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e Irene HarteII

A fórmula para viver qu: tem


transformado milhões de vidas!
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• sentir-se extaticamente feliz ho tráfego
• evitar processos _ )
• vencer numa disçussão com (intelectuais
APRENDA A VIVER
COMO UM FILHO
DO REI

Harold Hill
conforme narrado a
Irene Burke Harreíl

Tradução de
Luiz Aparecido Caruso

Editora Vida
IFBN 0-8297-1288-7
Traduzido do original:
How To Live Like a King’s Kid

Copyright ® 1974 by Logos International


Copyright ® 1981 by EDITORA VIDA

Todos os direitos reservados na língua portuguesa por


EDITORA VIDA, Miami, Florida 33167 - - E.U.A.
Capa: Hector Lozano
Reconhecidamente grato, dedico este livro a:
minha esposa, Ruth, a quem Deus usou para
levar-me aos Alcoólicos Anônimos;
Alcoólicos Anônimos, por me apresentarem
a Deus;
meu pastor, Peter Vroom, fiel homem de
Deus, para quem um problema é uma
estupenda aventura em Jesus
ÍNDICE
Prefácio....................................................... V
Antelóquio......................................................... v.„ 11
Introdução.............................................................. 13
1. Como vive um filho do Rei................................ 15
2 . Como obter êxito em tudo................................. 21
3. Como parar de b eb er......................................... 25
4. Como sair do pantanal........................................ 29
5. Como começar de n ov o ................................. 35
6. Como parar de jogar............................................ 39
7. Como fazer o dinheiro render mais................. 41
8. Como livrar-se de dores nas costas................. 47
9. Como falhar em dar testemunho...................... 53
10. Como conhecer a verdade acerca
de batismos............................................................. 57
11. Como ser batizado no Espírito Santo............. 61
12. Como testemunhar com eficácia...................... 65
13. Com achar o dia perdido................................... 71
14. Como orar sem cessar;
Como domar sua língua...................................... 85
15. Como sentir-se extaticamente feliz no tráfego. 93
16. Como deixar de fumar........................................ 97
17. Como ministrar a cura divina............................ 103
18. Como impedir a cura........................................... 111
19. Como evitar acidentes de carro, furacões,
bombas incendiárias e chuva de foguetes..... 119
6 Aprenda a viver como um filho do Rei
20. Como louvar a Deus por problemas
com o carro-
Como evitar processos........................................ 127
21. Como voar através de neblina,
Como conseguir um pregador perfeito;
Como construir um abrigo seguro
contra bombas....................................................... 139
22. Como conseguir que toda a sua família
seja salva e curada................................................ 147
23. Como consertar, com rapidez, maquinaria
de alto custo........................................................... 155
24. Como vencer numa discussão
com intelectuais.................................................... 165
25. Como curar por meio de um substituto........ 171
26. Como tornar-se endemoninhado;
Como livrar-se de demônios............................. 177
27. Como perdoar....................................................... 187
P re fá c io
“Senhor, realmente tencionas que teu povo viva num
estado de contínua vitória no meio da adversidade?”
Essa foi a pergunta que fiz a Deus há questão de vinte
anos, logo depois que conheci a Jesus Cristo como meu
Salvador, Batizador e Médico.
Sua resposta através das páginas do Manual do
Fabricante, a Bíblia Sagrada, é um retumbante sim.
“Então como se explica que tão poucos vivam em
estado de vitória?” perguntei-lhe.
Sua resposta veio com clareza por via de textos
bíblicos tais como: 1 Coríntios 2:14: “Ora, o homem
natural não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque
lhe são loucura” ; Isaías 1:5: “Toda a cabeça está
doente” ; e Colossenses 2:8: “Cuidado que ninguém vos
venha a enredar com sua filosofia” , o que significa:
“Tome cuidado com os filósofos, os zombadores, os
criadores de casos, os que vivem fazendo suposições, os
que se preocupam com os pagãos, os murmuradores,
especialmente aqueles monótonos e sombrios dispensa-
cionistas que, por evasivas e pretextos tentam dispensar
os milagres de Deus para nossos tempos.”
Esses textos bíblicos falam alto e bom som, e eu sabia
que o obstáculo N? 1 à vida vitoriosa é a “Paralisia da
Análise” causada pelo computador enfermo que cavalga
em nossos ombros, a mente racional do senso comum,
aquilo a que chamo de Caixa Idiota Instruída (CII).
8 Aprenda a viver como um filho do Rei
Mesmo quando Deus fala em palavras da mais alta
sabedoria, Vinde a mim e achareis descanso para vossas
almas, a CII diz: “De jeito nenhum — vou fazer o que
bem entendo, ainda que isso me mate.” E é o que
acontece.
Deus diz: Louve-me no meio das dificuldades para
garantir livramento. A CII diz: “Não enquanto eu não vir
uma transformação” , e perde a bênção.
Deus diz: Tudo quanto tem fôlego me louve. A CII diz:
“Espere até que eu tome fôlego” , e nunca toma.
Deus diz: Leia minha Palavra, ponha-a em prática e
fale dos resultados. A CII diz: “Mas, e quanto a isto? E
quanto àquilo? Suponhamos isto e mais aquilo?” e é
apenas um ouvinte e não um praticante. A CII faz-nos os
inconstantes de Tiago 1:8, os homens de ânimo dobre,
que saem derrotados quando a vitória era certa.
Deus diz: A menos que vos tomeis como uma criança
— e a CII zomba: “E simplificação demais!”
Deus diz: Prove-me agora e a CII pretexta: “Permita-
-me primeiro fazer os cálculos e ver se isto se encaixa em
minha teologia.”
O princípio da CII se destaca em Atos 4:13 onde
depois de verem os discípulos prestando assistência de
modo carismático, com sinais que se seguiam, os Idiotas
Instruídos da classe religiosa estavam sem saber como
explicar tudo aquilo, porque dentre os filhos do Rei,
nenhum tinha diploma de doutor.
E assim, mesmo agora, quando você ler o primeiro
capítulo deste livro, ainda poderá detectar em si mesmo a
tendência para perguntar: “Por que o piloto da BOAC
não voou em direção ao mar e despejou' todo o
combustível para salvaguardar a vida daqueles passagei­
ros todos?”
A isso um filho do Rei responde: “Por que não
pergunta1diretamente ao piloto?”
0 filho do Rei é um repórter — e não um indivíduo
Prefácio 9
que dá explicações. Este livro é uma reportagem de
algumas das coisas improváveis que acontecem quando
um filho do Rei segue as instruções contidas no Manual
do Fabricante — em vez de ficar cortejando sua CII.
ANTELÓQUIO
Em minha vida toda tenho-me maravilhado de que,
em seus ensinos, Jesus derivou muito de suas figuras da
vida e da atividade humana do dia-a-dia. Aos pescado­
res, ele disse: “Eu vos farei pescadores de homens.” Aos
padeiros: “O reino do céu é semelhante ao fermento.”
Ao hortelão: “O reino do céu é semelhante a um grão de
mostarda.”
Contudo, nos tempos modernos, muitos de nossos
“meninos de cidade” não entendem a linguagem dos
velhos “rapazes do campo” . Certa vez ouvi contar de um
menino de uma cidade grande que visitava uma fazenda
pela primeira vez. Ele viu o fazendeiro ordenhando a
vaca, e apontando para o balde, perguntou.
— Que é que o senhor faz com isso?
Quando o homem lhe disse que a vaca estava
fornecendo leite para eles, imediatamente o, menino
declarou:
— Não bebemos leite de vaca; só tomamos leite da
leiteria.
Certa vez perguntei a uma classe de escola dominical:
— Qye pretendemos dizer quando cantamos o hino
“Trazendo nossos feixes” ? Ninguém ali tinha visto um
feixe de trigo e assim ninguém sabia explicar o sentido do
hino.
Faz alguns anos, quando fiquei conhecendo meu bom
amigo Harold Hill, o engenheiro eletricista, e ouvi seu
12 Aprenda a viver como um filho do Rei
testemunho, foi divertido ouvir sua terminologia profis­
sional. Mais tarde, chamei-a de sua “teologia de enge­
nharia” , quando verifiquei que seu testemunho e ensino
haviam causado grande impacto sobre um amigo meu,
que estava muito mais familiarizado com o campo
mecânico do que com o setor agrícola. Vi que o Senhor
continua a falar através dos seus servos em linguagem
contemporânea, e gostaria que Harold pusesse seu
testemunho em forma escrita. Meu desejo agora está
satisfeito em Aprenda a Viver como um Filho do Rei.
Este livro será uma grande bênção para muitos.
Recomendo-o especialmente aos que se queixam de que
as coisas do Espírito são loucura para eles. Aqui você
descobrirá o testemunho de um homem nascido do
Espírito, uma história brilhantemente colorida com o
jargão da engenharia mecânica. Que Deus abençoe
todos quantos lerem este livro.
DavidJ. duPlessis
INTRODUÇÃO
É um alto privilégio poder escrever uma palavra de
introdução a qualquer livro de Harold Hill.
Conheci-o poucos meses depois que ele começou sua
peregrinação espiritual, e temos desfrutado de estreita e
alegre associação nos anos que se seguiram. Harold é
uma testemunha cristã autêntica, que não somente diz
“Está escrito” , mas ainda diz: “Aconteceu comigo.”
O autor deste livro é excessivamenté forte na experiên­
cia pessoal, porque Jesus Cristo lhe é muito pessoal, e ele
aprendeu a dirigir-se diretamente a Deus, sem ajuda de
ninguém. Por outro lado, ele foi salvo da errônea
suposição de que a experiência pessoal é uma licença
para a interpretação particular das Escrituras. Sua fé tem
sido provada nos fogos de profundo envolvimento com a
vida de outras pessoas, tanto cristãs como não-cristãs. Ele
tem aprendido a caminhar naquele feliz equilíbrio entre o
“universal” e o “particular”.
Como se verifica com a maioria das pessoas sintoniza­
das espiritualmente, Harold Hill tem olhos para ver “um
anjo parado no sol” , isto é, a ordem exterior é um sinal
visível do reino do céu. Como conseqüência, ele descre­
ve a vida do Espírito em termos de uma mente exercitada
nas ciências naturais. A Bíblia torna-se o Manual do
Fabricante, e a união vital com Jesus se expressa como
“ligação com a fonte de energia”.
A obediência disciplinada às leis de Deus no mundo
14 Aprenda a viver como um filho do Rei
natural está inegavelmente vinculada à manifestação do
poder sobrenatural na vida de Harold. Ele crê na
realidade do céu, mas não está em busca de uma via de
escape.
Harold Hill não tenta ser teólogo sistemático. Ele
escreve da perspectiva de um homem de empresa
contemporâneo, que descobriu que a Encarnação signifi­
ca que Deus o amou e pôde alcançá-lo onde ele estava,
tomá-lo como estava e fazer dele o que ele devia ser —
filho de Deus, “salvo pela graça mediante a fé” .
Pela unção do Espírito Santo, este livro será alimento e
bebida para o leitor que tem fome e sede de justiça. O
autor não diz que tem de acontecer a qualquer pessoa
exatamente igual ao que lhe aconteceu. Contudo, ele diz:
“Se Deus pode fazer isto para mim, somente o céu sabe
o que Deus pode fazer para outros.”
Que as bênçãos de nosso Senhor estejam continua­
mente com aquele que escreve e com aqueles que lêem.
Tommy Tyson
Chapei Hill, NC
1
COMO VIVE UM FILH O
D O R EI
Três dias antes do Natal, encontrava-me em um avião
de volta de uma tarefa na estação rastreadora de satélites
na ilha Coopers, nas Bermudas. Havíamos voado para a
região de Nova Iorque e ainda estávamos dando voltas.
Quanto a isto não havia nada de extraordinário. O
tráfego aéreo sobre Nova Iorque geralmente é intenso, e
às vezes leva de dez a quinze minutos para conseguir
uma vaga a fim de aterrar. Mas neste dia em particular, já
havíamos dado voltas por trinta minutos quando o
comandante apareceu e disse, com ares de quem não
estava muito seguro:
— Temos um pequeno problema com nosso trem de
aterragem, mas esperamos corrigir o defeito dentro de
poucos minutos.
Passaram-se os poucos minutos, e mais uns poucos
minutos, quando o comandante voltou e deu-nos instru­
ções sobre como segurar-nos para uma aterragem de
emergência, sem rodas.
O avião estava programado para decolar imediata­
mente para Londres. Eu sabia que tínhamos um abaste­
cimento completo de combustível para a viagem transa-
16 Aprenda a viver como um filho do Rei
tlântica, e a lei não permite despejar combustível sobre a
área de Nova Iorque. Esse tipo de avião em especial —
propulsão a jato — quase sempre incendeia quando se
arrasta na pista, aterrando sem rodas. Estávamos metidos
numa boma incendiária quase infalível.
Minha primeira reação à notícia foi: “Aleluia! Este é o
dia da minha colação de grau! Senhor, faze a cerimônia
rápida e fácil.” Que seria rápida, não havia dúvida
alguma. Podería ser fatal e muito repentina para todos
nós. Mas estava eu sentindo terror? Nem um pouquinho.
Realmente, eu sentia um senso de antecipação. Esta seria
uma nova experiência. Eu vivia alardeando a vitória na
morte, fazia muito tempo, e estava prestes a comprová-
-la. Louvado seja o Senhor!
Então o Espírito Santo foi rápido em fazer-me acordar
para a realidade. Hill, você está sendo tão egoísta e
concentrado em si mesmo como sempre. Que dizer das
outras pessoas que se encontram neste avião — os
pagãos que não me conhecem, essas pessoas cheias da
alegria falsificada do Natal oriunda de uma garrafa de
bebida? Pense nelas — pense na condição em que se
encontram. A colação de grau não será uma celebração
para elas.
“Lamento, Senhor” , disse eu, e passei a interceder.
“Senhor” , orei, “preciso saber sobre o que orar; acho
que preciso de uma palavra de conhecimento. Pela
palavra de conhecimento, um dom do Espírito Santo,
Deus pode prover-nos com informação por meios sobre­
naturais. Ele é dono de tudo e pode dar-nos aquilo de
que necessitamos quando oramos no Espírito. O conhe­
cimento nem sempre nos é necessário, mas quando o é,
o Espírito Santo o suprirá sem falta.
Enquanto eu orava no Espírito, orando em línguas que
minha'mente natural não podia entender nem controlar,
recebi uma transcrição — conhecimento sobrenatural
por via de um quadro tão claro quanto uma nítida
Introdução 17
imagem de TV. Vi uma radiografia de todo o sistema de
aterragem da aeronave — os impulsionadores hidráuli­
cos, os cilindros, as bombas, tudo enfim. E vi o que
estava falhando no trem de aterragem. Todo o óleo do
sistema hidráulico havia vasado. Era evidente que as
rodas não podiam baixar: não havia líquido impulsiona­
dor para realizar a manobra.
Era muito interressante ver o que estava falhando, mas
seria melhor ainda poder consertá-lo. E orei nestes
termos: “Senhor, conserta-o. Por favor, reabastece de
óleo esse sistema seco, de modo que o trem de
aterragem possa funcionar.” Então, enquanto continua­
va orando no Espírito, vi o fluido hidráulico celestial, o
óleo sagrado do Espírito, fluir através de todo o sistema
do avião. Ao ser abastecido, as rodas baixaram quando
estávamos aproximadamente três metros acima da pista
de aterragem. Foi uma descida perfeita, em uma pista
cheia de carros de bombeiros, ambulâncias, e câmaras
cinematográficas. Tudo estava preparado para o maior
incêndio da história do aeroporto Kennedy.
Quando o avião parou, o comandante voltou a falar
pessoalmente aos passageiros. Estava branco como cera,
e sua voz tremia.
— Senhores — disse ele — , não tenho a mais remota
idéia do que aconteceu.
Se ele me houvesse perguntado, eu podería ter-lhe
dito, porém não o fez, apenas procurou explicar-se
enquanto permanecia em pé, meneando a cabeça num
gesto de incredulidade.
— Nossos instrumentos diziam que o fluido havia
vasado do mecanismo — disse ele — , de modo que não
havia como conseguir que as rodas baixassem, não
tínhamos freios, nem direção . . :
Parou um pouco para engolir em seco, o que fez corrí
dificuldade.
— Era algo impossível, mas de alguma maneira as
18 Aprenda a viver como um filho do Rei
rodas baixaram no momento preciso, e pude controlar os
propulsores revertendo-os e parar o avião antes de
chocar-se contra o edifício da administração.
Eu podia ver que estávamos parados diante do edifício
da administração, onde não nos cabia estar, exceto pelo
fato de que esse era o único lugar onde não havia aviões
à nossa passagem. Não ocorreu o mínimo dano em parte
alguma da aeronave, e Jesus havia realizado tudo. Ele só
precisou de um intercessor que já estava em atitude de
oração e louvor. Não teria havido tempo suficiente para
louvar a Deus e confiar nele se eu não tivesse estado em
comunhão com ele. E Deus honrou minha oração
realizando um milagre.
Eu gostaria de examinar o diário de bordo da linha
aérea BOAC referente a esse dia em particular, com o fim
de ver como registraram o incidente. Não podia ser um
relatório que dissesse tratar-se de um incidente de rotina.
Tinha de ser algo com ares de extraordinário, porque o
Espírito Santo se encarregara da situação toda.
Nesse mesmo dia encontrei-me temporariamente
abandonado no aeroporto. O avião que devia conduzir-
-me a Baltimore, no qual eu tinha feito reserva, não
apareceu, e eu desejava chegar à minha casa. Sendo
época de Natal, havia milhares de pessoas que deseja­
vam viajar. E não havia nenhuma razão humana para
que minhas necessidades tivessem prioridade sobre as
dos outros. Mas Deus havia acabado de revelar-me o que
ele podia fazer quando eu confiava nele, de modo que,
enquanto esperava, regozijei-me orando: “Senhor, se
pudeste livrar-me de uma morte quase certa, como o
fizeste, por certo podes conduzir-me até Baltimore sem
dificuldade alguma.”
Na certeza de que Deus tinha algo reservado para
mim, embora eu desconhecesse o que era e como o
faria, pus-me a consultar todos os recursos comuns.
Telefonei para as empresas rodoviárias. Todas tinham
Introdução 19
suas passagens vendidas. Consultei todas as linhas
aéreas. Não havia vôo algum com vaga para mim. Era
inútil inscrever-me na lista de espera, já que constavam
dela centenas de nomes.
Então eu disse: “Senhor, fiz tudo quanto era possível.
Esgotei todos os recursos. Por isso vou desistir de
continuar procurando.” Nesse momento ouvi suas ins­
truções. Disse-me que me dirigisse para o portão de
embarque. Isto é algo que ninguém faz normalmente. O
lógico é esperar diante de um guichê de passagens. Mas
eu não ia discutir com o Senhor. Simplesmente respondi:
“Sim, Senhor” , e me encaminhei para o portão a fim de
verificar o que ele me reservava ali. Eu sabia que não
teria de ir até lá em vão.
Aconteceu que, exatamente diante da porta havia um
avião com destino a Washington e com escala em
Baltimore. Havia muitas pessoas na lista de espera. Eu o
sabia. Não havia razão humana para poder viajar nesse
vôo, certamente, mas ali fiquei louvando a Deus, em
realidade, regozijando-me pela situação em que me
encontrava. No meio de minha alegria, ouvi que chama­
vam pelo nome de alguém. A seguir, disseram: “Ultima
chamada para o senhor Fulano de Tal.” O avião estava
de partida e ele não aparecia.
O porteiro não observou o procedimento regular com
o qual se permite que a primeira pessoa na lista de espera
tome o lugar da pessoa ausente. Não havia tempo para
isso. Simplesmente olhou para mim e perguntou:
— Deseja ir para Baltimore?
— Sim, senhor — respondi.
— Então vamos — disse-me ele.
Subi a bordo, fechou-se a porta e decolamos.
Na ordem natural, os acontecimentos desse dia não
podiam ter sucedido dessa maneira. Mas eu havia sido
um filho do Rei a bordo daquele avião a ponto de
explodir. E mais tarde eu havia sido um filho do Rei
20 Aprenda a viver como um filho do Rei
esperando junto à porta um vôo completamente lotado.
Os filhos do Rei não têm de ficar com a ordem natural;
eles não têm de ficar com as coisas secundárias. Os filhos
do Rei têm um tratamento preferencial. Eles podem viver
como príncipes, enquanto mantiverem os olhos fixos no
Rei.
2

COMO O B T ER ÊXITO
EM TUDO
Nem sempre eu soube o que envolve ser filho do Rei.
Embora eu tivesse mãe cristã, cresci não crendo em Deus
e toda a minha fé estava em meu próprio intelecto. Eu
não conhecia a verdade de Isaías 1:5: “Toda a cabeça
está doente” , até que minha própria cabeça me demons­
trou quando eu tinha quarenta e oito anos de idade.
Não devia contar então mais de dez anos de idade
quando li um livro sobre os princípios físicos da eletrici­
dade. Enquanto o lia, sentia-me fascinado. Percebi que o
trabalho de minha vida estaria nesse campo. Por isso
decidi ser engenheiro, e tracei um plano de ação para
minha vida, que envolvesse alvos bem definidos. Em
primeiro lugar, não seria um engenheiro comum, vulgar.
Seria um engenheiro chefe. Ganharia centenas de dóla­
res por semana. Essa soma era fabulosa naqueles
tempos. Viajaria por toda parte, teria uma bela família,
alcançaria êxito, e por certo a felicidade completa.
No início tudo saiu às mil maravilhas.
Terminei meu curso secundário quando tinha quatorze
anos. Não era um gênio, mas tinha desejo de terminar
logo os estudos. Sabia o que desejava e assim pude saltar
22 Aprenda ,a viver como um filho do Rei
alguns cursos na escola. Eu não podia esperar por
aqueles rapazes tardos de inteligência, como eu os
chamava, que ainda não sabiam se iam ser encanadores,
soldados de polícia, ou varredores de rua.
Eu estava pronto para triunfar na vida, tornar-me
milionário e ser feliz.
Alcancei meu primeiro alvo, engenheiro-chefe, com a
idade de vinte e oito anos. Aos trinta e dois, fui elevado à
posição de vice-presidente executivo. Aos trinta e cinco,
era diretor de engenharia, diretor de vendas, diretor de
várias empresas. Tinha um salário excelente, considera­
velmente mais alto do que eu havia sonhado de centenas
de dólares por semana, mais dez por cento de comissão.
Quando se iniciou a guerra, nossos lucros eram extraor­
dinários.
Certamente eu era um êxito total; um êxito vazio e
miserável.
Ninguém me disse jamais que o êxito podia destruir-
-me. Não me disseram que os executivos têm seu
primeiro ataque cardíaco aos cinqüenta e dois anos de
idade. Não me disseram que quando o indivíduo chega a
ser vice-presidente de sua companhia deve ter psiquia­
tras adicionados à sua lista de pagamentos pela prestação
de serviços, porque sua primeira depressão nervosa está
logo adiante. Não me disseram que p indivíduo perde
todos os amigos no dia em que é nomeado diretor
executivo de sua companhia, uma vez que todos os
outros estão na expectativa para roubar-lhe o posto e
destruir-lhe a reputação. E quando se torna presidente, o
topo monolítico se converte num solitário senhor nin­
guém, um intocável, e acabou-se. Não se pode confiar
em ninguém. Todos estão procurando tirar-lhe o posto.
O indivíduo vive temeroso e sua vida pagã carece
totalmente de sentido.
Assim era minha vida.
Certo dia estava eu assentado em meu luxuoso
Como obter êxito em tudo? 23
escritório, pensando na vaidade de minha vida. Bem
dentro de mim, algo me disse: “Tem de haver algo
melhor do que isto.” E eu sabia que esse “algo melhor”
não podia encontrar-se em um êxito maior. O êxito é
enganoso. Quando eu era jovem engenheiro, havia
trabalhado para uma empresa britânica, e meu chefe era
um nobre britânico. Eu havia vivido com êxito, havia
viajado com uma multidão dos Rolls Royce, dos aviões a
jato, gente seleta. Todos estavam tão doentes, tão
miseráveis, tão vazios, tão frustrados indo e vindo sem
rumo como eu próprio.
Eu já estava convertido em um bebedor inveterado,
bebendo com o vão intento de aliviar a frustração do
êxito e do enfado inevitável àquele que vive para sua
própria satisfação, como eu o fazia. Eu não tinha nenhum
propósito real na vida. Minha bela casa e minha bela
família, minha empresa próspera, minha elevada posição
profissional? Tudo sem valor. Não estava eu nas juntas
certas de diretores, não aparecia em todas as reuniões
certas, não pertencia eu aos clubes de golfe certos, aos
clubes de campo, aos clubes de iatismo, aos clubes de
bridge e aos clubes de xadrez? Igualmente, nada valiam.
Lá no meu íntimo, onde realmente eu vivia, não havia
escritório luxuoso, nem clube elegante, nem dignidade,
nada de valioso. Eu era um miserável, um cadáver sujo,
desleixado, vazio, um homem desgastado aos quarenta e
cinco anos de idade.
Não restava outra coisa senão passar oficialmente o
atestado de óbito. Eu me mataria e então poderíam
enterrar-me e acabar comigo. Nesse dia fatal, tomei
veneno em quantidade suficiente para matar toda a
vizinhança. Coloquei-o num copo grande, misturei-o
com uma boa dose de uísque e pus algumas gotas de
água para diluí-lo um pouco e bebi todo o conteúdo.
3

COM O PA R A R D E
BEBER
Havendo alcançado êxito em todas as outras coisas
que eu tentara, como suicida fui um fracasso. Provavel­
mente foi a água que me fez vomitar aquele veneno.
Alguns dias mais tarde, talvez umas poucas semanas,
não tenho muita certeza do tempo, porque tudo estava
sepultado em uma vermelha neblina de álcool, cheguei à
minha casa por volta das quatro horas da madrugada
com meu costumeiro relaxador das sextas-feiras — várias
doses de uísque. Estando enfarado da vida até ao
extremo de desejar morrer, e havendo fracassado em
meu primeiro'intento de suicídio, decidi pôr termo à vida
de uma forma mais lenta, embora menos dramática,
bebendo até morrer, tão sem dor quanto fosse possível.
O sofrimento me desagradava, embora o corpo todo me
doesse. Nessa sexta-feira santa de 1951, à noite, sofria de
tal maneira que clamei: “Deus, socorre-me!”
E ele me socorreu.
Na semana seguinte ele enviou-me a uma reunião dos
Alcoólicos Anônimos. Olhei admirado ao meu redor, e
disse: “Que faço aqui neste lugar? Certamente não
pertenço a este ambiente. Ora, provavelmente ficarei
26 Aprenda a viver como um filho do Rei
pior se associar-me a esta gente.” Mas, para minha
grande surpresa, à medida que a noite avançava, pela
primeira vez na vida vi gente com algo que eu desejava;
uma paz, algo que se assemelhava a uma verdadeira
alegria.
Garantiram-me que se minha necessidade fosse sufi­
cientemente grande e que se eu me apercebesse de
maneira cabal, Deus podería ajudar-me. Animaram-me
no sentido de que não se tratava de compreender a
Deus, mas simplesmente aceitá-lo como ele diz que é.
Disseram-me que ele se revelaria a mim em sua Palavra e
que se incumbiría de minha vida quando eu a entregasse
a ele. Chegaria a ser, com seu auxílio, o que eu não
podia ser por mim mesmo. Ele seria meu administrador,
se eu lhe permitisse.
Um administrador era exatamente do que eu precisa­
va. Nessa noite pedi a Deus que se encarregasse de
minha vida em um de seus aspectos: a embriaguez. No
começo, tinha dúvidas sobre como podería fazê-lo.
Parecia-me algo impossível.
Os membros dos A. A. perguntaram-me:
— Pode passar um dia sem beber?
Assegurei-lhes que não. Não havia jeito.
— Pode passar uma hora sem beber?
— Duvido — , foi minha resposta.
Eu era sincero ao dizê-lo, porque sabia que era assifn,
e uma hora era tempo demais quando o indivíduo está
viciado como eu estava.
Porém eles não pareciam desanimar-se nem estavam
prontos a dar-se por vencidos.
— E cinco minutos? Pode ficar cinco minutos sem
beber?
— Creio que sim.
— Muito bem — disseram. — Este será seu programa.
Somente cinco minutos por vez. Não beba durante cinco
minutos.
Como parar de beber 27
Quando os tremores e os sintomas causados pela
abstenção da bebida começaram a afetar-me por volta
das cinco horas da tarde do dia seguinte, procurei adiar
os primeiros cinco minutos e cheguei sóbrio à minha
casa, resultado instantâneo mediante o programa com
Deus dos A. A. Havia experimentado, de primeira mão, o
poder de Deus, sem ao menos saber que seu primeiro
nome é Jesus. Isto veio mais tarde.
E pela graça de Deus, um dia por vez, durante os
últimos vinte e três anos não tenho tido necessidade de
tomar um trago sequer.
Deixar de beber foi relativamente simples, mas acima
de tudo, minha embriaguez era um pequeno problema,
sintoma de um problema muito maior, o problema total
do meu eu. Esse permanecia crescendo, porque eu não
estava pronto a confiar em que Deus dirigisse meu eu em
meu lugar.
Durante os próximos dois anos, o problema do meu
eu, meu sóbrio e frio eu, continuou de-mal a pior. E nem
ao menos podia tomar um traguinho para viajar ao
estado de inconsciência, de quando em quando, com o
fito de esquecer. Tinha de enfrentar o problema do meu
eu, dia após dia em sucessão interminável.
Enquanto isso, eu observava um dos homens que vi
freqüentemente nas reuniões dos Alcoólicos Anônimos.
Não podia entender seu comportamento. Classifiquei-o
como um camponês, porque era um simples engenheiro
que trabalhava na Bethlehem Steel, e eu tinha minha
própria empresa. Mas havia um halo em torno dele.
Tinha uma esposa muito volúvel, porém ele nunca se
perturbava. Tinha mais filhos que eu, mas se impacienta­
va muito menos que eu.
Eu sabia que o homem tinha problemas, mas parecia
que não o angustiavam. Em realidade, depois de dois
anos, sua bela serenidade contrastava com minha terrível
miséria que estava por deixar-me louco.
E foi assim que, à uma hora da manhã, dois anos
28 Aprenda a viver como um filho do Rei
depois de havê-lo conhecido, batí à porta da casa de Ed.
Ao abri-la, eu lhe disse:
— Ed, qualquer que seja a coisa que você tem, quero
recebê-la.
Finalmente havia chegado a reconhecer dentro de
mim que ele tinha essa realidade da qual eu necessitava.
4

