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Possessões maravilhosas-

P.78- O contato dos europeus com o novo mundo foi muito diferente do que estavam
acostumados ao longo dos séculos com culturas fronteiriças, e por isso, eram
relativamente previsíveis. Além das viagens por terra e sua gradual aproximação, que
diferia radicalmente da travessia oceânica dos descobridores, longas e que não
possibilitavam uma aclimatação progressiva. A primeira viagem de Colombo, no
Caribe, em 1492, foi marcada por essas singularidades, além do total desconhecimento
da culturas, línguas, organizações sócio-políticas e crenças dos habitantes.

Colombo faz uso do “maravilhoso” como estratégia estética para a legitimação de sua
retórica. As maravilhas estão intrinsecamente relacionadas à tradição das viagens para
às Índias, com a chegada a reinos fabulosos do ouro e especiarias. Colombo pensou ter
chegado à ilha de cipango, (japão).

Frase de Colombo no diário, quando diz que não se daria ao trabalho de ver as coisas
em detalhes, pois precisaria de 50 anos para isso.

.125- Colombo tinha pouco ou nenhum interesse em levar de volta uma descrição
pormenorizada das terras que havia descoberto, passara anos anteriores coletando
sinais...

As visões de Colombo descritas em seu diário são importantes somente em relação ao


que colombo já conhece. “Afinal de contas, Colombo saiu a descobrir o mundo
conhecido, ainda que por uma rota desconhecida, depois de ler Marco Polo e
Mandeville. Como escreve Todorov, Colombo “sabe de antemão o que vai achar; a
experiência concreta aí está para ilustrar uma verdade já possuída, não para ser
interrogada segundo regras pré-estabelecidas a fim de se buscar a verdade.”

Assim, num certo sentido, a melhor viagem será aquela em que se aprende quase nada:
a maior parte dos sinais simplesmente confirmarão o que já se sabe.

Pg. 4- O contato europeu com o novo mundo é continuamente mediado por


representações, quando o contato não se resume a atos de violência e agressão ele é
sempre um contato de representantes munidos de representações.

“Onde quer que se dê o contato entre o Velho e o Novo Mundo[...] observamos um


intenso desdobramento de representações, das exibições de canoagem no Tâmisa [...], à
boneca figurante de John White, do sol de ouro dos astecas admirado por Durer em
Bruxelasàs incontáveis cruzes erigidas pelos europeus nas praias e outeiros da América,
do cocar tupi levado para a França à moeda de meio xelim pregada por Drake num
tronco da Califórnia.”
Os viajantes europeu guardam artefatos roubados ou ganhados, além de terem mantido
nativos para levarem e exibirem em espetáculos na pátria. Os espetáculos de nativos
levados à europa parecem terem sido muito populares e uma excelente fonte de renda.
Para os expectadores europeus é possível ter contato (ver e tocar) um fragmento do
mundo distante, da diferença.
Apesar de se reconhecer que o testemunho certo e verdadeiro é sempre insuficiente pois
para os descobridores não havia tempo de ver tudo, e por verem apenas um fragmento o
resto eles imaginavam. Ao transmitirem a representação do todo que viram, o ver
transforma-se no testemunhar, transformando aquele que vê no mediador entre nós e
eles, entre dentro e fora de uma cultura.

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