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Entre a razão e a emoção: a tomada de crédito consignado pelos idosos

Entre a razão e a emoção: a tomada de crédito consignado pelos


idosos
Bruna Osvald de Souza*, Cleide Fátima Moretto**

Resumo
Os estudiosos da psicologia econômica estão em dificuldade. O sistema afetivo e
vêm tentando estabelecer a relação entre o a solidariedade econômica no âmbito da
consumo e o comportamento. Compreen- família influenciam de forma significativa
der as emoções que as pessoas experien- na tomada de decisão.
ciam e as influências, na hora de consumir,
ou de postergar o consumo torna-se funda- Palavras-chave: Envelhecimento Humano.
mental quando se analisa a tomada de de- Psicologia Econômica. Crédito Consignado.
cisão. O crédito consignado tem sido uma Endividamento.
modalidade de empréstimo muito utiliza-
da pelos idosos e, se por um lado sinaliza
acesso fácil, por outro implica em endivi-
damento. O objetivo do artigo é verificar os Introdução
motivos que levam o aposentado a tomar
o crédito consignado. O estudo descritivo É crescente o número de aposentados
tem abordagem qualitativa e apresenta a da previdência social no Brasil que recor-
análise de conteúdo resultante de 12 entre- re ao empréstimo consignado1. O crédito,
vistas realizadas com idosos aposentados que mais tarde foi chamado de crédito
que haviam tomado crédito consignado no consignado, é muito utilizado, principal-
município de Não-Me-Toque (RS). Conclui
mente pelos aposentados e pensionistas
que os aposentados pesquisados tem incor-
porado a possibilidade de tomar o crédito do Instituto Nacional do Seguro Social
consignado como uma escolha cotidiana e (INSS), como destacam Rodrigues et
declaram ser autônomos na decisão, ainda al. (2005). O valor tomado é descontado
que na maior parte das vezes assumam o diretamente do benefício previdenciário
endividamento para auxiliar familiares que

*
Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade de Passo Fundo. Endereço: Rua Pedro Augustin nº
220, Não-Me-Toque (RS) - CEP 99470-000 E-mail: bruna_o_s@hotmail.com.
**
Economista. Mestre em Economia (Ufrgs). Doutora em Teoria Econômica (USP). Professora titular da
Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Feac) e docente permanente do Programa
de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano (ppgEH), Universidade de Passo Fundo (UPF). E-mail:
moretto@upf.br.

http://dx.doi.org/10.5335/rbceh.2014.3978
Recebido em: 19/05/2014. Aprovado em: 01/08/2014

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e não deverá ultrapassar 30,0% do valor marano e Pasinato (2004) destacam que
do benefício total. Os autores observam para os formuladores de políticas sociais
que várias pesquisas foram realizadas, predominam tanto aspectos relacionados
visando mapear as motivações dos em- com a condição em determinada idade de
préstimos e apontaram que a finalidade sua vida quanto em algum ponto do ciclo
dos recursos advindos de empréstimos de vida social.
consignados seria o pagamento de dí- A velhice, fase em que grande parte
vidas, contraídas com juros mais ele- dos aposentados está incluída, como des-
vados, e para o consumo. Porém, como tacam Almeida, Mochel e Oliveira (2011),
qualquer modalidade de crédito, alertam deve ser estudada e compreendida, consi-
os autores, o crédito consignado pode derando a sua multidimensionalidade e
gerar o endividamento, resultando em a forma que essas pessoas convivem com
efeitos adversos, inclusive risco moral2. mudanças físicas, cognitivas, de papéis
No caso do aposentado ou pensionista, sociais e familiares, de perdas e ganhos,
como não existe rescisão de contrato, o no ambiente sociocultural onde ela é
valor possui melhor retorno por parte vivenciada. É justamente nessa fase de
das instituições financeiras. O apelo ao perda de autonomia, na qual a família,
aposentado, normalmente pessoa idosa, principalmente os filhos, passa a ter
tem sido rotineiro nos correspondentes um papel fundamental nas decisões re-
bancários em geral. lacionadas ao idoso. Saad (2004, p. 170)
Ainda que a alusão aos aposentados afirma que, enquanto ocorre uma inten-
não implique necessariamente tratar de sificação do processo de envelhecimento
pessoa idosa, observa-se uma aproxima- populacional, confirma-se que no Brasil
ção da condição de aposentado às pessoas existe um contexto de medidas limita-
com mais de 60 anos de idade. Schneider tivas à transferência de ajuda de filhos
e Irigaray (2008) afirmam que, ainda adultos a pais idosos, instalando-se uma
que os estudiosos da área classifiquem situação de dependência do idoso em
os indivíduos em três categorias de ido- relação à família que começa a tornar-se
sos, idosos jovens (65-74 anos), idosos motivo de especial preocupação.
velhos (75 a 84 anos) e idosos mais velhos Os filhos são os primeiros para quem
(mais de 85 anos), o envelhecimento os idosos pedem auxílio para lhe darem
não é determinado apenas pelo aspecto suporte, mas quando esses não podem
cronológico, mas resulta de experiências ajudá-los, por diferentes motivos, os ido-
passadas, do modo como os indivíduos vi- sos acabam buscando ajuda com amigos e
vem, se são capazes de gerirem a própria vizinhos. Percebe-se que a questão finan-
vida no presente e de suas expectativas ceira está ligada à saúde e à aposentado-
futuras. Portanto, prevê a integração ria e, mesmo sendo uma renda limitada, é
entre as vivências pessoais e o contexto ela quem garante o mínimo de autonomia
social e cultural, envolvendo natural- (LIMA; SILVA; GALHARDONI, 2008).
mente diferentes aspectos, cronológicos, Argumentam que, no caso brasileiro,
biológicos, psicológicos e culturais. Ca- os idosos, ao invés de contarem com os