COM O SA IR DO
PANTANAL
— Entre — disse meu amigo Ed, e então começou a
explicar-me a realidade.
Havíamos lido juntos as Escrituras Sagradas, em várias
oportunidades anteriores, mas nessa noite Ed foi muito
pessoal, e disse que a razão pela qual podia sentir-se tão
livre era o haver confessado seus pecados, e o sangue de
Jesus os havia lavado, havia-o purificado.
No passado, eu não gostava de ouvir falar do sangue
de Jesus, e quando alguém me mencionava a palavra
pecado, eu sentia um nó na boca do estômago e me
sentia mal.
Mas nessa noite estava tão desesperado que continuei
ouvindo. E Ed mostrou-me o versículo em João, onde
Jesus diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, e se
quiserem conhecer o seu Pai celestial, têm de fazê-lo por
meu intermédio, ou não o conhecerão de modo algum.”
Anteriormente, sempre eu havia feito objeção a este
versículo, indagando: “Mas, que diremos dos hindus, e
dos budistas, e dos . . . ”
Nessa noite, porém, foi como se Deus me interrompes­
se dizendo: Esqueça-se deles. Que diremos de você?
30 Aprenda a viver como um filho do Rei
— Que pensa você disto? Deseja receber a Jesus — ou
não — segundo as condições dele — sem evasivas? —
perguntou-me Ed.
Sentia-me suficientemente infeliz para dizer-lhe que
sim, e se não me lembro mal, orei nestes termos:
“Senhor Jesus, se realmente estás aqui, e meu amigo
Ed parece crer que estás, por favor, torna-te uma
realidade em mim neste instante.”
Não foi um convite importante, mas era tudo de que
ele necessitava. Senti-me como se e le ' me houvesse
aberto, como se tivesse entrado em mim, como se eu o
tivesse fechado em meu interior e me houvesse ligado a
uma fonte de energia, concedendo-me perfeita paz e
lavando quarenta e cinco anos de sordidez. Ele me fez
saber que eu estava em boas relações com Deus para
sempre, e que tudo quanto esteve registrado contra mim
havia desaparecido; que todos os meus pecados estavam
tão distantes quanto o Oriente dista do Ocidente; que ele
os havia lançado ao mar do esquecimento. E que no céu
o mar já não existe, assim era o que havia acontecido
com os meus pecados, todo o lodo que me estivera
ameaçando tragar-me para sempre. Eu estava perdoado.
Quando era menino, morava no campo, e em geral
fazia excursões com meu irmão. Havia um pântano a
respeito do qual todos nos admoestavam a não aproxi­
mar-nos dele. Tinha lama, um certo tipo de bano que em
vez de resistir ao movimento do corpo, tende a atrair o
corpo para o fundo. Se alguém cai em uma lama dessas,
e não há ninguém que o ajude, afunda-se à razão de
vários centímetros por minuto.
Visto como o pantanal era zona proibida, era natural
que meu irmão e eu nos sentíssemos desafiados a
explorá-la totalmente.
Certo dia, quando estávamos saltando pelos pântanos,
escorreguei na lama e comecei a afundar-me. Teria
naquele tempo um metro de altura, o que significava que
Como sair do pantanal 31
dentro de meia hora, mais ou menos, perecería sufoca­
do, afogado no pantanal. Tudo o que restaria de mim
seria um montinho na superfície daquela massa negra
pegajosa.
Estava aterrorizado com a idéia de morrer, tanto que
nem mesmo podia chorar.
Recentemente, o Senhor trouxe com vigor à minha
memória todas as religiões, as filosofias e os cultos nos
quais me havia envolvido em meus tempos de pagão, e
mostrou-me o que me podiam oferecer quando eu me
estava afundando na lama negra que representava o
pecado de minha vida.
Confúcio me disse: “É melhor que você se mantenha
afastado desses lugares, rapaz.” E havendo-me dado
este conselho maravilhoso, continuou seu caminho e
deixou que eu me afundasse.
Buda declarou: “Que isto lhe sirva de lição, meu
filho” , e me afundei mais ainda. Eu havia sido budista e
sabia que essas coisas tinham o propósito de constituir-se
em lições, de modo que ao reencarnar-me na próxima
vez, eu pudesse ter uma existência melhor.
Maomé suspirou e disse: “É a vontade de Alá”, e eu
continuava a afundar-me.
A Ciência Cristã disse: “É apenas um erro em seu
pensar. Em verdade você não está em dificuldade
alguma. O que acontece é que você está pensando
erradamente.” Eu havia sido adepto da Ciência Cristã,
mas o pensar corretamente não havia curado minha
embriaguez. De modo que me afundei outros centíme­
tros mais e já não me restavam muitos centímetros.
Os hindus me disseram: “Desejamos-lhe melhor sorte
na próxima reencamação. Esta viagem, como pulga, não
lhe fez bem. Na próxima vez, venha como mosca.” O
lodo sujo e negro continuava a tragar-me.
O evolucionista me disse: “Tudo o de que você
necessita é um pouco mais de tempo. O tempo cura
32 Aprenda a viver como um filho do Rei
todas as coisas, amigo.” Porém, a cada minuto que
passava eu me encontrava em situação pior que antes.
A ioga me disse: “Transcenda seu problema.” Eu
tentara fazer isto. Havia-me assentado e me dedicara à
contemplação por tanto tempo que me aborrecera e
estava afundado até à cintura.
Os adeptos da Unidade haviam dito: “Tudo o que
você tem de fazer é alcançar mais amor.” Mas, como vai
o indivíduo sair do pântano de lama pegajosa apenas
com amor?
Disse-me um adivinhador: “Consulte o zodíaco. As
estrelas têm a resposta.” Mas as estrelas não brilhavam
nesse dia, e assim me afundei mais um pouco.
Disse Darwin: “Trata-se da sobrevivência dos mais
aptos. Se você for apto, sobreviverá.” Era isso exatamen­
te o que eu temia. Ao afundar-me alguns centímetros
mais, demonstrei minha inaptidão para qualquer coisa,
exceto para ser sepultado vivo.
Aristóteles sorriu-me e disse: “Meu filho, conhece-te a
ti mesmo.” Aí estava o problema. Eu me conhecia a mim
mesmo; estava destinado ao fundo do pântano.
Platão declarou: “A resposta está na verdade. Busque
simplesmente a verdade.” Mas ele não estava falando da
verdade tangível, uma verdade viva; e a verdade segun­
do ele significava que eu já estava para ser aniquilado.
Zoroastro disse: “Use seu poder da vontade.” Mas eu
já havia usado o meu até ao último ponto e de nada me
havia servido. Eu estava perecendo.
Disse-me um psiquiatra: “Não se sinta culpado. Tudo
o de que você necessita é sair e cometer mais pecado.”
Porém me encontrava escravizado de tal maneira, que
não havia como ir a parte alguma ou fazer qualquer
coisa.
Havia provado Fronteiras Espirituais, Novo Pensa­
mento, Rearmamento Moral, Edgar Cayce, e todos os
outros. Nenhum deles me havia ajudado um mínimo
Como sair do pantanal 33
sequer. Eu me afundava cada vez mais, até encontrar-me
quase completamente perdido.
Não havia religião nem filosofia que eu não houvesse
experimentado. Todas pretendiam ser diferentes, mas
eram todas a mesma coisa, inúteis, deixando-me em
minha miserável, vazia, alheada, enfastiada, vã, hedion­
da condição de cadáver.
Mas então aconteceu que Jesus passou por ali e me
disse: Eu sou o caminho, eu sou o único caminho. Dá-me
apenas tua mão.
Não discuti, apresentando argumentos tais como: “E
que diremos dos outros?” Simplesmente dei-lhe a mão e
ele tomou-a entre as suas. Tirou-me da lama negra e
imunda e colocou-me os pés sobre a rocha inabalável e
me lavou.
Não, não foi exatamente Jesus que materialmente me
tirou da lama nesse dia quando eu era um rapazinho que
quase morreu. Mas, de algum modo, no último minuto,
quando já não agüentava a respiração, porque o próxi­
mo fôlego seria o último, ele enviou dois estranhos
através dos bosques para me tirarem do perigo. Nunca
vim a saber o nome dessas pessoas. Nunca as tinha visto
antes e nunca tornei a vê-las. Mas não ficaria surpreso se
os homens que me tiraram fossem dois anjos enviados
para libertar os eleitos de Deus, porque eu tinha uma
mãe cristã que me havia entregue a Jesus antes de eu
nascer.
No dia em que o conheci pessoalmente, no dia em que
ele me tirou da lama do pecado e me lavou completa­
mente, havia deixado de ser eu o rapaz que andava
explorando o pântano com meu irmão. Já era homem
maduro que embarcava na maior aventura que qualquer
pessoa de qualquer idade pode realizar — começar a
aprender a viver como filho do Rei.
COMO CO M EÇAR D E
NOVO
Quando me pus em pé na sala de visitas de Ed naquela
noite, eu era uma nova criatura em Cristo Jesus. Podia
sentir que assim era. De imediato todo o ódio, toda a
tormenta, toda a amargura e toda a culpa haviam-me
deixado. Os versículos 17 e 18 do capítulo 5 da segunda
carta de Paulo aos Coríntios haviam-se cumprido en­
quanto esperei. “E assim, se alguém está em Cristo, é
nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas.”
Quando descobri o quanto isto era simples, disse:
— Tem de haver algo mais do que isso. Não tenho eu
de fazer algo?
Ed deu uma risada, e disse:
— Claro que existe alguma coisa mais que isto. Esse é
o começo. Você começa primeiro com as primeiras
coisas.
E então mencionou um texto bíblico: “Mas, a todos
quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus.” Depois disse:
— Hill, você agora é apenas um bebê cristão, mas
você o recebeu, de modo que agora você tem o poder de
i
36 Aprenda a viver como um filho do Rei
ser seu fjlho. Vai crescer. Deus começará a operar uma
obra em você.
Novamente ele sorriu quando disse essas palavras,
como se soubesse mais do que eu podia imaginar acerca
das transformações que me estavam reservadas.
Ed estava com a razão. Instantaneamente, de forma
contínua e progressiva, minha vida começou a mudar. A
parte instantânea foi a paz que experimentei em meu
íntimo, tão de repente, em vez do tormento que experi­
mentara por tanto tempo. Se isso fosse tudo o que Jesus
tivesse feito por mim, teria sido mais que maravilhoso.
Era grandioso saber que não teria de continuar lutando
para conseguir uma boa contagem de pontos a fim de
obter as bênçãos de Deus e manter-me nesse estado. Já
podia deixar de apelar para os méritos a fim de compen­
sar as coisas pecaminosas que eu havia feito na vida. Era
maravilhoso não ter de sentir-me culpado nunca mais. O
sangue de Jesus me havia lavado e eu estava mais
branco do que a neve, e sabia disso.
Meu amigo Ed disse que seria bom para mim que eu
fosse à frente a fim de receber a mão de fraternidade da
igreja local, para fazer uma profissão pública de minha
nova fé em Jesus.
Eu estava disposto a isso, mas sempre gostava de
saber o motivo de cada coisa, de modo que lhe consultei:
— Por que devo fazer isso? Como pode esse gesto
afetar-me de alguma forma?
Ed encolheu os ombros e disse:
— Não sei, mas Deus o recomenda, e eu o considero
de grande auxílio.
De modo que fui à sua pequena igreja com ele. E
quando o pastor fez o convite, dizendo que qualquer
pessoa que desejasse ir à frente e fazer pública confissão
de fé, isto é, uma confissão com a boca de que tinha fé
em Jesus em seu coração, fui à frente e o fiz.
Programaram um culto de batismo para mim imediata­
Como começar de novo 37
mente e eu cumpri com todos os requisitos sendo
submerso no batistério. Isto não me causou nenhum mal-
-estar. A Bíblia diz que os cristãos do tempo do Novo
Testamento eram batizados por imersão, isto é o que
significa a palavra baptizo, e se os cristãos do Novo
Testamento o fizeram, isto era suficiente para mim. Além
do mais, eu tinha lido que Jesus foi batizado por João no
rio Jordão, de modo que o batismo parecia uma coisa
conveniente para mim se eu ia seguir a Jesus.
Quando saí da água, sentia-me desiludido, não sentia
coisa alguma, a não ser estar molhado. Pensava que eu
havia feito algo muito transcendental, humilhando-me a
mim mesmo em' uma pequena igreja rural como aquela.
E esperava que caísse uma bola de fogo para marcar o
acontecimento, porém nada disso aconteceu; de qual­
quer maneira, não nesse dia. Ed disse que os sentimentos
viríam depois.
E assim foi, e ainda o experimento.
Eu havia lido a Bíblia como parte de minha educação,
mas ela era um tanto monótona. Eu tinha de esforçar-me
para lê-la, porque me era muito enfadonha. Era este o
livro mais maravilhoso do mundo? Não podia crê-lo.
Mas, na manhã depois que conheci a Jesus pessoalmen­
te, na sala de visitas de Ed, tomei a Bíblia, e quando
havia lido apenas um ou dois versículos, eu estava
curioso por saber quem havia posto novas páginas entre
as capas. Alguém havia alterado minha Bíblia. Ora, ela
me era completamente nova, não tinha nada de enfa­
donho; pelo contrário, era muitíssimo comovente e tão
pessoal como se cada linha tivesse sido escrita exclusiva­
mente para mim.
Por fim compreendí a verdade: a Bíblia não havia sido
escrita de novo; eu é que havia renascido, nascido de
novo pelo Espírito de Deus. Jesus vivia em mim.
Como disse Ed, eu era um bebê no Senhor, com
poder para ser seu filho, mas eu estava na condição de
38 Aprenda a viver como um filho do Rei
recém-nascido, todo sujo. E não jogamos fora os recém-
-nascidos pelo fato de estarem sujos. Nós os lavamos,
alimentamos e ensinamos a viver.
E assim os cristãos mais antigos me aceitaram e
comecei a crescer à medida que Deus me alimentava.
Cada vez mais as coisas velhas passaram e todas se
fizeram novas, e comecei a compreender que todas as
coisas são de Deus, porque ele assim o diz.
COM O PA R A R D E
JO G A R
No começo de minha vida como novo cristão parecia-
-me que eu podia continuar fazendo o que bem enten­
desse, sem ser punido. Deus me dava ampla liberdade.
Mas depois veio um processo de limitação, e as coisas do
mundo se tornaram cada vez menos desejáveis para
mim. Não me propus deixá-las; elas é que me deixavam
à medida que o tempo avançava.
Desde que me lembro, eu havia sido um fanático
jogador de pôquer. Por mais que buscasse, não conse­
guia deixar o vício de jogar. Finalmente, parei de lutar
contra ele e simplesmente disse: “Senhor, se verdadeira­
mente te pertenço por completo, este hábito é teu e não
meu.” Eu não lhe pedia que me ajudasse a ganhar no
jogo, mas o convidava para ir comigo, para sentar-se à
mesa comigo. Eu dizia: “Senhor, se gostas de ver alguém
jogar partidas de pôquer, o privilégio é teu, porque
quando me assento ? mesa, tu te assentas. E se isso é de
teu agrado, ótimo. Vou esquecer tudo o que se passa por
aí.” Em outras palavras, parei de lutar contra meu hábito
de jogar, e comecei a entregá-lo a Deus.
Uma ou duas semanas depois, fui pescar num fim de
40 Aprenda a viver como um filho do Rei
semana com outros amigos, e jogamos várias partidas de
pôquer. Ganhei todas. Não perdia nenhuma partida.
Não importava o que fizesse, eu os batia em cada
rodada.
Normalmente, eu teria ficado contentíssimo. Mas à
medida que o montão de notas crescia diante de mim, eu
me sentia cada vez mais triste. Sabia que aqueles homens
que estavam jogando comigo não podiam dar-se ao luxo
de perder. Eu estava tomando posse do dinheiro de seus
aluguéis, o dinheiro de suas compras de armazém, o
dinheiro de tratamento dentário dos filhos. Mas quando o
indivíduo está jogando pôquer, não desiste por motivos
dessa índole. Tem de persistir nisso. Essa é a regra do
jogo.
Quando esse fim de semana chegou ao seu termo,
sentia-me tão doente pelo que havia feito, que eu disse:
“Senhor, por favor, Senhor, não quero mais jogar
pôquer.” O desejo de jogar abandonou-me. Não tive de
deixá-lo. Não tive de lutar. Ele simplesmente se foi para
sempre.
Deus sempre sabe o que faz, e ele faz tudo para o bem
quando confiamos nele.
7

COM O FA ZER O
DINHEIRO REN D ER
MAIS
No início de minha vida como cristão, pelo fato de ser
um homem de ciência e interessado em obter resultados
máximos, comecei a ler a Bíblia como o “Manual do
Fabncante” . Vi-o como o Originador de todas as coisas,
Deus, o Criador, o Fabricante, falando à triação, seu
produto, gente, dizendo-lhes como usar o que ele havia
feito para eles. E eu disse: “Senhor, vou experimentar
todos os princípios para os quais me chamares a atenção
neste livro. Vou fazer experiências com ele. Tudo o que
funcionar, eu o farei como dizes. Qual será a primeira
coisa a fazer?”
Não há dúvida alguma em minha mente de que Deus
ouviu, uma vez que de imediato defrontei-me diretamen­
te com o maior problema que pode apresentar-se a um
escocês — o dízimo.
Deus disse: Os primeiros dez por cento me pertencem.
Eu disse: “Mas, Senhor, eu mesmo não recebo os
primeiros dez por cento. Tu sabes que nestes dias
descontam do indivíduo uma grande parte de seu
pagamento ao reterem o imposto de renda na fonte,
42 Aprenda a viver como um filho do Rei
previdência social, seguros em grupo e uma série de
coisas mais. Pensei que fosse lógico deduzir todas estas
coisas e depois dar a Deus os primeiros dez por cento do
que restasse. Pensei que isto fosse muita generosidade de
minha parte e que Deus saberia avaliar. Ou se talvez não
fosse do agrado dele, ele não percebería o que eu
procurava fazer.
Eu não conhecia o texto bíblico que diz que tudo está
descoberto aos olhos daquele a quem temos de prestar
contas. E todo esse tempo ele estava olhando para meu
íntimo, vendo todos os meus raciocínios, toda a minha
recusa em concordar.
Depois de haver praticado esse tipo duvidoso de dar o
dízimo por cerca de dez meses, Deus começou a mostrar-
-me que eu não estava confiando nele. Eu tinha uma das
mãos aferrada ao meu bolso para minha segurança, e
tinha a outra na mão de Jesus, e essa era uma posição
um tanto precária.
Certa manhã, quando tentava orar, pareceu-me que
não conseguia estabelecer contacto. Tudo o que podia
ver eram cifrões flutuando no ar. Depois de permanecer
em forma incômoda por tanto tempo quanto pude,
sendo minha carteira a parte mais fraca de minha
anatomia, pensei que ouvia Deus dizer-me: A quem está
você enganando? A quem você está fazendo de bobo?
De certo não é a mim. Não será você mesmo?
Sentia-me tão aliviado de ouvi-lo que lancei um
grande suspiro de desafogo, e disse: “Senhor, de agora
em diante vais receber os primeiros 10%, os 10%
integrais, antes de fazer qualquer outro desconto. Não
compreendo o por quê de teres de receber tudo isto,
porém não é preciso que eu o compreenda. Vou
experimentá-lo confiando em ti.”
Sentia-me satisfeito e pensei que isto seria o fim do
assunto. Deus estava satisfeito, também, não era assim?
Mas não o era; era como se ele tivesse dito algo mais
Como fazer o dinheiro render mais 43
como parte de um assunto por terminar.
£ que diremos acerca de tudo o que me negaste por
cerca de dez meses? Como ficará?
“Bom” , disse eu, enquanto sentia subir-me um nó
pela garganta e ouvia minha voz guinchar como a de um
adolescente, “Bem, Senhor, mas isso significa uma
grande soma de dinheiro” .
Ele não disse que não era. Nessa ocasião ele nada mais
disse. Deixou o assunto em minhas mãos. Porém, eu não
podia deixar de perguntar-me: “Bem, e que dizer disso?
E que dizer daquilo?”
Finalmente, fiz-lhe uma proposta: “Senhor, sabes o
que vou fazer? Embora eu não tenha o dinheiro, quando
o tiver vou pagá-los.” Isso completou a transação. Deus
aceitou minha palavra. Ele estava satisfeito, e eu tam­
bém. A realização deste negócio era só incidental, agora
que eu havia tomado a decisão.
Duas semanas mais tarde, recebi um cheque referente
a uma bonificação completamente inesperada, e corres­
pondente a duas vezes maior que aquela que eu devia a
Deus. A metade para mim e a metade para ele, como
para demonstrar-me que se eu fosse mesquinho, ele não
o era.
Eu estava começando a experimentar a verdade do
texto de Malaquias 3:10: “Trazei todos os dízimos à casa
do tesouro . . . e provai-me nisto, diz o Senhor dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós bênção sem medida.”
Na realidade, seu cheque é o recebimento pela parte
de sua vida que você entrega a seu patrão ou emprega­
dor. Quando o recebe e o guarda para si está asfixiando
sua própria vida. Guardar o dinheiro para si mesmo é
sinal de que não entregou sua vida a Jesus, mas ao
desatá-la na terra, está desatada no céu, e isso abre as
comportas para que Deus derrame uma bênção tão
grande que você não terá espaço suficiente para recebê-
-la.
44 Aprenda a viver como um filho do Rei
, Quando Deus diz: Provai-me. Fazei-me provar o que
estou dizendo, ele sempre nos está convidando, não a
sacrificar, mas a sermos obedientes, de modo que possa
abençoar-nos com abundância.
De quando em quando, alguém me diz: “Quando
você fala de dar o dízimo, está procurando colocar-nos
outra vez sob a lei.” Eu pensava a mesma coisa antes, e
quando o pregador dizia: “S e der o dízimo, toda a sua
vida será beneficiada” , eu dizia com os meus botões:
“Ah, ah, ah, já está mendigando dinheiro.” Eu não ia
desperdiçar 10% de meus rendimentos. Mas agora sei
que Deus deseja que demos o dízimo, para nosso
benefício. E mais bem-aventurado, mais benéfico, mais
ditoso dar que receber. A lei é nosso servo quando
nascemos de novo como filhos do Rei, e como filhos do
Rei vivemos.
Deus estabeleceu o princípio do dízimo dando a ele os
primeiros 10% com o fim de livrar-nos da escravidão de
nós mesmos. É a maior bênção que podería ocorrer a um
escocês como eu. Nos velhos tempos, quando eu ia à
igreja duas vezes por ano, necessitasse ou não, no Natal e
no domingo de Ressurreição, quando colocava um dólar
na salva de coletas, podia sentir que as entranhas me
dilaceravam. E era preciso ver as falsidades que eu
incluía em minha declaração de impostos, na qual
apareciam meus generosos donativos à igreja. É extraor­
dinário que não descobrissem minhas falcatruas. Agora,
revisam minhas contas quase todos os anos e apresento
os recibos e òs cheques cancelados para comprovar
minhas contribuições. Que maravilhosa oportunidade
tenho com os funcionários do imposto de renda para
falar-lhes acerca de Jesus todos os anos! Eles têm a
oportunidade de ouvir estas coisas porque me fazem
perguntas, e sempre termino por perguntar-lhes:
— Cavalheiro, já considerou a possibilidade de aceitar
a Jesus como seu Salvador?
Como fazer o dinheiro render mais 45
Que alívio senti ao abrir minha carteira e dizer:
“Senhor, é toda tua. Qual a parte dela desejas que eu
coloque, e onde?” É tudo dele. Sou apenas um canal
para que flua, um administrador. Nem um centavo é
realmente meu. O Senhor permite que essa parte dela
que eu necessite me chegue às mãos e meus desejos e
necessidades cada dia se aproximam mais entre si
porque tudo está nas mãos de Jesus, meu Senhor e
Mestre.
Ouvi R. G. LeTorneau falar sobre este assunto, há
alguns anos, em um retiro de homens de empresa no
Wheaton College. Disse-nos ele que se não dava 90% de
suas rendas, ele se veria afogado pelas notas. E eu disse:
“Eu gostaria de viver afogado desta maneira. Como sou
escocês, sou assim. E se para ele é assim, também o é
para mim.” Na atualidade, não posso dar-me ao luxo de
dar o dízimo, dar duas vezes, triplicá-lo, porque os 8
décimos ou sete décimos vão muito mais longe do que os
dez décimos poderíam ir, de modo que não há termo de
comparação.
Um pouco depois que comecei a fazê-lo como Deus
ordena, certa noite um homem me telefonou e disse:
— Podería passar por aí e conversar com o senhor
sobre como economizar dinheiro em sua hipoteca?
— Não, não estou interessado — disse-lhe eu.
— Quer o senhor dizer-me que não deseja economizar
dinheiro?
— Qual é o escocês que não o deseja? Mas sucede que
não tenho nenhuma hipoteca — respondi-lhe.
Ele pensou que eu não sabia o que significava a
palavra “hipoteca” , de modo que formulou a pergunta
em outros termos:
— Quanto dinheiro o senhor deve pela sua casa?
— Compreendí o que o senhor me disse na primeira
vez, porque venho pagando toda a minha vida desde
que sou adulto, desde que me casei e adquiri uma casa.
46 Aprenda a viver como um filho do Rei
Mas agora não tenho hipoteca. Em realidade, não devo
um centavo a ninguém.
Ele reagiu como se não acreditasse no que eu dizia, e
acrescentou:
— Sabia o senhor que somente uma de cada oitocen-
tas pessoas que possuem casa não tem hipoteca?
— Bem, se é isso que o senhor me diz, creio. Esse é
seu ramo. Mas eu sou uma delas.
— Bem — disse ele — como o explica?
Ele havia feito um pergunta. Merecia receber a respos­
ta. Então lhe disse:
— Agradeço-lhe que me tenha feito a pergunta. Tudo
quanto fiz foi começar a viver como Deus manda e a
viver para ele e colocã-lo em primeiro lugar, e comecei a
dar dízimos e ofertas, e não devo nem um centavo do
preço de nossa casa. Nem de nenhuma outra coisa que
temos. Esta é a razão de assim ser.
Então ele disse:
— Oh — e pendurou o fone. Senti pena por ele.
Os filhos do Rei podem dar abundantemente porque
recebem em abundância quando vivem como Deus
manda. Se você se coloca em uma posição onde pode
receber a bondade de Deus, não tem de ficar com a
segunda oportunidade. Pode libertar-se. Pode viver
como um filho do Rei se observar as instruções do
“Manual do Fabricante”.
8

COM O LIV R A R -SE D E


D O R ES NAS C O STA S
Logo que me convertí, vivia com uma constante dor
por causa de um disco da coluna vertebral que se havia
desintegrado. As radiografias revelavam que se havia
verificado uma total pulverização, uma destruição total e
o disco se desfizera. As vértebras estavam desgastando-
-se uma contra a outra, comprimindo os nervos, e
minhas pernas estavam adormecidas e me davam a
sensação de alfinetadas. O médico me havia dito que se
eu não fosse operado, em dois anos estaria paralítico da
cintura para baixo. Eu desejava estar livre das insuportá­
veis dores, mas não me atraía a idéia de ser operado, de
modo que continuei adiando e adiando a operação.
Foi então que topei com a promessa de Deus em
Marcos 16:17, 18: “Eâtes sinais hão de acompanhar
aqueles que crêem: em meu nome expelirão domônios;
falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se
alguma coisa mortífera bebérem, não lhes fará mal; se
impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão
curados.” Sendo cristão novo, eu era muito ingênuo
para duvidar, e assim consultei todas as pessoas religiosas
de Baltimore acerca do poder de Deus para curar.
48 Aprenda a viver como um filho do Rei
Desejava encontrar alguém que quisesse pôr as mãos
sobre mim, de modo que eu fosse curado, assim como o
diz a Bíblia.
Mas todos me ignoraram. Diziam-me:
— Bem, Hill, você sabe que isto terminou quando os
discípulos morreram. Deus não faz esse tipo de obras
agora. Para isso temos médicos e remédios.
— Está tentando dizer-me que o poder de Deus se
esgotou quando Pedro morreu? — perguntava-lhes.
Bem, isto é o que diziam eles, mas não era o que dizia
minha Bíblia. Ela afirmava que Jesus é o mesmo ontem,
e hoje e o será pelos séculos, não que ele podia curar as
pessoas há dois mil anos, mas que ele se havia aborreci­
do disto ou que se havia aposentado justamente agora
que eu necessitava dele.
De modo que fui falar com o Senhor a esse respeito.
Orei: “Senhor, se ainda é certo, mostra-me teu caminho,
por favor. E se não é certo, apaga toda referência ao
direito de ser curado conforme consta do Livro, ou
manda-me um telegrama do céu dizendo que isto já não
vigora. Tu o disseste, e eu o creio, porém, onde se
encontra?”
Não muito tempo depois, Deus trouxe a Baltimore um
evangelista que pregava a cura. Entrei na fila dos que
desejavam ser curados na grande tenda do evangelista;
ele me pôs as mãos sobre a cabeça e disse: “S ê curado
em nome de Jesus Cristo”, e recebi uma nova espinha
dorsal, ali mesmo, enquanto esperava. Como resultado,
eu tinha licença para crer tudo acerca das curas que
apareciam no Manual do Fabricante, não porque alguém
de algum seminário dissesse que era verdade ou não,
mas porque eu tinha prova viva em minhas costas, um
novo disco da terceira vértebra lombar.
Esse evangelista era Oral Roberts.
Quando voltei à minha igreja curado depois que meu
pastor havia garantido que estas coisas já não aconte­
Como liurar-se de dores nas costas 49
ciam, sua teologia se viu algo confusa. Porém minhas
costas estavam confortáveis. E me teriam eliminado do
rol de membros se não fora pelo fato de eu dar o dízimo
e não podiam dar-se ao luxo de perdê-lo.
Durante anos levei a confirmação de minha cura nas
costas, mas faz pouco tempo que o Senhor dispôs que eu
recebesse confirmação médica. Não estava doente e não
tinha nenhuma razão para consultar o médico, mas o
Senhor me impulsionou de modo irresistível a marcar
uma consulta para um exame clínico. Sabendo que a
obediência é melhor que o sacrifício, e que o General
estava enviando a seu soldado, eu disse: “Sim, Senhor”,
e consegui a consulta. .
O médico fez as perguntas preliminares pertinentes, e
afinal disse:
— Teve alguma vez uma afecção física de natureza
séria?
— Sim, tive a desintegração de um disco de minha
coluna.
— Quem foi seu médico? Quem fez o diagnóstico?
Citei-lhe o nome do médico, e ele disse:
— Ah, sim. Ainda exerce a medicina no centro de
Baltimore. Ele o operou?
— Não.
— Quem a realizou?
— Jesus.
O médico olhou-me como se pensasse que não havia
ouvido bem.
— Jesus foi o cirurgião — disse-lhe eu.
O médico deixou os papéis e o lápis sobre a mesa.
— Conte-me a respeito dessa operação.
Nunca havia visto alguém com tanta sede de ouvir
falar de Jesus quanto esse médico. Terminado meu
relato, ele disse:
— Essa é a história mais maravilhosa que já ouvi.
Desejo ouvir disso mais adiante.
50 Aprenda a viver como um filho do Rei
Então voltamos às perguntas.
— Teve alguma enfermidade incurável?
— Sim, fui alcoólatra.
— Fale-me desse problema.
Ufa! Não se cansava de ouvir-me contar. Quando
terminei de narrar-lhe toda a história, o médico disse:
— Essa é a coisa mais maravilhosa que ouvi.
Foi então que percebi que me encontrava naquele
consultório por disposição divina, não porque eu necessi­
tasse de alguma ajuda médica, mas para falar a ele a
respeito de Jesus. Ele parecia considerar o assunto
oportuno, e me pediu que lhe falasse mais a respeito da
cura de meu disco desintegrado,
— Tirou alguma radiografia desde que se curou?
— Não, senhor. Paguei todo o dinheiro que pensei
gastar com radiografias. Tenho a cura. Não necessito
mais de radiografias.
Ele disse:
— Sabe? desejo ver como está isso atualmente. O
custo será coberto pela previdência social.
— Quer dizer-me que a previdência pagará as radio­
grafias para corroborar o poder curador de Jesus? Então
estou disposto a fazê-lo. Se o governo vai ajudar-me a
gloriar-me em Jesus, eu o farei.
De modo que me deu uma requisição e disse:
— Apresente-se a este laboratório e diga-lhes que eu o
envio. Diga-lhes que procurem localizar um disco danifi­
cado ou desintegrado na região lombar.
Bem, fui ao radiologista e me puseram sob a câmara e
tiraram três chapas, de três ângulos diferentes. Disseram-
-me:
— Espere agora até que revelemos e estejamos
seguros de que não se mexeu e as chapas saíram
tremidas.
Esperei. Quando a técnica voltou, disse-me:
— Ponha-se sob a câmara outra vez.
Como livrar-se de dores nas costas 51
Coloquei-me. Tiraram mais três chapas. Ela me disse:
— Espere agora.
Colocaram-me sob essa câmara quatro vezes nesse
dia. Tiraram doze chapas, e ainda não localizaram
nenhum disco danificado. Deus o curou.
Marcos 16:17 é tão verdadeiro hoje como sempre o
foi.
9

COM O FALH AR EM DAR


TESTEM UNHO
Ao ver que o “Manual do Fabricante” sabia do que
estava falando em cada assunto que eu havia considera­
do, comecei a ler a Bíblia cada vez com maior interesse.
Certo dia, topei com uma passagem interessante no
primeiro capítulo do livro de Atos, que dizia: “E, [Jesus]
comendo com eles, determinou-lhes que não se ausen­
tassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do
Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes.”
Qual era a promessa? A Bíblia continua explicando:
“João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes
dias.”
“Batizados com o Espírito Santo?” Que significava
isso? Eu nunca tinha ouvido nada acerca desse assunto
na igreja batista, porém sabia que eu tinha alguma
relação com o Espírito Santo, porque em 1 Coríntios
12:3 diz que: “ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão
pelo Espírito Santo.” E eu havia aceitado a Jesus como
meu Senhor.
Sabia que tinha sido batizado em água na igreja
porque me haviam submergido no tanque de imersão ali.
54 Aprenda a viver como um filho do Rei
Mas, que assunto era este de batismo no Espírito Santo?
A igreja batista não parecia ter coisa alguma para dizer
sobre a questão. E quando perguntei a Ed a respeito
disto, ele me respondeu:
— Nunca ouvi falar disso.
Assim sendo, releguei minha pergunta por algum
tempo, deixando-a cozinhar em fogo lento nalgum
recanto de minha mente.
Sentia-me satisfeito de que fosse como fosse, eu tinha
minha habitação reservada no além e iria morar nela
num desses dias. Jesus havia pago todo o preço, e já que
eu havia respondido sim a ele, jamais ele me rejeitaria. Se
ele nunca havia perdido nenhum daqueles que o Pai
confiara às suas mãos, excetuando-se aquele que tinha
de perder-se, ele não podia perder a mim tampouco.
Eu estava suficientemente seguro, mas continuava
tendo a impressão, pela leitura da Bíblia e pelo que ouvia
na igreja batista, de que se supunha que eu devia falar a
outros acerca de Jesus, de modo que eu pudesse levar
alguns deles comigo quando fosse para o céu. Procurei
falar a outros a fespeito de Cristo, mas não conseguia
fazê-lo. Sentia a língua presa e não podia falar diante de
um grupo, por menor que fosse este.
Inscrevi-me num curso de seminário para aprender a
dar testemunho, em uma das igrejas de Baltimore. Mas
isto não adiantou nada, e depois de algumas aulas
mecanizadas, joguei os livros de texto na cesta de papéis
e disse: “Senhor, tem de haver um método melhor para
dar testemunho, do que o plano de seis pontos da igreja
batista para tocar campainhas nas portas das casas.”
Toda vez que fazia soar a campainha de uma casa, eu
orava para que não houvesse ninguém lá dentro. Era
uma conquista de almas em sentido reverso. Eu morria
de susto.
Os que vinham atender à porta naquelas sombrias
tardes ,de domingo, geralmente estavam com cara de
Como falhar em dar testemunho 55
poucos amigos, e me olhavam irados, perguntando:
— Que é que o senhor quer?
Eu devia exibir o melhor sorriso de domingo e dizer
com todó o entusiasmo que pudesse reunir:
— Sou Harold Hill, e pertenço à igreja batista.
As pessoas me olhavam como a dizer-me: “Ora, que
culpa tenho por isso? Não quero saber do senhor. Pode
retirar-se.”
Eu me sentia desgostoso comigo mesmo, assim como
essas pessoas, e me desculpava por havê-las molestado,
e me retirava de cabeça baixa. Eu me apresentava à
igreja e dizia:
— Tentei fazê-lo, mas não é possível. Não tenho
nenhum poder para testificar.
E quando lhes perguntei acerca do versículo oito do
primeiro capítulo de Atos, onde Jesus prometeu que
receberiamos poder para testificar quando o Espírito
viesse sobre nós, eles me garantiram que somente havia
uma medida do Espírito Santo à disposição dos cristãos
em nossos dias, e essa foi a que recebi na sala de vistas
de Ed, na noite em que me convertí e fui salvo. Essa era
toda a que havería de receber, disseram eles, e se
retiraram meneando a cabeça ante minha estupidez, e
pensando em qual a razão do fato de eu estar tão curioso
acerca de algo na Palavra de Deus, que eles nunca
haviam notado.
Porém minha curiosidade aumentara, e por causa de
meu estado deplorável ao tratar de testificar, investiguei a
fundo nas Escrituras, assim como o havia feito quando os
membros da igreja me disseram que não havia tal coisa
como Deus curar alguém no século vinte.
Não somente li a Bíblia a respeito deste batismo, que
se supunha havia de dar-me poder para testemunhar;
dobrei os joelhos em oração e de imediato o que havia
estado num recanto da mente, passou a ocupar um lugar
de importância.
10

COMO CO N H ECER A
VERD AD E A C ERC A D E
BA TISM O S
Realizo meu estudo bíblico sistematicamente e com
oração; assim, li em 1 Coríntios 12:13: “Pois, em um só
Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo.”
Estava certo de que esse texto falava acerca da salvação,
do batismo do ou pelo Espírito Santo, quando ele nos
batiza como membros do corpo de Cristo. Com este
batismo, todos nós nos tornamos membros de seu
Corpo, quer judeus quer gregos, gentios, pagãos, seja lá
quem for. A todos nós foi dado beber de um só Espírito.
Nascemos de novo e fomos feitos membros do corpo de
Cristo mediante este batismo pelo Espírito Santo. O
Espírito Santo realiza o batismo. Somos os candidatos, e
o Corpo de Jesus é o elemento que se torna nossa
habitação. Esse é o primeiro batismo, aquele que experi­
mentei na casa de meu amigo Ed.
Em meu segundo batismo, o pastor da igreja batista
oficiou ao imergir-me no tanque de batismo. Ele explicou
que este batismo em água não causaria a minha salva­
ção; eu fui salvo quando cri em meu coração e com a
boca confessei que Jesus era Senhor. O batismo em água
58 Aprenda a viver como um filho do Rei
era um testemunho perante o mundo de que eu era um
cristão nascido de novo.
Enquanto meditava nisto, percebi que algo me havia
acontecido quando fui batizado em água. Penso que
tinha algo que ver com afogar minha arrogância e
orgulho. Eu era um homem de um metro e oitenta e sete
centímentros de altura e estava nas mãos de um pastor
que teria pouco mais de um metro e meio de altura; isso
exigia certa dose de humildade de minha parte. Em
realidade, eu devia estar com a cabeça fora de lugar para
fazer isso, e o procrastinador espírito de rebeldia que
havia em mim precisava ser amarrado, derrotado e ser
posto fora de combate. Toda vez que eu cedia, que me
rendia, que me sujeitava a qualquer outra pessoa,
especialmente quando não era de minha vontade fazê-lo,
eu criava oportunidade para que o espírito de rebelião
em mim existente morresse um bocadinho. Nossa sub­
missão a outrem é um maravilhoso princípio, e descobri
que na prática essa atitude é altamente benéfica.
Ao ler a Bíblia acerca do batismo em água, topei com
um texto no segundo capítulo de Colossenses que
merecia detida consideração. A Amplified Version (Ver­
são Amplificada) do Novo Testamento torna o texto
muito claro: “Nele também fostes circuncidados com
uma circuncisão não feita por mãos, porém numa
circuncisão espiritual realizada por Cristo mediante des-
pojamento do corpo da carne, a natureza carnal toda
corrupta com suas paixões e concupiscêricias. Portanto,
fostes circuncidados quando fostes sepultados com ele
em vosso batismo . . . ”
Esse texto de Colossenses dizia com clareza que
enquanto eu era batizado em água, Jesus me despojava
de minha velha natureza pecaminosa. Se isso fosse
verdade — e eu acreditava que era — meu batismo em
água significava muito mais do que um mero testemunho
perante o mundo de que eu havia nascido de novo. O
Como conhecer a verdade acerca de batismos 59
tempo e o lugar de meu batismo em água foram o tempo
e o lugar verdadeiros quando Jesus realizou uma obra
importante em mim.
Meu raciocínio era que se esses dois primeiros batis­
mos tinham tanta importância, o terceiro batismo devia
ser importante também, pois do contrário Jesus não o
teria feito assunto de suas últimas palavras aos discípulos
antes de ele ascender ao céu.
O terceiro batismo, segundo a Bíblia, era o batismo de
Jesus, o batismo que ele próprio realizaria, batizando-nos
no Espírito Santo. Verifiquei que era mencionado nos
quatro evangelhos e era a primeira coisa, logo no início
do livro de Atos. Os textos nos três primeiros evangelhos
eram idênticos entre si:
“Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”
(Mateus 3:11; Marcos 1:8; Lucas 3:16).
E João disse: “Aquele sobre quem vires descer e
pousar o Espírito Santo, esse [esse é Jesus] é o que vos
batiza com o Espírito Santo” (João 1:33).
Em Atos 1:5, pouco antes de ir para o céu, Jesus disse:
“Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias. . . . mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e
até aos confins da terra.”
Este era o batismo do qual minha igreja nunca tinha
ouvido falar, ou não cria que existisse, ou pensava que
não era para nossos dias, porém eu sabia que precisava
dele para ser testemunha.
Coloquei minha Bíblia na cama, ajoelhei-me e disse:
“Senhor, se esses textos bíblicos não são para hoje,
envia-me do céu um telegrama. Dize-me para rasgã-los
da Bíblia e eu o farei. Mas enquanto não o fizeres, ali eles
ficam, e vou descobrir como fazê-los funcionar, porque
desejo receber o poder de ser tua testemunha, e sei que é
isso que desejas de mim.”
60 Aprenda a viver como um filho do Rei
Depois de orar, lembrei-me de que na reunião de Oral
Roberts onde fui curado de meu problema nas costas,
ouvira falar de um local chamado Fundação Koinonia.
Era a sede do C. F. O., em Pikesville, Maryland, e não
ficava longe de onde eu morava. De modo que, algumas
semanas depois, num domingo à tarde, fui até lã para
saber que negócio era aquele de Fundação Koinonia.
Pensei que ia por mera curiosidade, mas realmente era o
Espírito do Senhor que me guiava.
11

