adoção nacional. acolhida"), quer após sua adoção no Estado
 Adoção internacional é aquela efetivada por de origem por cônjuges ou por uma pessoa
pessoa residente em território estrangeiro. residente habitualmente no Estado de
Quanto à nacionalidade, existe possibilidade acolhida, quer para que essa adoção seja
de casais estrangeiros adotarem. No realizada, no Estado de acolhida ou no
entanto, é importante destacar que a adoção Estado de origem.
por estrangeiros possui caráter subsidiário. De acordo com a própria Convenção,
Estrangeiros ou brasileiros residentes em consoante seu artigo 4º:
outro país, que pretendam adotar no Brasil, a adoção internacional apenas se verificará
não concorrem em igualdade de condições quando as autoridades competentes do
com residentes no Brasil. O artigo 51 do Estado de origem tiverem verificado, depois
ECA, substancialmente alterado pela Lei de haver examinado adequadamente as
12.010/2009, dispõe acerca da adoção
internacional, conceituando-a como: 3
 A adoção por casais brasileiros que residam no estrangeiro
também é considerada adoção internacional, que será
automaticamente recepcionada com o reingresso em
território brasileiro. Já se o país em que ele reside não for
ratificante da Convenção de Haia, deverá o adotante postular
pela homologação da sentença estrangeira pelo Superior
Tribunal de Justiça.

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 possibilidades de colocação da criança em De acordo com as novas disposições


seu Estado de origem, que uma adoção trazidas pela Lei 12.010/2009, vários
internacional atende ao interesse superior motivos podem levar ao descredenciamento
da criança. dos organismos internacionais de
Logo, a adoção internacional é intermediação, mediante ato administrativo
subsidiária de acordo não somente com fundamentado da Autoridade Central
o ECA, mas com a própria Convenção em Federal Brasileira. São eles:
epígrafe. Em apreço ao disposto na  A não renovação do credenciamento
Convenção, estabelece esse caráter de poderá ser concedida mediante
subsidiariedade o artigo 51 do ECA, já com requerimento protocolado na Autoridade
a alteração promovida pela Lei Central Federal Brasileira nos 60 dias
12.010/2009). anteriores ao término do respectivo prazo de
O procedimento na adoção internacional validade;
possui certas disposições específicas que,  A cobrança de valores, por parte dos
muito embora estejam previstas no artigo 52 organismos credenciados, que sejam
do ECA, serão estudadas na análise da considerados abusivos pela Autoridade
parte procedimental prevista nos artigos 165 Central Federal Brasileira;
a 170 do ECA, por questões didáticas.  O repasse de recursos provenientes
Os pedidos de habilitação para a adoção de organismos estrangeiros encarregados
internacional4  serão intermediados por de intermediar pedidos de adoção
organismos nacionais e estrangeiros, internacional a organismos nacionais ou a
credenciados5  junto à Autoridade Central pessoas físicas.
Federal Brasileira, com posterior O adotando brasileiro só poderá sair do
comunicação às Autoridades Centrais país em companhia dos pais adotivos
Estaduais e publicação em órgãos oficiais quando transitar em julgado a decisão
de imprensa e em sítio próprio na internet . que defere a adoção, mediante alvará de
Tais organismos de intermediação devem autorização de viagem, expedido pelo juiz
ser oriundos dos países que ratificaram a com cópia autenticada da decisão e seu
Convenção de Haia, desde que trânsito em julgado. Tal autorização
credenciados pela Autoridade Central do abrangerá a emissão de passaporte e
Estado em que estejam sediados e pelo país aposição de todos os dados, todas as
de acolhida do adotando. Tais organismos características do adotando.
não podem ter finalidade lucrativa e devem É importante destacar que o ECA dispõe
enviar relatório pós-adoção às Autoridades sobre a adoção internacional também nos
Centrais Estaduais, sempre com cópia à casos em que o Brasil é o país de acolhida,
 Autoridade Central Federal, pelo período consoante o disposto no artigo 52. Nesses
mínimo de dois anos. Esse relatório será casos, a decisão da autoridade competente
mantido até a juntada da cópia do registro do país de origem será conhecida pela
que confira nacionalidade do adotando no  Autoridade Central Estadual Brasileira6  que
país de acolhida. O organismo que não tiver processado o pedido de habilitação dos
enviar os relatórios terá suspenso seu pais adotivos, sendo o fato comunicado à
credenciamento. Isso não significa que,  Autoridade Central Federal. Cabe a esta
após obtenção da nacionalidade, o Brasil expedir o CNP (Certificado de Naturalização
não tomará ciência da situação do adotado. Provisório).
