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3ª Edição (Revista)
♥♠♣♦
Telefonepatia
Aprendi este efeito com Junot, um jovem mágico da República da África
do Sul, atualmente residindo em São Paulo, que o leu no segundo volume do
“Tarbell Course in Magic”. Esta é uma variação de um efeito de Al Baker e
Audley Walsh, mágicos americanos do início do século XX.
Os números feitos ao telefone nem sempre chegam a ser intrigantes, pois
baseiam-se, via de regra, na matemática. Este, entretanto, utiliza-se de uma
sutileza que deixa completamente oculto o método matemático empregado.
Como não o executo com frequência, vou descrevê-lo como eu o vi, ou melhor,
ouvi, executado por Junot.
Uma atenção especial deverá ser dada às instruções transmitidas à
pessoa na outra ponta da linha, pois se não forem suficientemente claras o
efeito poderá fracassar. Isto, que já é verdadeiro para todos os efeitos mágicos
nos quais se conte com o auxílio de um espectador, em casos como este, de
efeitos executados à distância, é crucial.
Efeito e Apresentação
Com papel e lápis à mão, ligue para um amigo e peça-lhe para apanhar
papel, lápis e um baralho completo, sem os Curingas, dizendo-lhe que você
vai lhe apresentar um efeito mágico. Deixe-o embaralhar à vontade, claro!
Diga-lhe para que, quando estiver satisfeito com a mistura, coloque o
baralho arrumado, de face para baixo, sobre a mesa, olhando antes o valor da
carta que ficou embaixo, ou seja, a carta da boca do baralho.
Diga-lhe para anotar no papel apenas o número correspondente ao valor
daquela carta, desprezando seu naipe. Digamos que a carta cujo valor foi
anotado tenha sido o 6 de Paus. O valor então seria 6, qualquer que fosse o
naipe. Diga-lhe que os valores para as cartas A, J, Q e K são 1, 11, 12 e 13,
respectivamente.
Em seguida, ele deverá contar, silenciosamente, as cartas de cima do
baralho, uma a uma, fazendo uma pilha com as cartas já contadas, sobre a
mesa, uma sobre a outra, até chegar ao número anotado inicialmente. No
exemplo, ele deveria tirar a primeira carta e colocá-la sobre a mesa, de face
para baixo, contando mentalmente “Um”, tirar a segunda carta, colocando-a
sobre a primeira, contando “Dois”, e continuar tirando cartas, até chegar,
finalmente, à sexta carta, colocando-a sobre a quinta, e contando “Seis”.
Ele não deverá dar-lhe qualquer pista quanto ao número contado.
Portanto, deverá evitar contar em voz alta ou fazer qualquer ruído ao contar as
cartas.
Isso feito, peça-lhe para olhar e anotar no papel o nome da carta
colocada por último sobre a mesa. No exemplo, seria anotado o nome da sexta
carta contada, que, suponhamos, fosse o Valete de Ouros. A carta escolhida
deverá ser recolocada em seu lugar, sobre a pilha da mesa. O restante do
baralho deverá ser colocado, de face para baixo, sobre a pilha de cartas
contadas sobre a mesa, ou seja, sobre a carta escolhida. Assim, a escolhida
estará “perdida” entre as demais cartas do baralho.
Peça-lhe para pegar o baralho nas mãos e dar cartas, uma a uma, sobre a
mesa, virando cada uma de face para cima, ao mesmo tempo em que nomeia,
em voz alta, cada uma delas.
Aqui está a sutileza à qual me referi no início da explicação. Se você
conseguiu dar as instruções claras, agora seu amigo deverá estar virando a
primeira carta de cima do baralho sobre a mesa, dizendo seu nome, por
exemplo 8 de Espadas. Interrompa-o nesse momento, pedindo-lhe para
recolocar aquela carta em seu lugar, dizendo-lhe que gostaria que primeiro ele
cortasse o baralho - um corte simples - e depois completasse o corte,
colocando a metade inferior sobre a metade superior, para que a carta esco-
lhida ficasse perdida no meio do baralho, sem que ninguém soubesse de seu
paradeiro, nem mesmo ele. Mas não deixe de anotar na folha de papel o nome
da carta citada por ele, inadvertidamente, o 8♠, que ficará sendo sua carta-
guia.
Se tudo correu bem, seu amigo agora recolocará o 8♠ em seu lugar
inicial, para então cortar o baralho como você lhe pediu. Se estiver em dúvida
sobre o que ele irá fazer, diga-lhe, claramente, passo a passo, para retornar ao
baralho a carta que havia tirado, cortar o baralho e completar o corte, colo-
cando a porção inferior sobre a porção superior.
Agora ele deverá nomear, ao telefone, as cartas do baralho, uma a uma,
começando de cima do baralho. Enquanto isso, sem que ele saiba, faça uma
lista de todas no papel. Use apenas uma letra para o naipe, a fim de não se
atrasar nas anotações. Você poderá pedir-lhe para parar quando quiser, mas
não sem antes ouvir o nome de sua carta-guia, o 8♠. Antes de parar, porém,
pergunte-lhe se a carta escolhida já teria passado. Se for o caso, peça-lhe para
parar de nomear as cartas e continue com o efeito; caso contrário, ou seja, se a
carta escolhida ainda não houver passado, leia as considerações ao final
(Figura 2).
Peça-lhe para separar do baralho a carta escolhida e concentrar-se nela,
enquanto você tenta ler sua mente ao telefone (?!).
Trabalhe agora com a lista. Começando pela carta imediatamente
anterior à carta-guia, vá numerando as demais cartas anotadas antes dela -
para cima, se você fez a lista vertical, ou para a esquerda, se horizontal -
desde o número 0. Assim, a carta anterior à carta-guia terá o número 0, a carta
anterior a ela o número 1, e assim por diante, até o número 13, que é a
quantidade de índices do baralho.
Verifique as cartas, cujos respectivos valores coincidiram com os nú-
meros correspondentes, e marque-as, para facilitar a análise. Por exemplo,
uma Dama junto ao número 12, ou uma carta 5 junto ao número 5, etc.
Vamos, primeiramente, analisar a ocorrência de apenas uma co-
incidência, o que é mais comum e também mais fácil de explicar. A carta 6♣
recebeu o número 6, indicando que a carta em seguida a ela, à direita ou
abaixo, no caso o J♦, que recebeu o número 5, foi a carta escolhida, como no
exemplo (Figura 3).
Ocorrendo mais de uma coincidência, você deverá usar a “pescaria”, a
fim de descobrir qual das opções corresponde, realmente, à carta escolhida.
Veja a explicação da “pescaria” no efeito “As 21 Cartas”, de meu livro “O
Valete de Copas”, ou faça apenas o que vem explicado a seguir.
Figura 2
Diga que a transmissão telefonepática está muito ruim e que você
precisaria obter mais algumas informações sobre a carta. Pergunte-lhe algo
que o ajude a diferenciá-la das demais cartas passíveis de ser a escolhida: se
ela é preta ou vermelha, par ou ímpar, alta ou baixa, de Copas ou de Ouros, até
ter a certeza de qual carta se trata. Procure fazer o menor número possível de
perguntas, para não reduzir o efeito. Na maioria das vezes, uma ou duas serão
suficientes.
Se estiver em dúvida entre duas cartas muito parecidas, digamos o 3♦ e
o 5♦, declare apenas aquilo que você puder, ou seja, afirmações comuns a
ambas as cartas. Afirme que a carta escolhida é vermelha. Que é de Ouros.
Que é um número ímpar. E, finalmente, diga que seu valor é muito baixo.
Como, praticamente, você já disse qual foi a escolha - note que seu amigo não
tem como saber de sua indecisão - termine o efeito, dizendo que isso foi o má-
ximo que você conseguiu identificar pela telefonepatia.
Figura 3
Considerações
Antes de parar a lista das cartas, mas após ouvir o nome da carta-guia,
pergunte-lhe se a carta dele já passou. Em caso negativo, a lista deverá
continuar, até o final do baralho, pois o corte terá deixado a carta-guia na parte
superior do baralho e a carta escolhida na inferior. Faça os cálculos do mesmo
modo, lembrando-se de que à primeira carta da lista deverá seguir a última. Se
a primeira carta da lista receber o número 5, por exemplo, então a última carta
da lista receberá o número 6; a penúltima, o número 5; e assim por diante.
É desnecessário dizer que este efeito não poderá ser repetido para a
mesma pessoa, pelo resto de sua vida (a dela ou a sua, tanto faz como tanto
fez).
Resumo para o espectador:
1. Embaralhar e anotar o valor da carta de baixo;
2. Contar cartas de cima até o número anotado;
3. Anotar a carta de cima da pilha contada;
4. Colocar o restante do baralho sobre a pilha;
5. Nomear, uma a uma, as cartas do baralho;
6. Opa! Cortar antes;
7. Mandar parar, após ter passado a carta-guia e a carta escolhida.
Resumo para o mágico:
1. Anotar a carta nomeada por descuido;
2. Anotar todas as cartas nomeadas;
3. Numerar a lista para trás, começando por 0 na carta que
antecedeu a carta-guia;
4. Procurar a carta cujo valor coincida com seu número de ordem;
5. A escolhida será a carta seguinte àquela na lista;
6. Diga qual foi a carta escolhida e ouça uma interjeição de
espanto, geralmente um “Oh!”
♥♠♣♦
Os Valetes Policiais
Este é um efeito muito fácil e simples, que me agradou, vendo-o
executado com sucesso pelo mágico Thieghi. Ele o faz de modo simples e sem
qualquer passe especial, mas com grande ênfase na apresentação. Eu
acrescentei-lhe um passe, melhorando sua execução.
Efeito e Apresentação
Separe e mostre os quatro Valetes, deixando-os sobre a mesa e
explicando à plateia que aqueles são os policiais do baralho. Havendo algum
criminoso para capturar, são eles os encarregados do trabalho.
Com o restante das cartas nas mãos, abra um leque de face para baixo e
peça a um espectador para escolher uma carta qualquer e devolvê-la ao
baralho. Você deverá agora controlá-la, para que fique em cima do baralho,
sem que as pessoas o percebam. Um método muito bom para controlar uma
carta está explicado no efeito “A Carta que não Estava Lá”, em meu livro “O
Valete de Copas”. Ou você pode também usar seu método preferido. Ou ainda,
consultar a parte final deste livro, onde descrevo outro bom método (Página
103).
Segure o baralho com a mão esquerda, de face para baixo, já com a
carta escolhida em cima. Aponte com a direita para os quatro Valetes e,
enquanto diz algo relevante, recolha-os com essa mão. Enquanto isso, na
penumbra, a mão esquerda faz o trabalho sujo. Eh, Eh, Eh!
Você precisará agora fazer, e manter, uma Separação (Página 109) entre
a carta de cima e o restante do baralho. A mão direita continua o movimento
de apontar e recolher os Valetes, enquanto a esquerda executa a Separação.
A ponta do dedo mínimo ficará embaixo da carta escolhida e em cima do
restante do baralho, mantendo a Separação desejada. Se você achar difícil
fazer a Separação apenas com a mão esquerda, use também a direita para
ajudar no passe, enquanto fala algo para desviar a atenção da plateia.
Figura 4
A mão direita termina de recolher os Valetes, enquadra-os, e coloca-os
de face para cima sobre o baralho, que se encontra na outra mão de face para
baixo. A Separação continua, mas embaixo das cinco cartas de cima do
baralho (que são os quatro Valetes de face para cima sobre a carta escolhida
de face para baixo).
O passe que adicionei é aquele usado no efeito “Os Elevadores”, do
livro “O Valete de Copas”, para acrescentar uma carta extra às quatro cartas
inicialmente mostradas. Aqui eu o explicarei de forma um pouco diferente.
Experimente-o assim naquele efeito. Você vai gostar e aprovar.
Enquanto os dedos da mão direita seguram e enquadram aquelas cinco
cartas, a mão esquerda leva o baralho para o lado esquerdo, vira-o de face
para cima e deixa-o sobre a mesa.
Agora você vai mostrar novamente os quatro Valetes, aproveitando para
passar a carta escolhida para o meio deles, e depois colocá-los, de face para
baixo, sobre o baralho que está na mesa.
Figura 5
Com a mão direita virada de palma para baixo, pegue as cinco cartas
com o dedo médio e o polegar, mantendo-as na mesma posição. Com o polegar
esquerdo apoiado na face do primeiro Valete de cima, vá puxando-o até que
ele comece a virar de face para baixo (Figura 4).
A mão direita empurra o Valete para cima e para a esquerda, fazendo
com que a volta se complete, e deixa-o cair de face para baixo na palma es-
querda (Figura 5). Essa mesma mão o coloca debaixo das cartas seguras pela
outra. É parecido com o movimento utilizado para mostrar as cartas em “Os
Elevadores”, mas feito sem o restante do baralho.
Puxe e vire, de igual forma, o segundo Valete. Ao puxar o terceiro não o
vire, mas deixe-o de face para cima na palma da mão esquerda. Puxe o quarto
e último Valete para cima do terceiro. Nesse momento, aparecerão as costas
de uma carta que todos imaginarão ser o primeiro Valete mostrado; na verdade
trata-se da carta escolhida.
Com a ajuda das cartas seguras pela mão direita, vire os dois últimos
Valetes de face para baixo, e coloque-os sobre as cartas da mão direita,
fazendo com que a carta escolhida fique no meio dos quatro Valetes. Enquadre
e coloque o maço de cinco cartas, de face para baixo, sobre o baralho que se
encontra na mesa de face para cima.
Ufa! Você já pode respirar tranquilo, pois a parte mais difícil já passou.
O restante depende apenas de sua apresentação. Diga que os policiais estão
iniciando a captura do criminoso, e peça a um espectador para cortar o
baralho e completar o corte.
Peça uma descrição detalhada do ladrão. Trata-se de um número ou uma
letra? É de cor vermelha ou preta? Afinal, qual foi a carta escolhida?
Depois de o espectador responder a suas perguntas e dizer finalmente o
nome da carta escolhida, estenda o baralho em uma faixa sobre a mesa,
procurando os quatro Valetes. Mostre a todos que agora são cinco as cartas
viradas de face para baixo e que, se a busca foi bem sucedida, os policiais já
capturaram o criminoso. Separe as cinco cartas e vire-as de face para cima,
mostrando a carta escolhida presa entre os Valetes.