COM O S E R BATIZADO
NO ESPÍR IT O SANTO
A maior parte do pessoal estava fora realizando
trabalhos nesse dia. Mas havia um jovem de plantão,
chamado Jim, e ele dispunha de tempo para atender-me.
Disse-lhe que eu estava faminto do poder de ser
testemunha, faminto de falar acerca de Jesus com outras
pessoas. Contei-lhe que eu havia saído do mundo das
trevas, do mundo da alta administração, do mundo da
indústria, onde todos nos brindávamos com bebidas até
à morte se tivéssemos sorte bastante de morrer antes de
desintegrar-nos por um ataque cardíaco ou por um
colapso nervoso. Eu havia encontrado Jesus, portanto
tinha uma resposta para meus colegas no mundo dos
negócios, e ansiava por falar-lhes sobre o assunto, mas
simplesmente não podia. Não podia contar-lhes a respei­
to de Jesus. Eu estava simplesmente entalado, com a
língua presa. Não tinha liberdade de comunicar-lhes
Jesus. Em realidade, eu sentia um sério bloqueio em
minha capacidade de comunicar qualquer coisa, e isso
desde quando eu era bem jovem. Na faculdade, não era
capaz de pôr-me em pé e recitar. Por isso eu tirava notas
baixas em minha participação nas atividades da classe;
62 Aprenda a viver como um filho do Rei
embora eu soubesse as respostas, não era capaz de
transmiti-las.
De modo que nesse dia Jim me falou do poder do
Espírito Santò para comunicar o amor de Deus aos
outros, e nos assentamos ali fora, no pátio de trás, e ele
me explicou o significado dos versículos que eu tinha lido
no Novo Testamento.
Contou-me como faltava esse poder na igreja de
Efeso, e Paulo foi lá para descobrir o motivo. “Recebes­
tes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?”
perguntou-lhes. E lhe disseram que nem mesmo tinham
ouvido jamais de tal coisa. Então Paulo impôs as mãos
sobre eles, e receberam o Espírito Santo.
Eu sabia que ele falava de algo de que eu precisava,
porque o Espírito dentro de mim confirmava o testemu­
nho daquele jovem.
Depois de haver-me explicado as Escrituras, Jim disse:
— Gostada que eu orasse a seu favor, para que o
senhor receba de Jesus este batismo no Espírito Santo?
O senhor é candidato a esse batismo?
— Sou candidato a qualquer coisa que Jesus tenha
para oferecer-me — respondí.
E ele fez-me mais uma pergunta:
— 0 senhor quer tudo quanto Deus tem para o
senhor, segundo as condições dele?
— Certamente que sim — disse-lhe.
Ele chegou perto de minha cadeira e colocou as mãos
sobre minha cabeça. E fez uma oração simples: “Senhor,
batiza o Haroldo em teu Espírito Santo. Assume o
comando de sua vida. Faze-o uma testemunha. Encarre­
ga-te por completo de seus negócios. E, Senhor, se ele
não estiver seguro de que deseja que faças isto, faze-o
assim mesmo. Agora, Senhor, dou-te graças por batiza­
res meu irmão em teu Espírito Santo, concedendo-lhe
todos os dons de que ele necessita para servir-te.
Amém.”
Como ser batizado no Espírito Santo 63
Então, enquanto ainda conservava as mãos sobre
minha cabeça, começou a orar numa língua que me era
estranha. Eu não sabia que língua era; sabia apenas que
não era sua língua materna. Ele era de Lumberton, na
Carolina do Norte, e suspeitei que não devia ser versado
em muitas línguas estrangeiras, mas esta — qualquer que
fosse ela — tinha um belo som.
Esse foi o fim. Esperei que acontecesse algo — que eu
sentisse uma onda a percorrer-me o ser, que sinos
tocassem, que ouvisse música angelical, que pousasse
fogo sobre minha cabeça; nada, porém, aconteceu, tanto
quanto me lembro, exceto que tive uma sensação geral
de liberdade, de paz como antes não havia sentido.
— Em realidade, não sinto nada diferente — disse a
Jim.
— Espere um minuto. 0 senhor foi salvo porque sentiu
alguma coisa? Ou porque creu na Palavra de Deus?
Ocorre a mesma coisa com qualquer dom que Deus tem
para seu povo. O senhor recebe mediante a fé; então vai
e atua como quem a tem, e descobrirá que a possui —
disse-me ele,
Acreditei em suas palavras, e disse: “Graças te dou,
Jesus, por me batizares em teu Espírito Santo.”
Jim aconselhou-me a voltar para casa, ler a Bíblia e
louvar a Deus. “Não. cesse de louvá-lo” , disse-me.
No percurso para casa, tive um estranho sentido de
antecipação de que algo estava por acontecer. Deitei-me,
e durante a noite algo aconteceu. Não entrarei em
pormenores, porque o leitor podería buscar uma expe­
riência exatamente igual à minha. E Deus já preparou
uma para você.
Seja como for, quando despertei, pensei que estivera
sonhando. “Foi realmente um sonho”, pensei. Mas
depois vi que não foi sonho, porque Atos 1:8 era real —
ainda constava de minha Bíblia. E o poder veio sobre
mim. Eu o sentia em mim, como fortes ondas de
64 Aprenda a viver como um filho do Rei
eletricidade, como ondas de energia celeste. E era
exatamente isso. Minha língua soltou-se. Comecei a
louvar a Jesus. Podia dizer: “Louvado seja Jesus.
Obrigado, Jesus, por minha salvação. Agradeço-te, J e ­
sus, Jesus, a vida eterna. Graças te dou, Jesus, pelo que
és. Aleluia!”
E no mesmo instante eu podia dizer que havia algo
mais, diferente também. Outrora eu tinha orado, confes­
sando que não sentia amor algum por outras pessoas e
pedia a Jesus que me permitisse conhecer seu amor a
elas, que deixasse que esse amor fluísse por meu
intermédio. Quando me levantei naquela manhã, sentin­
do o amor de Deus sobre mim, senti seu amor também
— seu amor a todos. Era como amor líquido, derraman­
do sobre mim, e eu amava a todos que me passavam
pelo pensamento, amava-os com o amor do próprio
Deus.
Mal eu podia tocar o chão naquele dia. O poder e o
amor se tornaram de tal modo intensos, que eu disse:
“Senhor, podes baixar um bocadinho, não demais,
apenas o suficiente de sorte que eu possa permanecer
aqui na terra e descobrir o que está acontecendo?”
Eu sabia qué tinha recebido o batismo no Espírito
Santo, e dificilmente podia esperar para ver se o poder
que eu sentia em realidade iria funcionar quando eu
tentasse dar testemunho.
COM O TESTEMUNHAR
COM EFICÁ CIA
Poucos dias depois de meu batismo no Espírito Santo
Deus enviou-me o pior pagão que já conheci. Fazia anos
que eu o conhecia, e ele costumava revoltar-se quando
se mencionava o nome de Jesus. Naquele dia ele me
olhou de alto a baixo e disse:
— Você está diferente.
— Estou? — perguntei-lhe. Eu sabia que estava
diferente, mas não sabia em que medida essa diferença
se refletia em meu exterior.
— Está. Que foi que lhe aconteceu? — perguntou.
Em meu íntimo o Espírito me disse: Fale-lhe acerca de
Jesus.
O velho capeta sussurrava-me ao ouvido: “Sim, fale-
-lhe, e ele lhe arrebentará o nariz tão depressa . . .” Em
realidade pensei que ele o faria, mas o Espírito Santo me
havia dotado de poder, e não havia como não falar-lhe a
respeito de Jesus. Comecei com palavras simples,
contando exatamente o que me havia acontecido, e ali
estava o homem, absorvendo o que eu dizia, arregalando
cada vez mais os olhos. Ele estava literalmente pqsmado
pelo poder de Deus.
66 Aprenda a viver como um filho do Rei
Depois de havermos conversado durante uns cinco ou
dez minutos, ele disse:
— Que tenho de fazer para salvar-me? — e quase
desmaiei.
Em resumo: ele foi salvo. Seu nome é Blair Reed. Ele
abandonqu seu negócio de empreiteiro e se foi para a
Carolina do Norte onde durante quinze anos, mais ou
menos, dirige um lar para alcoólatras, a Casa de Oração.
Ele é um grande discípulo de Jesus Cristo, e tem levado
milhares ao Senhor. Blair foi salvo quando o poder do
Espírito me transformou em testemunha.
Antes de conhecer a Jesus como meu Batizador no
Espírito Santo, meu testemunho não dava ao Senhor a
oportunidade de interferir a meu favor, de selecionar e
preparar o coração daqueles aos quais eu devia falar
sobre ele. Não é de admirar que eu fosse um fracasso tão
grande, navegando com o emprego de minhas fracas
forças, pensando que eu conquistaria alguém para ele. A
única coisa que eu conseguia era afastá-los, vez após vez.
Contudo, depois de meu batismo entendi que eu não
podia salvar ninguém, que a salvação é obra de Jesus, e
que ele abriría as portas onde quisesse meu testemunho.
Aprendi a aguardar uma pergunta, a esperar que a porta
se abrisse. E então sabia que ele me apoiava. O texto
bíblico que ele me deu foi: “Eis que eu vos envio como
ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes
como as serpentes e símplices como as pombas.” Logo
descobri que isso funcionava, na medida em que eu
dependesse dele para realizar seu propósito, não tentan­
do fazê-lo por mim mesmo.
Certa noite eu cruzava o oceano em direção da
Inglaterra para uma viagem de negócios, e próximos de
mim estavam um homem e sua esposa. Ela estava no
centro e ele na poltrona do corredor, um tanto alto
depois de haver ingerido uns oito ou dez drinques.
Eu estava ali assentado aguardando a pergunta; uma
Como testemunhar com eficácia 67
hora, duas horas, e devíamos chegar a Londres às cinco
horas da manhã. Por volta das três horas da madrugada,
a mulher virou-se para mim e disse:
— O senhor não bebe nem fuma, pois não?
Respondi-lhe que não.
— Por quê?
O tempo- era curto para explicar tudo, mas comecei a
falar-lhe acerca de Jesus.
— Gostaria de conhecer a Jesus tão bem quanto o
senhor — disse ela.
— A senhora o pode agora mesmo — respondi-lhe.
Nesse instante passou um garçom e quase despejou
uma bandeja de bebida sobre nós. Tivemos de limpar e
enxugar nossas roupas, e com isso nossa conversa foi
interrompida. A mulher disse:
— Bem, realmente o momento não é propício, mas
quando chegar ao hotel vou pedir a Jesus que assuma o
comando de minha vida.
Aconteceu que nos hospedamos no mesmo hotel, e
quando a vi no dia seguinte, ela estava radiante com a
glória de Deus.
Certo dia bateu à minha porta um Testemunha de
Jeová, e sob o poder do Espírito Santo dei-lhe as boas-
-vindas e convidei-o a entrar. S e fosse por mim, eu não
queria saber de conversa alguma com ele. Minha mente
humana dizia: “Esse sujeito é um maluco.”
Mas o Espírito dizia: Peça-lhe que entre. Será que não
posso salvá-lo?
Então eu disse: “Senhor, acho que podes. Tu me
salvaste.”
Em realidade eu não havia considerado que os
Testemunhas de Jeová fossem candidatos à salvação.
Em minha cabeça eu havia elaborado uma espécie de
doutrina segundo a qual esse grupo estava fora dos
limites.
— Entre — disse-lhe. — Alegro-me de conhecê-lo.
68 Aprenda a viver como um filho do Rei
Era Jesus que se alegrava de conhecê-lo, não eu. Ele
entrou, assentou-se, e eu lhe disse:
' — Você é um dos muitos que têm batido à minha
porta recentemente.
— Sim — disse ele. — Achamos que o tempo é curto,
e nos esforçamos o mais que podemos para fazer
convertidos.
— Que é isso que você traz na mão? Uma nova Bíblia?
— Não, é um manual de nossa fé — respondeu.
— Posso dar uma olhada nele?
Ele parecia contente de que eu estivesse interessado o
bastante para examinar seu manual. O Senhor é que
estava orientando; por mim, eu nunca teria feito isso. Eu
teria dito: “Livre-se do vagabundo o mais depressa
possível. Eu sou superior.” Mas o Senhor me trouxe à
lembrança que eu fui trazido da posição de um vagabun­
do de sarjeta pela graça de Jesus, e se ele pôde tirar-me
da sujeira deste mundo, podería fazer a mesma coisa por
este rapaz. Comecei a folhear o livro e verifiquei que
Jesus Cristo era um profeta, um bom mestre, e que
estava morto como qualquer outra pessoa. Bem, isso
estabelecia sua doutrina — ele não tinha um Salvador
Vivo. Sendo assim, disse-lhe:
— Onde você vai passar a eternidade?
— Provavelmente no inferno.
— Nesse caso, por que se esforça tanto para levar
outros com você?
Realmente ele não havia pensado nisso. Nem eu. Era
o Espírito Santo que começava a trabalhar.
— Quantos de seu grupo vão para o céu? —
perguntei-lhe.
— Somente cento e quarenta e quatro mil, e a quota já
está completa.
Pude dizer-lhe que ele não estava devidamente infor­
mado sobre á doutrina da Torre de Vigia, de sorte que fiz
valer minha vantagem.
Como testemunhar com eficácia 69
— Sendo assim — perguntei-lhe — , por que deseja
arrastar-me para onde você vai?
— Bem, foi assim que nos ensinaram — respondeu.
A seguir abri o manual sob o título da cura. Ali estava,
preto no branco, que Deus curava de modo sobrenatu­
ral, mas hoje já não o faz, desde que os médicos e os
remédios entraram em cena. Então eu disse ao rapaz:
— Jovem, aqui está escrito que Deus já não efetua
curas.
— É verdade — disse ele.
— Este livro foi escrito por autoridades de sua
denominação? — perguntei-lhe.
— Sim, foi — respondeu.
— Suas autoridades o conferiram, reconferiram, e
leram as provas tipográficas?
— Fizeram-no com todo o cuidado — assegurou-me o
jovem. — O livro é inteiramente autêntico.
— Nesse caso é melhor que vocês mandem o impres-
sor embora, porque ele colocou uma inverdade neste
livro. Ele diz que Jesus já não cura, que ele é um profeta
morto, porém eu sei que está vivo, porque ele me curou.
O jovem ficou branco. Ele tinha de chamar-me de
mentiroso ou tinha de admitir que sua denominação
laborava em erro. E aí ele cometeu um grande engano,
ao dizer:
— Oh, é assim? Fale-me a esse respeito.
Contei-lhe como simplesmente li na Bíblia que Deus
cura, e que eu acreditava na Bíblia, e que entrei na fila de
cura na tenda de Oral Roberts, em 1954, em Baltimore, e
recebi cura instantânea de um disco desintegrado da
coluna espinal. Radiografias recentes provavam que não
havia nenhum disco danificado.
Bem, o rapaz estava visivelmente abalado. Não sabia o
que dizer. Ele não podia chamar-me de maluco, porque
eu estava obviamente curado. Nem podia ele dizer que
seu manual estava errado, por isso disse:
70 Aprenda a viver como um filho do Rei
— Vou dizer-lhe uma coisa. Sou meio novato neste
negócio. Gostaria que o senhor pudesse conversar com
alguns de nossos membros mais idosos. Que tal ir à igreja
comigo?
— Quando vamos? — perguntei-lhe.
Isso quase o derrubou, que eu fosse à sua igreja com
ele.
No domingo seguinte fui ao Salão do Reino. Quando
começaram a ensinar o erro, desliguei-me deles e
comecei a orar no Espírito. Se damos ouvidos a uma
mentira, recebemos o espírito da mentira, e ficamos
decepcionados. Sendo cristão cheio do Espírito, eu podia
desligar minha audição e ligar-me em Jesus para ouvir
bem e forte. Ele fez que as palavras de erro tomassem
outro rumo. E assim não fui enganado.
Depois que saímos do Salão do Reino naquele dia,
Jimmy me perguntou:
— Que tal achou de tudo isso?
— Louvo seu interesse em pegar-me — disse-lhe eu, e
acrescentei: — A propósito, que acha de vir à igreja
comigo hoje à noite?
Ele não podia ser indelicado e recusar, porque eu tinha
ido com ele. Meio desconcertado, disse:
— É que . . . eu . . . é . . . está bem.
Ele foi comigo à igreja naquela noite, e ouviu a Palavra
pregada com poder. Ele já tinha ouvido meu testemu­
nho, e como diz Apocalipse 12:11: “Eles, pois, o
venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa
da palavra do testemunho.” O jovem Testemunha de
Jeová foi salvo.
Existe alguma coisa difícil demais para Deus? Não
quando vivemos como filhos do Rei e permitimos que ele
nos forneça o equipamento certo para realizar o trabalho.
COM O ACHAR O DIA
PER D ID O
Certa noite, depois que descobri que o batismo no
Espírito Santo me havia dado novo poder para testificar,
meu pastor recebeu uma profecia destinada a mim. Dizia
ela que Deus me abriría portas para testemunhar como
eu não seria capaz de imaginar. Eu estava preparado
para que isso acontecesse, mas não tinha idéia alguma de
como viria a acontecer. S e eu tivesse tentado adivinhar,
teria errado de muito.
Os começos remontavam à década dos anos 60,
quando a NASA começou a funcionar para levar a cabo
as instruções do presidente dos Estados Unidos com
vistas a lançar um homem à lua. O programa teve início
no Centro de Vôo Espacial de Goddard, em Greenbelt,
estado de Maryland, não muito distante de onde moro.
Desde o começo eu estava envolvido no programa por
via de arranjos contratuais com a minha companhia.
Durante os anos, enquanto se efetuavam as missões
espadais da série Mercury/Gemini, visitei a estação ras-
treadora localizada nas Bermudas, como consultor. Não
demorou muito para que minha caderneta de aponta­
mentos estivesse cheia de dados interessantes que fre-
72 Aprenda a viver corno um filho do Rei
qüentemente eu transmitia quando fazia palestras a
grupos de estudantes secundários e universitários acerca
de meu tema predileto: “Ciência, Filosofia, Evolução e a
Bíblia.”
Uma das histórias que eu contava freqüentemente
relacionava-se com a necessária preparação estatística
antecedente à caminhada do homem na lua. Os cientis­
tas de assuntos espaciais viviam conferindo a posição do
sol, da lua e dos planetas no espaço exterior, calculando
onde esses astros estariam daqui a 100 e a 1000 anos.
Além disso, examinavam as trajetórias dos asteróides
conhecidos e dos meteoros, de sorte que não enviásse­
mos astronautas e satélites ao espaço para se chocarem
com tais elementos. As órbitas dos satélites tinham sido
traçadas em termos de onde os corpos celestes estariam,
de modo que não houvesse perigo de uma colisão no
tráfego espacial.
Pois bem, quando as medições do computador iam e
vinham através dos séculos, chegou-se a um ponto onde
o computador empacou. Parou e deu o sinal vermelho,
indicando que havia algo errado, ou com a informação
introduzida no computador ou com os resultados obtidos
quando postos em comparação com os padrões. Convo­
caram o departamento de serviço para uma verificação.
— Não há nada de errado com o computador —
disseram os técnicos. — Funciona perfeitamente. Que é
que os leva a pensar que algo esteja errado?
— Bem, o computador diz que está faltando um dia
em algum ponto do tempo decorrido — disseram os
operadores.
Verificaram de novo os dados que tinham, coçaram a
Caixa Idiota Instruída. Não havia resposta alguma,
nenhuma explicação lógica. Estavam num impasse.
Havia um colega religioso na equipe, e ele disse:
— Sabem de uma coisa? Quando eu freqüentava a
escola dominical, falavam de um dia em que o sol parou.
"Como achar o dia perdido 73
Riram-se dele, porque ninguém lhe dava crédito. Mas
não tendo outra coisa para experimentar, convidaram-no
a explicar-se melhor. Ele pegou uma Bíblia e buscou no
livro de Josué a narrativa em que este caudilho foi
chamado para combater os reis dos amorreus, uma
formidável linha de inimigos. No relato, os operadores
encontraram uma declaração mais que ridícula para
qualquer pessoa que tenha alguns gramas de senso
comum. Encontraram o Senhor dizendo a Josué: “Não
os temas, porque nas tuas mãos os entreguei; nenhum
deles te poderá resistir.” A Bíblia prossegue e diz que o
Senhor matou os inimigos de Josué com uma grande
matança, e começaram a fugir de diante de Israel. E o
Senhor lançou do céu grandes pedras, e mais foram os
que morreram pela chuva de pedra do que os mortos à
espada pelos filhos de Israel. Mas ainda sobraram alguns
inimigos, e Josué orou para que o sol e a lua se
detivessem até que os israelitas tivessem terminado sua
vingança contra os inimigos.
“O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se
apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.”
—■Está aí — disse o cristão. — Aí está o dia que lhes
está faltando. Prossigam e verifiquem.
Bem, conferiram os computadores, percorreram todo
o caminho de volta até ao tempo em que Josué derrotou
os reis, e descobriram que a explicação estava próxima,
mas não bastante próxima. O tempo decorrido no dia de
Josué era de apenas 23 horas e 20 minutos, e não um dia
completo. Ainda havia uma discrepância de quarenta
minutos que precisava ser esclarecida. Consultando de
novo o relato bíblico, verificaram que a Bíblia não diz
que o sol havia parado por um dia todo, mas “quase um
dia inteiro” .
De maneira que continuavam em dificuldade. Quaren­
ta minutos se tornam extremamente significativos quan­
do-multiplicados muitas vezes no cálculo das órbitas.
74 Aprenda a viver como um filho do Rei
Então o colega religioso lembrou-se de algo mais na
Bíblia onde diz que o sol andou para trás. Naturalmente,
seus colegas de estudos espaciais lhe disseram que ele
não estava bom do juízo, porém não tinham outra
alternativa na questão, e assim retornaram à Bíblia e
leram em 2 Reis, capítulo vinte, como Ezequias, em seu
leito de morte, recebeu a visita do profeta Isaías e este lhe
disse que ele não ia morrer, mas Deus ia curá-lo, e dentro
de três dias ele estaria em condições de ir ao templo.
Além do mais, Deus prometeu-lhe mais quinze anos de
vida na terra. A notícia era tão boa que Ezequias não
podia crer! Pediu um sinal como prova de que a palavra
de Deus era verdadeira.
— Queres que a sombra se adiante de dez graus ou
retroceda? — perguntou-lhe Isaías.
— Não — retrucou Ezequias. — É fácil demais que o
sol se adiante dez graus. Ele faz isso todo o tempo. Ele vai
para a frente todos os dias. Que acha de deixar que a
sombra retroceda dez graus? Isso será uma coisa nova, e
então poderei crer.
De modo que Isaías falou com o Senhor, e o Senhor
fez a sombra retroceder dez graus. Dez graus são
exatamente quarenta minutos!
Vinte e três horas e vinte minutos estavam explicados
no dia de Josué, mais quarenta minutos explicados no
dia de Ezequias — aí estavam as vinte e quatro horas
completas, o dia que faltava e que os cientistas tiveram
de levar em consideração em seu diário.
Tenho relatado este fato muitas vezes nas escolas e nas
reuniões onde sou convidado a falar, usando-o apenas
como exemplo de como a ciência vai provando que as
coisas absurdas constantes da Bíblia são verdadeiras. E
um dia isto chamou a atenção de uma mulher, Mary
Kathryn Bryan, que escrevia uma coluna para um jornal
de Spencer, no estado de Indiana. De alguma fonte não
identificada ela recebeu uma cópia de minhas observa­
Como achar o dia perdido 75
ções acerca do dia perdido. Provavelmente alguém havia
preparado essa cópia depois de ouvir uma fita cassette de
uma de minhas palestras, ou havia tomado notas de
alguma preleção e as redigiu. Ninguém sabe onde se
originou o relato escrito, mas de qualquer modo isso não
importa. Era um relatório preciso, e a senhorita Bryan
encheu-se de curiosidade por ele. Sem que eu tivesse
dele conhecimento na ocasião, ela o transcreveu em sua
coluna.
Anteriormente eu nada sabia acerca de seu jornal, mas
logo descobri. Vários serviços noticiosos recolheram a
história e ela apareceu em centenas de lugares. Minha
caixa postal começou a abarrotar-se com cartas vindas de
pessoas que desejavam saber mais acerca do dia perdi­
do. Vinham cartas de quase todos os países do mundo, e
ainda continuam a chegar.
Era-me impossível dar uma resposta pessoal a cada
uma, de modo que preparei uma carta-circular explican­
do que o dia perdido está bem documentado nos escritos
primitivos de muitas civilizações antigas. Para mais por­
menores, eu lhe recomendava um livro chamado Jos-
hua’s Long Day (O Dia Longo de Josué), escrito por um
professor da Universidade Yale, Dr. C. A. Totten, em
1890. Na carta eu dava um breve testemunho do que
tinha sido minha vida antes e depois de encontrar-me
com Jesus, e eu estimulava meus correspondentes a
experimentar Jesus por si mesmos. Com a carta eu
incluía um resumo do livro de Totten e um folheto
intitulado Did the Sun Stand Still? (O Sol Parou?)*
Quanto a algumas das pessoas, nunca mais tive
notícias delas. Algumas têm-me escrito — ou telefonado
— para dizer-me que sou um mentiroso, e com isso

‘ Folheto disponível em Book Fellowship, Box 164, North Syracuse, N.Y., 13212.
Cópia da carta e da resenha do livro de Totten encontram-se .no final deste
capítulo.
76 Aprenda a viver como um filho do Rei
tenho tido oportunidade de exercitar o perdão. Numero­
sas outras me disseram que foram salvas quando o
Espírito Santo as assistiu mediante sua Palavra de
verdade. Aleluia! Era sobre isso que versava a profecia de
meu pastor! Deus tinha aberto portas para testificar que
eu jamais teria imaginado.
Pouco mais tarde, recebi um chamado da secretária de
um jornal pagão, no meio-oeste, perguntando como um
Deus mítico podia fazer tais coisas. Quando lhe respondí
com o meu testemunho de um Salvador Vivo, ela
desligou o telefone abruptamente. Mais tarde, alguém
enviou-me um recorte da publicação para a qual aquela
secretária trabalha, dizendo que eu havia admitido que
tudo aquilo era um embuste. Logo depois disso, numero­
sas revistas religiosas, algumas delas cristãs, começaram a
repetir a falsa “retratação” , e apresentando suas descul­
pas por sua participação anterior na reprodução do
artigo. Nenhuma dessas publicações jamais me procurou
para saber de mim quanto à verdade ou erro do artigo
orginalmente publicado.
Para efeitos de registro: o relatório é verídico; a
retratação é falsa. As conversões resultantes da obra do
Espírito Santo por meio do artigo original, da carta e do
folheto têm comprovado a verdade da palavra de Deus
— “Pelos seus frutos os conhecereis.” Deus não salva
pessoas por meio de relatórios falsos.
A seqüência toda dos acontecimentos tem-me de­
monstrado como até mesmo os cristãos se inclinam a crer
numa mentira em vez de numa verdade, quão prontos
estão para cair numa armadilha de Satanás. Mas a
Palavra de Deus é verdadeira, muito embora todos os
homens sejam mentirosos.
E minha incapacidade de fornecer documentação do
incidente do “Dia Perdido” de maneira alguma prejudica
sua autenticidade. “Deus o disse, eu o creio e isso resolve
a questão.” E ainda que eu não queira crer, o fato é que
Como achar o dia perdido 77
Deus o disse, e isso realmente liquida o assunto.
É compreensível que a NASA tenha relutado em
responder ao dilúvio de cartas que lhe chegam tratando
do assunto, das quais muitos indagadores me enviaram
cópia. Uma carta da NASA alega desconhecer-me. Outra
dá o endereço de minha casa para maiores informações,
enquanto outra reconhece minha filiação com seu pro­
grama. Deve ser um tanto incômodo tentar agradar a
todos os grupos religiosos, políticos, científicos e étnicos
aos quais a organização se acha exposta. Oremos por ela!
No começo de meu papel controverso neste incidente,
quando começaram a chegar-me acusações de “menti­
roso” , de “embuste” , de “impostor”, minha tendência
foi colocar-me na defensiva e irritar-me com Deus. Afinal
de contas, ele é que me havia colocado nesta posição
embaraçosa de ficar sem defesa ou escusa. Em realidade,
uma ou duas vezes estive às portas de exibir-me como
mártir. Como podia essa gente atrever-se a duvidar de
minha veracidade, honestidade e integridade!
Então o Senhor pareceu falar: Hill, você se preocupa
com a boa reputação de quem?
“Perdoa-me, Senhor” , disse eu. “Sem ti sou um
impostor completo e não apenas em parte. Mas, Senhor,
tua reputação está em jogo” , continuei.
Ao que ele replicou: Não tem estado sempre? E é aí
que você entra como minha testemunha. Você tem de
dizer as coisas como realmente elas são e depender de
meu Espírito como a única força convincente e salvadora
no universo.
Assim, toda minha confiança está em Deus como
minha testemunha de que tudo é verdadeiro conforme
foi relatado. Os filhos do Rei são repórteres, e não
pessoas que dão explicações. Aleluia!
E os filhos do Rei podem viver à semelhança de filhos
do Rei enquanto seguirem o caminho dele e daí não se
desviarem. Deus sempre honrará com frutos a palavra de
78 Aprenda a viver como um filho do Rei
nosso testemunho. Qual é o fruto dos cristãos? Novos
cristãos! E somos dotados de poder para contar o fato
como ele é.

A todos quantos têm solicitado maiores detalhes sobre o


“Dia Perdido”. (Josué 10:13; 2 Reis 20:11.)
Queira desculpar-me por esta resposta em forma de
carta-circular a seu pedido de mais pormenores sobre o
Dia Perdido. Aproximadamente 5000 cartas e telefone­
mas impossibilitam-me de escrever a cada consulente
uma carta pessoal. Não escrevi o artigo em questão, mas
em numerosas oportunidades tenho falado sobre a
harmonia que existe entre a Bíblia e a Ciência, e
suponho que foi adaptado de uma dessas apresentações.
O jornal Evening World, de Spencer, no estado de
Indiana, publicou-o pela primeira vez, e desse jornal
deveria ser obtida permissão para reimprimi-lo. Desde
que o incidente me chamou a atenção pela primeira vez
. . . não sei onde tenho guardado pormenores concer­
nentes a nomes e lugares, mas será com prazer que lhos
remeterei tão-logo os encontre. Entrementes, só posso
dizer que se não tivesse considerado a informação digna
de confiança, em primeiro lugar eu não a teria usado.
Os primitivos escritos de muitas civilizações antigas
contêm documentação de um “dia longo” , um “dia duas
vezes a duração normal” , etc. Tais declarações aparecem
nas tradições históricas dos astecas, dos peruvianos, dos
chineses, dos babilônios, etc. O eminente cientista,
professor C. A Totten, da Universidade Yale, mediante
sua descoberta de que faltava um dia no tempo solar,
comprovou por processos astronômicos os pormenores
conforme expostos no relato bíblico. Tomando por base
o procedimento pormenorizado constante de seu livro
Joshua’s Long Da\; (O Dia Longo de Josué), que pode
ser adquirido em Destiny Publishers, Merrimac, Mass.,
01860, qualquer pessoa especializada na arte estaria em
Como achar o dia perdido 79
condições de escrever seu próprio programa de compu­
tador.
Conquanto seja gratificante ver a perfeita harmonia
entre a Bíblia e a classe científica, o cristão não tem
necessidade de provar a existência de Deus em termos
de seu universo físico; o entendimento do cristão deve
alicerçar-se no sólido fundamento de “Assim diz o
Senhor” . Antes de meu encontro com Deus mediante
seu Filho Jesus Cristo, há cerca de dezesseis anos, minha
vida era sombria, vazia, enfadonha, e a religião era um
absurdo seco, sem vida, beato, à medida que passava de
um grupo para outro sem alteração na monotonia mortal
do “igrejismo” árido de frustrados buscadores da Reali­
dade. Embora exteriormente eu fosse um êxito, dentro
de mim eu tinha uma ansiosa e terrível incerteza, uma
inquietude vazia que não podia ser satisfeita por nenhu­
ma soma de atividade ou realização. Sendo eu produto
de um sistema educativo extremamente estúpido, que
ensina somente como ganhar a vida mas deixa completa­
mente fora qualquer preparo para viver, eu estava mal
preparado para enfrentar com êxito a inflexível realidade
da vida, cuja base é selvagem e irracional sem um Deus
Pessoal. Após quase cinqüenta anos de buscá de inteire­
za e realização, conheci um homem que havia descober­
to que Deus tem um primeiro Nome e esse Nome é
Jesus, e que se eu o convidasse a fazê-lo, ele entraria e
passaria a residir em mim. Foi o que fiz, e foi o que Jesus
fez. E agora o antigo vazio e a inquietante ansiedade
foram substituídos por uma paz interior e por uma
segurança que mesmo o mais violento torvelinho exterior
não pode perturbar e sua Presença permanente é uma
contínua Realidade. Nasci de novo mediante o Espírito
de Deus e recebi de seu próprio Filho a Vida Eterna.
Toda aquela carga atormentadora de culpa e de remorso
que eu sentia em meu íntimo foi completamente removi­
da como se por um rio caudaloso, e agora sinto aquela
80 Aprenda a viver como um filho do Rei
maravilhosa paz que só temos quando vivemos retamen­
te com Deus. Logo depois que aceitei a Jesus Cristo
como meu Salvador, ele me batizou em seu Espírito
Santo, e agora a vida é uma aventura contínua nesta
nova dimensão em que os Dons do Espírito produzem
resultados surpreendentes em meus negócios quotidia­
nos, conforme promessa contida em 1 Coríntios 12 a 14.
Das muitas coisas interessantes que aprendi sobre
pessoas religiosas desde que comecei a receber suas
cartas aos montões, há alguns meses, a mais surpreen­
dente é a prontidão de alguns cristãos de serem negativa­
mente influenciados por escarnecedores. Umas poucas
observações ridículas de um escamecedor pagão pare­
cem enviar muitos de vocês correndo em busca de
cobertura teológica! Devia ocorrer exatamente o contrá­
rio se andamos no poder do Espírito de Deus. Somos
advertidos de que nos últimos dias o mundo estará cheio
de zombadores, mas devemos ter nossa fé solidamente
ancorada na Palavra de Deus, o fundamento inabalável
de todo filho de Deus nascido de novo. Meu Deus está
muito vivo e prontamente acessível a todos quantos o
buscam para obter respostas acerca da vida. Tente o
Experimento de Baltimore durante sessenta dias simples­
mente pedindo a Jesus Cristo, cada manhã, que se
encarregue de sua vida e de seus negócios apenas por
esse dia. Então, como prova de que você confia no Novo
Gerente para lidar com todos os pormenores, reconheça
o fato e dê graças ao Senhor por tudo quanto acontece, a
despeito das aparências. Sei que todos quantos tentaram
esta experiência têm ficado altamente satisfeitos com os
resultados. Ouse colocar sua confiança em Deus; ele
promete satisfazer os desejos de seu coração.
Deus o abençoe,
Harold Hill.
Como achar o dia perdido 81
REPORTAGEM SOBRE O LIVRO “LONG DAY OF
JUSHUA” (O DIA LONGO DE JOSUÉ), DE C. A. L.
TOTTEN

