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Harold Hill
conforme narrado a
Irene Burke Harreíl
Tradução de
Luiz Aparecido Caruso
Editora Vida
IFBN 0-8297-1288-7
Traduzido do original:
How To Live Like a King’s Kid
COMO O B T ER ÊXITO
EM TUDO
Nem sempre eu soube o que envolve ser filho do Rei.
Embora eu tivesse mãe cristã, cresci não crendo em Deus
e toda a minha fé estava em meu próprio intelecto. Eu
não conhecia a verdade de Isaías 1:5: “Toda a cabeça
está doente” , até que minha própria cabeça me demons
trou quando eu tinha quarenta e oito anos de idade.
Não devia contar então mais de dez anos de idade
quando li um livro sobre os princípios físicos da eletrici
dade. Enquanto o lia, sentia-me fascinado. Percebi que o
trabalho de minha vida estaria nesse campo. Por isso
decidi ser engenheiro, e tracei um plano de ação para
minha vida, que envolvesse alvos bem definidos. Em
primeiro lugar, não seria um engenheiro comum, vulgar.
Seria um engenheiro chefe. Ganharia centenas de dóla
res por semana. Essa soma era fabulosa naqueles
tempos. Viajaria por toda parte, teria uma bela família,
alcançaria êxito, e por certo a felicidade completa.
No início tudo saiu às mil maravilhas.
Terminei meu curso secundário quando tinha quatorze
anos. Não era um gênio, mas tinha desejo de terminar
logo os estudos. Sabia o que desejava e assim pude saltar
22 Aprenda ,a viver como um filho do Rei
alguns cursos na escola. Eu não podia esperar por
aqueles rapazes tardos de inteligência, como eu os
chamava, que ainda não sabiam se iam ser encanadores,
soldados de polícia, ou varredores de rua.
Eu estava pronto para triunfar na vida, tornar-me
milionário e ser feliz.
Alcancei meu primeiro alvo, engenheiro-chefe, com a
idade de vinte e oito anos. Aos trinta e dois, fui elevado à
posição de vice-presidente executivo. Aos trinta e cinco,
era diretor de engenharia, diretor de vendas, diretor de
várias empresas. Tinha um salário excelente, considera
velmente mais alto do que eu havia sonhado de centenas
de dólares por semana, mais dez por cento de comissão.
Quando se iniciou a guerra, nossos lucros eram extraor
dinários.
Certamente eu era um êxito total; um êxito vazio e
miserável.
Ninguém me disse jamais que o êxito podia destruir-
-me. Não me disseram que os executivos têm seu
primeiro ataque cardíaco aos cinqüenta e dois anos de
idade. Não me disseram que quando o indivíduo chega a
ser vice-presidente de sua companhia deve ter psiquia
tras adicionados à sua lista de pagamentos pela prestação
de serviços, porque sua primeira depressão nervosa está
logo adiante. Não me disseram que p indivíduo perde
todos os amigos no dia em que é nomeado diretor
executivo de sua companhia, uma vez que todos os
outros estão na expectativa para roubar-lhe o posto e
destruir-lhe a reputação. E quando se torna presidente, o
topo monolítico se converte num solitário senhor nin
guém, um intocável, e acabou-se. Não se pode confiar
em ninguém. Todos estão procurando tirar-lhe o posto.
O indivíduo vive temeroso e sua vida pagã carece
totalmente de sentido.
Assim era minha vida.
Certo dia estava eu assentado em meu luxuoso
Como obter êxito em tudo? 23
escritório, pensando na vaidade de minha vida. Bem
dentro de mim, algo me disse: “Tem de haver algo
melhor do que isto.” E eu sabia que esse “algo melhor”
não podia encontrar-se em um êxito maior. O êxito é
enganoso. Quando eu era jovem engenheiro, havia
trabalhado para uma empresa britânica, e meu chefe era
um nobre britânico. Eu havia vivido com êxito, havia
viajado com uma multidão dos Rolls Royce, dos aviões a
jato, gente seleta. Todos estavam tão doentes, tão
miseráveis, tão vazios, tão frustrados indo e vindo sem
rumo como eu próprio.
Eu já estava convertido em um bebedor inveterado,
bebendo com o vão intento de aliviar a frustração do
êxito e do enfado inevitável àquele que vive para sua
própria satisfação, como eu o fazia. Eu não tinha nenhum
propósito real na vida. Minha bela casa e minha bela
família, minha empresa próspera, minha elevada posição
profissional? Tudo sem valor. Não estava eu nas juntas
certas de diretores, não aparecia em todas as reuniões
certas, não pertencia eu aos clubes de golfe certos, aos
clubes de campo, aos clubes de iatismo, aos clubes de
bridge e aos clubes de xadrez? Igualmente, nada valiam.
Lá no meu íntimo, onde realmente eu vivia, não havia
escritório luxuoso, nem clube elegante, nem dignidade,
nada de valioso. Eu era um miserável, um cadáver sujo,
desleixado, vazio, um homem desgastado aos quarenta e
cinco anos de idade.
Não restava outra coisa senão passar oficialmente o
atestado de óbito. Eu me mataria e então poderíam
enterrar-me e acabar comigo. Nesse dia fatal, tomei
veneno em quantidade suficiente para matar toda a
vizinhança. Coloquei-o num copo grande, misturei-o
com uma boa dose de uísque e pus algumas gotas de
água para diluí-lo um pouco e bebi todo o conteúdo.
3
COM O PA R A R D E
BEBER
Havendo alcançado êxito em todas as outras coisas
que eu tentara, como suicida fui um fracasso. Provavel
mente foi a água que me fez vomitar aquele veneno.
Alguns dias mais tarde, talvez umas poucas semanas,
não tenho muita certeza do tempo, porque tudo estava
sepultado em uma vermelha neblina de álcool, cheguei à
minha casa por volta das quatro horas da madrugada
com meu costumeiro relaxador das sextas-feiras — várias
doses de uísque. Estando enfarado da vida até ao
extremo de desejar morrer, e havendo fracassado em
meu primeiro'intento de suicídio, decidi pôr termo à vida
de uma forma mais lenta, embora menos dramática,
bebendo até morrer, tão sem dor quanto fosse possível.
O sofrimento me desagradava, embora o corpo todo me
doesse. Nessa sexta-feira santa de 1951, à noite, sofria de
tal maneira que clamei: “Deus, socorre-me!”
E ele me socorreu.
Na semana seguinte ele enviou-me a uma reunião dos
Alcoólicos Anônimos. Olhei admirado ao meu redor, e
disse: “Que faço aqui neste lugar? Certamente não
pertenço a este ambiente. Ora, provavelmente ficarei
26 Aprenda a viver como um filho do Rei
pior se associar-me a esta gente.” Mas, para minha
grande surpresa, à medida que a noite avançava, pela
primeira vez na vida vi gente com algo que eu desejava;
uma paz, algo que se assemelhava a uma verdadeira
alegria.
Garantiram-me que se minha necessidade fosse sufi
cientemente grande e que se eu me apercebesse de
maneira cabal, Deus podería ajudar-me. Animaram-me
no sentido de que não se tratava de compreender a
Deus, mas simplesmente aceitá-lo como ele diz que é.
Disseram-me que ele se revelaria a mim em sua Palavra e
que se incumbiría de minha vida quando eu a entregasse
a ele. Chegaria a ser, com seu auxílio, o que eu não
podia ser por mim mesmo. Ele seria meu administrador,
se eu lhe permitisse.
Um administrador era exatamente do que eu precisa
va. Nessa noite pedi a Deus que se encarregasse de
minha vida em um de seus aspectos: a embriaguez. No
começo, tinha dúvidas sobre como podería fazê-lo.
Parecia-me algo impossível.
Os membros dos A. A. perguntaram-me:
— Pode passar um dia sem beber?
Assegurei-lhes que não. Não havia jeito.
— Pode passar uma hora sem beber?
— Duvido — , foi minha resposta.
Eu era sincero ao dizê-lo, porque sabia que era assifn,
e uma hora era tempo demais quando o indivíduo está
viciado como eu estava.
Porém eles não pareciam desanimar-se nem estavam
prontos a dar-se por vencidos.
— E cinco minutos? Pode ficar cinco minutos sem
beber?
— Creio que sim.
— Muito bem — disseram. — Este será seu programa.
Somente cinco minutos por vez. Não beba durante cinco
minutos.
Como parar de beber 27
Quando os tremores e os sintomas causados pela
abstenção da bebida começaram a afetar-me por volta
das cinco horas da tarde do dia seguinte, procurei adiar
os primeiros cinco minutos e cheguei sóbrio à minha
casa, resultado instantâneo mediante o programa com
Deus dos A. A. Havia experimentado, de primeira mão, o
poder de Deus, sem ao menos saber que seu primeiro
nome é Jesus. Isto veio mais tarde.
E pela graça de Deus, um dia por vez, durante os
últimos vinte e três anos não tenho tido necessidade de
tomar um trago sequer.
Deixar de beber foi relativamente simples, mas acima
de tudo, minha embriaguez era um pequeno problema,
sintoma de um problema muito maior, o problema total
do meu eu. Esse permanecia crescendo, porque eu não
estava pronto a confiar em que Deus dirigisse meu eu em
meu lugar.
Durante os próximos dois anos, o problema do meu
eu, meu sóbrio e frio eu, continuou de-mal a pior. E nem
ao menos podia tomar um traguinho para viajar ao
estado de inconsciência, de quando em quando, com o
fito de esquecer. Tinha de enfrentar o problema do meu
eu, dia após dia em sucessão interminável.
Enquanto isso, eu observava um dos homens que vi
freqüentemente nas reuniões dos Alcoólicos Anônimos.
Não podia entender seu comportamento. Classifiquei-o
como um camponês, porque era um simples engenheiro
que trabalhava na Bethlehem Steel, e eu tinha minha
própria empresa. Mas havia um halo em torno dele.
Tinha uma esposa muito volúvel, porém ele nunca se
perturbava. Tinha mais filhos que eu, mas se impacienta
va muito menos que eu.
Eu sabia que o homem tinha problemas, mas parecia
que não o angustiavam. Em realidade, depois de dois
anos, sua bela serenidade contrastava com minha terrível
miséria que estava por deixar-me louco.
E foi assim que, à uma hora da manhã, dois anos
28 Aprenda a viver como um filho do Rei
depois de havê-lo conhecido, batí à porta da casa de Ed.
Ao abri-la, eu lhe disse:
— Ed, qualquer que seja a coisa que você tem, quero
recebê-la.
Finalmente havia chegado a reconhecer dentro de
mim que ele tinha essa realidade da qual eu necessitava.
4
COM O SA IR DO
PANTANAL
— Entre — disse meu amigo Ed, e então começou a
explicar-me a realidade.
Havíamos lido juntos as Escrituras Sagradas, em várias
oportunidades anteriores, mas nessa noite Ed foi muito
pessoal, e disse que a razão pela qual podia sentir-se tão
livre era o haver confessado seus pecados, e o sangue de
Jesus os havia lavado, havia-o purificado.
No passado, eu não gostava de ouvir falar do sangue
de Jesus, e quando alguém me mencionava a palavra
pecado, eu sentia um nó na boca do estômago e me
sentia mal.
Mas nessa noite estava tão desesperado que continuei
ouvindo. E Ed mostrou-me o versículo em João, onde
Jesus diz: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida, e se
quiserem conhecer o seu Pai celestial, têm de fazê-lo por
meu intermédio, ou não o conhecerão de modo algum.”
Anteriormente, sempre eu havia feito objeção a este
versículo, indagando: “Mas, que diremos dos hindus, e
dos budistas, e dos . . . ”
Nessa noite, porém, foi como se Deus me interrompes
se dizendo: Esqueça-se deles. Que diremos de você?