Terminei de escrever este efeito ao mesmo tempo em que chegava ao
final um disco de The Beatles. Coloquei outro para escutar, Sgt. Pepper’s
Lonely Hearts Club Band, e, logo na primeira música, ouvi uma frase que bem
poderia descrever este efeito: “(...) mas eles garantem arrancar um sorriso”.
Considerações
Eis um modo mais fácil de mostrar os Valetes. Segure as cinco cartas,
quatro Valetes de face para cima e a carta escolhida de face para baixo, com a
mão esquerda. Com a direita, tire o primeiro Valete de cima do monte, vire-o
de face para baixo e coloque-o debaixo do monte. Faça a mesma coisa com o
segundo Valete. Tire o terceiro, e depois o quarto, mantendo-os juntos, vire-os
e coloque-os em cima do monte, mais precisamente sobre a carta escolhida.
Viu como é fácil? Mas eu acho mais bonito e claro como descrevi anteri-
ormente. Experimente e escolha seu modo preferido.
Ao abrir a faixa, mostrando as cinco cartas de face para baixo, você
pode virar todo o baralho ao contrário, como explicado no efeito “Triunfo”,
em “O Valete de Espadas”, no chamado “efeito dominó”, e mostrar os quatro
Valetes, com a carta escolhida no meio, todos de face para cima.
Anotações Publicadas em “O Valete de Ouros”
Uma sugestão de Gustavo. Para mostrar os quatros Valetes, escondendo
ao mesmo tempo a carta escolhida, simplesmente use o mesmo movimento
aplicado na desaparição dos Ases, como descrito no efeito “Os 4 Ases (The
Return)”, em “O Valete de Espadas”. Experimente!
♥♠♣♦
Os Valetes Ladrões
Nem todos os Valetes são do Bem. Estes, ao contrário dos anteriores,
escolheram o caminho errado, do Mal. Eu já conhecia este efeito há muito
tempo, mas me impressionou a apresentação de Tato. Lembre-se de que o su-
cesso de um número depende de sua apresentação. Procure vê-lo apresentado
espetacularmente por Tato Fischer e você entenderá o que eu quero dizer.
Como o efeito anterior, este também é muito fácil, mesmo com o passe que eu
também lhe acrescentei.
Efeito e Apresentação
Procure e separe os quatro Valetes do baralho, dizendo tratar-se de
quatro ladrões. Se acaso você tiver apresentado os Valetes como policiais em
um efeito anterior, use a cabeça, quero dizer, use outras cartas, os Reis, por
exemplo. Não pense que com isso eu esteja querendo insinuar algo sobre a
monarquia. Longe de mim tamanho disparate. Olhe! Vamos fazer o seguinte:
use quatro cartas quaisquer, tá bom?
Voltando à vaca-fria, enquadre os Valetes (apenas como exemplo...),
coloque-os de face para cima sobre o baralho de face para baixo e prepare-se
para executar o passe que acrescentei ao efeito.
Abra um leque da parte de cima do baralho, mostrando os quatro Valetes
de face para cima, seguidos de várias cartas de face para baixo. Ao fechar o
leque, introduza a ponta do dedo mínimo esquerdo debaixo da terceira carta de
face para baixo e enquadre todo o baralho, mantendo aquela Separação
(Página 109). Com os dedos direitos, segure as sete cartas separadas e
enquadradas, enquanto a mão esquerda coloca o baralho sobre a mesa, de face
para baixo.
Enquanto executa esse movimento, explique o que você irá fazer. Diga
que os quatro Valetes representam quatro ladrões que um dia decidiram
assaltar uma mansão representada pelo baralho.
Mostre novamente os quatro Valetes, usando o mesmo movimento
explicado no efeito “Os Valetes Policiais” (Página 18). Mostre o primeiro de
face para cima, vire-o de face para baixo e coloque-o debaixo do monte de
sete cartas. Continue, mostrando os demais Valetes até aparecer uma carta de
costas. Todos pensarão tratar-se do primeiro Valete, mas será a primeira das
três cartas extras.
Durante o movimento, procure manter as cartas enquadradas e num
ângulo que não chame a atenção da plateia para a espessura do monte. Afinal,
três cartas a mais quase dobram a altura do maço. Coloque esse monte sobre o
baralho que está na mesa e comece sua narrativa. Em breves palavras, a
história é a seguinte:
“Os quatro ladrões estavam no telhado da mansão, esperando a melhor
oportunidade para perpetrar o assalto. Lá pelas tantas, um deles desceu à
adega...” Pegue a primeira carta de cima e, sem mostrar sua face (a da carta,
claro!), coloque-a debaixo do baralho.
“O outro decidiu começar pela sala de jantar e desceu ao primeiro
pavimento...” Pegue a carta seguinte e, também sem mostrá-la, introduza-a
entre as cartas da metade inferior do baralho.
“O seguinte preferiu investigar os dormitórios e dirigiu-se ao segundo
pavimento...” Pegue outra carta de cima e... você já sabe... sem mostrá-la,
introduza-a entre as cartas da metade superior do baralho.
“O último ficou de tocaia no telhado!” Pegue-o e vire-o, mostrando sua
face (a dele!). Desvire-o e coloque-o de volta em seu lugar.
As cartas introduzidas devem ficar fora de enquadramento até este
momento, para ficar bem claro que estão todas separadas (Figura 6). Enqua-
dre-as agora e continue.
“O Valete que estava de tocaia avistou um carro de polícia - talvez o dos
Valetes Policiais - aproximando-se da mansão, e deu o alerta geral!” Faça
alguma pantomima para representar a agitação neste momento. “O ladrão que
estava no porão subiu correndo as escadas. No caminho, trombou com aquele
que estava pegando as pratarias e ambos alcançaram o que estava quase
abrindo o cofre. Todos, ao final, se reuniram no telhado e deram no pé”.
Durante o quiproquó não toque no baralho. Tato faz alguns gestos com as
mãos, como que mostrando os agitados ladrões correndo pela mansão, mas
sem tocar no baralho.
Somente para a apoteose, vire triunfante os quatro Valetes, um a um,
mostrando-os de volta ao telhado.
Figura 6
Considerações
Tato não executa qualquer passe para acrescentar as três cartas extras
sobre os Valetes, usando em seu lugar um estratagema maroto. Ele retira todas
as outras figuras do baralho e pede para contarem se há oito figuras separadas,
os Reis e as Damas, para que no baralho não reste mais nem uma figura sequer
que pudesse vir a ser confundida com um Valete.
Enquanto isso, retira de modo sub-reptício três cartas quaisquer do
baralho, acrescentando-as aos quatro Valetes, mais exatamente atrás do último
do leque. Ao fechar o leque, o maço está pronto para ser colocado sobre o
baralho.
♥♠♣♦
Um, Dois, Feijão com Arroz, Três...
Quando vi o sucesso deste número apresentado por Tato Fischer,
confesso que não acreditei. Já cheguei a vê-lo executado por outros, mas
ninguém conseguiu o clima e o efeito mágico como Tato. Vou descrevê-lo
exatamente como eu o vejo fazendo. Espero que você goste e que aproveite.
Figura 7
Efeito e Apresentação
Separe as seguintes cartas, mas não deixe ainda que suas faces sejam
vistas: Ás de Copas, 2 e 3 de Ouros. Enquanto as procura, aproveite para
colocar o Ás de Ouros atrás do baralho. Deixe então o baralho de face para
baixo sobre a mesa, com o A♦ em cima.
Agora, arrume um leque com as três cartas. Coloque o 3♦ sobre o A♥ de
modo que o 3♦ cubra parte do índice central do A♥, um coração, que deverá
estar de ponta-cabeça. Sobre ambas, coloque o 2♦, que deverá cobrir também
parte do índice central do A♥ e mais todo o coração que aparece abaixo da
letra “A”. A ideia é deixar que do A♥ apareça apenas um índice A e a ponta
do coração central, fazendo crer tratar-se do A♦. Está bem, eu desisto de
explicar com palavras o que você entenderá melhor vendo o desenho (Figura
7). Pronto! Entendeu?
Figura 8
Mostre o leque à plateia, para que vejam as três cartas, feche-o e
coloque as três cartas, de face para baixo, sobre o baralho que se encontra na
mesa. Diga: “Temos aqui o Às, o 2 e o 3 de Ouros.” Pegue a carta de cima, o
A♥, e, sem mostrá-la, introduza-a claramente no meio do baralho, dizendo: “O
A♦ vai para o meio do baralho...”
Use a outra mão para segurar o baralho, permitindo que a carta entre
mais ou menos no meio. Pegue a carta seguinte e coloque-a debaixo do
baralho, levantando-o com a outra mão, enquanto diz: “Colocamos o 3♦
embaixo e deixamos o 2♦ em cima” (Figura 8).
Enquadre as cartas e deixe o baralho sobre a mesa. Peça a um
espectador para cortá-lo e completar o corte. Peça a outro espectador para
virar o baralho de face para cima, abrir uma faixa sobre a mesa e procurar as
três cartas perdidas.
Quando ele as encontrar, elas estarão... inexplicavelmente... ma-
gicamente... juntas e em ordem!
Considerações
Ao iniciar, diga que você está usando as cartas Ás, 2 e 3 de Ouros, sem
qualquer ênfase quanto ao naipe das cartas.
Figura 9
Veja que, após colocar as três cartas no baralho, você poderá virá-lo de
face para cima, deixando ver as faces das cartas mencionadas. Para tal,
introduza o A♥, de modo que apenas a letra A fique aparecendo do outro lado,
e afaste o 2♦ um pouco para frente, ao dizer que ele permanece sobre o
baralho (Figura 9).
Tato modificou sua apresentação recentemente, melhorando-a. Ele agora
coloca as três cartas de face para baixo, sobre a mesa, ao lado do baralho, e
não mais em cima dele, antes de perdê-las, uma a uma, no baralho.
Não deixe que a simplicidade deste efeito impeça-o de experimentá-lo.
Você ficará surpreso com o resultado.
Anotações Publicadas em “O Valete de Ouros”
Assistindo a um vídeo de Tamariz, aquele famoso mágico espanhol, vi,
pela primeira vez, uma ótima variação para este efeito. Assisti-o também, há
pouco tempo, no vídeo “Passe Mágico”, do mágico Lipan Jr. Deixe o Ás de
Ouros sobre o baralho, enquanto procura e separa os demais Ases, de Copas,
de Espadas e de Paus, sem mostrá-los ainda. Arrume as três cartas como
explicado no efeito em foco, mostrando o A♥ entre os Ases pretos, como se
fosse o A♦.
Enquanto mostra os três Ases, chame a atenção para o Ás vermelho.
Diga algo sobre o conhecido jogo da Vermelhinha, onde o jogador mostra três
cartas e desafia o incauto a localizar a vermelha. Ao virar as três cartas de
face para baixo, coloque-as lado a lado na mesa, deixando claramente o A♥ no
meio. Movimente as cartas, trocando-as de lugar entre si, e depois pergunte
onde se encontra o A♦. Note que, a partir deste momento, você estará
perguntando pelo A♦, e não pela carta vermelha.
O espectador poderá apontar qualquer um deles e errará. Vire primeiro
os Ases pretos, depois vire o A♥, dizendo que o espectador teria perdido seu
dinheiro numa eventual aposta. Vire então o A♦, dizendo que ele trocou de
lugar com o A♥ e agora se encontra sobre o baralho.
♥♠♣♦
A 26ª Carta
Assisti a este efeito apresentado pelo mágico iniciante Alexandre. Ele o
aprendeu no livro “The Royal Road To Card Magic”, de J. Hugard & F. Braue,
publicado em 1949 na Inglaterra. Trata-se de mais um número matemático e
com carta-guia, coisas completamente dissimuladas durante a apresentação.
De fato, a carta-guia é uma carta-guia remota, como citado por Hugard naquele
livro.
Efeito e Apresentação
Você deverá conhecer a 26ª carta do baralho, a contar de cima. Hugard
não diz como conseguir isso, mas eu vou lhe dar algumas ideias ao final. Para
nosso exemplo, digamos que a 26ª carta fosse o 4 de Espadas.
Pegue o baralho, embaralhe, e corte em falso se puder, e coloque-o de
face para baixo sobre a mesa. Peça a um espectador para cortar
aproximadamente dois terços das cartas, formando um segundo monte. Para
referência, chamaremos o primeiro monte de A e o segundo de B. Peça-lhe
para cortar B ao meio, formando um terceiro monte, C. O 4♠ estará em algum
lugar no meio de B.
De fato, trata-se de cortar o baralho em três montes aproximadamente
iguais. Acontece que, ao pedir para que o espectador o faça em partes, a coisa
toda fica muito mais fácil; e você também evitará que ele tente mudar cartas de
um monte para outro, desordenadamente, tentando acertar a quantidade de
cartas de cada um e atrapalhando seu arranjo.
Agora, peça ao espectador para pegar o monte C e embaralhá-lo bem.
Quando ele estiver satisfeito, deverá olhar e memorizar a carta que ficou em
cima do monte, recolocando-a em seu lugar.
Diga-lhe para pegar o monte A, misturá-lo bem e colocá-lo sobre o
monte C. “Sua carta está perdida!” Agora, uma frase de Hugard: “Dou-lhe
minha palavra que, até este momento, eu não sei qual é sua carta e nem mesmo
onde ela se encontra neste novo monte”, o que é a mais pura verdade.
Finalmente, peça-lhe para pegar o monte B e colocá-lo sobre o outro,
formado pelos montes A e C. Diga-lhe para cortar duas ou três vezes o
baralho. Apenas cortes simples.
Figura 10
Pegue o baralho e abra-o em leque, de modo que apenas você possa ver
as faces das cartas; e procure por sua carta-guia, no caso, o 4♠. Comece a
contar a partir da carta-guia, que será a primeira, até a 26ª carta para a
esquerda, que será exatamente a carta escolhida. Caso sua contagem ultrapasse
a última carta de cima, continue a contar a partir da carta de baixo do baralho.
Acho que o efeito bem que poderia terminar por aqui. Apenas feche o
baralho, diga o nome da carta escolhida e termine. Entretanto, vou ensinar o
final executado por Alexandre, conforme explicado por Hugard.