Pelo contrário, estabelece o parágrafo 10 do Nos casos em que o país de origem não
artigo 51 que a Autoridade Central Brasileira seja ratificante da Convenção de Haia ou
poderá, a qualquer momento, solicitar nos casos em que delegue o processo de
informações sobre a situação das crianças e adoção ao país de acolhida, tal processo
adolescentes adotados.
6
 Ouvido o Ministério Público, a Autoridade Central Estadual
4
  A habilitação de postulantes estrangeiros terá duração somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão
máxima de um ano. se restar demonstrado que a adoção é manifestamente
5
  O credenciamento tem validade no Brasil por dois anos contrária à ordem pública ou não atende ao interesse
(artigo 51, parágrafo 60, ECA). superior da criança ou do adolescente.

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será o observado para a adoção nacional


(artigo 52-D).  As medidas socioeducativas são elencadas
Embora a adoção internacional seja medida taxativamente no artigo 112. São elas:
extrema, que nega a nacionalidade brasileira 1. Advertência;
ao adotado, além de inseri-lo em uma 2. Obrigação de reparar o dano;
cultura diferenciada, muitas vezes é a única 3. Prestação de serviços à comunidade;
hipótese de garantir e assegurar o direito à 4. Liberdade assistida;
convivência familiar para as crianças e 5. Inserção em regime de
adolescente que são preteridas em semiliberdade;
detrimento da sua etnia, idade, estado de 6. Internação em estabelecimento
saúde, sexo e aparência, no próprio país de educacional;
origem.  Ao determinar qual medida deve ser
Quando a preterição ocorre em razão da cumprida pelo adolescente em conflito com
idade, denomina-se a hipótese de adoção a lei, o juiz deve levar em conta a
tardia. Alguns consideram tardias as capacidade do adolescente para
adoções de crianças com idade superior a cumprimento da medida, as circunstâncias e
de dois anos de idade. a gravidade da infração (artigo 121,
Os postulantes à adoção optam pela adoção parágrafo 1º), sendo a medida de internação
de crianças com idade menor possível, sempre excepcional.
buscando a possibilidade de uma adaptação Levar em conta a capacidade não significa
tranquila7   na relação de pai e filho, que o menor portador de doença mental não
almejando imitar o vínculo biológico- possa sofrer medida socioeducativa. O ECA
sanguíneo. Sonham acompanhar prevê expressamente no parágrafo 2º do
integralmente o desenvolvimento físico e artigo 112 que os adolescentes portadores
 psicossocial, que se manifestam desde as de doenças ou deficiência mental receberão
 primeiras expressões faciais, como o tratamento individual e especializado, em
sorriso, e movimentos dos olhos local adequado às suas condições. O
acompanhando objetos e demonstrando o Superior Tribunal de Justiça já admitiu até
reconhecimento das figuras parentais, além mesmo o cumprimento de medida de
das primeiras falas e passos. Querem internação por adolescente em conflito com
realizar o desejo materno e paterno de a lei acometido de doença mental.
trocar as fraldas, dar colo, amamentar, ninar,  As regras atinentes às medidas
dar banho, trocar-lhe as roupas, dentre socioeducativas em espécie encontram-se a
outros; enfim, construir uma história familiar partir do artigo 113.
e registrá-la, desde os primeiros dias de vida A mais importante delas, por ser a mais
do filho. (CAMARGO, 2006). objeto dos julgamentos pelos nossos
Tribunais, é a medida de internação.