30 Aprenda a viver como um filho do Rei
— Que pensa você disto? Deseja receber a Jesus — ou
não — segundo as condições dele — sem evasivas? —
perguntou-me Ed.
Sentia-me suficientemente infeliz para dizer-lhe que
sim, e se não me lembro mal, orei nestes termos:
“Senhor Jesus, se realmente estás aqui, e meu amigo
Ed parece crer que estás, por favor, torna-te uma
realidade em mim neste instante.”
Não foi um convite importante, mas era tudo de que
ele necessitava. Senti-me como se e le ' me houvesse
aberto, como se tivesse entrado em mim, como se eu o
tivesse fechado em meu interior e me houvesse ligado a
uma fonte de energia, concedendo-me perfeita paz e
lavando quarenta e cinco anos de sordidez. Ele me fez
saber que eu estava em boas relações com Deus para
sempre, e que tudo quanto esteve registrado contra mim
havia desaparecido; que todos os meus pecados estavam
tão distantes quanto o Oriente dista do Ocidente; que ele
os havia lançado ao mar do esquecimento. E que no céu
o mar já não existe, assim era o que havia acontecido
com os meus pecados, todo o lodo que me estivera
ameaçando tragar-me para sempre. Eu estava perdoado.
Quando era menino, morava no campo, e em geral
fazia excursões com meu irmão. Havia um pântano a
respeito do qual todos nos admoestavam a não aproxi
mar-nos dele. Tinha lama, um certo tipo de bano que em
vez de resistir ao movimento do corpo, tende a atrair o
corpo para o fundo. Se alguém cai em uma lama dessas,
e não há ninguém que o ajude, afunda-se à razão de
vários centímetros por minuto.
Visto como o pantanal era zona proibida, era natural
que meu irmão e eu nos sentíssemos desafiados a
explorá-la totalmente.
Certo dia, quando estávamos saltando pelos pântanos,
escorreguei na lama e comecei a afundar-me. Teria
naquele tempo um metro de altura, o que significava que
Como sair do pantanal 31
dentro de meia hora, mais ou menos, perecería sufoca
do, afogado no pantanal. Tudo o que restaria de mim
seria um montinho na superfície daquela massa negra
pegajosa.
Estava aterrorizado com a idéia de morrer, tanto que
nem mesmo podia chorar.
Recentemente, o Senhor trouxe com vigor à minha
memória todas as religiões, as filosofias e os cultos nos
quais me havia envolvido em meus tempos de pagão, e
mostrou-me o que me podiam oferecer quando eu me
estava afundando na lama negra que representava o
pecado de minha vida.
Confúcio me disse: “É melhor que você se mantenha
afastado desses lugares, rapaz.” E havendo-me dado
este conselho maravilhoso, continuou seu caminho e
deixou que eu me afundasse.
Buda declarou: “Que isto lhe sirva de lição, meu
filho” , e me afundei mais ainda. Eu havia sido budista e
sabia que essas coisas tinham o propósito de constituir-se
em lições, de modo que ao reencarnar-me na próxima
vez, eu pudesse ter uma existência melhor.
Maomé suspirou e disse: “É a vontade de Alá”, e eu
continuava a afundar-me.
A Ciência Cristã disse: “É apenas um erro em seu
pensar. Em verdade você não está em dificuldade
alguma. O que acontece é que você está pensando
erradamente.” Eu havia sido adepto da Ciência Cristã,
mas o pensar corretamente não havia curado minha
embriaguez. De modo que me afundei outros centíme
tros mais e já não me restavam muitos centímetros.
Os hindus me disseram: “Desejamos-lhe melhor sorte
na próxima reencamação. Esta viagem, como pulga, não
lhe fez bem. Na próxima vez, venha como mosca.” O
lodo sujo e negro continuava a tragar-me.
O evolucionista me disse: “Tudo o de que você
necessita é um pouco mais de tempo. O tempo cura
32 Aprenda a viver como um filho do Rei
todas as coisas, amigo.” Porém, a cada minuto que
passava eu me encontrava em situação pior que antes.
A ioga me disse: “Transcenda seu problema.” Eu
tentara fazer isto. Havia-me assentado e me dedicara à
contemplação por tanto tempo que me aborrecera e
estava afundado até à cintura.
Os adeptos da Unidade haviam dito: “Tudo o que
você tem de fazer é alcançar mais amor.” Mas, como vai
o indivíduo sair do pântano de lama pegajosa apenas
com amor?
Disse-me um adivinhador: “Consulte o zodíaco. As
estrelas têm a resposta.” Mas as estrelas não brilhavam
nesse dia, e assim me afundei mais um pouco.
Disse Darwin: “Trata-se da sobrevivência dos mais
aptos. Se você for apto, sobreviverá.” Era isso exatamen
te o que eu temia. Ao afundar-me alguns centímetros
mais, demonstrei minha inaptidão para qualquer coisa,
exceto para ser sepultado vivo.
Aristóteles sorriu-me e disse: “Meu filho, conhece-te a
ti mesmo.” Aí estava o problema. Eu me conhecia a mim
mesmo; estava destinado ao fundo do pântano.
Platão declarou: “A resposta está na verdade. Busque
simplesmente a verdade.” Mas ele não estava falando da
verdade tangível, uma verdade viva; e a verdade segun
do ele significava que eu já estava para ser aniquilado.
Zoroastro disse: “Use seu poder da vontade.” Mas eu
já havia usado o meu até ao último ponto e de nada me
havia servido. Eu estava perecendo.
Disse-me um psiquiatra: “Não se sinta culpado. Tudo
o de que você necessita é sair e cometer mais pecado.”
Porém me encontrava escravizado de tal maneira, que
não havia como ir a parte alguma ou fazer qualquer
coisa.
Havia provado Fronteiras Espirituais, Novo Pensa
mento, Rearmamento Moral, Edgar Cayce, e todos os
outros. Nenhum deles me havia ajudado um mínimo
Como sair do pantanal 33
sequer. Eu me afundava cada vez mais, até encontrar-me
quase completamente perdido.
Não havia religião nem filosofia que eu não houvesse
experimentado. Todas pretendiam ser diferentes, mas
eram todas a mesma coisa, inúteis, deixando-me em
minha miserável, vazia, alheada, enfastiada, vã, hedion
da condição de cadáver.
Mas então aconteceu que Jesus passou por ali e me
disse: Eu sou o caminho, eu sou o único caminho. Dá-me
apenas tua mão.
Não discuti, apresentando argumentos tais como: “E
que diremos dos outros?” Simplesmente dei-lhe a mão e
ele tomou-a entre as suas. Tirou-me da lama negra e
imunda e colocou-me os pés sobre a rocha inabalável e
me lavou.
Não, não foi exatamente Jesus que materialmente me
tirou da lama nesse dia quando eu era um rapazinho que
quase morreu. Mas, de algum modo, no último minuto,
quando já não agüentava a respiração, porque o próxi
mo fôlego seria o último, ele enviou dois estranhos
através dos bosques para me tirarem do perigo. Nunca
vim a saber o nome dessas pessoas. Nunca as tinha visto
antes e nunca tornei a vê-las. Mas não ficaria surpreso se
os homens que me tiraram fossem dois anjos enviados
para libertar os eleitos de Deus, porque eu tinha uma
mãe cristã que me havia entregue a Jesus antes de eu
nascer.
No dia em que o conheci pessoalmente, no dia em que
ele me tirou da lama do pecado e me lavou completa
mente, havia deixado de ser eu o rapaz que andava
explorando o pântano com meu irmão. Já era homem
maduro que embarcava na maior aventura que qualquer
pessoa de qualquer idade pode realizar — começar a
aprender a viver como filho do Rei.
COMO CO M EÇAR D E
NOVO
Quando me pus em pé na sala de visitas de Ed naquela
noite, eu era uma nova criatura em Cristo Jesus. Podia
sentir que assim era. De imediato todo o ódio, toda a
tormenta, toda a amargura e toda a culpa haviam-me
deixado. Os versículos 17 e 18 do capítulo 5 da segunda
carta de Paulo aos Coríntios haviam-se cumprido en
quanto esperei. “E assim, se alguém está em Cristo, é
nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se
fizeram novas.”
Quando descobri o quanto isto era simples, disse:
— Tem de haver algo mais do que isso. Não tenho eu
de fazer algo?
Ed deu uma risada, e disse:
— Claro que existe alguma coisa mais que isto. Esse é
o começo. Você começa primeiro com as primeiras
coisas.
E então mencionou um texto bíblico: “Mas, a todos
quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus.” Depois disse:
— Hill, você agora é apenas um bebê cristão, mas
você o recebeu, de modo que agora você tem o poder de
i
36 Aprenda a viver como um filho do Rei
ser seu fjlho. Vai crescer. Deus começará a operar uma
obra em você.
Novamente ele sorriu quando disse essas palavras,
como se soubesse mais do que eu podia imaginar acerca
das transformações que me estavam reservadas.
Ed estava com a razão. Instantaneamente, de forma
contínua e progressiva, minha vida começou a mudar. A
parte instantânea foi a paz que experimentei em meu
íntimo, tão de repente, em vez do tormento que experi
mentara por tanto tempo. Se isso fosse tudo o que Jesus
tivesse feito por mim, teria sido mais que maravilhoso.
Era grandioso saber que não teria de continuar lutando
para conseguir uma boa contagem de pontos a fim de
obter as bênçãos de Deus e manter-me nesse estado. Já
podia deixar de apelar para os méritos a fim de compen
sar as coisas pecaminosas que eu havia feito na vida. Era
maravilhoso não ter de sentir-me culpado nunca mais. O
sangue de Jesus me havia lavado e eu estava mais
branco do que a neve, e sabia disso.
Meu amigo Ed disse que seria bom para mim que eu
fosse à frente a fim de receber a mão de fraternidade da
igreja local, para fazer uma profissão pública de minha
nova fé em Jesus.
Eu estava disposto a isso, mas sempre gostava de
saber o motivo de cada coisa, de modo que lhe consultei:
— Por que devo fazer isso? Como pode esse gesto
afetar-me de alguma forma?
Ed encolheu os ombros e disse:
— Não sei, mas Deus o recomenda, e eu o considero
de grande auxílio.
De modo que fui à sua pequena igreja com ele. E
quando o pastor fez o convite, dizendo que qualquer
pessoa que desejasse ir à frente e fazer pública confissão
de fé, isto é, uma confissão com a boca de que tinha fé
em Jesus em seu coração, fui à frente e o fiz.
Programaram um culto de batismo para mim imediata
Como começar de novo 37
mente e eu cumpri com todos os requisitos sendo
submerso no batistério. Isto não me causou nenhum mal-
-estar. A Bíblia diz que os cristãos do tempo do Novo
Testamento eram batizados por imersão, isto é o que
significa a palavra baptizo, e se os cristãos do Novo
Testamento o fizeram, isto era suficiente para mim. Além
do mais, eu tinha lido que Jesus foi batizado por João no
rio Jordão, de modo que o batismo parecia uma coisa
conveniente para mim se eu ia seguir a Jesus.
Quando saí da água, sentia-me desiludido, não sentia
coisa alguma, a não ser estar molhado. Pensava que eu
havia feito algo muito transcendental, humilhando-me a
mim mesmo em' uma pequena igreja rural como aquela.
E esperava que caísse uma bola de fogo para marcar o
acontecimento, porém nada disso aconteceu; de qual
quer maneira, não nesse dia. Ed disse que os sentimentos
viríam depois.
E assim foi, e ainda o experimento.