Ao encontrar a carta escolhida, corte o baralho naquele ponto, levando
com a mão esquerda as cartas acima da carta escolhida, deixando o restante,
incluindo a carta escolhida, na mão direita. Diga algo como: “Acho que vou
tentar descobrir sua carta de outro modo”, e junte os dois montes, mas ao
contrário, completando o corte, deixando a carta escolhida em cima do
baralho. Em resumo, você estará cortando o baralho na carta escolhida, mas
sem chamar a atenção para o fato.
Segure o baralho pelos lados menores, usando o polegar e o indicador
direitos, com a palma virada para baixo. Ao mesmo tempo, a mão esquerda se
aproxima e, usando o polegar, empurra a carta escolhida uns 2 ou 3
centímetros para a direita, afastando-se em seguida (Figura 10).
Peça ao espectador para dizer o nome da carta escolhida, enquanto você
levanta a mão e solta o baralho, deixando-o cair na palma da mão esquerda. A
pressão do ar fará com que a carta escolhida, e só ela, vire-se de face para
cima, enquanto o baralho cai. “Ei-la!”
Considerações
Para saber a 26ª carta, você pode contar até o número 26 e olhar a carta
que estiver naquele lugar ou ali colocar uma carta de sua preferência; ou olhar
a carta de baixo ou da boca do baralho e então cortá-lo, exatamente ao meio, e
completar o corte. Se você está fazendo, ou pelo menos já tentou fazer, o
Embaralhamento Faro, talvez já possa dividir o baralho ao meio com relativa
facilidade.
Outro modo. Decore a 7ª carta de cima do baralho e faça o em-
baralhamento Faro duas vezes. Aquela carta será agora a 25ª carta contando de
cima. Passe uma carta de baixo para cima do baralho. Pronto!
Melhor ainda. Se você souber a carta de cima do baralho, talvez por
causa dum efeito anterior, então embaralhe, colocando mais seis cartas sobre
ela, faça o Faro duas vezes, uma vez out e outra in. Pronto! Agora você não
precisa passar uma carta para cima.
Ah! Você não sabe o que é Faro in e Faro out. Vou explicar. Faro in é
quando se faz o Embaralhamento Faro deixando em segundo lugar a carta que
estava em primeiro lugar em cima do baralho. Faro out é quando a carta de
cima permanece em primeiro lugar, após o embaralhamento.
No final do efeito, o baralho poderá ser lançado sobre a mesa, em vez
de sobre a palma da mão. Aliás, é desse modo que eu costumo executar o
passe, mas preferi explicá-lo primeiro como Hugard em seu livro.
Experimente soltá-lo - não jogá-lo - de uma altura aproximada de 30 a 50
centímetros sobre a mão ou sobre a mesa. E decida-se.
O quê? Onde aprender o Embaralhamento Faro? Ora! É fácil. Leia um
de meus livros, “O Valete de Copas” ou “O Valete de Espadas”. Melhor ainda,
leia ambos!
♥♠♣♦
Em Um Segundo
Este efeito foi ensinado pelo mágico Rokan em uma das reuniões da
AMSP. Era uma noite daquelas em que, por alguma razão desconhecida, a
frequência estava baixa e a conferência programada havia sido cancelada.
Acho que também chovia e trovejava. Terá havido também um terremoto? Não
me lembro. Surgiu então a ideia de alguns mágicos executarem e ensinarem
efeitos relâmpagos, simples e rápidos (Raios!). Este foi um deles. Por sua
simplicidade e eficácia decidi incluí-lo aqui, como apresentado pelo próprio
Rokan.
Efeito e Apresentação
Pegue um baralho e peça a um espectador para escolher uma carta
qualquer e memorizá-la, devolvendo-a ao baralho. Digamos que o 3♣ tenha
sido escolhido. Controle (Página 103) aquela carta, deixando-a em cima do
baralho, enquanto explica que tentará a difícil tarefa de encontrar a carta
escolhida em apenas um segundo.
Sem qualquer pressa, tire uma carta qualquer do meio do baralho,
digamos o A♦, e coloque-a, de face para cima, sobre o baralho, ou melhor di-
zendo, sobre a carta escolhida, que ali está de face para baixo.
Faça apenas a primeira parte da Virada Dupla (Página 111), a
preparação. Com o baralho enquadrado na mão esquerda, levante, com a ponta
do polegar direito, o canto inferior direito da carta que você acabou de
colocar sobre o baralho, junto com o canto oposto da carta escolhida. Você
estará executando um passe, que poderíamos chamar apenas de Levantamento
Duplo, pois nenhuma carta está sendo virada, pelo menos por enquanto.
Use a ponta do dedo mínimo esquerdo, para manter uma Separação
(Página 109) entre ambas as cartas e o restante do baralho. Você deverá estar
dizendo que acha que aquela foi a carta escolhida, enquanto aponta com o
dedo indicador direito para a carta em cima do baralho.
Figura 11
Figura 12
Certamente o espectador negará, dizendo não ter sido aquela a carta que
havia escolhido. Pegue então as duas cartas juntas, como se fossem apenas
uma, usando os dedos da mão direita, e afaste-as para seu lado direito (Figura
11).
Figura 13
Figura 14
Vire a mão esquerda para baixo, com o objetivo de olhar seu relógio,
mesmo que você não esteja usando um (Figura 12). Nesse movimento, a mão
esquerda pousa o baralho sobre a face da pretensa carta escolhida, apanhando
ambas as cartas e enquadrando-as com o restante do baralho (Figura 13).
A mão direita solta as cartas e fica livre, para que você possa apontar
para o relógio ou para o lugar onde deveria haver um (Figura 14). Ao voltar à
posição normal, a mão esquerda continuará segurando o baralho, que agora
mostrará em cima a face da carta escolhida (Figura 15).
Durante o movimento de olhar e apontar o relógio, diga algo como:
“Mas nós temos ainda que marcar um segundo, certo?”
Termine o efeito, colocando a carta escolhida sobre a mesa, usando
apenas o polegar esquerdo. Todos verão, debaixo da carta escolhida, apenas
as costas da carta de cima do baralho.
Figura 15
Considerações
Experimente. Você vai gostar deste efeito relâmpago (Raios!)
Ao segurar as duas cartas com a mão direita, procure usar o polegar por
cima e os dedos indicador e médio por baixo, forçando-os, para que as cartas
fiquem ligeiramente côncavas. Dessa forma, você evitará que elas se separem,
revelando serem duas cartas, e não uma só.
Ao procurar uma carta qualquer para mostrar, aproveite para ver a face
da carta escolhida. Assim, você poderá mostrar outra carta completamente
diferente, tornando a transformação mais clara. É muito chato quando você
transforma, por exemplo, um 3 de Paus num 3 de Espadas. Seria muito melhor
transformar uma Dama de Ouros em um 3 de Espadas, você não acha?
Lembre-se sempre de cortar o baralho na primeira oportunidade, após
qualquer efeito que termine com uma carta suspeita em cima, como nesse caso.
♥♠♣♦
As Cartas Não Mentem Jamais
Este efeito me foi apresentado pela primeira vez pelo mágico Caetano
Miranda e depois por Thieghi... simples, direto e efetivo.
Efeito e Apresentação
Peça a um espectador para escolher uma carta e colocá-la de volta no
baralho. Digamos que ele tenha escolhido o 6 de Espadas. Controle-a (Página
103), deixando-a em cima do baralho.
Figura 16
Agora você precisará manter uma Separação (Página 109) entre as seis
últimas cartas de baixo do baralho e as demais. Para facilitar a Separação,
mostre o baralho, abrindo uma faixa com as mãos, enquanto diz: “Sua carta
pode estar entre as cartas de cima... do meio... ou de baixo do baralho...” Ao
mostrar a parte de baixo, conte e separe as seis últimas cartas (Figura 16). Use
a ponta do dedo mínimo esquerdo para fazer a Separação, que deverá ser
mantida após enquadrar o baralho (Figura 17).
Figura 17
Com a mão direita virada de palma para baixo, pegue o baralho usando
os dedos indicador e médio por um dos lados menores e o polegar pelo outro.
O polegar deverá continuar mantendo a Separação, que antes era feita pelo
dedo mínimo esquerdo (Figura 18).
Enquanto isso, explique que irá descobrir qual foi a carta escolhida,
apenas consultando as demais cartas do baralho. Diga que, por essa razão, o
efeito tem o nome que tem.
Usando o dedo indicador direito, corte e levante uma porção de cima do
baralho, aproximadamente um terço (Figura 19).
Desvie a porção cortada para seu lado esquerdo, a fim de poder ser
agarrada pela mão esquerda, que passará a segurá-la na posição de dar cartas
(Figura 20).
Com o polegar esquerdo, afaste para a direita a carta de cima do monte
que está na mão esquerda. Com a ajuda do monte seguro pela outra mão, vire
aquela carta e deixe-a cair de face para cima, sobre o mesmo monte da mão
esquerda. Veja o mesmo movimento explicado em “Os Valetes Policiais”
(Página 18).
Figura 18
Figura 19
Agora, atenção! A carta virada é justamente a carta escolhida, mas a
impressão que você dará é de tratar-se de uma carta qualquer. Diga que o 6♠
lhe diz que a carta escolhida é preta. Novamente afaste o 6♠ para a direita e,
com a ajuda do monte seguro pela mão direita, vire-o de face para baixo.
Durante esse movimento, aproveite para soltar, sobre as costas do 6♠, as seis
cartas que estavam separadas pelo polegar direito. Os dedos esquerdos
deverão ajudar a manter todas as sete cartas enquadradas sobre o baralho
(Figura 21).
A ideia é dar a impressão de que apenas vira-se uma carta para ver sua
face e depois se a desvira. Imediatamente após o último movimento, o polegar
esquerdo dá a carta de cima do monte, colocando-a sobre a mesa, de face para
baixo. Todos pensarão que lá se encontra o 6♠, mas trata-se de outra carta
qualquer. Note que agora você já sabe qual foi a carta escolhida, por tê-la
também visto.
Vire e mostre mais uma carta de cima do monte da mão esquerda.
Qualquer que seja ela, diga algo que se relacione com a carta escolhida. Por
exemplo, que a carta que estão vendo lhe indica que a escolhida é um número
e não uma letra. Vire-a de face para baixo e coloque-a na mesa, ao lado da
primeira carta.
Figura 20
Vire e mostre mais uma carta de cima do monte da mão esquerda.
Qualquer que seja, diga que ela lhe indica que a escolhida está em quarto lugar
no baralho, contando de cima para baixo. Vire-a de face para baixo novamente
e coloque-a na mesa, ao lado das outras duas cartas. Coloque o monte seguro
pela mão direita debaixo do monte que se encontra na outra mão e enquadre o
baralho.
Conte quatro cartas de cima do baralho e coloque-as, uma ao lado da
outra, sobre a mesa. Recapitule os últimos acontecimentos: que você já sabe
que a carta escolhida é preta, que não é uma letra, e sim um número, e que ela
é a quarta carta a contar de cima do baralho, ou seja, a última carta colocada
sobre a mesa. Aponte para aquela carta e olhe para a plateia com um ar
desafiante.
Se você foi um bom ator, todos deverão estar agora com aquele sorriso
amarelo estampado em seus rostos, uma vez que “sabem” que a carta
escolhida já havia sido colocada antes sobre a mesa e que, portanto, não
poderia ser a carta que você diz ser.
Figura 21
Vire a carta escolhida com muito suspense, beeem deeevaaagaaar... e
espere que todos pulem para virar e ver aquela outra carta. Quando lhe
perguntarem como fez aquilo, explique que As Cartas Não Mentem Jamais.
Considerações
No início do efeito original, há uma passagem em que se procura,
embaralhando, uma carta de índice 4. Essa carta indicaria o lugar da carta
escolhida. Acho isto desnecessário, mas vou tentar explicar a passagem para
os perfeccionistas.
Após controlar a carta escolhida para cima do baralho, vire-o de face
para cima e comece a embaralhar, usando o Embaralhamento por
Deslizamento (Overhand Shuffle), como explicado nos meus livros “Valete de
Copas” e “Valete de Espadas”. Desse modo, é muito fácil embaralhar por
diversas vezes, mantendo a carta escolhida em seu lugar e evitando que a
mesma apareça para o público.
Durante o embaralhamento, assim que vir uma carta de índice 4, coloque
mais três cartas quaisquer sobre ela e termine o embaralhamento, colocando o
restante das cartas da mão direita atrás das cartas da esquerda. Assim, você
terá o 4 em terceiro lugar, quando “conversar” com as cartas, e aquela será a
carta a lhe dizer a posição em que se encontra a carta escolhida.
De fato, você poderá escolher qualquer carta e então colocar sobre ela
igual número de cartas, indicado pelo seu índice menos uma. Por exemplo, se
a carta que você escolheu for um 8, coloque mais sete cartas sobre ela. Agora,
ao contar as cartas para a Separação, você deverá contar dez, em vez de seis
cartas, ou seja, sempre duas a mais que o valor da carta que escolheu; no caso,
8 mais 2.
♥♠♣♦
Os Quatro Ases (4-ever)
Mais um efeito de cortar nos Ases. Este me foi mostrado por Mr. Lucky.
Fácil e rápido. O próprio mágico corta o baralho em quatro montes e sobre
cada um deles há um Ás. Viu? Pronto! Acabou!
Efeito e Apresentação
Inicie com os quatro Ases em cima do baralho sem o conhecimento da
plateia. Embaralhe, e corte em falso, se quiser. Coloque o baralho sobre a
mesa e prepare-se para cortá-lo uma vez ao meio e cada uma das metades
novamente ao meio.
Figura 22
Antes de fazer o primeiro corte, você deverá fazer uma Separação
(Página 109) entre dois primeiros Ases e o restante do baralho. Usando ambas
as mãos para efetuar o primeiro corte, conte primeiro duas cartas usando os
polegares e mantenha a Separação com uma ligeira pressão deles (Figura 22).
Com os dois Ases assim separados, corte aproximadamente metade do
baralho. Leve a porção superior cortada, que chamaremos agora de monte B,
para frente da porção inferior, o monte A. Imediatamente as mãos retornam à
posição inicial, levando os dois Ases que estavam separados, de cima do
monte B para cima do A.