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Internação e a Lei 12594/12
Medidas socioeducativas (art.112 do CP)  A internação é a medida socioeducativa que
 Apenas o adolescente poderá receber consome mais disposições do ECA, sendo
medida socioeducativa, quando praticar ato tratada pelos artigos 121 a 125. Tal medida
infracional. é privativa de liberdade e não comporta
Rol taxativo  –  o juiz não pode aplicar prazo determinado, mas comporta prazo
medidas sócioeducativas fora do rol do máximo, ficando o adolescente internado
art.112. em estabelecimento próprio para esse fim,
Autoridade competente para aplicar não podendo permanecer internado em
medidas socioeducativas – juiz da infância sede policial ou em estabelecimento
e juventude. prisional.
 A medida de internação é regida, consoante
artigo 121, pelos princípios da brevidade,
7
 Grafia alterada para adaptar-se à reforma excepcionalidade e respeito à condição
ortográfica que suprimiu o uso do trema. peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Passemos a analisar as disposições do ECA

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que buscam garantir a eficácia de tais pelo legislador justamente levando em conta
princípios. o prazo máximo de três anos. Se não
Em apreço ao princípio da brevidade, a houvesse a possibilidade de aplicação da
medida de internação, embora não tenha internação até os 21 anos, o adolescente
prazo determinado na sentença pelo juiz, que praticasse o ato próximo à data de
deverá ser cumprida, em regra, por um completar a maioridade provavelmente não
prazo máximo de três anos. Dizemos em receberia a medida. O legislador pensou em
regra porque o ECA prevê alguns outros atingir até mesmo o adolescente que
prazos de grande importância. Dessa forma, deixasse para praticar o ato infracional no
existe a previsão no ECA dos seguintes último momento antes de completar a
prazos máximos: maioridade.
a) Três anos: prazo estabelecido pelo Seja qual for o motivo da desinternação,
art. 121, par. 3º; essa somente será realizada mediante
b) 45 dias: prazo estabelecido no art. decisão judicial fundamentada, não
108 para a internação provisória; sendo automática em nenhuma hipótese.
c) Três meses: prazo estabelecido no Caso o adolescente não seja liberado ao
par. 1º do art. 122, relativo à medida de completar três anos de internação ou
internação sanção, pelo descumprimento de quando atingir 21 anos, passará a existir
medida anteriormente imposta de forma ilegal privação de liberdade, sendo cabível
injustificada e reiterada; habeas corpus. Também será cabível o writ 
d) Seis meses: prazo máximo no caso de inadequação da medida de
estabelecido para a reavaliação da medida internação, caso em que se admite a
de internação. progressão para semiliberdade ou até
Com isso, podemos afirmar que a mesmo para liberdade assistida.
internação é medida privativa de Rafael, na véspera de seu aniversário de 18
liberdade que não comporta prazo anos, deu um tiro em Carlos, que morreu em
determinado na sentença, mas que virtude do ferimento 10 dias depois. Como
comporta  prazo máximo de três anos Rafael responderá pelo ato praticado?
para que o adolescente permaneça Resposta: Levando-se em conta que tanto o
internado, desde que tenha sido Código Penal quanto o ECA adotam a teoria
reavaliada mediante decisão da atividade, considera-se a idade de Rafael
fundamentada no máximo a cada seis no momento da conduta (artigo 104 do
meses. A reavaliação é direito subjetivo do ECA). Dessa forma, Rafael praticou ato
adolescente, sendo cabível a impetração de infracional e não crime, sendo cabível
mandado de segurança para que ela seja medida socioeducativa. Considerando o ato
realizada, pois possibilitará que o ter sido praticado mediante violência, é
adolescente seja desinternado assim que a possível a medida de internação, que
medida não se mostre mais necessária. poderá perdurar por até três anos, desde
Também tem sido aceita a impetração de que não ultrapasse o limite de 21 anos de
habeas corpus  e deferida a ordem para idade de Rafael.
realização da reavaliação. Poderia Rafael ser internado após os 18
Atingido o prazo máximo de três anos, o anos?
