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Elaboração de folha de

pagamento de empresas
Ficha Técnica
MINISTÉRIO DE TRABALHO Coordenação do Projeto Qualifica Brasil Gerente do Núcleo de Produção de Materiais
Thérèse Hofmann Gatti Rodrigues da Costa (Coordenadora Geral) Rute Nogueira de Morais Bicalho
Ministro do Trabalho Wilsa Maria Ramos
Ronaldo Nogueira Valdir Adilson Steinke Autor
Luis Fernando Ramos Molinaro César Augusto Tibúrcio Silva
Secretário de Políticas Públicas de Emprego Humberto Abdalla Júnior Fernanda Fernandes Rodrigues
Leonardo José Arantes Rafael Timóteo de Sousa Jr Mariana Guerra

Diretor do Departamento de Políticas de Empregabilidade Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – Equipe de Designer Instrucional
Higino Brito Vieira IBICT Rute Nogueira de Morais Bicalho
Cecília Leite - Diretora Janaína Angelina Teixeira
Chefe da Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) Tiago Emmanuel Nunes Braga Márlon Cavalcanti Lima
Angelo Marcio Fernandes de Sousa Filho Simone Escalante Bordallo
Realização Virgínia Maria Soares de Almeida
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Instituto de Artes (IDA-UnB), Instituto de Psicologia (IP-UnB), Marcus Vinicius Carneiro Magalhães
Instituto de Letras (LET-UnB), Departamento de Engenharia
Reitora Elétrica (ENE – UnB), Departamento de Geografia (GEA – UnB), Revisor ortográfico
Márcia Abrahão Moura Faculdade de Ciência da Informação (FCI-UnB). Samantha Resende Nascimento

Vice-reitor Apoio Ilustrador


Enrique Huelva Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC-MEC) Ana Maria Silva Sena Pereira

Decana de Pesquisa e Inovação Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação Desenvolvedor de Vídeos Animados
Maria Emília Machado Telles Walter Loureine Rapôso Oliveira Garcez Paulo Fernando Santos Nisio
Wellington Lima de Jesus Filho
Decana de Extensão Desenvolvedor de Ambiente Virtual de Aprendizagem
Olgamir Amancia Coordenação da Unidade de Pedagogia Osvaldo Corrêa
Danielle Xabregas Pamplona Nogueira
Lívia Veleda Sousa e Melo Projeto Gráfico
Márlon Cavalcanti Lima

Este material foi produzido por conteudista(s) da Universidade de Brasília (UnB) exclusivamente para a Escola do Trabalhador.
Licença de uso e compartilhamento Creative Commons Atribuição-Não Comercial – Sem Derivações 4.0 Internacional.
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
O que você vai estudar
Tema 1 Tema 2
Folha de pagamento: Deduções da folha de
conceito e aplicabilidade pagamento

Tema 3 Tema 4

Obrigações do Cálculos da folha de


empregador pagamento
Apresentação

Nosso objetivo é tratar sobre os assuntos que envolvem a elaboração e a


contabilização da folha de pagamento dos funcionários das empresas. Assim,
você está convidado a rever temas que já devem fazer ou fizeram parte do seu
cotidiano, pois, ao trabalhar com “carteira assinada”, já teve contato com
termos como “férias”, “décimo terceiro”, “vale-transporte”, etc., ao menos de
forma introdutória.

Vamos apresentar noções gerais de direitos trabalhistas, as principais


obrigações de uma empresa e como ela deve proceder à contabilização desses
valores.
Tema 1 Folha de Pagamento

Quando uma pessoa decide montar o seu próprio negócio, ela escolhe
qual atividade deseja exercer. Certo? Suponhamos que uma dona de
casa, graças às suas habilidades culinárias, decida fabricar bolos para
vender. Ou um homem que entenda muito de veículos, resolva abrir sua
oficina mecânica.

Nesse caso, os proprietários exercem a atividade pela qual suas


empresas existem, mas é muito difícil que uma empresa sobreviva com o
trabalho de apenas uma pessoa. Torna-se natural, portanto, que essas
entidades contratem funcionários. Vamos entender!
Contrato de trabalho

Ao contratar outras pessoas (exemplo: secretária, uma copeira, um


recepcionista, etc.), as empresas costumam realizar entrevistas, com
o objetivo de apresentar as tarefas necessárias, verificar as possíveis
habilidades dos entrevistados e combinarem uma remuneração, para
o desempenho dessas tarefas. Portanto, ao contratar funcionários, as
empresas assumem uma obrigação de pagar os salários, como
contrapartida dos serviços prestados.

É nesse acordo inicial que a empresa informa aos funcionários como


se dará os pagamentos, firmando um contrato previamente
estabelecido. Se for por serviço prestado, como no caso dos
chamados free-lancers, a pessoa presta um serviço de forma
autônoma, sem um vínculo empregatício, e é remunerado assim que
o serviço é finalizado. Exemplos desse tipo de contrato: uma pessoa
que faz divulgação de determinado produto em um supermercado; ou
um designer, contratado para elaborar uma página na internet.
Despesa é todo esforço que uma
empresa realiza com o objetivo de
obter receitas.

Quando o serviço termina, é feito o pagamento como contrapartida dos serviços prestados e encerra-se o
vínculo entre o contratado e a contratante. Nesse caso, a despesa de salários ocorre junto com o pagamento.

Voltemos ao nosso exemplo, de uma dona de casa que faz bolos e agora contratou uma ajudante. Na sua
atividade, ela consome energia elétrica, da batedeira; água e detergente, para lavar as louças; e gás, para
assar os bolos; além dos serviços que serão prestados por sua nova contratada, que deverá ser paga em
contrapartida a essa prestação.

Temos, portanto, a despesa de energia, a despesa de água e de materiais de consumo, a despesa com gás e
a despesa de salários, que são necessárias para a empresa obter receita de vendas, com os bolos fabricados.
Caso 1

Vamos supor que essa empresária pague salário de R$ 1.000 à sua funcionária, no momento em que ela
presta determinado serviço. Como a contabilidade é feita por meio de partidas dobradas, temos o seguinte
registro:

Data Débito Crédito

18/abr Despesa de Salários 1.000

Caixa 1.000

O registro contábil mostra que houve um débito em despesas, já que elas reduzirão o lucro da empresa e
creditou caixa, pois está diminuindo seus recursos financeiros.
Caso 2

Em geral, as empresas assinam a carteira de trabalho


dos seus funcionários, para prestação de serviços de
forma permanente.

A partir da assinatura da carteira de trabalho, o


funcionário estará legalmente habilitado a
desempenhar as funções pelas quais foi contratado
(cargo e C.B.O ) e com o direito de receber a
remuneração que será registrada nesse documento,
como podemos verificar na Figura 1.

Figura 1 – Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)


ATENÇÃO

A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é um documento obrigatório a


toda pessoa que queira exercer qualquer tipo de atividade profissional no Brasil. É
emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com o objetivo de comprovar
todos os dados funcionais de um trabalhador, assegurando-lhes todos os seus
direitos, como seguro-desemprego, previdência social, Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (FGTS) e Programa de Integração Social (PIS).

A devolução ao empregado da carteira de trabalho preenchida deve ser feita em


até 48 horas e o não cumprimento dessa exigência deixa o empregador passivo
de multa.
A carteira de trabalho é um documento que serve como
prova fundamental do contrato de trabalho, para
comprovar fatos relativos à Previdência Social, tais
como, afastamento, acidentes do trabalho, licença
maternidade e aposentadoria.

E é também de extrema importância nos casos de


reclamações trabalhistas, seja por motivos de salários,
férias, tempo de serviços e outros direitos do
empregado.