Figura 23
Agora você deverá cortar, simultaneamente, ambos os montes ao meio,
deixando quatro montes sobre a mesa. De fato, todos os movimentos deverão
ser executados simultânea e simetricamente com as mãos. As mãos também
deverão ser simétricas, isto é, uma direita e outra esquerda. Se não for o seu
caso, infelizmente você não poderá executar este belo efeito.
Corte o monte B com a mão esquerda, levando o novo monte, que
chamaremos de C, para seu lado esquerdo e, ao mesmo tempo, corte o A com a
direita, levando o novo monte, D, para a direita (Figura 23).
Agora haverá dois Ases sobre o monte C e dois sobre o D. Com todos
os cortes terminados, você deverá mostrar um Ás sobre cada um dos montes. E
agora? É muito fácil. Não desista! Persevere!
Com a mão direita, levante o Ás do monte C, vire-o e coloque-o sobre o
monte A. Enquanto isso, com a esquerda, levante o Ás do monte D e o coloque
sobre o B.
Repita a mesma movimentação para os dois últimos Ases: Com a mão
direita pegue o Ás do monte C e vire-o sobre o monte D. Ao mesmo tempo,
com a outra mão, pegue o Ás do monte D e vire-o sobre o C.
Não, você não leu errado, nem há qualquer erro de revisão nos
parágrafos anteriores. Acontece que, para retirar os Ases, você deverá cruzar
os braços; e deverá descruzá-los ao colocar os Ases sobre os montes, simultâ-
nea e simetricamente. Pronto! Rápido, não achou?
Considerações
Após o corte inicial, experimente voltar apenas a mão direita, para
trazer os dois Ases para cima do monte A, deixando a esquerda repousando
sobre o monte B. Em seguida, inicie os cortes dos dois montes: do A com a
mão direita e do B com a esquerda.
Pratique bastante, para que todos os movimentos fluam naturalmente.
Descubra que o efeito todo pode ser coreografado. Tente executá-lo ao ritmo
de uma música e você entenderá o que eu quero dizer.
♥♠♣♦
Os Quatro Ases (A Vingança)
Mais um efeito que meu amigo mágico Roberto costuma apresentar com
maestria. Uma joia. Rápido e direto. Os quatro Ases, separados e perdidos no
baralho, aparecem, mas juntos e com suas faces ao contrário das demais.
Efeito e Apresentação
Inicie com os quatro Ases em cima da mesa, de face para cima. Procure-
os, se quiser, mas o melhor seria tê-los já sobre a mesa, após algum efeito
anterior em que tivessem aparecido.
Figura 24
Segure o baralho de face para baixo, com a mão esquerda, na posição de
dar cartas. Pegue um dos Ases, o de Espadas, por exemplo, e introduza-o,
mais ou menos no meio do baralho, pela frente, até a metade de sua extensão.
Pegue outro Ás, o de Ouros, por exemplo, e introduza-o, da mesma forma,
mais ou menos no primeiro quarto do baralho, ou seja, no meio da metade
superior.
Introduza outro Ás, o de Copas, um pouco acima do meio da metade
inferior, deixando espaço para o quarto e último Ás. Pegue agora o Ás de Paus
e introduza-o abaixo do meio da segunda metade.
As distâncias foram dadas, apenas para exemplificar, pois o importante
é deixar os quatro Ases bem separados, com algumas cartas acima do primeiro
Ás, o A♦ no exemplo.
Figura 25
Resumindo: você deverá colocar os quatro Ases, dividindo o baralho
em cinco partes aproximadamente iguais, procurando que a parte de cima fique
um pouco maior do que as demais (Figura 24).
Com o baralho ainda na posição de dar cartas, mas agora com o dedo
indicador esquerdo um pouco mais à frente, devido às cartas deslocadas,
incline a mão esquerda para baixo e para frente, fazendo com que as cartas que
estejam sobre o A♦, e apenas elas, deslizem, enquadrando-se com o próprio
A♦ (Figura 25).
Agora os dedos médio e indicador e o polegar esquerdos seguram a
metade frontal dos Ases e das cartas acima do A♦, enquanto os dedos da mão
direita puxam o restante do baralho, fazendo com que fiquem na mão esquerda
apenas os Ases com um punhado de outras cartas em cima.
Figura 26
Figura 27
O monte seguro pela mão direita, num movimento ininterrupto, é
colocado sobre as cartas da mão esquerda, ficando os Ases, juntos, debaixo
do baralho. Para a plateia, a impressão será a de que você apenas perdeu os
Ases no baralho, cortando-o em seguida.
O próximo passo será um Embaralhamento à Americana (Riffle Shuffle),
como explicado em meus livros anteriores, “O Valete de Copas” e “O Valete
de Espadas”, durante o qual você aproveitará para virar os Ases ao contrário
das demais cartas. Corte o baralho em dois montes, segurando um em cada
mão, ficando o monte com os Ases na mão esquerda, por exemplo. Segure as
cartas, usando os dedos médio e anular por um dos lados menores e o polegar
pelo lado menor oposto, preparando-se para o Embaralhamento à Americana.
Figura 28
As mãos se viram, de modo que uma palma fique em frente à outra, e
batem os lados maiores de cada metade do baralho sobre a mesa, para en-
quadrar as cartas. Nesse momento, as pontas dos dedos médios se tocam,
enquanto o polegar esquerdo conta e separa os quatro Ases do monte da mão
esquerda (Figura 26).
O polegar direito passa a segurar os quatro Ases por um dos lados
menores, enquanto os dedos da mão esquerda empurram o outro lado menor
dos quatro Ases, para passá-los ao monte da mão direita. Note que, neste
movimento, a posição dos Ases será invertida, ou seja, eles ficarão face a face
com as cartas do monte da mão direita (Figura 27).
Procure a melhor posição das mãos, para que não se vejam as cartas
invertidas. Experimente com os punhos apoiados na beirada da mesa.
Repetindo: separe os Ases no monte da esquerda (Figura 28) e passe-os para
o monte da direita (Figura 29).
Figura 29
Continue o embaralhamento, controlando as cartas, para que os Ases
caiam, todos juntos, em algum lugar do baralho. Se achar necessário, para
deixar os Ases perto do meio, você poderá cortar o baralho (Figura 30).
Termine o embaralhamento, enquadre as cartas e pergunte a um
espectador: “Você gostaria de ver os Ases de face para cima ou de face para
baixo?” Conforme sua resposta, estenda o baralho em faixa sobre a mesa, de
face para cima se ele pediu “os Ases de face para baixo”, de face para baixo
se pediu “de face para cima”, pois eles estão ao contrário das demais cartas.
Ou não?!
Pronto! Treine bem esse efeito e você será considerado um verdadeiro
Ás do baralho.
Figura 30
Considerações
Muitas vezes eu uso este efeito apenas até a metade, ou seja, sem virar
os Ases. Após perdê-los no baralho, faço um Embaralhamento por
Deslizamento (Overhand Shuffle), como explicado em meus livros anteriores,
passando os Ases de baixo para cima do baralho. Em seguida, inicio uma se-
gunda mistura, deixando uma carta deslocada (injog) sobre os Ases.
Coloco o baralho de face para baixo, sobre a mesa, sem enquadrá-lo, e
imediatamente corto na carta deslocada e completo o corte. Deixo o baralho
sobre a mesa e, após fazer os necessários gestos mágicos, viro os Ases,
teatralmente, um a um. É ou não é um feito impressionante?
♥♠♣♦
Os Três Valetes
Como os livros anteriores, “O Valete de Copas” e “O Valete de
Espadas”, este também apresenta um efeito que ocorre durante uma
demonstração do jogo de Pôquer. Não deixe de experimentar. É muito fácil,
pois é automático, mas ainda assim muito intrigante. Eu o aprendi em um livro
do mágico americano Harry Lorayne, mas também o vi explicado em outros
livros.
Efeito e Apresentação
Tenha em cima do baralho as seguintes cartas, assim ordenadas de cima
para baixo: três Valetes, uma carta qualquer, o último Valete e os quatro Ases
(Figura 31). Você pode facilmente arranjar estas cartas durante a execução de
um efeito anterior. Embaralhe, e corte em falso se quiser.
Figura 31
Durante todo o efeito, você vai dar cartas para dois jogadores, você e
um jogador invisível a sua frente ou um espectador que queira colaborar. As
cartas são sempre dadas de cima do baralho, uma para seu parceiro e outra
para você, até terminar de dar a mão completa. Sempre que mostrar as mãos
de jogo, e também ao devolvê-las ao baralho, mantenha as cartas na ordem em
que se encontram.
Explique que vai ensinar como ganhar sempre no jogo de Pôquer.
Comece dando uma mão de três cartas para dois jogadores. Dê a primeira
carta para seu parceiro e a segunda para você. Dê mais uma carta para seu
parceiro e outra para você. Dê a última carta de seu parceiro. Ao dar sua
última carta, coloque-a embaixo de suas duas cartas já sobre a mesa. Diga que
esse gesto representa o truque a ser usado para se ganhar sempre, e que você o
está executando, visivelmente, para que todos possam perceber seu funciona-
mento (Ah! Ah! Ah!)
Vire as três cartas de seu parceiro e mostre tratar-se de uma trinca de
Valetes. Sem mostrar suas três cartas, coloque-as sobre o baralho. Recolha
também a mão de seu parceiro, vire-a de face para baixo e coloque-a sobre o
baralho. Esse modo de dar e de recolher as cartas vai se repetir por todo o
efeito.
Novamente, dê duas mãos de três cartas cada uma, e mostre que seu
parceiro tem uma trinca de Valetes. Um dos naipes foi trocado, mas não diga
nada a respeito. Não se esqueça de colocar, sempre, a última carta sob as
anteriores de sua mão e também de chamar a atenção de todos para o fato.
Repita esse processo quantas vezes quiser. Você verá que sempre será
dada uma trinca de Valetes para seu parceiro. Lembre-se de enfatizar a
colocação estranha da última carta, dizendo: “Mas, para que a mágica
funcione, é necessário que a última carta vá para baixo”.
Após três ou quatro vezes, lembre sua plateia de que, num verdadeiro
jogo de Pôquer, a mão correta é composta de cinco cartas e não de apenas três.
Passe então a dar mãos de cinco cartas. Lembre-se: a última carta sempre vai
para baixo!
Após dar a primeira mão, mostre que seu parceiro tem agora um Full
Hand (chamado também Full House, ou apenas Full, ou uma trinca e uma
dupla), que é uma ótima mão de jogo.
Recolha as cartas para cima do baralho, primeiro sua mão e em cima
dela a de seu parceiro. Dê cartas outra vez e mostre que novamente seu
parceiro tem um Full. Dê cartas mais uma vez e apresente mais um Full.
Pergunte se todos entenderam como funciona. Peça a um espectador que
se aproxime da mesa, para tentar executar a mágica. Dê-lhe o baralho e peça-
lhe para dar duas mãos de Pôquer. Certifique-se de que ele faça exatamente
como você, inclusive passando para baixo a última carta.
Vire a mão do fictício parceiro do espectador e mostre que há apenas
uma trinca sem a dupla (Three of a Kind), ou seja, um jogo menor.
Pegue o baralho, dizendo que talvez não tenha sido claro em suas
instruções, e dê mais uma mão, mostrando, ao final, o Full. Passe o baralho,
novamente, para o espectador. Agora, você deverá deixar que o espectador dê
cartas por três vezes seguidas, pois todas elas sairão com jogos baixos. A
primeira terá apenas uma trinca, a segunda dois pares, bem como a terceira.
Novamente, peça o baralho de volta e diga que irá mostrar que a mágica
deve funcionar sempre, quando se passa a última carta para baixo. Ao dar as
mãos de jogo, finja lembrar-se de um detalhe muito importante: “Se seu
parceiro tem sempre um bom jogo, em que isto lhe ajudaria? Só se seu jogo
fosse melhor ainda que o dele”.
Mostre que agora seu parceiro tem uma quadra (Poker) de Valetes e que
você tem uma quadra de Ases, que é um jogo maior.
Considerações
Efeitos com jogo de Pôquer, normalmente, interessam apenas a quem o
joga. Quando for atuar, pergunte à plateia se alguém joga Pôquer, ou se pelo
menos sabe como jogar. Dependendo das respostas obtidas, decida-se por
executar ou não efeitos desse tipo.
Antes de comentar sobre a mão de cinco cartas, talvez alguém faça
algum comentário a esse respeito. Diga que você sabe que a mão de Pôquer é
de cinco cartas, mas que, para exemplificar, está usando apenas três. Em
seguida, passe a dar mãos de cinco cartas cada uma.
Resumo:
· Trinca de Valetes - quantas vezes você quiser;
· Full - três vezes;
· Jogo menor - uma vez;
· Full - uma vez;
· Jogo menor - três vezes;
· Quadras - uma vez e fim.
♥♠♣♦
O Vira
Como? Você está pensando que mágica não tem nada a ver com música?
Pelo contrário. Este efeito, executado por Roberto, é uma verdadeira sinfonia.
Tem ritmo, melodia, harmonia, dinâmica. Tem começo, meio e fim. O original
chama-se “Twisting the Aces”, do mágico canadense Dai Vernon, “The
Professor”.
Figura 32
Eu próprio não o executava, mas assisti à apresentação de Roberto
muitas e muitas vezes sem me cansar. Assim, tive que lhe pedir para ensinar-
me os detalhes, que são muitos, a fim de treinar o efeito e descrevê-lo aqui. A
partir de agora, passarei a executá-lo sempre que tiver uma oportunidade.
Separe as cartas Ás, 2, 3 e 4 de seu naipe preferido (Roberto sempre usa
Paus para este efeito). Agora, prepare-se! Pois teremos pela frente uma longa
caminhada noite adentro.
Durante este efeito você precisará executar por diversas vezes os passes
Virada Tripla (Página 113) e Contagem Elmsley (Página 113), ambos já
explicados em meus livros “Valete de Copas” e “Valete de Espadas”. O
primeiro é igual à Virada Dupla (página 112), mas executado aqui com três
cartas, daí o nome Virada Tripla, óbvio! O segundo é a contagem falsa
explicada no efeito “Tripla Predição”, em “O Valete de Copas”. De qualquer
modo, incluí também no presente livro uma explicação de ambos os passes,
com uma variação muito prática para a Virada Tripla.