Eu havia lido a Bíblia como parte de minha educação,
mas ela era um tanto monótona. Eu tinha de esforçar-me
para lê-la, porque me era muito enfadonha. Era este o
livro mais maravilhoso do mundo? Não podia crê-lo.
Mas, na manhã depois que conheci a Jesus pessoalmen
te, na sala de visitas de Ed, tomei a Bíblia, e quando
havia lido apenas um ou dois versículos, eu estava
curioso por saber quem havia posto novas páginas entre
as capas. Alguém havia alterado minha Bíblia. Ora, ela
me era completamente nova, não tinha nada de enfa
donho; pelo contrário, era muitíssimo comovente e tão
pessoal como se cada linha tivesse sido escrita exclusiva
mente para mim.
Por fim compreendí a verdade: a Bíblia não havia sido
escrita de novo; eu é que havia renascido, nascido de
novo pelo Espírito de Deus. Jesus vivia em mim.
Como disse Ed, eu era um bebê no Senhor, com
poder para ser seu filho, mas eu estava na condição de
38 Aprenda a viver como um filho do Rei
recém-nascido, todo sujo. E não jogamos fora os recém-
-nascidos pelo fato de estarem sujos. Nós os lavamos,
alimentamos e ensinamos a viver.
E assim os cristãos mais antigos me aceitaram e
comecei a crescer à medida que Deus me alimentava.
Cada vez mais as coisas velhas passaram e todas se
fizeram novas, e comecei a compreender que todas as
coisas são de Deus, porque ele assim o diz.
COM O PA R A R D E
JO G A R
No começo de minha vida como novo cristão parecia-
-me que eu podia continuar fazendo o que bem enten
desse, sem ser punido. Deus me dava ampla liberdade.
Mas depois veio um processo de limitação, e as coisas do
mundo se tornaram cada vez menos desejáveis para
mim. Não me propus deixá-las; elas é que me deixavam
à medida que o tempo avançava.
Desde que me lembro, eu havia sido um fanático
jogador de pôquer. Por mais que buscasse, não conse
guia deixar o vício de jogar. Finalmente, parei de lutar
contra ele e simplesmente disse: “Senhor, se verdadeira
mente te pertenço por completo, este hábito é teu e não
meu.” Eu não lhe pedia que me ajudasse a ganhar no
jogo, mas o convidava para ir comigo, para sentar-se à
mesa comigo. Eu dizia: “Senhor, se gostas de ver alguém
jogar partidas de pôquer, o privilégio é teu, porque
quando me assento ? mesa, tu te assentas. E se isso é de
teu agrado, ótimo. Vou esquecer tudo o que se passa por
aí.” Em outras palavras, parei de lutar contra meu hábito
de jogar, e comecei a entregá-lo a Deus.
Uma ou duas semanas depois, fui pescar num fim de
40 Aprenda a viver como um filho do Rei
semana com outros amigos, e jogamos várias partidas de
pôquer. Ganhei todas. Não perdia nenhuma partida.
Não importava o que fizesse, eu os batia em cada
rodada.
Normalmente, eu teria ficado contentíssimo. Mas à
medida que o montão de notas crescia diante de mim, eu
me sentia cada vez mais triste. Sabia que aqueles homens
que estavam jogando comigo não podiam dar-se ao luxo
de perder. Eu estava tomando posse do dinheiro de seus
aluguéis, o dinheiro de suas compras de armazém, o
dinheiro de tratamento dentário dos filhos. Mas quando o
indivíduo está jogando pôquer, não desiste por motivos
dessa índole. Tem de persistir nisso. Essa é a regra do
jogo.
Quando esse fim de semana chegou ao seu termo,
sentia-me tão doente pelo que havia feito, que eu disse:
“Senhor, por favor, Senhor, não quero mais jogar
pôquer.” O desejo de jogar abandonou-me. Não tive de
deixá-lo. Não tive de lutar. Ele simplesmente se foi para
sempre.
Deus sempre sabe o que faz, e ele faz tudo para o bem
quando confiamos nele.
7
COM O FA ZER O
DINHEIRO REN D ER
MAIS
No início de minha vida como cristão, pelo fato de ser
um homem de ciência e interessado em obter resultados
máximos, comecei a ler a Bíblia como o “Manual do
Fabncante” . Vi-o como o Originador de todas as coisas,
Deus, o Criador, o Fabricante, falando à triação, seu
produto, gente, dizendo-lhes como usar o que ele havia
feito para eles. E eu disse: “Senhor, vou experimentar
todos os princípios para os quais me chamares a atenção
neste livro. Vou fazer experiências com ele. Tudo o que
funcionar, eu o farei como dizes. Qual será a primeira
coisa a fazer?”
Não há dúvida alguma em minha mente de que Deus
ouviu, uma vez que de imediato defrontei-me diretamen
te com o maior problema que pode apresentar-se a um
escocês — o dízimo.
Deus disse: Os primeiros dez por cento me pertencem.
Eu disse: “Mas, Senhor, eu mesmo não recebo os
primeiros dez por cento. Tu sabes que nestes dias
descontam do indivíduo uma grande parte de seu
pagamento ao reterem o imposto de renda na fonte,
42 Aprenda a viver como um filho do Rei
previdência social, seguros em grupo e uma série de
coisas mais. Pensei que fosse lógico deduzir todas estas
coisas e depois dar a Deus os primeiros dez por cento do
que restasse. Pensei que isto fosse muita generosidade de
minha parte e que Deus saberia avaliar. Ou se talvez não
fosse do agrado dele, ele não percebería o que eu
procurava fazer.
Eu não conhecia o texto bíblico que diz que tudo está
descoberto aos olhos daquele a quem temos de prestar
contas. E todo esse tempo ele estava olhando para meu
íntimo, vendo todos os meus raciocínios, toda a minha
recusa em concordar.
Depois de haver praticado esse tipo duvidoso de dar o
dízimo por cerca de dez meses, Deus começou a mostrar-
-me que eu não estava confiando nele. Eu tinha uma das
mãos aferrada ao meu bolso para minha segurança, e
tinha a outra na mão de Jesus, e essa era uma posição
um tanto precária.
Certa manhã, quando tentava orar, pareceu-me que
não conseguia estabelecer contacto. Tudo o que podia
ver eram cifrões flutuando no ar. Depois de permanecer
em forma incômoda por tanto tempo quanto pude,
sendo minha carteira a parte mais fraca de minha
anatomia, pensei que ouvia Deus dizer-me: A quem está
você enganando? A quem você está fazendo de bobo?
De certo não é a mim. Não será você mesmo?
Sentia-me tão aliviado de ouvi-lo que lancei um
grande suspiro de desafogo, e disse: “Senhor, de agora
em diante vais receber os primeiros 10%, os 10%
integrais, antes de fazer qualquer outro desconto. Não
compreendo o por quê de teres de receber tudo isto,
porém não é preciso que eu o compreenda. Vou
experimentá-lo confiando em ti.”
Sentia-me satisfeito e pensei que isto seria o fim do
assunto. Deus estava satisfeito, também, não era assim?
Mas não o era; era como se ele tivesse dito algo mais
Como fazer o dinheiro render mais 43
como parte de um assunto por terminar.
£ que diremos acerca de tudo o que me negaste por
cerca de dez meses? Como ficará?
“Bom” , disse eu, enquanto sentia subir-me um nó
pela garganta e ouvia minha voz guinchar como a de um
adolescente, “Bem, Senhor, mas isso significa uma
grande soma de dinheiro” .
Ele não disse que não era. Nessa ocasião ele nada mais
disse. Deixou o assunto em minhas mãos. Porém, eu não
podia deixar de perguntar-me: “Bem, e que dizer disso?
E que dizer daquilo?”
Finalmente, fiz-lhe uma proposta: “Senhor, sabes o
que vou fazer? Embora eu não tenha o dinheiro, quando
o tiver vou pagá-los.” Isso completou a transação. Deus
aceitou minha palavra. Ele estava satisfeito, e eu tam
bém. A realização deste negócio era só incidental, agora
que eu havia tomado a decisão.
Duas semanas mais tarde, recebi um cheque referente
a uma bonificação completamente inesperada, e corres
pondente a duas vezes maior que aquela que eu devia a
Deus. A metade para mim e a metade para ele, como
para demonstrar-me que se eu fosse mesquinho, ele não
o era.
Eu estava começando a experimentar a verdade do
texto de Malaquias 3:10: “Trazei todos os dízimos à casa
do tesouro . . . e provai-me nisto, diz o Senhor dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não
derramar sobre vós bênção sem medida.”
Na realidade, seu cheque é o recebimento pela parte
de sua vida que você entrega a seu patrão ou emprega
dor. Quando o recebe e o guarda para si está asfixiando
sua própria vida. Guardar o dinheiro para si mesmo é
sinal de que não entregou sua vida a Jesus, mas ao
desatá-la na terra, está desatada no céu, e isso abre as
comportas para que Deus derrame uma bênção tão
grande que você não terá espaço suficiente para recebê-
-la.
44 Aprenda a viver como um filho do Rei
, Quando Deus diz: Provai-me. Fazei-me provar o que
estou dizendo, ele sempre nos está convidando, não a
sacrificar, mas a sermos obedientes, de modo que possa
abençoar-nos com abundância.
De quando em quando, alguém me diz: “Quando
você fala de dar o dízimo, está procurando colocar-nos
outra vez sob a lei.” Eu pensava a mesma coisa antes, e
quando o pregador dizia: “S e der o dízimo, toda a sua
vida será beneficiada” , eu dizia com os meus botões:
“Ah, ah, ah, já está mendigando dinheiro.” Eu não ia
desperdiçar 10% de meus rendimentos. Mas agora sei
que Deus deseja que demos o dízimo, para nosso
benefício. E mais bem-aventurado, mais benéfico, mais
ditoso dar que receber. A lei é nosso servo quando
nascemos de novo como filhos do Rei, e como filhos do
Rei vivemos.
Deus estabeleceu o princípio do dízimo dando a ele os
primeiros 10% com o fim de livrar-nos da escravidão de
nós mesmos. É a maior bênção que podería ocorrer a um
escocês como eu. Nos velhos tempos, quando eu ia à
igreja duas vezes por ano, necessitasse ou não, no Natal e
no domingo de Ressurreição, quando colocava um dólar
na salva de coletas, podia sentir que as entranhas me
dilaceravam. E era preciso ver as falsidades que eu
incluía em minha declaração de impostos, na qual
apareciam meus generosos donativos à igreja. É extraor
dinário que não descobrissem minhas falcatruas. Agora,
revisam minhas contas quase todos os anos e apresento
os recibos e òs cheques cancelados para comprovar
minhas contribuições. Que maravilhosa oportunidade
tenho com os funcionários do imposto de renda para
falar-lhes acerca de Jesus todos os anos! Eles têm a
oportunidade de ouvir estas coisas porque me fazem
perguntas, e sempre termino por perguntar-lhes:
— Cavalheiro, já considerou a possibilidade de aceitar
a Jesus como seu Salvador?
Como fazer o dinheiro render mais 45
Que alívio senti ao abrir minha carteira e dizer:
“Senhor, é toda tua. Qual a parte dela desejas que eu
coloque, e onde?” É tudo dele. Sou apenas um canal
para que flua, um administrador. Nem um centavo é
realmente meu. O Senhor permite que essa parte dela
que eu necessite me chegue às mãos e meus desejos e
necessidades cada dia se aproximam mais entre si
porque tudo está nas mãos de Jesus, meu Senhor e
Mestre.