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benefícios das redes de apoio, são cada As escolhas individuais são subje-
vez mais importantes nos domicílios que tivas, influenciadas por características
reúnem três ou mais gerações, sendo res- pessoais e pela experiência passada.
ponsáveis pela manutenção das despesas Qualquer indivíduo, em sua fase de
e pelo suporte para gerações mais jovens. criança, adolescente ou adulto, é afetado,
A família que acolhe o idoso, como argu- como qualquer ser humano, por fatores
mentam Camarano et al. (2004b, p 152), ligados ao seu sistema psicológico: com
também usufrui de sua aposentadoria, ou o idoso não é diferente. Os estudiosos
seja, quando o idoso introduz sua renda da psicologia econômica3 vêm tentando
no ambiente familiar onde está inserido, estabelecer a relação entre o consumo
há um aumento no orçamento da família e o comportamento. Compreender as
que está associado ao crescimento da par- emoções que as pessoas experienciam na
ticipação do benefício social na sua renda. hora de consumir, ou de postergar o con-
Ao falar sobre a família, Camarano, sumo torna-se fundamental quando se
Kanso e Mello (2004a) afirmam que analisa o processo de tomada de decisão.
essa pode ser considerada uma das ins- Como defende Katona, um dos pioneiros
tituições mais importantes e eficientes da psicologia econômica, “o consumidor
em relação ao bem-estar do indivíduo é um ser humano influenciado pela sua
e, também, à distribuição de recursos experiência passada. Suas normas so-
entre os seus membros. Para as autoras, cioculturais, atitudes, e hábitos, assim
a família serve como base e, na mesma como o seu pertencimento a grupos,
lógica das relações entre o mercado e os todos influenciam suas decisões” (1976,
indivíduos, atua por meio da interme- p. 218, tradução nossa). Ao tratar do
diação de recursos, ou das relações entre que o autor denomina “família moderna”
o Estado e o indivíduo, redistribuindo como atributo para consumidor, Katona
renda direta e indiretamente. destaca que a tomada de decisão é nor-
Pode-se deduzir que uma maior malmente uma questão familiar, na qual
atenção deve ser oferecida aos idosos, os membros importam, assim como os
não somente no ambiente familiar, mas estágios do ciclo de vida e renda, o que
também por parte das instituições de define a quantidade de bens comprados
crédito e a sociedade em geral. No que e a adequação dos meios disponíveis
diz respeito à preocupação com o bem- para prover as necessidades de despesas.
-estar, como argumentam Ceshin, Al- Esses fatores são avaliados também em
quati e Ximenes (2012, p.2), “resultados relação à tomada de crédito.
de pesquisas apontam que, tanto para O município de Não-Me-Toque,
os homens como as mulheres, para viver localizado no estado do Rio Grande do
com qualidade o idoso precisa, além de Sul, tem uma população de 15.936 mil
ter saúde, participar das atividades de habitantes (IBGE, 2011). Desses, 2.255
lazer e ter boas condições financeiras”. (14,1%) tem mais de 60 anos de idade.
Portanto, a dimensão financeira é deter- Com a ampliação do acesso ao crédito
minante da qualidade de vida dos idosos. por meio do empréstimo consignado,

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observa-se que os aposentados reagem ao utilização e disposição de bens e serviços.