O recente acontecimento noticioso baseado nas men­


sagens de Harold Hill relata como uma equipe de
computador IBM confirmou a história de Josué 10:13 a
respeito do Dia Longo enquanto regredia no tempo para
verificar as trajetórias de asteróides e meteoros conheci­
dos a fim de assegurar viagem segura para nossos
astronautas. Enquanto esta história está sendo verificada,
quero apresentar uma resenha de outro livro escrito em
1890 por C. A. L. Totten, que calculou o ano, o mês, o
dia e até mesmo a hora deste acontecimento, incluindo o
acontecimento seguinte, os 40 minutos do dia mais longo
de Ezequias . . .
Esta formidável obra matemática foi completada e
apresentada em seu livro, em 1890, anos antes que o
computador fosse mesmo um sonho. Seus cálculos
fantásticos basearam-se em contar as lunações e os
eclipses da lua. Esses dados mostram 3333 anos decorri­
dos entre o Dia Longo de Josué e seu livro em 1890, e
2555 anos entre a criação e este atraso de 23 horas e 1/3.
Se adicionarmos 80 anos para atualizar desde 1890 até
1970, verficamos que sua data da criação é de 5971
anos. Seus dados de 3293 anos desde a criação até o
atraso de 2/3 de hora de Ezequias indicam 738 anos que
separam esses dois acontecimentos que perfazem um
atraso de 2 4 horas.
O Prefácio do Sr. Totten ressalta a notável determina­
ção de tempo nesses acontecimentos, ao escrever: “Tal
precisão no determinar o tempo é inconcebível à mente
do homem.” Lemos em Josué 10:11 como o Senhor fez
cair pedras do céu, matando mais inimigos do que as
espadas israelitas. Essas pedras ou asteróides começaram
sua missão letal possivelmente 2555 anos antes, no
82 Aprenda a viver como um filho do Rei
período da criação, com tempo calculado para atingir a
terra no dia e hora exatos para matar somente o inimigo
enquanto este era perseguido pelos israelitas. Embora
recentemente tenhamos ficado atônitos com a volta de
nossos astronautas que desceram dentro da área de oito
quilômetros do objetivo após uma semana de seu
lançamento ao espaço, dificilmente se pode comparar
esse fato com atingir um objeto móvel com pedras
lançadas 2555 antes. 1
Embora o Sr. Totten sugira que um cometa interve-
niente possa ter causado o atraso naquele dia por
interceptar raios actínicos, acho que uma teoria mais
realista é examinar a possibilidade de um enorme
meteoro ou asteróide precipitar-se sobre a capa terrestre
retardando a rotação da terra de quase um dia enquanto
o centro interior em estadò de fusão continuava seu
movimento rotativo e finalmente fez a capa terreste
recuar em velocidade. O Sr. Totten relatou a maneira
como Newton demonstrou que a terra podería ser
subitamente retardada sem chpque apreciável para as
pessoas.
Examinei diversos mapas do Oceano Pacífico, que
emprestam apoio a esta teoria. O mapa de outubro de
1969, da National Geographic Magazine mostra uma
grande depressão entre o Havaí e as Filipinas com longas
linhas de fratura no fundo do oceano que irradiam em
direção dos continentes. O efeito de tal rachadura seria
máximo na região do equador sobre retardar a terra e
resultaria em colossais ondas de maré as quais podiam
ajudar a explicar os estudos do Dr. Northrup sobre os
depósitos arenosos da Califórnia. O tamanho que devia
ter o asteróide para retardar a terra de uma revolução
podería ser calculado se fosse conhecida a espessura da
capa terrestre e podería ter sido do tamanho de Ceres —
de 770 quilômetros de diâmetro. A National Geographic
de agosto de 1970 nota isto è também fala do asteróide
Como achar o dia perdido 83
Hermes que se aproximou da terra cerca de 800.000
quilômtros, em 1937. Um mapa de setembro de 1969,
da Scientific American Magazine, jdescreve os desvios
magnéticos que de modo geral apontam todos para esta
área de depressão e refletem reorientação magnética
conhecida sobre materiais com componentes de ferro
quando sujeitos a golpes de impacto.
O atraso de 40 minutos no relógio de sol de Acaz bem
podería ser causado pelo impacto de um asteróide menor
conforme se viu na superfície da lua durante a exibição
pela TV de nossos caminhantes lunares.
O Sr. Totten merece os mais altos elogios de nossa
geração mais nova, não somente por seu tremendo gênio
matemático mas também pela excelente descrição do
propósito de sua obra, ao escrever: “Visto como o estudo
da profecia foi vigorosamente recomendado pelo Salva­
dor, devemos estudá-la, e fazê-lo até que a entendamos;
mas de modo algum podemos atrever-nos a alterá-la no
mínimo que seja.”
V. L. Westberg — Agosto de
1970
Sonoma, Cal. 95476
14
COM O O RA R SEM
TF^SA R-
COM O DOM AR SUA
l ín g u a

Um dos primeiros textos da Bíblia para os quais Deus


me alertou assim que comecei a viver como filho do Rei
foi 1 Tessalonicenses 5:16-18, que diz: “Regozijai-vos
sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque
esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convos-
co.” Se quisermos permanecer no centro da vontade de
Deus o tempo todo, não podemos deixar de regozijar­
mos, não podemos deixar de orar, não podemos parar
de louvar a Deus, dando-lhe graças.
Quando encontrei este texto, ele me soava bem, e ao
mesmo tempo impossível. Antes mesmo que eu tentasse
regozijar-me sempre e em tudo dar graças, sabia que não
podería orar sem cessar. Eu podia orar durante uns dois
segundos, e então minha mente vagava. Eu tinha de
pensar em outras coisas. Tentava trazer minha mente de
volta à oração, porém eu caía no sono. “Bem” , dizia a
mim mesmo, “posso orar amanhã cedo em vez de fazê-
-lo agora à noite.” Mas pela manhã o sono me dominava
86 Aprenda a viver como um filho do Rei
de novo. Por mais que me esforçasse, eu simplesmente
não conseguia orar sem cessar.
Queixei-me ao Senhor por causa desse problema.
“Senhor” , disse eu, “por certo existe alguma coisa aqui
que não vem ã tona. Tu dizes que devo orar sem cessar,
e me disponho a fazê-lo, porém não o consigo. Há de
haver alguma dimensão de oração que não me é familiar,
uma dimensão sobre a qual nada sei. Senhor, podes tu
mostrar-me como orar sem cessar, de modo que eu seja
obediente à tua palavra?”
Antes mesmo que eu dissesse “Amém” , subitamente'
eu estava fazendo um novo tipo de oração, o tipo
mencionado em Marcos 16:17: “Estes sinais hão de
acompanhar aqueles que creem: . . . falarão novas
línguas.” Era uma coisa que simplesmente emanava de
meu interior. Não tinha de ficar pensando no que dizer,
sobre o que orar, porque eu orava numa língua que
nunca havia aprendido. E era tão fácil orar. A oração
continuava sem cessar. Muito embora eu não soubesse o
que dizia, sabia que estava certo, pela forma como me
sentia em meu íntimo — tão perto de Deus, tão cônscio
de seu poder e de seu amor, em comunhão tão estreita
com ele. Acho que orei durante meia hora sem parar, a
mais longa e a mais espontânea de minhas orações até
aquele momento de minha vida.
Jesus disse: Continua a louvar-me. Jamais cesses e eu
mesmo farei que a corrente de oração continue em teu
interior, que é o templo do Espírito Santo.
Ele tem sido fiel à sua palavra. Há sempre rios de água
viva fluindo de meu interior. Estou sempre louvando a
Jesus, unindo-me em uma oração do Espírito que flui
todo o tempo, intercedendo de maneira perfeita quando
nem mesmo sei sobre o que orar, porque o Espírito
Santo ora por meu intermédio.
Esse tipo de oração foge ao alcance da mente, e deixa
Satanás ardendo em fúria, porque ele não pode interfe­
Como orar sem cessar; como domar sua língua 87
rir. Ele não é capaz de dizer o que se passa com você. E
você também não pode criar confusão com seu intelecto.
É Deus Espírito Santo criando poder proveniente de
nossos espíritos humanos diretamente para Deus no
trono da graça. Você não precisa dizer: “Se for da tua
vontade” , porque qualquer oração em línguas, qualquer
oração no Espírito, tem garantia automática de estar bem
no centro da perfeita vontade de Deus.
Antes de eu começar a orar no Espírito, um de meus
insistentes pecados era uma língua verdadeiramente
cáustica. Sendo eu um indivíduo tão superior, era mestre
em detratar a todos. Não importava onde me encontras­
se, eu tinha algo feio para dizer acerca de alguém.
Quanto mais feio fosse, tanto mais provável era que eu o
dissesse.
Não havia dúvida de que eu possuía a língua mais
horrorosaem toda a comunidade cristã. Era mesquinha.
Quando pagão, eu a treinara para ser mesquinha.
Deleitava-me em cortar a casaca das pessoas. Nunca usei
linguagem irreverente, porque tive uma mãe cristã, e ela
me ensinou que somente as pessoas estúpidas usam o
nome de Deus em vão.
“Pode ser que um dia você tenha necessidade de
invocá-lo sinceramente” , dizia ela, “e se você desperdiça
o tempo do Senhor invocando-o em vão, pode ele
pensar que você está brincando quando na realidade
você fala sério.” Acho que eu tinha uns cinco anos de
idade quando ela me deu essa lição, e nunca a esqueci.
Eu tinha uma língua afiada no sarcasmo, e em poucos
segundos eu podia localizar seu ponto fraco e deixar você
em petição de miséria.
Quando fui salvo e me filiei à igreja, eu constituía uma
ameaça à congregação. Podia dizer-lhe o que havia de
errado em todas as pessoas, e nem o pastor escapava. Eu
difamava todos os cristãos com meu sarcasmo. Quanto
mais me esforçava por limpar minha conversa, tanto pior
88 Aprenda a viver como um filho do Rei
eu ficava, e tanto mais alto a carta de Tiago me pregava:
“A língua, porém, nenhum dos homens é capaz de
domar.” Devo ter lido esse versículo uma centena de
vezes, mas não o devo ter entendido nem mesmo uma
vez, porque eu simplesmente dizia: “Senhor, prometo
esforçar-me mais.” Devia ter sido claro, inclusive para
mim, que o esforçar não era a resposta.
Certa noite, num grupo de oração, espalhei um boato
acerca de um dos irmãos. Tão-logo o boato me saiu da
boca eu percebi que era errado, mas era tarde demais
para evitar que se espalhasse. Todos olharam para mim
com olhos arregalados, horrorizados, e meu desejo era
arrastar-me para baixo do tapete. Sentia-me inteiramente
condenado e como se isso não bastasse, uma das irmãs
levou-me para um lado e disse:
— Irmão, você já pensou alguma vez no que sua
língua está causando à comunidade?
Falar sobre miséria, e aí estava o resultado.
— Por certo que sim, irmã Bessie, e vou esforçar-me
para evitar esses males — disse-lhe eu.
Ela olhou bem para mim, e se fòi, meneando a cabeça.
Provavelmente ela sabia que me vinha esforçando por
solucionar esse problema já havia uns três ou quatro
meses, e quanto mais me esforçava, tanto mais veneno
me saía da boca. Eu podia sentir uma queimação em
meu íntimo, como úlceras que cresciam.
A Bíblia diz: “A boca dos insensatos derrama a
estultícia” , e eu sabia a veracidade dessas palavras pela
maneira como meu estômago se retorcia toda vez que eu
cuspia veneno contra alguém. Eu experimentava em
meu próprio corpo que a morte e a vida estão no poder
da língua.
Sabia que minha língua matava aos outros e a mim;
mas como podia eu domá-la? Essa foi uma pergunta real
que me veio à mente naquela noite ao voltar para casa,
enfarado de mim mesmo e de minha língua maldosa.
Como orar sem cessar; como domar sua língua 89
Haviam-me dito toda sorte de coisas sobre os métodos
de como eu mesmo podia domar minha língua, muitas
das quais resultaram em triturá-la, sem benefício algum.
Eu havia lido: “Se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-
-a. Se o teu olho direito de faz tropeçar, arranca-o.” Mas
eu podia ter retalhado meu corpo sem curar-me da
tendência para difamar outras pessoas.
De repente vi quão fúteis, quão imprestáveis tinham
sido todos os meus esforços, e sempre o seriam. Cons-
cientizei-me da verdade de que “a língua, nenhum dos
homens é capaz de domar” . Deus mostrou-me que eu
podia mastigar minha língua até que nada mais restasse
dela, e ainda não seria domada, porque as raízes da
língua indomável se encontram no coração.
Finalmente, Deus pôde dizer-me: Hill, enquanto você
não me confiar a tarefa de domá-la, continuará desperdi­
çando seu tempo.
Mais que depressa, eu disse: “Senhor, então doma-me
a língua de acordo com as tuas condições.” De imediato
me vi orando em línguas. E de lá para cá minha boca foi
purificada ao ponto em que oro sem cessar, ao ponto em
que oro em línguas todo o tempo. A língua que louva a
Deus não pode andar criticando ninguém.
Alguns cristãos dizem:
— Tenho de falar em línguas?
— Não — respondo-lhes — , não é preciso fazê-lo.
Você pode viver matando enquanto agüentar. Não tem
de fazer coisa alguma à maneira de Deus. Pode fazê-lo a
seu próprio modo, como sempre o tem feito. Pode ser
mesquinho, feio, em vez de ser um cristão amável,
alegre, pacificador. Você tem liberdade de escolher. Qual
será sua escolha?
Descobri que a maneira como uso a língua diz-me se
vivo uma vida vitoriosa como cristão ou se vivo outro tipo
de vida. Entregar o domínio de minha língua a Jesus foi
um passo importante em meu aprendizado sobre a
maneira de viver como filho do Rei.
90 Aprenda a uiver como um filho do Rei
“Por quê?” perguntará você. “A língua é um membro
tão pequeno.” Sim, é pequeno, mas como o leme de um
navio, ela é que dirige as operações de todo o seu corpo,
o mecanismo todo, a personalidade toda. E sua tendên­
cia natural no estado indomado é destruir, porque, como
diz Tiago, “a língua . . . é mal incontido, carregado de
veneno mortífero” . Deus diz que o homem perfeito é
aquele que não tropeça em palavras, aquele que tem a
língua sob controle. Só Deus, porém, pode controlã-la. E
a palavra divina garante que quando nos regozijamos,
quando louvamos a Deus e lhe damos graças, somos
perfeitos aos seus olhos, somos, certamente, filhos do
Rei. “Se alguém não tropeça no falar é perfeito varão”
(Tiago 3:2).
O “Manual do Fabricante” diz que o orar em línguas é
um sinal para os incrédulos. Vi uma demonstração
perfeita desta afirmativa certo dia em que me encontrava
num grupo de menonitas em Pittsburgh, nò estado de
Pensilvânia; haviam-me convidado para passar um fim
de semana com eles. Na manhã de sábado estavam lá
cerca de oitenta homens da localidade, e depois de
minha palestra, separei uma cadeira destinada a quem
quisesse oração. Um dos homens que ali estavam era o
tipo do escarnecedor. Estava presente para garantir que
eu não contaminaria os irmãos.
Quando outro irmão veio e assentou-se na cadeira de
oração, impus as mãos sobre ele e orei por ele no
Espírito, orando em línguas. Terminada o oração, o
escarnecedor chorava como criança, chorava convulsiva­
mente e babava por todo o seu terno de saija azul.
— Que é que o aflige? — perguntei-lhe.
— Bem — disse ele — , não sei se o homem que está
na cadeira recebeu alguma coisa, porém Deus me falou
enquanto o senhor orava por ele, porque o senhor estava
orando em alto alemão. Estudo o alto alemão, e duvido
que o senhor mesmo o conheça, porque se trata de um
idioma raro.
Como orar sem cessar; como domar sua língua 91
— Não conheço o idioma alemão, seja alto, baixo ou
médio — respondí.
— Bem — continuou — Deus falou-me em perfeito
alto alemão e disse: Quem é você para zombar de
qualquer dos meus dons? E aquele corpulento homem
em prantos foi salvo, e no dia seguinte ouvi que ele orava
a favor de alguém em uma nova língua. Estava realmen­
te feliz.
O Espírito sempre dará testemunho de Jesus.

Meu amigo Starr Dailey, o ex-condenado que escre­


veu Love Can Open Prison Doors (O Amor Pode Abrir
as Portas da Prisão) foi solicitado a dar seu testemunho
numa igreja cristã em Tóquio. Seu intérprete foi bem até
que Starr abriu a Bíblia. A esta altura Starr descobriu que
o intérprete era capaz de traduzir para o japonês somente
as palavras do inglês secular. Não era capaz de traduzir as
Escrituras. Por um momento estavam num impasse.
Então Starr disse: “Senhor, sei que não me trouxeste
de uma distância de milhares de quilômetros para uma
apresentação de cinco minutos. Se não puderes fazer
nada a este respeito, somos dois. Mas se tu podes,
Senhor, faze alguma coisa.”
O Senhor veio a ele com uma palavra das Escrituras:
“Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do
Egito. Abre bem a tua boca, e ta encherei.”
Starr abriu a boca, e dela saíram trinta ou quarenta
minutos dignos da mensagem — e ele não sabia uma só
das palavras que proferiu. Era o idioma japonês, para sua
congregação japonesa. Starr disse: “Eu nunca havia
percebido que Deus podia usar outro idioma estrangeiro.
Pensei que as línguas fossem apenas algo secreto.”
A Bíblia chama-as de “línguas dos homens e dos
anjos” . Aquilo que for necessário na ocasião — alto
alemão ou japonês moderno — Deus pode provê-lo.
Por que Deus faz assim? Não sei. Isso não é da minha
92 Aprenda a viver como um filho do Rei
conta. Deus quer abençoar, e ele pode abençoar-me do
modo que quiser.
Perdoa-nos, Senhor, por pensar que nosso Deus nos
daria qualquer coisa, exceto o que o céu tem de melhor.
Perdoa-nos por dar ouvidos aos Idiotas Instruídos que
efetuaram lavagem cerebral em nós para pensarmos que
teu maravilhoso dom de línguas vem de Satanás. E,
Senhor, tem misericórdia dos pregadores e das pessoas
desinformadoas e dos ignorantes. Ilumina-os e conven­
ce-os por teu Espírito, como o fizeste conosco, de que
nosso Deus realiza somente o melhor para seu povo.
Senhor Jesus, damos-te graças por aumentares nossa
confiança e nossa fé em ti.
Desejamos tudo o que recomendas que devemos ter
como teu povo. Não desejamos deixar nada de fora, a
despeito do que nos tenham dito os teólogos, que não é
para hoje ou que não é para nós, mas que era para
aquela gente do passado. Senhor, alegramo-nos porque
foi para eles também. E alegramo-nos porque as línguas
são para teu povo testemunhar hoje com poder, para ver
os que não estavam salvos, agora entrando no reino;
para ver os escamecedores alquebrados, para ver os
intelectuais transformados. Afina nossa língua para a
dimensão do louvor e da ação de graças, para que nunca
mais sejamos ouvidos a queixar-nos ou a achar faltas, ou
espalhando boatos, ou calúnias. Senhor, p õe uma senti­
nela em nossa boca. Amarra nossa língua para que não
difame, e solta-a para que dê testemunho.
Derrama teu Espírito sobre nós e manifesta teus dons
por nosso intermédio. Como no dia de Pentecoste,
quando ouviram o povo glorificando a Deus, permite que
vivamos para tua glória. Graças a ti, Jesus.
15

COM O SEN TIR -SE


EXTATICAM ENTE FELIZ
NO TRÁ FEG O
Tráfego. Essa foi uma das principais áreas de problema
em minha vida, e acontecia regularmente entre as quatro
e meia e cinco e meia da tarde. Eu dirigia o carro ao
voltar para casa, procedente de minha fábrica localizada
na zona industrial de Baltimore, na zona em que se
encontram a Bethlehem Steel, a General Motors e umas
poucas outras empresas pequenas como essas. . . Havia
cerca de umas quarenta mil pessoas tentando chegar às
suas casas na mesma hora, trafegando em estradas
construídas para tráfego de veículos de tração animal,
estradas de mão única.
Oh, como eu costumava magoar-me, dirigindo naque­
la balbúrdia da tarde. Eu havia trabalhado o dia todo e
me dera bem louvando ao Senhor; mas depois tinha de
enfrentar o tráfego da tarde. Dentro de quinze minutos
eu me sentia completamente exausto. Eu costumava
sentar-me ao chegar a um semáforo, pronto para entrar
em ação, com o motor acelerado e minha pressão
sangüínea também. Não podia descontrair-me naqueles
trinta segundos de espera pela mudança de farol, porque
94 Aprenda a viver como um filho do Rei
alguém podia passar à minha frente. Eu tinha de sair
adiante de todos quando o farol abrisse, e deixá-los
tragando a fumaça do escapamento. Todos os faróis me
pareciam os mais demorados. Eu era capaz de jurar que
o marcador de tempo estava errado, e lá no meu íntimo
suspeitava que aquilo era obra de intento maldoso de
alguém para me importunar.
Meu desejo era ter uma longa barra de aço sob o eixo
de transmissão do carro. Ela estaria ligada a um botão
sob o painel, e quando alguém entrasse em meu
caminho, alguém que demorava e 'não me permitia
tomar a dianteira do tráfego, era só eu apertar o botão. A
barra atravessaria o tanque de gasolina do indivíduo e
iria sair no radiador, e isso lhe daria uma boa lição.
Então um dia dei com os olhos no texto bíblico que
dizia: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos
odeiam; bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que
vos caluniam.” Vinha direto para mim como “Bendiga
aqueles que o importunam” , e eu sabia que Deus falava
acerca de minha atitude quando eu estava na direção do
carro.
“Mas, Senhor, todos no tráfego me importunam” ,
disse-lhe eu.
Está bem, disse ele, foi você que disse que ia tentar
todas as regras do Manual do Fabricante. Por isso,
comece bendizendo os que o importunam no tráfego.
Bem, era difícil fazê-lo, mas prometi ao Senhor que
tentaria. Em primeiro lugar, teria de desfazer-me de
minha arma imaginária. Então, pela graça de Deus, tentei
bendizer os que acintosamente abusavam de mim em
situações de tráfego.
Isso exigia uma boa dose de bendizer.
A primeira noite em que experimentei o modo de Deus
no tráfego, localizei um camarada assentado numa rua
lateral em total melancolia. Estava com fome, havia
trabalhado duro o dia todo, e sabia que havia dez mil
Como sentir-se extaticamente feliz ... 95
carros cheios de pagãos que ainda tinham de passar
apressados por aquele cruzamento antes que ele tivesse
esperança de sair dali.
Quando parei e lhe fiz sinal que passasse à minha
frente, esse gesto quase acabou com ele. Seus olhos se
estatelaram e, por um breve momento, parece que se
havia esquecido de como dirigir o carro. Ele pensara que
não conseguiría sair dali dentro de duas horas, por isso
desligou o motor e desistiu.
Bem, quando ele deu partida e saiu, todo o padrão do
tráfego mudou. Vi que ele deixou alguém mais sair. Pude
sentir que aliviava o espírito de correría daquela hora, e
me senti tão abençoado que mal podia conter-me.
Agora eu me divirto a valer no tráfego. Quando paro
num semáforo, observo o motorista tenso ao lado do
meu carro, fazendo o que eu costumava fazer. Pisa no
acelerador para ter certeza de que o motor funciona bem,
emite fumaça poluidora suficiente para matar a vizinhan­
ça. Quando a luz fica verde, de propósito espero um
pouco para permitir que ele saia primeiro. E ao sair, ele
abre a boca num sorriso que vai duma orelha à outra.
Talvez, pela primeira vez nos últimos trinta dias ele tenha
sido excelente numa manobra. Pode ser que ele tenha
aceitado o fato de que é um fracasso total, e então fi-lo
sentir-se um êxito retendo meu carro. Contribuí para o
seu dia, e posso vê-lo todo radiante em seu calham­
beque.
Bem posso ouvir esse cavalheiro quando ele chegar a
casa. Entra, e a esposa se admira por ele estar feliz. Ela
estava acostumada a vê-lo entrar mal-humorado, como
eu costumava entrar em minha casa, mais que exausto.
Mas hoje ele está eufórico.
— Querida, afinal de contas meu calhambeque não é
tão ruim como parece. Você precisava ver como esta
tarde deixei para trás um Mercedes novinho em folha
num semáforo.
96 Aprenda a viver como um filho do Rei
Talvez ele lhe dê um abraço extra e para variar a leve a
jantar fora, e quem sabe? a garçonete receba uma gorjeta
extra. Um gesto de bênção partido de um filho do Rei
que procede como filho do Rei tem efeito duradouro.
Chego à minha casa descontraído, louvando ao S e­
nhor, intercedendo por todos em toda parte, e quando
entro, minha esposa sabe que me estive comportando
como filho do Rei. Se, porém, chego fatigado, ela sabe
que voltei ao meu velho sistema de dirigir.
Não existe área alguma de nossa vida que Deus não
possa endireitar se lhe permitimos que ele faça o trabalho
a seu modo.
COM O D EIXA R D E
FUMAR
Força de vontade. Essa é uma boa maneira de
expressar-se nos meios mundanos, e as pessoas que
demonstram grande força de vontade são cumprimenta­
das e invejadas por todos. Eu devia saber que não tinha
nenhuma força de vontade, ou se tivesse alguma, ela
estava em greve, porque quando tentei usá-la para
deixar de beber, para deixar de caluniar, para efetuar
qualquer limpeza em qualquer aspecto de minha vida,
ela se revelou pior do que nada.
Uma das grandes coisas em que tentei empregar
minha força de vontade foi com relação ao meu hábito
de fumar. Eu fumava dois maços de cigarro por dia, dez
charutos, e cachimbo. Isso era fumar de verdade.
Nesses tempos eu não desfrutava de comunhão na
igreja batista. Eles pensavam que eu era biruta. Então,
para a comunhão espiritual, eu costumava ir a uma
pequena igreja pentecostal nas noites de sábado. Quem
a dirigia era o irmão John Douglas, um grande santo de
Deus; os trabalhos se realizavam num antigo cinema de
Baltimore. Os santos se reuniam por volta das sete horas
e lá pela meia-noite ou uma hora da manhã é que
98 Aprenda a viver como um filho do Rei
terminavam o culto. Tudo era belamente ordenado, uma
reunião carismática perfeitamente dirigida. Um irmão
tinha um hino, outro tinha um salmo, um cântico
espiritual, línguas, interpretação, ou profecia.
Quando eu entrava naquela igreja, todos sabiam que
eu havia chegado. Eu podia vê-los torcer o nariz. E podia
ouvi-los dizer: “Aí vem o fedorento Hill” , porque eu era
o único fumante dentre uns quinhentos irmãos, e todos
podiam sentir meu cheiro a um quilômetro de distância.
Isto me aborrecia um pouco, principalmente quando
cantavam aquele velho hino pentecostal que dizia “Não
haverá fumantes na casa de meu Pai” . E todos olhavam
para mim. Eu tinha vontade de subir pelas paredes.
Naturalmente, eu tentava fazer alguma coisa. Satanás
usava o espírito de orgulho para que eu tentasse
endireitar as coisas a meu próprio modo a fim de
impressionar os irmãos. Esforcei-me durante um ano
inteiro, e ao fim desse ano eu havia passado de dois
maços de cigarro por dia para três maços; de dez
charutos passei para doze, e fumava cachimbo duas
vezes mais que antes — foi- tudo o que consegui por
meus próprios esforços.
Ora, eu havia nascido de novo e estava cheio do
Espírito, mas aqueles pentecostais não podiam crer que
pelo menos eu estivesse salvo. Eles sentiam meu bafo e
viravam o rosto para outro lado.
Meu orgulho estava mortalmente ferido. Voltei para
casa e me esforcei mais ainda para deixar de fumar — em
realidade apliquei toda a potência de minha força de
vontade — e fumava mais que nunca. Louvo a Deus,
porque se eu tivesse podido deixar o vício, Deus não
recebería a glória que lhe é devida. E eu podería ter dito a.
outros fumantes: “Por que não se livram desse hábito
fedorento a fim de se tornarem bons como eu, o
fariseu?” Mas Deus não caiu na armadilha. Ele faz tudo
direitinho.
Como deixar de fumar 99
Quando orava, continuava dizendo: “Senhor, dá-me
forças para deixar de fumar” , mas a força não vinha.
Então, certo dia, deixei de pedir e simplesmente esperei
no Senhor. E enquanto esperava e ouvia, ele parecia
dizer-me: Por que você deseja deixar o vício?
Em realidade, eu não havia pensado nisso. “Bem,
quero deixar porque . . .” Eu não desejava que Deus
soubesse que minha imagem, minha imagem religiosa,
pura, cristã, cavalheiresca cheirasse tão mal quanto eu.
Mas ele já o sabia. Por isso ele respondeu por mim à sua
própria pergunta.
Você quer deixar o vício para impressionar os irmãos?
“Acho que sim, Senhor.”
Não precisa achar nada. Você sabe muito bem que é
esse seu motivo.
“Bem,” , disse eu, tentando parecer um pouquinho
melhor, “esse é um motivo. Ademais, o vício me está
acabando com a vida.” Eu estava começando a escarrar
sangue e não agüentava dar três passos sem sentir-me
ofegante.
Oh, sim, naturalmente o vício estã acabando com você
— e o processo vem de longe. Mas esse não é o ponto.
Muitas e muitas pessoas morrem de males que as estão
matando e elas pensam que estão desfrutando. Essa não
é em absoluto a razão. Seja absolutamente honesto
comigo, HUI, e então podem os considerar o problema.
Pendi a cabeça, e disse: “Está bem, Senhor” , e ele
aceitou minha confissão.
Diga-me, como foi que você parou de beber? pergun­
tou-me a seguir. Dei-lhe o poder para fazer isso segundo
seu próprio querer?
“Oh, não. Eu me rendi; entreguei os pontos. Eu disse:
‘Deus, ajuda-me’ e tu me ajudaste. Tu o fizeste sozinho.
Tu me retiraste o desejo de tomar bebidas alcoólicas.”
Bem, nesse caso, disse ele, por que não desiste e me
deixa lidar com ele? Seja honesto. Admita que você
100 Aprenda a viver como um filho do Rei
não quer desistir. Confesse que você está amarrado. Diga
a verdade sem rodeios.
Foi o que finalmente fiz. Eu disse: “Senhor, não tenho
forças ou desejo de abandonar o vício. Não tenho poder
para mudar minha vontade. Não tenho inclinação para
romper com este vício. Vejo-me compelido a fumar.
Gosto de fumar. Gozarei de cada baforada cancerosa
enquanto mo permitires, Senhor.” Então fui honesto de
verdade, e disse: “Senhor, nem mesmo estou certo que
desejo que interfiras neste hábito que tenho desde meus
treze anos de idade.” Reconhecí que minha própria
vontade estava tão amarrada a ele que nem mesmo livre
eu era para escolher. E terminei dizendo: “Além do mais,
ó Deus, se deixares o assunto nas minhas mãos, prova­
velmente acabarei fumando dez maços por dia, e
começarei a soltar fumaça pelas orelhas. Se isto está bem
para ti, para mim está ótimo.”
Simplesmente tornei-me paupérrimo de espírito. Eu
havia enfrentado uma batalha perdida até que me senti
exausto, e<simplesmente desisti. Pude sentir o livramen­
to. Muito embora ainda desconhecesse as palavras de
Zacarias 4:6 no “Manual do Fabricante”, eu estava
pronto para ver uma demonstração de “Não por força
nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos
Exércitos”.
Uma semana depois Jesus levou embora meus cigar­
ros e com eles todo o desejo de fumar. Comecei a
experimentar algo do que a Bíblia quer dizer quando
declara: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes
na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligares
na terra, terá sido desligado no céu.”
Depois que Ed me apresentou a Jesus, ele me disse:
— Não procure fazer-se digno. Venha como você está.
Entregue tudo o que você é nas mãos de Jesus, e ele o
remodelará naquilo que ele quer que você seja.
Tenho verificado que uma das coisas mais importantes
Como deixar de fumar 101
a aprender, se desejamos viver como filhos do Rei, é
confiar ao Rei qualquer problema, qualquer falta, qual­
quer pecado, qualquer coisa impossível que haja em
nossa vida. Ele, e somente ele, pode fazer que nos
ajustemos para o seu reino. Enquanto continuarmos
tentando fazer as coisas por nossa própria força de
vontade, conservando a glória para nós mesmos, esta­
mos sentenciados a permanecer em. nosso pequenino
reino de maldade e derrota. Mas os filhos do Rei
entregam tudo ao Rei, e ele os liberta para que entrem
pelos portões de seu reino no céu.
COM O M INISTRAR A
CURA DIVINA
Depois que fui curado, comecei a ver o poder curador
de Deus atuando na vida de outras pessoas.
Certa noite eu e Jimmy, um homem que fiquei
conhecendo na reunião dos Alcoólicos Anônimos, fomos
guiados pelo Senhor para ir à casa de outro membro de
nosso grupo dos A. A. Ela havia voltado para casa depois
de haver estado no Hospital de Mulheres de Baltimore,
após sua terceira operação de câncer em dois anos. Os
médicos haviam decidido que não lhe restava muita coisa
para cortar sem cortar-lhe a própria vida, de modo que a
enviaram para casa a fim de morrer.
Sua mãe foi receber-nos à porta, e lhe dissemos:
— Ouvimos dizer que Noemi estava muito doente, e
paramos aqui para vê-la e talvez conversar uns instantes
com ela.
Em realidade, não sabíamos por que estávamos ali.
Esta era nossa primeira responsabilidade de cura, e não
éramos mais do que dois bêbados estúpidos que Jesus
havia libertado e enchido com seu Espírito. Estávamos
desempenhando nosso papel pela fé.
A mãe não queria abrir-nos a porta.
104 Aprenda a viver como um filho do Rei
— Pouco resta à minha filha para que a visita lhe seja
agradável. Noemi está em pobres condições. Seu corpo
está reduzido a quase nada: está pesando menos de
quarenta quilos, e acho que seria melhor que não a
vissem. Os médicos não lhe dão mais que uma semana
de vida.
Explicamos-lhe que éramos membros do mesmo gru­
po dos A. A ao qual Noemi pertencia, e por certo não lhe
poderiamos causar dano algum se ela estava tão mal
assim. Prometemos-lhe não demorar-nos muito, e final­
mente a mãe abriu-nos a porta e conduziu-nos ao quarto
de Noemi. O que restava dela parecia uma casca de
laranja estendida sobre o leito. Tão magra e acabada
estava ela; sua pele havia-se tornado da cor de quem
morre de câncer. Noemi estava morrendo e ela o sabia.
Quanto a isso não havia dúvida. A morte estava a poucas
horas de distância.
Cumprimentamos Noemi e ela nos cumprimentou;
depois de havermos conversado um pouco, o Senhor
começou a dar-nos algumas idéias.
— Já faz alguns anos que Deus nos tem conservado
sóbrios no grupo dos A. A, não é mesmo? — lembramos-
-lhe. ^
— E verdade — disse ela.
Então Jimmy contou-lhe como Deus o acabara de
curar de uma alergia clinicamente incurável. Era como se
Deus lhe houvesse dado uma nova pele, impenetrável a
substâncias químicas. E eu lhe contei como Deus mè
havia substituído um disco da coluna espinhal desinte­
grado por um completamente novo.
Ela ouviu nosso testemunho e disse:
— É maravilhoso!
Então acrescentei:
— Se Deus fez isso por nós, não acha que ele podería
curar você?
Eu estava surpreso com as palavras que me saíam da
Como ministrar a cura divina 105
boca, porque não me havia ocorrido que Deus pudesse
curar alguém tão doente quanto ela. Em realidade, as
palavras não eram minhas. Eram palavras de conheci­
mento que me saíam da boca por obra do Espírito Santo.
— Bem — , disse ela, — acho que talvez ele possa.
Nunca pensei nisso.
— Gostaria que pedíssemos a ele que a curasse?
— Sim, isso seria ótimo.
Noemi não tinha forças suficientes para revelar nenhu­
ma espécie de entusiasmo.
Segurei-lhe uma das mãos e Jimmy segurou a outra; a
mãe estava ali completamente incrédula. Nossa descren­
ça nesse momento emparelhava com a dela. Pareceu-me
que íamos pedir a Jesus que curasse uma confusão
impossível. . .
Finalmente a oração saiu; os lábios mal pronunciavam
as palavras. Não era uma oração muito elaborada.
“Senhor, algo está criando uma verdadeira confusão
neste corpo. Sabemos, porém, que tu podes curar e fazer
novo aquilo que Satanás destruiu. Jesus, por favor, cura
a Noemi.” Então oramos em línguas por uns momentos
e dissemos “Amém”. Noemi também disse “amém” e
encerramos o assunto.
Contudo, enquanto orávamos senti surgir dentro de
mim o dom da fé, e de repente soube que Deus iria curá-
-la! Não era uma questão de esperar que algo aconteces­
se. Era inimaginável que não acontecesse. Tinha de
ocorrer um milagre, porque o dom da fé repentinamente
saltou dentro de mim. Não havia música de órgão, os
sinos não tocaram, não havia vestimentas eclesiásticas,
apenas dois ex-bêbados orando por uma colega, com
Jesus encarregado de tudo. Aleluia!
Então voltamos para casa.
Cerca de três meses depois eu estava numa reunião à
noite e vi que no outro lado do salão havia uma mulher
que me parecia conhecida. “Parece a Noemi” , pensei,
106 Aprenda a viver como um filho do Rei
“porém Noemi morreu e foi sepultada já faz alguns
meses.”
A mulher viu que eu olhava firme para ela, e sabia o
que eu estava pensando. Veio até onde eu estava e disse:
— Sim, sou Noemi. Deus me curou.
Foi aquela fé em Jesus que eu havia sentido brotar
dentro de mim quando oramos. Seu dom e sua fé. Era
uma prova do que Paulo escreveu em Gálatas 1:20:
“Logo, jã não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé
no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se
entregou por mim.”
Qualquer filho do Rei pode ministrar cura a outras
pessoas quando conhece seus direitos e privilégios.
Um jovem pastor metodista da Carolina do Norte veio
ao nosso Retiro de Vida Espiritual um ou dois anos, e
recebeu o batismo no Espírito Santo. Certa noite,
quando estávamos a caminho de Ashville onde eu devia
falar em sua igreja, ele disse:
— Não entendo por que Deus não me deu dons de
curar.
Eu falava com o Senhor enquanto Jerry falava comigo,
e perguntei a Jesus: “Por que não deste a Jerry os dons
de curar?”
Pareceu-me que o Senhor disse: Pergunte a ele se
alguma vez ele jã procedeu como quem os recebeu?
— Irmão Jerry, alguma vez você agiu como se tivesse
os dons de curar?
— Não — disse ele, — nunca pensei em fazê-lo.
E simplesmente deixei que ele pensasse por alguns
momentos.
Enquanto estávamos na igreja naquela noite, chegou
um recado de uma das paroquianas de Jerry, internada
no hospital de Ashville, necessitada de assistência pasto­
ral, algo assim como ministrar os últimos sacramentos,
porque ela estava em estado de coma fazia dez dias. A
Como ministrar a cura divina 107
família mandou dizer ao pastor que seria bom se ele
pudesse passar por lá. E assim, ao regressarmos para o
Retiro, paramos no Hospital Geral de Ashville.
— Eu fico aqui no carro orando enquanto você sobe e
faz o que precisa fazer — disse-lhe eu.
Enquanto ele estava lá em cima, eu orava, e uma
espécie de glória começou a perpassar por mim, de
modo que eu soube que alguma coisa estava acontecen­
do naquele quarto de hospital. Quando o irmão Jerry
saiu, ele estava como quem flutua no ar. Era um pastor
transformado, um metodista que gritava.
— Que aconteceu? — perguntei-lhe. Não lhe pergun­
tei se havia acontecido alguma coisa, porque era eviden­
te que havia acontecido.
— Bem — disse ele, — entrei no quarto, e aquela
senhora idosa, já entrada nos oitenta anos, estava para
morrer. Todos sabiam que ela morrería. A família já
havia escolhido o caixão e feito todos os preparativos. Eu
simplesmente me encaminhei para o leito, pus minhas
mãos sobre ela e disse: “Irmã, em nome de Jesus Cristo,
sara!” Ela sentou-se na cama, com olhos arregalados, e
disse: “Aleluia!” Havia dez dias que estava em coma.
Ele meneou a cabeça, ainda estupefato:
— Tudo o que fiz foi agir como agi, e verifiquei que os
dons de curar estavam à minha disposição.
Nós impedimos o poder de Deus, os dons de Deus.
Tudo o que temos de fazer é agir como filhos do Rei e
pô-los em ação.
Inclusive nós? Sim. Deus usa inclusive nós.
Se você ora por alguém e essa pessoa cai morta no dia
seguinte, ore pelo próximo. Louve a Deus. Proceda
como filho do Rei e você começará a sentir-se como filho
do Rei. E quanto mais você sentir-se assim, tanto mais
agirá de acordo com esse sentir. É um sentimento
regenerador; é cumulativo; aumenta todo o tempo, e
finalmente recebe a mensagem, alto e bom som: Você
108 Aprenda a viuer como um filho do Rei
é filho do Rei. O reino de Deus está dentro de nós, e
vamos manifestá-lo exteriormente.
Se você tem tendências religiosas, você pode encon­
trar sua CII puxando para o aspecto em que sua teologia
está sendo sovada. Em realidade, se você estiver quieto,
pode ouvir estas palavras em ebulição em seu tanque de
pensar: “Mas não são todas as pessoas que possuem
todos os dons do Espírito Santo. A uma é dado blá-blá-
-glu-glu ... não é assim que diz em 1 Coríntios 12?”
Não há dúvida que você esteve ouvindo o Dr. Bronze
que Tine, esse grande teólogo oriundo do Cemitério da
Clavícula do Sul, que ensina extensamente sobre os
dons do Espírito — mas o faz por ignorância total,
porque ele próprio nunca experimentou os circuitos de
força que os tornam disponíveis.
Eu, também, cometí o engano de dar-lhe ouvidos por
alguns momentos, certo dia, quando era cristão novo
demais para conhecer melhor. Eu acabara de ser curado
na tenda de Oral Roberts, e o Dr. Bronze gastou quase
vinte minutos provando que a cura divina não é para
nossos dias.
Depois que ele estrangulou a verdade ao ponto de
quase desmoronar a mais robusta fé, comecei a orar por
seminaristas de toda parte.
Então eu disse: “Senhor Jesus, tu me disseste que os
dons do Espírito têm destinatário.”
Para os necessitados, replicou ele, disponíveis a quem
quer que os empregue, seja individualmente ou em
grupos, para trazer perfeição onde houver falta.
“Então, por que toda essa hesitação dos filhos do Rei
em utilizá-los?” perguntei.
Por um motivo — O-R-G-U-L-H-O — foi a resposta.
E essa é a resposta completa, o método mais sutil do
inimigo — o orgulho da vida.
“Suponha que eles morram” , sussurra Satanás no
momento de necessidade, quando talvez você seja a
Como ministrar a cura divina 109
única pessoa disponível para ministrar os dons de curar.
“Sua bela imagem cristã irá por água abaixo. Vá com
cuidado. Deixe que fulano de tal faça isso ...”
Mas eu lhe digo: simplesmente ouse deixar que o Rei
assuma o comando com todo o poder de ressurreição e
glória. Então, se alguém morrer, diga: “Obrigado, Jesus.
Aconteceu que tua resposta foi ‘não’ desta vez. Passemos
para o próximo.
Jesus mais um filho do Rei são maioria em qualquer
parte, a qualquer hora.
18