Ouvi R. G. LeTorneau falar sobre este assunto, há
alguns anos, em um retiro de homens de empresa no
Wheaton College. Disse-nos ele que se não dava 90% de
suas rendas, ele se veria afogado pelas notas. E eu disse:
“Eu gostaria de viver afogado desta maneira. Como sou
escocês, sou assim. E se para ele é assim, também o é
para mim.” Na atualidade, não posso dar-me ao luxo de
dar o dízimo, dar duas vezes, triplicá-lo, porque os 8
décimos ou sete décimos vão muito mais longe do que os
dez décimos poderíam ir, de modo que não há termo de
comparação.
Um pouco depois que comecei a fazê-lo como Deus
ordena, certa noite um homem me telefonou e disse:
— Podería passar por aí e conversar com o senhor
sobre como economizar dinheiro em sua hipoteca?
— Não, não estou interessado — disse-lhe eu.
— Quer o senhor dizer-me que não deseja economizar
dinheiro?
— Qual é o escocês que não o deseja? Mas sucede que
não tenho nenhuma hipoteca — respondi-lhe.
Ele pensou que eu não sabia o que significava a
palavra “hipoteca” , de modo que formulou a pergunta
em outros termos:
— Quanto dinheiro o senhor deve pela sua casa?
— Compreendí o que o senhor me disse na primeira
vez, porque venho pagando toda a minha vida desde
que sou adulto, desde que me casei e adquiri uma casa.
46 Aprenda a viver como um filho do Rei
Mas agora não tenho hipoteca. Em realidade, não devo
um centavo a ninguém.
Ele reagiu como se não acreditasse no que eu dizia, e
acrescentou:
— Sabia o senhor que somente uma de cada oitocen-
tas pessoas que possuem casa não tem hipoteca?
— Bem, se é isso que o senhor me diz, creio. Esse é
seu ramo. Mas eu sou uma delas.
— Bem — disse ele — como o explica?
Ele havia feito um pergunta. Merecia receber a respos
ta. Então lhe disse:
— Agradeço-lhe que me tenha feito a pergunta. Tudo
quanto fiz foi começar a viver como Deus manda e a
viver para ele e colocã-lo em primeiro lugar, e comecei a
dar dízimos e ofertas, e não devo nem um centavo do
preço de nossa casa. Nem de nenhuma outra coisa que
temos. Esta é a razão de assim ser.
Então ele disse:
— Oh — e pendurou o fone. Senti pena por ele.
Os filhos do Rei podem dar abundantemente porque
recebem em abundância quando vivem como Deus
manda. Se você se coloca em uma posição onde pode
receber a bondade de Deus, não tem de ficar com a
segunda oportunidade. Pode libertar-se. Pode viver
como um filho do Rei se observar as instruções do
“Manual do Fabricante”.
8
COMO CO N H ECER A
VERD AD E A C ERC A D E
BA TISM O S
Realizo meu estudo bíblico sistematicamente e com
oração; assim, li em 1 Coríntios 12:13: “Pois, em um só
Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo.”
Estava certo de que esse texto falava acerca da salvação,
do batismo do ou pelo Espírito Santo, quando ele nos
batiza como membros do corpo de Cristo. Com este
batismo, todos nós nos tornamos membros de seu
Corpo, quer judeus quer gregos, gentios, pagãos, seja lá
quem for. A todos nós foi dado beber de um só Espírito.
Nascemos de novo e fomos feitos membros do corpo de
Cristo mediante este batismo pelo Espírito Santo. O
Espírito Santo realiza o batismo. Somos os candidatos, e
o Corpo de Jesus é o elemento que se torna nossa
habitação. Esse é o primeiro batismo, aquele que experi
mentei na casa de meu amigo Ed.
Em meu segundo batismo, o pastor da igreja batista
oficiou ao imergir-me no tanque de batismo. Ele explicou
que este batismo em água não causaria a minha salva
ção; eu fui salvo quando cri em meu coração e com a
boca confessei que Jesus era Senhor. O batismo em água
58 Aprenda a viver como um filho do Rei
era um testemunho perante o mundo de que eu era um
cristão nascido de novo.
Enquanto meditava nisto, percebi que algo me havia
acontecido quando fui batizado em água. Penso que
tinha algo que ver com afogar minha arrogância e
orgulho. Eu era um homem de um metro e oitenta e sete
centímentros de altura e estava nas mãos de um pastor
que teria pouco mais de um metro e meio de altura; isso
exigia certa dose de humildade de minha parte. Em
realidade, eu devia estar com a cabeça fora de lugar para
fazer isso, e o procrastinador espírito de rebeldia que
havia em mim precisava ser amarrado, derrotado e ser
posto fora de combate. Toda vez que eu cedia, que me
rendia, que me sujeitava a qualquer outra pessoa,
especialmente quando não era de minha vontade fazê-lo,
eu criava oportunidade para que o espírito de rebelião
em mim existente morresse um bocadinho. Nossa sub
missão a outrem é um maravilhoso princípio, e descobri
que na prática essa atitude é altamente benéfica.
Ao ler a Bíblia acerca do batismo em água, topei com
um texto no segundo capítulo de Colossenses que
merecia detida consideração. A Amplified Version (Ver
são Amplificada) do Novo Testamento torna o texto
muito claro: “Nele também fostes circuncidados com
uma circuncisão não feita por mãos, porém numa
circuncisão espiritual realizada por Cristo mediante des-
pojamento do corpo da carne, a natureza carnal toda
corrupta com suas paixões e concupiscêricias. Portanto,
fostes circuncidados quando fostes sepultados com ele
em vosso batismo . . . ”
Esse texto de Colossenses dizia com clareza que
enquanto eu era batizado em água, Jesus me despojava
de minha velha natureza pecaminosa. Se isso fosse
verdade — e eu acreditava que era — meu batismo em
água significava muito mais do que um mero testemunho
perante o mundo de que eu havia nascido de novo. O
Como conhecer a verdade acerca de batismos 59
tempo e o lugar de meu batismo em água foram o tempo
e o lugar verdadeiros quando Jesus realizou uma obra
importante em mim.
Meu raciocínio era que se esses dois primeiros batis
mos tinham tanta importância, o terceiro batismo devia
ser importante também, pois do contrário Jesus não o
teria feito assunto de suas últimas palavras aos discípulos
antes de ele ascender ao céu.
O terceiro batismo, segundo a Bíblia, era o batismo de
Jesus, o batismo que ele próprio realizaria, batizando-nos
no Espírito Santo. Verifiquei que era mencionado nos
quatro evangelhos e era a primeira coisa, logo no início
do livro de Atos. Os textos nos três primeiros evangelhos
eram idênticos entre si:
“Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”
(Mateus 3:11; Marcos 1:8; Lucas 3:16).
E João disse: “Aquele sobre quem vires descer e
pousar o Espírito Santo, esse [esse é Jesus] é o que vos
batiza com o Espírito Santo” (João 1:33).
Em Atos 1:5, pouco antes de ir para o céu, Jesus disse:
“Vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito
depois destes dias. . . . mas recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas
tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e
até aos confins da terra.”
Este era o batismo do qual minha igreja nunca tinha
ouvido falar, ou não cria que existisse, ou pensava que
não era para nossos dias, porém eu sabia que precisava
dele para ser testemunha.
Coloquei minha Bíblia na cama, ajoelhei-me e disse:
“Senhor, se esses textos bíblicos não são para hoje,
envia-me do céu um telegrama. Dize-me para rasgã-los
da Bíblia e eu o farei. Mas enquanto não o fizeres, ali eles
ficam, e vou descobrir como fazê-los funcionar, porque
desejo receber o poder de ser tua testemunha, e sei que é
isso que desejas de mim.”
60 Aprenda a viver como um filho do Rei
Depois de orar, lembrei-me de que na reunião de Oral
Roberts onde fui curado de meu problema nas costas,
ouvira falar de um local chamado Fundação Koinonia.
Era a sede do C. F. O., em Pikesville, Maryland, e não
ficava longe de onde eu morava. De modo que, algumas
semanas depois, num domingo à tarde, fui até lã para
saber que negócio era aquele de Fundação Koinonia.
Pensei que ia por mera curiosidade, mas realmente era o
Espírito do Senhor que me guiava.
11
COM O S E R BATIZADO
NO ESPÍR IT O SANTO
A maior parte do pessoal estava fora realizando
trabalhos nesse dia. Mas havia um jovem de plantão,
chamado Jim, e ele dispunha de tempo para atender-me.
Disse-lhe que eu estava faminto do poder de ser
testemunha, faminto de falar acerca de Jesus com outras
pessoas. Contei-lhe que eu havia saído do mundo das
trevas, do mundo da alta administração, do mundo da
indústria, onde todos nos brindávamos com bebidas até
à morte se tivéssemos sorte bastante de morrer antes de
desintegrar-nos por um ataque cardíaco ou por um
colapso nervoso. Eu havia encontrado Jesus, portanto
tinha uma resposta para meus colegas no mundo dos
negócios, e ansiava por falar-lhes sobre o assunto, mas
simplesmente não podia. Não podia contar-lhes a respei
to de Jesus. Eu estava simplesmente entalado, com a
língua presa. Não tinha liberdade de comunicar-lhes
Jesus. Em realidade, eu sentia um sério bloqueio em
minha capacidade de comunicar qualquer coisa, e isso
desde quando eu era bem jovem. Na faculdade, não era
capaz de pôr-me em pé e recitar. Por isso eu tirava notas
baixas em minha participação nas atividades da classe;
62 Aprenda a viver como um filho do Rei
embora eu soubesse as respostas, não era capaz de
transmiti-las.
De modo que nesse dia Jim me falou do poder do
Espírito Santò para comunicar o amor de Deus aos
outros, e nos assentamos ali fora, no pátio de trás, e ele
me explicou o significado dos versículos que eu tinha lido
no Novo Testamento.
Contou-me como faltava esse poder na igreja de
Efeso, e Paulo foi lá para descobrir o motivo. “Recebes
tes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?”
perguntou-lhes. E lhe disseram que nem mesmo tinham
ouvido jamais de tal coisa. Então Paulo impôs as mãos
sobre eles, e receberam o Espírito Santo.
Eu sabia que ele falava de algo de que eu precisava,
porque o Espírito dentro de mim confirmava o testemu
nho daquele jovem.
Depois de haver-me explicado as Escrituras, Jim disse:
— Gostada que eu orasse a seu favor, para que o
senhor receba de Jesus este batismo no Espírito Santo?
O senhor é candidato a esse batismo?
— Sou candidato a qualquer coisa que Jesus tenha
para oferecer-me — respondí.
E ele fez-me mais uma pergunta:
— 0 senhor quer tudo quanto Deus tem para o
senhor, segundo as condições dele?
— Certamente que sim — disse-lhe.
Ele chegou perto de minha cadeira e colocou as mãos
sobre minha cabeça. E fez uma oração simples: “Senhor,
batiza o Haroldo em teu Espírito Santo. Assume o
comando de sua vida. Faze-o uma testemunha. Encarre
ga-te por completo de seus negócios. E, Senhor, se ele
não estiver seguro de que deseja que faças isto, faze-o
assim mesmo. Agora, Senhor, dou-te graças por batiza
res meu irmão em teu Espírito Santo, concedendo-lhe
todos os dons de que ele necessita para servir-te.
Amém.”
Como ser batizado no Espírito Santo 63
Então, enquanto ainda conservava as mãos sobre
minha cabeça, começou a orar numa língua que me era
estranha. Eu não sabia que língua era; sabia apenas que
não era sua língua materna. Ele era de Lumberton, na
Carolina do Norte, e suspeitei que não devia ser versado
em muitas línguas estrangeiras, mas esta — qualquer que
fosse ela — tinha um belo som.