endividamento como reagem em relação Focalizam-se as características pessoais,
às demais tomadas de decisão de seu o background familiar e a finalidade do
cotidiano. O estudo, nesse sentido, recai crédito dos aposentados pesquisados.
sobre o contexto do idoso aposentado, Inicialmente, busca-se identificar
tratando da peculiaridade desses em as características pessoais, como idade,
termos da tomada de crédito consignado, gênero, escolaridade, renda bruta men-
suas características pessoais, a estrutura sal, estado civil, situação da unidade
familiar e a motivação como aspectos familiar, número de dependentes. Uma
definidores de suas escolhas. categoria utilizada para a compreensão
O objetivo central deste trabalho é do processo de tomada de decisão de
evidenciar o comportamento dos apo- crédito é o background familiar. Nessa
sentados em termos de acesso e endi- categoria buscam-se identificar como as
vidamento pelo crédito consignado do atitudes, a cultura, os hábitos que esse
INSS. Questiona-se sobre os motivos indivíduo teve ao longo de sua trajetória
econômicos e psicológicos que levam o pessoal interferem na vida financeira
idoso a assumir o crédito consignado. e na decisão do crédito na atualidade.
Por fim, a categoria que irá determinar
Métodos e técnicas a causalidade entre a tomada de crédito
e a situação de endividamento dos apo-
O presente artigo apresenta um sentados é a finalidade do crédito. Com
recorte parcial de uma pesquisa mais essa categoria, a intenção é identificar
ampla, em nível descritivo, que, a partir quais são as causas e para aonde vai o
de uma abordagem qualitativa, buscou recurso financeiro, se é para o próprio
delinear o modelo de tomada de decisão consumo ou se é para auxiliar outros
de George Katona (1976), para identi- membros da família.
ficar os motivos de acesso e endivida- O levantamento de dados seguiu
mento pelo crédito consignado por parte uma amostragem não probabilística,
dos aposentados do INSS. O modelo de por cotas e intencional. A inclusão dos
Katona pressupõe que as variáveis psi- participantes foi gradual, buscando ca-
cológicas são variáveis intermediárias racterísticas distintas. Os participantes
entre estímulos psicológicos e respostas foram abordados nas agências bancárias
comportamentais em três instâncias: a locais, questionados sobre o fato de serem
primeira (E) corresponde às condições aposentados, de terem tomado crédito
e situações econômicas objetivas, tais consignado e interesse e disponibilidade
como recessão, taxa de desemprego. A em participar do estudo. Os aposentados
segunda (P) corresponde às característi- que responderam afirmativamente foram
cas pessoais dos agentes econômicos, tais cientificados dos objetivos estritamente
como as aspirações, as expectativas e os acadêmicos da pesquisa e da segurança e
estilos de vida. E a terceira (C) corres- do anonimato de suas identidades. Com
ponde aos comportamentos de compra, a a permissão, receberam, leram e assi-

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naram o termo de consentimento livre e Em relação ao gênero dos entrevis-


esclarecido4. O instrumento de pesquisa tados, sete são mulheres e cinco são ho-
foi a entrevista em profundidade, por mens. Considerando à idade, os aposen-
meio de um roteiro de questões abertas. tados entrevistados estão na faixa entre
As entrevistas, realizadas nos meses de 56 e 77 anos, apenas um entrevistado
setembro e outubro de 2012, foram gra- não se enquadra na categoria idosos jo-
vadas, transcritas e citadas conforme o vens. Em relação ao estado civil, que tem
grau de importância para a análise dos relevância para que se tenha uma ideia
dados. As falas, resultantes das entrevis- da participação de mais de uma pessoa
tas, foram analisadas por meio da analise além do próprio idoso na renda domiciliar,
de conteúdo de Bardin (2000). observa-se que a pesquisa incluiu três
mulheres viúvas, duas mulheres divor-
Resultados e discussão ciadas, duas mulheres casadas e cinco
homens casados. No que se refere ao grau
Os resultados apresentados referem- de escolaridade, observa-se que a maior
-se aos aposentados pesquisados e reca- frequência é para o atual ensino funda-
em em suas peculiaridades, similarida- mental (o que equivale a 1ª a 5ª série).
des e diferenças observadas. No total Sobre o valor mensal da aposenta-
foram entrevistados doze aposentados, doria, sete recebem um salário mínimo
todos beneficiários do INSS e que pos- e contam com mais alguma comple-
suem empréstimos consignados, confor- mentação na sua renda, como pensão
me o critério adotado para a inclusão na ou alguma atividade remunerada que
pesquisa. Cada um dos entrevistados, ainda desempenham. No restante, todos
para garantir o anonimato de sua parti- recebem dois salários mínimos ou mais, e
cipação, foi identificado por letras alfa- ainda incluem alguma renda provenien-
béticas (B, D, R, N, E, X, J, L, I, O, P) e te ou de pensão ou de trabalho executado
associados ao gênero (homem, mulher) e depois de aposentados.
à idade. As falas preservam a linguagem
utilizada pelos participantes e repre- Background familiar
sentam o seu relato livre, a partir das
questões colocadas pelo entrevistador. Essa categoria buscou apresentar
como o relacionamento do aposentado
Características pessoais com a sua família interfere em suas
escolhas e, também, como pontuam nos
Buscou-se, com a categoria caracte- seus hábitos, cultura e comportamento
rísticas pessoais, examinar possíveis di- em geral.
ferenças na tomada de crédito, em função A partir da pesquisa, foi constatado
da idade, do gênero, do estado civil e do que nenhum aposentado entrevistado
nível de escolarização dos aposentados, mora sozinho. Os aposentados entrevis-
do tempo de aposentadoria, do valor da tados moram com os filhos, normalmente
aposentadoria, da sua residência e da maiores de idade, além de, em alguns
renda. casos, morarem com os netos. Como foi