As remunerações podem ser pagas da forma combinada


entre as partes, podendo ser: semanal, quinzenal ou
mensal. Ressalta-se, portanto, que o pagamento do
salário devido não deve ultrapassar período superior a
um mês. Ainda, um funcionário mensalista deverá
trabalhar 220 horas mensais, ou 44 horas semanais.
As empresas têm, de acordo com a legislação, até o
quinto dia útil do mês seguinte, para pagar o salário
dos funcionários. Abril Maio
D S T Q Q S S D S T Q Q S S
Se um funcionário trabalhou durante todo o mês de 1 2 3 4 1 2
abril, a empresa poderá, por exemplo, pagá-lo em 5 6 7 8 9 10 11 3 4 5 6 7 8 9
maio. Considere que o dia 01 é feriado e, neste ano, 12 13 14 15 16 17 18 10 11 12 13 14 15 16
ele caiu numa sexta-feira.
19 20 21 22 23 24 25 17 18 19 20 21 22 23
A empresa iniciaria a contagem a partir do dia 04 de 26 27 28 29 30 24 25 26 27 28 29 30
março, ou seja, o pagamento dos salários seria 31
realizado até o dia 08/05, conforme se observa na Funcionário trabalha Dia do pagamento
Figura 2. Figura 2 – Pagamento de salários

Nesse caso, em abril ocorreu a despesa de salários, pois foi o mês em que o funcionário trabalhou – chamado
mês de competência –, mesmo que, nesse mês, ainda não tenha havido o pagamento pelos serviços prestados. A
empresa, ao final de cada mês (mês de competência), precisa reconhecer que utilizou a força de trabalho do seu
funcionário e que tem uma dívida a ser liquidada (um passivo).
Portanto, o reconhecimento da Data Débito Crédito
dívida não paga é feita com o
seguinte registro contábil: 31/abr Despesa de Salários 1.000,00

Salários a Pagar 1.000,00

No mês seguinte, no dia 08, quando Data Débito Crédito


a empresa realizar o pagamento de
salários, fará um novo registro: 08/mai Salários a Pagar 1.000,00

Caixa 1.000,00

Veja que a despesa é reconhecida por meio de um débito em despesas de salário no mês em que o
funcionário trabalha, ou seja, o mês de competência da despesa (que é abril, nesse nosso exemplo). Em
maio, após findar a competência do mês então trabalhado, registra-se apenas o pagamento da obrigação
da empresa com o funcionário. Perceba que, nesse segundo momento, quando do pagamento do salário, a
empresa está debitando a obrigação a pagar, com o objetivo de encerrar tal dívida.
Caso 3

Existe ainda uma terceira situação, na qual o funcionário tem a possibilidade


de fazer “vales”. Como os salários são pagos após o mês transcorrido e
finalizado, algumas empresas concordam em fazer adiantamento de salários
se esta antecipação for requerida pelo funcionário.

Nesses casos, não há na legislação trabalhista um limite em relação ao


percentual do adiantamento. Mas existem acordos feitos em algumas
categorias de trabalhadores, por meio de convenções coletivas de trabalho,
que podem definir os percentuais para esses vales. Geralmente esses
acordos estabelecem um limite de antecipação de até 40% do salário total.
Voltemos ao exemplo anterior, no qual um funcionário tem um salário mensal de R$ 1.000,00 e a empresa
concedeu, em 15 de abril, um adiantamento de salários de R$ 400,00 (portanto antes da data do pagamento
que seria 08 de maio).

Quando uma empresa adianta os salários aos funcionários, ou seja, paga antecipadamente por um serviço
que ainda não foi prestado completamente, ela está adquirindo um direito perante os funcionários que estão
recebendo tais adiantamentos. Nesse caso, são os funcionários que passam a dever à empresa sua força de
trabalho. Assim, a empresa deverá fazer o seguinte registro contábil:

Data Débito Crédito

15/abr Adiantamento de Salários 400,00

Caixa 400,00
Aqui, a empresa debita a conta adiantamento de salários, que representa esse direito (ativo) dela diante de seu
funcionário.

No final do mês, a empresa precisa reconhecer que seu funcionário já trabalhou e, portanto, que ocorreu a
despesa.

Entretanto, parte dos salários foi antecipada. Assim, o registro contábil será:

Data Débito Crédito


31/abr Despesa de Salários 1.000,00

Adiantamento de Salários 400,00

Salários a Pagar 600,00

Nesse registro, podemos perceber que a empresa não terá que pagar o valor de R$ 1.000,00 ao funcionário,
visto que houve o pagamento de um vale durante o mês, ou seja, uma antecipação de parte.
Assim, a empresa reconhece como dívida (obrigações a pagar) apenas a diferença, de R$ 600,00.

Para que os débitos sejam iguais aos créditos, a empresa credita o direito de R$ 400,00, referente ao
adiantamento, já que agora ele deixa de existir (pois os funcionários prestaram o serviço).

No mês seguinte, no dia 08/05, quando a empresa realizar o pagamento, teremos o seguinte registro:

Data Débito Crédito

08/mai Salários a Pagar 600,00

Caixa 600,00

Perceba que esse registro é igual ao mostrado no caso 2, com diferença apenas no valor menor.
As empresas, quando contratam funcionários/colaboradores, terão que calcular os valores referentes
aos salários e ordenados desses seus funcionários mensalmente.

A folha de pagamento é o termo usado para a listagem referente aos funcionários e sua remuneração,
normalmente preparada pelo Departamento Pessoal.

Uma folha de pagamento, elaborada pela empresa para cada um dos seus funcionários, deve conter
minimamente as seguintes informações:

• nome do funcionário;
• vantagens recebidas pelo funcionário (discriminação e valores);
• valores descontados na remuneração do funcionário (discriminação e valores);
• valor líquido a pagar.
Expressamente, deve constar na folha de pagamento:

O nome do segurado: empregado, trabalhador avulso, autônomo e equiparado,


empresário, e demais pessoas físicas sem vínculo empregatício.

Cargo, função ou serviços prestados.

Parcelas integrantes da remuneração.

Parcelas não integrantes da remuneração (diárias, ajuda de custo, etc.).

O nome das seguradas em gozo de salário-maternidade.

Os descontos legais.

A indicação do número de quotas de salário-família atribuídas a cada segurado


empregado ou trabalhador avulso.
Exercício

As perguntas a seguir tem o objetivo de orientar sua aprendizagem.


Elas não valem nota.

1. Apresente o conceito de 4. Quantas horas mensais


3. Explique a diferença
folha de pagamento e os 2. O que é despesa? Cite e semanais devem ser
entre os termos despesa de
cuidados que requerem sua cinco exemplos. trabalhadas por um
salários e salários a pagar.
elaboração. funcionário mensalista?
IMPORTANTE
As empresas precisam ter bastante cuidado na elaboração da “folha”, pois os
funcionários são motivados pelo recebimento dos seus salários. Atrasos no
pagamento dos salários, bem como erros no cálculo, podem gerar não apenas
desmotivação, mas também processos trabalhistas à empresa. Além disso, os
tributos e encargos sociais sobre a “folha” precisam ser calculados de forma correta
e recolhidos em momento oportuno, para que também não gerem transtornos às
empresas, tais como o pagamento de multas trabalhistas, em caso de uma
fiscalização.
IMPORTANTE
Mostramos aqui na introdução quando ocorre a despesa de salários de uma
empresa e de que forma é feito o reconhecimento contábil. Cabe destacar que
salário não é o mesmo que remuneração. Além dos salários, é comum as empresas
pagarem comissões a vendedores, na proporção das vendas realizadas; de
bonificação a gerentes ou funcionários em cargos de confiança; de participação nos
lucros; ou mesmo adicionais referentes a acordos judiciais ou sindicais, entre
outros. Esses valores podem ou não serem acrescidos ao valor total do chamado
salário bruto.
Na CLT, no art. 457, a remuneração do
empregado considera, além do salário devido e
pago diretamente pelo empregador como
contraprestação dos serviços prestados, os
complementos habituais que o funcionário
receber, tais como horas extras, adicionais
noturnos, gratificação natalina, etc.

Assim, as principais vantagens auferidas pelos


funcionários e registradas na folha de
pagamento são: salário, horas extras,
gratificações, comissões, férias, 13º salário,
salário-maternidade, salário-família, adicional
de insalubridade, adicional de periculosidade,
adicional noturno, diárias de viagens e ajudas
de custo.
Salário No Brasil, em geral, o valor dos salários é baseado numa medida estipulada por lei
federal, denominada “salário mínimo”. Atualmente, o valor do salário mínimo é de
R$ 937,00. Isso significa dizer que nenhum funcionário mensalista com carteira de
trabalho assinada poderá ser contratado para receber um salário inferior ao mínimo,
ou seja, menos que R$ 937,00 por mês. (Fonte: Salário Mínimo, 2017. Disponível
em: http://minimosalario.com.br/).
Há situações, entretanto, que esse funcionário poderá receber um valor inferior ao
salário mínimo, como nos casos em que o funcionário foi contratado na metade do
mês e terá seu salário calculado de forma proporcional; ou quando ele faltar e não
apresentar documentos que justifiquem suas ausências. Nesse caso, o empregador
poderá descontar as faltas do seu salário.
Assim, salário pode ser definido como a parte fixa da remuneração, recebida pelo
empregado em contraprestação ao serviço prestado, sendo inadmissível a sua
redução, exceto se disposto em convenção ou acordo coletivo.
Horas extras A remuneração da hora extra se refere ao valor recebido pelo empregado como
contraprestação dos serviços extraordinários, que excedem à jornada normal de
trabalho diário. Esse adicional da hora extra integra a remuneração dos empregados
para todos os fins, inclusive para o cálculo do FGTS.