adolescente será liberado ou passará a Resposta: É controvertida tal possibilidade.
cumprir medida de semiliberdade ou de Entendimento favorável à defesa seria pela
liberdade assistida, caso a medida impossibilidade da internação, 8  sendo ela
socioeducativa não tenha atingido sua considerada anacrônica e sem
finalidade. potencialidade para surtir os efeitos
O prazo máximo de três anos deve ser preconizados se determinada após os 18
analisado conjuntamente com a idade anos. Só poderia perdurar após os 18 anos,
máxima permitida para o cumprimento da
internação, que é de 21 anos, consoante 8
 Neste sentido, Yussef Cahali, JTJ-LEX
disposto no parágrafo 5º do artigo 121. 169/107.
Tal limite máximo de idade foi estabelecido

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mas não poderia ser iniciada após esta adolescente que já tenha concluído
idade. Não entendemos dessa forma. cumprimento de medida socioeducativa
Considerando o espírito da lei e o objetivo dessa natureza, ou que tenha sido
da medida de internação, que é, sobretudo, transferido para cumprimento de medida
o de educar e reintegrar à sociedade, menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos
pensamos ser possível a internação após os  por aqueles aos quais se impôs a medida
18 anos, desde que o ato infracional tenha socioeducativa extrema.
sido praticado antes dos 18, pois, caso o Com base no disposto no artigo 45,
agente já tenha atingido tal idade, ele será parágrafo 1º da Lei 12594/12, poderá a
considerado imputável, praticará crime e medida de internação ultrapassar 03 anos,
poderá ser-lhe aplicada pena. Caso já tenha desde que por mais de um ato infracional
completado 18 anos, poderá incidir a seu praticado.
favor circunstância atenuante prevista no Passemos à análise do princípio da
artigo 65, I, do Código Penal. excepcionalidade. De acordo com esse
princípio, por ser considerada a mais grave,
O que se entende por prescrição a mais drástica das medidas, a medida de
educativa e executiva no ECA? internação somente pode ser aplicada nos
Resposta: Trata-se da impossibilidade de casos expressos de forma taxativa,
continuidade da medida de internação após exaustiva no artigo 122 do ECA. Eventual
os 21 anos daquele que praticou ato sentença que estabeleça a medida de
infracional antes dos 18 anos, ficando internação fora dos casos previstos no artigo
obstada a execução da medida 122 será nula, por violação literal de
socioeducativa. disposição de lei. Sendo assim, não basta a
Muito embora o ECA disponha que o prazo gravidade em abstrato ou em concreto do
máximo da medida de internação seja de ato infracional  para fundamentar a referida
três anos, com o advento da Lei 12.594/12, medida, pois o juiz só poderá determinar a
a prática de ato infracional posteriormente internação quando:
ao início da execução de medida a) O ato infracional for praticado com
anteriormente imposta pode desafiar nova violência ou grave ameaça à pessoa;
medida, caso em que o prazo máximo de b) Houver reiteração em atos
três anos se dará em razão de cada medida, infracionais dotados de gravidade;
desde que a idade limite de 21 anos não c) A medida anteriormente imposta ao
deixe de ser observada: adolescente for descumprida de forma
 Art. 45. Se, no transcurso da execução, injustificável e reiterada, caso em que vimos
sobrevier sentença de aplicação de nova que a internação substitutiva terá o prazo
medida, a autoridade judiciária procederá à máximo de três meses.
unificação, ouvidos, previamente, o
Ministério Público e o defensor, no prazo de Nesta última hipótese, com alteração
3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em promovida pela Lei 12.594/12, passa a
igual prazo. dispor o parágrafo 1º do artigo 122 que:
§ 1º É vedado à autoridade judiciária O prazo de internação na hipótese do inciso
determinar reinício de cumprimento de III deste artigo não poderá ser superior a 3
medida socioeducativa, ou deixar de (três) meses, devendo ser decretada
considerar os prazos máximos, e de  judicialmente após o devido processo legal.
liberação compulsória previstos na Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990 (E s tatuto da Ou seja, muito embora antes fosse aplicada
Criança e do Adolescente),  excetuada a a súmula 265 do STJ para se exigir a prévia
hipótese de medida aplicada por ato oitiva do adolescente, de forma que lhe
infracional praticado durante a fosse dada a possibilidade de se justificar,
execução. agora a lei, ao alterar o ECA vai adiante,
§ 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar exigindo o devido processo legal para
nova medida de internação, por atos aplicar a medida na hipótese do inciso III,
infracionais praticados anteriormente, a pelo prazo máximo de três meses.

