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O Mito do Anel de Giges

O mito do anel de Giges talvez seja uma das mais antigas narrativas sobre a dualidade do ser
humano.

Conta Platão, n’A República, que Sócrates dizia a seu aluno Glauco que o homem é, em
essência, bom. Glauco não concordando com o mestre, contou-lhe a seguinte história:

Giges era um pastor no reino da Lídia. Numa ocasião em que cuidava de seu rebanho,
sobreveio uma forte tempestade acompanhada de um terremoto que abriu uma fenda no
solo. Curioso, Giges entrou na fenda e descobriu o cadáver de um homem que trazia um anel
de ouro no dedo. Giges não teve dúvida e apropriou-se do anel.

Dias depois, quando estava reunido com outros pastores tratando sobre os problemas que
tinham em comum, Giges, brincando com o anel, começou a girá-lo em seu dedo. Surpreso,
percebeu que ao voltar o engaste do anel para o interior da mão, tornava-se invisível para os
demais. Testou outras vezes, reproduzindo-se o mesmo prodígio: virando o engaste para
dentro, tornava-se invisível; para fora, visível. Animado por esta constatação, apresentou-se na
comitiva que iria dar conta da situação dos rebanhos ao rei.

A história de Glauco prossegue, mostrando que Giges utiliza sua invisibilidade para obter, sem
qualquer escrúpulo, benefícios pessoais, seduzindo a rainha e com ela conspirando para matar
o rei, ocupando seu lugar no trono. Sente-se um verdadeiro deus.

Glauco questiona qual dentre os homens, certo de que ninguém descobrisse seus malfeitos,
agiria diferente de Giges. E, dando continuidade aos seus argumentos, passa a conjecturar
sobre o que seria um homem justo. Mas essa é uma outra história.

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