Como mencionado, um funcionário mensalista deve trabalhar 220 horas mensais, ou


44 horas semanais. Segundo o art. 59 da CLT, a duração normal do trabalho poderá
ser acrescida de horas suplementares, limitadas em até duas horas por dia,
mediante acordo escrito entre empregado e empregador ou contrato coletivo de
trabalho.

Quando ocorrem horas extras além dessa suplementação, o empregado terá direito
a receber um adicional de pelo menos 50% sobre o valor da hora normal. No caso
de haver horas extras em domingos e feriados, o acréscimo será de 100%.
Gratificações

As gratificações pagas aos empregados são adicionais e não


obrigatórias, mas que o empregador pode oferecer aos
funcionários no intuito de beneficiá-los, por ocasião de festas
ou quaisquer motivos que achar relevante. As gratificações, em
geral, não integram o salário normal. Entretanto, se pagas em
caráter habitual, tais como a gratificação natalina (ou 13º
salário), são consideradas como integrante do salário.
Comissões

As comissões representam uma parcela variável do salário dos


funcionários, pagas àqueles que alcançarem uma determinada
medida de desempenho estabelecida pela empresa, como o
total das vendas obtidas por ele ou do faturamento bruto da
empresa. O valor das comissões é acrescentado ao salário-
base, para fins de cálculo do FGTS e do IRRF.
A legislação trabalhista brasileira garante aos funcionários o direito de
recebimento de férias, ou seja, o funcionário tem o direito de receber salário
Férias
equivalente a um período não trabalhado (as férias). Por essa razão, as férias
podem ser denominadas de “ausências remuneradas”, na medida em que o
período de gozo também é considerado como tempo de serviço e as faltas, de
maneira geral, não prejudicam o direito do funcionário à remuneração.
De acordo com a CLT, os funcionários podem tirar férias após trabalharem um
ano em uma empresa. Esse tempo, denominado de período aquisitivo, é o prazo
em que o funcionário trabalha para adquirir o direito de gozar férias. Caso o
funcionário deixe a empresa antes do término do período aquisitivo, perderá o
seu direito de gozo das férias.
Após trabalhar 12 meses, os funcionários terão o direito de marcar o momento
em que desejam sair de férias. Esse intervalo de tempo é denominado de
período concessivo. Os funcionários deverão avisar com uma antecedência
mínima de 30 dias à empresa, que fará o registro das férias na carteira de
trabalho e na ficha de registro do funcionário. As férias devem sempre começar
em dias úteis e tal período não poderá coincidir com licenças maternidade ou
médica, nem com o aviso prévio.
Décimo Terceiro
A gratificação natalina, ou 13º salário, garante que o trabalhador receba o
correspondente a 1/12 (um doze avos) da remuneração por mês trabalhado. Isso
significa o pagamento de um salário extra ao funcionário ao final de cada ano.
Após 15 dias de serviço, o funcionário de uma empresa já passa a ter direito de
receber o 13º salário.
Para o cálculo da gratificação natalina, é necessário considerar as horas extras,
comissões pagas, adicionais noturnos e por insalubridade, que também são
incluídos no cálculo. Tal benefício é pago pela empresa em duas parcelas: a
primeira, referente a 50% do 13º salário, deverá ser entre os dias 01 de fevereiro
e 30 de novembro; a segunda deve ser paga até o dia 20 de dezembro. Se a
data máxima para o pagamento ocorrer em um domingo, a empresa precisará
antecipar o pagamento para um dia útil. É ilegal também às empresas pagarem
a gratificação natalina em uma única parcela, podendo incorrer no pagamento de
multas.
Décimo Terceiro

Quando um funcionário tiver uma quantidade de faltas não justificadas superior a


15 dias, ele perderá o direito de recebimento do benefício ao 1/12 avos relativos
àquele mês.
Assim como no caso das férias, os funcionários terão o direito de receberem a
gratificação natalina proporcional, nos casos em que ele peça demissão ou pelo
empregador, desde que sem justa causa, ou pelo fim do contrato de trabalho,
quando esse for por tempo determinado. Nesse caso, dividimos o salário total do
funcionário por 12 e multiplicamos pela quantidade de meses trabalhados.
Salienta-se ainda que sobre o valor referente ao 13º salário, incidem os
encargos: INSS e FGTS. Assim, o valor recebido pelo funcionário é deduzido
desses referidos encargos.
Licença
maternidade O salário-maternidade é o direito concedido às gestantes de permanecer
recebendo os salários durante o período em que estiverem afastadas pelo
motivo do nascimento de seus bebês. Para que tenham direito ao recebimento
do benefício, é necessário haver vínculo empregatício ou que a mulher seja
contribuinte de forma individual ou facultativa, desde que tenham trabalhado ou
contribuído por pelo menos 10 meses, para efeito de carência. Não há carência
para as empregadas domésticas, trabalhadoras avulsas e as empregadas de
microempresas individuais.
O salário maternidade será pago pelas empresas, quando as gestantes estão
empregadas, e essas são ressarcidas pela Previdência Social, por meio do
INSS. Quando a gestante for contribuinte facultativa, individual ou empregada
doméstica, ela deverá fazer a solicitação nas Agências da Previdência ou por
meio da internet.
Tem direito à licença-maternidade as mulheres grávidas e aquelas que sofreram
Licença aborto espontâneo ou não criminoso, desde que comprovados por meio de
maternidade atestado médico. Também terá direito aqueles que adotarem crianças ou essas
forem repassadas por meio de guarda judicial. O recebimento desse salário se
dá após o afastamento do emprego, em virtude do parto, por causa de aborto
espontâneo ou não criminoso, de adoção ou guarda judicial (para fins de
adoção).
Além do benefício do salário-maternidade, a legislação também assegura às
grávidas o direito à licença-maternidade, para que ela possa cuidar do seu bebê
após o parto. Esse período normalmente é de 120 dias (4 meses), ou pode ser
prolongado para 180 dias (6 meses), se as empresas privadas e públicas forem
participantes do Programa Empresa Cidadã. O objetivo da licença é o de
assegurar ao bebê uma amamentação adequada (conforme estabelece a
Organização Mundial de Saúde - OMS).
A Constituição Federal brasileira também assegura aos pais, a partir do dia do
nascimento do seu filho, o direito de se afastar por cinco dias corridos. Esse
direito é denominado de licença paternidade.
O benefício do salário família é pago aos trabalhadores avulsos, funcionários ou
Salário-família
aposentados, com o objetivo de auxiliar nos gastos das crianças até que elas
completem 14 anos. (No caso de crianças ou adolescentes com invalidez, os
pais podem requerer a continuação do benefício. Fonte: PIS, 2016. (Disponível
em: < http://pis2016.org/salario-familia/>)
O cálculo do salário família é feito em virtude da quantidade de filhos. Para
recebê-lo, os trabalhadores deverão apresentar a certidão de nascimento dos
filhos menores de 14 anos, a carteira de vacinação para filhos de até 6 anos e a
declaração de frequência escolar para os filhos com idade entre 7 a 14 anos de
idade.
O Ministério do Trabalho e Emprego publica todos os anos uma tabela com os
valores dos benefícios e as respectivas faixas para tal recebimento. De acordo
com o MTE, para o ano de 2017, temos:
• Faixa 1: Até R$ 859,88 a cota é de R$ 44,09;
• Faixa 2: Entre R$ 859,89 e R$ 1.292,43 a cota é de R$ 31,07.
O salário família não é somado ao salário-base, para fins de cálculo do INSS e
do imposto de renda.
Adicional
Insalubridade Trata-se de um valor adicionado ao salário, quando o trabalho oferecer algum
risco para a saúde do trabalhador. Consideram-se atividades ou operações
insalubres as que se desenvolvem com: ruídos contínuos ou de impacto;
exposição ao calor; poeiras minerais; radiações; certos agentes químicos ou
biológicos, se comprovados por laudo de inspeção. Também sujeitas à inspeção,
podem ser acrescentadas as atividades sob condições de vibrações, frio e
IMPORTANTE
umidade.