COM O IM PED IR A
CURA
A vontade de Deus quanto à saúde dos filhos do Rei
está claramente demonstrada em 3 João 2: “Amado,
acima de tudo faço votos por tua prosperidade e saúde,
assim como é próspera a tua alma.”
Mas nem sempre prosperamos, nem sempre estamos
em bom estado de saúde. Por quê? Há obstáculos que
nós mesmos criamos?
Anteriormente eu pensava que Deus queria curar a
todos e que todos queriam ser curados. Mas eu estava
apenas metade certo. Descobri este fato da primeira vez
que estive no acampamento CFO.
Blair Reed e eu tínhamos ido juntos para lá. Ambos
havíamos sido recentemente curados, salvos e batizados
no Espírito, e estávamos prontos para ministrar cura a
toda gente. De longe podíamos visualizar os necessi­
tados.
Outro carro chegou quase ao mesmo tempo que riós,
e um homem saiu dele, abriu o porta-malas tirou de lá
uma cadeira de rodas dobrável, desdobrou-a, dirigiu-se
para o outro lado do carro, abriu a porta, trouxe a esposa
para fora e a colocou na cadeira de rodas. Meu amigo
112 Aprenda a viver como um filho do Rei
Blair e eu mal podíamos esperar a oportunidade de
aproximar-nos da senhora. Lembramo-nos de que Jesus
pedia permissão à pessoa antes de curã-la, e assim não
corremos para a senhora e começamos a orar imediata­
mente. Primeiro, pedimos-lhe permissão.
— Irmã, Jesus deseja curá-la. A senhora quer ser
curada?
Levei o maior choque de minha vida quando, indigna­
da, ela respondeu:
— Certamente que não.
A expressão de nossos rostos devia ter demonstrado
que não tínhamos' entendido, porque ela passou a
explicar:
— Durante trinta anos servi a meu marido quase como
escrava. Agora é a vez de ele servir-me enquanto eu
viver. Gosto da vida assim. E não venham vocês impor as
mãos sobre mim!
Comecei, pois, a aprender que nem todos desejam ser
curados. Muitas pessoas não gozam de boa saúde. Um
método que muitos adotam é provocar a simpatia dos
outros para que se compadeçam deles pelo que sofrem,
se é que estão bastante enfermos por tempo suficiente.
Deste modo mostram que estão carregando sua cruz.
A pergunta de Jesus, “Queres ser curado?” é a chave
da situação. O estado de saúde perfeita envolve muito
mais do que mera cura física. Relaciona-se com a pessoa
toda.
Certo dia uma mulher compareceu a uma reunião na
qual eu participava. Ela compareceu na segunda-feira à
noite para que orássemos por ela, e assim sucessivamen­
te até quinta-feira à noite, porém seu estado não
apresentava melhora alguma. Ela sofria de artrite como
eu nunca tinha visto antes. Todas as juntas de seu corpo
estavam como que travadas. A gente sentia dor só de
olhar para ela.
Na noite de quinta-feira eu disse: “Senhor, devemos
Como impedir a cura 113
estar falhando em nossa oração, porque ela não apresen­
ta melhora alguma. Como se explica?”
O Senhor mostrou-me que algumas vezes sou mais
estúpido do que outras. De quando em quando, tenho
uma leve impressão de que sei orar. Mas Deus diz em
Romanos 8: Não sabemos orar como convém, e ele me
coloca em meu devido lugar. Então eu disse: “Senhor,
perdoa-me” , e orei em línguas e pedi uma palavra de
conhecimento. E essa palavra veio nestes termos: Este é
um caso de relacionamento interrompido, e não um mal
físico. Apenas parece doença.
Deus sempre tem maiores informações acerca de uma
pessoa do que aquelas que se podem obter por meios
naturais. Assim, quando seus amigos a conduziram ao
altar novamente na noite de sexta-feira, todos nos
reunimos ao seu redor. “Senhor, vamos deixar- que tu
ores esta noite. Vamos orar em línguas e pedir que tu dês
a interpretação sobre o procedimento de cura de nossa
irmã.”
Ao orar, foi-nos revelado que o problema desta mulher
era o ressentimento. As relações entre ela e a irmã
estavam abaladas.
Perguntei-lhe:
— A irmã está ressentida com quem?
— Oh — , disse ela — não tenho ressentimento contra
ninguém. Amo a todo o mundo.
Estava claro que seu ego não a deixava ser honesta
nem mesmo por um minuto. Então o Espírito Santo
reformulou a pergunta para lançar a culpa sobre outra
pessoa.
— Quem foi que lhe causou um terrível mal? —
perguntei. — Que foi que sua irmã fez que lhe causou
mágoa?
Isso deixou-a livre para contar-nos tudo o que se
relacionava com a cruz que ela devia suportar. Ela
derramou peçonha como se fosse veneno de uma
114 Aprenda a uiver como um filho do Rei
serpente. Sem os dons do Espírito em ação, poderiamos
ter simpatizado com ela, e ela teria simpatizado ainda
mais consigo mesma e sua condição teria piorado. Mas
Deus fez-nos ver a amargura, o ódio e o ressentimento
que a mulher abrigava. E tudo isso veio à tona.
— Essa mesquinha! Ela mudou-se para nossa vizi­
nhança, veio à nossa igreja, e como organista ela não
chega a meus pés, mas o pastor lhe deu o cargo.
— Aposto que isso a consumia, não é verdade? —
perguntei-lhe.
A mulher se afastara da comunhão no Espírito, do
grupo local, e seu organismo reagira fechando-se em si
mesmo. Sua mão estava tão fechada que ela não podia
mover um só músculo do braço.
— Irmã, a senhora está diposta a perdoar?
— Aquela perversa? Não! Nunca!
Recordamos com ela algumas passagens das Escrituras
relacionadas com o atar físico por meio do atar espiritual.
E falamos acerca do perdão conforme a oração que o
Senhor nos ensinou. Depois de alguns momentos, o
Espírito Santo começou a convencê-la. Ela viu quão
terrível era sua amargura, seu ressentimento, e viu as
conseqüências inevitáveis disso tudo sobre seu corpo.
Explicamos-lhe que Jesus desejava que ela prosperasse e
gozasse de boa saúde, assim como prosperava a sua
alma. Isto significava que a relação desfeita com sua irmã
tinha de ser reatada antes que ela pudesse ser curada
fisicamente.
Abrandando um pouco, ela disse:
— Sinto muito. Não posso falar com ela. É algo
demasiado grande para mim. Já decorreram dezoito
anos.
— Não culpo a irmã. Acho que eu também não iria
pedir perdão após esses anos todos nutrindo ódio. Sei
que por mim mesmo não estaria disposto a fazê-lo. Mas a
irmã estaria pronta para ir se Deus lhe desse tal dispo­
sição?
Como impedir a cura 115
Enquanto permanecia ali junto ao altar, apoiada por
irmãos e amigos, pude ver a luta que se travava em seu
íntimo. A amargura estava profundamente arraigada; a
mulher estava segura de que a falta era da outra pessoa.
Mas, afinal ela disse:
— Sim, se Deus me fizesse disposta a tanto, eu estaria
disposta. Estou pronta para tal disposição.
E então, naquela hora, sua mão começou a abrir-se. A
disposição que Deus lhe dera ao espírito libertou-a. Não
vi a cura total. Não permanecemos muito tempo ali,
porém sei que ela está completamente livre, porque se
dispôs a ir e reconciliar-se com a irmã.
Não importa que a situação pareça clinicamente
incurável; se nos dispusermos a deixar que Deus remova
todas as pedras de tropeço de nossa alma, seu poder se
manifestará. A impaciência pode ser um obstáculo à
cura; a falta de perdão é outro; a incredulidade também.
Esses obstáculos são freqüentes.
Não havia obstáculo algum de incredulidade em um
dos irmãos lá em Lancaster County, na Pensilvânia, com
quem eu havia estado em várias reuniões de testemu­
nho. O irmão Herman voltou da igreja certa tarde e
chegou a casa com uma forte dor de cabeça. Foi ao
armário onde guardava remédios e tomou dois compri­
midos de aspirina, depois deitou-se para tirar uma
soneca. Cerca de trinta minutos depois acordou com o
estômago em fogo. Verificando o armário de remédios,
viu que em vez de aspirina havia tomado dois comprimi­
dos de cloreto de mercúrio que sua filha usava no
tratamento de pé-de-atleta. Esses comprimidos eram
para uso externo, pois o cloreto de mercúrio é veneno
mortífero.
Havia duas coisas que ele podia fazer: Entrar em
pânico ou louvar a Deus e firmar-se na palavra divina.
O pânico é para pagãos, não para os filhos do Rei.
Sendo assim, o irmão Herman disse: “Senhor, tua
116 Aprenda a uiver como um filho do Rei
palavra diz: ‘Se alguma cousa mortífera beberem não
lhes fará mal.’ Nessas condições, o problema é teu e não
meu.” Passou a chave na porta do quarto, ajoelhou-se
ao lado da cama e deixou o assunto nas mãos de Jesus.
“Jesus”, orou ele, “Se não intercederes, se tua Palavra
não for verdadeira, então eles terão de arrombar a porta
e levar o cadáver. Eu serei o cadáver. O problema é teu.”
Voltou para a cama e acordou umas duas horas mais
tarde, sem dor de cabeça, sem dor no estômago,
Completamente são.
Estes sinais hão de acompanhar os filhos do Rei: “Se
alguma cousa mortífera beberem, não lhes fará mal.”
No começo de minha vida de cristão, tinha a tendência
para pensar que agora que estava salvo, agora que eu
pertencia ao povo de Deus, eu era invulnerável com
relação a problemas. Tinha ouvido muitos sermões que
me fizeram crer que quando a pessoa se converte, nunca
mais lhe acontece nada de desagradável. Mas Deus
nunca prometeu isentar de problemas os seus filhos. A
promessa divina é que ele nos liurará na hora dé
dificuldade.
É preciso entrar em dificuldade para sair dela. Mas não
é preciso que nos metamos em dificuldade. O viver
cotidiano se encarregará automaticamente dessa parte,
porém o andar no Espírito garante-nos proteção contra
os poderes das trevas que sempre procuram tragar tanto
os pagãos como os filhos do Rei.
Faz pouco tempo dirigia meu carro por uma rodovia
de pista dupla; eu ia a uma reunião. A faixa que dividia as
pistas devia ter uns seis metros de largura. De repente,
um carro que vinha em sentido contrário, correndo a
mais de 100 quilômetros por hora, assim como eu,
parece que perdeu a direção e começou a cruzar a faixa
divisória. Vinha diretamente contra mim. Era iminente
um impacto de mais de duzentos quilômetros por hora e
eu seria atingido em cheio. Ficaria esmagado.
Como impedir a cura 117
Fiquei contente por não ter de esperar para engrenar a
marcha do louvor e ação de graças, porque não teria
tempo de fazê-lo. Tudo aconteceu tão rápido. O andar
na luz está relacionado com todos os circuitos sintoniza­
dos com o louvor e a ação de graças todo o tempo, e
dando graças a Deus por tudo. Eu andara na luz o dia
todo. Estava, portanto, dando graças a Deus e orando no
Espírito a favor das pessoas que estavam no outro carro,
rium só fôlego, reconhecendo que esse podia ser o
último de minha vida. Mas eu estava entoando os
cânticos de Sião, sabendo que os filhos do Rei não têm
de terminar o curso da vida segundo as condições de
Satanás.
O veículo que ia atingir-me estava a menos de vinte
metros de distância quando, de repente, lá se foi pelos
ares e capotou. Era um carro conversível, a capota estava
arriada, e voou gente em todas as direções. E o veículo
veio espatifar-se bem ao meu lado.
“Senhor, queres que eu pare?” perguntei-lhe.
Não. Não pare. Você intercede, foi a mensagem que
recebi. Em meu espelho retrovisor pude ver que outros
carros e caminhões estavam parando. Não precisavam
de minha presença física naquele ponto. Porém Deus
precisava de mim como intercessor. E assim continuei
orando, louvando a Deus, orando em línguas. Estava
cônscio de que havia um poder novo, havia rios de água
viva fluindo de meu íntimo diretamente para o trono da
graça enquanto eu intercedia no Espírito.
19

COM O EVITAR
A CID EN TES D E C A R RO ,
FU RA CÕ ES,. BO M BA S
INCENDIARIAS E
CHUVA D E FO G UETES
Antes de haver percorrido um quilômetro, tive a
certeza de que Deus cuidara de tudo, e prossegui
satisfeito para minha reunião. Isso aconteceu numa
sexta-feira. Na manhã de domingo eu devia falar na
igreja Metodista de Kent Island, próxima do local do
acidente.
Contei à congregação minha experiência e disse que
se algum dos presentes soubesse do resultado do aciden­
te, eu gostaria de ouvir o que aconteceu depois. Eu sabia
que algo de bom havia ocorrido. Era verdade. Três
diferentes pessoas vieram a mim à saída do templo após
o culto e me disseram que chegaram ao local da cena
poucos minutos depois de ocorrido o acidente, pois
moravam ali perto. O pneu do carro estourara; como ia
em alta velocidade, descontrolou-se. As pessoas que
viajavam no conversível caíram fora do veículo, e todas
elas saíram andando do acidente! O carro espatifou-se,
120 Aprenda a viver como um filho do Rei
mas ninguém ficou ferido. Foi um milagre.
Um carro que vem diretamente ao nosso encontro em
uma estrada plana não salta de repente para cima. A
mudança de movimento horizontal para movimento
vertical é impossível, a menos que atinja alguma coisa
curvada para mudar o curso. E foi isso o que aconteceu
naquele acidente. O curso do carro foi mudado quando
ele atingiu uma superfície curva — o círculo curvo de luz
que impediu que as trevas entrassem para aniquilar um
filho do Rei. Havia milhões de quilogrâmetros de energia
envolvidos, mas isso nada significa para um anjo do
Senhor. Aleluia! Quando clamamos ao Rei, ele opera de
modo sobrenatural para tirar-nos da dificuldade.

Um dos exemplos mais dramáticos que já vi, de como


o Rei tira seus filhos de dificuldades, foi o caso de uma
irmã cheia do Espírito, em Kansas.
A irmã Tarwater era crente recém-convertida. Recen­
temente recebera a plentitude do Espírito Santo e a
certeza de que se usasse a Palavra de Deus com fé, todas
as coisas eram possíveis. Deus lhe colocara na mente, no
coração, em todo o seu ser, que, acontecesse o que
acontecesse, ela devia permanecer firme na Palavra de
Deus e esperar seu livramento.
A irmã Tarwater trabalhava certo dia na cozinha
quando ouviu o rádio dar alarme de que se aproximava
um tornado. Ela olhou para fora através da janela e viu o
tremendo funil negro que se avizinhava lentamente pelas
planícies, tragando e destruindo tudo por onde passava.
As casas iam pelos ares, as vacas, os celeiros — a
destruição era total. Seus dois filhos brincavam no quintal
exatamente onde devia passar o tornado. Mas em vez de
deixar-se dominar pelo medo, ela disse: “Senhor, com
Deus todas as coisas são possíveis, e tu dizes que
devemos exercer autoridade sobre os poderes das trevas,
e é isso o que vou fazer.”
Como evitar acidentes de carro ... 121
Ela foi para o alpendre dos fundos. A essa altura o
redemoinho já estava a uma distância de duas quadras
de sua casa e se dirigia diretamente para ela. A mulher
quase podia ver Satanás assentado sobre aquela coisa
horrível e negra, e sendo assim apontou para cima e
disse: “Satanás, em nome de Jesus Cristo, tira essa coisa
daí” , e no instante em que proferiu tais palavras, o
redemoinho dobrou a esquina e seguiu pela rua lateral,
destruindo tudo em sua passagem. Mas a casa da irmã
Tarwater não sofreu dano algum. Ela havia lançado mão
de seus privilégios como filha do Rei.
E o nome de Deus é glorificado toda vez que ela narra
o incidente.

Se todas as coisas são de Deus, como Deus o diz em 2


Coríntios 5:18, nada acontece a um cristão de modo
acidental. Tudo quanto sucede pode, de alguma manei­
ra, glorificar a Deus se ousamos firmar-nos nisso e
tivermos coragem para atuar de acordo com esse ensino
em cada situação. Você vai encontrar-se em algumas
situações emocionantes e Deus obterá maior glória do
que se você não se encontrasse.
Há questão de dois anos encontrei-me em uma dessas
situações. Eu fora convidado para falar em uma reunião
dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno, em
Albuquerque, no Novo México. Foi na ocasião em que
os extremistas estavam incendiando e bombardeando a
cidade. Eram os donos da situação; agiram tão de
repente, sem muito aviso, e tinham a cidade de Albu­
querque sob o controle de seu programa terrorista.
Meus amigos menos fanáticos em casa procuraram
convencer-me de que não devia ir. Disseram-me:
— Por certo você não pensa em ir lá. Esse é um lugar
de dificuldades.
— Certamente que vou — disse-lhes. — Onde se pode
encontrar a Jesus senão em lugares difíceis? Essa é a
122 Aprenda a viver como um filho do Rei
razão pela qual ele veio. Os filhos do Rei nunca
retrocedem; eles entram para possuir a terra quando
Deus abre o caminho e oferece certeza. Nossa responsa­
bilidade como cristãos é curar os enfermos, expelir
demônios, libertar os cativos. Não foi isso que Jesus
disse? Muito bem, pois é certo que vou para lá.
Não foi necessária muita fé para tomar o avião em
Baltimore; foi preciso um pouco mais para ver os
incêndios e ainda louvar ao Senhor à medida que nos
aproximávamos de Albuquerque. Havia edifícios em
chamas quando sobrevoávamos a cidade, edifícios que
valiam cerca de três milhões de dólares, disseram-me
mais tarde.
Minha boca continuava em ação: “Louvado sejas tu,
Jesus. Louvado sejas tu, Jesus. Não sinto que vou gostar
disto, mas continuo a louvar-te de qualquer maneira.”
Não é um sacrifício de louvor enquanto você não sente
que o seja, não é mesmo? Continuei louvando aò
Senhor em voz alta.
O presidente da seção local do Evangelho Pleno foi
encontrar-me no aeroporto, e naquela noite fomos ao
local onde devia realizar-se a reunião. O gerente do
restaurante recebeu-nos à porta com estas palavras:
— Espero, minha gente, que vocês não tenham planos
de reunir-se aqui esta noite. Os revoltosos enviaram um
recado pessoal dizendo que jogam bombas incendiárias e
acabam com vocês. A semana inteira eles vêm pondo
fogo em edifícios aqui em Albuquerque segundo o
programa deles. Vocês são os próximos da lista. Eles não
gostam do pessoal do Evangelho Pleno. Já entrei em
contacto com uma igreja local e eles cedem, com prazer,
suas instalações localizadas a uns três quilômetros mais
adiante. Lá vocês podem estar mais seguros.
— Seguros? — perguntamos. — Que pretende você
dizer com isso? Podem os filhos do Rei estar mais seguros
do que no desempenho de sua missão para o Chefe?
Como evitar acidentes de cano ... 123
Claro que não. Vamos ficar aqui e ver a salvação do
Senhor. Somos filhos do Rei, lembra-se?
Bem, o homem estava em pânico. Argumentou.
Implorou. Praticamente ameaçou. Ele fez tudo o que
pôde para demover-nos. Por fim, advertiu:
— Não me responsabilizo pelo que acontecer à sua
gente.
— Quem lhe pediu para responsabilizar-se? — pergun­
tamos-lhe. — Jesus é responsável pelos seus filhos
quando estão a seu serviço.
— Mas é perigoso — acrescentou ele.
Não precisava dizer-nos. Podíamos ouvir os carros de
bombeiros e as sirenes tocando perto de nós. Os rebeldes
estavam em plena atividade destruidora. E estávamos na
mira deles como alvo principal.
O gerente ficava cada vez mais abalado, e não
podíamos censurá-lo por isso. Porém ele nos deixou
ficar, e jantamos. Algumas das pessoas na reunião
pareciam um pouco nervosas, e também não podíamos
culpá-las.
— Olhem, se houver alguém aqui que preferiría estar
em outra parte, retire-se enquanto é tempo se achar essa
medida mais conveniente — dissemos.
Sabíamos que não podíamos permitir-nos ter alguém
queixoso ou temeroso no grupo.
Algumas pessoas se levantaram e saíram, e os que
ficamos formávamos um grupo unânime.
Lá fora era uma balbúrdia. O gerente do restaurante
baixou todas as cortinas; acho que ele pensava que essa
providência desviaria provisoriamente alguns dos amoti­
nados. Então transferimos a responsabilidade para Jesus.
Dissemos-lhe: “Senhor, esta é uma oportunidade para
descobrir se tua Palavra é uma história de fada que se
conta na escola dominical, ou se ela diz realmente o que
tencionas dizer.” Estávamos tentando a Deus? Em
realidade, não. Apenas pondo à prova sua Palavra para
124 Aprenda a viver como um filho do Rei
ver se ela funciona, só isso. E acrescentamos: “Senhor,
se tua Palavra não funciona, vamos descobri-lo de uma
vez por todas. Sairemos daqui muito em breve com as
fraldas da camisa em chamas como prova.” Estávamos
começando a entusiasmar-nos.
De modo que iniciamos nossa reunião cantando hinos
de vitória. E o gerente do restaurante andava de uma
janela para outra, todo o tempo, procurando os incendiá­
rios. Continuamos a ouvir os carros de bombeiros e as
sirenes da polícia rondando por ali, mas não se aproxi­
maram de nós, porque — bem, não sei explicar como o
Senhor lidou com o problema, se enviando uma legião
de anjos para apanhar as bombas incendiárias e fazê-las
explodir tão longe de nós quanto possível, ou que outra
medida tomou. O fato é que não vimos nem uma
bomba.
Essa não foi uma de minhas mais breves palestras.
Falei durante duas horas e quinze minutos e então
realizamos mais alguns trabalhos. Interrompemos por
volta da meia-noite e fomos para casa.
Agora posso relatar confiantemente que Deus pode
livrar seus filhos das ameaças de bombas incendiárias.
Antes dessa reunião em Albuquerque eu não podería dar
tal testemunho, um exemplo mais de como Deus proverá
livramento de dificuldade toda vez que o louvamos.
Em outro dia Deus me deu mais uma oportunidade de
saber que os filhos do Rei podem andar pelo vale da
sombra da morte sem temer mal algum.
Eu estava na estação rastreadora de satélites na Ilha
Coopers, nas Bermudas. E lá que os mísseis são
liberados para entrar em órbita se todos os sistemas o
permitem, ou trazê-los de volta se funcionam mal.
Naquele dia, tudo funcionava em ordem. O foguete da
primeira fase desengastou e começou a cair, e o restante
do veículo continuou em ascensão. De repente vimos
que alguma coisa havia falhado. Os técnicos haviam
Como evitar acidentes de carro ... 125
regulado os computadores um pouquinho lentos e o
primeiro estágio do foguete vinha caindo diretamente
sobre nós, cerca de quarenta ou mais cientistas de
assuntos espaciais e um filho do Rei.
Tudo era eletronicamente reproduzido na parede da
estação rastreadora enquanto contemplávamos petrifica­
dos e incrédulos. O tremendo cilindro quase do tamanho
de dois celeiros de extremidade a extremidade caía direto
sobre nós.
Vi que ele se aproximava, porém nada podíamos
fazer. A estação espacial na Ilha Coopers está localizada
bem numa ponta de pedra com uma queda íngreme de
mais de sessenta metros para o Oceano Atlântico em
todo o redor.
Não havia para onde correr, e assim comecei a
regozijar-me. Eu disse: “Aleluia, Senhor! Este parece o
dia em que receberei minha coroa. Dentro de poucos
segundos estarei contigo. Quando esse negócio cair, vou
subir. Aleluia!” Eu não tinha medo — estava alegre.
Então o Espírito me despertou, e pareceu-me que o
Senhor dizia: Você pensa que pus você aí com que
finalidade? Para regozijar-se no término de sua carreira?
Comece a interceder pelas outras pessoas que não se
encontram na sua posição invejável.
Portanto comecei a orar nó Espírito. E enquanto essa
oração perfeita subia, vi diante de meus olhos que uma
lei da Física era violada, a lei que diz que um corpo que
cai livremente nunca muda de trajetória, nunca se desvia
de seu caminho, a menos que forças exteriroes atuem
sobre ele. Em outras palavras, esse corpo cai sem
desviar-se de sua rota a menos que haja um tremendo
vento lateral ou algo semelhante, o que não havia. Era
um dia calmo e silencioso, exceto dentro da estação
rastreadora. Ali não havia calma nem silêncio. Havia
pânico entre os sabichões, porém eu tinha o Consolador.
126 Aprenda a uiuer como um filho do Rei
E enquanto eu orava no Espírito, foi como se uma
gigantesca mão desviasse de sua trajetória aquele primei­
ro estágio do foguete, um desvio de muitos graus, e lá se
foi ele cair a boa distância de onde nos encontrávamos,
no oceano Atlântico.
Deus livrou-nos de destruição certa naquele dia. Mas
antes mesmo que viesse o livramento, eu só experimen­
tava alegria. Pude entender o que o salmista sabia.
“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal nenhum.”
Quando louvamos a Deus e oramos no Espírito sem
cessar, ele muda sua vontade permissiva para sua
vontade perfeita bem no meio do que está ocorrendo.
Sua vontade permissiva era que quarenta ou tantos de
nós morréssemos naquele dia. Sua vontade perfeita
disse: Não. Espere até que mais desses homens sejam
salvos. Os filhos do Rei têm muito que ver com o
adiamento das circunstâncias prestes a acontecer com
eles ou com outros.
Comece a agir como se as promessas de Deus
pudessem realizar-se. Caminhe para a situação. “S e­
nhor, tu o disseste. Se não funcionar, e se não puderes
fazê-la funcionar, então somos dois, porque certamente
eu não posso. Mas vou descobrir se tu podes. Que
venham as bombas. Que o inimigo faça o melhor ou o
pior.”
Agüente e veja a salvação do Senhor. Isto é agir como
filhos do Rei.
Então os que vivem nas trevas virão e nos dirão:
“Que é que você conseguiu? Cremos que precisamos
disso.”
E ao fazerem a pergunta, têm direito a uma resposta:
“Foi Jesus. Ele me possui. Eu o possuo. Isso faz de mim
um filho do Rei. Aleluia!”
20
COM O LOUVAR A D EU S
P O R PR O B LEM A S COM
O CA RRO — COM O
EVITAR P R O C E S S O S
O louvar a Deus no meio de tudo quanto acontece
pode levar os filhos do Rei a algumas séries de circuns­
tâncias muitíssimo interessantes. Repetidas vezes ele rae
tem ensinado que fará todas as coisas cooperarem para o
bem se o amarmos, se confiarmos nele, e se formos
obedientes para louvá-lo e dar-lhe graças por tudo.
Numa tarde ensolarada de um sábado, três filhos do
Rei íamos de carro em direção de Harrisburg, para uma
reunião do Evangelho Pleno. O carro que eu dirigia era
de câmbio no chão, e não sei como, ao sair depois de
haver parado num farol, liguei a marcha a ré em vez de
engatar a segunda, e a alavanca do câmbio desprendeu-
-se do assoalho. Pendente de minha mão, era-me tão útil
quanto um talo murcho de aipo. Não havia como engatar
as marchas e eu estava bloqueando por completo o
tráfego.
Os carros buzinavam de todas as direções. A energia
empregada nas buzinas praticamente dava para levar-
128 Aprenda a viver como um filho do Rei
-nos ao outro lado da rua. Mas não levou. E ficamos ali
assentados.
A coisa natural era dizer aos irmãos que tomassem um
táxi e fossem para a reunião enquanto eu procurava
alguém que consertasse o carro. Mas em vez disso
tentamos o sobrenatural.
Virei-me para Bud e Bob, os dois irmãos que estavam
comigo, e disse:
— Vamos ver como Deus pode tirar-nos desta confu­
são se o louvarmos no meio dela.
Eles assentiram com um sinal de cabeça.
Um deles disse:
— Não sei de melhor lugar para tentá-lo.
E começamos os três a louvar ao Senhor.
“Aleluia, Senhor. Estamos em dificuldade. Como é
que nos vais tirar dela?”
Os de fora, contemplando aquilo, podiam ter dito:
“Vocês estão birutas. Por que não saem do carro e o
empurram?” Mas não estávamos dando ouvidos aos
espectadores. As instruções de Deus para os filhos do Rei
são: “Louve-me. Eu o livrarei.” Sendo assim, não
saímos, nem empurramos o carro; demos louvores.
Enquanto louvávamos, tomei a alavanca do câmbio e
a enfiei no buraco, e a primeira engrenou, numa marcha
ruidosa de dez quilômetros por hora ou tanto, o suficien­
te para deixarmos livre o tráfego de caminhões e entrar
numa oficina. Quando o mecânico ouviu nossa história,
ele sacudiu a cabeça.
— Vocês estão sem sorte hoje; sábado à tarde.
Mercedes, carro estrangeiro, licença de outro estado.
Provavelmente vão ter de esperar até segunda-feira.
Ofereceu-se para guardar-nos o carro.
— Não, muito obrigado; vamos continuar a viagem
para nossa reunião — disse-lhe eu.
Ele ergueu as sobrancelhas e apontou para o centro de
Harrisburg onde se realizaria a convenção, cerca de três a
Como louvar a Deus por problemas ... 129
cinco quilômetros, e sacudiu de novo a cabeça.
Bem, entramos na estrada louvando ao Senhor.
“Obrigado, Jesus. Esta é uma confusão, porém é maté­
ria-prima para tua glória. Vamos continuar a dar-te
louvores.”
O Salmo 50 diz: “Oferece a Deus sacrifício de ações de
graça, e cumpre os teus votos para com o Altíssimo.” O
voto de Davi foi: “Louvar-te-ei, Senhor, de todo o meu
coração.” Isso prepara o leitor para entrar no versículo
seguinte: “Invoca-me no dia da angústia: eu te livrarei, e
tu me glorificarãs.”
Enquanto nos arrastavamos por uma rua lateral,
esperando que o Senhor nos livrasse, de repente, à
direita, vi uma placa: SERVIÇO MERCEDES BENZ.
Aleluia! Estávamos de sorte. Dirigi o carro para lá
confiantemente, mas o local estava trancado.
Continuamos louvando o Senhor, de qualquer manei­
ra, e perguntando: “Senhor, que vem a seguir?” Oramos
em línguas e oramos em nossa língua materna. Oramos
expectantemente. “Obrigado, Jesus. Obrigado pelo que
vais fazer. Não sabemos como vais fazê-lo, porém
sabemos que vais tirar vantagem desta dificuldade para
trazer glória ao teu nome. Tu vais livrar-nos porque o
prometeste. Tu vais tomar esta confusão e fazer dela uma
mensagem. Graças te damos, Senhor.”
A próxima coisa foi a seguinte: Um homem do postó
de gasolina ali vizinho saiu e perguntou:
— Estão com problema?
— De certo modo, sim — disse-lhe eu.
— Bem — disse ele, — o gerente da assistência
Mercedes esteve aqui esta manhã, mas não tendo
mecânicos de serviço, e num dia tão bonito assim,
resolveu fechar mais cedo. Saíram para o fim de semana.
— Bem, vejo que a oficina está fechada; está bem.
Louvado seja Deus.
Ele nos olhou com ar de surpresa, por isso lhe
expliquei:
130 Aprenda a viver como um filho do Rei
*

— De qualquer maneira, estamos louvando o Senhor.


