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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

AS CONCEPÇÕES MARXISTAS DE MARÁTEGUI


PERU: DO MILITARISMO PROGRESSISTA AO NEOLIBIRALISMO AUTORITÁRIO

TEÓFILO OTONI – 2018


LEONARDO FERREIRA ROCHA SOUZA

AS CONCEPÇÕES MARXISTAS DE MARÁTEGUI


PERU: DO MILITARISMO PROGRESSISTA AO NEOLIBIRALISMO AUTORITÁRIO

TEÓFILO OTONI – 2018


Mariátegui pode ser caracterizado como um pensador e dirigente político marxista
revolucionário e para compreendê-lo devemos analisar o contexto social, político e histórico
nos quais lhe foi permitido chegar a tais ideias. O período em que viveu na Itália ele iniciou
a sua leitura de Marx, Engels e Lenin e foi nesse país que ele teve o seu primeiro contato com
as teorias marxistas e o confronto com a realidade peruana deu corpo às suas ideias. A autora
considera a estadia na Itália mias o período de 1923 a 1930 foi o espaço de tempo que
Mariátegui deu início e desenvolvimento de suas ideias a respeito do marxismo.

Aos 25 anos Mariátegui chega à Itália, embora sem nenhuma inclinação política ou
ideológica, já se aproximava do socialismo onde no qual teve uma experiência político-
teórica extraordinária. Deve-se levar em consideração que ao chegar ao continente itálico,
Mariátegui viu de perto a falência do modelo democrático e a ascensão dos governos fascistas
e comunistas.

Mariátegui vai se inserir na Itália e resultado da I Guerra Mundial, e para esse país a
guerra foi um mal negócio, apesar de estar incluída ao bloco dos vencedores seus ganhos
foram minúsculos frente aos ganhos franceses e ingleses.

Na concepção de Mariátegui a “paralisação” dos liberais não foi um fato ocorrido


somente na Itália, ele notou que a exaustão das formas democráticas-liberais frente as massas
operárias que tinham como modelo a Revolução Russa e de setores proletarizados foram
tendo suas ideias alinhadas com a direita reacionária e assim começa a gestação do fascismo,
e nosso autor vê isso como um fenômeno abrangente vendo a democracia entrar em
decadência e dissolução.

O marxismo da Segunda Internacional era uma concepção doutrinária e sistemática


da história e de sua dinâmica, o capitalismo estaria condenado pois o movimento das forças
produtivas terminaria. Esse vulgar foi seguia dominante como expressão institucional da
organização. Nosso autor sofre influências que lhe serão importantes para o restante de sua
vida, deve ser observado que a análise econômica como suporte da análise histórico-política,
encontrada em Golbetti que sensibilizou Mariátegui com sua análise, tem uma determinada
importância para o desenvolvimento do pensamento do nosso autor.
Em seu estágio europeu Mariátegui se convenceu que o liberalismo, enquanto prática
política estava condenado a ser caudatário de cruzadas antissocialistas, mas ele também
estava convencido que era possível uma abertura do liberalismo à esquerda.

A tese soreliana do mito foi algo que, sem sombra de dúvidas, influenciou Mariátegui
que a incorporou inteiramente, o mito seria um mobilizador social, a revolução operária teria
como base a esse mobilizador e tal tese ganha força quase que religiosamente. O proletariado
iria se empolgando como uma emoção e fé profundas (ou seja, um acreditar em tudo quase
que cegamente). O retorno do nosso autor ao Peru foi uma opção e nessa fase se configura o
marxismo agônico, que estava pronto para luta, cujo pensamento estava sempre em
movimento.

O Peru também carrega uma pesada herança cultural do seu período colonial, que
resultou em uma enorme concentração pessoal da propriedade, da renda e do poder de fato
além da dizimação de sua população nativa, o processo de lutas pela independência teve
como foco principal as rebeliões indígenas, a partir de 1780 tem-se um crescimento nessas
lutas com a revolta de Tupac Amaru, mas seu fim será em 1781 com a sua prisão, tortura e
execução.

O processo de independência começou a avançar e se consolidar no Chile e no Rio


da Prata, desse modo foram surgindo condições mais favoráveis no lado peruano. Os ingleses
já estavam presentes no comercio das novas nações e os seus interesses estavam na
“liberdade” dessas nações e com isso Londres começa a dar apoio material ao movimento
libertário.

Em 1821 San Martin cruza os Andes e atinge Lima vencendo as resistências, mas
suas tentativas de instaurar uma monarquia colidiram com os ideais republicanos de Bolívar,
quando este invade a Bolívia e o Peru, San Martin é obrigado a se retirar, a Bolívia é liberta
e o a independência do Peru é consolidada em 1825 quando são destituídos dois presidentes
provisórios que tentavam instaurar uma monarquia e trair Bolívar.

Com a crise de 1929 o presidente Leguia é destituído do poder em 1930 e em seu


lugar assume o General Cerro que toma medidas defensivas imprescindíveis (como a forte
desvalorização do câmbio) além de promulgar a nova constituição, o seu mandado termina
com a sua morte em 1933. O General Benavides assume em seu lugar promovendo obras
públicas e reformas e também instituindo alguns direitos trabalhistas, em 1939 a sua
indicação para presidente levou ao poder Manuel Prado.

Com o advento da II Guerra Mundial o Peru rompe as relações diplomáticas com o


Eixo somente em 1942 e só declara guerra à Alemanha em 1945, caso contrário não
conseguiria ingressar na ONU.

Até meados da década de 1950 a regra que se segui no Peru era o liberalismo, as
intervenções eram na maioria das vezes focalizadas, mas a crise de 1929 leva o governo a
adotar medidas intervencionistas na sua economia. Entre 1930 e !945 o Estado fez ensaios
intervencionistas, em 1931 cria o Banco Central e no mesmo ano institui o Banco de Fomento
Agrário, em 1936 tem-se a criação do Banco Industrial (que teria uma atuação mais
significativa no final da década de 1950) e em 1937 o Estado cria uma legislatura que lhe
permite intervir no câmbio.

Entre 1945 e 1948 tem-se a intensificação dos controles cambiais são introduzidas
restrições quanto às importações. O cenário começa a mudar em 1948-1949 a melhora na
conjuntura externa reporia com força a velha conservadora política liberal.

Entre 1980 e 1990 tem-se na política peruana uma forte tradição liberal e uma
tentativa de se aplicar uma política de ajuste heterodoxa. Entre 1988 e 1992 houve um
período de forte depressão econômica com redução acumulada no PIB de 25%. A inflação
dá um salto entre 1989 e 1990 de 2.7005 para 7.600%, dando mais força a crise e ao
crescimento da violência.

Nesse contexto surge Fugimori, que após uma semana de sua posse instaura uma
radical mudança na política econômica, introduzindo o projeto neoliberal no Peru, formulado
e assistido pelo FMI e BIRD. O seu projeto consistia num programa de estabilização (com
tratamento de choque) e um conjunto de reformas estruturais, que tinham por objetivo
estabilizar o nível de preços e de procurar uma nova inserção internacional, capaz de retomar
o crescimento em bases mais eficientes.

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