A Norma O Ministério do Trabalho, por meio da Portaria n° 3.214, 08 de junho de 1978,


Regulamentadora 15
traz nos seus anexos prevê três graus para o cálculo da insalubridade: se o grau é mínimo, adiciona-
quais são e os limites se de 10% ao salário; se for médio, 20%; e, no grau máximo, 40%. A legislação,
de tolerância às
condições entretanto, não define corretamente qual é o salário base para o cálculo do
consideradas como adicional (se será sobre o salário mínimo, salário-base ou sob toda a
insalubres.
remuneração do funcionário), o que tem levado a discussões judiciais.
Adicional
Periculosidade

Os funcionários que concordarem em trabalhar com


atividades de risco, como as que envolvem inflamáveis,
explosivos, eletricidade ou radiações, terão direito a um
adicional de 30% sobre o salário-base.
Adicional
Noturno

Para os trabalhadores urbanos, o horário noturno é


estabelecido a partir das 22 horas de um dia até as 5
horas do dia seguinte, conforme art. 73 da CLT. Caso o
funcionário esteja em serviço nesse período, ele terá
direito ao adicional noturno de 20% sobre o valor da hora
normal. Salienta-se que a hora noturna, para trabalhador
urbano, tem duração de 52min 30seg (cinquenta e dois
minutos e trinta segundos) e não 60min.
Vale Transporte Todos os empregadores, sejam pessoas físicas ou jurídicas, deverão
fornecer aos seus funcionários vales transportes para serem utilizados no
sistema de transporte coletivo, seja urbano, intermunicipal ou
interestadual, garantindo assim seus deslocamentos da sua residência
para o trabalho e do trabalho para sua residência. Esse benefício não
tem natureza salarial, não fazendo parte das remunerações. Portanto,

IMPORTANTE não se somam à base de cálculo para as contribuições previdenciárias, o


FGTS ou para o imposto de renda.

A empresa estará Quando contratados, os funcionários que necessitarem, devem informar


desobrigada a fornecer vale à empresa seu endereço residencial e quais são os meios de transporte
transporte quando conceder,
de forma gratuita a seus utilizados para seu deslocamento. O fornecimento dessas informações é
funcionários, um meio de de responsabilidade do funcionário e, sendo falsas, podem levar a
locomoção próprio ou por ela
contratado. Também é penalidades, inclusive a uma possível rescisão contratual por justa
proibido ao empregador causa. Não existe legislação que determine uma distância mínima para
substituir o vale transporte
por dinheiro ou qualquer que seja obrigatório o fornecimento do vale transporte.
outra forma de pagamento,
como vale combustível.
Tema 2 Deduções da folha de pagamento

Como dissemos anteriormente, os benefícios recebidos pelos funcionários


além dos valores referentes a salários, tais como comissões,
bonificações, adicionais etc., representam para as empresas gastos que
oneram a folha de pagamento.

Além desses valores, há obrigações tributárias e sociais da empresa que


devem ser calculadas sobre o valor da remuneração de seus funcionários.
Uma parte dessas obrigações é de responsabilidade da empresa pagar e
a outra parte deve ser deduzida do valor total a ser pago ao funcionário
(como vimos no capítulo anterior). Ou seja, os funcionários também
recebem seus salários reduzidos de uma parcela de dedução referentes
às obrigações tributárias e sociais que são de sua própria
responsabilidade. Veja a figura 3 que sintetiza tais informações.
Os principais descontos registrados na folha de pagamento são: os encargos referentes ao imposto
de renda, o INSS referente à parte do funcionário e de vale-transporte, caso o funcionário seja
beneficiário.

Figura 3 – Responsabilidades do Funcionário e da Empresa na Folha de Pagamento. Notas: IRRF – imposto de renda retido na fonte; FGTS – fundo de
garantia por tempo de serviço; Sistema: Sesc, Sesi, Sest, Senac, Senai e Senat
IMPORTANTE

Sobre os encargos trabalhistas/sociais, a empresa é responsável por calcular e


pagar todos os valores, sejam esses integralmente de responsabilidade do
empregador ou devidos pelo funcionário – nesse segundo caso, a empresa recolhe
o encargo e deduz da remuneração do funcionário o valor correspondente, como é
o caso do INSS e IRRF que vamos apresentar a seguir.
Exercício

As perguntas a seguir tem o objetivo de orientar sua aprendizagem.


Elas não valem nota.

1. Qual a diferença entre salário e 2. Cite três principais benefícios que 3. Ao receber os salários, os
remuneração? são recebidos pelos funcionários a funcionários terão, em geral, dois
título de remuneração e explique o descontos sobre seus rendimentos.
Justifique sua resposta. que ele representa. Quais são essas deduções?
Deduções dos salários do empregado

Como informar os encargos que incidem sobre o salário do


funcionário?
Segundo o art. 462 da CLT, somente poderão ser descontados
do salário do empregado os adiantamentos e aqueles descontos
expressamente previstos em lei ou convenção coletiva. A
legislação permite alguns descontos. Veja a seguir.
 Adiantamentos (CLT, caput art. 462);  Pagamento de multa criminal (art. 50, §1º, do CP);

 Falta injustificada e respectivo descanso semanal  Prestações correspondentes ao pagamento de


remunerado correspondente àquela semana; dívidas contraídas para a aquisição de unidade
habitacional no Sistema Financeiro de Habitação
 Reparação por dano doloso (CLT, art. 462, §1º); (art. 1º da Lei nº 5.725/71);

 Reparação por dano culposo, desde que esta  Compensação por falta de aviso-prévio do
possibilidade tenha sido acordada (CLT, art. 462, empregado demissionário (CLT, art. 48, §2º);
§1º);
 Estorno da comissão já paga, verificada a
 Contribuições previdenciárias e sindicais (art. 578 insolvência do comprador (art. 7º da Lei nº
da CLT); 3.207/57);

 Imposto de renda retido na fonte;  Adiantamento da primeira parcela do 13º salário


no caso de extinção do contrato de trabalho, por
 Prestação de alimentos (art. 734, caput, do CPC); justa causa, antes de 20 de dezembro (art. 3º da
Lei nº 4.749/65).
IMPORTANTE
Os tribunais admitem outros descontos, a exemplo do desconto com assistência médico-
hospitalar, odontológica, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa
etc., desde que haja autorização prévia por escrito do empregado e desde que não fique
demonstrada a existência de coação ou outro defeito que vicie o ato jurídico, conforme
dispõe o Enunciado 342 do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Dessas deduções,
conforme mencionado, a empresa é responsável por calcular e pagar todos os valores,
sejam esses integralmente de responsabilidade do empregador ou devidos pelo
funcionário – nesse segundo caso, a empresa recolhe o encargo e deduz da remuneração
do funcionário o valor correspondente.
Especificamente sobre os encargos devidos pelos funcionários, apresentam-se a
discriminação e cálculos a seguir.

 Contribuição para a Previdência Social (INSS)


 Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
Sobre a Contribuição para a Previdência
Social (INSS)

Na folha de pagamento, deve ser apresentado o


valor descontado de cada funcionário a título de
contribuição previdenciária devida por ele. Tabela 1 – INSS para empregado, empregado
doméstico e trabalhador avulso no ano de 2017
Esse valor permanecerá retido pela empresa Salário de contribuição (R$) Alíquota
(registrada no passivo como “INSS a recolher”),
que efetuará o pagamento obedecido o prazo Até R$ 1.659,38 8%
legalmente estipulado. De R$ 1.659,39 a R$ 2.765,66 9%
De R$ 2.765,67 até R$ 5.531,31 11%
A Tabela 1 apresenta as alíquotas do INSS
incidentes sobre cada uma das faixas salariais.
Para fins de exemplo, vamos considerar um funcionário que recebe remuneração mensal de R$
1.000. Ao final do mês, a empresa deverá calcular e registrar o INSS devido por ele. Como o valor do
salário recebido encontra-se na primeira faixa, ou seja, é inferior a R$ 1.659,38, a alíquota aplicada
será a de 8%, obtendo R$ 80,00 de INSS a recolher. O registro será feito da registrada da seguinte
forma:

Data Débito Crédito

31/abr Salários a Pagar (8% de R$ 1.000) 80,00

INSS a recolher 80,00

Note que o valor do INSS devido pelo funcionário é descontado de seu salário, quando a empresa
debita R$ 80,00 em “Salários a pagar”. Isso significa uma retenção de parte do seu salário que é
permitida, já que a empresa terá que recolher o mesmo valor ao governo (“INSS a recolher”).
No mês seguinte, na data estabelecida conforme prazo legal, digamos 08 de maio, a empresa
realizará o pagamento. Então, teremos o seguinte registro:

Data Débito Crédito

08/mai INSS a Recolher 80,00

Caixa 80,00

Além do INSS devido pelo funcionário, a empresa deve calcular e registrar também a contribuição
previdenciária devida por ela sobre a folha de pagamento de cada um de seus funcionários.

