Professional Documents
Culture Documents
NDEMOFAYO
FACULADADE DE DIREITO
O CRIME E A PROBLEMÁTICA DA
APICAÇÃO DAS PENAS A LUZ DO
DIREITO PENITENCIÁRIO
ANGOLANO.
ABREVIATURAS
(Cfr.)…………………………………………………………...……Conferi
r (P.)………………………………………………….……………. Página
(S.C.)…………………………………………………….………Sem cidade
Numa história de mais de dois mil anos nós estamos na primeira época em
que o homem tornou-se radicalmente um ser problemático, o homem não
sabe que ele é e dá-se conta de não sabê-lo a cada vez mais1. E esta
problematicidade verso transcendência leva-nos hoje sob lema: o Direito
como garantia da justiça na sociedade actual, e tendo em conta a grandeza
do mesmo, fomos convidados para reflectir sobre o Crime e a problemática
das penas a luz do Direito penitenciário angolano.
1
Cfr. KASSANJE, José, Repensar o homem na Angola do Sécuo XXI, 1ª edição, Ed. Xa de cassinde, Luanda,
2012, p 14.
2
Cfr. RODRIGUES, Raúl, IusRomanum, 1ª edição, S.E., S.C. S.D. p6.
3 Onde há Sociedade, há Direito.
I-CAPÍTULO: FUNDAMENTO DO CRIME E DAS PENAS COMO
MEIO DE RESTRIÇÃO DA LIBERDADE
NOÇÃO E ORIGEM DO CRIME
Essa pesquisa terá como principal escopo discutir sobre a saída, ingresso do
sistema prisional, bem como as vicissitudes deste. Frisa-se que não há
intenção de abordar nesta pesquisa, a violência e a dor que ela causa à
sociedade em geral, mas sim fazer a interlocução para trazer à tona o
espírito da lei conferindo ao sujeito prisional uma série de direitos e
deveres, visando assim possibilitar não apenas o seu isolamento e a
retribuição ao mal por ele causado, mas também a preservação de uma
parcela mínima de sua dignidade e a manutenção de indispensáveis
relações sociais com o mundo, pôs ao nosso ver constitui crime o
comportamento censurável do agente, e a sua dignidade transcende este
comportamento.
Sabemos que Sistema Prisional de qualquer país é de grande importância,
quer a nível social, económico e político, quer a nível educacional e de
reintegração social, porque procura garantir a execução das medidas
privativas de liberdade aplicadas pelas entidades legalmente competentes,
no caso os tribunais, visando deste modo a reeducação e reintegração dos
reclusos, preparando-os para no futuro conduzirem a sua
vida de modo socialmente responsável.
Portanto, acho ser extremamente imperiosa e urgente a introdução no nosso
sistema prisional de um conjunto de doutrinas e princípios jurídicos
universais e modernos, contidas nos instrumentos jurídicos internacionais
ratificados por Angola, sobretudo as constantes na Declaração universal
dos direitos humanos para que não haja qualquer tipo de descriminação ou
distinção de ordem religiosa, ideológica ou de outra natureza, que venha
prejudicar a situação prisional do recluso.
É por isso que devemos combater a prática de transformar o castigo penal
num aparato de terror, como se fosse o único fim proclamado a ser
cumprido.
A realidade do Sistema Prisional Angolano, vem sofrendo um profundo
distanciamento da sua principal função, que é de ressocializar pessoas que
foram condenadas pelos mais diversos tipos de delitos.
A lei 8/08, Lei Penitenciária é considerada por alguns doutrina dores
como um grande avanço em termos de execução penal, sendo inclusive
comparada às leis mais modernas dos chamados países mais desenvolvidos
e mais democráticos em termos legais, tal facto leva-nos a levantar o
problema de saber o que falta para a sua efectivação?
Mais uma vez cabe ressaltar que o que se pretende com a efectivação e
aplicação das garantias legais e constitucionais na execução da pena, assim
como o respeito aos direitos do preso, é que seja respeitado e cumprido o
princípio da legalidade, corolário do nosso Estado Democrático de Direito,
tendo como objectivo maior o de se instrumentalizar a função
ressocializadora da pena privativa de liberdade, no intuito de reintegrar o
recluso ao meio social, visando assim obter a pacificação social, premissa
maior do Direito Penal4.
Num país onde há tanto para fazer; onde o voluntariado social é
extremamente escasso, onde as ruas dos grandes centros continuam
imundas, é um “grave erro ou mesmo um crime” desperdiçar tanta “mão-
de-obra”, que, em vez de se redimir pelo trabalho se injecta nas cadeias.
Seria também necessário reforçar os já existentes incentivos às empresas
que empreguem e insiram estes indivíduos no período pós cadeia
4
Cfr. COEIRO, Pedro, Fundamento, Conteúdo, e limites da jurisdição penal do Estado,
1ª edição, Ed. Coimbra Editora, Coimbra, 2010, P15.
AS SENTENÇAS QUE ROMA NÃO CONHECEU
Sempre os doutrinadores do Direito se preocuparam com o enquadramento
das normas jurídicas num sistema racional baseado em princípios dos quais
as soluções devem decorrer.
Porquê punir? Porquê punir como se pune? São duas questões ao mesmo
tempo ligadas e separadas, ou melhor que podem discutir em conjunto
como em separado, os resultados não são indiferentes.
ANDRADE, Manuel, da Costa, Direito penal hoje, novos desafios e novas respostas, 1ª
edição, Ed. Coimbra Editora,Coimbra, 2009.
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas, 1ª. Edição, Ed. Edipro, São Paulo, 1999.
COEIRO, Pedro, Fundamento, Conteúdo, e limites da jurisdição penal do Estado, 1ª
edição, Ed. Coimbra Editora, Coimbra, 2010.
GOMES, Roberto, Lima, Teoria e prática de execução penal, 3ª edição, S. Ed., Brasil,
1997.
JUNIOR António de Padova, Execução Penal, 1ª edição, Ed. Juruá, S. Paulo, 2008.