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visto anteriormente, essa realidade vai são crianças e os pais receberiam essa
ao encontro das constatações aponta- ajuda nas idades mais avançadas. Na
das por Camarano et al. (2004b), que maioria dos relatos, os aposentados
chamam a atenção para o papel das informam nunca terem precisado pe-
famílias extensas ou estendidas5. Essas dir ajuda aos filhos. Em poucos casos,
podem incluir, além dos filhos, os netos eles comentam que os filhos que mora-
ou outros parentes próximos, como pode vam na mesma residência contribuíam
ser observado pela fala dos entrevistados parcialmente para o sustento.
sobre sua unidade familiar. Camarano, Kanso e Mello (2004a,
Uma aposentada relata sentir-se p. 65) ressaltam que a importância de
sozinha, mesmo morando com o filho. se analisar o rendimento dos idosos está
Outra aposentada informa que mora no no fato de esse representar uma parce-
mesmo terreno em que a neta construiu la importante de sua renda: em torno
uma casa e, pelo relato, pode-se perceber de 37,1% da renda dos homens idosos,
que ela sentia-se segura pelo fato de a como apontam as autoras, a qual, por
neta residir no mesmo espaço físico. Out- sua vez, tem um significado importante
ra divide a casa com a filha, entretanto, na renda das famílias em que estão in-
destaca que há uma separação física seridos. Cabe destacar, nesses termos, a
no ambiente. Uma das entrevistadas importância da solidariedade familiar,
mora com dois filhos maiores de idade tanto afetiva quanto financeira, que
na mesma casa e com uma neta, e, pela constitui a base das relações familiares.
entrevista, percebe-se que ela não se sen- Como descrevem Oliveira e Silva (2012),
te incomodada com isso, pelo contrário, identifica-se a solidariedade afetiva nas
demonstra gostar da situação. Um dos atividades do cotidiano, citam-se o levar
aposentados relata que o neto prefere e buscar os netos na escola, o levar ao mé-
morar em sua casa antes que na casa do dico e o auxílio nas tarefas domésticas;
próprio pai, que é ao lado da casa dele. já a solidariedade financeira pode ser
Nesse caso, o aposentado assume nitida- notada pelo pagamento de estudos, pela
mente o papel de pai para o seu neto. Os quitação de contas domésticas (água, luz,
aposentados que moram somente com a telefone, condomínio, supermercado) e
esposa são três. Outro entrevistado co- pelos empréstimos em dinheiro.
menta que cuida das netas, que moram Pelo que foi relatado nas entrevistas,
com ele ao invés de morar com os pais, os aposentados sentem-se empoderados,
ou seja, esses idosos que já criaram seus tanto por não precisarem da ajuda dos
filhos agora criam os netos. filhos, quanto por poderem prestar ajuda
As falas sugerem que o aposenta- a eles, corroborando para a presença de
do está vinculado à família e valoriza solidariedade financeira entre os mem-
a presença dos filhos e netos. Essas bros da família. Muitos entrevistados
situações podem ser avaliadas em ter- alegam que nunca pediram ajuda, mas
mos da hipótese da compensação pa- comentam que acreditam que, caso fosse
rental (SAAD, 2004, p. 172): os pais necessário, os filhos ajudariam.
prestam auxílio aos filhos quando eles

