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UNIVERSIDADE MANDUME YA

NDEMOFAYO

FACULADADE DE DIREITO

ARTUR TCHIKUKUMA SANGUEVE

O CRIME E A PROBLEMÁTICA DA
APICAÇÃO DAS PENAS A LUZ DO
DIREITO PENITENCIÁRIO
ANGOLANO.
ABREVIATURAS

(Cfr.)…………………………………………………………...……Conferi
r (P.)………………………………………………….……………. Página

(S.C.)…………………………………………………….………Sem cidade

(S.D.)………………………………..Sem data (edição do livro sem data).

(S. Ed.)………………………………..……….……………... Sem editora.

F.D.------------------------------------- ---------------------Faculdade de Direito

U.M.N----------------------------------Universidade Mandume Ya Ndemofayo


DEDICATÓRIA

Aos meus colegas, e a todos que cedentes da água do saber procuram


investigar a cada dia e procuram perceber o Direito enquanto fenómeno
ligado a vida das pessoas!

Dedicamos este humilde trabalho


AGRADECIMENTO

Dizia Aristóteles ‘’a necessidade de procura-mos a verdadeira felicidade, é


o fundamento da nossa liberdade’’. É tanta alegria que nos invade a alma e
os sentimentos de gratidão atropelam-se dentro de nós, e não é fácil falar e
escrever em circunstâncias como essas, pois a coisa que só os olhos que
choram podem ver.

Destarte agradecemos em primeiro lugar a Deus autor da vida, Alfa e


Ómega, princípio e fim de toda a criação, que nos chamou a existência por
meio dos nossos progenitores. Aos nossos pais que aceitaram o convite e o
propósito de Deus na seara da vida, pelo afecto, acompanhamento,
dedicação e não só. Aos nossos digníssimos docentes, de modo particular
aos professores,por quem temos estima consideração e respeito. Aos
colegas por quem o sorriso a alegria, a abertura, a fraternidade a caridade e
o amor para com todos têm sido qualidades e virtudes que escrevem todas
tardes, manhas e noites, todos os dias uma página irrepetível na nossa
história:

O nosso eterno e sempiterno agradecimento!


APRESENTAÇÃO

É com grande gozo que tenho o prazer de apresentar o Crime e a


problemática das penas a luz do Direito penitenciário angolano, tema este
que despertou a nossa emoção e encheu-nos de alegria sobejante e mais do
que simples versos torna-se um prazer grande colocar-se nesta caminhada.
Num conjunto articulado de um capítulo, com o tema “FUNDAMENTO
DO CRIME E DAS PENAS COMO MEIO DE RESTRIÇÃO DA
LIBERDADE”

O nosso propósito foi fazermos o trabalho com a mais possível perfeição,


mas atendendo as várias circunstâncias e a própria contingência humana,
certamente não atingimos as expectativas que muitos poderiam esperar
num trabalho como este. Trata-se porém dum simples ensaio.

É possível que esta forma de articulação do trabalho se afigure a muita


gente particular, que pareça demasiado severa para ser edificante,
demasiado edificante para ter rigor especulativo. A crítica é mola
impulsionadora para um harmonioso crescimento queremos com isto
afirmar que o nosso trabalho não é um estudo acabado, e por isso está
aberto às críticas e opiniões mais edificantes, que podem colocar este
trabalho em patamares mais altos da investigação científica.
INTRODUÇÃO

Numa história de mais de dois mil anos nós estamos na primeira época em
que o homem tornou-se radicalmente um ser problemático, o homem não
sabe que ele é e dá-se conta de não sabê-lo a cada vez mais1. E esta
problematicidade verso transcendência leva-nos hoje sob lema: o Direito
como garantia da justiça na sociedade actual, e tendo em conta a grandeza
do mesmo, fomos convidados para reflectir sobre o Crime e a problemática
das penas a luz do Direito penitenciário angolano.

Nas lides académicas torna-se curial perceber o direito como instrumento


de justiça e não justiça em si mesmo, apenas é o meio de realização desta.
Por isso é interessante compreender como os romanos entram e dominam o
mundo mesmo com uma Grecia considerada como a mãe da sofia, é o
direito considerado condição sine quanone para sua afirmação e
consequente domínio da cultura clássica, podemos dizer que os romanos
entram no mundo pelo direito é por isso que a linguagem do PhD. Raúl
Rodrigues na sua obra de Direito Romano o Ius Romanum é fonte e
procedência influente da nossa actual codificação jurídica e não é em vão
que se diz o saber jurídico constrói-se e transmite-se por varias gerações2

Não basta, o «UBI SOCIETAS, IBI IUS»3, é necessário valorizar o


pensamento do ilustre professor Dr. Gilmiaguene, na sua primeira locução
com os estudantes do 2º ano em 2016, «É preciso formar o jurista
angolano, e ensiná-lo que tecnicismo não é Direito, mas é preciso investir
na formação de jurisprudente, que passa fundamentalmente pela dimensão
humanística», visto que o Direito tem como fim último a realização da
Justiça.