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Dispõe ainda o artigo 43 da Lei 12.594/12: separação por critérios de idade, compleição
§ 4o A substituição por medida mais física e gravidade da infração. Durante todo
gravosa somente ocorrerá em situações o período de internação, inclusive provisória,
excepcionais, após o devido processo legal, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 Com base na disposição desse artigo,
da Lei no  8.069, de 13 de julho de 1990 questiona-se o que ocorre com o
(Estatuto da Criança e do Adolescente), e adolescente que pratica ato infracional que
deve ser: desafie a internação, não havendo
I - fundamentada em parecer técnico; estabelecimento próprio para o cumprimento
II - precedida de prévia audiência, e nos da medida.
termos do § 1o do art. 42 desta Lei. Internação e acolhimento não se
Exigência do parágrafo 1º do artigo 42: confundem. O acolhimento, atualmente
§ 1o A audiência será instruída com o previsto no artigo 101 com a nomenclatura
relatório da equipe técnica do programa de alterada para “acolhimento institucional”,
atendimento sobre a evolução do plano de possui natureza de lar coletivo, medida
que trata o art. 52 desta Lei e com qualquer protetiva que não consiste em privação da
outro parecer técnico requerido pelas partes liberdade, funcionando tão-somente de
e deferido pela autoridade judiciária. forma provisória e como transição para a
O plano a que se refere o artigo 52 é o plano colocação em família substituta.
de atendimento individual (PIA), que  A medida de internação é regulamentada
também estudaremos no procedimento de pela Resolução nº 46 do CONANDA, que
apuração e execução das medidas determina que a instituição de acolhimento
socioeducativas. não deve atender mais de 40 internos.
O Superior Tribunal de Justiça vem O artigo 124 elenca os direitos do
decidindo que o tráfico de drogas praticado adolescente privado da liberdade. O rol é, no
por adolescente não possibilita, por si só, a entanto, meramente exemplificativo. A Lei
incidência de medida de internação, exceto 12.594/12 elenca ainda, também em rol
se a análise do caso concreto levar a uma exemplificativo, direitos para todos os
das situações acima previstas. Vem adolescentes que cumpram medidas
decidindo o Tribunal, portanto, pela socioeducativas, como poderemos verificar
possibilidade de internação se houver no capítulo referente ao procedimento
reiteração no cometimento de atos relacionado à apuração e execução das
infracionais graves. medidas socioeducativas.
Vejamos o enunciado 492:  Art. 124. São direitos do adolescente privado
O ato infracional análogo ao tráfico de de liberdade, entre outros, os seguintes:
drogas, por si só, não conduz I - entrevistar-se pessoalmente com o
obrigatoriamente à imposição de medida representante do Ministério Público;
socioeducativa de internação do II - peticionar diretamente a qualquer
adolescente autoridade;
Caso o adolescente fuja do estabelecimento III - avistar-se reservadamente com seu
de internação, assim que apreendido, ele defensor;
dará prosseguimento ao cumprimento da IV - ser informado de sua situação
medida, exceto se praticar novo ato  processual, sempre que solicitada;
infracional que desafie a internação. Nesse V - ser tratado com respeito e dignidade;
caso, é iniciada nova medida pelo ato VI - permanecer internado na mesma
praticado, não podendo haver soma que localidade ou naquela mais próxima ao
possibilite ao adolescente permanecer domicílio de seus pais ou responsável;
internado por mais de três anos ou além dos VII - receber visitas, ao menos,
21 anos de idade. semanalmente;
Determina o artigo 123 que a medida de VIII - corresponder-se com seus familiares e
internação deverá ser cumprida em entidade amigos;
exclusiva para adolescentes, em local IX - ter acesso aos objetos necessários à
distinto do destinado ao, obedecida rigorosa higiene e asseio pessoal;

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 X - habitar alojamento em condições filho, cônjuge, companheiro ou irmão, com


adequadas de higiene e salubridade; imediata comunicação ao juízo competente.