Efeito e Apresentação
Comece com as cartas devidamente ordenadas em leque na ordem 4, 3, 2
e Ás (Figura 32). Mostre-as e comente sobre a maneira como as pessoas
comuns viram as cartas.
Corte o leque ao meio, segurando o 4 e o 3 com a mão esquerda, o 2 e o
Ás com a direita. Vire as mãos, para mostrar as costas das cartas, e junte
novamente as quatro cartas, mudando a ordem para 2, Ás, 4 e 3 (Figura 33).
Ao mesmo tempo, enquadre as cartas e deixa-as de face para baixo, evitando
que se veja a troca da ordem.
Segure as cartas na mão esquerda, na posição de dar cartas. Execute a
Virada Tripla (Página 113), mostrando a face do 4♣ e deixando-o de face para
cima, sobre o maço, dizendo que normalmente assim se vira uma carta.
Vire a mão esquerda, mostrando o outro lado do maço de cartas, onde
aparece o 3♣. Com a mão direita, retire o 4♣ de baixo do maço e vire-o de
face para cima, colocando-o de volta debaixo do maço. Diga que está apenas
desvirando a carta que havia sido virada normalmente, ou seja, como a
virariam os pobres mortais; mas que, com um mágico, é diferente! Vire o maço
de face para baixo.
Agora você irá executar duas vezes a Contagem Elmsley (Página 113),
sendo que, na primeira vez, aparecerá apenas o A♣ de face para cima, e, na
segunda, apenas o 2♣.
Fazendo referência ao fato de os mágicos virarem as cartas
magicamente, você deverá fazer um gesto mágico, como que ordenando que as
cartas se virem uma a uma. Roberto costuma segurar o maço de cartas com a
mão esquerda, usando apenas o polegar no centro das costas do maço e o
indicador no centro da face do maço, enquanto o indicador direito faz com que
o maço dê uma volta sobre si mesmo (Figura 34). Ele diz que o movimento é
suficiente para virar uma carta, no caso, o A♣. Enfim, qualquer gesto servirá,
desde que seja um gesto mágico.
Figura 33
Em seguida, dê duas voltas mágicas e conte, Contagem Elmsley,
mostrando que a carta que agora está virada é o 2♣. Passe uma carta de cima
para baixo, mostrando novamente a face do 2♣. Execute a Virada Tripla,
dizendo que está apenas desvirando o 2♣.
Dê três voltas mágicas ao maço e faça a Contagem Elmsley, mostrando
que agora o 3♣ virou-se magicamente. Em seguida, abra as cartas em leque,
confirmando que apenas o 3♣ está virado (Figura 35).
Pegue a carta de cima do leque e coloque-a debaixo do 3♣. Pegue a
nova carta de cima e coloque-a debaixo do 3♣, ou seja, entre ele e a carta que
você acabou de mudar de lugar (Figura 36). Enquadre as cartas e execute
apenas a primeira parte de uma Virada Dupla (Página 112), não Tripla,
separando as duas cartas de cima e levantando-as do maço, sem virá-las.
Figura 34
Enquanto segura o 3♣ com a mão direita de face para cima, junto com o
4♣ de face para baixo, vire de face para cima as outras duas cartas, A♣ e 2♣,
que ficaram na mão esquerda, dizendo algo como: “Vou virar todas as cartas
para o mesmo lado para reiniciar...” Coloque o 3♣ e o 4♣, como se fossem
apenas uma carta, sobre o 2♣, e enquadre as cartas.
Vire o maço de face para baixo e execute a Contagem Elmsley,
esperando ver o 4♣ virado. Acontece que, desta vez, você mostrará apenas as
costas das quatro cartas. Finja lembrar-se de não ter executado o gesto
mágico. Dê quatro voltas mágicas ao maço e execute novamente a Contagem
Elmsley, mostrando agora uma carta de face para cima, o 4♣.
Figura 35
Essa última contagem pode ser comum, pois o 4♣, e apenas ele,
encontra-se virado. Você pode terminar abrindo um leque, ou mesmo
espalhando as cartas sobre a mesa, para mostrar apenas uma carta virada.
Receba seus aplausos, desvire o 4♣ e junte as cartas ao baralho para
seu próximo efeito. Você escutou a sinfonia? Não?! Bom, isso leva tempo...
não desanime!
Considerações
Para facilitar a Virada Tripla (Página 113), você também poderá utilizar
a Arredagem (Página 108). Faça a Arredagem da carta de baixo e, com a outra
mão, pegue as três cartas de cima, executando a Virada Tripla.
Não há mais considerações a fazer. Mas você vai ter um resumo, para
ajudá-lo nas diversas fases do efeito.
Figura 36
Anotações Publicadas em “O Valete de Ouros”
Examine o modo de alterar a ordem de quatro cartas, explicado no livro
“O Valete de Ouros”, no efeito “Ultra Siga o Líder”, e use-o também em “O
Vira”.
Resumo:
1. Mostre 4, 3, 2, Ás, corte para 2, Ás, 4, 3 e vire o maço;
2. Faça a Virada Tripla, virando e mostrando o 4;
3. Vire o maço e vire o 4 de face para cima;
4. Vire o maço e faça a Contagem Elmsley, mostrando que o Ás se
virou;
5. Faça a Contagem Elmsley, mostrando que o 2 se virou;
6. Passe uma carta de cima para baixo e faça a Virada Tripla,
virando o 2 de costas para cima;
7. Execute a Contagem Elmsley, mostrando que o 3 se virou;
8. Passe a carta de cima para trás do 3;
9. Passe a nova carta de cima para trás do 3;
10. Faça a preparação da Virada Dupla e vire as duas cartas de
baixo;
11. Vire o maço e faça a Contagem Elmsley, mostrando que nem uma
carta se virou;
12. Faça outra Contagem Elmsley e o 4 se vira;
13. Ouça os aplausos.
♥♠♣♦
No Coração
Mais um efeito que me foi ensinado por Roberto. Outra joia. É uma pena
que, ao lê-lo, você já estará, ao mesmo tempo, tomando ciência do segredo.
Efeito e Apresentação
Peça a um espectador para misturar o baralho e cortá-lo à vontade,
deixando-o de face para baixo, sobre a mesa. Diga que você vai lhe dar
algumas instruções para a escolha de uma carta, que deverão ser seguidas
rigorosamente.
Para ilustrar suas instruções, corte o baralho mais ou menos ao meio,
enquanto diz ao espectador: “Você deverá cortar o baralho em um ponto
qualquer com a mão direita, e, com ambas as mãos, abrir em leque a porção
cortada, de face para você”.
Ao mesmo tempo, você deverá estar demonstrando e executando os
gestos descritos. O que a plateia não sabe é que você aproveitará esse
momento para decorar uma carta, que terminará por ficar em cima do baralho
ao final das instruções, para lhe servir de guia.
Continue: “Escolha uma carta dentre as que estiver vendo, pela qual
você tenha qualquer simpatia ou preferência. Corte o leque, dividindo-o em
dois, ficando uma parte na mão direita e outra na esquerda, com a carta
escolhida na frente desse último”.
Ao cortar o leque de cartas, você gravará a carta à esquerda do monte
que ficou na mão direita, ou seja, a carta que estava à direita daquela que
seria, na sua explicação, a carta escolhida. Ao final da descrição, tal carta
estará em cima do baralho e será sua carta-guia.
“Coloque o maço da mão direita de volta, sobre o baralho que está na
mesa, enquanto a mão esquerda se aproxima do peito, deixando que a carta
escolhida fique próxima ao coração por alguns instantes”.
“Afaste a mão esquerda do peito e, com a ajuda da mão direita, corte
essa porção de cartas ao meio e complete o corte, deixando a carta escolhida
perdida no meio do maço, seguro agora com a mão esquerda. Com a direita,
corte e levante uma porção do baralho que está sobre a mesa, enquanto a
esquerda deposita o maço que contém a carta escolhida sobre a porção que
ficou na mesa. A mão direita recoloca a porção cortada sobre o maço deixado
pela mão esquerda, completando o corte e perdendo definitivamente a carta
escolhida. Enquadre finalmente o baralho”.
Peça agora ao espectador para executar suas instruções. Faça mímica e
dê algumas breves instruções auxiliares durante o processo, pois dificilmente
ele terá decorado todo o procedimento. Ao final, a carta que ele escolheu
estará sobre a carta que você havia decorado.
Daqui em diante, trata-se apenas de apresentação - e representação.
Pegue o baralho enquadrado e vire-o de face para cima. Comece a dar cartas
de face para cima, sobre a mesa, enquanto diz ao espectador para procurar
esconder qualquer reação quando sua carta passar. Diga também que, como
aquela carta teve um contato muito próximo com seu coração, isso será
praticamente impossível.
Vá dando cartas sobre a mesa, até passar a carta que você havia
decorado. A carta seguinte será a carta escolhida. Simplesmente pare com ela
na mão e com seu olhar fixo no espectador.
É muito engraçado ver a expressão no rosto das pessoas nesse momento,
pois elas procurarão não esboçar qualquer reação. Mas se você insistir em
ficar segurando aquela carta em suas mãos e olhar nos olhos do espectador, é
bastante improvável que ele não reaja, quase sempre rindo, antes de afirmar
que foi aquela a carta escolhida.
Considerações
Tenha muito cuidado ao seguir as instruções desse efeito. Todos os
movimentos são muito importantes, para o completo despistamento
(misdirection) quanto ao método empregado.
Tente executar as instruções, deixando a carta-guia de face para cima.
Assim você poderá acompanhar com facilidade a posição dela, ao executar os
movimentos pela segunda vez. Apenas enquanto você estiver estudando o
efeito, claro!
Se estiver atuando para mágicos, diga-lhes não ser possível usar
qualquer carta-guia, em virtude dos diversos cortes feitos. Se a plateia incluir
leigos, não diga nada.
♥♠♣♦
Os Reis Acrobatas
Outro efeito lindíssimo que Roberto costuma executar. Também deste
precisei pedir-lhe que me ensinasse os detalhes, para poder descrevê-lo aqui.
Separe os quatro Reis do baralho e deixe-os sobre a mesa, de face para
cima. Você precisará ainda de dois pequenos objetos cilíndricos. Podem ser
cigarros, lápis, canetas ou varinhas mágicas.
Efeito e Apresentação
Figura 37
Explique para a plateia que os quatro Reis eram habilidosos artistas,
grandes acrobatas. Dizem até que já passaram pelo famoso e in-
ternacionalmente conhecido Circo Mágico Tihany. A história que irá contar
aconteceu certa noite em que os dois Reis pretos saíram para um passeio antes
da função circense.
Coloque os objetos cilíndricos sobre a mesa, um paralelo ao outro,
distantes entre si pouco mais que a largura do baralho. Coloque agora os Reis
vermelhos de face para cima, cada um apoiado num dos objetos. Ambos
deverão estar perpendiculares aos objetos e pendentes para fora (Figura 37).
Agora você irá perder os Reis pretos no meio do baralho. O que sua
plateia não deve saber é que, além de não os perder, você ainda colocará entre
eles uma carta qualquer.
Figura 38
Siga as instruções com o baralho na mão esquerda, na posição de dar
cartas. Com o polegar esquerdo, folheie o baralho por seu canto superior
esquerdo, parando aproximadamente no meio, e deixando um espaço aberto,
para que os Reis sejam introduzidos. Folheie as cartas, como faria com as
páginas de um livro, para dar uma rápida olhada em seu conteúdo (Figura 38).
Segure os Reis pretos juntos, de face para baixo, por seu canto superior
direito, usando os dedos indicador e médio e o polegar direitos. Deixe o K♠
em cima, apenas para facilitar a explicação. Afaste o polegar direito um pouco
para a direita, fazendo com que os Reis se desalinhem alguns milímetros. Em
seguida, introduza o canto inferior direito do K♠ no espaço aberto pelo
polegar esquerdo (Figura 39).
Nesse momento, o polegar esquerdo solta mais uma carta, e apenas uma,
deixando um novo espaço para introduzir o K♣. Depois de introduzir o canto
inferior direito do K♣, o polegar esquerdo se afasta, fechando o espaço aberto
entre as cartas (Figura 40).
Figura 39
Continue empurrando os Reis com os dedos da mão direita para dentro
do baralho, até pouco mais da metade de sua extensão, enquanto a mão
esquerda cuida de manter todas as cartas enquadradas. Afaste a mão direita
para seu lado direito, enquanto o indicador esquerdo empurra os Reis
totalmente para dentro do baralho. Note que, nesse movimento, a carta que se
encontra entre os Reis sairá um pouco pelo lado de trás, em direção a seu
corpo. Procure manter oculto o pedaço da carta que se projeta do baralho
(injog).
Aproxime novamente a mão direita, para cortar o baralho exatamente na
carta que está entre os Reis. Apenas coloque a ponta do polegar direito sob
ela e levante-a, levando junto a parte de cima do baralho. Complete o corte,
colocando a porção da mão direita debaixo da porção da mão esquerda,
deixando o K♣ em cima do baralho e o K♠ debaixo, seguido pela carta extra.
Figura 40
Continue a história, dizendo que, depois de saírem para o passeio, os
Reis Acrobatas pretos simplesmente sumiram. Vire o baralho de face para
cima e abra-o em leque, mostrando que eles não estão no meio do baralho.
Cuidado para não deixar aparecer o K♠ em segundo lugar, embaixo do
baralho, tampouco o K♣, em cima.
Enquadre o baralho, ainda de face para cima, segurando-o com a mão
esquerda, e apenas prepare as duas cartas de cima para uma Virada Dupla
(Página 112). Apontando a carta que está na frente do K♠, diga que o gerente
do circo já estava contratando substitutos para os Reis que não chegavam.
Afinal, “o espetáculo não pode parar!”
Com a ajuda dos dedos da mão direita, afaste as duas cartas, como se
fossem uma, para seu lado direito, apenas o suficiente para que se veja o
índice da carta seguinte, a terceira.
Atenção! Afaste a mão direita, enquanto a esquerda vira o baralho de
face para baixo, a fim de, aparentemente, colocar a carta mostrada sobre um
dos Reis vermelhos. Na verdade, a carta anteriormente mostrada é puxada de
volta a seu lugar, pelo polegar esquerdo. O baralho é virado para baixo,
enquanto o dedo médio esquerdo empurra o K♠, de face para baixo, para cima
de um dos Reis vermelhos.
