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INTERAÇÃO MICRORGANISMOS E PLANTAS NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS

DEGRADADAS

S. M. de Faria1 & Chada, S. de S.21

As pesquisas para reabilitação ambiental de áreas alteradas sejam por ações


antrópicas ou naturais buscam facilitar os processos naturais da sucessão, objetivando a
sustentabilidade ambiental do ecossistema que estará sendo criado ou recriado. A
identificação e ordenação das barreiras que impedem o curso normal da regeneração
natural consiste na primeira etapa do trabalho de reabilitação, estando estas relacionadas
a 5 fatores principais (Figura 1): fatores ambientais, relevo, substrato, fontes de
propágulos e agentes dispersores.
A maioria dos fatores ambientais exige uma relação de convivência e adaptação.
De uma maneira geral, em ambiente tropical, água, luz e temperatura não são fatores
limitantes. A conformidade do relevo influencia na capacidade de retenção de água,
facilita ou não os processos erosivos e o estabelecimento de propágulos. As fontes de
propágulos podem limitar o incremento de diversidade ao longo do tempo, se os
fragmentos no entorno da área em questão já tiverem sofrido pressão extrativa seletiva,
por exemplo. E também, a sustentabilidade não será alcançada se os agentes dispersores
estiverem ausentes, considerando que, nas florestas tropicais de 50 a 90% das espécies
de árvores são dispersas por animais.
O substrato, em muitas situações, é o fator limitante de maior grandeza em
processos de reabilitação principalmente aqueles onde a matéria orgânica está ausente.
Práticas de melhoria ou modificação do substrato podem onerar muito o processo de
reabilitação de áreas degradadas. Neste sentido, o uso de espécies leguminosas que
estabelecem associações simbióticas com bactérias fixadoras de nitrogênio e fungos
micorrízicos pode significar uma economia de recursos e tempo no processo de
desencadeamento da sucessão secundária. A capacidade destas espécies crescerem em
condições de fertilidade limitantes, com elevada produção de biomassa que é aportada
ao solo via serrapilheira, proporciona maior ciclagem e acúmulo de nutrientes no solo,
criando condições que favorecem a germinação de propágulos de espécies secundárias
mais exigentes quanto às características do substrato. Trabalhos de reabilitação de áreas
degradadas acompanhados pela Embrapa Agrobiologia em Angra dos Reis, por
exemplo, em uma encosta reflorestada com Mimosa caesalpiniifolia, M. tenuiflora,
Acacia mangium e A. auriculiformis, 7 anos após o plantio, apresentavam um estoque
de serrapilheira da ordem de 20 ton de matéria seca/ha, representando um estoque em
kg/ha de: 250 de N, 130 de Ca, 35 de K, 45 de Mg e 10 de P.
Apesar de, em tese, as espécies nativas serem as mais adequadas para a
restauração de áreas, por apresentarem maior probabilidade de terem os seus
polinizadores e dispersores naturais, garantindo que essa novas comunidade se
autoregenerem naturalmente, a experiência acumulada pela Embrapa Agrobiologia com
o uso de espécies de outras áreas ou regiões em plantios de reabilitação tem mostrado
resultados promissores, principalmente em áreas onde a matéria orgânica não está
presente. Justamente por estas espécies serem introduzidas, não tem mostrado
sustentabilidade local e saem do sistema após algum tempo, permitindo o curso da

1
Eng. Florestal, PhD, Embrapa Agrobiologia, km 47 antiga estrada Rio-São Paulo, Seropédica, RJ, CEP
23.851-970, sdefaria@cnpab.embrapa.br
2
Eng. Agrônoma, MsC, sylviachada@bol.com.br
sucessão com as espécies locais. Ou seja, estas espécies têm funcionado como
condicionadoras do substrato. A existência de fontes de propágulos próximas ao local
(remanescentes florestais) é fator coadjuvante para que esta premissa se realize.
Além da busca da diversidade entre as espécies vegetais, a recuperação da
biodiversidade dos microrganismos e da fauna do solo é questão importante na busca da
sustentabilidade além de servirem como indicadores. Resultados utilizando-se desses
princípios indicam que esta sustentabilidade é atingida em um espaço de tempo menor
do que a recuperação da biodiversidade do componente vegetal através da sucessão
secundária. A avaliação da fauna de solo no reflorestamento com leguminosas arbóreas
mostrou que aos 7 anos de idade a diversidade do reflorestamento correspondia em
média a 86% da diversidade encontrada em um fragmento de mata secundária.
Resultados obtidos em trabalhos de recuperação da Embrapa Agrobiologia em
diferentes condições ambientais, com substratos de baixa fertilidade, serão apresentados
e discutidos.

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