Esse foi o fim. Esperei que acontecesse algo — que eu
sentisse uma onda a percorrer-me o ser, que sinos
tocassem, que ouvisse música angelical, que pousasse
fogo sobre minha cabeça; nada, porém, aconteceu, tanto
quanto me lembro, exceto que tive uma sensação geral
de liberdade, de paz como antes não havia sentido.
— Em realidade, não sinto nada diferente — disse a
Jim.
— Espere um minuto. 0 senhor foi salvo porque sentiu
alguma coisa? Ou porque creu na Palavra de Deus?
Ocorre a mesma coisa com qualquer dom que Deus tem
para seu povo. O senhor recebe mediante a fé; então vai
e atua como quem a tem, e descobrirá que a possui —
disse-me ele,
Acreditei em suas palavras, e disse: “Graças te dou,
Jesus, por me batizares em teu Espírito Santo.”
Jim aconselhou-me a voltar para casa, ler a Bíblia e
louvar a Deus. “Não. cesse de louvá-lo” , disse-me.
No percurso para casa, tive um estranho sentido de
antecipação de que algo estava por acontecer. Deitei-me,
e durante a noite algo aconteceu. Não entrarei em
pormenores, porque o leitor podería buscar uma expe
riência exatamente igual à minha. E Deus já preparou
uma para você.
Seja como for, quando despertei, pensei que estivera
sonhando. “Foi realmente um sonho”, pensei. Mas
depois vi que não foi sonho, porque Atos 1:8 era real —
ainda constava de minha Bíblia. E o poder veio sobre
mim. Eu o sentia em mim, como fortes ondas de
64 Aprenda a viver como um filho do Rei
eletricidade, como ondas de energia celeste. E era
exatamente isso. Minha língua soltou-se. Comecei a
louvar a Jesus. Podia dizer: “Louvado seja Jesus.
Obrigado, Jesus, por minha salvação. Agradeço-te, J e
sus, Jesus, a vida eterna. Graças te dou, Jesus, pelo que
és. Aleluia!”
E no mesmo instante eu podia dizer que havia algo
mais, diferente também. Outrora eu tinha orado, confes
sando que não sentia amor algum por outras pessoas e
pedia a Jesus que me permitisse conhecer seu amor a
elas, que deixasse que esse amor fluísse por meu
intermédio. Quando me levantei naquela manhã, sentin
do o amor de Deus sobre mim, senti seu amor também
— seu amor a todos. Era como amor líquido, derraman
do sobre mim, e eu amava a todos que me passavam
pelo pensamento, amava-os com o amor do próprio
Deus.
Mal eu podia tocar o chão naquele dia. O poder e o
amor se tornaram de tal modo intensos, que eu disse:
“Senhor, podes baixar um bocadinho, não demais,
apenas o suficiente de sorte que eu possa permanecer
aqui na terra e descobrir o que está acontecendo?”
Eu sabia qué tinha recebido o batismo no Espírito
Santo, e dificilmente podia esperar para ver se o poder
que eu sentia em realidade iria funcionar quando eu
tentasse dar testemunho.
COM O TESTEMUNHAR
COM EFICÁ CIA
Poucos dias depois de meu batismo no Espírito Santo
Deus enviou-me o pior pagão que já conheci. Fazia anos
que eu o conhecia, e ele costumava revoltar-se quando
se mencionava o nome de Jesus. Naquele dia ele me
olhou de alto a baixo e disse:
— Você está diferente.
— Estou? — perguntei-lhe. Eu sabia que estava
diferente, mas não sabia em que medida essa diferença
se refletia em meu exterior.
— Está. Que foi que lhe aconteceu? — perguntou.
Em meu íntimo o Espírito me disse: Fale-lhe acerca de
Jesus.
O velho capeta sussurrava-me ao ouvido: “Sim, fale-
-lhe, e ele lhe arrebentará o nariz tão depressa . . .” Em
realidade pensei que ele o faria, mas o Espírito Santo me
havia dotado de poder, e não havia como não falar-lhe a
respeito de Jesus. Comecei com palavras simples,
contando exatamente o que me havia acontecido, e ali
estava o homem, absorvendo o que eu dizia, arregalando
cada vez mais os olhos. Ele estava literalmente pqsmado
pelo poder de Deus.
66 Aprenda a viver como um filho do Rei
Depois de havermos conversado durante uns cinco ou
dez minutos, ele disse:
— Que tenho de fazer para salvar-me? — e quase
desmaiei.
Em resumo: ele foi salvo. Seu nome é Blair Reed. Ele
abandonqu seu negócio de empreiteiro e se foi para a
Carolina do Norte onde durante quinze anos, mais ou
menos, dirige um lar para alcoólatras, a Casa de Oração.
Ele é um grande discípulo de Jesus Cristo, e tem levado
milhares ao Senhor. Blair foi salvo quando o poder do
Espírito me transformou em testemunha.
Antes de conhecer a Jesus como meu Batizador no
Espírito Santo, meu testemunho não dava ao Senhor a
oportunidade de interferir a meu favor, de selecionar e
preparar o coração daqueles aos quais eu devia falar
sobre ele. Não é de admirar que eu fosse um fracasso tão
grande, navegando com o emprego de minhas fracas
forças, pensando que eu conquistaria alguém para ele. A
única coisa que eu conseguia era afastá-los, vez após vez.
Contudo, depois de meu batismo entendi que eu não
podia salvar ninguém, que a salvação é obra de Jesus, e
que ele abriría as portas onde quisesse meu testemunho.
Aprendi a aguardar uma pergunta, a esperar que a porta
se abrisse. E então sabia que ele me apoiava. O texto
bíblico que ele me deu foi: “Eis que eu vos envio como
ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes
como as serpentes e símplices como as pombas.” Logo
descobri que isso funcionava, na medida em que eu
dependesse dele para realizar seu propósito, não tentan
do fazê-lo por mim mesmo.
Certa noite eu cruzava o oceano em direção da
Inglaterra para uma viagem de negócios, e próximos de
mim estavam um homem e sua esposa. Ela estava no
centro e ele na poltrona do corredor, um tanto alto
depois de haver ingerido uns oito ou dez drinques.
Eu estava ali assentado aguardando a pergunta; uma
Como testemunhar com eficácia 67
hora, duas horas, e devíamos chegar a Londres às cinco
horas da manhã. Por volta das três horas da madrugada,
a mulher virou-se para mim e disse:
— O senhor não bebe nem fuma, pois não?
Respondi-lhe que não.
— Por quê?
O tempo- era curto para explicar tudo, mas comecei a
falar-lhe acerca de Jesus.
— Gostaria de conhecer a Jesus tão bem quanto o
senhor — disse ela.
— A senhora o pode agora mesmo — respondi-lhe.
Nesse instante passou um garçom e quase despejou
uma bandeja de bebida sobre nós. Tivemos de limpar e
enxugar nossas roupas, e com isso nossa conversa foi
interrompida. A mulher disse:
— Bem, realmente o momento não é propício, mas
quando chegar ao hotel vou pedir a Jesus que assuma o
comando de minha vida.
Aconteceu que nos hospedamos no mesmo hotel, e
quando a vi no dia seguinte, ela estava radiante com a
glória de Deus.
Certo dia bateu à minha porta um Testemunha de
Jeová, e sob o poder do Espírito Santo dei-lhe as boas-
-vindas e convidei-o a entrar. S e fosse por mim, eu não
queria saber de conversa alguma com ele. Minha mente
humana dizia: “Esse sujeito é um maluco.”
Mas o Espírito dizia: Peça-lhe que entre. Será que não
posso salvá-lo?
Então eu disse: “Senhor, acho que podes. Tu me
salvaste.”
Em realidade eu não havia considerado que os
Testemunhas de Jeová fossem candidatos à salvação.
Em minha cabeça eu havia elaborado uma espécie de
doutrina segundo a qual esse grupo estava fora dos
limites.
— Entre — disse-lhe. — Alegro-me de conhecê-lo.
68 Aprenda a viver como um filho do Rei
Era Jesus que se alegrava de conhecê-lo, não eu. Ele
entrou, assentou-se, e eu lhe disse:
' — Você é um dos muitos que têm batido à minha
porta recentemente.
— Sim — disse ele. — Achamos que o tempo é curto,
e nos esforçamos o mais que podemos para fazer
convertidos.
— Que é isso que você traz na mão? Uma nova Bíblia?
— Não, é um manual de nossa fé — respondeu.
— Posso dar uma olhada nele?
Ele parecia contente de que eu estivesse interessado o
bastante para examinar seu manual. O Senhor é que
estava orientando; por mim, eu nunca teria feito isso. Eu
teria dito: “Livre-se do vagabundo o mais depressa
possível. Eu sou superior.” Mas o Senhor me trouxe à
lembrança que eu fui trazido da posição de um vagabun
do de sarjeta pela graça de Jesus, e se ele pôde tirar-me
da sujeira deste mundo, podería fazer a mesma coisa por
este rapaz. Comecei a folhear o livro e verifiquei que
Jesus Cristo era um profeta, um bom mestre, e que
estava morto como qualquer outra pessoa. Bem, isso
estabelecia sua doutrina — ele não tinha um Salvador
Vivo. Sendo assim, disse-lhe:
— Onde você vai passar a eternidade?
— Provavelmente no inferno.
— Nesse caso, por que se esforça tanto para levar
outros com você?
Realmente ele não havia pensado nisso. Nem eu. Era
o Espírito Santo que começava a trabalhar.
— Quantos de seu grupo vão para o céu? —
perguntei-lhe.
— Somente cento e quarenta e quatro mil, e a quota já
está completa.
Pude dizer-lhe que ele não estava devidamente infor
mado sobre á doutrina da Torre de Vigia, de sorte que fiz
valer minha vantagem.
Como testemunhar com eficácia 69
— Sendo assim — perguntei-lhe — , por que deseja
arrastar-me para onde você vai?
— Bem, foi assim que nos ensinaram — respondeu.
A seguir abri o manual sob o título da cura. Ali estava,
preto no branco, que Deus curava de modo sobrenatu
ral, mas hoje já não o faz, desde que os médicos e os
remédios entraram em cena. Então eu disse ao rapaz:
— Jovem, aqui está escrito que Deus já não efetua
curas.
— É verdade — disse ele.
— Este livro foi escrito por autoridades de sua
denominação? — perguntei-lhe.
— Sim, foi — respondeu.
— Suas autoridades o conferiram, reconferiram, e
leram as provas tipográficas?
— Fizeram-no com todo o cuidado — assegurou-me o
jovem. — O livro é inteiramente autêntico.
— Nesse caso é melhor que vocês mandem o impres-
sor embora, porque ele colocou uma inverdade neste
livro. Ele diz que Jesus já não cura, que ele é um profeta
morto, porém eu sei que está vivo, porque ele me curou.
O jovem ficou branco. Ele tinha de chamar-me de
mentiroso ou tinha de admitir que sua denominação
laborava em erro. E aí ele cometeu um grande engano,
ao dizer:
— Oh, é assim? Fale-me a esse respeito.
Contei-lhe como simplesmente li na Bíblia que Deus
cura, e que eu acreditava na Bíblia, e que entrei na fila de
cura na tenda de Oral Roberts, em 1954, em Baltimore, e
recebi cura instantânea de um disco desintegrado da
coluna espinal. Radiografias recentes provavam que não
havia nenhum disco danificado.
Bem, o rapaz estava visivelmente abalado. Não sabia o
que dizer. Ele não podia chamar-me de maluco, porque
eu estava obviamente curado. Nem podia ele dizer que
seu manual estava errado, por isso disse:
70 Aprenda a viver como um filho do Rei
— Vou dizer-lhe uma coisa. Sou meio novato neste
negócio. Gostaria que o senhor pudesse conversar com
alguns de nossos membros mais idosos. Que tal ir à igreja
comigo?