Figura 41
Você pode usar o dedo indicador direito, para ajudar, segurando o K♠ no
lugar. Mas, se treinar bastante, verá que não é absolutamente necessário, uma
vez que o dedo médio esquerdo pode segurar o K♠ no lugar, apenas apertando-
o contra a mesa. Enquanto isso, a mão esquerda retira o baralho, levando junto
a carta mostrada.
Ao levantar a mão esquerda para o movimento seguinte, faça com que o
baralho permaneça virado para baixo, para que não se veja que a carta
anteriormente mostrada continua na boca do baralho.
Em seguida, faça uma Virada Dupla (Página 112), mostrando que uma
carta qualquer está em cima do baralho. Desvire a carta (?) e coloque-a (o
K♣), de face para baixo, sobre o outro Rei vermelho.
Cada um dos Reis pretos deverá estar de face para baixo e per-
pendicular a cada Rei vermelho que ficou debaixo. Além disso, metade de
cada Rei vermelho deverá estar visível do lado de dentro, entre os objetos
(Figura 41).
Figura 42
Eleve agora o baralho a uma altura de 10 a 20 centímetros e solte-o, de
modo que ele caia horizontalmente, entre os dois objetos, sobre as duas
metades visíveis dos Reis vermelhos. A queda do baralho fará com que os
Reis pretos sejam atirados para cima e se desvirem no ar, caindo na mesa, de
face para cima (Figura 42).
Diga que, ao iniciar a seção, todos os Reis Acrobatas estavam em seu
lugar, prontos para começar. Enfim, “o espetáculo não parou!”
Considerações
Ao colocar a primeira carta sobre o Rei vermelho, você poderá também
executar a Arredagem (Página 104), em lugar de fazer a Virada Dupla (Página
112). A substituição ficará bem mais fácil.
Se não conseguir que os Reis caiam perfeitamente no lugar após o salto
mortal, não se preocupe, não é importante. Caso consiga, aí há razão, e muita,
para se preocupar: você é um acrobata e não sabia!
Quero ainda dizer que resisti à tentação de descrever este efeito com os
Valetes em lugar dos Reis, preferindo mantê-lo como Roberto o executa.
♥♠♣♦
Coincidência Múltipla
Este efeito foi mostrado pelo mágico Ammirati ao mágico Mr. Lucky que
mo mostrou (Ui!), quero dizer, mostrou-mo (Ai!). Eu já o havia visto antes,
mas não me lembrava do método empregado.
Efeito e Apresentação
Procure e separe as cartas de Ás a 9, de dois naipes, um vermelho e
outro preto; por exemplo, Copas e Espadas. “Por que Copas e Espadas?”,
perguntaria você. “Porque sim!”, responderia eu.
Coloque as cartas em ordem e mostre a sua plateia estar usando as
cartas de 1 a 9 de duas cores diferentes, considerando-se os Ases como
número 1.
Recolha as cartas pretas e entregue-as a um dos espectadores que se
disponha a ajudá-lo. Recolha as vermelhas para você. Finja embaralhar suas
cartas e oriente o espectador, para que faça o mesmo com as dele. Ele deverá
embaralhar e não apenas fingir, claro!
Se não quiser embaralhar em falso, diga que irá colocar suas cartas
numa ordem diferente, sem que ele veja. Explique que, enquanto isso, ele
deverá fazer o mesmo com as dele.
Continuando, disponha suas cartas de face para baixo, sobre a mesa, for-
mando três colunas de três cartas cada uma. Todos pensarão que elas estão
misturadas, mas estão de fato na mesma ordem inicial. Cada carta estará,
portanto, em seu lugar correspondente, ou seja, o Ás na casa 1, o 2 na segunda
casa, o 3 na terceira, e assim por diante, até o 9 na última casa.
Peça ao espectador para virar seu monte (o dele) de face para cima e
dar as cartas, uma a uma, sobre cada uma das cartas da mesa, na ordem em que
preferir (Figura 43).
Figura 43
Agora você deverá provar que houve uma coincidência incrível: todas
as cartas colocadas pelo espectador encontraram seu par correspondente!
Digamos que ele tenha colocado as cartas pretas nessa ordem: 6, 5, 9,
Ás, 2, 3, 4, 8 e 7 (Figura 43). Você deverá então recolher os pares em um
único monte, seguindo as instruções.
Você pode começar por qualquer par. No exemplo, começaremos pelo
que mostra um 6 que se encontra na casa 1, ou seja, sobre o Ás. Pegue ambas
as cartas. Agora você deverá recolher o par que tenha um Ás de face para
cima, seja porque recolheu seu Ás, seja porque recolheu o par na casa 1; tanto
faz dar na cabeça como na cabeça dar.
Coloque o par recolhido sobre o Ás, que se encontra sobre o 4 na casa
4, e recolha os dois pares. A seguir, coloque esse monte na casa 7, onde se vê
um 4. Recolha o novo monte e coloque-o na casa 9, onde se vê um 7. Recolha
todo o monte e coloque-o sobre o 9, na casa 3. Recolha esse novo monte e
coloque-o na sexta casa, onde está o 3.
Note que agora você está na casa 6 e que a carta de cima de seu monte é
um 6. O par a recolher agora seria o que estivesse na sexta casa, que é
justamente o lugar em que você se encontra. Como não pode continuar, passe
uma carta de cima, no caso o 6, para baixo do monte, coloque-o de lado e
inicie um novo monte.
Para iniciar outro monte, escolha qualquer outro par disponível. Por
exemplo, o que tem um 2 em cima. Como ele está na casa 5, ou seja, sobre o 5
preto, leve-o para cima do 5 vermelho, na segunda casa. Novamente, o par
seguinte a recolher seria o que estivesse na casa onde você está. Apenas passe
uma carta de cima para baixo e coloque esse monte sobre o primeiro. Inicie
outro monte.
Para isso, o único par disponível em nosso exemplo é o que mostra um
8, e ele está justamente na oitava casa. Pegue-o e faça o mesmo que com os
outros montes em que isso aconteceu: passe uma carta de cima para baixo e
coloque-o sobre o monte principal.
Agora você deverá mostrar os pares coincidentes. Tire a primeira carta
de cima, um 8 preto, e vire-a sobre a mesa, de face para cima. Coloque a carta
seguinte, um 8 vermelho, a seu lado. Continue mostrando, da mesma maneira,
todas as outras cartas e provando que todos os nove pares coincidiram. Ufa!
Considerações
Só acontecerá de você recolher num único monte os nove pares, quando
nem uma carta colocada pelo espectador coincidir com as suas e quando nem
uma casa pela qual você passar coincidir com a carta de cima do monte.
Quando houver uma ou mais coincidências, ou quando você recolher um
par que o dirija à casa em que você já estiver, então haverá dois ou mais
montes ou interrupções, no recolhimento dos pares, como ocorreu em nosso
exemplo.
Treine bem o “tanto faz dar na cabeça quanto na cabeça dar”, para
recolher os pares sem qualquer hesitação.
Anotações Publicadas em “O Valete de Ouros”
Folheando o livro “O Encanto de Ser Mágico”, de Fernando Rocha,
encontrei este mesmo efeito com outro nome, “Casamento de Pares”, e também
com outro modo de recolher os pares de cartas. Fernando diz para recolher,
com a mão direita e em primeiro lugar, o par que estiver na primeira posição.
Em seguida, passar o par recolhido para a palma da mão esquerda. Ver a carta
de cima daquele par, em nosso exemplo um 6, e recolher o par que se encontra
na casa 6, colocando-o sobre o que está na mão esquerda. Ver a nova carta de
cima, em nosso exemplo um 3, e recolher o par da terceira casa. Acho que já
deu para você entender a diferença entre os dois métodos. Experimente ambos
e use o que lhe parecer melhor.
♥♠♣♦
Indolência
Este efeito também foi mostrado por Ammirati a Mr. Lucky, que, por sua
vez... Mas não importa! De qualquer modo, eu já o havia lido em um livro de
Harry Lorayne e costumava apresentá-lo com certa frequência. Aprenda-o,
apresente-o e aprecie-o.
Vou descrevê-lo como o executo, com a apresentação de Lorayne. Ele
conta como este efeito lhe foi mostrado pelo mágico inglês Al Koran, com a
seguinte introdução: “Este é um efeito para um mágico cansado. A noite está
no fim e você já apresentou seus melhores efeitos. Mas a plateia está lhe
pedindo mais um. Bem... Você se recosta na cadeira, acende seu melhor
charuto e pede a um espectador para tirar uma carta do meio do baralho...”
Efeito e Apresentação
Sem o conhecimento da plateia, separe as dez primeiras cartas de um
naipe qualquer, Paus por exemplo, e coloque-as em ordem na boca do baralho,
ficando o Ás em primeiro lugar (Figura 44).
Inicie a apresentação com o baralho já arrumado. Embaralhe e corte em
falso, se quiser. Deixe o baralho sobre a mesa, de face para baixo, e peça a
ajuda de um espectador. Faça-o sentar-se à mesa, em frente a você, para
iniciar a apresentação.
Diga-lhe para cortar o baralho ao meio e pegar a carta de cima da
metade inferior do corte; olhá-la e memorizar seu nome, mostrando-a à plateia,
sem que você saiba qual é ela. Diga-lhe para colocar a carta sobre a outra
metade do baralho, ou seja, a superior, e cobri-la com a metade inferior,
completando o corte, fazendo com que fique perdida (?) no baralho.
Peça-lhe para cortar algumas vezes o baralho, sempre completando os
cortes, que deverão ser simples. Em seguida, peça-lhe para virar o baralho de
face para cima e cortá-lo, completando o corte.
Figura 44
Peça-lhe para continuar cortando o baralho de face para cima. Quando o
corte fizer aparecer sobre o baralho qualquer uma das cartas de Ás a 10 de
Paus, o 7♣, por exemplo, peça-lhe para voltar a virar o baralho de face para
baixo.
Diga-lhe para cobrir o baralho com a mão direita e concentrar-se na
carta escolhida. Afirme que a carta escolhida está em 27º lugar, contando de
cima para baixo no baralho. Logo após sua primeira afirmação, diga que,
como ele está cobrindo o baralho (?), a carta subiu e está agora em 15º lugar.
Peça-lhe para tirar a mão de cima do baralho.
Finalmente, afirme que a carta parou no 7º lugar. Pergunte-lhe qual foi a
carta escolhida. Após a revelação, peça-lhe para contar até a sétima carta, a
partir de cima do baralho. A carta escolhida estará exatamente naquela
posição, que lhe foi indicada pelo 7♣, claro!
Considerações
Lembre-se de que você pode usar quaisquer cartas, em qualquer ordem
conhecida por você, para executar esse número.
Você pode, também, acrescentar uma ou mais cartas sobre o Ás e
considerar a diferença no número que irá dizer ao espectador. Entendeu? Eu
sabia que você entenderia!
Cuidado para que as cartas de cima do baralho, ao serem contadas para
se chegar à escolhida, não sejam viradas, evitando assim revelar estarem em
alguma ordem lógica.
Eventualmente, o espectador poderá cortar o baralho de face para cima,
por diversas vezes, sem que apareça qualquer uma das cartas que você espera.
Nesse caso, peça-lhe para virar o baralho de face para baixo, cortar mais
algumas vezes, virá-lo novamente de face para cima e continuar cortando.
Observe os cortes, para verificar se o espectador não o está fazendo
sempre na mesma posição, o que estaria impedindo o corte esperado. No caso,
você próprio pode cortar uma vez, levantando apenas um quarto das cartas e
quebrando assim o círculo vicioso dos cortes dele.
♥♠♣♦
Pretas e Vermelhas II
Se você gostou de “Pretas e Vermelhas”, em “O Valete de Espadas”,
com certeza apreciará estes outros efeitos. Lembre-se de que, como apenas as
cores das cartas são importantes, os índices e naipes passam normalmente
despercebidos.
Por isso - por não envolver diretamente os índices nem os naipes -
efeitos desse tipo são adequados para serem apresentados a pessoas que não
conheçam bem o baralho, inclusive crianças. O importante é que todos saibam
que o baralho é composto de cartas vermelhas e pretas.
Transposição Dupla II
Esta é uma variação da primeira versão, “Transposição Dupla”, que
apareceu em “O Valete de Espadas”. Espero que você goste.
Efeito e Apresentação
Separe duas cartas pretas e duas vermelhas do baralho, dando pre-
ferência a uma quadra, a de 7, por exemplo. Mostre-as claramente e segure-as
de face para cima, as vermelhas com a mão esquerda e as pretas com a direita.
Junte as cartas, enquanto as vira de face para baixo. Ao juntá-las, e sem
chamar a atenção da plateia para o fato, intercale-as, deixando uma carta preta
embaixo do monte.
Como na primeira versão, segure o monte com a mão direita, preparado
para fazer a Arredagem (Página 107). Mostre uma carta preta, vire o monte de
face para baixo, arredando aquela carta, e coloque uma carta vermelha sobre a
mesa, de face para baixo. Mantendo a carta preta arredada, use os dedos da
mão esquerda para fazer uma Virada Dupla (Página 112), o que será muito
fácil, uma vez que, estando a carta de baixo arredada, você terá apenas de
pegar as outras duas e virá-las. Vire-as de face para cima e diga que se trata
de outra carta preta. Desvire ambas, coloque-as sobre a que sobrou na mão
direita e dê a carta de cima - vermelha - sobre a mesa.
Segurando com a mão direita as duas cartas pretas de face para baixo,
pergunte, enquanto aponta as cartas da mesa com o indicador esquerdo: “Onde
está o 7 de Espadas, em cima ou embaixo?”
Independentemente da resposta obtida, vire as cartas pretas de face para
cima, dizendo: “Mas as pretas estão aqui!” e vire as cartas da mesa,
mostrando que são vermelhas.
♥♠♣♦
A Carta Indomada
Recentemente, tive uma bela surpresa. Um mágico iniciante, Alexandre,
estudou o efeito “A Tripla Predição”, do livro “O Valete de Copas”, e surgiu
com algo totalmente diferente e muito bom. De fato, usando os mesmos passes,
ele criou um número inteiramente novo, ao qual chamou de “A Carta
Indomada”. Como ele permitiu-me divulgá-lo, aqui vai.