1
Cfr. KASSANJE, José, Repensar o homem na Angola do Sécuo XXI, 1ª edição, Ed. Xa de cassinde, Luanda,
2012, p 14.
2
Cfr. RODRIGUES, Raúl, IusRomanum, 1ª edição, S.E., S.C. S.D. p6.
 3 Onde há Sociedade, há Direito.
I-CAPÍTULO: FUNDAMENTO DO CRIME E DAS PENAS COMO
MEIO DE RESTRIÇÃO DA LIBERDADE
NOÇÃO E ORIGEM DO CRIME

Ao estudar o crime devemos ter consciência de que as descobertas


científicas, normalmente consideradas como impessoais e objectivas,
trazem invariavelmente consigo marcas do tempo e do lugar.

A historia e antropologia cultural demonstram que o crime constitui


preocupação de todas as sociedades, e é notável no nosso dia-a-dia os
efeitos do crime seja ele contra a pessoa ou contra os direitos reais para
alguns autores comummente designado sobre o património.

As reflexões sobre o crime são anteriores a institucionalização do estado


moderno. A começar por Platão, que viu o crime como sintoma duma
doença cuja causa seria a tríplice: As paixões, (Inveja, ciúmes, Ambições),
a procura do fazer e a ignorância E este filosofo em conformidade,
encontrava a pena como um remédio destinado a libertar o delinquente do
mal que poderia chegar a sua eliminação se aquele se mostrasse refeitório
ao tratamento. Noutra banda, já Aristóteles considerou o criminoso como
amigo da sociedade, que deveria ser castigado, a par disto atribui na
política grande relevo a miséria como causa do crime e factor de revolta.
Do pensamento destes dois e grandes filósofos entende-se facilmente que o
crime é antes de mais nada e sobretudo um reflexo da sociedade dali a
necessidade da sociedade precisa de leis, mas para orientar as condutas do
cidadão. Facilmente entendemos do exposto os três pilares do Crime:

1. O homem é por natureza um ser social


2. A causa do crime é em última estancia sempre social
É durante a infância que se modela a personalidade, quer isto dizer que os
equilíbrios e desequilíbrios que carácter verdadeiro, hão-de dar origem a
comportamentos desviantes ou condutas aceites no meio social que
passaram a fazer parte do status que são de facto definidas na infância.
O OUTRO NO DIREITO

Todo o nosso pensar e agir deve estar fundamentado em princípios que


tenham em vista não só o nosso bem como também o bem do outro, aliás o
bem do outro é o meu bem, é o nosso bem é o bem da justiça.

Pretendemos fazer um estudo, ainda neste tema, sobre o relacionamento


entre o nosso “eu” e os “eus” de outras pessoas em Tribunal. Portanto, a
alteridade levinasiana refere-se ao reconhecimento do “outro”. Tanto é
assim que o “outro” é irmão de todos os outros homens. Todavia, pergunta-
se: quem é o outro no Direito? Como distinguir o meu “eu” do “eu” dos
outros na realização da justiça? E como consequência destas questões surge
mais outra questão: que tipo de “outro” estamos sendo para os “outros”
antes, durante e na audiência de julgamento?

O termo “Outro” é de origem etimológica latina – alteru (outro entre dois)


significa diverso do primeiro; para além desta significação podemos ainda
apresentar aqui as várias definições que podemos aurir do Dicionário
Houaiss:

Pelo olhar, vivo a alienação de minhas possibilidades, pois o outro me


objectiva. Ao ser objectivado, adquiro uma dimensão de exterioridade
como se eu tivesse uma essência. Mas o homem por si mesmo não tem
acesso à sua essência. A existência e a liberdade do outro me ameaçam,
pois tendem a me imobilizar no Em si. Entretanto, não coincido com a sua
apreensão de mim, pois não posso me olhar como o outro me olha. Será
sempre indecifrável para mim. Mas a qualquer momento posso devolver o
olhar do outro, assim, colocando a mim mesmo em minha própria liberdade
e afrontando a liberdade do outro.
O DIREITO PENITENCIÁRIO E O PAPE DAS UNIDADES
PENITENCIÁRIAS ANGOLANAS