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Finalidade do crédito ta com a idade. Tais fatos, de acordo com


o autor, permitem inferir que os adultos
Barracho (2001, p. 80) explica que a mais velhos tomem decisões melhores
motivação pode ser definida como uma em relações aos mais jovens, sobretudo
estrutura do comportamento, mediante em relação a questões vitais, como saúde,
a qual o organismo é instigado a aten- finanças e outras questões pessoais.
der as suas necessidades, o que pode Malucelli (2008, p.67) destaca a
ser relacionado ao fato de o aposentado participação do aposentado como um
buscar o crédito, para que suas neces- tomador de crédito. A autora descreve
sidades sejam satisfeitas. Os processos que, em um levantamento efetuado pelo
motivacional e informacional de cada Banco Central do Brasil, constatou-se
indivíduo determinam o seu comporta- que a maioria dos consumidores que se
mento. A esse respeito, resultados de beneficiam do crédito consignado são os
avaliações e experimentos demonstram idosos aposentados do INSS. No perío-
que a informação, no processo de tomada do entre 2006 e 2012, a quantidade de
de decisão, como destaca Peters (2010), transações por empréstimo consignado
é utilizada em dois modos diferentes de para aposentados e pensionistas do INSS
pensamento: um sistema afetivo/experi- passou de 4.821.866 para 11.817.344,
mental e outro sistema deliberativo, am-
um aumento de 145,1% (BRASIL, MS,
bos decisivos. Explica que o modo expe-
2013). Cabe atentar para o fato de que,
rimental está associado a pensamentos
esses idosos, em estado de especial vul-
e sentimentos de modo espontâneo, sem
nerabilidade, não poucas vezes, como
esforço, com operações implícitas, intuiti-
afirma Malucelli (2008), são coagidos
vas, automáticas, associativas e rápidas,
pelos familiares a assumirem emprésti-
portanto, baseado em sentimentos afeti-
mos e acabam fazendo isso com medo de
vos/emocionais. Já o modo deliberativo,
perder o afeto de seus filhos, netos, entre
ao contrário, é consciente, analítico, ba-
outros. Os motivos para a aquisição do
seado na razão, verbal e relativamente
crédito são vários, entretanto, comenta
lento e é ele que é mais flexível e fornece
a autora, muitas vezes, os familiares
controle aos processos experienciais mais
acabam pedindo o dinheiro, ou dando
espontâneos. Em princípio, os adultos
a entender que precisam de dinheiro e
mais velhos apresentariam declínio
no modo deliberativo, implicando em os idosos acabam oferecendo o dinheiro
decisões piores em relação aos adultos sem expectativas de receberem de volta.
mais jovens. Todavia, acrescentam que A Secretaria Especial de Direitos Hu-
evidências demonstram que os adultos manos (SEDH) implementou recentemen-
mais velhos parecem usar sua capacida- te um Plano de Ação para o Enfrentamen-
de deliberativa de modo mais seletivo, a to da Violência da Pessoa Idosa, sendo a
experiência acumulada pode compensar proteção em relação ao abuso econômico
parcialmente os declínios decorrentes da e financeiro uma das ações (BRASIL.
idade e, por fim, o foco emocional aumen- Presidência da República. SEDH, 2007).
Parte dessa vulnerabilidade, de outra

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parte, é explicada pelo próprio sistema Os argumentos dos aposentados, ao