Efeito e Apresentação
Peça a um espectador para escolher uma carta qualquer do baralho,
memorizá-la e devolvê-la ao baralho, sem lha mostrar. Embaralhe e faça o
Controle (Página 103) da carta escolhida levando-a para cima do baralho.
Diga que irá pegar quatro cartas que irão ajudá-lo a localizar a escolhida. En-
quanto as procura, aproveite para ver a que ele escolheu, o 6 de Ouros por
exemplo.
Procure e separe três cartas de uma quadra qualquer, digamos as Damas,
de naipes diferentes do da carta escolhida, no caso, Copas, Espadas e Paus,
deixando a quarta carta da quadra, de naipe igual ao da escolhida, a Dama de
Ouros, perdida no meio do baralho. Ao procurar e separar as três cartas, junte
a elas a escolhida, o 6♦, dizendo que está separando a quadra de Damas.
Mostre a quadra de Damas, fazendo a Contagem Elmsley (Página 113)
com todas as cartas de face para cima. Para isso, coloque as quatro cartas na
seguinte ordem: a primeira deve ser a Dama de naipe da mesma cor que o da
escolhida. No nosso caso, Copas. Em seguida, coloque uma das Damas pretas,
digamos a de Espadas. Depois ponha a carta escolhida, e por último a outra
Dama preta, a de Paus. Com as cartas nessa ordem (Figura 47), a Contagem
Elmsley mostrará apenas quatro Damas, duas de cada cor.
Depois de o espectador “ter visto” as quatro Damas, duas pretas e duas
vermelhas, coloque-as juntas sobre a mesa, de face para baixo. Peça-lhe para
procurar no baralho a carta que havia escolhido inicialmente. Claro que não a
encontrará. Fingindo surpresa, faça-o notar que a Dama de Ouros está agora no
meio do baralho, quando deveria estar com as outras Damas.
Figura 47
Pergunte-lhe o nome da carta escolhida, enquanto recolhe as quatro
cartas da mesa e mostra as três Damas e a outra, A Carta Indomada, que trocou
de lugar com a Dama de igual naipe.
Considerações
Não há considerações a fazer.
♥♠♣♦
O Quatro Mágico
Eu já conhecia este efeito, do livro “Close-Up Card Magic”, de Harry
Lorayne, mas tive a ideia de incluí-lo aqui, depois de vê-lo executado por
Afonso, um jovem mágico iniciante, que também o aprendeu naquele livro.
Efeito e Apresentação
Separe uma carta de índice 4, digamos o 4 de Copas, e deixe-a sobre a
mesa, de face para cima. Misture o baralho e peça para dois espectadores
escolherem e memorizarem uma carta cada um.
Ao devolverem as cartas ao baralho, uma a uma, controle (Página 103)
cada uma delas, deixando-as em cima. Execute o Corte Duplo, como explicado
em “O Valete de Espadas”, passando uma delas para baixo do baralho, ou
simplesmente corte uma só carta para baixo.
Faça alguns embaralhamentos e cortes falsos, mantendo uma das cartas
escolhidas em cima e a outra embaixo do baralho. Enquanto isso, fale sobre as
qualidades mágicas do 4♥. Pegue-o e coloque-o de face para cima, sobre o
baralho. Corte o baralho, aproximadamente ao meio, e complete o corte. Corte
uma vez mais, porém levantando apenas um quarto do baralho e passando-o
para baixo, completando o corte.
A ideia é deixar o 4♥ em 13º lugar, aproximadamente, a partir de cima
do baralho. Lembre-se de que você não precisa olhar para o baralho. Apenas
corte na metade, complete o corte, corte um quarto e complete o corte. O 4♥
ficará bem próximo do lugar desejado, entre as duas cartas escolhidas.
Dizendo alguma coisa como: “Se vocês acham que o 4♥ está perdido,
vejam agora...”, divida o baralho ao meio e faça um Embaralhamento Faro,
como explicado em “O Valete de Copas” e “O Valete de Espadas”. Veja que o
embaralhamento não precisa ser perfeito. Apenas a parte central da mistura
precisa ser intercalada de modo uniforme (Figura 48).
Figura 48
O 4♥ estará agora em algum lugar perto do meio do baralho, entre duas
cartas quaisquer, seguida cada uma delas de uma das cartas escolhidas.
Novamente, corte um quarto de baralho de cima para baixo, levando o 4♥ para
perto do 13º lugar. Corte ao meio e faça mais um Faro. Pronto! Está feito!
Como disse Lorayne, se, a esta altura dos acontecimentos, a plateia não
acreditar que as cartas escolhidas e o 4♥ estão, irremediavelmente, perdidos
em algum lugar do baralho, é melhor que você volte aos efeitos automáticos ou
matemáticos.
Abra o baralho em faixa sobre a mesa, de face para baixo. O 4♥
aparecerá de face para cima, lá pelo meio. Explique que a fórmula que o 4♥
utiliza para encontrar as cartas escolhidas é colocá-las em quarto lugar, a
partir da carta mágica.
Conte devagar, e claramente, até a quarta carta à esquerda do 4♥. Separe
essa carta da faixa. Conte até a quarta carta à direita do 4♥ e separe-a também.
Pergunte então o nome das cartas escolhidas e vire-as, uma a uma, lentamente,
saboreando o momento.
Considerações
Repetindo Lorayne: é um efeito simples, mas suficientemente forte para
compensar aprender o Embaralhamento Faro.
Outro detalhe: Lorayne sugere que um 4 seja forçado a um espectador.
Como isso deverá ser feito dentre três cartas, a coisa toda torna-se um pouco
mais fácil. Você poderá usar qualquer sistema para forçar cartas. Eis um muito
fácil: deixe o 4♥ em cima do baralho e peça para alguém dividir o baralho em
dois montes, cortando-o. Peça a um espectador para tirar a carta de cima de
qualquer um dos montes. Peça a outro para fazer a mesma coisa. Se um deles
retirou o 4♥, peça o mesmo a um terceiro espectador. Se nem um nem outro
retirou o 4♥, peça ao seguinte para tirar aquela carta. Aponte-a, dizendo: “E
você, por favor, retire esta carta”.
Outro sistema para forçar: coloque três cartas sobre a mesa, incluindo
um 4 qualquer, e peça a cada um dos três espectadores para escolher uma
delas. Dizendo que um deles escolheu o Quatro Mágico, continue sua
apresentação.
♥♠♣♦
O Truque do Piano
Aprendi este efeito com o mágico Fernando Rocha, quando de uma das
reuniões do extinto Centro de Estudos Mágicos (CEMA), no final da década
de 70. Seu livro “O Encanto de Ser Mágico”, um verdadeiro curso de Mágica,
lançado em agosto de 1996, vem despertando em muitos a paixão por nossa
Arte.
Pensei em incluí-lo aqui, ao vê-lo apresentado pelo mágico iniciante
Alexandre, que o leu no livro “The Royal Road To Card Magic”, de J. Hugard
e F. Braue.
Efeito e Apresentação
Figura 49
Explique a todos que irá apresentar um efeito baseado totalmente em
pura habilidade e que gostaria que todos acompanhassem sua execução com
atenção, informando-o se notarem qualquer coisa estranha ou suspeita. Diga
algo como: “Se, em algum momento, alguém notar qualquer passe ou
movimento suspeito, eu gostaria que essa pessoa interrompesse imediatamente
a apresentação”.
Faça essa observação com naturalidade, pois o objetivo é fazer com que
sua plateia se preocupe em perceber algo que você nunca fará e, assim,
despistá-los da verdadeira explicação deste fenômeno.
Peça a um espectador para misturar o baralho e cortá-lo à vontade,
deixando-o sobre a mesa, de face para baixo. Diga-lhe que gostaria que ele o
assistisse no número. Pergunte se ele toca piano. Independentemente de sua
resposta, diga-lhe para pousar ambas as mãos sobre a mesa, arqueadas como
quando alguém se prepara para tocar um piano.
Pegue duas cartas quaisquer do baralho e diga: “Aqui temos duas cartas,
um par, que colocarei entre seus dedos anular e mínimo esquerdos”. Faça
como disse e coloque ambas as cartas com um de seus lados maiores pousados
na mesa.
Pegue mais duas cartas e diga: “Mais duas cartas, outro par, sempre um
número par”. Coloque-as entre os dedos médio e anular esquerdos, ao lado do
primeiro par.
Pegue mais duas cartas e diga: “Outras duas cartas, um par, sempre um
número par”. Coloque-as entre os dedos indicador e médio esquerdos, ao lado
do segundo par.
Agora pegue uma única carta e coloque-a entre o polegar e o indicador
esquerdos, dizendo: “Uma carta, uma única carta, um número ímpar” (Figura
49).
Continue, colocando igualmente mais quatro pares de cartas, agora entre
os dedos da mão direita. Lembre-se de enfatizar sempre as palavras “duas” e
“par”. O quarto par da mão direita vai entre o polegar e o indicador direitos.
Agora pegue um desses pares, mostre-o, sempre repetindo: “Um par,
duas cartas”. Segure uma carta em cada mão e coloque-as de face para baixo,
separadas, sobre a mesa. Pegue um segundo par e repita o procedimento,
colocando uma carta sobre cada uma das cartas do par anterior. Continue até
terminar todos os pares.
“Temos agora dois montes de cartas, cada um com um número par de
cartas. Certo?” Note que a pergunta que você acabou de fazer é, na verdade, o
“passe” que você avisou que executaria. Se você seguiu as instruções com
atenção, enfatizando as palavras “duas” e “par”, então ninguém notará o
engodo. A resposta será afirmativa, apesar de sua falsa declaração.
Continuando: “Se eu colocar essa carta ímpar em qualquer dos montes,
ele se tornará ímpar. Certo?” Como antes, todos concordarão. Pergunte
diretamente ao espectador que está ao piano: “Em qual dos montes você quer
que eu coloque esta carta ímpar? Este? Pois bem. Agora este monte é ímpar,
enquanto o outro continua par”. Coloque claramente a carta ímpar sobre o
monte escolhido.
Peça agora a máxima atenção de todos e informe que o passe mais
difícil está para ser realizado. Coloque a mão direita sobre a pilha da direita,
e a esquerda sobre a outra pilha. Faça um ligeiro movimento com as mãos, e
informe a todos que a carta ímpar mudou de monte. Pergunte se alguém
conseguiu perceber o momento em que você fez a passagem. Todos negarão
veementemente.
“Logo, minha mágica foi um verdadeiro sucesso. Vejam este monte que
no início era ímpar, agora é par!” Pegue o monte nas mãos e conte os pares:
“Duas, e duas, e duas, e duas, par! Enquanto este outro, que era par, agora é
ímpar!” Pegue o outro monte e conte: “Duas, e duas, e duas, e uma, ímpar!”
Faça uma única pilha com os pares contados, para que não seja possível uma
conferência posterior.
Considerações
Lembre-se de que a apresentação é quase tudo.
♥♠♣♦
II
O Fim...
Mais Recomendações
Prática
· 1. Pratique
· 2. Pratique Mais
· 3. Pratique Mais Ainda
· 4. Não, Você Não Praticou O Suficiente
· 5. Certo, Continue Praticando
Despistamento (Misdirection)
· Nunca subestime a inteligência de sua plateia
· Ensaie o passe como se não houvesse o despistamento
· Ensaie o despistamento como se não houvesse o passe
· Seja natural
Notas
Do, ré, mi, fá..., fá..., fá. Do, ré, do, ré..., ré..., ré. Do, sol, fá, mi..., mi...,
mi. Do, ré, mi, fá..., fá..., fá.
Outra Experiência
The Careful Builder
I saw them tearing a building down
- a gang of men, in my hometown
O Hábil Construtor
Um enorme grupo de homens na minha cidade
Demolia um edifício com ferocidade
Picaretas e gritos num alarido infantil
Avançaram, e com estrondo uma parede caiu
O Hábil Mágico
“Ouvi esse poema declamado por Cavett Robert em 1979, quando me
tornei um mágico profissional. Ele despertou-me para o fato de que, apesar de
morar numa pequena cidade do interior, a qualidade de minhas apresentações
causaria um impacto na plateia em relação a mágica.
Percebi então quão insensato e egoísta era ridicularizar e humilhar as
pessoas para conseguir algumas risadas. Notei que o modo como eu tratava
minha arte afetava o modo como a plateia me tratava, e a coisa mais
importante para a minha arte era a plateia.
Se você usa a mágica como um chicote para machucar as pessoas, todas
as vezes que se apresentar será pessoalmente responsável por diminuir cada
vez mais o número de pessoas que querem ver mágica novamente. Qual a
vantagem em se apresentar de forma que, por mais sucesso que obtenha, pior
seja para todos, inclusive para você?
Onde fui criado costumava-se dizer: “Sempre busque deixar seu solo
mais fértil do que o encontrou.”. Por que não fazer o mesmo pela mágica?
Apresente-se de modo que, ao final, qualquer plateia tenha mais respeito pela
mágica do que antes de assistir a você.
Não importa qual o seu grau de profissionalismo. Não importa se a
mágica é seu passatempo, sua paixão ou sua carreira. Se tratar sua plateia e
sua arte com dignidade e respeito tal, que as pessoas não vejam a hora de ver
mais mágica, então seus propósitos, sejam eles quais forem, serão melhor
atingidos do que de qualquer outra forma. Basta apresentar qualidade, com
muito ensaio, e tratar cada membro da plateia com o merecido respeito.”
Michael Ammar, Easy to Master Lecture
Tradução de Markan
O Hábil Exemplo
O texto e o poema foram extraídos das notas de conferência “Easy to
Master Lecture”, de Michael Ammar, com sua devida permissão. É de Tato
Fischer a tradução do poema e minha a do texto. Ambos foram também
proferidos por Ammar, em sua conferência na Convenção 96 promovida pela
Academia Brasileira de Arte Mágica, na cidade de Americana, em São Paulo,
em agosto de 1996.
Eu tive a honra de estar presente naquele inesquecível momento mágico.
Ouvir e aprender de Michael Ammar é uma experiência incrível e
indescritível. Assim, tive a ideia de publicar essa pequena parte de sua apos-
tila, esperando que aqueles que o ouviram tenham uma boa recordação do
evento e que os que não tiveram ainda a oportunidade de conhecê-lo
pessoalmente tenham ao menos uma pequena amostra de seus pensamentos.