Esse valor também deve ser registrado no passivo como “INSS a recolher”, juntamente com a
parcela descontada do funcionário, para pagamento futuro obedecido o prazo legalmente
estipulado.
Sobre o Imposto de Renda Retido na Fonte
(IRRF)

A partir de 01/01/1989, todos os rendimentos auferidos por pessoas físicas estão sujeitos à incidência
do imposto de renda, com algumas exceções, tais como: rendimentos de aplicações financeiras, dos
lucros distribuídos etc.

Assim, funcionários que recebam remuneração acima de certo valor têm em sua folha de pagamento
o desconto relativo ao imposto de renda.

Essa tributação incide sobre: salários, honorários, vantagens extraordinárias, abonos, gratificações,
13º salário, férias e outros rendimentos, conforme o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99).
Sobre o Imposto de Renda Retido na Fonte
(IRRF)

Tabela 2- Alíquotas de incidência mensal de IR


A partir do mês de abril do ano-calendário de 2015
A Tabela 2 apresenta as alíquotas Base de cálculo (R$) Alíquota Parcela a deduzir do
de imposto de renda incidentes
sobre cada uma das faixas (%) IRPF (R$)
salariais. Até 1.903,98 - -
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36
Sobre o Imposto de Renda Retido na Fonte
(IRRF)
O valor do imposto de renda devido para cada faixa salarial é descontado pela empresa na folha de
pagamento de cada um de seus funcionários. Esse valor permanecerá retido pela empresa
(registrada no passivo como “IRRF a recolher”), que efetuará o pagamento obedecido o prazo
legalmente estipulado – segundo a Lei nº 11.933/2009, o valor do IRRF deverá ser recolhido até o
dia 20 do mês subsequente ao mês da ocorrência dos fatos gerados.

Entretanto, para o cálculo do IRRF, é preciso determinar a base incidente da alíquota. A partir de
01/01/1992, na base de cálculo do IRRF poderão ser deduzidos os encargos com dependentes.
Para cada dependente do funcionário deve ser abatida a importância de R$ 189,59, sem limite de
dependentes; pensão alimentícia e contribuições para a previdência social.

Para fins de exemplo, vamos considerar um funcionário que receba uma remuneração mensal de
R$ 3.200,00, cuja contribuição previdenciária é de R$ 352,00 (11% de R$ 3.200,00) e que ele tenha
apenas um dependente (logo, uma dedução de R$ 189,59). Ao final do mês, a empresa deverá
calcular o IRRF devido pelo empregado. Veja a seguir.
Valor da remuneração R$ 3.200,00
(-) Dedução por dependente (R$ 189,59)
(-) Dedução da contribuição para previdência (INSS) (R$ 352,00)
(=) Base de cálculo do IRRF R$ 2.658,41

Alíquota 7,5% sobre a base de cálculo R$ 199,38


(-) Parcela de dedução (R$ 142,80)
(=) IRRF R$ 56,58

Uma vez estimado o valor do imposto a ser retido pela empresa, temos
que efetuar o seguinte registro:

Data Débito Crédito


31/abr Salários a Pagar 56,58

IRRF a Recolher 56,58


Note que o valor do IR devido pelo funcionário é descontado de seu salário, quando a
empresa debita R$ 56,58 em “Salários a pagar”.

Esse débito representa uma retenção permitida pela contrapartida da empresa em


recolher o valor ao governo (“IRRF a recolher”).

No mês seguinte, até a data estabelecida legalmente, a empresa realizará o pagamento


(vamos considerar em 15 de maio).

Teremos, então, o seguinte registro:

Data Débito Crédito


15/mai IRRF a Recolher 56,58

Caixa 56,58
Exercício

As perguntas a seguir tem o objetivo de orientar sua aprendizagem.


Elas não valem nota.

2. As alíquotas do Imposto de 3. Como é o procedimento referente


1. Há três alíquotas referentes ao
Renda variam em função das faixas ao pagamento dos valores
INSS, que podem incidir na
de remuneração recebidas pelos referentes ao INSS e ao IRRF
remuneração dos funcionários.
funcionários. Quais são essas deduzidos da folha de pagamento
Quais são essas alíquotas?
alíquotas? dos funcionários? Explique.
Tema 3 Obrigações do empregador

Você sabe descrever quais são as contribuições incidentes sobre a


folha de pagamento para a empresa?

As empresas estão obrigadas a pagar aos seus funcionários, além dos


salários, todos os benefícios que mostramos no capítulo anterior, tais
como comissões, horas extras, adicionais de insalubridade, 13º salário,
etc. que são elementos que compõem a remuneração total dos
funcionários.
Além desses valores, fazem parte das obrigações da empresa as
contribuições sociais, o fundo de garantia (FGTS), que incidem sobre a
folha de pagamento e os encargos trabalhistas, incidentes sobre a mão
de obra. A discriminação das contribuições trabalhistas/sociais incidentes
sobre a folha de pagamento é apresentada a seguir.
Contribuições sociais incidentes sobre a folha
de pagamento

 Contribuições ao INSS = 20%


 Risco Ambiental do Trabalho (RAT) = de 1% a 3% (depende do grau de risco que cada empresa
está enquadrada /É determinado pelo Código de Atividade Econômica)
 Sistema S = SESI/SESC/SEST = 1%; SENAI/SENAC/SENAT = 1,5%
 Salário-educação = 2,5%
 Incra = 0,2
 Sebrae = 0,6%

SUBTOTAL (APROXIMADAMENTE) = 27,8%

 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço = 8%

SUBTOTAL = 8%
Encargos trabalhistas incidentes sobre a mão
de obra

 Repouso Semanal Remunerado (RSR/DSR)


 Férias
 1/3 sobre as Férias
 Feriados
 Aviso-prévio indenizado
 13º salário
 Auxílio-doença (15 dias)
 Licença-paternidade
Encargos trabalhistas incidentes sobre a mão
de obra
Nas empresas, para a apuração do lucro real tributável, o fisco aceita como
despesas dedutíveis todos os custos ou despesas com funcionários da empresa,
inclusive os encargos sociais, desde que:

1 Esses custos e despesas correspondam às atividades da empresa e sejam


necessários;

Os funcionários estejam registrados no quadro funcional da empresa, e ela sendo


obrigada a cumprir, além de exigências da legislação tributária, as exigências da
2 legislação trabalhista. Isso significa que a empresa deverá emitir e arquivar a Folha
de Pagamento de seus funcionários individualmente e com detalhes acerca dos
encargos sociais e previdenciários.
Viu por que é tão importante, para fazer o reconhecimento
contábil, a elaboração correta da folha de pagamento?