financeiro. Algumas irregularidades ou mencionarem não recordar quantas ve-
situações adversas evidenciadas em rela- zes já assumiram o empréstimo, sugerem
ção à forma de contratação, a clareza e a que o crédito consignado tem se tornado
transparência nas informações, o teto de uma prática normal, um hábito entre
juros, a possibilidade de arrependimento eles. Percebe-se que poucos tomaram o
e o superendividamento, decorrentes do empréstimo apenas uma vez.
crédito consignado, conduziram à atuação Outras falas indicam que os aposen-
dos Ministérios da Previdência Social, da tados defrontam-se com dificuldades para
Justiça e da Fazenda, juntamente com viver com o valor recebido com a apo-
entidades representativas da categoria sentadoria. “Possuo, a gente se aperta...
e do Procon, no sentido da regulação do daí tem que pega” (D, 69, mulher). Uma
segmento, contribuindo para proporcio- aposentada informa que tomou o emprés-
nar segurança jurídica aos requerentes timo somente pelo fato de que pagava
(GOMES, 2011). aluguel e sua aposentadoria não chegava
Pressupõe-se que o crédito consigna- para tudo. Entretanto, ela não comenta
do, para os aposentados brasileiros, este- sobre como vive agora com o desconto da
ja sendo utilizado para prover despesas parcela, o que pode lhe custar ainda mais
correntes, considerando que, em muitos dificuldades. “É que eu tava apertada...
casos, o valor do benefício previdenciário e eu pagava aluguel, e eu morava la
é insuficiente, ou mesmo para despesas embaixo... Daí eu fiz o empréstimo,
com serviços de saúde. Existe a possibi- mas não de muito... mil e poco... mil e
lidade de, com os descontos na origem, duzentos... foi o máximo, eu acho” (N, 67,
as dificuldades para prover as despesas mulher). Outras explicam que o que elas
correntes sejam ainda maiores, o que recebem de benefício previdenciário não
levaria ao aposentado utilizar o sistema basta para cobrir suas despesas: “Olha...
financeiro para novos empréstimos, com quando o que eu ganhava não dava pra
risco de superendividamento. pagar dívidas que eu tinha foi uma ma-
Os relatos dos aposentados pesqui- neira de procurar sanar esse problema
sados sinalizam que, por diferentes mo- e... graças a Deus... eu consegui... paguei
tivações, o acesso ao crédito consignado direitinho o empréstimo, já me livrei de
tem sido frequente: “Não me lembro, já um e agora tenho mais um”. (E, 77, mul-
fiz um monte de vez” (B, 68, mulher). her). “Sim eu me apertava né? A gente
“Não lembro agora, já fiz uns quantos” ganha aquilo... tem que faze empréstimo,
(J, 63, homem). senão tu não consegue nada direito...
A primeira vez, a primeira vez eu acho Empréstimo que ajuda a gente né?” (B,
que... barbaridade... eu não me lembro bem 68, mulher). Portanto, a insuficiência do
quando fiz... mas eu fazia bastante... mas poder de compra dos benefícios recebidos
três quatro vezes eu já fiz... mas eu possuo configura-se como uma motivação para a
aquele ali que eu fiz e depois renovei porque tomada do crédito consignado por parte
comprei o trator para trabalhar no mato. dos aposentados pesquisados.
Daí precisei do dinheiro (O, 62, homem).

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Observa-se, de outra parte, o motivo queria que ela se endividasse, depois


relacionado à saúde: “Só quando precisa- que a idosa contou o que havia feito.
mos, por causa de saúde... eu esperei “Acho que foi em 2007, por problemas
caso eu precisasse” (L, 56, homem). Ou- financeiros mesmo, aquela vez, quando
tros aposentados entrevistados referem a filha se separou né... daí eu tive que
ter tomado o crédito consignado para ajuda ela, daí a gente apelo por isso ali,
trocar de carro ou para pagar por ben- né” (X, 61, mulher).
feitorias públicas, como o calçamento da Sobre a necessidade e a influência
rua, que estava em construção. na hora de tomar empréstimo, nenhum
Chama a atenção o relato daqueles aposentado assume ter sido influenciado
que associam a tomada do crédito para por alguém: todos, até os que referem
a necessidade da família. Uma aposen- ter tomado empréstimo para a família,
tada diz ter tomado o crédito para o afirmam que não foram coagidos ou obri-
seu genro e, além de admitir o motivo, gados a assumi-lo. Uma das aposentadas
ela complementa que ele e a filha estão entrevistadas, nesse sentido, explica que
pagando certinho, e ela não se arrepen- tomou o crédito por necessidade. “Não...
de da decisão. Outra entrevistada, que influenciada não... o que me influenciou
também tomou crédito para ajudar a foi a necessidade” (E, 77, mulher). Um dos
família, comenta que estavam usando aposentados acrescenta, inclusive, que
um empréstimo com juro mais alto e que a família era contra o fato de ele tomar
decidiu fazer o empréstimo consignado o crédito. “Não... a minha família nem
para ajudar o filho e, além disso, vê a queria que eu fizesse” (L, 56, homem). De
fase do empréstimo como uma etapa que outra parte, uma justificativa feita por
foi vencida na sua vida: uma das aposentadas é que ajudava os
O momento foi a dificuldade, que eu estava filhos porque, no futuro, quando ela vier a
passando... O meu filho não estava trabal- faltar, as coisas que ela adquiriu ao longo
hando, então eu tinha que mandar um din- da vida, também, serão deles.
heiro para ele... a coisa começou a apertar, Uma situação inusitada foi a de uma
eu estava quase sempre no cheque especial, aposentada que, em seu depoimento, re-
mas graças à Deus isso foi vencido (E, 77, lata que o empréstimo era uma “ajuda”
mulher).
oferecida pelas instituições financeiras,
Outra aposentada pesquisada argu- uma percepção equivocada de se ver o
menta que foi por causa de problemas crédito. Como Neri (2007) aponta, tra-
financeiros da filha que ela resolveu zendo dados de uma pesquisa, 23,0% dos
ajudar, ou seja, nesse caso quem influen- idosos não conhecem o crédito consigna-
ciou na sua decisão foi a filha. Entre- do e realmente pode-se constatar que, na
tanto, quando ela foi indagada sobre a prática, os aposentados não conhecem
demanda da filha ela ressaltou que esta por completo o crédito consignado antes
não pediu o dinheiro, que ela resolveu da aquisição. O crédito consignado é de
ajudá-la de “livre e espontânea vontade”. fácil acesso. Todavia, o crédito deve ser
Segundo ela, a filha lhe disse que não dosado de maneira certa para que não