Não vamos deter-nos.
Isso o deixou um pouco preocupado quanto a que tipo
de gente éramos nós, de modo que se prontificou:
— Eu tenho o número do telefone da residência do
gerente . . .
— Tem? — perguntei. — Louvado seja Deus.
— Em realidade, vou chamá-lo para falar com o
senhor.
Com isso eu podia ver que ele começava a preocupar-
-se por nós. Alguém tem de preocupar-se. E se os filhos
do Rei se recusam, alguém sempre terá de tomar o lugar
deles.
Chamou o gerente ao telefone e me pôs em contacto
com ele. Eu nada tinha feito ainda senão louvar o
Senhor, e meus dois amigos amalucados ainda estavam
no carro louvando o Senhor.
Quando expliquei nosso problema ao gerente, ele
disse o que eu já sabia.
— Bem, lamento, mas já fechamos as portas por hoje,
e não tenho nenhum mecânico que eu possa chamar.
Parecia o fim da questão. Era a última palavra.
— Entendo. Está tudo bem. Louvado seja Deus.
Não procurei convencê-lo de coisa alguma, porém a
próxima coisa que ouvi foi:
— Olhe, espere um minuto. Estarei aí daqui a pouco.
Agradecí ao homem e louvei o Senhor um pouco
mais. Eu sabia que gerentes de serviço não executam
funções de mecânico. Não trabalham com ferramentas;
formaram-se para atividade de nível mais elevado —
administração. Mas este gerente parecia ter-se esquecido
disto. Poucos minutos depois ele chegou, desceu de seu
Mercedes sem dizer uma palavra. Não olhou para mim,
não olhou para ninguém; simplesmente entrou em meu
carro com um punhado de ferramentas e assentou-se ali
por alguns minutos. Eu não sabia se ele estava orando ou
Como louvar a Deus por problemas ... 131
não. Parecia que orava, e podia ter orado.
Vi o gerente de serviço pegar a alavanca de câmbio, e
com algumas manobras introduziu-a no orifício no piso
do carro, e de repente ele parecia feliz, como quem havia
conseguido alguma coisa. Segurou a alavanca no lugar
com uma das mãos e com a outra forçou-a de modo que
engrenou no lugar certo. Isso acontece uma vez em mil.
A seguir experimentou todas as marchas, deu uma volta
com o carro pelo quarteirão, voltou, e disse:
— Isto é tudo. Está pronto.
Havia demorado apenas cinco minutos.
— Quanto lhe devemos?
— Nada.
Tive de insistir para que aceitasse algum dinheiro por
tomar-lhe o tempo, deixando a casa e vindo consertar
um carro para um filho do Rei. (Glória a Jesus, eu havia
orado para que tivesse uma palavra de testemunho
recente nessa noite. Agora eu a tinha!)
Bem, pensei que isto seria o fim. Mas era apenas o
princípio.
Cedo de manhã, num dia da semana seguinte, en­
quanto louvava ao Senhor e lhe dava graças por sua
bondade para comigo, ele me lembrou: Você estava
muito grato ah em Harrisburg pela atenção que recebeu,
não é mesmo?
“Certamente estava, Senhor.”
Bem, por que não escreve uma carta agradecendo e
contando o que aconteceu?
Eu nunca havia pensado em fazer tal coisa, mas a idéia
me pareceu boa, de modo que me assentei junto à
máquina de escrever, redigi uma carta para o gerente de
serviço da Mercedes-Benz, em Estugarda, na Alemanha.
Expliquei-lhe como três cristãos estavam a caminho de
uma convenção dos Homens de Negócios do Evangelho
Pleno e tivemos problemas com o carro, e como
havíamos louvado a Deus por isso e orado no Espírito, e
f
132 Aprenda a viver corrío um filho do Rei
o gerente da agência de serviços Mercedes havia tomado
de seu próprio tempo de descanso e viera consertar o.
carro, recusando a receber pagamento pelo serviço.
Disse-lhe que havia sido a melhor assistência que eu já
havia recebido de qualquer pessoa em qualquer outro
lugar, e no que me diz respeito, nunca usaria outro
veículo que não fosse Mercedes enquanto vivesse e
pudesse pagar.
Simplesmente contei-lhe como tudo se passou. Então
sobrescritei o envelope, selei-o e mandei a carta para a
Alemanha.
Imediatamente, Satanás começou a acusar-me: “Hill,
você é ridículo! Está com a cabeça ruim. Não se escreve a
diretores na Alemanha com esse tipo de linguagem.”
Mas eu disse: “Escrevo, porque sou filho do Rei, e sou
livre para usar qualquer tipo de linguagem que me
aprouver. Sou livre para contar-lhe o fato como aconte­
ceu. Não tenho de preocupar-me com o que alguém
pensa. Os resultados não são da minha conta.”
Passaram-se três meses, e Satanás me fez concordar
com ele. “Sim, o que eu disse era demasiado franco para
que se sentissem bem, está certo. Eles não souberam o
que fazer com essa carta.”
Então, certo dia chegou uma carta do Diretor de
Serviços da matriz da Mercedes-Benz. Ele dizia: “Fica­
mos tão gratos pór sua carta. São poucas as vezes em
que as pessoas nos dizem coisas amáveis. Em verdade,
foi uma carta tão agradável que tiramos cópias e as
enviamos, a todas as regiões que cobrem nossos serviços
ao redor do mundo, apresentando Harrisburg como um
exemplo de primeira ordem de como uma agência de
serviços deveria funcionar.” Continuou dizendo que me
enviariam maiores informações acerca de sua empresa.
Lamentavam que não pudessem fazer o suficiente por
mim.
Fale do testemunho! Mas isso ainda não era o fim.
Havia mais. Não há término para uma palavra de
Como louvar a Deus por problemas ... 133
testemunho que começa com uma atitude de gratidão.
Se dia e noite nos deleitarmos nas leis do Senhor e nelas
meditarmos todo o tempo, as bênçãos se seguirão
automaticamente. Qualquer coisa que fizermos, prospe­
rará. O caos se transformará em ordem. A desordem em
organização, porque Deus ordena os átomos de cada
situação para que se comportem como devem em
relação aos filhos do Rei.
E foi assim que, algumas semanas depois, recebi outra
carta de Estugarda. Desta vez, vinha assinada por uma
mulher, secretária pessoal do Diretor de Serviços da
Mercedes-Benz. Escreveu ela: “Li sua carta, e nunca
tinha lido outra igual. De onde o senhor obteve a fé para
depender de Deus em assuntos dessa natureza? Gostaria
de saber mais a respeito desse tipo de fé.”
Eu podia dizer que ela estava clamando por algo que
lhe fosse real. “Como posso conhecer a Deus dessa
maneira?” perguntava.ela. Bem, ela havia feito uma boa
pergunta e merecia uma boa resposta.
Deus já havia preparado essa mulher para receber a
resposta. Justamente um ano antes, estive na Alemanha
e havia falado em uma conferência internacional de
liderança Cristã em Wiesbaden. Em minha palestra,
mencionara a interligação de energia com o Diretor do
universo através do batismo no Espírito Santo. A senhora
alemã que me servira de intérprete era secretária dessa
conferência para a Alemanha Ocidental. Era uma cristã
nascida de novo, e quando Jesus foi apresentado como
Batizador, ela começou a suspirar pelos rios de água viva.
Disse ela: — Sabe, eu havia suspeitado por algum
tempo que há mais no Cristianismo que aquilo que
experimentei.
Ela estivera em Washington e ouvira Catherine Mar-
shal falando a um grupo de oração. Quando terminei
minha mensagem, ela disse:
— Desejo ouvir mais acerca de Jesus, o Batizador.
134 Aprenda a viver como um filho do Rei
Não havia uma sala para oração no hotel, de modo
que tivemos de dirigir-nos para um canto do refeitório, e
enquanto as garçonetes punham a mesa para o almoço,
tivemos uma cerimônia batismal. Jesus batizará em
qualquer lugar.
Como resultado disso, eu tinha o endereço de uma
cristã alemã cheia do Espírito para enviar-lhe a secretária
da Mercedes-Benz em Estugarda. “Acontece que há uma
cristã que vive justamente perto da senhora, ao longo do
rio Reno, na cidade de Ulm, e ela ficará contente por dar-
-lhe todos os pormenores da fé” , escrevi eu.
E deste modo, por causa de um defeito na caixa de
câmbio, em Harrisburg, uma mulher na Alemnha se
converteu, nasceu de novo, e foi cheia do Espírito Santo.
Casualidade? Nada é casualidade para com nosso Deus,
porque ele é o princípio e o fim, e ele sabe o começo e o
fim e tudo quanto há no meio.
Agora, se eu tivesse usado meu senso comum quando
tive o problema com o carro, nada disto teria acontecido.
O senso comum teria ficado com as queixas e reclama­
ções por ter de consertar um automóvel na segunda-
-feira, quando os mecânicos voltam ao trabalho. Mas os
filhos do Rei não têm de ficar com o senso comum como
o fazem os pagãos. Os filhos do Rei podem louvar a Deus
por tudo, e ter senso não comum, senso divino, senso de
revelação que trabalha para eles fora de expediente.
Até onde podemos chegar em nossa confiança em
Jesus? Até onde pode o Rei chegar para suprir as
necessidades dos seus filhos? Tanto quanto confiarmos
nele e formos obedientes à sua Palavra. Ele se especializa
no impossível.
Faz algum tempo, submetí um contrato à consideração
de um grande plano governamental. Nesse projeto eu
estava tão certo de achar-me familiarizado com todos os
pormenores que não li as notas em tipo miúdo. Assinei o
contrato e comprometí nossa empresa até ao último
Como louvar a Deus por problemas ... 135
centavo, porque quando o presidente assina os docu­
mentos, não há mais o que fazer.
Mais adiante, li o que dizia em letras pequenas, e
descobri que estávamos em sérias dificuldades. Isso
requeria que fizéssemos algo impossível de cumprir. E o
empreiteiro que era de outra cidade nos enviou cartas
registradas para avisar-nos de que a próxima comunica­
ção que receberiamos seria a demanda de um pleito por
tudo o que possuíamos. O governo estava envolvido, e
os engenheiros do exército, sete empreiteiras, centenas
de pessoas . . . Primeira prioridade. Multas sobre multas.
Não havia como desfazer o que eu havia feito.
Não tenho nenhum problema em dizer-lhes que entrei
em pânico. Eu disse: “Senhor, que vou fazer agora?”
Bem, parecia que ele disse: É um póuco tarde para
fazer essa pergunta. Você não me consultou antes de
assinar o contrato. Como podem ver, eu me enganei.
Não pensem que faço estas coisas perfeitamente, mas sei
o que devo fazer quando erro. Conheço os direitos e
privilégios como filho do Rei. Sei que meu Pai celestial
fez provisão para todo tipo de erros de seus filhos, e
então o que fazemos a respeito é o que determina o
resultado.
Eu não podia encobrir a coisa e dizer: “Bem, a coisa
não é realmente tão má.” E me feriu em meu orgulho o
fato de que tivesse feito algo que o empregado de
categoria mais inferior não faria: assinar um contrato sem
ler o que está escrito em letra miúda.
Vivia atormentado dia e noite com relação a perder
tudo pelo qual eu havia trabalhado a vida toda, e nem
mesmo podia orar. Satanás não parava de injetar
tormento: “Você vai ficar paupérrimo. Não terá nem
mesmo um teto sobre sua cabeça.” E eu não teria. Ele
estava certo. Nem ainda uma tenda eu tinha. Eu tinha de
sair e pedir que alguém me emprestasse uma barraca
onde viver. Ora, era esta a dura realidade, exatamente
136 Aprenda a viver como um filho do Rei
no negócio que eu supunha ser o executivo máximo. O
orgulho estava ferido.
Que diz Deus para fazer? Se confessarmos nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e
purificar-nos de toda injustiça.
“Senhor, bobeei. Realmente fiz uma besteira. Como é
que vais tirar-nos desta confusão? Aleluia!”
Se fosse seguir o senso comum, eu devia ficar em casa
e suar frio e transformar-me num naufrágio nervoso. Mas
deixei essa situação impossível nas mãos de Deus, e me
dirigi a um retiro na Carolina do Norte.
No retiro, naquela noite, o Senhor disse: Confessai os
vossos pecados uns aos outros. Assim, levantei-me
perante o grupo para dizer-lhes o que eu havia feito. Não
me agradava fazer isso. Arruinava a minha reputação.
Mas se eu não removesse essa pedra do caminho, ia
arruinar-me a mim e não somente a minha reputação.
Satanás tinha todos os seus atormentadores entrando
em ambos os meus ouvidos: “Você realmente fez isso.
Dessa você não se livrará jamais. Bem que você podia
entregar os pontos.”
“Os filhos de Deus nunca desistem”, disse eu. “Lou­
vado seja Deus. Não sabemos como Deus vai tirar-nos
disto, mas ele prometeu fazê-lo. Está no Salmo 50:
“Oferece a Deus sacrifício de ações de graça, e cumpre
os teus votos para com o Altíssimo; invoca-me no dia da
angústia: eu te livrarei, e tu me glorificaras. ”
Eu disse: “Senhor, estarei contente em dar-te a glória,
porque não há homem que possa livrar-me.”
E assim foi que descreví a situação em umas poucas
palavras. E disse: “Irmãos, nem sequer posso orar. Orem
por mim.” Eles se reuniram ao meu redor, puseram as
mãos sobre mim. Louvo a Deus pelos irmãos. Necessita­
mos de companheirismo. Se eu não tivesse aqueles
irmãos, ter-me-ia transtornado pela angústia. Uma coisa
é que lhe digam o que fazer, e outra muito diferente é
Como louvar a Deus por problemas ... 137
você mesmo estar no meio da situação. E nesse momen­
to eu me encontrava no meio dela. Havia estado
aconselhando muitos acerca da maneira de escapar a tais
dificuldades, mas nunca eu estivera numa delas. Eu vivia
dizendo às pessoas como sair de onde eu mesmo nunca
estivera.
Então eles oraram por mim em línguas, e a interpreta­
ção da oração foi algo que estava além de qualquer coisa
que eu tivesse tido a ousadia de orar com minha mente:
“Senhor, encarrega-te de toda essa transação e faze
como se nunca tivesse existido.”
Era uma oração ridiculamente impossível, mas tinha
sido feita. Não havia como desfazê-la. E assim espera­
mos, dia após dia, para que chegasse a demanda por
haver violado o contrato. Todos os dias Satanás conti­
nuava a me aguilhoar: “Amanhã chegará.” Mas o
amanhã não veio, os dias se passaram, as semanas, e
finalmente anos, sem uma única menção do processo.
Durante esse tempo, tive de aprender a louvar a Jesus
continuamente ou então cair nas mãos do atormentador.
Não sei o que aconteceu. Esse empreiteiro ainda tem
minha assinatura no documento. E tem direito a centenas
de milhares de dólares por prejuízos, a menos que Deus
tenha mudado a mente de muitas pessoas. Não posso
explicar como foi que aconteceu. Simplesmente estou
informando. Deus está encarregado do assunto. Ele era
meu sócio, mas desde que comecei a viver como filho do
Rei, ele é o Diretor. Aleluia!
21

COM O VOAR ATRAVÉS


D E NEBLINA
COM O CO N SEG UIR UM
PR EG A D O R PER FEIT O
COM O CONSTRUIR UM
A BRIG O SEG URO
CONTRA BO M BA S
Repetidas vezes vejo como Deus consegue que o
mundo nos trate como filhos do Rei se seguirmos suas
instruções para vivermos no Reino, dando graças em
tudo, louvando-o por aquilo que nos agrada, e por aquilo
que não nos agrada, porque ele diz: Em tudo dai graças,
porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para
convosco. Qualquer coisa que o capeta tente para
prejudicar, Deus pode usá-la para o bem, se estivermos
agindo como filhos do Rei.
Certo dia eu tinha de pregar na TV em Greenville, na
Carolina do Sul, para um programa dos Homens de
Negócios do Evangelho Pleno às 7:30 da noite. Fui a
Washington, D. C., para tomar o avião às duas horas,
esperando fazer baldeação em Charlotte. Bem, meu
140 Aprenda a viver como um filho do Rei
avião não partiu às duas. Não podia fazê-lo. Não havia
chegado a Washington ainda; estava perdido na neve em
alguma parte.
A tendência natural era deixar-me dominar pelo
pânico, ficar nervoso; contudo, eu disse: “Senhor, estou
te louvando. Não tive oportunidade de sentar-me em
silêncio e estudar a Palavra ininterruptamente em não sei
quanto tempo.” Sendo assim, assentei-me no aeroporto
de Washington e estudei; a neve tornou-se mais densa.
Telefonei ao secretário do grupo em Greenville e lhe
disse:
— Vou chegar atrasado; não sei quanto tempo.
— Bem — disse ele, — louvado seja o Senhor.
— É melhor que isto seja ouvido nesta noite; ouvi todo
tipo de reclamação e queixas no aeroporto — disse-lhe.
Havia sido algo inaudito. Cerca de duzentos queixosos
e um somente a louvar. Foi-me agradável ter outro que
louvasse comigo na outra extremidade da linha telefôni­
ca. Deu-me coragem para continuar louvando. Pusemo-
-nos de acordo, por telefone, de estarmos fazendo a
perfeita vontade de Deus. Pois bem, não podíamos
compreender como era possível cumprir-se se eu não
podia chegar até lá. Porém este problema era de Deus,
não nosso.
Disse eu: “Senhor, para mim é o mesmo, se vou a
Greenville ou se volto de carro para Baltimore.” Deixei o
assunto com ele. Desliguei-me por completo da questão.
Aquilo que desligamos na terra é desligado no céu.
A próxima coisa que soube é que o avião havia
chegado. Voamos até Charlotte, mas quando desci do
avião fiquei surpreso. A neve era tão densa que nem um
pato teria voado de Charlote aquela noite. Ao chegar ao
prédio do aeroporto ainda continuava a histeria. A
funcionária da empresa aérea perguntou-me:
— O senhor está com passagem para continuar até
Greenville?
Como voar através de neblina 141
Quando lhe disse que sim,, ela me explicou que haviam
contratado um táxi aéreo, um avião particular, para
levar-me até lá.
Bem, louvado seja o Senhor pela disposição especial
que se faz a favor dos filhos do Rei. Nunca antes me
havia acontecido tal coisa, mas quando olhei para fora,
não podia ver a pista de aterragem, muito menos o táxi
aéreo. Contudo, continuei louvando o Senhor. Quando
andamos na luz, não precisamos vê-lo. Se estiver nubla­
do, simplesmente cremos.
O piloto não parecia preocupado se o céu estava limpo
ou nublado. Somente era mais outro vôo para ele. Ouvi
que a torre de controle lhe perguntava quanto demora­
ria. Ele disse:
— Quarenta minutos desde a decolagem.
E por quarenta minutos não vimos outra coisa que não
fosse neblina que ia ficando para trás.
Debaixo de nós, em alguma parte, havia linha de alta
tensão e montanhas, mas voamos às cegas até quando
estávamos a sete metros do solo. O secretário do grupo
estava no aeroporto para esperar-me, e eram 7:05.
— Se pudermos encontrar a montanha, iremos à
estação de TV. Está coberta de neve também — disse
ele.
Mas ele havia dado uma volta de ensaio no dia
anterior, e pensava que, pelo menos, podería encontrar a
montanha.
Bem, localizamo-la e seguimos a linha branca que
marca o centro da pista até o cimo da montanha e
entramos no estúdio às 7:25, com um minuto de
antecedência. Mas o grupo havia estado ali transpirando
porque faltava tão pouco tempo e eu não chegava. Por
isso havia feito uma mudança de horário, deixando que o
Dr. Bob Jones, presidente da universidade Bob Jones
começasse às 7:30 e me transferindo para as 8:00.
Que coisa! Não teria podido conseguir este horário
142 Aprenda a viver como um filho do Rei
nem por um milhão de dólares, mas Deus me pôs neste
horário. Contei a todos os telespectadores acerca dos
dons do Espírito Santo, que as línguas são para hoje bem
como as curas e todos os demais dons do Espírito. Ora,
estava Deus encarregado de todos os arranjos? Existe
algo difícil demais para Deus?
Algumas vezes me perguntam: — Quer dizer que
ainda é batista do sul?
— E claro — digo-lhes. — Mas não sou um batista
comum. Fui modificado. Aleluia!
Confesso com toda a franqueza que muitas vezes,
durante esses primeiros anos quando a rejeição e a crítica
eram minha dieta forçada, desejava separar-me desses
“hereges” e unir-me aos pentecostais onde me estima­
vam.
Mas o Senhor parecia dizer: Por que supõe você que
eu o pesquei, Hill? para fugir e privar aos outros de
minhas bênçãos?
Muitas vezes meu “Muito bem, Senhor” foi fraco e
enfermiço, porque simplesmente não prezava o não ser
prezado.
Vez após vez, quando me sentia rebelde, o Senhor lia
meus pensamentos e de novo me ordenava: Fique onde
está e interceda.
Certa noite, enquanto criticava a igreja em vez de
cumprir meu papel de intercessor, o Senhor me falou
quase em voz audível, e disse: Se você não gosta de sua
igreja, do pastor ou dos irmãos, a falta é sua. Pare de ser
parte do problema e comece a ser instrumento para obter
a resposta. Ore por eles em vez de amaldiçoá-los,
parecia-me Deus dizer.
“Mas, Senhor, como vou orar por uma confusão como
essa?” perguntei.
Simplesmente deixe-me orar por seu intermédio, foi a
resposta.
Então aconteceu assim:
Como voar através de neblina 143
“Senhor Jesus. Tu oficiaste na cerimônia batismal dos
metodistas, dos episcopais, dos luteranos e em verdade,
em toda classe e tamanho de denominação. Por que não
podes fazê-lo com um pregador batista na cidade de
Baltimore? Simplesmente concede-lhe todos os dons de
teu Espírito Santo como evidência de seu ministério,
Senhor. Não é possível que sejam tão difíceis que não os
possas manejar.”
Nosso pequeno grupo de “carismaníacos” pronunciou
esta oração sete noites da semana por quatro anos, e
então aconteceu o milagre. O pastor Frank Downing, da
igreja batista de Belvedere, começou a agir de uma forma
muito peculiar, dirigindo um culto de cura todas as
quintas-feiras pela manhã, na própria igreja, e as pessoas
eram curadas em grande número.
Obtivemos exatamente o que pedimos, um pastor com
os nove dons do Espírito Santo como prova de seu
ministério. Você deveria pedir ao irmão Frank que lhe
contasse tudo a respeito em alguma oportunidade.
Por certo eu desejava abandonar minha velha e
silenciosa igreja batista imediatamente e filiar-me com os
irmãos que comungavam o mesmo pensamento na igreja
batista de Belvedere. Mas o Senhor disse: Hill, ainda não
terminei com você em sua congregação atual. Em
verdade, você não está pronto para sair, até que esteja
disposto a ficar.
Três anos mais tarde, eu havia aceitado a igreja onde
estava e por fim aprendi a grande lição de respeitar o
direito que outros têm de não terem a mesma opinião.
Então me senti livre para sair, regozijando-me e unindo-
-me à igreja batista Belvedere onde, no dia de hoje, 90%
dos membros se encontraram com Jesus como aquele
que batiza, bem como Salvador, com o sinal neotesta-
mentário de falar em novas línguas.
Não é Jesus maravilhoso?
Mais e mais estou ainda mais que disposto a confiar em
144 Aprenda a viver como um filho do Rei
Deus em todas as coisas, porque tenho visto o que ele
pode fazer. Houve tempo, e não vai longe, quando certo
número de pessoas em nossa vizinhança estavam cons­
truindo refúgios contra bombas. Baltimore é um alvo
estratégico devido às suas indústrias e à sua vizinhança
de Washington.
Assim, um dia, meu sócio disse:
— Creio que fiz algo que vai causar-lhe tristeza.
Chamei um empreiteiro para construir-nos um refúgio
subterrâneo na fábrica.
— Bem, isso não me causa nenhuma tristeza, absolu­
tamente — disse eu.
— Não mesmo?
— Não mesmo. Se você acha que precisa de um
abrigo subterrâneo contra bombas, então, com toda a
confiança, faça-o. Mas não se preocupe em providenciar
acomodação alguma para mim. Não desejo uma cela
subterrânea. Não preciso disso, porque tenho uma
promessa de Deus.
Eu havia topado com este texto bíblico: “Porque foste
. . . refúgio contra a tempestade, e sombra contra o calor;
porque dos tiranos o bufo é como a tempestade contra o
muro” (Isaías 25:4).
Meu Deus diz: “Confia em Jesus.” O vento tempes­
tuoso não me amedronta.
Examinei as plantas e vi que as especificações para o
refúgio contra bombas incluíam um revólver, para atirar
nos vizinhos se tentassem invadir nosso refúgio em busca
de abrigo. Não tínhamos lugar para compartilhar ou para
oferecer-lhes, de modo que tínhamos de estar prepara­
dos para matá-los se tentassem à força unir-se a nós.
— Vá em frente e construa seu abrigo contra bombas,
disse a meu sócio, e equipe-o com seu revólver e se sinta
livre depois de umas duas semanas, ou meses, quando a
explosão tiver abrandado um pouquinho, para qué você
saia a comer grama queimada, e cães e gatos chamusca­
Como voar através de neblina 145
dos, e os filhos dos vizinhos também queimados. Mas
não conte comigo. Não preciso disso. Jesus é meu abrigo
contra os vendavais. Aleluia!
Acha você que desejo permanecer num subterrâneo
por uma semana, ou um mês, e sair para uma vida
agitada? Eu vou direto para cima. Não é melhor isso?
Naturalmente, há momentos de ansiedade, mas não
duram quando começamos a louvar a Jesus por sua
presença imediata e seu imediato poder. Não quero dizer
além, no futuro distante. Quero dizer agora mesmo, aqui
mesmo. Se o reino está dentro de nós, como Jesus disse
que está, então as coisas do reino — justiça, paz e alegria
— fluirão de nós, aqui mesmo, neste instante, em nossa
experiência ao viver vitoriosamente.
22

COM O CO N SEG UIR QUE


TO D A A SUA FAM ÍLIA
S E JA SALVA E CURADA
Um dia saí para um retiro em Whelling, na Virgínia
Ocidental, e enquanto viajava, eu disse: “Senhor, certa­
mente seria ótimo ter uma palavra de testemunho
recente para a reunião desta noite.” Foi aí que cometí
meu primeiro erro. A despeito das muitas vezes que
aprendi, não penetrou em minha mente, nesta oportuni­
dade, que a fim de se obter uma palavra recente de
testemunho devemos ter sido libertados, em data recen­
te, de algum problema, e com o fito de que assim
devemos primeiro haver-nos defrontado com algum
problema. Desta maneira me encaminhava para a dificul­
dade. Eu a solicitara.
O dia estava lindo e me encontrava deslizando pela
rodovia da Pensilvânia a mais de cem quilômetros por
hora, louvando o Senhor. Eu tinha certeza de que meu
carro, meus pneumáticos e tudo mais se encontravam
em perfeitas condições. Havia posto pneumáticos novos
a fim de estar preparado para qualquer condição de
tempo. De repente, sem aviso prévio, um de meus
pneumáticos estourou.' Ouvi o estouro e também o senti.
148 Aprenda a viver como um filho do Rei
Homem, como o senti! — uma repentina inclinação de
quarenta centímetros em uma das rodas traseiras e o
veículo completamente desgovernado derrapando de
lado pela rodovia da Pensilvânia, em uma tarde de sexta-
-feira, com intenso tráfego de caminhões e automóveis
por todos os lados para onde olhava, tantos que não
podia contá-los.
Então, imediatamente, e sem nenhuma explicação, o
tráfego desapareceu de meu caminho. Foi como se uma
gigantesca mão tivesse removido tudo o que estava
diante de mim, porque eu necessitava da estrada toda.
Eu derrapava por toda ela, com os pneumáticos rangen­
do e assobiando, exatamente como sempre se ouve
antes de uma grande colisão.
Que fiz eu? Entrei em pânico? Pus as mãos nos
ouvidos e apertei-as esperando pelo pior? Nada disso.
“Aleluia! Senhor! E dia de formatura! Vou ver-te
imediatamente aí em cima.”
Ao louvá-lo, foi-me lembrado que o dia de formatura
era grandioso, mas eu não tinha de graduar-me segundo
as condições impostas pelo maligno. Não havería glória
para Deus nisso. Então orei: “Senhor, se minha formatu­
ra é hoje, não há maneira de' ir até Wheeling para contar
aos irmãos ali quão maravilhoso és tu! Se hei de estar em
um ataúde na funerária, tu me perdeste como testemu­
nha deste acontecimento, nesta noite. De que maneira
desejas tu que seja, Senhor? Para ti, tanto faz uma coisa
como outra. Não existe a mínima diferença . .
Jesus disse que aquilo que desatarmos na terra será
desatado no céu, e eu desatei toda a situação para que
ele cuidasse dela. Não a atei por nenhuma ansiedade, ele
estava livre para manipulá-la por seu poder sobrenatural
e libertar-me. Numa fração de segundos, enquanto eu
ainda estava derrapando a cento e dez quilômetros por
hora, veio-me a Palavra do Senhor em meu socorro:
No nome de Jesus está todo o poder no céu e na terra.
Como conseguir que toda a sua família ... 149
Use meu nome. Eu lhe dei procuração para usar meu
nome em qualquer circunstância.
Imediatamente, comecei a pronunciar seu nome em
alta voz: “Jesus. Jesus.” E pude sentir que os poderes
das trevas desapareciam da situação. O maligno teve de
retirar-se às pressas, porque ele não suporta ouvir o
nome de Jesus.
O veículo se endireitou e começou a correr de um lado
para outro. Percebi que o enorme pneumático para neve
estava a enrolar-se e a desenrolar-se na roda. Meu
volante não me servia para nada, porque a direção
estava completamente descontrolada, uma vez que as
rodas não tocavam o pavimento com firmeza suficiente.
Mas continuei louvando a Jesus, dizendo-lhe que este
problema era dele. E ele trouxe este automóvel a uma
parada perfeitamente segura bem em frente da saída
para Somerset.
Em poucos minutos, troquei o pneumático e me vi de
novo na estrada, louvando ao Senhor pela recente
palavra de testemunho com a qual ele me havia aben­
çoado. Eu não teria escolhido este método para conse­
gui-la. Mas ali estava ele. Deus me havia livrado.
Nem todo livramento de dificuldade se efetua tão
depressa como trocar um pneu furado numa rodovia.
Em algum ponto ao longo do caminho temos de
aprender a ter paciência para confiar em Deus quando
tudo parece estar fora do controle dele e do nosso.
Aprendi essa lição a duras penas, no meio de uma
situação doméstica que foi um pesadelo.
Tenho esposa, uma filha e uma neta, e eu sentia muito
orgulho de minha esposa Rute, de minha filha Linda, e
de minha neta Lisa a quem chamávamos de Ervilha.
Então certo dia aconteceu que quase perdemos nossa
filha, ela que era nossa mais prezada possessão. Agora
estou encantado de que ela seja propriedade de Jesus e
não minha. Ele pode cuidar dos seus. Vou contar como
sucedeu.
150 Aprenda a viver como um filho do Rei
Um dia, depois de anos de interferência e tentativas no
sentido de que minha família fosse salva, por meus
próprios esforços, deparei-me com Atos 16:31: “Crê no
Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa.” Nunca antes
eu havia visto as três últimas palavras. Eu as havia
saltado. Tinha meus familiares completamente agitados,
perturbados. Eu lhes pregava, dava-lhes surra de Bíblia,
e era um aborrecimento geral, fazendo o melhor que
podia com meus próprios esforços, ignorando por com­
pleto os meios que tem Deus para levar as pessoas ao seu
reino. Mas nesse dia as palavras pareciam saltar para
mim: “e tua casa.”
“Senhor” , disse eu, “quando acrescentaste essas
palavras à minha Bíblia? Isso significa que os familiares
de um homem salvo têm garantido o seu nome no rol de
membros da Família Real!”
E pareceu-me que o Senhor dizia: É claro. Sua parte é
reivindicar todas as manhãs. Porém não o faça simples­
mente uma vez, se deseja que aconteça rápido.
E assim, todas as manhãs eu abria a Bíblia em Atos
16:31, punha o dedo nessa promessa, mostrava-a a
Deus para que ele pudesse ver bem e claro, e dizia:
“Senhor, tu o disseste. Quando se cumprirá?”
E então fechava a Bíblia e prosseguia em meus
negócios.
Nunca mais eu disse uma palavra de testemunho à
minha esposa ou à minha filha, e dentro de poucas
semanas minha esposa foi salva. E minha esposa era do
tipo mais difícil de converter-se — uma episcopal de
cinqüenta anos de idade, que outrora havia representado
toda a espiritualidade que tínhamos em nossa família.
Depois que minha esposa foi salva, um domingo de
manhã nossa filha quase nos matou de susto. Ela
levantou-se e disse:
— Mamãe, creio que vou à igreja hoje de manhã com
vocês.
Como conseguir, que toda a sua família ... 151
Nunca ela havia feito tal coisa espontaneamente em
seus dezenove anos. Procuramos não demonstrar nosso
entusiasmo, porque dessa maneira se pode pôr a perder
tudo.
Nesse mesmo dia, ocorreu um fato muito raro na
igreja. Um jovem, recentemente regressado do campo
missionário, e ardoroso servo de Jesus, foi convidado
para ocupar o púlpito. Esse jovem missionário pregou a
salvação, de forma clara e precisa. Minha filha adolescen­
te ouviu-o e ficou para conversar com ele depois do
culto. Após uma breve reunião de aconselhamento com
o missionário, ela começou a mostrar interesse pelas
coisas espirituais e passou a freqüentar nosso grupo de
oração conosco. Logo entregou seu coração a Jesus em
uma dessas reuniões. Mais adiante, Tommy Tyson veio a
Baltimore, e num de seus cultos minha filha fez uma
consagração completa.
Linda era uma ativa esgrimista, e num campeonato
conheceu um esgrimista que estudava na Academia
Naval de Anápolis, em Maryland. Após sua formatura,
eles se casaram. Ele pertencia à equipe olímpica, e
naturalmente ela saiu de Baltimore para viajar com ele.
Era uma grande experiência para um futuro almirante e
sua esposa.
No meio de todo aquele entusiasmo, nossa filha se
afastou por completo de Deus e parecia ter-se esquecido
do Senhor totalmente. Mas quando Deus põe seu dedo
sobre nós, quando o Lebréu Celeste está em nosso
encalço, nunca poderemos escapar. Melhor é que nos
rendamos. Louvado seja o Senhor.
Porém, naquele tempo não sabíamos a verdade.
Estávamos preocupados, ansiosos por nossa filha. Por
causa de nosáa ansiedade, nós a estávamos amarrando.
Não havíamos aprendido a soltá-la, e desse modo
chegamos a constituir-nos em uma grande parte dos
problemas que começaram a acumular-se em sua vida.
152 Aprenda a viuer como um .filho do Rei
Procuramos arranjar as coisas para eles, tratamos de
viver a vida deles. Porém nossas soluções para seus
problemas fracassaram, e logo os jovens se encontravam
à beira do divórcio.
Minha filha, à sua maneira Hill, escolheu um frasco de
mil comprimidos de aspirina, como a solução para seus
problemas, e começou a mastigá-los. Quando o desco­
brimos, ela tinha o suficiente desse produto em seu
sistema para matar toda a vizinhança. Foi levada ao
hospital da Academia Naval, e ao examiná-la, disseram:
— Não chegará a viver até amanhã. Não temos as
instalações nem sequer para ajudá-la.
Depois de uma hora de viagem de ambulância, ela foi
internada no Hospital Naval Bethesda. Ali os médicos
nos disseram:
— Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Ela
não tem condições de viver até amanhã.
Bem, agora, uma coisa é falar de oração em um grupo
de oração, e outra coisa é procurar orar quando sua filha
está morrendo. Isso chega a ser muito pessoal. -Então
vem a oração típica de incredulidade, “Senhor, sara-a se
for da tua vontade”. Justamente aí não estamos fazendo
a vontade de Deus, mas a nossa, porque, quando nos
está morrendo um filho, não pensamos na vontade de
Deus, pois queremos que nosso filho viva. E assim o
fizemos nós.
Minha esposa e eu não procuramos enganar-nos ou
enganar a Deus. Dissemos: “Senhor, temos de ver isto
do nosso ponto de vista. Não podemos fazê-lo de outra
maneira. Vai ser necessária uma oração egoísta. Senhor,
cura nossa filha. Livra-a, Senhor, pois ela é nosso único
rebento.”
Isso era o melhor que podíamos fazer. Oramos
erroneamente, e nada aconteceu. Oramos com nosso
entendimento, mas não entendemos nada. Por um
momento havíamo-nos esquecido do que Deus diz em
Como conseguir que toda a sua família ... 153
Romanos 8:28, que não sabemos como orar ou o que
pedir. Passamos por alto o orar no Espírito, não deixan­
do que o Espírito Santo intercedesse por nós. Finalmen­
te, porém, provamos isso, e começamos a orar em
línguas, e paramos de pôr tudo a perder ao injetar nossa
própria opinião tendenciosa, nossa própria vontade.
E o Espírito intercedeu por nossa filha, de acordo com
a vontade de Deus, com gemidos inexprimíveis. E
enquanto orávamos no Espírito, o Senhor pareceu falar
dentro de nós, perguntando: Pela filha de quem estão
vocês orando?
“Pela nossa, Senhor.”
Então foi como se o Senhor dissesse: Se estão orando
por sua filha, preparem-se para um funeral. Mas se estão
orando por minha filha, preparem-se para um milagre. O
que atarem na terra por meio de “meu isto’’, “meu
aquilo”, está atado no céu, e nada posso fazer por vocês.
Mas o que desligarem na terra, o que vocês puserem
sobre o altar e transferirem para mim, aí então eu opero
um milagre, porque sou um Deus operador de milagres.
E tudo o que vocês têm de fazer é dar-me sua filha e
reconhecer que são impotentes para fazer qualquer
coisa.
Clinicamente falando, não havia a mínima esperança
para nossa filha. Nenhuma possibilidade de viver vinte e
quatro horas.
Sabíamos que éramos impotentes e o confessamos.
“Senhor, nada podemos fazer.” E lhe entregamos nossa
filha. “Senhor, estamos contentes porque ela é tua. Tu
no-la emprestaste por alguns anos, e atrapalhamos toda
a vida dela. Se não tivéssemos feito isso, ela não estaria
nesta condição. Como é que vais livrá-la dessa dificulda­
de? Aleluia!”
E nesse instante ocorreu um milagre. O registro
médico do Hospital Naval Bethesda contém o gráfico da
deterioração inevitável, irreversível e de repente essa
154 Aprenda a viver como um filho do Rei
deterioração desapareceu. O nível de acidez parou de
crescer e não subiu mais nem um ponto. Desapareceu,
embora coisas assim não desapareçam.
Após a sua recuperação, Linda nos disse:
— No momento da crise, quando vários médicos
trabalhavam para salvar-me, percebi que tinha uma
decisão clara para tomar entre a vida e a morte. Senti a
grande preocupação por mim em todas as pessoas que
trabalhavam com afã para salvar-me a vida que eu já não
desejava. E no meio do túnel escuro em que eu parecia
andar, escolhi voltar à vida, muito embora tivesse
determinado morrer.
Hoje Linda louva a Deus porque estivemos dispostos a
liberá-la. Ela sabe que foi isso que capacitou Jesus a agir
instantânea e miraculosamente, ainda que ela constituís­
se um caso clínico atendido “tarde demais”.
Os médicos estavam tão certos de que haviam lido mal
os instrumentos ou algo assim, que a mantiveram
•durante sete semanas na ala de psiquiatria, simplesmente
em observação. Chamaram ao caso de “algo que não
pode ser explicado em termos médicos, uma inexplicável
reação a um veneno mortal”. Não sé considerará isto um
milagre? Não podia ter acontecido enquanto não a
soltamos.
Naquela noite perdemos nossa filha, porém ganhamos
uma irmã. Perdi minha esposa naquela noite. Ganhei
uma irmã. Ela perdeu o marido naquela noite. Ganhou
um irmão. Não se pode crer na diferença de relaciona­
mento em nosso lar quando aprendemos a soltar uns aos
outros no altar perante Jesus e dizer: “Senhor, tu
ministras a esta tua jovem.” Pensei que ela fosse minha
possessão, e isso quase a matou. Fiquei tão contente por
descobrir que ela era filha do Rei, e que certamente o Rei
pode cuidar daquilo que lhe pertence. Aprendi a deixar
que ele o faça. O direito de propriedade exige tudo o que
somos . . . A mordomia nos liberta. Aleluia!
23