 XI - receber escolarização e
 profissionalização;
 XII - realizar atividades culturais, esportivas MEDIDAS SÓCIOEDUCATIVAS (art.112 do
e de lazer: ECA)
 XIII - ter acesso aos meios de comunicação São elas:
social;  Advertência
 XIV - receber assistência religiosa, segundo  Obrigação de reparar o dano
a sua crença, e desde que assim o deseje;  Prestação de serviços à
 XV - manter a posse de seus objetos comunidade
 pessoais e dispor de local seguro para  liberdade assistida
guardá-los, recebendo comprovante  Inserção em regime de
daqueles porventura depositados em poder semiliberdade
da entidade;  internação
 XVI - receber, quando de sua desinternação,
os documentos pessoais indispensáveis à Advertência – pode ser aplicada se houver
vida em sociedade prova da materialidade e indício de autoria.
Estabelece ainda o artigo 124, em seus Internação e as demais medidas  –
parágrafos, que em nenhum caso haverá a somente podem ser aplicadas se houver
incomunicabilidade do adolescente. É prova de autoria e de materialidade.
possível, no entanto, à autoridade judiciária Essa distinção costuma ser cobrada na
suspender temporariamente a visita, prova da OAB.
inclusive de pais ou responsável, se Como vimos, a medida socioeducativa
existirem motivos sérios e fundados de sua somente pode ser aplicada ao adolescente
prejudicialidade aos interesses do que pratica ato infracional, chamado de
adolescente. adolescente em conflito com a lei. Não é
É dever do Estado zelar pela integridade mais usual a adoção da nomenclatura
física e mental dos internos, cabendo-lhe adolescente infrator, muito embora às vezes
adotar as medidas adequadas de contenção ainda seja cobrada em prova da CESPE.
e segurança. Adolescente em conflito com a lei (art.27
Durante a internação, assim como na do CP, art.228 da CF/88 e art.104 do ECA)
medida de semiliberdade, é possível a  –  inimputabilidade do menor de 18 anos.
realização de atividades externas, a critério Esse menor não pratica crime, o fato é
da equipe técnica, salvo disposição típico, ilícito e não culpável. Esse menor
expressa judicial em sentido contrário. Ou pratica ato infracional de maneira que a este
seja, o juiz não precisa permitir, mas pode correspondem as medidas socioeducativas.
proibir. A Lei 12.594/12 incluiu o parágrafo Medida de internação (art.121 do ECA)  –
7º no artigo 121, determinado que: É mais gravosa das medidas, tendo
§ 7 o A determinação judicial mencionada no natureza de medida privativa de
§ 1o  poderá ser revista a qualquer tempo liberdade, conforme determina o caput do
 pela autoridade judiciária.”  art. 121.  Não é pena porque o menor não
Outra hipótese trazida pela referida lei, em pratica crime, mas priva o adolescente de
seu artigo 50, é de que além da sua liberdade.
possibilidade de realização de atividades De acordo com o parágrafo §2º do art.121
externas, a critério da equipe técnica, a do ECA  –  a medida de internação não
direção do programa de execução de comporta prazo determinado. Internação
medida de privação da liberdade poderá constitui medida privativa de liberdade, que
autorizar a saída, monitorada, do não comporta prazo determinado, mas sim
adolescente nos casos de tratamento prazo máximo. A medida de internação é
médico, doença grave ou falecimento, regida por três princípios:
devidamente comprovados, de pai, mãe,

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- Princípio da brevidade  –  para garantir o 3ª situação  –  substituição de medida


principio da brevidade, o ECA traz prazos anteriormente imposta  –  quando for
que devem ser respeitados sob pena descumprida de forma reiterada e
daquele que não respeitou o prazo estar injustificada.