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proporcione um endividamento ainda como comenta a autora, aceitam o crédito


maior envolvendo o aposentado ou pen- oferecido sem nenhum esclarecimento do
sionista do INSS. que aquele ato de aceitação virá a lhes
Os aposentados justificam o fato de acarretar. Exemplifica que existem casos
não planejarem a tomada do empréstimo em que o beneficiario sequer suspeita
por estarem diante de uma necessidade que está tomando um empréstimo.
urgente em contar com o recurso, ou seja, Cabe observar, como destaca a auto-
não poderiam esperar, demonstrando um ra, que as instituições financeiras têm a
comportamento voltado para o presente, obrigação de informar e aconselhar sobre
imediato. A média dos valores tomados os benefícios e o ônus do crédito, pois se
por todos os aposentados fica em torno de baseiam na confiança necessária que
R$ 3.900,00 e em prazos que variam de o consumidor deposita no profissional
18 a 72 meses, sendo que o mais frequen- que detém os conhecimentos técnicos
te foi superior a 36 meses. Constata-se da operação de crédito ofertada. Argu-
que, comparativamente aos rendimen- menta, ainda, que duas características
tos, o grau de comprometimento da marcam o correto cumprimento desses
renda com o empréstimo consignado é deveres, anexos à boa-fé: a veracidade
significativo, sobretudo pelo prazo em das informações e a lealdade.
que esse é assumido. Os relatos obtidos da pesquisa indi-
Com relação à facilidade de acesso cam que a divulgação dessa possibilida-
ao crédito, divulgada nos meios de co- de de crédito influencia na tomada de
municação, observa-se que, em princípio, decisão dos aposentados, sobretudo no
pode atrair o aposentado, mas que, no sentido da sua percepção como um sujei-
decorrer do tempo, depois de assumir o to que dispõe autonomia e credibilidade
empréstimo ele reavalia. para assumi-las. Os resultados da pes-
Não, todas as vezes fui eu que quis... perce- quisa indicam que os aposentados podem
bia que faltava dinheiro e tinha a facilida- contar com esse recurso financeiro para
de...Só que eu penso que é uma facilidade proverem as despesas que o benefício
falsa... porque é fácil para pegar e difícil previdenciário não cobre ou para auxilia-
para pagar (P, 64, homem). rem os seus familiares. Entram em cena,
Malucceli (2008, p. 68) comenta no processo de tomada de decisão, tanto
que não são raras as situações em que as atitudes impulsionadas pelo sistema
aposentados são abordados por algumas afetivo, quanto aquelas requeridas no
instituições concessoras de crédito con- contexto de solidariedade financeira, no
signado no interior de estabelecimentos âmbito familiar.
bancários, oportunidade em que são in-
formados de que ali está disponível para Considerações finais
eles um crédito de valor aprovado. Acon-
A discussão sobre o processo de en-
tece, também, por falta de orientação
velhecimento demonstra que a literatura
e de instrução que os beneficiários, na
explicita que se trata de um processo
grande maioria das vezes sem entender,
multidimensional, no qual o indivíduo

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Entre a razão e a emoção: a tomada de crédito consignado pelos idosos