Como vimos, há várias Contribuições Sociais Incidentes sobre a


Folha de Pagamento. Vamos discorrer brevemente acerca
dessas contribuições. Siga com seus estudos.
Risco Ambiental
do Trabalho (RAT)

GILL-RAT é a sigla correspondente à Contribuição do


Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa
decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho, uma das
SAIBA MAIS várias contribuições previdenciárias obrigatórias sobre as
atividades trabalhistas no Brasil.
As alíquotas do GILL-RAT dependem do grau de risco
Consulte a página da
Previdência Social, que cada empresa está enquadrada: sendo de 1% se o
2017.
risco for mínimo; 2% para uma atividade de risco médio;
Dhttp://www.previdenci
a.gov.br/arquivos/office ou 3%, se o risco for grave. O risco é determinado pela
/4_101130-164603-
Classificação Nacional de Atividades Econômicas.
107.pdf
Sobre Sistema S
SESI
SESC
SEST
SENAI
As contribuições sociais destinadas ao Sistema S estão
SENAC
SENAT vinculadas à atividade desempenhada pelas empresas,
sendo os empregados beneficiários imediatos de sua
arrecadação. Pautada no artigo 240 da Constituição
Federal, que determinou a obrigatoriedade das
empresas em contribuírem ao Sistema S como um todo,
na medida em que os empregadores admitem
empregados, assumindo, portanto, o risco da produção.
Sobre o Salário-
Educação

Previsto no art. 212, § 5º, da Constituição Federal, o


salário educação é uma contribuição social, cujo objetivo
é o de obter recursos adicionais para financiar o ensino
público fundamental.
Sobre o Incra

Criado pelo Decreto-Lei nº. 1.110/1970, o Instituto


Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
está vinculada ao Ministério da Agricultura e tem por
finalidade executar a reforma agrária e realizar o
ordenamento fundiário nacional (INCRA, 2017).
Sobre o Sebrae Criado pelo art. 8º da Lei nº. 8.029/90, o então denominado
Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa
(CEBRAE), foi desvinculado da Administração Pública e
transformado em serviço social autônomo, cujo objetivo é o de
criar Programas de Apoio às Empresas de Pequeno Porte. De
acordo com o Art. 9 da referida Lei:
Compete ao serviço social autônomo a que se refere o
artigo anterior planejar, coordenar e orientar programas
técnicos, projetos e atividades de apoio às micro e
pequenas empresas, em conformidade com as
políticas nacionais de desenvolvimento,
particularmente as relativas às áreas industrial,
comercial e tecnológica.

Atualmente, a denominação da entidade é Serviço Brasileiro de


Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
Sobre o FGTS

O FGTS foi constituído na década de 60 e passou por algumas


alterações desde sua criação. A partir da década de 80, o direito
ao regime do FGTS é assegurado aos trabalhadores urbanos e
rurais, independentemente de opção. O FGTS representa o
encargo social da empresa, cujo percentual é de 8% incidente
sobre a remuneração paga ou devida no mês anterior, incluindo
13º salário.
Exercício

As perguntas a seguir tem o objetivo de orientar sua aprendizagem.


Elas não valem nota.

1. O fisco aceita como despesas


2. Qual o total dos encargos sociais
dedutíveis todos os custos ou 3. Quanto a empresa recolhe a
sobre a folha de pagamento as
despesas com funcionários da título de FGTS dos funcionários aos
empresas terão que pagar? Cite
empresa? Justifique sua resposta. cofres públicos?
quais são.
Tema 4 Cálculos da folha de pagamento

Você sabe sobre o procedimento de contabilização da folha de


pagamento mensal? Veja o passo a passo aqui.

 Categoria
 Salário-base
 Acréscimos
 Frequência
 INSS
 Imposto de renda
 Outros descontos
 Salário líquido
Elaborando a folha de pagamento do
funcionário

•Indicar a categoria
•classificação dos funcionários de acordo com o estabelecido pela Convenção Coletiva (comércio,
indústria ou outras).

•Indicar o salário-base
•considere o valor de registro de cada empregado.

•Indicar os acréscimos
•analisar a frequência e a existência de horas extras no sistema de controle de ponto ou livro
ponto. Essa avaliação é individual, porque pode haver adicionais (trabalho noturno, periculosidade,
insalubridade, salário-família, descanso semanal remunerado, etc.).

•Frequência
•confirmar se o funcionário compareceu ao trabalho conforme o previsto, sem faltas não
justificadas. As ausências não justificadas podem ser descontadas proporcionalmente do valor
bruto do salário.
Elaborando a folha de pagamento do
funcionário

•INSS
•calcular o INSS, que pode variar entre 8% a 11%, dependendo do valor do salário. O teto da
Previdência (limite máximo a ser deduzido é de R$ 608,44) precisa ser verificado, porque a
contribuição é calculada sobre esse patamar máximo para quem ganha mais do que esse limite.

•Imposto de renda
•considerar como base de cálculo o valor do salário deduzido do INSS para calcular o IRRF.
Deduções com dependentes, descontos com faltas e atrasos e pensão alimentícia também
precisam ser considerados.

•Outros descontos
•eventuais descontos relativos a direitos e benefícios também entram na conta, como no caso de
vale transporte, adiantamento salarial (vale), contribuição sindical, convênio médico.

•Salário Líquido
•A remuneração a ser repassada é resultado desses cálculos.
A seguir, apresentamos um exemplo de cálculo a serem feitos para elaboração da folha de pagamento.
Considere um funcionário que receba um salário bruto total, incluindo gratificações, de R$ 3.500,00 e que
tenha dois dependentes.

1º passo
1º passo Como o salário totaliza R$ 3.500,00, a alíquota a ser aplicada é a de 11%, o que
Calcular o INSS resulta em: R$ 3.500,00 x 11% = R$ 385,00.

2º passo 2º passo Como o funcionário possui dois dependentes, teremos: R$ 189,59 x 2 = R$ 379,18
Dedução por dependentes

Valor da remuneração R$ 3.500,00


3º passo
3º passo (-) Dedução por dependente (R$ 379,18)
Subtrair os valores do INSS e dos
dependentes para cálculo do IRRF (-) Dedução da contribuição para previdência (INSS) (R$ 385,00)
(=) Base de cálculo do IRRF R$ 2.735,82

X Alíquota 7,5% sobre a base de cálculo = R$ 205,18.


Do valor calculado no 3º passo, subtrair a parcela a deduzir:
4º passo
Calcular o IRRF
R$ 205,18 (-) Parcela de dedução de R$ 142,80 = IRRF de R$ 62,38

Valor da remuneração (salário) R$ 3.500,00


5º passo (-) INSS (R$ 385,00)
Calcular o salário líquido
(-) IRRF (R$ 62,38)
(=) Salário líquido R$ 3.052,62

Após efetuar os cálculos, a empresa deverá proceder os registros


contábeis dos valores referentes a folha de pagamento, como
veremos a seguir.
Contabilização dos Salários a Pagar

Como o salário bruto total do funcionário é de R$ 3.500,00 e a empresa tem até o 5º dia útil do mês seguinte
para proceder ao pagamento, o registro contábil do reconhecimento da obrigação é:

Data Débito Crédito

31/jan/X1 Despesa de salários 3.500,00


Salários a pagar 3.500,00
Contabilização dos INSS e IRRF a Recolher

Como vimos no exemplo acima, os valores calculados para fins de INSS foi de R$ 385,00 e do IRRF de R$
62,38, que são subtraídos do salário bruto do funcionário. Para retirarmos esses valores, com o objetivo de
obter o salário líquido, precisamos proceder ao seguinte registro:

Data Débito Crédito


31/jan/X1 Salários a pagar 447,38
Encargos Previdenciários a 385,00
Recolher (INSS)
IRRF a Recolher 62,38
Cálculo e Contabilização das Contribuições Sociais sobre a Folha

Como vimos anteriormente, sobre a folha de pagamento incide 27,8% (aproximadamente) de contribuições
sociais e mais 8% do FGTS.

Como no exemplo aqui demonstrado, o salário total do funcionário é de R$ 3.500,00, basta aplicarmos as
respectivas alíquotas, que obteremos: R$ 973,00 de contribuições sociais a recolher e R$ 280,00 de FGTS.

Veja como fica o registro contábil referente a esses encargos.

Data Débito Crédito No mês subsequente, em fevereiro


31/jan/X1 Encargos Sociais 1.253,00 para fins do exemplo, a empresa
Encargos Previdenciários a
973,00 realizará o pagamento das
Recolher
Encargos com FGTS a obrigações aos funcionários e aos
280,00
Recolher cofres públicos.
Cálculo e Contabilização das Contribuições Sociais sobre a Folha

Assim, os registros contábeis, Data Débito Crédito


considerando que o pagamento será 05/fev/X1 Salários a pagar
realizado no dia 05 de fevereiro, serão: Bancos 3.052,62 3.052,62

Veja que o valor referente aos encargos previdenciários aqui registrados, de R$ 1.358,00, representam o
somatório do valor descontado do funcionário, de R$ 385,00, e a parcela devida pela empresa, de R$
973,00.