COM O C O N SER TA R ,
COM R A PID EZ ,
MAQUINARIA D E ALTO
CUSTO
Pouco depois que Jesus me batizou no Espírito, tive
oportunidade de ver como o sobrenatural opera no
mundo científico. Fui chamado para verificar um caso em
Baltimore que envolvia uma subestação de força. Havía­
mos fornecido o equipamento pesado de força, e parte
de nosso contrato se relacionava com a revisão prévia
para entregá-lo à cidade.
Certa manhã recebi um chamado telefônico urgente
com estas palavras:
— Estamos em dificuldades, porque à uma hora da
tarde de hoje esta subestação deve ser entregue ao
prefeito e à câmara municipal, e ela não funciona.
— Bem — disse eu — esta é uma boa ocasião para
chamar-me, cerca de quatro horas antes do prazo para
funcionar perfeitamente.
Eles se desculparam, dizendo:
— Pensamos que poderiamos localizar a falha. Tive­
mos os técnicos da General Electric e nossos próprios
156 Aprenda a viver como um filho do Rei
técnicos trabalhando por duas semanas, mas estamos
perdidos. Que pode o senhor fazer quanto a isso?
Bem, louvado seja o Senhor, eu tinha um engenheiro
consultor, o melhor na empresa, o próprio Jesus. Estava
certo de que ele podia prover, pelos dons sobrenaturais
do Espírito, uma palavra de conhecimento, uma palavra
de sabedoria e discernimento — os três primeiros dons
de 1 Coríntios 12. Uma palavra de sabedoria é saber o
que fazer em seguida. Uma palavra de conhecimento é
saber como fazê-lo. E o discernimento de espíritos ou o
discernimento da situação é uma visão clara. Eu confiaria
no Espírito Santo para dar-me os dons de que eu
precisava. Assim, disse ao homem por telefone:
— Estarei aí agora mesmo e localizarei a falha.
— Não — disse ele, — não se mexa; fique aí mesmo e
eu irei buscá-lo.
Ele temia que eu saísse do escritório. Não queria que
eu desaparecesse porque centenas de' milhares de dóla­
res dependiam de que essa coisa estivesse funcionando
dentro de quatro horas.
Comecei a orar, e imediatamente, enquanto orava,
fiquei sabendo exatamente o que estava errado. Vi a
falha com toda clareza, como numa imagem de TV. Esta
era minha primeira experiência no diagnóstico de um
problema eletrônico sério e complicado, estritamente por
meio do Espírito Santo; e Satanás disse: “Você é louco
varrido. Está imaginando isso. E ridículo demais.” Mas
eu era surdo demais para duvidar da Palavra de Deus.
Entrei na subestação de força dirigido inteiramente
pelo Espírito Santo. Eu havia usado os dons de progra­
mação: línguas, interpretação de línguas e profecia, a fim
de capacitar-me a receber um programa de Deus e saber
o que devia fazer. E assim foi que me dirigi ao próprio
local que eu tinha visto no Espírito como a fonte do
problema e dei as instruções aos técnicos sobre o que
deviam fazer para consertar.
Como consertar com rapidez ... 157
Eles disseram:
— Senhor Hill, já revisamos tudo isso, sem deixar
passar nada.
— Os senhores me chamaram aqui como consultor.
Vão seguir minhas instruções? Se não vão, volto ao meu
escritório — disse-lhes eu.
— Sim, senhor — disse um deles.
Embora o que eu tinha sugerido lhes parecesse
absurdo, não tinham outra alternativa. De sorte que
fizeram o que eu lhes disse, pressionaram o botão,
ligaram os interruptores, e a máquina funcionou como se
esperava que funcionasse, para minha surpresa tanto
quanto a deles. Respirei aliviado, e meus joelhos treme­
ram um pouco ao pensar no que teria acontecido se nada
ocorresse. Não me apercebí, senão depois, de quão
ridículo deve ter parecido eu me encaminhar com cerca
de vinte engenheiros e técnicos altamente especializados
que, durante semanas andavam frustrados, e haver posto
o dedo na dificuldade imediatamente. Em geral, isto
provocaria alguma pergunta da parte de alguém. Tinha
de acontecer. E aconteceu.
Enquanto nos dirigíamos para a porta de saída, um
dos técnicos da General Electric disse:
— Perdoe-me, senhor; mas poderia fazer-lhe uma
pergunta?
— Claro —: respondí. — Terei prazer em tentar
respondê-la.
— Como pôde o senhor entrar aqui e descobrir este
problema quando estávamos frustrados com ele? O
senhor nunca esteve aqui antes, e nós lutamos noite e
dia.
“Se você disser que orou a esse respeito, eles vão
pensar que você está sofrendo da bola” , disse Satanás.
De modo que simplesmente dei ares de muito sábio e fui
tratando de sair, recebendo todo o crédito pela sabedoria
que Deus me deu.
158 Aprenda a viver como um filho do Rei
Ferdi uma excelente oportunidade de dar testemunho
do poder atual de Jesus, e durante quatro ou cinco dias
vivi realmente atormentado. Satanás continuava a acu­
sar-me: “Está vendo? Você nunca será uma testemunha.
E melhor que desista. Já vê, você fracassou por completo
em sua atribuição. Pode estar certo de que Deus vai
abandoná-lo agora. Ele nunca mais vai confiar a você
coisa alguma.” E acreditei no que Satanás me disse e me
sentia cheio de remorso e tormento.
Mas um dia aconteceu que li Romanos 8:1: “Agora,
pois, já nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus.” E perguntei a mim mesmo: “De onde vem
essa condenação se não vem do Senhor?” E compreendí
a mensagem. Do capeta, o pai das mentiras. Não era
Deus que condenava. Ele faz provisões para minhas
bobagens. Então eu disse: “Senhor, dou-te graças.
Realmente eu te louvo porque és um Deus perdoador, e
não um Deus que condena.” E acrescentei: “Senhor, dá-
-me outra oportunidade, e por tua graça não a porei a
perder.”
A próxima oportunidade veio-me de uma forma fora
do comum. Realizamos uma boa dose de trabalho de
manutenção relacionado com os sistemas de comunica­
ção do exército, instalações de micro-ondas, ondas
curtas, e tudo isso é muito complicado. Um dia recebe­
mos um chamado de emergência para uma inspeção e
correção às suas instalações, o que significava uma
viagem à Virgínia. Fixamos uma data para que nosso
chefe do departamento de eletrônica fosse, mas no dia
anterior à sua viagem ele sofreu um acidente que o
impossibilitou de desincumbir-se da missão. Assim, tive
de chamar o escritório do Corpo de Engenheiros na
Virgínia para cancelar a data e determinar outra. En­
quanto eu esperava que a ligação se completasse,
parecia-me que o Senhor dizia: Por que não vai você,
Hill?
Como consertar com rapidez ... 159
“Senhor” , eu disse, “bem . . . bom . . . isto é . . .”
tratando de tirar o corpo.
Ele disse: Você uem-se blasonando acerca de como
pode descobrir e corrigir qualquer problema, não é
mesmo?
“É isso isso mesmo” , eu disse.
Bem, por que você não vai até lã a verifica se eu
realmente posso fazê-lo?
Ora, isso é aproximar-se bastante do alvo, não é
verdade? Mas então comecei a sentir-me entusiasmado
com a perspectiva. Assim, quando a ligação se comple­
tou, eu disse:
— Estou chamando para solicitar uma mudança de
pessoal nos passes que emitiram para a viagem amanhã.
Mudem o nome de fulano de tal para o meu nome,
porque nosso técnico não poderá estar aí.
— Quem é o senhor? — perguntou ele
— Bem, sou o presidente — . Isso abre todas as portas,
quer você saiba alguma coisa, quer não.
— Oh, muito bem — disse ele. Não parecia muito
entusiasmado, porque a maioria dos presidentes pode
não conhecer muitos pormenores técnicos, e eu sou um
deles. Sei muito pouco acerca das coisas intrincadas da
micro-onda. Mas eu iria representando o Chefe Técnico
do universo, aquele que é todo-sabedoria e conhecimen­
to. Seria algo realmente grandioso ver como Jesus ia
livrar-me dessa.
Cheguei a Alexandria, na Virgínia, no posto do Corpo
de Engenheiros, e me deram três técnicos.
— Provavelmente este será um processo demorado e
complexo. Providenciaremos para que o senhor volte às
oito da noite — disseram eles. Calcularam um dia todo
para a viagem, mais o tempo de trabalho para localizar e
corrigir a falha.
Isto era razoável, segundo os padrões humanos.
Pòrém não sabiam que eu estava sintonizado com o
160 Aprenda a viver como um filho do Rei
Chefe do universo. E a caminho do posto, enquanto eu
orava em línguas, vi no espírito o que estava errado no
equipamento. Isto supera a tentativa de diagnosticar uma
falha de funcionamento por processos normais.
Deus sempre tem ao seu alcance imediato informações
que nunca podemos obter por meios comuns. Ele
sempre conhece um fato mais acerca das coisas que
jamais saberemos. Eu tinha orado em línguas. A interpre­
tação me veio por intermédio de uma palavra de
conhecimento e de um quadro claro — discernimento do
problema.
— Já que estamos preparados para passar aqui várias
horas, não seria bom a gente almoçar primeiro e depois
vamos verificar o que há? — disseram eles.
— Bem — disse eu — se para os senhores não faz
diferença, vamos entrar no ar imediatamente e voltamos
para Alexandria. Não gostariam de voltar cedo?
— Sim, mas como o senhor vai fazer isso? Primeiro é
preciso localizar o defeito ;— disseram.
— Oh, já sei onde está o defeito. Levará cinco minutos
para consertá-lo — disse-lhes eu.
— Cinco minutos! Senhor Hill, sabe que já tivemos
peritos do Pentágono aqui? Já tivemos técnicos do
fabricante. Já examinamos essa coisa de ponta a ponta, e
toda vez que comprimimos o botão, lá se perdem mil e
quatrocentos dólares de válvulas do transmissor de
micro-onda de alta potência.
Eles estavam sobremodo nervosos, porque tinham de
verificar as novas válvulas às suas próprias expensas. E o
preço daquela estação era mais elevado do que qualquer
outra no mundo todo; um barril de válvulas toda vez que
se queimavam. Não era de admirar que estivessem
nervosos. ,
Não havia como eu pudesse garantir-lhes o que lhes
dizia. De modo que tornei a repetir-lhes:
— Cinco minutos me bastam.
Como consertar com rapidez ... 161
Ficaram a olhar-me como se estivessem duvidando de
minha sanidade mental.
— Tem certeza de que sabe o que está fazendo?
— Os senhores me trouxeram aqui para brincar?
— Não, senhor.
— Se fizerem o que lhes digo, estaremos fora daqui em
menos de quinze minutos, com tudo funcionando.
Bem, isso parecia bom demais para ser verdade, e
resolveram descobrir que tipo de maluco eu era. E assim
prosseguiram com a piada. Era a atitude deles. Entreo-
lharam-se, e um deles disse:
— Está bem, Que devemos fazer?
— Retire a cobertura.do alternador principal.
— Senhor Hill, já examinamos tudo aí. Tudo fo i. . .
— Retirem a cobertura. Os senhores querem brincar
ou desejam ver os resultados?
Eles retiraram a cobertura.
— Agora soltem esse parafuso de ajuste. Girem aquela
escova aí atrás vinte e cinco milímetros para a esquerda.
— Mas Sr. Hill, ela está na posição indicada pelo
fabricante. Pagaremos multa por tocar nisso porque a
fábrica . . .
— Girem vinte e cinco milímetros para trás, ou eu o
farei. Querem que eu o faça? — disse-lhes.
Seus pomos-de-adão subiam e desciam enquanto
tentavam engolir suas apreensões.
— Não senhor — disseram em coro. — Nós somos os
técnicos.
— Bem, então girem-no para trás.
— Sim, senhor.
— Apertem-no bem.
— Sim, senhor
— Recoloquem a cobertura.
— Sim, senhor.
— Agora apertem o botão.
— Não, senhor!! Não vamos apertar nenhum botão.
162 Aprenda a viver como um filho do Rei |
Essa coisa estoura em nosso rosto!
— Então fiquem fora da porta — disse-lhes eu.
E ficaram. Estavam contentes com isso. Apertei o
botão. A coisa acendeu. A estação entrou no ar. E eu
disse:
— Vamos voltar para Alexandria.
E eles estavam ali em pé, inteiramente perplexos, com
a menina dos olhos a girar freneticamente.
Entramos no carro, e eles tragaram em seco; um deles
cutucou o outro e eu sabia que estavam reunindo
coragem para perguntar-me como foi que fiz o trabalho.
Eu aguardava as perguntas.
Finalmente, um deles disse:
— O senhor se importaria se lhe fizéssemos uma
pergunta?
— Não. De maneira nenhuma; não sei se posso
responder — . Eu sabia o que vinha.
— Podería contar-nos, por favor, conte-nos como
pôde o senhor chegar aqui, pôr o dedo no defeito,
corrigi-lo, quando vimos suando com essa coisa durante
semanas? Tínhamos ordens superiores para fazer essa
estação entrar no ar e mantê-la no ar, e simplesmente
não o conseguíamos. Estava além da nossa capacidade.
Como foi que o senhor fez?
Acomodei-me no banco.
— Cavalheiros, estou contente que me hajam feito a
pergunta, porque a caminho daqui eu orei a esse respeito
e Deus mostrou-me exatamente o que fazer.
Durante o trajeto de volta a Alexandria, uma vigem de
duas horas ou mais, falei-lhes acerca de Jesus. Haviam
feito uma pergunta e tinham direito a uma resposta.
Dei-lhes a resposta conforme o Espírito me guiou. E
não tive de preocupar-me ou surpreender-me como a
recebiam. Isto era responsabilidade do Espírito Santo, e
não minha.
Algo que os filhos do Rei precisam aprender acerca do
Como consertar com rapidez ... 163
testemunho, acerca de orar pela cura ou por qualquer
outra coisa, é que o poder é de Deus, não nosso. Ele é o
responsável pela colheita. Nós não temos de julgar por
nossa conta a sabedoria ou a falta de sabedoria do que
dizemos quando nos estamos movimentando pelo Espíri­
to Santo, porque seus caminhos não são os nossos, e
seus pensamentos estão muito acima dos nossos. Nossa
confiança deve estar na Palavra de Deus, nunca em
nossos sentimentos a respeito dela. E quando deixamos
tudo nas mãos dele, ele alcançará a vitória sempre.
24
COM O VENCER NUMA
D ISC U SSÃ O COM
INTELECTUAIS
Todos nós sabemos que Deus sabe muito mais do que
podemos jamais sonhar saber ou chegar a saber. Mas a
maior parte do tempo somos um tanto lentos em dar a
Deus uma oportunidade de que seu conhecimento
chegue até nós de modo que seu nome possa ser
glorificado. Toda vez, porém, que lhe pedi sabedoria ou
conhecimento para que seu nome seja glorificado, ele
nunca deixou de concedê-la.
Não faz muito tempo recebi um convite para falar a um
grupo de cientistas em Trenton, no estado de Nova
Jersey. Todos estes homens tinham seu título de douto­
rado em suas profissões, cientistas de primeira linha, a
maior parte deles trabalhando em física ou química em
alguma universidade ou laboratórios de pesquisa. Todos
os meses eles convidam um conferencista para falar-lhes
sobre qualquer assunto. Como as pessoas que Paulo
encontrou no Areópago, estavam interessados em ouvir
qualquer coisa nova. A filosofia era uma matéria muito
interessante para eles e ocorria o mesmo com a religião.
Excetuando-se dois ou três homens, a maioria era
166 Aprenda a viver como um filho do Rei
constituída de pagãos dos mais devotos.
Havería uns quinze cientistas reunidos em uma sala de
recepção, nesta noite. Ao começar a falar-lhes de minhas
experiências, dois deles pareciam especialmente interes­
sados no que eu tinha para dizer. Não soube o por quê
até que havia falado durante uns dez minutos, e então
um deles me desafiou dizendo:
— Os senhores cristãos falam muito bem, tenho de
reconhecê-lo, mas isso é tudo, visto que não fazem nada
com respeito ao que crêem. Sou pacifista, e pelo que
posso ver, os senhores cristãos são uma tropa de
farsantes. Se têm o poder de mudar as circunstâncias que
afirmam ter, por que não vão e não fazem algo para
terminar as guerras, por exemplo?
Então seu amigo do outro lado da sala, que revelou
comungar de suas idéias, intrometeu-se na conversa,
dizendo:
— Claro, se os senhores, os assim chamados cristãos,
vivessem em vez de falar até morrer, não teríamos todos
estes problemas, guerras, e todo esse tipo de coisas.
Eles continuaram com a conversa entre si e eu podia
ver que toda a oportunidade fora perdida no que se
referia ao Senhor, porque eu não era capaz de discutir
com eles. Eram gigantes intelectuais em comparação
comigo. O homem que falou em segundo lugar era
professor de filosofia. Obviamente, teria sido perda de
tempo de minha parte tratar de persuadi-lo, porque teria
sido ele que me havería persuadido a mim em dois
minutos, se tanto.
Enquanto eles trocavam de argumentos ateístas e
pacifistas entre si, comecei a orar: “Senhor, esta reunião
está perdida, a menos que intervenhas.” Eu podia ver
que meus outros amigos cristãos estavam em comunica­
ção direta com o céu, como eu estava, orando em
línguas.
Do ponto de vista do senso comum, devíamos ter
Como vencer numa discussão com intelectuais 167
arrumado nossas malas e voltado para casa. Liquidados.
Mas os filhos do Rei não sabem de derrotas. Tudo o que
eles sabem é de vitórias. Sabemos que sempre estamos
confrontando um adversário que já foi derrotado e
somos especialistas em lidar com ele. Satanás não pode
interceptar nossa oração em línguas. Para ele é incom­
preensível.
De modo que, uma oração perfeitamente não interferi­
da, uma oração no Espírito Santo, subiu rapidamente ao
trono da graça e Deus respondeu com uma palavra de
conhecimento, uma missiva que veio tão clara como uma
fotografia. De repente vi algo acerca do pacifista que
falava tão enfaticamente, tão seguro de si mesmo, e tão
dono da situação. Vi algo a respeito dele que ninguém
mais na sala sabia, com exceção dele próprio. Deus me
havia sintonizado com respeito à informação de modo
sobrenatural, havia-me dado uma palavra de conheci­
mento. Isto me deu a supremacia, mas Deus parecia
dizer: Espere um pouco. Primeiro deixe que ele declare
sua posição. Então você entra.
Foi muito emocionante enquanto eu permanecia ali
sentado e procurei conter o riso esperando o momento
exato. Assim, deixei que o pacifista corresse sua marato­
na verbal enquanto pudesse, e quando parou para tomar
fôlego, eu disse:
— Perdoe-me, senhor. Podería fazer-lhe uma per­
gunta?
Ele mostrou-se muito magnânimo, pronto para conce-
der-me qualquer desejo que meu coração anelasse. Ele e
seu amigo estavam confiantes de que haviam levantado
um formoso caso contra os cristãos, e contra mim em
particular.
— O senhor afirma ser pacifista em todo o sentido da
palavra, não é verdade? — perguntei.
— Ah, sim, é isso mesmo; isso mesmo.
— Não há nenhuma dúvida a esse respeito? Não existe
168 Aprenda a viver como um filho do Rei
nenhuma área na sua vida na qual o senhor não seja
pacifista, certo?
— Inteiramente certo.
— Senhor, é certo que o senhor tem uma arma de
fogo carregada, em sua casa?
Eu vi essa arma, no Espírito. Deus me havia deixado
olhar no armário do corredor do pacifista e ele me
mostrou um rifle carregado que havia ali.
O homem ficou tão pálido como cera, e começou a
vociferar. Isso nada tem que ver com o assunto.
— Oh, não, senhor. Não se pode dizer que não tenha
nada que ver com o assunto, pois isso está exatamente
relacionado com o ponto. Estávamos falando acerca de
pacifismo. Pacifismo significa que não deve haver armas.
Nenhuma arma.
E voltei a fazer-lhe a pergunta:
— Senhor, tem o amigo uma arma carregada em sua
casa, no armário do corredor?
Ele tinha de responder, e respondeu, porém não em
voz alta.
— Sim.
Ufa! Eu podia sentir como o poder de Satanás se
encolhia.'
— Amigo, o senhor não é pacifista. O senhor é como
nota falsa, tão falsificada quanto possível. Um farsante,
falando de pacifismo com uma arma carregada em sua
casa.
O homem encolheu-se em sua cadeira. Não pronun­
ciou uma palavra sequer naquela noite. Falei de Jesus, e
ouviram, impressionados por esta óbvia invasão da
reunião pelo próprio Deus.
Mas este não é o fim da história.
No dia seguinte, o pacifista zombador telefonou para
um casal de Princeton que me havia acompanhado à
reunião. Disse ele:
— Deus estava naquela reunião ontem à noite.
Como vencer numa discussão com intelectuais 169
— Essa é uma afirmativa muito extraordinária por
parte de uma pessoa que não crê nos dons sobrenaturais
de Deus — foi a resposta.
— Bem — disse ele, — eu não cria, mas agora estou
seguro de que Deus estava ali, porque sou mestre em
manter uma conversação. Ninguém pode caçar-me a
palavra, especialmente esse estúpido engenheiro' Hill.
— Isso é absolutamente certo. Não gostaria de conhe­
cer mais intimamente esse tipo de Deus? — foi a
pergunta.
Pouco tempo depois, esse filósofo e professor encon-
trou-se com Cristo como seu Batizador pessoal no
Espírito Santo.
Ele se havia encontrado anteriormente com Jesus
como seu Salvador pessoal, mas seu cérebro instruído o
impedira de experimentar o poder de Jesus em sua vida
para suprir as necessidades de outros.
Esse zombador chegou a ser um dos irmãos mais
amorosos em Cristo que tenho conhecido, e da próxima
vez que o vi ele me deu um forte abraço e disse: “Dou-te
graças, Jesus.”
Contender em nível intelecutal teria sido infrutífero.
Ninguém teria sido salvo ou transformado. Alguém podia
ter dito: “Que mensagem maravilhosa.” E eu teria sabido
que tudo fora posto a perder fazendo-me eu o centro de
atração.
Mas quando, depois de minha palestra, alguém diz:
“Que maravilhoso Salvador!” sei que Jesus foi levantado
para atrair a todos.
Porque não é por força nem poder mental, nem por
um esboço de três pontos e mais um poema, mas “por
meu Espírito” , diz o Senhor, que ele convence os
incrédulos e os transforma em filhos do Rei.
25
COM O CURAR P O R
M EIO D E UM
SUBSTITUTO
Uma das coisas que aprendi a agradecer é minha
própria ignorância nas áreas de problemas que me são
trazidos. Se pensasse que sabia alguma coisa a respeito
de um problema, eu podería ter receitado remédio
errado. Mas quando em minha fraqueza, em minha total
ignorância, eu me vejo forçado a confiar no conhecimen­
to de Deus, seu poder se aperfeiçoa em minha fraqueza.
Ele demonstra que a loucura de Deus é. muito melhor do
que a sabedoria do homem.
Faz alguns anos, um grupo de médicos, enfermeiras e
técnicos auxiliares de medicina, em Baltimore, a Comu­
nhão Médica Cristã, pediu-me que fosse falar a seu
grupo. Eles tinham ouvido dizer que eu possuía alguma
experiência com curas. Suponho que haveria umas
quinze ou vinte pessoas ali, entrando e saindo, porque
alguns deles estavam de plantão ou sujeitos a algum
chamado de emergência. Mas havia um médico que,
segundo pude observar, não arredou pé dali durante a
reunião toda, sem interrupção.
Narrei algumas de minhas experiências em curas,
172 Aprenda a viver como um filho do Rei
como eu havia sido curado, e como tinha visto curas em
outras pessoas. Mas pelo fim da tarde, aquele que havia
estado tão atento durante o tempo todo, disse:
— Tenho uma paciente que está muitíssimo mal. Acha
o senhor que Deus podería curá-la à distância?
Examinamos o “Manual do Fabricante” e verificamos
que Jesus curou o servo do centurião à distância, sem
mesmo vê-lo. E Jesus havia dito que faríamos as mesmas
coisas que ele fez, e coisas maiores ainda porque ele
tinha ido para o Fai, e desse modo tomamos essas
palavras como nossa autoridade para crer que Jesus
ainda cura à distância hoje. Ele diz: “Eu sou o mesmo
ontem, hoje e para sempre. Eu não mudo.”
Ora, Satanás estava presente na reunião com o fito de
desanimar-nos, de instilar temor de fracasso. “Você vai
perder esta parada agora” , sussurrou ele. “Você está no
meio de um grupo de gente da medicina. Que direito tem
você de vir aqui e falar sobre cura? Essas pessoas são
todas profissionais.” Eu podia sentir que ele zombava de
mim.
Disse-lhe, como sempre o faço: “Tudo o que você
disse é verdade” . Concordei imediatamente com o meu
adversário. “Não tenho qualificações para vir e falar a um
grupo do campo da medicina, mas Jesus é o grande
Médico, e ele está em mim. Agora dê o fora, Satanás.
Não me aborreça. Estou ocupado nos negócios do meu
Pai.”
— Sim, naturalmente Jesus ainda cura à distância —
assegurei ao médico.
— Então eu gostaria de assentar-me na cadeira de
oração como substituto de uma paciente minha que está
gravemente enferma.
Foi tudo o que ele nos disse, e isso era tudo o que
precisãvamos saber.
Ele não revelou sua posição, se ele próprio era cristão
ou não. Simplesmente havia mostrado sua preocupação
Como curar por meio de um substituto 173
por uma paciente muito enferma, e isso bastava. Jesus
curou incrédulos. Ele curou muita gente que nem sequer
sabia que ele as estava curando.
O médico assentou-se, na cadeira e tomamos o “Ma­
nual do Fabricante” e começamos em Romanos 8:14,
colocando-nos a nós mesmos em condição de ser
guiados pelo Espírito de Deus. Reconhecemos que não
sabíamos como orar ou o que pedir ém oração. Tudo
estava à disposição do Senhor. “Senhor, tu te incumbes
da situação daqui para a frente.”
Começamos a orar em línguas, e no instante em que
impus as mãos sobre o médico, recebi uma revelação na
forma de um quadro completo do sistema nervoso de
uma pessoa, como uma radiografia, exceto que esta não
revela os nervos. Este quadro, porém, os mostrava.
Revelava que o sistema nervoso estava completamente
fora de equilíbrio. Em um lado do corpo se mostrava
como um violino invertido, com todas as cordas sob
tremenda tensão, esticando, retorcendo, distorcendo. No
outro lado, todas as cordas estavam pendentes, desenro­
ladas, completamente dasafinadas.
Ouvi-me orando: “Senhor, por favor, cura esta pessoa
de seu desequilíbrio nervoso.” Tão-logo as palavras me
saíram da boca, fiquei embaraçado. Que coisa mais
amalucada era esta — desequilíbrio nervoso. Nunca eu
tinha ouvido falar de tal coisa.
Satanás chegou sem demora ao meu ouvido. “Hill,
você realmente deu uma mancada. Desequilíbrio nervo­
so! Não existe tal coisa.” Suas gargalhadas de escárnio
soavam alto em meus ouvidos, e nunca me esquecerei
do olhar de grande desgosto na face do médico. Podia
ver que ele se sentia completamente perturbado com
esse assunto.
Mas os filhos do Rei não devem impressionar-se com
atitudes negativas, porque nosso Deus é um Deus que
opera milagres. E ele nunca comete erros. Assim, o
174 Aprenda a viver como um filho do Rei
Espírito de louvor veio em meu socorro. Deus nos
promete o manto de louvor em lugar do espírito de
opressão. E assim eu disse: “Senhor, eu te louvo. Dou-te
graças. Se pus isto a perder, tu ainda és o Deus redentor.
Se interpretei mal os sinais e orei erroneamente, esse
problema é teu. Tu me puseste neste negócio. Tu vais ter
de redimi-lo. Aleluia!” E fui libertado de condenar-me a
mim mesmo.
Logo depois disto, recebi um pedido para assistir a
outra sessão. Aconteceu que eu estava livre de compro­
misso, de modo que fui. Naquela noite estava ali um
jovem formado, com seu diploma de filosofia, e ele
estava muito interessado em tudo o que eu tinha para
dizer-lhe. Mas não estava de acordo comigo.
— Posso facilmente provar que Deus está morto, assim
como vocês, cristãos, podem provar que ele vive — disse
ele.
Com isso, o médico que esteve assentado como
substituto para que orássemos a favor de sua paciente
gravemente enferma, tomou a palavra, dizendo:
— Jovem, acontece que eu tenho um relatório para o
grupo aqui esta noite, que prova que Deus vive. Na
semana passada assentei-me na cadeira de oração, em
lugar de uma paciente minha que estava muitíssimo
enferma. Três dos nossos médicos havíamos realizado
uma junta médica no dia anterior. Dissemos a essa
paciente que tínhamos feito tudo o que estava em nossas
forças. Clinicamente, não podíamos fazer mais nada,
exceto retirar todos os seus órgãos internos e instalar
tubos artificiais. Ela teria simplesmente de esquecer-se de
que era uma jovem mulher, porque a operação lhe
arruinaria o corpo. Era o melhor que podíamos oferecer-
-lhe porque ela tinha a bexiga espástica. Isso é clinica­
mente incurável.
Então o médico voltou-se para mim, e continuou:
— Quando o senhor orou pela cura de um desequilí­
Como curar por meio de um substituto 175
brio nervoso, pensei que isso era tão fora de propósito
quanto podia ser, porque todo médico sabe que os
órgãos espásticos não têm nada que ver com desequilí­
brio nervoso. Mas quando examinamos essa paciente na
manhã seguinte, descobri que todos os sintomas desse
órgão espástico haviam desaparecido. Não se apresenta­
ram por toda uma semana. Ela está completamente sã.
Entretanto, comecei a examinar a relação entre os órgãos
espasmódicos, e descobri que eu havia ignorado total­
mente uma área de investigação médica. Presentemente
estou iniciando esta investigação.
Confiar no conhecimento de Deus em vez de confiar
em nossa própria inteligência — ou falta dela — é um
caminho seguro para a bênção. Isto faz parte do viver
como filho do Rei.
COM O TO RN A R-SE
ENDEMONINHADO —
COM O LIVRAR D E
D EM ÔNIOS
Um tópico freqüente de discussões no meio da renova­
ção carismática é a possessão demoníaca. Talvez você
seja um daqueles que não creem que estas coisas
aconteçam hoje. Não tenho nenhuma teoria a respeito
desta matéria, mas tenho tido algumas experiências que
coincidem com o que tenho lido na Bíblia. Quando um
filho do Rei vê a Palavra de Deus confirmada no mundo,
nenhuma teologia vai persuadi-lo de que seus olhos
vêem puramente imaginação.
Faz muitos anos, antes que eu me convertesse, minha
esposa foi possuída por demônios. Ela havia sido mé­
dium espírita durante anos. Eu freqüentava a faculdade
quando a conheci, e ela vivia profundamente envolvida
em fazer psicografia. Ela podia segurar um lápis sobre
uma folha de papel e começava a escrever palavras.
Pensávamos que isto era formidável. Ela havia estado
envolvida no ocultismo por um longo tempo; era diplo­
mada em tábuas de Ouija desde os dez anos de idade.
178 Aprenda a viver como um filho do Rei
Casamo-nos uns dois anos depois de minha formatu­
ra. Eu era um jovem engenheiro que começava minha
carreira no mundo industrial. Tinha a cabeça cheia de
instrução, e logo percebi quão pouco eu sabia.
Costumava chegar a casa à noite, completamente
frustrado. Meu trabalho era demasiado grande para mim.
De repente cheguei ao posto de engenheiro-chefe quan­
do meu superior foi transferido. Faltava-me o conheci­
mento e a experiência necessários para resolver proble­
mas de engenharia. De modo que eu estava à beira de
um colapso.
Uma noite minha, esposa disse:
— Por que não consultamos alguns de meus “amigos”
e obtemos algumas respostas?
A princípio não percebi do que ela estava falando.
— Que pretende você dizer com isso? — perguntei.
Ela disse:
— Assentar-nos-emos na sala de estar depois da
refeição e realizaremos uma sessão com os meus “ami­
gos” , você sabe, os espíritos.
Ela nem mesmo precisava de entrar em transe, tal era
o grau a que havia chegado. Ela via espíritos e se
comunicava verbalmente com eles.
— Aí vêm eles — disse ela.
— Onde? — perguntei.
— Não os vê? — disse-me ela.
— Certamente que não.
— Não os ouve?
— Não, não os ouço.
Porém ela os via e ouvia; e disse:
— Faça sua pergunta.
Fiz a pergunta, meu problema de engenharia, em
termos técnicos de engenharia.
E minha esposa disse:
— Não sei do que você está falando.
Depois ela se virou para seus amigos e disse:
Como tomar-se endemoninhado ... 179
— Vocês sabem o que ele quer dizer?
A seguir ela me disse:
— Sim, eles dizem que sabem o que você quer dizer.
Esperamos durante alguns minutos, e voltaram com
uma resposta, e fui ao escritório no dia seguinte, fiz a
prova, e funcionou! De sorte que se tornou isto uma
prática habitual para mim o levar meus problemas de
engenharia para casa e fazer que minha esposa pergun­
tasse a seus “amigos” a solução. Nunca vi os “amigos”,
nunca pude ouvi-los, porque tive uma mãe cristã que me
colocou sob o sangue de Jesus. Isso estabeleceu a
diferença. Minha esposa, por estar envolvida no ocul­
tismo, havia-se deixado a si mesma totalmente aberta à
ação do poder satânico em sua vida.
Depois que nasceu nossa filha, minha esposa começou
a agir de forma muito estranha. Logo adquiriu tendências
suicidas. Um dia seu psiquiatra me disse:
— Chegará o dia em que ela ameaçará destruir um ou
dois membros da família, e podería ser você. Quando
isto acontecer, chame-me imediatamente. Terei feito os
preparativos necessários.
Chegoú o dia, e por um ano não tive esposa. Tive uma
pessoa demente encerrada em um asilo de loucos. Ela
não estava em verdade demente; estava possuída pelo
demônio, mas naquele tempo não sabíamos destas
coisas. O psiquiatra não o sabia. Os médicos tampouco o
sabiam, porque eram simples idiotas instruídos. Sem
Jesus, o mais brilhante, o mais altamente preparado
indivíduo não passa de um idiota instruído.
Foi uma coisa horrível e cruel ter um bebê recém-
-nascido e sem mãe para ela. A mãe estava encerrada,
possivelmente para toda a vida, porque ela havia brinca­
do com fantasmas. Isso é o que Satanás faz à sua gente
para destruí-la.
O tempo passou. A vida era uma nódoa dolorosa.
Então um médico usou de hipnose em minha esposa e a
180 Aprenda a viver como um filho do Rei
trouxe de sua “insanidade” para um estado um pouco
mais normal. Na clínica disse-me um médico ser muito
possível que mais para a frente a enfermidade viesse a
repetir-se. Creio que esse médico sabia acerca de
demônios, mas não sabia como dizer-mo.
Não éramos cristãos. Os cristãos estão sob a proteção
de Jesus. O capacete da salvação protege-lhes a mente
contra o vodu e contra a invasão de espíritos maus em
suas almas, a menos que as deixem abertas para a
invasão satânica mediante deliberada intromissão na
bruxaria e no ocultismo. E muitos cristãos o fazem, por
ignorarem a Palavra de Deus.
“Não vejo nada de errado com horóscopos, com a
quiromancia, com adivinhos, ou com sessões espíritas” ,
dizem, porque o cérebro instruído não tem meios de
perceber a presença de demônios até que seja tarde
demais.
Nada víamos de errado com as abominações ocultistas
também, nunca havendo lido o capítulo 18 de Deutero-
nômio para entender o problema. Eu havia feito estudos
de pós-graduação, inclusive havia patenteado alguns
inventos. Meu cérebro idiota instruído estava em pleno
controle de minha vida, e embora eu pudesse apontar
para meus êxitos mundanos, levava uma vida idiota e
tinha a mente estúpida e vazia. Nunca eu tinha convida­
do Jesus para entrar. Diploma de doutor, sem Jesus, é o
mesmo que cavar buracos; não leva a parte alguma.
Sem Jesus, e com seu envolvimento no ocultismo,
minha esposa estava na linha de fogo de Satanás. Não
sabíamos disso, naturalmente, e ignorar o inimigo é
exatamente o que ele quer. Na Ciência Cristã ensinaram-
-me que Satanás não. existe. É o truque dele para fazer a
gente crer que ele não existe, que você é bom, que não
existe pecado, e que você não necessita de salvação. Fui
à Unidade, e a Swedenborg, ao voduísmo, à ioga, e a
todas as deprimentes e lânguidas religiões e cultos, e
Como tomar-se endemoninhado ... 181
nenhuma delas podia salvar minha esposa da insanidade
como não puderam tirar-me do pântano em que caí
quando era menino.
Uma dia, cerca de dezessete anos depois de receber
alta do sanatório para doentes mentais, notei que minha
esposa estava agindo novamente de forma estranha. A
violência ainda não se havia manifestado, mas eu sabia
que estava a caminho, porque ela estava seguindo o
mesmo padrão de comportamento que havia demonstra­
do quando nossa filha nasceu na década dos anos trinta.
Certo dia, enquanto a olhava, vi de repente um rosto
sobre a face de minha esposa, tão real em cada
pormenor como seu próprio rosto, porém era a face de
um demônio horrível vindo diretamente do abismo do
inferno. Não havendo sido ensinado nestas coisas, levei-
-a a um assim chamado psiquiatra cristão em Baltimore.
Mas ele nunca tinha ouvido falar dos dons do Espírito ou
de demônios. Quando lhe disse o que eu tinha visto, ele
se esqueceu de minha esposa e passou a examinar-me.
Pensei que ia mandar prender-me ou expulsar-me dali.
Os psicanalistas não tinham resposta alguma. Para
onde ir? Para um único lugar. Para o Senhor.
Nos começos de 1954 encontrei Jesus, e ele me
batizou e me concedeu os dons do Espírito Santo.
Lidamos com esse demônio, atamo-lo, e o expelimos de
minha esposa, e hoje ela é perfeitamente normal.
Louvado seja Deus.
Desta vez ela continuará neste estado, porque não
biincamos mais com fantasmas em nossa casa.
Sem os dons do Espírito Santo, minha esposa seria no
dia de hoje um violento ser irracional. Isso é o que o
médico disse que seria: um violento animal. Em outras
palavras, não um ser humano. Se eu tivesse sido um
batista do sul, do tipo comum, teria tido de acomodar-me
a essa situação e isso é satânico. Quando nossos
seminários privam nossos jovens pregadores do conheci­
182 Aprenda a viver como um filho do Rei
mento das atividades de Satanás e também do poder dos
dons do Espírito Santo para lidar com essas atividades, é
algo diabólico. E nossos seminários — cemitérios, é
como deveriamos chamá-los — estão fornecendo infor­
mação morta.
Não encontro nada na Bíblia acerca de ministérios
especializados de livramento, mas encontro cristãos nor­
mais ministrando livramento, ministrando cura e minis­
trando os dons do Espírito para trazer plenitude e
perfeição ao povo de Deus. Sem a caixa de ferramentas
de Deus, os dons do Espírito Santo, somos cristãos
retardados, caindo de vólta naquela oração de descren­
ça, “Senhor, cura-o se for da tua vontade” , e a seguir
chamando a empresa funerária. Os filhos do Rei sabem
que a perfeita vontade de Deus conforme se encontra em
3 João, ver. 2, é prosperidade e saúde; não existe o
condicional “se” a respeito.
Uma das maiores ações do Espírito Santo hoje entre os
jovens em Baltimore veio por intermédio do exercício
dos dons do Espírito Santo em nossa sala enquanto
minha esposa e eu ministravamos a Palavra de Deus a
um psicólogo.
Eu havia testemunhado a este homem cerca de dez
anos antes, e ele nada desejava do que eu ihe estava
falando. Disse ele:
— Isso está muito bem para o senhor, mas eu estou
trabalhando para obter minha licenciatura e logo terei
meu doutorado, e meu preparo na psicologia e na
psiquiatria é mais do que suficiente para minhas necessi­
dades.
Sendo assim, eu lhe disse:
— Não vou chamar mais o senhor; o senhor é que terá
de chamar-me quando estiver a ponto de desintegrar-se.
Como podia eu saber que isso iria acontecer? As
tabelas das companhias de seguro garantem a desinte­
gração do mecanismo humano por volta de cinquenta
Como tomar-se endemoninhado ... 183
anos. De acordo com as estatísticas das companhias de
seguro, se você ocupa na vida um posto executivo, aos
cinqüenta e dois anos e meio você deverá sofrer seu
primeiro colapso nervoso ou seu primeiro ataque cardía­
co, ou ambos. E eu seguia o padrão, até que me
encontrei com Jesus.
Hã cerca de três anos, o psicólogo me chamou uma
noite e disse:
— Tenho um problema.
— Tem um o quê? — perguntei. — Pensei que os
psiquiatras resolviam problemas. Pensei que o senhor
tinha as respostas, não os problemas.
— Bem — disse ele, — também pensei assim. Mas
tenho um problema.
— Qual é?
— Medo. Faz alguns anos o senhor me disse coisas
que me levaram a crer que o senhor tinha alguma
influência com Deus. Podería ajudar-me?
— Não, eu não podería ajudá-lo, mas Jesus podería se
o senhor estivesse disposto a ser ajudado por ele, ou o
seu temor é um passatempo? — perguntei.
— Não, não é um passatempo. Eu gostaria de
desfazer-me dele. Ele mantém-me acordado já vai para
um ano.
Bem, é preciso saber que eu o tinha em minha lista
especial de oração a fim de que ele não tivesse paz
enquanto não se encontrasse com o Príncipe da Paz.
Concordou em dispor-se a chegar a um entendimento
nos termos que Deus impusesse. Ele não tinha alternati­
va, senão piorar.
Assim, ele veio à minha casa e minha esposa e eu
falamos com ele sobre o que havíamos encontrado em
Jesus: libertação do tormento e da culpa. Libertação da
vaidade da vida, e do fastidioso tédio da existência sem o
Salvador vivo.
Bem, a dor e a miséria eram em seu rosto indício claro
184 Aprenda a viver como um filho do Rei
do tormento que lhe ia por dentro.
— Está o senhor disposto a que Jesus o livre deste
temor?
— Eu não sabia que ele pudesse fazer isso — disse-me.
— Tampouco eu o sabia, até que o experimentei —
respondí.
— Que é que tenho de fazer?
— Peça a Jesus que entre em seu coração para ser seu
Salvador — disse-lhe eu.
Ele o fez, e foi salvo ali mesmo.
Isso o candidatou a receber os dons que Deus concede
aos filhos do Rei.
De modo que impusèmos as mãos sobre ele e oramos
em línguas. Esse é o dom de telefone. “Senhor, não
sabemos como orar por esta pessoa. Por favor, ajuda-
-nos.” Vi o espírito de temor amarrado. Ali em seu
interior, vi um quadro claro, e soube que o temor vinha
do diabo.
“Satanás, em nome de Jesus Cristo, nós te amarramos
e te lançamos de volta ao abismo de onde vieste. Tira
tuas mãos de sobre o povo de Deus e mantém-nas longe.
Em nome de Jesus. Amém.” Essa foi nossa ordem.
Fred endireitou-se na cadeira e se apalpou por todos
as partes. E disse:
— Foi-se embora!
— Bem, isso era o que desejãvamos, não é verdade?
Não desejava você que ele se fosse?
— Sim — disse ele, — mas foi . . . .
— Bem, claro que foi, porque os filhos do Rei estão
ministrando aos filhos do Rei.
No correr da tarde, Fred tocava em si mesmo de vez
em quando para ver sé a coisa tinha voltado. Mas não
tinha, porque havíamos dito: “Senhor, sela-o em teu
Santo Espírito.”
Na noite seguinte Fred me chamou e disse:
— Ainda se foi! Não voltou!
Como tomar-se endemonínhado ... 185
— Bem, não foi isto o que solicitamos que aconteces­
se? Não foi isto que dissemos ao maligno? Vai-te e fica-te
por lã. E claro. Os filhos do Rei fazem isso.
— Desejo conhecer melhor este tipo de Deus — disse
ele. — Desejo poder ministrar mediante esse tipo de
poder.
Convidamo-lo, e ele voltou à nossa casa. Minha
esposa e eu lhe impusemos as mãos, e Jesus o batizou no
Espírito Santo; ele falou em uma nova língua e conver­
teu-se em um poderoso filho do Rei.
Ele tinha esposa e onze filhos, e todos se converteram.
Receberam o batismo, deixaram as drogas e os demais
aditivos químicos necessários a quem não possui Jesus.
Lbgo começaram a infiltrar-se na vida de outros rapazes
ao derredor. Começaram um pequeno grupo de oração
e de estudo bíblico no porão de seu clube, e os outros
rapazes começaram a comparecer. No dia de hoje, este
grupo já conta com várias centenas que se reúnem no
local da igreja de São José, nas terças-feiras à noite,
repleto de jovens que deixaram as drogas e se uniram a
Jesus. Nos últimos anos, literalmente milhares têm aceita­
do a Jesus Cristo porque Fred foi libertado do medo.
Este é o poder do Espírito Santo para fortalecer
cristãos comuns a fim de saírem pelo mundo e atuarem
como povo de Deus em preparação para algo melhor no
além. Não sei como podería ser maior, mas ele diz que
será. O melhor ainda está por vir. Aleluia!
,27