praticando crime. O prazo máximo de - Principio do respeito a condição
internação é, em regra, de 3 anos, peculiar de pessoa em desenvolvimento:
consoante o disposto no art. 121, parágrafo lazer, educação, profissionalização e todos
3º do ECA. A desinternação será os demais direitos que garantam ao menor o
compulsória aos 21 anos, ou seja, se tiver seu correto desenvolvimento. Estes direitos
internado e completar 18 anos poderá ficar estão especificamente traçados no artigo
internado até 21 anos, desde que a medida 124 do ECA.
não ultrapasse o prazo de três anos. O limite Para se chegar a aplicação de uma
etário está previsto no parágrafo 5º do art. medida sócioeducativa existem na
121 e em nada se relaciona com a antiga verdade três procedimentos, ou três
maioridade do Código Civil de 1916, mas fases procedimentais:
sim ao fato de o adolescente praticar o ato 1º) em sede policial  –  o adolescente
infracional bem próximo de completar apreendido em flagrante é levado,
dezoito anos, podendo a medida se conduzido, com as limitações previstas no
estender pelo prazo máximo de 03 anos. artigo 178, à delegacia especializada onde
Prazo máximo para reavaliação  – 6 houver e se não houver vai para a Delegacia
meses, conforme §2º do art.121 do ECA. É comum. Adolescente é apreendido em
a reavaliação que vai determinar se o flagrante e não preso. O Art.171 determina
adolescente pode ou não ser desinternado, que nos casos em que a prisão do
 já que o Juiz não determina o prazo de adolescente se dá por ordem judicial, ele é
internação na sentença. levado para a justiça da infância e
Prazo da internação provisória  –  deferida  juventude. Se for o adolescente apreendido
antes da sentença. É possível que o menor em flagrante vai para a delegacia
seja tão perigoso que ele tenha que especializada, conforme art. 172 do ECA.
permanecer internado antes da sentença. Estas são as duas únicas formas de se
Essa internação provisória, que é privar o adolescente de sua liberdade. Não
excepcional, e que só pode ser deferida na há, a título de exemplo, a apreensão para
hipótese prevista no art. 108 do ECA, só averiguação. Sua ocorrência caracteriza
pode durar 45 dias. crime previsto no ECA. Chegando na
Prazo de três meses (art.122 e seu delegacia especializada deve ser
parágrafo 1º.)  –  também chamada de apresentado a autoridade policial para que
internação sanção, pode se estender pelo lavre o auto de apreensão pela pratica de
prazo máximo de três meses. ato infracional (esse auto só será lavrado
- Principio da excepcionalidade (art.122 numa situação que ocorra ato com violência
do ECA)  –  três situações que irão ou grave ameaça), ou pode lavrar boletim do
possibilitar a aplicação de uma medida de ocorrência circunstanciado, nos demais
internação, ou seja, a internação só será casos. Depois de todo este procedimento,
possível em uma das situações elencadas será liberado e devem os pais se encarregar
no artigo 122: de levar o menor para ser ouvido pelo o MP
1ª ato com violência ou grave ameaça  – no mesmo dia ou no dia útil seguinte. Logo,
ex.: ato análogo a um homicídio, roubo, os pais devem prestar termo de
extorsão. compromisso.