E que os encargos sobre a Data Débito Crédito


folha serão recolhidos no 09/fev/X1 Encargos Previdenciários a Recolher 1.358,00
Encargos com FGTS a Recolher 280,00
dia 09 de fevereiro.
IRRF a Recolher 62,38
Bancos 1.700,38
Cálculo e Contabilização o Vale Transporte

IMPORTANTE
A legislação que trata do vale transporte autoriza a empresa a descontar até 6%
(seis por cento) do salário do funcionário. O desconto não incide sobre os demais
benefícios, tais como horas extras, comissões, etc.

Se o montante do vale transporte utilizado pelo empregado for um valor inferior a


6% do salário, o desconto se restringi, portanto, ao menor valor. Caso os valores
excedam aos 6% descontados, a diferença será de responsabilidade do
empregador.
Cálculo e Contabilização o Vale Transporte

Vamos exemplificar as duas situações citadas. Uma empresa tem dois funcionários que necessitam de
dois vales transportes para o deslocamento ao trabalho. A quantidade de dias de trabalho no mês é de 22
dias. Ambos necessitam de duas conduções por dia, o que requer um total de 44 vales transporte para
cada funcionário. O valor do vale transporte nesse mês é de R$ 3,00. O salário do funcionário 1 é de R$
1.500,00 já o do funcionário 2 de R$ 3.000,00. Temos, portanto, os seguintes valores:

Funcionário 1 = Salário de R$ 1.500,00 Funcionário 2 = Salário de R$ 3.000,00


Número de dias de trabalho no mês? 22 Número de dias de trabalho no mês? 22
Número de conduções por dia: 2 Número de conduções por dia: 2
Número de vales transportes 44 Número de vales transportes 44
necessários: necessários:
Valor do benefício (44 x R$ 3,00): R$ Valor do benefício (44 x R$ 3,00): R$ 132,00
132,00
6% do salário (6% x R$ 1.500,00) R$ 90,00 6% do salário (6% x R$ 3.000,00) R$ 180,00
Figura 4: Cálculo do desconto referente ao vale transporte
Cálculo e Contabilização o Vale Transporte

Pelos cálculos da Figura 4, perceba que o funcionário 1 tem


direito a receber um benefício de R$ 132,00, mas o desconto de
6% calculado sobre seu salário é de apenas R$ 90,00, devendo à
empresa complementar a diferença (de R$ 42,00). No caso do
funcionário 2, o valor do benefício é o mesmo que para o
funcionário 2, de R$ 132,00, já que utilizam a mesma quantidade
de vales transporte. Entretanto, como seu salário é superior, ao
calcular o valor de desconto, teremos uma dedução de R$
180,00. Porém, o valor do desconto será o menor valor, ou seja,
do benefício que ele efetivamente recebe, ou seja, dos R$ 132,00.

Como exemplo, considere um funcionário que receba R$ 5.000,00


mensalmente e que a convenção coletiva da categoria estipule
para as duas primeiras horas extras a remuneração de 50% sobre
o valor da hora normal e 100% para as seguintes. Para cálculo, é
preciso dividir o valor do salário mensal pela jornada normal de
trabalho diário (220 horas), conforme apresentado a seguir.
Cálculo e Contabilização das Horas Extras

Como exemplo, considere um funcionário que receba R$ 5.000,00


mensalmente e que a convenção coletiva da categoria estipule
para as duas primeiras horas extras a remuneração de 50% sobre
o valor da hora normal e 100% para as seguintes. Para cálculo, é
preciso dividir o valor do salário mensal pela jornada normal de
trabalho diário (220 horas), conforme apresentado a seguir.
R$ 5.000,00 / 220 horas = R$ 22,72 / hora  esse é o valor da hora normal

R$ 22,72 x 50% = R$ 11,37  esse é o valor da hora extra

O valor a ser recebido referente a primeira hora extra Considerando no nosso exemplo que o funcionário
será de R$ 22,72 (hora normal) + R$ 11,37  tenha trabalho 2 horas extras, ele receberá, portanto,
(acréscimo da hora extra), o que totaliza R$ 34,09. R$ 34,09 + R$ 34,09, o que totaliza R$ 68,18.

A contabilização das despesas com horas extras, Data Débito Crédito


que, conforme mencionado, integram o salário do 31/jan/X1 Despesa de Horas Extras 68,18
funcionário, é feita por competência. Veja ao lado: Salários a Pagar 68,18
Cálculo e Contabilização do Adicional Noturno

Como exemplo, considere que o valor de R$ 1,00 R$ 1,00 x 1,2 x 60/52,5  R$ 1,37 esse é o
como sendo o valor da hora normal de serviço de um
funcionário. Veja como ficará o cálculo: valor do adicional por hora noturna

Caso o trabalhador esteja cumprindo hora extra no


R$ 1,00 x 1,2 x 60/52,5 x 1,5  R$ 2,05 esse
período noturno, o acréscimo de 50% referente à hora
extra incide também sobre o adicional noturno: é o valor do adicional por hora extra noturna

Se no mês de abril, esse trabalhador, do nosso


exemplo, realizou 20 horas extras em horário noturno, R$ 1,00 x 20 x R$ 2,05  R$ 41,00 esse é o
o valor a ser acrescido a sua remuneração pelo valor a ser pago como adicional noturno
adicional noturno será de:

A contabilização dessa despesa Data Débito Crédito


com adicional noturno é feita
por competência da seguinte 31/set/X1 Despesa com Adicional Noturno 41,00
forma:
Salários a Pagar 41,00
Cálculo e Contabilização das Gratificações

Como exemplo, considere um funcionário que receba uma


gratificação de R$ 150,00 em caráter de prêmio por não
possuir, no mês, faltas ou atrasos superiores aos cinco
minutos tolerados.

A contabilização das despesas com essa gratificação


esporádica é feita por competência da seguinte forma:

Data Débito Crédito


31/jan/X1 Despesa com Gratificação 150,00

Salários a Pagar 150,00


Exercício

As perguntas a seguir tem o objetivo de orientar sua aprendizagem.


Elas não valem nota.

1. Quando um funcionário tem


direito ao vale transporte e qual o 2. Qual a diferença entre horas 3. O que são gratificações e
percentual é descontado do seu extras e adicional noturno? explique se existe diferença entre
salário referente a esse direito? Explique. essas e as gratificações natalinas?
Contabilizando Férias e 13ª Salários

As férias dos funcionários correspondem a um período de 30 dias. Em geral, os funcionários podem


tirá-la em um único período ou a empresa poderá fracioná-la em dois ou três períodos, desde que
esses não sejam inferiores a 10 dias. Entretanto, se um funcionário tiver faltado ao trabalho sem
nenhuma justificativa (como de atestado médico seu ou de acompanhante ou de óbito de familiar,
por exemplo), haverá uma diminuição no período em que ele teria direito de gozo, conforme
apresentado na Figura 5.

Quantidade de faltas não justificadas Direito a férias de


Até 5 faltas 30 dias corridos
De 6 a 14 faltas 24 dias corridos
De 15 a 23 faltas 18 dias corridos
De 24 a 32 faltas 12 dias corridos
Mais de 32 faltas Não terá direito de férias
Figura 5: Cálculo do período de dias de férias
Cálculo e Contabilização das Férias

Para calcular a remuneração referente às férias, basta somar ao salário um adicional de ⅓ da


remuneração, acrescido do valor de outros benefícios, tais como a hora extra.

Para fins de exemplo, considere um empregado que recebe remuneração mensal de R$


3.200,00, cuja contribuição previdenciária é de R$ 352,00 (11% de R$ 3.200,00) e que ele tenha
apenas um dependente.

O valor a ser adicionado ao salário para ser pago referente às férias é calculado da seguinte
forma:

R$ 3.200,00 / 3 = R$ 1.066,66  esse é o valor do adicional de 1/3 férias

O valor a ser recebido referente às férias é de: R$ 3.200,00 (salário) + R$ 1.066,66 (adicional de
1/3 de férias), o que totaliza R$ 4.266,66.
Cálculo e Contabilização das Férias

A seguir, deve ser calculado o valor do INSS do empregado sobre as férias, que será deduzido
de sua remuneração. Para isso, inicialmente verifica-se a remuneração devida – no nosso
exemplo, R$ 4.266,66 – e aplica-se o percentual correspondente indicado na tabela de INSS –
no caso, 11% - o que totaliza R$ 469,33.

