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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL DE TEATRO MARTINS PENA

Interpretação Dramática – Etapa 2


Docente: Carla Gracinda
Discentes: Erick Rizental

ESQUEMA PARA ANÁLISE DE OBRA – QUANDO AS MÁQUINAS PARAM

1 – Circunstâncias dadas
1.1. Dados Ambientais
1.1.1 Onde: Lugar (macro e micro) onde acontece a história
A história se desenvolve, no âmbito macro, na periferia de São Paulo e, no âmbito micro,
todas cenas se passam na casa alugada onde moram Nina e Zé.

1.1.2 Quando: Época, ano, estação, hora do dia


Época/ano: aproximadamente 1967/1968.

Estação: Verão (por opção dos atores e diretor, pois o texto não nos informa a estação).

Hora do dia: Os quadros 1, 2, 3 e 4 se passam no final da tarde/início da noite e o último


no início da tarde.

1.1.3 Ambientações: Econômica, política e religiosa


Econômica: Zé e Nina pertencem à classe baixa. Mesmo durante o período em que Zé
estava empregado, nunca sobrou muito dinheiro para além dos gastos da casa (Nina
comenta no último quadro que desde que casaram nunca comprou um vestido novo).

Política: A ditadura militar começava o seu regime de opressão e brutalidade. Nos


comentários inconformados de Zé, observamos uma supremacia dos donos de negócios
sobre os trabalhadores e um abandono do estado em relação às classes baixas.

Religiosa: Nina é cristã e se apoia em suas crenças para continuar resistindo junto ao
marido. Já Zé não possui nenhum forte vínculo religioso e constantemente faz críticas à
fé de Nina.

1.2 Antecedentes da história: o que acontece antes da história começar

2 – Personagens

Zé –
É um jovem adulto de classe baixa, ex-operário, que se casou com uma mulher e
tem que lutar para manter a casa. É aficionado por futebol e pelo Cortinthians. Sempre
teve que trabalhar e lamenta muito o fato de não ter aprendido nenhum ofício mais novo.
Apesar de seus pesares, não fica claro qual é seu sonho profissional.
As marcas características de seu figurino e caracterização serão: cabelos soltos de
comprimento médio, bigode e talvez costeletas típicas da década, camisa de cor bege lisa
e uma do Corinthians para o primeiro quadro; calça jeans azul reta, sapatos pretos, um
short branco e um preto (refletindo as cores do time). Em casa, anda muito à vontade, pés
descalços, camisa aberta ou sem camisa. A paleta de cores de Zé está mais voltada para o
bege e o azul, com um aspecto meio opaco, refletindo sua condição de homem comum,
trabalhador e não muito vaidoso.
A camisa e a calça são um pouco mais largas do que o padrão atual, conferindo-lhe
uma silhueta maior e menos curvilínea.
2.1. Desejo: Superobjetivo, aonde quer chegar

Zé deseja formar uma família com Nina, ser feliz no casamento e ter uma vida estável com
um bom emprego.

2.2. Força de vontade: capacidade para atingir o superobjetivo: Luta para conseguir
o que quer?
Zé batalha para conseguir empregar-se, mas a frustração e seus valores, conscientes ou
não, acabam por imobiliza-lo a partir do quarto quadro.

2.3. Atitude moral: seus valores e crenças

Zé tem um ponto de vista crítico em relação à estrutura social na qual está inserido, onde
os trabalhadores são desprivilegiados em prol dos “bacanas”, dos donos de negócio. Para
o Zé, esses sujeitos são vagabundos, uma vergonha, pois só através do próprio suor um
homem pode ter dignidade. Apesar da inconformidade, possui uma visão tradicional
sobre a família e de seu papel na casa. Simpatiza muito com crianças, pois vê nelas um
contraste a essa sociedade corrompida.
2.4. Polarização: Como ele começa e como termina (emoções e objetivos atingidos?)

Zé inicia a peça desempregado a quase um semestre, mas ainda está, alegre, firme na
procura de um emprego e procurando se distrair. Os eventos da peça vão o deixando
frustrado e desconfiado, o que culmina em seu desanimo para procurar emprego e
hesitação em aceitar a oportunidade oferecida pelo marido da irmã de Nina. Vemos um
Zé melancólico, beligerante e niilista no final da peça, que trespassa os desejos de sua
mulher e a agride fisicamente.

3 - Diálogo
3.1. Escolha das palavras: dialetos (sotaques de grupos) e idioleto (sotaque
individual como por exemplo troca de letras)

Como se passa em território paulistano na década de 60, o texto sugere um sotaque


regional e de época. Porém, desobedecendo um pouco aos critérios da estética realista, o
elenco e a direção, por conveniência, optaram por manter o sotaque original dos atores.
O idioleto, porém, é muito particular: são muitas gírias da época e falas bastante sucintas.
Zé, em especial, possui um arsenal imenso de gírias, constituindo um texto informal e ao
mesmo tempo muito figurado.

3.2. Escolha de frases: Frases longas, curtas, interrompidas


Frases curtas. Falas, em geral, não muito longas e com poucas interrupções.

4 – Ideias
4.1. Significado do título (o porquê do título)
O título da peça tem relação com a demissão de Zé, pois trabalhava no maquinário de
uma fábrica. A alusão a um mecanismo pode também estar relacionada aos aspectos da
relação entre Zé e Nina, que se aproxima cada vez mais de um impasse. Levando em conta
o criticismo da peça à sociedade, as “máquinas” poderiam se referir às pessoas e o “parar”
seria uma reação à opressão ininterrupta das autoridades e dos capitalistas.

4.2. Breve resumo da história


De início, somos introduzidos à situação de Zé, que está a procura de emprego, e Nina que
cuida da casa e é costureira. Vemos Nina estimulando (quase cobrando) o marido a ir
atrás de emprego, pois devem à venda e não tem o que comer para a semana. No dia
seguinte, Zé, que estava animado e esperançoso no último quadro, aparece triste em casa
porque soube da prisão de uma criança da rua. Nina não parece se compadecer muito.
Depois disso, Nina conta que o dono da casa, a quem estão devendo o aluguel, quer os dois
fora de lá em três meses. Zé se enraivece com a situação e Nina o anima, dando-lhe um
cigarro que pagou com o dinheiro que está ganhando na costura.
Numa tentativa de empregar-se, Zé vai para Osasco e volta para casa indignado. Conta para
Nina tudo o que aconteceu, desabafa a raiva que teve de um homem que tentou fazer com
que comprasse a vaga e da situação como um todo. Nina novamente o anima para o dia
seguinte e continua ganhando dinheiro da costura.
Depois de passar o dia seguinte sem sair para procurar emprego, Nina conta a Zé que sua mãe
recebeu muito dinheiro e apresenta uma saída para a situação dos dois: um emprego como
taxista ao lado do marido de sua irmã. Zé desta vez fica muito inseguro de aceitar a proposta,
mas ela o convence. Apesar disso, discutem de novo por causa da mãe de Nina até o momento
que Nina revela que está grávida. Zé se enternece com a paternidade, pois era um sonho para
ele ter uma criança.
Na última parte do drama, vemos Zé voltar atrás e dizer que não quer mais o filho. Nina
procura contornar a situação, mas Zé está impassível. Nina finalmente confronta Zé, que quer
poupar a criança do sofrimento de nascer e não quer que a situação financeira do casal se
agrave ainda mais. O conflito vai se intensificando, até que Nina decide partir para a casa da
mãe. Num frenesi de raiva, Zé agride Nina, que o enfrenta até que ele dá um golpe em sua
barriga.

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