Markan
♥♠♣♦
III
O Começo
Como já expliquei em meus livros anteriores, “Valete de Copas” e
“Valete de Espadas”, também nos efeitos deste livro você pode usar seus
próprios passes preferidos, com o mesmo objetivo, em vez daqueles por mim
sugeridos. Existem muitas maneiras diferentes de se executar um mesmo passe.
O importante é lembrar que um passe nada mais é do que uma ferramenta
usada pelo mágico para atingir determinados objetivos. Diferente, porém, da
ferramenta de um mecânico, por exemplo, que pode ser conhecida e utilizada
por todos, o passe é o próprio segredo da mágica, assim como o mecanismo
secreto de um aparelho mágico.
O passe deve ser treinado, para que todos que olhem para suas mãos não
o percebam. Mas, não se iluda: se as pessoas estiverem prestando atenção a
suas mãos, qualquer passe, embora bem treinado, poderá ser notado. No
mínimo, todos saberão que “algo” ocorreu naquele momento, o que é tão ruim
quanto se soubessem o que realmente sucedeu.
Assim, treine pensando no que estará dizendo para sua plateia, ou
melhor, treine falando a uma plateia imaginária, para que o olhem nos olhos,
enquanto executa o passe, sem você próprio olhar, claro, para a mão
“culpada”. Ou então você poderá estar executando outra tarefa com a mão
“inocente”. Por exemplo, ao fazer um corte secreto com a mão direita, a es-
querda pega a caixa do baralho do meio da mesa e a leva para um canto, como
se estivesse procurando liberar espaço para a mágica. A atenção de todos será
levada para o movimento maior. “O que será que o mágico irá fazer com a
caixa do baralho? Ah! Nada! Ele apenas a mudou de posição!”
Outra coisa importante é a naturalidade com que se executa o passe.
Vejamos um exemplo na Virada Dupla, quando o mágico precisa virar duas
cartas juntas, parecendo haver virado apenas uma. Tudo o que precisa fazer é
virar duas cartas do mesmo modo e com a mesma naturalidade com que viraria
uma só. Talvez por essa razão existam tantas formas diferentes de se executar
uma Virada Dupla. Toda vez que um mágico publica seu modo de virar duas
cartas, está também ensinando como virar apenas uma. Pense nisso e examine
a maneira como normalmente vira uma carta. Da mesma maneira deverá virar
também duas ou mais cartas!
De qualquer modo, não se desespere. Para que também este seja um
livro completo em si, e visando o aspirante a mágico, que muitas vezes não
conhece sequer um único passe e muito menos tem um preferido, foi que incluí
aqui pelo menos uma forma de se executar cada um dos passes necessários.
♥♠♣♦
Passes
A seguir são explicados alguns passes básicos, para se realizar muitos
efeitos mágicos com o baralho.
Um Controle de Carta
Figura 50
Controlar uma carta significa saber exatamente sua posição no baralho.
Isso é obtido normalmente levando-se a carta que se quer controlar para a
posição desejada, enquanto se embaralham as cartas.
Aqui você aprenderá uma forma fácil de controlar uma carta, levando-a
para cima do baralho, sem o conhecimento da plateia.
Comece um Embaralhamento por Deslizamento (Overhand Shuffle),
como explicado em meus livros anteriores, e pare, após misturar
aproximadamente metade do baralho. Peça ao espectador para colocar a carta
escolhida sobre a metade segura por sua mão esquerda (Figura 50).
Figura 51
Logo que ele o fizer, recomece a mistura. A primeira carta que você
colocar sobre a carta escolhida deverá estar deslocada (injog), cerca de um
centímetro ou menos, na direção de seu corpo. Sem qualquer pausa, continue a
embaralhar normalmente, deslizando as demais cartas da mão direita sobre a
carta deslocada (Figura 51).
Ao terminar a mistura, apenas corte o baralho na carta deslocada, e terá
em cima a carta escolhida sem que ninguém perceba.
Figura 53
Figura 54
Coloque a metade assim cortada sobre a mesa e, ainda com a mão
direita, pegue a metade que ficou na mão esquerda, e coloque-a sobre a
metade que está na mesa, completando assim o corte. A carta escolhida
encontra-se agora sobre o baralho, sem o conhecimento da plateia. Isso se
você fez tudo direitinho, né?
Um Corte Falso
Muito útil para se deixar claro que o baralho foi devidamente cortado,
mas sem mover uma carta sequer de lugar.
Segure o baralho na mão esquerda na posição de dar cartas. Aproxime a
mão direita e retire uma porção de cartas de cima do baralho, colocando-a
sobre a mesa. A mão direita aproxima-se novamente da esquerda, pegando a
porção inferior e colocando-a sobre a porção superior sobre a mesa.
Pronto! Você executou um verdadeiro falso corte falso. Isso mesmo!
Você não leu errado. O corte descrito acima é um corte limpo e honesto.
Figura 55
Agora, você deverá repetir o movimento e aplicar o subterfúgio
explicado em seguida, executando assim um verdadeiro corte falso. Mas lem-
bre-se de que, para o espectador, você deverá estar fazendo, ou pelo menos
parecer estar fazendo, um corte normal.
Ao aproximar a mão direita da esquerda, segure a porção superior com
a ponta do indicador direito no lado menor externo do baralho e com o polegar
e o dedo médio direitos pelos lados maiores. O polegar e o dedo médio,
entretanto, não agarram a porção superior do baralho, mas sim a inferior.
Puxando a mão direita para trás, o polegar e o dedo médio direitos levam a
porção inferior para ser colocada na mesa, enquanto o dedo indicador apenas
desliza sobre a carta de cima do baralho (Figura 55).
Fazendo esse movimento com naturalidade, sem dúvidas ou titubeio,
todos terão a sensação de ter visto a porção superior ser arrastada pela mão
direita por sobre a inferior e levada para a mesa.
Finalmente, a mão direita pega a porção originalmente superior e a
coloca em seu devido lugar, sobre a porção inferior que está sobre a mesa. E
tudo continua como Dantes na terra de Abrantes.
Compare este método com aquele explicado em “O Valete de Copas”.
Ambos são muito semelhantes, porém diferentes.
Arredagem (Glide)
Um dos passes mais usados na Cartomagia. Trata-se de mostrar a face
da carta de baixo do baralho e, ao colocá-la sobre a mesa, trocá-la
secretamente pela seguinte.
Com a mão esquerda, segure o baralho pelos seus lados maiores, usando
apenas o dedo indicador e o polegar. Vire a mão, de modo a mostrar a carta
que está na boca do baralho. Vire novamente a mão, fazendo com que o
baralho fique de face para baixo.
Enquanto a mão esquerda aproxima-se da mesa, o dedo médio esquerdo
puxa para trás a carta mostrada anteriormente, para que os dedos direitos, que
se aproximam, possam pegar e retirar a carta seguinte, como se fosse a carta
mostrada, deixando-a sobre a mesa, de face para baixo.
Caso tenha qualquer dificuldade em puxar a carta de baixo com os dedos
da mesma mão que segura o baralho, tente esta outra versão:
Figura 56
Vire a mão esquerda, para deixar o baralho de face para baixo. Ao
aproximar a direita, faça com que seu dedo indicador empurre a carta de baixo
para trás, durante o movimento de introduzir o dedo sob o baralho. Ao
retornar, o indicador deverá deixar aquela carta afastada e pressionar a
seguinte, puxando-a, a fim de retirá-la do baralho e colocá-la sobre a mesa
(Figura 56).
Separação (Break)
A Separação é um passe muito simples e útil, que se destina a separar
uma ou mais cartas do baralho, deixando-as preparadas para o passe
principal, que normalmente deverá ser feito em seguida.
Geralmente é usado o dedo mínimo para manter uma Separação, mas
também pode ser usado o polegar.
Separação de uma carta de cima do baralho
Segurando o baralho com a mão esquerda, na posição de dar cartas, e
usando o polegar esquerdo, afaste a carta de cima um pouco para a direita,
como se fosse dá-la (Figura 57).
Figura 57
Figura 58
A mão direita deverá estar executando outra tarefa, tal como apontar
para uma outra carta que esteja sobre a mesa, de forma que a atenção de todos
volte-se para ela. Você também deverá estar olhando para aquela carta. Como
dizia Chopin, a mão esquerda não deve saber o que faz a direita.
Ao afastar a carta de cima, introduza, sob seu canto inferior direito, a
ponta do dedo mínimo esquerdo. Ao mesmo tempo, o polegar volta à posição
inicial e os demais dedos colaboram no enquadramento das cartas. A ponta do
dedo mínimo continua embaixo da carta e em cima do restante do baralho,
mantendo a Separação desejada (Figura 58).
Enquanto executa todos os movimentos descritos a seguir, a mão es-
querda deverá estar ligeiramente inclinada para a direita, ocultando a
Separação feita. A continuação dependerá do efeito que estiver apresentando.
Separação de várias cartas
O modo mais fácil de separar várias cartas é abrir o baralho em leque
para contar as cartas que se quer separar. Em seguida, introduzir a ponta do
dedo mínimo esquerdo no lugar da Separação, fechando o leque e mantendo o
dedo mínimo no lugar.
Ao abrir o leque, você deverá estar falando algo com referência às
cartas, para justificar o gesto. Diga, por exemplo, que todas as cartas parecem
iguais de costas, se assim você estiver abrindo o leque, caso contrário, que o
baralho parece estar bem misturado.
Separação de uma carta de baixo do baralho
Este passe é conhecido em inglês por buckle ou buckling, que significa
literalmente entortar ou amassar. Estou relatando-o aqui como uma Separação,
pois vejo que sua maior utilidade é justamente separar uma carta de baixo do
baralho ou de um monte de cartas.
Segurando o baralho com a mão esquerda, na posição de dar cartas, e
usando a ponta do dedo indicador esquerdo, pressione o canto superior direito
da carta de baixo, fazendo com que ela se entorte ligeiramente, deixando o
canto inferior direito separado do monte (Figura 59).
Figura 59
Se tiver apenas três cartas nas mãos, este é um ótimo passe para
preparar as duas cartas de cima para uma Virada Dupla. Do mesmo modo, se
tiver quatro cartas nas mãos, servirá para preparar as três cartas de cima para
uma Virada Tripla.
Contagem Elmsley
Esta contagem serve para contar e mostrar quatro cartas, porém es-
condendo uma delas e mostrando certa outra duas vezes. É possível também,
com esse passe, contar cinco cartas como se fossem quatro. Nesse caso, duas
delas ficarão ocultas e uma será mostrada duas vezes, simulando quatro no
total.
Essa contagem pode ser feita com as quatro cartas de face para cima ou
de face para baixo, ou ainda com algumas cartas para baixo e outras para
cima. Em nosso exemplo, usaremos um monte de quatro cartas de face para
baixo, exceto a terceira carta, que estará de face para cima. O objetivo será
contar quatro cartas, mostrando que todas estão de face para baixo, ou seja, a
carta de face para cima não deverá aparecer durante a contagem.
Figura 60
Figura 61
Enquadre o monte de quatro cartas e segure-o pelo lado maior esquerdo,
com o polegar e os dedos da mão esquerda. Com o polegar e os dedos
direitos, puxe a carta de cima pelo canto inferior direito, retirando-a para o
lado e fazendo aparecer a segunda carta. Conte: “Uma carta...” Tenha o
cuidado de não desalinhar as demais (Figura 60).
Figura 62
Figura 63
Torne a juntar as mãos para retirar a segunda carta. Nesse momento,
encaixe o lado maior esquerdo da primeira carta embaixo das outras três
cartas, segurando-a com os dedos esquerdos (Figura 61).
Ao mesmo tempo, o polegar esquerdo empurra a segunda e a terceira
cartas juntas para a direita. O polegar esquerdo também separa a carta de
baixo, que é a quarta, que ficará em cima da primeira (Figura 62). Conte:
“Duas cartas...”
Figura 64
Você deverá fazer parecer que está apenas recolhendo a carta seguinte
por cima da primeira. Este é o ponto crucial do passe, e por isso nunca é
demais repetir: enquanto a mão direita coloca a primeira carta sob as demais,
o polegar esquerdo separa para a esquerda a carta de baixo, a quarta, e
empurra as duas de cima (a segunda de face para baixo e a terceira de face
para cima), para a direita, a fim de serem ambas seguras pelos dedos da mão
direita, que se afasta, levando-as.
Aproxime ambas as mãos e retire a carta seguinte, a quarta, recolhendo-
a, por cima das duas primeiras, com os dedos da mão direita (Figura 63).
Conte: “Três cartas...”
Recolha a última carta, que está sendo mostrada e contada pela segunda
vez (Figura 64). Conte: “E quatro cartas.”
Você tem agora, na mão direita, a carta de face para cima coberta pelas
outras cartas de face para baixo. A beirada da carta virada pode e deve
aparecer, desde que não o suficiente para deixar perceber que ela está de face
para cima.
Note que a ordem final das cartas é diferente da ordem inicial. A carta
de face para cima, que estava em terceiro lugar, terminou em quarto lugar. Se,
por qualquer razão, precisasse repetir a contagem, poderia então colocar a
última carta contada debaixo das demais, ficando a carta virada em terceiro
lugar, todas prontas para uma nova contagem. Note que, após a contagem, as
cartas em segundo e terceiro lugares permanecem na mesma posição, e as que
estavam em primeiro e quarto terão trocado de lugar.
Note que as cartas podem ser seguras pelos dedos das mãos da maneira
que você preferir, pois apenas para a minha explicação foi que utilizei um
modo específico para segurá-las. Observe outra forma de segurar as cartas na
Figura 65.
Figura 65
Apresentação
Após estudar a apresentação de determinado número - ou mesmo de um
espetáculo completo, incluindo textos, figurinos, cenários, e tudo o mais que
diz respeito a encenação - e resolvidos os detalhes técnicos, submeta seu
trabalho à apreciação de um bom diretor artístico. Esse poderá até mesmo ser
outro mágico, que irá dirigi-lo ou fazer as vezes de um assistente de direção.
Poderá também auxiliá-lo no acabamento final de sua apresentação,
fundamental nas artes cênicas. Afinal, antes de mais nada, o mágico é um ator.
O David sabe disso...
♥♠♣♦