Essa pesquisa terá como principal escopo discutir sobre a saída, ingresso do
sistema prisional, bem como as vicissitudes deste. Frisa-se que não há
intenção de abordar nesta pesquisa, a violência e a dor que ela causa à
sociedade em geral, mas sim fazer a interlocução para trazer à tona o
espírito da lei conferindo ao sujeito prisional uma série de direitos e
deveres, visando assim possibilitar não apenas o seu isolamento e a
retribuição ao mal por ele causado, mas também a preservação de uma
parcela mínima de sua dignidade e a manutenção de indispensáveis
relações sociais com o mundo, pôs ao nosso ver constitui crime o
comportamento censurável do agente, e a sua dignidade transcende este
comportamento.
Sabemos que Sistema Prisional de qualquer país é de grande importância,
quer a nível social, económico e político, quer a nível educacional e de
reintegração social, porque procura garantir a execução das medidas
privativas de liberdade aplicadas pelas entidades legalmente competentes,
no caso os tribunais, visando deste modo a reeducação e reintegração dos
reclusos, preparando-os para no futuro conduzirem a sua
vida de modo socialmente responsável.
Portanto, acho ser extremamente imperiosa e urgente a introdução no nosso
sistema prisional de um conjunto de doutrinas e princípios jurídicos
universais e modernos, contidas nos instrumentos jurídicos internacionais
ratificados por Angola, sobretudo as constantes na Declaração universal
dos direitos humanos para que não haja qualquer tipo de descriminação ou
distinção de ordem religiosa, ideológica ou de outra natureza, que venha
prejudicar a situação prisional do recluso.
É por isso que devemos combater a prática de transformar o castigo penal
num aparato de terror, como se fosse o único fim proclamado a ser
cumprido.
A realidade do Sistema Prisional Angolano, vem sofrendo um profundo
distanciamento da sua principal função, que é de ressocializar pessoas que
foram condenadas pelos mais diversos tipos de delitos.
A lei 8/08, Lei Penitenciária é considerada por alguns doutrina dores
como um grande avanço em termos de execução penal, sendo inclusive
comparada às leis mais modernas dos chamados países mais desenvolvidos
e mais democráticos em termos legais, tal facto leva-nos a levantar o
problema de saber o que falta para a sua efectivação?
Mais uma vez cabe ressaltar que o que se pretende com a efectivação e
aplicação das garantias legais e constitucionais na execução da pena, assim
como o respeito aos direitos do preso, é que seja respeitado e cumprido o
princípio da legalidade, corolário do nosso Estado Democrático de Direito,
tendo como objectivo maior o de se instrumentalizar a função
ressocializadora da pena privativa de liberdade, no intuito de reintegrar o
recluso ao meio social, visando assim obter a pacificação social, premissa
maior do Direito Penal4.
Num país onde há tanto para fazer; onde o voluntariado social é
extremamente escasso, onde as ruas dos grandes centros continuam
imundas, é um “grave erro ou mesmo um crime” desperdiçar tanta “mão-
de-obra”, que, em vez de se redimir pelo trabalho se injecta nas cadeias.
Seria também necessário reforçar os já existentes incentivos às empresas
que empreguem e insiram estes indivíduos no período pós cadeia

4
Cfr. COEIRO, Pedro, Fundamento, Conteúdo, e limites da jurisdição penal do Estado,
1ª edição, Ed. Coimbra Editora, Coimbra, 2010, P15.
AS SENTENÇAS QUE ROMA NÃO CONHECEU
Sempre os doutrinadores do Direito se preocuparam com o enquadramento
das normas jurídicas num sistema racional baseado em princípios dos quais
as soluções devem decorrer.

Porquê punir? Porquê punir como se pune? São duas questões ao mesmo
tempo ligadas e separadas, ou melhor que podem discutir em conjunto
como em separado, os resultados não são indiferentes.

Na linguagem de Jescheck para entender o conceito de pena devemos partir


de dois pressupostos essenciais: a sua justificação e a sua natureza. A
justificação da pena encontra-se ligada a sua necessidade para a
manutenção de ordem jurídica como condição básica para a convivência
das pessoas na comunidade. Por outro lado, a aplicação da pena que se
concretiza numa sentença deve satisfazer as exigências de justiça na
colectividade, por isso não haveria possibilidade de convivência pacífica
das pessoas se o Estado pretendesse que tanto a vítima como a comunidade
se conformassem com o delito já cometido.