2ª reiteração no cometimento de ato 2º) em sede ministerial  –  O Promotor vai
infracional grave  –  Neste caso, o realizar a oitiva informal. Essa oitiva informal
adolescente tem que reiterar em atos é do adolescente, dos pais, da vítima, das
graves. O STJ entende que esta reiteração testemunhas. Depois da oitiva informal o MP
caracteriza a prática de , pelo menos, três poderá:
atos infracionais dotados de gravidade.  Promover o arquivamento ou

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 Conceder remissão (perdão Crimes (alterados pela lei 11829/08)  –


mesmo quando o ato tiver sido praticado) art.240, 241 – A/B/C/D/E. Quase todas as
 –conforme art.126 e art.127 do ECA. Tal condutas descritas no art.240 e art.241
remissão importa em exclusão do processo, utilizam a expressão “cena de sexo explicito
diferente da remissão concedida pelo Juiz, ou pornográfica”. Para ter crime tem que ter
que importará em suspensão ou extinção do a elementar cena de sexo explicito ou
processo e que poderá ser cumulada com pornográfica. Essa elementar é descrita pelo
medida socioeducativa, exceto a de art. 241 E do ECA.
internação e de semiliberdade. Art.241-E  –  conceito restritivo e se não se
 Oferecer representação  –  quando encaixa no conceito não pode ter nenhum
institui peça processual e passa para a fase dos outros crimes acima. Foto de uma
 judicial. A representação é peça processual criança de lingerie em pose sensual não é
que inicia a ação socioeducativa. A crime, pois não se encaixa no conceito do
representação independe de prova pré- art. 241E. Os crimes dos arts. 240 até 241D
constituída de autoria e materialidade. são tipos penais em branco, a serem
3º) em sede judicial para que ao final o necessariamente complementados pelo art.
 juiz possa proferir sentença aplicando ou 241E.
não uma medida sócioeducativa.  Essa O legislador trouxe no art.241-E o conceito
fase se inicia com o oferecimento da de cena de sexo explicito e de cena
representação pelo MP e deverá ter pornográfica definindo esta última como
presença obrigatória do advogado, conforme aquela em que aparecem os órgãos genitais
art.207 do ECA. Teremos a realização de da criança ou adolescente. Com isso, o
duas audiências, uma de apresentação e legislador restringiu a aplicação de todos os
outra audiência em continuação (que tipos penais que mencionam tais
equivale a uma AIJ) , é nessa audiência que expressões.
serão produzidas as provas, ou seja, na Vender, expor a venda, oferecer, divulgar,
audiência em continuação irão ocorrer a publicar, adquirir, armazenar  –  qualquer
garantia da ampla defesa, do contraditório e conduta dessas está descrita no art.241,
do devido processo legal. O juiz profere  A/B/C/D do ECA, mas deverá ser
sentença que pode ser: absolutória ou complementada pelo artigo 241E.
sancionatória (medida sócioeducativa e/ou Atenção: O Art.241-D  – só prevê criança e
medida protetiva). Dessa sentença cabe não adolescente. Aliciar é só criança. Se
apelação sendo possível o juízo de aliciar e praticar o ato é estupro de
retratação, no prazo de 10 dias. vulnerável (art. 217A do Código Penal)
Art.244-B do ECA  –  modalidade de
Criança pratica ato infracional? corrupção de menores. Prática de ato
Art.105 do ECA  –  criança pratica ato infracional. Este artigo possui conduta que
infracional e a diferença será em relação as antes era prevista na Lei 2252/54, que foi
medidas aplicáveis. Criança não passa pelo revogada pela Lei 12015/09, tendo o crime
procedimento estudado acima, deve ser passado a ter previsão no ECA.
encaminhada ao Conselho Tutelar, e só Crime de tortura contra criança e
recebe medidas de proteção. adolescente  –  está previsto na lei de
tortura. A lei 9455/97 revogou o art.233 que
INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA falava em tortura no ECA.
Infrações praticadas contra a criança e Art.243 do ECA  –  causar dependência ≠
adolescente -  se dividem em infrações art.33 da lei 11343/06. Se esse produto que
penais e infrações administrativas. Todos os causa dependência for droga, o crime não
crimes previstos no ECA são de ação penal está no ECA e sim na lei de drogas. O STJ
pública incondicionada. entendia que a venda de bebida alcoolica
Infrações penais (art.228 até at.244-B); caracterizava a contravenção penal do artigo
Infrações administrativas (art.245 em 63 da LCP (Lei de Contravenções Penais),
diante); isso porque nos casos em que quis
mencionar a bebida alcoolica, o legislador o

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