— Quando vamos? — perguntei-lhe.
Isso quase o derrubou, que eu fosse à sua igreja com
ele.
No domingo seguinte fui ao Salão do Reino. Quando
começaram a ensinar o erro, desliguei-me deles e
comecei a orar no Espírito. Se damos ouvidos a uma
mentira, recebemos o espírito da mentira, e ficamos
decepcionados. Sendo cristão cheio do Espírito, eu podia
desligar minha audição e ligar-me em Jesus para ouvir
bem e forte. Ele fez que as palavras de erro tomassem
outro rumo. E assim não fui enganado.
Depois que saímos do Salão do Reino naquele dia,
Jimmy me perguntou:
— Que tal achou de tudo isso?
— Louvo seu interesse em pegar-me — disse-lhe eu, e
acrescentei: — A propósito, que acha de vir à igreja
comigo hoje à noite?
Ele não podia ser indelicado e recusar, porque eu tinha
ido com ele. Meio desconcertado, disse:
— É que . . . eu . . . é . . . está bem.
Ele foi comigo à igreja naquela noite, e ouviu a Palavra
pregada com poder. Ele já tinha ouvido meu testemu
nho, e como diz Apocalipse 12:11: “Eles, pois, o
venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa
da palavra do testemunho.” O jovem Testemunha de
Jeová foi salvo.
Existe alguma coisa difícil demais para Deus? Não
quando vivemos como filhos do Rei e permitimos que ele
nos forneça o equipamento certo para realizar o trabalho.
COM O ACHAR O DIA
PER D ID O
Certa noite, depois que descobri que o batismo no
Espírito Santo me havia dado novo poder para testificar,
meu pastor recebeu uma profecia destinada a mim. Dizia
ela que Deus me abriría portas para testemunhar como
eu não seria capaz de imaginar. Eu estava preparado
para que isso acontecesse, mas não tinha idéia alguma de
como viria a acontecer. S e eu tivesse tentado adivinhar,
teria errado de muito.
Os começos remontavam à década dos anos 60,
quando a NASA começou a funcionar para levar a cabo
as instruções do presidente dos Estados Unidos com
vistas a lançar um homem à lua. O programa teve início
no Centro de Vôo Espacial de Goddard, em Greenbelt,
estado de Maryland, não muito distante de onde moro.
Desde o começo eu estava envolvido no programa por
via de arranjos contratuais com a minha companhia.
Durante os anos, enquanto se efetuavam as missões
espadais da série Mercury/Gemini, visitei a estação ras-
treadora localizada nas Bermudas, como consultor. Não
demorou muito para que minha caderneta de aponta
mentos estivesse cheia de dados interessantes que fre-
72 Aprenda a viver corno um filho do Rei
qüentemente eu transmitia quando fazia palestras a
grupos de estudantes secundários e universitários acerca
de meu tema predileto: “Ciência, Filosofia, Evolução e a
Bíblia.”
Uma das histórias que eu contava freqüentemente
relacionava-se com a necessária preparação estatística
antecedente à caminhada do homem na lua. Os cientis
tas de assuntos espaciais viviam conferindo a posição do
sol, da lua e dos planetas no espaço exterior, calculando
onde esses astros estariam daqui a 100 e a 1000 anos.
Além disso, examinavam as trajetórias dos asteróides
conhecidos e dos meteoros, de sorte que não enviásse
mos astronautas e satélites ao espaço para se chocarem
com tais elementos. As órbitas dos satélites tinham sido
traçadas em termos de onde os corpos celestes estariam,
de modo que não houvesse perigo de uma colisão no
tráfego espacial.
Pois bem, quando as medições do computador iam e
vinham através dos séculos, chegou-se a um ponto onde
o computador empacou. Parou e deu o sinal vermelho,
indicando que havia algo errado, ou com a informação
introduzida no computador ou com os resultados obtidos
quando postos em comparação com os padrões. Convo
caram o departamento de serviço para uma verificação.
— Não há nada de errado com o computador —
disseram os técnicos. — Funciona perfeitamente. Que é
que os leva a pensar que algo esteja errado?
— Bem, o computador diz que está faltando um dia
em algum ponto do tempo decorrido — disseram os
operadores.
Verificaram de novo os dados que tinham, coçaram a
Caixa Idiota Instruída. Não havia resposta alguma,
nenhuma explicação lógica. Estavam num impasse.
Havia um colega religioso na equipe, e ele disse:
— Sabem de uma coisa? Quando eu freqüentava a
escola dominical, falavam de um dia em que o sol parou.
"Como achar o dia perdido 73
Riram-se dele, porque ninguém lhe dava crédito. Mas
não tendo outra coisa para experimentar, convidaram-no
a explicar-se melhor. Ele pegou uma Bíblia e buscou no
livro de Josué a narrativa em que este caudilho foi
chamado para combater os reis dos amorreus, uma
formidável linha de inimigos. No relato, os operadores
encontraram uma declaração mais que ridícula para
qualquer pessoa que tenha alguns gramas de senso
comum. Encontraram o Senhor dizendo a Josué: “Não
os temas, porque nas tuas mãos os entreguei; nenhum
deles te poderá resistir.” A Bíblia prossegue e diz que o
Senhor matou os inimigos de Josué com uma grande
matança, e começaram a fugir de diante de Israel. E o
Senhor lançou do céu grandes pedras, e mais foram os
que morreram pela chuva de pedra do que os mortos à
espada pelos filhos de Israel. Mas ainda sobraram alguns
inimigos, e Josué orou para que o sol e a lua se
detivessem até que os israelitas tivessem terminado sua
vingança contra os inimigos.
“O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se
apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.”
—■Está aí — disse o cristão. — Aí está o dia que lhes
está faltando. Prossigam e verifiquem.
Bem, conferiram os computadores, percorreram todo
o caminho de volta até ao tempo em que Josué derrotou
os reis, e descobriram que a explicação estava próxima,
mas não bastante próxima. O tempo decorrido no dia de
Josué era de apenas 23 horas e 20 minutos, e não um dia
completo. Ainda havia uma discrepância de quarenta
minutos que precisava ser esclarecida. Consultando de
novo o relato bíblico, verificaram que a Bíblia não diz
que o sol havia parado por um dia todo, mas “quase um
dia inteiro” .
De maneira que continuavam em dificuldade. Quaren
ta minutos se tornam extremamente significativos quan
do-multiplicados muitas vezes no cálculo das órbitas.
74 Aprenda a viver como um filho do Rei
Então o colega religioso lembrou-se de algo mais na
Bíblia onde diz que o sol andou para trás. Naturalmente,
seus colegas de estudos espaciais lhe disseram que ele
não estava bom do juízo, porém não tinham outra
alternativa na questão, e assim retornaram à Bíblia e
leram em 2 Reis, capítulo vinte, como Ezequias, em seu
leito de morte, recebeu a visita do profeta Isaías e este lhe
disse que ele não ia morrer, mas Deus ia curá-lo, e dentro
de três dias ele estaria em condições de ir ao templo.
Além do mais, Deus prometeu-lhe mais quinze anos de
vida na terra. A notícia era tão boa que Ezequias não
podia crer! Pediu um sinal como prova de que a palavra
de Deus era verdadeira.
— Queres que a sombra se adiante de dez graus ou
retroceda? — perguntou-lhe Isaías.
— Não — retrucou Ezequias. — É fácil demais que o
sol se adiante dez graus. Ele faz isso todo o tempo. Ele vai
para a frente todos os dias. Que acha de deixar que a
sombra retroceda dez graus? Isso será uma coisa nova, e
então poderei crer.
De modo que Isaías falou com o Senhor, e o Senhor
fez a sombra retroceder dez graus. Dez graus são
exatamente quarenta minutos!
Vinte e três horas e vinte minutos estavam explicados
no dia de Josué, mais quarenta minutos explicados no
dia de Ezequias — aí estavam as vinte e quatro horas
completas, o dia que faltava e que os cientistas tiveram
de levar em consideração em seu diário.
Tenho relatado este fato muitas vezes nas escolas e nas
reuniões onde sou convidado a falar, usando-o apenas
como exemplo de como a ciência vai provando que as
coisas absurdas constantes da Bíblia são verdadeiras. E
um dia isto chamou a atenção de uma mulher, Mary
Kathryn Bryan, que escrevia uma coluna para um jornal
de Spencer, no estado de Indiana. De alguma fonte não
identificada ela recebeu uma cópia de minhas observa
Como achar o dia perdido 75
ções acerca do dia perdido. Provavelmente alguém havia
preparado essa cópia depois de ouvir uma fita cassette de
uma de minhas palestras, ou havia tomado notas de
alguma preleção e as redigiu. Ninguém sabe onde se
originou o relato escrito, mas de qualquer modo isso não
importa. Era um relatório preciso, e a senhorita Bryan
encheu-se de curiosidade por ele. Sem que eu tivesse
dele conhecimento na ocasião, ela o transcreveu em sua
coluna.
Anteriormente eu nada sabia acerca de seu jornal, mas
logo descobri. Vários serviços noticiosos recolheram a
história e ela apareceu em centenas de lugares. Minha
caixa postal começou a abarrotar-se com cartas vindas de
pessoas que desejavam saber mais acerca do dia perdi
do. Vinham cartas de quase todos os países do mundo, e
ainda continuam a chegar.
Era-me impossível dar uma resposta pessoal a cada
uma, de modo que preparei uma carta-circular explican
do que o dia perdido está bem documentado nos escritos
primitivos de muitas civilizações antigas. Para mais por
menores, eu lhe recomendava um livro chamado Jos-
hua’s Long Day (O Dia Longo de Josué), escrito por um
professor da Universidade Yale, Dr. C. A. Totten, em
1890. Na carta eu dava um breve testemunho do que
tinha sido minha vida antes e depois de encontrar-me
com Jesus, e eu estimulava meus correspondentes a
experimentar Jesus por si mesmos. Com a carta eu
incluía um resumo do livro de Totten e um folheto
intitulado Did the Sun Stand Still? (O Sol Parou?)*
Quanto a algumas das pessoas, nunca mais tive
notícias delas. Algumas têm-me escrito — ou telefonado
— para dizer-me que sou um mentiroso, e com isso
‘ Folheto disponível em Book Fellowship, Box 164, North Syracuse, N.Y., 13212.
Cópia da carta e da resenha do livro de Totten encontram-se .no final deste
capítulo.
76 Aprenda a viver como um filho do Rei
tenho tido oportunidade de exercitar o perdão. Numero
sas outras me disseram que foram salvas quando o
Espírito Santo as assistiu mediante sua Palavra de
verdade. Aleluia! Era sobre isso que versava a profecia de
meu pastor! Deus tinha aberto portas para testificar que
eu jamais teria imaginado.
Pouco mais tarde, recebi um chamado da secretária de
um jornal pagão, no meio-oeste, perguntando como um
Deus mítico podia fazer tais coisas. Quando lhe respondí
com o meu testemunho de um Salvador Vivo, ela
desligou o telefone abruptamente. Mais tarde, alguém
enviou-me um recorte da publicação para a qual aquela
secretária trabalha, dizendo que eu havia admitido que
tudo aquilo era um embuste. Logo depois disso, numero
sas revistas religiosas, algumas delas cristãs, começaram a
repetir a falsa “retratação” , e apresentando suas descul
pas por sua participação anterior na reprodução do
artigo. Nenhuma dessas publicações jamais me procurou
para saber de mim quanto à verdade ou erro do artigo
orginalmente publicado.
Para efeitos de registro: o relatório é verídico; a
retratação é falsa. As conversões resultantes da obra do
Espírito Santo por meio do artigo original, da carta e do
folheto têm comprovado a verdade da palavra de Deus
— “Pelos seus frutos os conhecereis.” Deus não salva
pessoas por meio de relatórios falsos.