As sentenças devem ser justas, devem resultar de um juízo de desvalor


público, e ético-social do réu ou arguido, as circunstâncias em que as
cometeu, para se evitar que conheçamos a s sentenças que nunca
conheceram em Roma, as eventuais sentenças injustas, decorrente de má
apreciação da prova, e não só. O princípio in dubio pro reo, restrito a
hipóteses de incerteza e dúvida quanto à prática delitiva, visando a
absolvição por insuficiência probatórias, deve ser uma exigência no Estado
democrático de Direito. Os discípulos das ferramentas jurídicas devem
estar munidos de conhecimento e de um senso de humanidade muito
grande que permita a sociedade perceber que a pena não deve ser encarada
como a retribuição do mal causado, mas sim como o meio eficaz de
ressocializar, o criminoso e chamar a responsabilidade dos principais
actores sociais pois o crime indica não só dano social, indica
fundamentalmente ausência de valores.
O CONTRIBUTO DA UNIVERSIDADE NA APLICAÇÃO DAS
PENAS

O debate em torno dos princípios jurídicos tem sido constante na moderna


reflexão sobre os princípios que constituem a «conditio sine quanon» do
Direito enquanto um fenómeno ligado a sociedade. A investigação
científica na modernidade constitui a ossatura para a auto afirmação dos
estados na arena internacional pois só é contado hoje quem pensa e está
disposto a colocar o produto do seu pensamento a disposição da
humanidade.

E as Universidades são assim consideradas como guardiãs da sociedade


pois os grandes problemas seriam discutidos nelas com rigor, clareza e
humildade de modos a soluciona-los. Dali nasce a necessidade de encimar
e estudar o direito com ciência e consciência.
A ciência está ligada ao conhecimento, a consciência será a arma da
valoração dos casos concretos.
As condições em que se encontram os estabelecimentos penais
superlotações, falta de higiene, violências sexuais, etc não fazem mais do
que incentivarem ao crime. São problemas que exigem da Universidade um
debate interdisciplinar na busca das soluços, dali que na modernidade a
Universidade não se limita apenas em ser classificada como Instituto
Publico, a sua dimensão esta acima desta, visto que noutras bandas
continuem o primeiro parceiro do Estado no debate das principais endemias
sociais.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANDRADE, Manuel, da Costa, Direito penal hoje, novos desafios e novas respostas, 1ª
edição, Ed. Coimbra Editora,Coimbra, 2009.

BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas, 1ª. Edição, Ed. Edipro, São Paulo, 1999.
COEIRO, Pedro, Fundamento, Conteúdo, e limites da jurisdição penal do Estado, 1ª
edição, Ed. Coimbra Editora, Coimbra, 2010.

CORTEZ, António Francisco Adão (Chicoadão), Direito costumeiro e o poder


tradicional dos povos de Angola, 2ª edição, Editora MayambaLda, Luanda 2015.
DIAS, Jorge de Figueiredo, Criminologia, 3ª edição, Editora Coimbra, Lisboa, 2011.

DIAS, Jorge, de Figueiredo, Direito Penal, Tomo I, 2ª edição, Ed. Coimbra


Editora,Coimbra, 2012.

Faculdade de Direito de Coimbra, Revista Portuguesa de ciência criminal, director


DIAS, Figueiredo, Editora grupo W. Kleuwer, Coimbra, 2011.

GOMES, Roberto, Lima, Teoria e prática de execução penal, 3ª edição, S. Ed., Brasil,
1997.

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KASSANJE, José, Repensar o homem na Angola do Sécuo XXI, 1ª edição, Ed. Xa de


cassinde, Luanda, 2012, p 14.
Lei 8/08, Lei Penitenciária Angolana

MARTINS, A. Lourenço, Medidas da Pena finalidades e escolha, 1ª edição, Ed.


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RODRIGUES, Raúl, IusRomanum, 1ª edição, S.E., S.C. S.D.


SARTRE, Jean-Paul. A Náusea, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1983.
TCHIMBINDA, Jorge Simeão Ferreira, O Nome na Identidade Umbundo, edição ETU,
Alemanha, 2009.
TCHIPALANGA, Gilmiaguene Filipe, Lições sobre Metodologia Jurídica, 1ª edição,
Editora Integracons, Zango-Viana, 2015.

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