necessita de ações preventivas para a os laços de confiança na unidade familiar


manutenção de suas capacidades físicas, e corroborando com a importância da
mentais, sociais e econômicas. Outro as- solidariedade financeira entre eles.
pecto fundamental no processo é o apoio No que diz respeito aos fatores psi-
intergeracional, com o foco na família, cológicos dos aposentados pesquisados,
evidenciando que não são apenas os ido- na tomada do crédito, percebe-se que eles
sos que necessitam de suporte dos filhos, se sentem empoderados, principalmente
mas os filhos também têm necessitado de quando emprestam dinheiro aos filhos.
auxílio dos seus pais idosos. Um fato interessante que se observa é
No âmbito da tomada de decisão, que esses idosos justificam a tomada do
observa-se que todos os indivíduos fa- crédito pela necessidade, comentando
zem escolhas, a partir de experiências que não gastaram de forma impensada
passadas, colocando em foco tanto os ou inconsequente. Nas situações em
sistemas emocional quanto deliberati- que tomaram o crédito para auxiliar os
vos, modo pelo qual são formadas suas filhos, manifestam sentimento de obri-
preferências e que, com o crédito não é gação para com eles, no sentido de apoio
diferente. Os fatores psicológicos, por intergeracional. Os filhos representam,
meio das motivações individuais, são em suas percepções, a extensão de suas
definidores das ações. Com a pesquisa vidas, a continuidade da família.
aplicada foram identificadas diversas Por fim, embora os motivos para a
questões que corroboram com achados aquisição de crédito dos idosos pesquisa-
da literatura. dos estejam relacionados a diversos fato-
Quanto às características pessoais res e que a situação econômica da família
dos idosos aposentados, na tomada de tem peso significativo, a possibilidade de
crédito, pode-se perceber que indivíduos tomar ou assumir o crédito parece garan-
com diferentes níveis de escolarização tir a sua autonomia. De outra parte, esta
adquirem o crédito. Em relação à idade, possibilidade de acesso ao crédito, para
confirma-se resultados de pesquisas amenizar os seus problemas financeiros,
anteriores que relataram que os idosos o processo recorrente de tomada de cré-
jovens (de 65 a 74 anos) tem uma deman- dito, deve ser contextualizado em relação
da superior por crédito consignado, em aos riscos de endividamento.
relação aos demais idosos.
Com relação às estruturas fami-
liares, a particularidade dos idosos
entrevistados foi de serem principais
provedores da renda familiar, o que de-
monstra a preservação de seu poder ou
força em relação aos demais membros.
Em alguns casos os filhos recorrem a eles
como uma maneira de financiar seus pro-
jetos, dívidas, necessidades, reforçando

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Bruna Osvald de Souza, Cleide Fátima Moretto

Between reason and emotion: making Os nomes que marcam a historia da psicologia
3

econômica são: Grabriel Tarde e Thorstein Veblen,


consigned credit for the elderly final século XIX e início do século XX; George Ka-
tona e Pierre-Louis Reynaud, na metade do século
Students of economic psychology have XX; Herbert Simone Daniel Kahneman, premiados
pelo Nobel de Economia, no século XX. Katona é
been trying to establish the relationship
considerado o pioneiro da psicologia econômica
between consumption and behavior. Un- moderna (FERREIRA, 2008).
derstanding the emotions that people expe- 4
O projeto de pesquisa que deu origem ao artigo não
rience and influences, at time consuming,
passou pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Institui-
or postpone consumption, becomes critical ção, pois na unidade acadêmica em que foi desen-
when analyzing decision making. Consig- volvido não havia tal exigência. Os pesquisadores
ned credit have been a type of loan very assumem toda a responsabilidade pelas questões
used by elderly, on the one hand signaling éticas envolvidas, assim como possíveis desconfortos
easy access on the other implies indebted- emocionais durante a aplicação da pesquisa.
ness. The objective of this article is to ascer- 5
De acordo com o IBGE (2011, p. 20), uma família
tain the reasons why the retiree making con- “estendida é constituída somente pela pessoa res-
signed credit. The study is descriptive with ponsável com pelo menos um parente, formando
qualitative approach and presents the con- uma família que não se enquadre em um dos tipos
tent analysis results from 12 interviews with descritos como nuclear”.
retirees of city Não-Me-Toque (RS) who had
taken make consigned credit. Concludes
that the retiree has researched the possibili-
Referências
ty of taking consigned credit as an everyday
choice and claims to be autonomous in ALMEIDA, Priscila M. de; MOCHEL, Elba,
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1
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publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.
dor, regido pela Consolidação de Leis Trabalhistas,
ou aposentados e pensionistas, poderá contratar texto=103651&tmp.area_anterior=44&tmp.
o empréstimo. O desconto ocorre diretamente argumento_pesquisa=cr%E9dito%20consig-
em sua folha de pagamento e esse valor poderá nado>. Acesso em: 10 jun. 2012.
corresponder a 30,0% do salário, sendo pago pela
empresa e descontado do salário diretamente
_______. Ministério da Saúde – MS. Insti-
tuto Nacional de Seguridade Social – INSS.
Risco moral ou moral hazard, é um conceito
2
Conteúdo Dinâmico. Brasília. 2012. Dispo-
utilizado pela economia comportamental que diz
respeito à falta de qualquer incentivo para se nível em: <http://www.previdencia.gov.br/
proteger contra um risco quando o indivíduo está conteudoDinamico.php?id=18>. Acesso em:
protegido contra ele. 10 jun. 2012.

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