A seqüência toda dos acontecimentos tem-me de
monstrado como até mesmo os cristãos se inclinam a crer
numa mentira em vez de numa verdade, quão prontos
estão para cair numa armadilha de Satanás. Mas a
Palavra de Deus é verdadeira, muito embora todos os
homens sejam mentirosos.
E minha incapacidade de fornecer documentação do
incidente do “Dia Perdido” de maneira alguma prejudica
sua autenticidade. “Deus o disse, eu o creio e isso resolve
a questão.” E ainda que eu não queira crer, o fato é que
Como achar o dia perdido 77
Deus o disse, e isso realmente liquida o assunto.
É compreensível que a NASA tenha relutado em
responder ao dilúvio de cartas que lhe chegam tratando
do assunto, das quais muitos indagadores me enviaram
cópia. Uma carta da NASA alega desconhecer-me. Outra
dá o endereço de minha casa para maiores informações,
enquanto outra reconhece minha filiação com seu pro
grama. Deve ser um tanto incômodo tentar agradar a
todos os grupos religiosos, políticos, científicos e étnicos
aos quais a organização se acha exposta. Oremos por ela!
No começo de meu papel controverso neste incidente,
quando começaram a chegar-me acusações de “menti
roso” , de “embuste” , de “impostor”, minha tendência
foi colocar-me na defensiva e irritar-me com Deus. Afinal
de contas, ele é que me havia colocado nesta posição
embaraçosa de ficar sem defesa ou escusa. Em realidade,
uma ou duas vezes estive às portas de exibir-me como
mártir. Como podia essa gente atrever-se a duvidar de
minha veracidade, honestidade e integridade!
Então o Senhor pareceu falar: Hill, você se preocupa
com a boa reputação de quem?
“Perdoa-me, Senhor” , disse eu. “Sem ti sou um
impostor completo e não apenas em parte. Mas, Senhor,
tua reputação está em jogo” , continuei.
Ao que ele replicou: Não tem estado sempre? E é aí
que você entra como minha testemunha. Você tem de
dizer as coisas como realmente elas são e depender de
meu Espírito como a única força convincente e salvadora
no universo.
Assim, toda minha confiança está em Deus como
minha testemunha de que tudo é verdadeiro conforme
foi relatado. Os filhos do Rei são repórteres, e não
pessoas que dão explicações. Aleluia!
E os filhos do Rei podem viver à semelhança de filhos
do Rei enquanto seguirem o caminho dele e daí não se
desviarem. Deus sempre honrará com frutos a palavra de
78 Aprenda a viver como um filho do Rei
nosso testemunho. Qual é o fruto dos cristãos? Novos
cristãos! E somos dotados de poder para contar o fato
como ele é.
COM O IM PED IR A
CURA
A vontade de Deus quanto à saúde dos filhos do Rei
está claramente demonstrada em 3 João 2: “Amado,
acima de tudo faço votos por tua prosperidade e saúde,
assim como é próspera a tua alma.”
Mas nem sempre prosperamos, nem sempre estamos
em bom estado de saúde. Por quê? Há obstáculos que
nós mesmos criamos?
Anteriormente eu pensava que Deus queria curar a
todos e que todos queriam ser curados. Mas eu estava
apenas metade certo. Descobri este fato da primeira vez
que estive no acampamento CFO.
Blair Reed e eu tínhamos ido juntos para lá. Ambos
havíamos sido recentemente curados, salvos e batizados
no Espírito, e estávamos prontos para ministrar cura a
toda gente. De longe podíamos visualizar os necessi
tados.
Outro carro chegou quase ao mesmo tempo que riós,
e um homem saiu dele, abriu o porta-malas tirou de lá
uma cadeira de rodas dobrável, desdobrou-a, dirigiu-se
para o outro lado do carro, abriu a porta, trouxe a esposa
para fora e a colocou na cadeira de rodas. Meu amigo
112 Aprenda a viver como um filho do Rei
Blair e eu mal podíamos esperar a oportunidade de
aproximar-nos da senhora. Lembramo-nos de que Jesus
pedia permissão à pessoa antes de curã-la, e assim não
corremos para a senhora e começamos a orar imediata
mente. Primeiro, pedimos-lhe permissão.
— Irmã, Jesus deseja curá-la. A senhora quer ser
curada?
Levei o maior choque de minha vida quando, indigna
da, ela respondeu:
— Certamente que não.
A expressão de nossos rostos devia ter demonstrado
que não tínhamos' entendido, porque ela passou a
explicar:
— Durante trinta anos servi a meu marido quase como
escrava. Agora é a vez de ele servir-me enquanto eu
viver. Gosto da vida assim. E não venham vocês impor as
mãos sobre mim!
Comecei, pois, a aprender que nem todos desejam ser
curados. Muitas pessoas não gozam de boa saúde. Um
método que muitos adotam é provocar a simpatia dos
outros para que se compadeçam deles pelo que sofrem,
se é que estão bastante enfermos por tempo suficiente.
Deste modo mostram que estão carregando sua cruz.
A pergunta de Jesus, “Queres ser curado?” é a chave
da situação. O estado de saúde perfeita envolve muito
mais do que mera cura física. Relaciona-se com a pessoa
toda.
Certo dia uma mulher compareceu a uma reunião na
qual eu participava. Ela compareceu na segunda-feira à
noite para que orássemos por ela, e assim sucessivamen
te até quinta-feira à noite, porém seu estado não
apresentava melhora alguma. Ela sofria de artrite como
eu nunca tinha visto antes. Todas as juntas de seu corpo
estavam como que travadas. A gente sentia dor só de
olhar para ela.
Na noite de quinta-feira eu disse: “Senhor, devemos
Como impedir a cura 113
estar falhando em nossa oração, porque ela não apresen
ta melhora alguma. Como se explica?”
O Senhor mostrou-me que algumas vezes sou mais
estúpido do que outras. De quando em quando, tenho
uma leve impressão de que sei orar. Mas Deus diz em
Romanos 8: Não sabemos orar como convém, e ele me
coloca em meu devido lugar. Então eu disse: “Senhor,
perdoa-me” , e orei em línguas e pedi uma palavra de
conhecimento. E essa palavra veio nestes termos: Este é
um caso de relacionamento interrompido, e não um mal
físico. Apenas parece doença.
Deus sempre tem maiores informações acerca de uma
pessoa do que aquelas que se podem obter por meios
naturais. Assim, quando seus amigos a conduziram ao
altar novamente na noite de sexta-feira, todos nos
reunimos ao seu redor. “Senhor, vamos deixar- que tu
ores esta noite. Vamos orar em línguas e pedir que tu dês
a interpretação sobre o procedimento de cura de nossa
irmã.”
Ao orar, foi-nos revelado que o problema desta mulher
era o ressentimento. As relações entre ela e a irmã
estavam abaladas.
Perguntei-lhe:
— A irmã está ressentida com quem?
— Oh — , disse ela — não tenho ressentimento contra
ninguém. Amo a todo o mundo.
Estava claro que seu ego não a deixava ser honesta
nem mesmo por um minuto. Então o Espírito Santo
reformulou a pergunta para lançar a culpa sobre outra
pessoa.
— Quem foi que lhe causou um terrível mal? —
perguntei. — Que foi que sua irmã fez que lhe causou
mágoa?
Isso deixou-a livre para contar-nos tudo o que se
relacionava com a cruz que ela devia suportar. Ela
derramou peçonha como se fosse veneno de uma
114 Aprenda a uiver como um filho do Rei
serpente. Sem os dons do Espírito em ação, poderiamos
ter simpatizado com ela, e ela teria simpatizado ainda
mais consigo mesma e sua condição teria piorado. Mas
Deus fez-nos ver a amargura, o ódio e o ressentimento
que a mulher abrigava. E tudo isso veio à tona.
— Essa mesquinha! Ela mudou-se para nossa vizi
nhança, veio à nossa igreja, e como organista ela não
chega a meus pés, mas o pastor lhe deu o cargo.
— Aposto que isso a consumia, não é verdade? —
perguntei-lhe.
A mulher se afastara da comunhão no Espírito, do
grupo local, e seu organismo reagira fechando-se em si
mesmo. Sua mão estava tão fechada que ela não podia
mover um só músculo do braço.
— Irmã, a senhora está diposta a perdoar?
— Aquela perversa? Não! Nunca!
Recordamos com ela algumas passagens das Escrituras
relacionadas com o atar físico por meio do atar espiritual.
E falamos acerca do perdão conforme a oração que o
Senhor nos ensinou. Depois de alguns momentos, o
Espírito Santo começou a convencê-la. Ela viu quão
terrível era sua amargura, seu ressentimento, e viu as
conseqüências inevitáveis disso tudo sobre seu corpo.
Explicamos-lhe que Jesus desejava que ela prosperasse e
gozasse de boa saúde, assim como prosperava a sua
alma. Isto significava que a relação desfeita com sua irmã
tinha de ser reatada antes que ela pudesse ser curada
fisicamente.
Abrandando um pouco, ela disse:
— Sinto muito. Não posso falar com ela. É algo
demasiado grande para mim. Já decorreram dezoito
anos.
— Não culpo a irmã. Acho que eu também não iria
pedir perdão após esses anos todos nutrindo ódio. Sei
que por mim mesmo não estaria disposto a fazê-lo. Mas a
irmã estaria pronta para ir se Deus lhe desse tal dispo
sição?
Como impedir a cura 115
Enquanto permanecia ali junto ao altar, apoiada por
irmãos e amigos, pude ver a luta que se travava em seu
íntimo. A amargura estava profundamente arraigada; a
mulher estava segura de que a falta era da outra pessoa.
Mas, afinal ela disse:
— Sim, se Deus me fizesse disposta a tanto, eu estaria
disposta. Estou pronta para tal disposição.
E então, naquela hora, sua mão começou a abrir-se. A
disposição que Deus lhe dera ao espírito libertou-a. Não
vi a cura total. Não permanecemos muito tempo ali,
porém sei que ela está completamente livre, porque se
dispôs a ir e reconciliar-se com a irmã.
Não importa que a situação pareça clinicamente
incurável; se nos dispusermos a deixar que Deus remova
todas as pedras de tropeço de nossa alma, seu poder se
manifestará. A impaciência pode ser um obstáculo à
cura; a falta de perdão é outro; a incredulidade também.
Esses obstáculos são freqüentes.
Não havia obstáculo algum de incredulidade em um
dos irmãos lá em Lancaster County, na Pensilvânia, com
quem eu havia estado em várias reuniões de testemu
nho. O irmão Herman voltou da igreja certa tarde e
chegou a casa com uma forte dor de cabeça. Foi ao
armário onde guardava remédios e tomou dois compri
midos de aspirina, depois deitou-se para tirar uma
soneca. Cerca de trinta minutos depois acordou com o
estômago em fogo. Verificando o armário de remédios,
viu que em vez de aspirina havia tomado dois comprimi
dos de cloreto de mercúrio que sua filha usava no
tratamento de pé-de-atleta. Esses comprimidos eram
para uso externo, pois o cloreto de mercúrio é veneno
mortífero.
Havia duas coisas que ele podia fazer: Entrar em
pânico ou louvar a Deus e firmar-se na palavra divina.
O pânico é para pagãos, não para os filhos do Rei.
Sendo assim, o irmão Herman disse: “Senhor, tua
116 Aprenda a uiver como um filho do Rei
palavra diz: ‘Se alguma cousa mortífera beberem não
lhes fará mal.’ Nessas condições, o problema é teu e não
meu.” Passou a chave na porta do quarto, ajoelhou-se
ao lado da cama e deixou o assunto nas mãos de Jesus.