Posteriormente, a empresa deverá calcular e registrar o IRRF devido pelo funcionário e


registrada da seguinte forma:

Valor da remuneração (salário + 1/3 férias) R$ 4.266,66


(-) Dedução por dependente (R$ 189,59)
(-) Dedução da contribuição INSS (R$ 469,33)
(=) Base de cálculo R$ 3.607,74

X Alíquota 15% sobre a base de cálculo R$ 541,16


(-) Parcela de dedução (R$ 354,80)
(=) IRRF R$ 186,36
1º passo

IMPORTANTE
Em situações em que houver pedido de demissão pelo empregado, demissão pela
empresa sem justa causa, ou término de contrato antes de completar um ano, a
empresa calculará o direito de férias proporcionais, referente à quantidade de
meses em que o funcionário trabalhou.

3º passo
Vamos supor que um funcionário foi admitido em
01/02/20X9 e que em 31/11/20X9 foi demitido sem
IMPORTANTE
justa causa. Nesse caso, a empresa deverá calcular a
proporcionalidade das férias referente aos dez meses
trabalhados pelo funcionário. Considerando que o valor Nota importante sobre férias é a
a ser recebido referente às férias é de: R$ 3.200,00 contabilização da provisão. As
(salário) + R$ 1.066,66 (adicional de 1/3 de férias), o despesas de férias devem ser
que totaliza R$ 4.266,66; teremos que calcular a reconhecidas por competência –
proporcionalidade referente aos 10 meses, da seguinte assim como quaisquer despesas –
forma: e, portanto, devem ser registradas
mensalmente durante o período
R$ 4.266,66 / 12 = R$ 355,55 ao mês x 10 meses = aquisitivo do empregado. Nesse
R$ 3.555,55 caso, será constituída, como
contrapartida ao reconhecimento da
Nesse caso, o funcionário terá o direito de receber despesa mensal com férias, a
adicionalmente ao salário, um total de R$ 3.555,55, provisão de férias (passivo).
referente às férias proporcionais.
Considere o nosso mesmo exemplo, em que o empregado recebe remuneração mensal de R$ 3.200,00.
Conforme demonstrado, o valor a ser recebido referente às férias é de: R$ 3.200,00 (salário) + R$ 1.066,66
(adicional de 1/3 de férias), o que totaliza R$ 4.266,66.

A cada mês, 1/12 do valor do Data Débito Crédito


adicional de férias – no nosso
exemplo R$ 1.066,66 / 12 = R$ 31/mês/ano Despesa de Férias 88,88
88,88 – deve ser provisionado por
meio do seguinte lançamento: Provisão de Férias 88,88

A cada fechamento das competências mensais, a empresa deverá efetuar tal registro contábil. E, na data de
gozo das férias, transcorridos os 12 meses de período aquisitivo (portanto, 1 ano), faça-se o lançamento de
liquidação da provisão, da seguinte forma:

Data Débito Crédito


31/jan/X2 Provisão de Férias 1.066,66

Caixa 1.066,66
Cálculo e Contabilização 13º salário

A base de cálculo do 13º salário é o valor do salário referente a dezembro e será subtraído do
adiantamento pago na primeira parcela.

Vamos supor que um funcionário recebeu até março de 20X9 um salário de R$ 1.000,00 e a
partir de abril, passou a ser de R$ 1.500,00, devido a uma promoção. Nesse caso, a base de
cálculo do 13º salário é de R$ 1.500,00.

Considerando que o funcionário optou por receber a primeira parcela do 13º salário em
fevereiro, juntamente com suas férias, o valor recebido foi de R$ 500,00.

Nesse caso, na segunda parcela, o funcionário deverá receber R$ 1.000,00, que é a diferença
entre o valor de direito (R$ 1.500,00) e o adiantamento já pago em fevereiro, de R$ 500,00.
IMPORTANTE
IMPORTANTE

Assim como no caso de férias, o valor


A cada fechamento das competências
do 13º salário deve ser provisionado.
mensais, a empresa deverá efetuar tal
Ou seja, a despesas com 13º salário
registro contábil. E, nas datas em que
deve ser reconhecida por
efetuar os pagamentos da primeira e
competência, e, portanto, registrada
segunda parcelas do 13º salário, faça-se o
mensalmente durante o período
lançamento de liquidação da provisão.
aquisitivo. Para tanto, como
Salienta-se a incidência de INSS e FGTS
contrapartida ao reconhecimento da
3º passo despesa mensal com 13º salário, sobre o 13º salário, os quais também
devem ser provisionados mensalmente.
escritura-se a provisão de 13º salário
(passivo).
Exercício

As perguntas a seguir tem o objetivo de orientar sua aprendizagem.


Elas não valem nota.

2. Como as empresas devem 3. Quando um funcionário é


1. Quando um funcionário passa a
reconhecer os valores demitido sem justa causa, ele perde
ter direito de recebimento de férias?
contabilmente? De forma mensal ou o seu direito de gozar as férias e ao
E ao décimo terceiro salário?
anualmente? décimo terceiro? Explique.
O que você estudou

Você estudou a lógica de calcular a folha de pagamentos para


dois públicos diferentes: os trabalhadores das empresas, que
muitas vezes assinam seus contracheques sem saber
exatamente nem o que, nem quanto, nem porquê determinados
valores estão sendo acrescidos ou descontados do seu
recebimento. E àqueles que têm uma necessidade de conhecer
mais como se dá a contabilização da folha de pagamento para
as empresas, já que trabalham ou desejam trabalhar com
contabilidade ou recursos humanos.
Lista de Siglas

• C.B.O – Classificação Brasileira de Ocupações


• CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
• CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social
• FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
• GILL-RAT – Contribuição do Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa
decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho
• INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
• INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
• IRRF – Imposto de Renda Retido na Fonte
• MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
• OMS – Organização Mundial de Saúde
• PIS – Programa de Integração Social
• RIR – Regulamento do Imposto de Renda
• SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
• SENAI/SENAC/SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Comercial
do Transporte
• SESI/SESC/SEST – Serviços Sociais da Indústria, do Comércio e do Transporte
• TST – Tribunal Superiro do Trabalho
Referências
• BRASIL. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 26 out 2017.
• INSTITUTO SOCIAL DE SEGURIDADE SOCIAL. Tabela de contribuição mensal. Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao-cidadao/todos-os-servicos/gps/tabela-contribuicao-mensal/>. Acesso em: 26 out 2017.
• MINISTÉRIO DO TRABALHO. Classificação Brasileira de Ocupações. Disponível em:
<http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/informacoesGerais.jsf;jsessionid=iUHCLAww4OVCJCT3iLLMK1wU.slave15:mte-cbo#3>.
Acesso em: 26 out 2017.
• OLIVEIRA, Luís Martins de; CHIEREGATO, Renato; PEREZ JÚNIOR, José Hernandez; GOMES, Marliete Bezerra. Manual de
Contabilidade Tributária: textos e testes com as respostas. 13ª Ed. São Paulo: Atlas, 2014.
• PORTAL G1. Entenda o que é adicional de insalubridade e quem tem direito. Disponível em:
<http://g1.globo.com/Noticias/ConCURSOs_Empregos/0,,MUL1222811-9654,00-
ENTENDA%2BO%2BQUE%2BE%2BADICIONAL%2BDE%2BINSALUBRIDADE%2BE%2BQUEM%2BTEM%2BDIREITO.html>.
Acesso em: 26 out 2017.
• PREVIDÊNCIA SOCIAL. Classificação Nacional De Atividades Econômicas E Grau De Risco De Acidente Do Trabalho
Associado. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/4_101130-164603-107.pdf.>. Acesso em: 26 out 2017.
• PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL. Salário Família. Disponível em: < http://pis2016.org/salario-familia/>. Acesso em: 26 out
2017.
• RECEITA FEDERAL. IRPF (Imposto sobre a renda das pessoas físicas). Disponível em:
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica>. Acesso em: 26 out 2017.
• __________________. Imposto de Renda. Disponível em: <https://impostoderenda2017.com/>. Acesso em: 26 out 2017.
• SALÁRIO MÍNIMO. Salário Mínimo. 2017. Disponível em: <http://minimosalario.com.br/>. Acesso em: 26 out 2017.
• TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Enunciado 342. Disponível em: <http://www.tst.jus.br/>. Acesso em: 26 out 2017.
• WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; DUCHAC, Jonathan E.; PADOVEZE, Clóvis Luís. Fundamentos de Contabilidade –
Aplicações. Tradução da 22ª edição norte-americana. São Paulo, Cengage Learning, 2010.

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