COM O PER D O A R
Amiúde digo: “Senhor, mostra tua suficiência para
esta ocasião; mostra-te capaz de lidar com esta confusão.
Senhor, isto me parece terrível, e se devo julgar pelas
aparências, eu desistiría agora mesmo. Mas estou julgan­
do por tua Palavra de que estás operando dentro de
mim, tanto o querer como o fazer por tua boa vontade.”
E quando entrego tudo a ele, ele dá o poder para fazer a
nova vida operar por meu intermédio a fim de ministrar
vida em qualquer situação.
Por que isto não acontece mais freqüentemente? Por
que os cristãos são menos do que vitoriosos? Existem
razões, impedimentos para que recebamos tudo quanto
Deus tem para nós. Chamo a esses impedimentos de
bloqueios do caminho.
Deus mostrou-me três barricadas no caminho que
impedem o derramamento de seu poder — falta de
perdão, impaciência e incredulidade. Esses bloqueios no
caminho podem operar no sentido de deter o poder de
Deus na vida de um ministro ou na vida daqueles a quem
ele deseja ministrar.
Não muito tempo depois que comecei a crer, e depois
que eu havia recebido o batismo no Espírito Santo,
queixava-me porque Deus não usava meu ministério de
188 Aprenda a viver como um filho do Rei
modo mais poderoso. Quando lhe pedi que me mostras­
se qual era a dificuldade, ele apontou para o texto em
Mateus onde Jesus disse que se trouxeres tua oferta ao
altar e ali te lembrares de que teu irmão tem algo contra
ti, deves deixar tua oferta e reconciliar-te com teu irmão
antes que possas apresentar tua oferta a Deus.
Eu sabia que havia uma relação interrompida que
deveria ser concertada em minha vida. E esse problema
que eu havia criado interrompia minha comunhão com
Deus. Eu não podia ouvir o que Deus dizia, porque havia
muita estática que eu mesmo provocava.
Certa manhã, depois de uma bebedeira — antes de
converter-me — eu me havia levantado em um estado
calamitoso, como de costume, e vi uma conta do médico
sobre minha cômoda. Era uma ocasião inoportuna.
Minha esposa não a deveria ter posto ali. Porém eu a abri
e isso me deixou ressentido. Peguei o telefone e disse ao
médico que ele não passava de um charlatão, e uma
porção de coisas mais, nenhuma delas no sentido de
elogiá-lo ou à sua profissão. Realmente, disse-lhe umas
boas verdades, terminando com estas palavras:
— Se o senhor viver mil anos e eu viver dez mil, nunca
vou pagar-lhe essa conta . . .
E bati o fone, queimando todas as pontes atrás de
mim.
O tempo passou. Fui salvo. Encontrei-me com Jesus.
Comecei a andar esta vida no Espírito.
O médico morava apenas cinco ou seis casas além da
minha, numa rua de mão única. Eu não podia ir a parte
alguma sem ter de passar diante de sua casa. Do outro
lado da rua havia um lote vago, e eu virava o rosto e
olhava para lã. Realmente dei um mau jeito no pescoço
de tanto virar a cabeça para aquele lado. Eu não queria
ver o médico, se acontecesse de ele estar fora, porque ele
me causava asco. Não queria enfrentá-lo pelo fato de
haver-me portado como um verdadeiro pagão com ele.
Como perdoar 189
Eu havia sido o culpado de tudo isto, mas procurava
recionalizar.
Quando o Senhor me mostrou o texto bíblico, eu
disse: “Bem, Senhor, esse é um erro de imprensa. Ele é
que deve procurar-me. Eu sou o ofendido. Além do
mais, isto é algo do passado, água que jã foi derramada.
Nada de bom resultará de voltarmos a discutir o assun­
to.” Mas não importava o quanto eu racionalizasse, Deus
não mudou a Escritura para conformá-la à minha
maneira de pensar, e me sentia cada vez mais e mais
miserável.
Certa noite, senüa-me tão culpado, que tudo o que eu
podia pensar era o nome do médico. Deus trazia-o à
minha mente toda vez que eu procurava orar. Eu estava
morrendo espiritualmente. Quando trouxeres tua oferta
ao altar, quando vieres em uma atitude de oração e
adoração, o primeiro nome que aparece em tua mente é
de alguém que te molesta, esse é teu maior problema,
bloqueando o reino do céu de modo que não possa ser
evidente em tua própria vida. O sentir-se consciente de
que há um bloqueio no caminho envolve a responsabili­
dade de fazer algo a respeito.
Assim, uma noite eu me sentia tão culpado, que disse:
“Muito bem, Senhor, eu irei. Por tua graça vou à casa
dele e resolverei este assunto.” E andei diante dessas
cinco casas. Pareciam ser cinqüenta quilômetros. Era
uma distância muito curta para ir de carro. Tive de andar,
e eu sabia que todos os vizinhos me estavam olhando,
dizendo: “Lá vai o culpado.”
Eu estava tão cônscio desta culpa, que tinha certeza de
que todos cochichavam: “Ali vai o pecador. Ele está
subindo e vai confessar.”
E Satanás lançava acusações contra mim. “Você não
deseja ir e pedir-lhe desculpas. Você não tem de fazê-lo.”
“Naturalmente, não tenho de fazê-lo” , concordei com
ele. “Posso morrer e não pedir desculpas. Tenho a
190 Aprenda a viver como um filho do Rei
oportunidade de preferir secar-me. Tenho a oportunida­
de de ver minhas orações sem resposta. Sim,, tenho
muito que escolher, são coisas de valor secundário, e de
terceira e quarta categorias. Elas não são o melhor. Os
filhos do Rei desejam as coisas melhores. E Deus deseja
que eu tenha o melhor de tudo, mas não vou obtê-las
senão pelo caminho de Deus.” Batí à porta da casa do
médico, mas não houve resposta. Dei um grande suspiro
de alívio e me deslizei envergonhado para minha casa.
Levou-me várias semanas para reunir coragem bastante
e acumular graça suficiente para ir pela segunda vez.
Desta vez sua esposa abriu a porta e disse:
— O médico não está em casa. .
Pela terceira vez, em meu trajeto para lã, orei:
“Senhor, eu vou, mas tu vais ter de fazer a coisa.”
Bati à porta outra vez. E quando ele abriu a porta
nesse dia, tremi. Ele era vários centímetros mais alto do
que eu, e me olhou de cima para baixo, como se eu fosse
um verme importuno. Ele era mais jovem do que eu,
mais rápido para agir. E eu esperava receber um soco no
nariz.
“Senhor”, disse comigo mesmo, “não sei o que dizer a
este homem. Dá-me tua palavra de sabedoria.”
O homem me olhou de alto a baixo e disse:
— Que deseja?
Eu sabia que era exatamente isso que ele diría.
— Doutor — disse-lhe eu — , gostaria de entrar e falar
com o senhor.
— Não tenho nada que conversar — disse ele, e
começou a fechar a porta. Coloquei o pé na abertura
como um vendedor desses insistentes. Eu tinha de entrar
nessa casa. E foi então que o Senhor colocou palavras na
minha boca.
— Doutor — disse-lhe eu — , não sou do tipo de
pessoa que viría aqui para pedir desculpas, mas este é
um assunto entre mim e Deus, e ambos gostaríamos que
Como perdoar 191
o senhor me deixasse entrar — . O homem quase
desmaiou e eu quase caí de bruços.
Essas palavras não eram minhas. Tratava-se de uma
palavra de sabedoria vinda diretamente do céu, as únicas
palavras que poderíam ter-me introduzido naquela casa.
Tivemos uma boa conversa, paguei-lhe a conta que
devia, confessei-lhe como havia estado completamente
dominado pelo álcool, numa espécie de estupor, e havia
dito muitas coisas impertinentes às pessoas. Eu não sabia
o que eram. Porém eu estava ali porque me tornara
cristão, havia-me encontrado com Jesus. Desfrutava de
uma nova forma de vida que se relacionava com livrar-
-me de toda a lama e lixo que eu mesmo havia criado no
passado, consertando as relações interrompidas e tudo
mais. Essas coisas eram duas fases que formavam nosso
programa dos Alcoólicos Anônimos.
— Bem, suspeitei que o senhor teve dificuldades por
causa de sua embriaguez — diss’e ele — e se os médicos
fossem dar ouvidos a todas as coisas que as pessoas lhes
dizem, teriam de renunciar à profissão ou ingressar num
manicômio.
Então ele me olhou de frente, mas sem ira, desta vez, e
disse:
— No que se refere ao perdão, tudo está esquecido — .
Então nos demos as mãos.
Quando saí da casa do médico, eu estava em boas
relações com Deus, porque estava em boas relações com
as pessoas. Minha vida de oração, minha vida espiritual
subiu às alturas. Estivera bloqueada, impedida, até que
fui e me reconciliei.
Mas tive de aprender a lição do perdão mais de uma
vez. Deus continuará a dar-nos lição após lição até que
afinal aprendamos o que devemos saber para funcionar­
mos com eficiência total como filhos do Rei.
Há questão de quatorze anos, Deus enviou-me à
conferência de uma importante organização leiga de
192 Aprenda a viver como um filho do Rei
renovação ao leste da Pensilvânia para apresentar-lhes o
batismo de Jesus, o batismo no Espírito Santo. Os
participantes eram em sua maioria gente denominacional
que nunca tinha ouvido falar de tal coisa, assim como eu
tampouco quando me fiz membro da igreja batista.
Durante anos, centenas de pessoas haviam conhecido
a Jesus como o Batizador, em algumas de nossas
reuniões realizadas à meia-noite. Mas então o Sinédrio, a
hierarquia eclesiástica me alcançou.
Creio que foi no sétimo ano de minha participação
quando me ordenaram que não freqüentasse mais essas
reuniões, exceto as programadas pelo Sinédrio. Apresen­
tei minhas objeções como um pagão devoto, e depois fui
para casa e me sentei descontente sob minha aboboreira.
E disse: “Senhor, envia fogo do céu e queima essa
cambada de hipócritas.” E ali realizei minha sessão de
queixas! Eu estava ardendo de raiva. Enviei-lhes uma
carta que teria feito justiça a qualquer acampamento do
diabo. Algumas manhãs mais tarde, o Senhor parecia
dizer-me: Realmente eles feriram seus sentimentos, não é
verdade?
“Senhor, certamente feriram”, disse eu. Pensei que
ele ia animar-me a realizar uma sessão maior de queixa.
Mas não; em vez disso, era como se o Senhor dissesse:
Na verdade eles lhe deram um mau tratamento, hein?
“Senhor, tu não sabes” , disse eu.
Bem, disse o Senhor, eu sei realmente; eles me
trataram dessa maneira. Deveria o servo esperar melhor
tratamento do que o dispensado ao seu Senhor?
Aí fiquei um tanto envergonhado, e disse: “Não. Não,
Senhor.”
Pareceu-me haver dito o Senhor: Você foi espancado
e dado por morto?
“Não.”
Já sofreu naufrágio?
“Não.”
Como perdoar 193
Foi serrado ao meio?
“Não, Senhor, não senti nada disso.”
Foi lançado na prisão?
Todas as coisas que haviam acontecido a Paulo
começaram a passar-me pela mente, e nenhuma delas
havia acontecido comigo. E parecia-me que o Senhor
dizia: Você está servindo a eles ou a mim?
“A ti, Senhor.”
Bem, então volte para lá e deixe que o expulsem de
novo.
Na segunda vez, não me doeu tanto. Então ele me
deixou ir livre por uns dois anos. Mas há questão dp um
ano tive a sensação de que devia voltar porque ainda me
sentia magoado. Uma ferida tem de ser tratada no lugar
onde se produziu. A chaga contra meus irmãos em Cristo
constituía um bloqueio em meu crescimento espiritual.
Era preciso fazê-la desaparecer. Eu não podia corrigi-la
somente orando por eles. Tinha de voltar à fonte do
problema.
Isto é básico na vida toda. Temos de reparar danos
passados no local onde se verificaram. Em Apocalipse
2:5, o Espírito diz: “Lembra-te, pois, dé onde caíste,
arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras.”
Quando estamos orando junto do altar, e pensamos em
alguém que tem algo contra nós, devemos deixar ali
nossa oferta, reconciliar-nos com essa pessoa, e então
voltar e oferecer nossa dádiva, nosso sacrifício. As
possibilidades são que seremos curados em nosso regres­
so, porque é então que a cura se produz, quando nos
reconciliamos.
Eu sabia que tinha de voltar, mas não queria fazê-lo.
De modo que coloquei um velo: “Muito bem, Senhor,
voltarei se eles me enviarem um convite pessoal, por
escrito, para fazer parte de uma equipe.” Ora, eu sabia
que isso não podia acontecer, porque eu estava na lista
dos eliminados.
194 Aprenda a viver como um filho do Rei
Mas alguém se enganou e recebi um convite para fazer •
parte da equipe.
Não havia desejado que o Senhor honrasse meu velo.
Agora tinha o dever de voltar. Não havia como escapar.
E não gosto de ser despedido de uma comunidade cristã
na presença de quinhentos ou seiscentos irmãos. Isto
magoa meu orgulho quando já não me prezam. Mas
meus gostos ou desgostos tinham de ser pisados. A
vitória tinha de ser obtida ali onde se havia apresentado a
dificuldade.
Assim, conduzi meu automóvel ao refúgio na monta­
nha onde se realizava a conferência, numa sexta-feira à
tarde. Havia um registro prévio de cerca de oitocentos, e
por isso haviam feito planos para ter cerca de seiscentos,
considerando certa proporção de cancelamentos. Mas o
tempo estava tão convidativo que praticamente todos
vieram, inclusive eu.
Quando chegüei ao setor de inscrição, a pessoa
encarregada olhou a lista de -reservas e disse:
— Bem, sinto muito, mas o seu nome não consta da
lista.
Pensei que alguém havia percebido o engano cometi­
do e então apagaram meu nome da lista para terem o
lugar de que necessitavam.
“Bem, louvado seja o Senhor” , disse eu em voz alta.
— Que foi que o senhor disse? — perguntou.
Era algo novo esta coisa, e quando lhe repeti o que
havia dito, ele pensou que havia captado a mensagem. E
disse:
— Sim, louvado seja o Senhor por nada.
— Não — disse eu, — louvado seja ele pelo quarto
invisível. Deus vai prover um quarto se ele desejar que eu
fique aqui.
E fui para um lado a fim de esperar e ver o'que o
Senhor ia fazer. E continuei dizendo a ele como isto me
parecia.
Como perdoar 195
I “Pois bem, estarei encantado de ir-me, Senhor, a
menos que providencies algo para mim.” Isto me
permitiría escapar em boa forma, pensei eu. E tive certa
esperança de que não havería nenhum quarto.
Isto é, novamente, o que significa desligar. O que
desligamos na terra é desligado no céu. “Senhor, para
mim tanto faz que aconteça uma coisa ou outra. Se fosse
fazer de acordo com as minhas preferências, preferiría
não estar aqui. Porém me conformo. Faze o que
quiseres. Simplesmente esperarei.”
E assim esperei, louvando o Senhor ali mesmo, no
meio de toda aquela confusão de gente contrariada no
setor da assim chamada ala de inscrição. Havia seis filas
de cristãos clamando por acomodações. Não havia
acomodação em número suficiente nem mesmo para os
que tinham seus nomes na lista. Ouvi-os, e pareciam-me
pagãos, brigando, reclamando, queixando-se, indigna­
dos, prontos para explodir.
— Viajei novecentos quilômetros, e eles não têm
quarto para mim . . .
— Não podem fazer isso comigo . . .
— Vou dar um jeito neles . . .
Conversa de pagãos.
Continuei em pé ali no meio de toda aquela confusão,
dizendo: “Graças te dou, Jesus. Louvado sejas tu,
Senhor. Não sei onde está meu quarto, mas tu o sabes.
Não preciso de cama neste momento. Ela me estorvaria.
Eu cairía sobre ela às três da tarde, precisaria dela logo
mais à noite, mas neste instante não preciso dela.
Gostaria, porém, de ter meu quarto, porque me agrada­
ria entrar ali e dar-lhe uma arrumada. Vou ficar em pé
aqui e louvar-te até que algo aconteça. Ou me expulsam,
ou consigo um quarto. Não importa o que seja. Importa é
a tua vontade, Senhor.”
Sabe quanto tempo me levou? Marquei — vinte
minutos. Ali permanecí em pé no meio daquela ativa
196 Aprenda a viver como um filho do Rei
multidão de cristãos que atuavam como pagãos, e não
ouvi uma só palavra de louvor, exceto a minha. Todos
me olhavam como se eu tivesse três cabeças. Rodearam-
-me; desprezaram-me. E esses eram cristãos nascidos de
novo! Mas procediam de acordo com seu senso comum,
enquanto eu agia de modo espiritual, como Deus queria.
Tudo o que eu fazia era louvar: “Graças te dou, Jesus.
Aleluia! Glória a Deus. Eu sou filho do Rei.”
Enquanto estive ali, uma mulher procurava abrir
caminho pela multidão tendo na mão um envelope. Ela
se dirigiu diretamente a mim como uma pomba que vai
ao seu pombal. Eu não a conhecia. Nem ela me
conhecia. Porém ela levantou o envelope, e me per­
guntou:
— O senhor podería usar a reserva que fiz?
— Não vai usá-la? — perguntei?
Abanando a cabeça negativamente, ela disse:
— Meu marido acaba de telefonar-me e diz que não
vai poder estar aqui. Havíamos reservado um quarto de
casal, porém vou dormir em outro lugar com uma amiga.
Aqui está um quarto de casal, se o senhor puder usá-lo.
Bem, aleluia! Glória a Jesus! Eu havia pedido ao
Senhor um quarto de solteiro. Ele deu-me um quarto de
casal. Ele sabia que naquela noite, à meia-noite, havería
vinte e três pessoas acotovelando-se naquele quarto para
receber o batismo no Espírito Santo. Isso foi na noite de
sexta-feira.
No sábado à noite, o grupo disse:
— Bem, poderiamos ter outra reunião hoje à noite?
— Claro que sim — respondi-lhes.— Estou sempre
pronto para gloriar-me em Jesus.
E assim nos preparamos a fim de transferir-nos para a
sala de TV de onde estávamos hospedados. Comportava
cerca de cento e cinqüenta pessoas assentadas. Quando
eu me dirigia para lá, por volta da meia-noite, um casal
dos membros do Sinédrio disse:
Como perdoar 197
— Estão planejando fazer uma daquelas reuniões esta
noite?
Disse-lhes que não, e eu estava sendo perfeitamente
honesto com eles. Em absoluto não planejo reuniões.
Mas às vezes o Senhor as organiza e me pede que esteja
lá.
Bem, eles ainda alimentavam alguma suspeita, de
sorte que me fizerem outra pergunta:
— O senhor vai a uma dessas reuniões?
— Sim, estou a caminho para lá agora — disse-lhes.
— Já não lhe dissemos que não realizasse mais dessas
reuniões?
— Oh, sim, disseram. Disseram-me exatamenfe isso.
Uma mulher, membro do Sinédrio, fingiu um sorriso,
como se ela fosse provar o poder do pensamento
positivo sobre mim.
— Bem, o senhor não vai realizá-la, pois não?
Seu sorriso desapareceu depressa quando lhe respon­
dí:
— Claro que vou. Toda vez que alguém me pede que
fale de minha experiência com Jesus, ali é onde podem
encontrar-me. Por que a senhora não vem comigo?
— Bem, o senhor vem aqui todos os anos e deixa os
restos de naufrágios espirituais que temos de limpar.
— Irmã, por que não vem e verifica por si mesma
como fazemos naufrágios espirituais?
— Oh, não, eu não podería fazer tal coisa.
Esta irmã era cheia do Espírito. Ela e o marido” pastor
ali na localdade, receberam o batismo e foram amorda­
çados pelos membros do Sinédrio. Estão negando o
poder. Mas esse problema é deles, e de Deus; não meu.
Minha parte é regozijar-me, servir a Jesus, e não ao
Sinédrio em parte alguma.
De modo que se reuniram uns cento e cinqüenta, e
creio que havia outros cem que receberam aquilo que
buscavam, porque Jesus sempre cumpre suas promes­
198 Aprenda a viver como um filho do Rei
sas. Quando vamos à fonte, ele sempre dessedenta as
ovelhas. Aleluia!
Na manhã seguinte, à hora do café no grande
refeitório, o Sinédrio enviou uma comissão de uma
pessoa para pedir-me que fizesse o favor de retirar-me.
Mas era tarde demais; o dano já estava feito. Aleluia! E o
Senhor alcançou sua vitória. Já não havia nenhuma
amargura em mim.
“Estou pronto, Senhor. Tu fizeste tua obra aqui.
Passemos para outro lugar.”
Quando me pus a caminho em direção de minha
cabana a fim de fazer minha mala e partir, vi duas das
irmãs, ainda jubilosas, ainda louvando a Deus em todos
os tipos de línguas, subindo o caminho. Ao aproximar-
-me delas, o Espírito do Senhor disse: Eu te darei os
pagãos por tua herança.
“Aleluia! Louvado seja Deus. Não preciso de nada
mais, contudo, Senhor, começa a tua obra.” Os filhos do
Rei são glutões de glória — sempre estão preparados
para mais. E Deus sempre dá mais para seus filhos.
Louvado seja Deus!
Então parei, e nós três nos regozijamos. Uma das duas
irmãs que haviam recebido o batismo na noite anterior —
elas nem foram dormir — apontou para baixo, para o
caminho, e disse:
— Ali vem minha companheira de quarto, uma hindu.
O Senhor disse: Aí está a pagã.
Conversamos com ela um bocadinho, e revelou-se o
fato de que ela nunca soube que Deus tinha um primeiro
nome: Jesus. Ela deleitou-se em ouvir que podemos
conhecer a Deus pelo seu primeiro nome.
Quando me retirei, alguns minutos depois, a glória do
céu lhe iluminava o rosto, e ela louvava a Jesus.
Os pagãos por tua herança. Deus sempre é fiel à sua
palavra.
Com Deus, é sempre ação e mais ação onde os filhos
Como perdoar 199
do Rei se mostram dispostos a permitir que Deus os use
para produzir o impossível. Isto faz a vida uma aventura
palpitante, e não um enfado. “Regozijai-vos sempre.
Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a
vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”
Levemos a Deus continuamente o sacrifício de louvor.
Este é fruto de nossos lábios. Quando você não sentir o
mínimo desejo desse teor, diga: “Senhor, eu te louvo.
Dou-te graças, Jesus, por uma única razão — porque tu o
disseste.” Não pare de dar-lhe graças. Nunca deixe de
louvá-lo.
Que acontece se você for expulso? Volte e seja expulso
outras vezes. Jesus disse: Se você estiver na minha
equipe, você nunca vencerá num concurso de populari­
dade, mas as recompensas bem que valem a pena.
Volte-se para ele naquele dia e ouça-o dizer: Bem está,
servo bom e fiel — não servo realizado, não servo sábio,
não servo importante, mas servo fiel. Foste fiel numas
poucas coisas — ousaste louvar-me em face da adversi­
dade. Agora estás condicionado, estás treinado, de sorte
que posso encarregar-te de umas poucas coisas mais, ou
talvez muitas coisas. Tudo isso se relaciona com nosso
treinamento para andar pela fé.
Quanto tempo você tem de estudar uma lição? Até
que a aprenda. Quanto tempo você tem um problema
particular? Até que deixe de ser problema. Então,
quando o problema se for, você achará falta dele, porque
ele foi um verdadeiro amigo. Quanto tempo você tem de
aturar sua sogra desagradável? Só enquanto necessitar
dela. Quando já não precisar de seu ministério e ela se
for, então você a convidará a voltar. Louvado seja o
Senhor!
Precisamos uns dos outros no estado em que nos
encontramos. E quando tivermos aprendido a regozijar-
-nos sempre, a orar sem cessar, a dar-lhe graças em tudo,,
então nossas vistas se erguem para ver o que Deus tem
200 Aprenda a viver como um filho do Rei
em mente para seus filhos. Temos de olhar acima do
modo comum e corriqueiro de ver as coisas, e deixar que
a mente divina comece a funcionar em nossa caixa
pensante, para ver as coisas da perspectiva de Deus. Em
toda situação, temos de dizer: “Senhor, que há nisso
para ti?”, e não “Que há nisso para mim?”
“Que há nisso para ti, Senhor? Sei que nisso há glória
para ti, livramento para mim, e bênçãos para teus filhos.”
Vamos. Entremos e possuamos a terra. Herdemos o
Reino preparado para nós. Vivamos como um filho do
Rei. Aqui e agora.

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