“Jesus”, orou ele, “Se não intercederes, se tua Palavra
não for verdadeira, então eles terão de arrombar a porta
e levar o cadáver. Eu serei o cadáver. O problema é teu.”
Voltou para a cama e acordou umas duas horas mais
tarde, sem dor de cabeça, sem dor no estômago,
Completamente são.
Estes sinais hão de acompanhar os filhos do Rei: “Se
alguma cousa mortífera beberem, não lhes fará mal.”
No começo de minha vida de cristão, tinha a tendência
para pensar que agora que estava salvo, agora que eu
pertencia ao povo de Deus, eu era invulnerável com
relação a problemas. Tinha ouvido muitos sermões que
me fizeram crer que quando a pessoa se converte, nunca
mais lhe acontece nada de desagradável. Mas Deus
nunca prometeu isentar de problemas os seus filhos. A
promessa divina é que ele nos liurará na hora dé
dificuldade.
É preciso entrar em dificuldade para sair dela. Mas não
é preciso que nos metamos em dificuldade. O viver
cotidiano se encarregará automaticamente dessa parte,
porém o andar no Espírito garante-nos proteção contra
os poderes das trevas que sempre procuram tragar tanto
os pagãos como os filhos do Rei.
Faz pouco tempo dirigia meu carro por uma rodovia
de pista dupla; eu ia a uma reunião. A faixa que dividia as
pistas devia ter uns seis metros de largura. De repente,
um carro que vinha em sentido contrário, correndo a
mais de 100 quilômetros por hora, assim como eu,
parece que perdeu a direção e começou a cruzar a faixa
divisória. Vinha diretamente contra mim. Era iminente
um impacto de mais de duzentos quilômetros por hora e
eu seria atingido em cheio. Ficaria esmagado.
Como impedir a cura 117
Fiquei contente por não ter de esperar para engrenar a
marcha do louvor e ação de graças, porque não teria
tempo de fazê-lo. Tudo aconteceu tão rápido. O andar
na luz está relacionado com todos os circuitos sintoniza
dos com o louvor e a ação de graças todo o tempo, e
dando graças a Deus por tudo. Eu andara na luz o dia
todo. Estava, portanto, dando graças a Deus e orando no
Espírito a favor das pessoas que estavam no outro carro,
rium só fôlego, reconhecendo que esse podia ser o
último de minha vida. Mas eu estava entoando os
cânticos de Sião, sabendo que os filhos do Rei não têm
de terminar o curso da vida segundo as condições de
Satanás.
O veículo que ia atingir-me estava a menos de vinte
metros de distância quando, de repente, lá se foi pelos
ares e capotou. Era um carro conversível, a capota estava
arriada, e voou gente em todas as direções. E o veículo
veio espatifar-se bem ao meu lado.
“Senhor, queres que eu pare?” perguntei-lhe.
Não. Não pare. Você intercede, foi a mensagem que
recebi. Em meu espelho retrovisor pude ver que outros
carros e caminhões estavam parando. Não precisavam
de minha presença física naquele ponto. Porém Deus
precisava de mim como intercessor. E assim continuei
orando, louvando a Deus, orando em línguas. Estava
cônscio de que havia um poder novo, havia rios de água
viva fluindo de meu íntimo diretamente para o trono da
graça enquanto eu intercedia no Espírito.
19
COM O EVITAR
A CID EN TES D E C A R RO ,
FU RA CÕ ES,. BO M BA S
INCENDIARIAS E
CHUVA D E FO G UETES
Antes de haver percorrido um quilômetro, tive a
certeza de que Deus cuidara de tudo, e prossegui
satisfeito para minha reunião. Isso aconteceu numa
sexta-feira. Na manhã de domingo eu devia falar na
igreja Metodista de Kent Island, próxima do local do
acidente.
Contei à congregação minha experiência e disse que
se algum dos presentes soubesse do resultado do aciden
te, eu gostaria de ouvir o que aconteceu depois. Eu sabia
que algo de bom havia ocorrido. Era verdade. Três
diferentes pessoas vieram a mim à saída do templo após
o culto e me disseram que chegaram ao local da cena
poucos minutos depois de ocorrido o acidente, pois
moravam ali perto. O pneu do carro estourara; como ia
em alta velocidade, descontrolou-se. As pessoas que
viajavam no conversível caíram fora do veículo, e todas
elas saíram andando do acidente! O carro espatifou-se,
120 Aprenda a viver como um filho do Rei
mas ninguém ficou ferido. Foi um milagre.
Um carro que vem diretamente ao nosso encontro em
uma estrada plana não salta de repente para cima. A
mudança de movimento horizontal para movimento
vertical é impossível, a menos que atinja alguma coisa
curvada para mudar o curso. E foi isso o que aconteceu
naquele acidente. O curso do carro foi mudado quando
ele atingiu uma superfície curva — o círculo curvo de luz
que impediu que as trevas entrassem para aniquilar um
filho do Rei. Havia milhões de quilogrâmetros de energia
envolvidos, mas isso nada significa para um anjo do
Senhor. Aleluia! Quando clamamos ao Rei, ele opera de
modo sobrenatural para tirar-nos da dificuldade.
COM O C O N SER TA R ,
COM R A PID EZ ,
MAQUINARIA D E ALTO
CUSTO
Pouco depois que Jesus me batizou no Espírito, tive
oportunidade de ver como o sobrenatural opera no
mundo científico. Fui chamado para verificar um caso em
Baltimore que envolvia uma subestação de força. Havía
mos fornecido o equipamento pesado de força, e parte
de nosso contrato se relacionava com a revisão prévia
para entregá-lo à cidade.
Certa manhã recebi um chamado telefônico urgente
com estas palavras:
— Estamos em dificuldades, porque à uma hora da
tarde de hoje esta subestação deve ser entregue ao
prefeito e à câmara municipal, e ela não funciona.
— Bem — disse eu — esta é uma boa ocasião para
chamar-me, cerca de quatro horas antes do prazo para
funcionar perfeitamente.
Eles se desculparam, dizendo:
— Pensamos que poderiamos localizar a falha. Tive
mos os técnicos da General Electric e nossos próprios
156 Aprenda a viver como um filho do Rei
técnicos trabalhando por duas semanas, mas estamos
perdidos. Que pode o senhor fazer quanto a isso?
Bem, louvado seja o Senhor, eu tinha um engenheiro
consultor, o melhor na empresa, o próprio Jesus. Estava
certo de que ele podia prover, pelos dons sobrenaturais
do Espírito, uma palavra de conhecimento, uma palavra
de sabedoria e discernimento — os três primeiros dons
de 1 Coríntios 12. Uma palavra de sabedoria é saber o
que fazer em seguida. Uma palavra de conhecimento é
saber como fazê-lo. E o discernimento de espíritos ou o
discernimento da situação é uma visão clara. Eu confiaria
no Espírito Santo para dar-me os dons de que eu
precisava. Assim, disse ao homem por telefone:
— Estarei aí agora mesmo e localizarei a falha.
— Não — disse ele, — não se mexa; fique aí mesmo e
eu irei buscá-lo.
Ele temia que eu saísse do escritório. Não queria que
eu desaparecesse porque centenas de' milhares de dóla
res dependiam de que essa coisa estivesse funcionando
dentro de quatro horas.
Comecei a orar, e imediatamente, enquanto orava,
fiquei sabendo exatamente o que estava errado. Vi a
falha com toda clareza, como numa imagem de TV. Esta
era minha primeira experiência no diagnóstico de um
problema eletrônico sério e complicado, estritamente por
meio do Espírito Santo; e Satanás disse: “Você é louco
varrido. Está imaginando isso. E ridículo demais.” Mas
eu era surdo demais para duvidar da Palavra de Deus.
Entrei na subestação de força dirigido inteiramente
pelo Espírito Santo. Eu havia usado os dons de progra
mação: línguas, interpretação de línguas e profecia, a fim
de capacitar-me a receber um programa de Deus e saber
o que devia fazer. E assim foi que me dirigi ao próprio
local que eu tinha visto no Espírito como a fonte do
problema e dei as instruções aos técnicos sobre o que
deviam fazer para consertar.
Como consertar com rapidez ... 157
Eles disseram:
— Senhor Hill, já revisamos tudo isso, sem deixar
passar nada.
— Os senhores me chamaram aqui como consultor.
Vão seguir minhas instruções? Se não vão, volto ao meu
escritório — disse-lhes eu.
— Sim, senhor — disse um deles.
Embora o que eu tinha sugerido lhes parecesse
absurdo, não tinham outra alternativa. De sorte que
fizeram o que eu lhes disse, pressionaram o botão,
ligaram os interruptores, e a máquina funcionou como se
esperava que funcionasse, para minha surpresa tanto
quanto a deles. Respirei aliviado, e meus joelhos treme
ram um pouco ao pensar no que teria acontecido se nada
ocorresse. Não me apercebí, senão depois, de quão
ridículo deve ter parecido eu me encaminhar com cerca
de vinte engenheiros e técnicos altamente especializados
que, durante semanas andavam frustrados, e haver posto
o dedo na dificuldade imediatamente. Em geral, isto
provocaria alguma pergunta da parte de alguém. Tinha
de acontecer. E aconteceu.
Enquanto nos dirigíamos para a porta de saída, um
dos técnicos da General Electric disse:
— Perdoe-me, senhor; mas poderia fazer-lhe uma
pergunta?
— Claro —: respondí. — Terei prazer em tentar
respondê-la.
— Como pôde o senhor entrar aqui e descobrir este
problema quando estávamos frustrados com ele? O
senhor nunca esteve aqui antes, e nós lutamos noite e
dia.
“Se você disser que orou a esse respeito, eles vão
pensar que você está sofrendo da bola” , disse Satanás.
De modo que simplesmente dei ares de muito sábio e fui
tratando de sair, recebendo todo o crédito pela sabedoria
que Deus me deu.
158 Aprenda a viver como um filho do Rei
Ferdi uma excelente oportunidade de dar testemunho
do poder atual de Jesus, e durante quatro ou cinco dias
vivi realmente atormentado. Satanás continuava a acu
sar-me: “Está vendo? Você nunca será uma testemunha.
E melhor que desista. Já vê, você fracassou por completo
em sua atribuição. Pode estar certo de que Deus vai
abandoná-lo agora. Ele nunca mais vai confiar a você
coisa alguma.” E acreditei no que Satanás me disse e me
sentia cheio de remorso e tormento.
Mas um dia aconteceu que li Romanos 8:1: “Agora,
pois, já nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus.” E perguntei a mim mesmo: “De onde vem
essa condenação se não vem do Senhor?” E compreendí
a mensagem. Do capeta, o pai das mentiras. Não era
Deus que condenava. Ele faz provisões para minhas
bobagens. Então eu disse: “Senhor, dou-te graças.
Realmente eu te louvo porque és um Deus perdoador, e
não um Deus que condena.” E acrescentei: “Senhor, dá-
-me outra oportunidade, e por tua graça não a porei a
perder.”
A próxima oportunidade veio-me de uma forma fora
do comum. Realizamos uma boa dose de trabalho de
manutenção relacionado com os sistemas de comunica
ção do exército, instalações de micro-ondas, ondas
curtas, e tudo isso é muito complicado. Um dia recebe
mos um chamado de emergência para uma inspeção e
correção às suas instalações, o que significava uma
viagem à Virgínia. Fixamos uma data para que nosso
chefe do departamento de eletrônica fosse, mas no dia
anterior à sua viagem ele sofreu um acidente que o
impossibilitou de desincumbir-se da missão. Assim, tive
de chamar o escritório do Corpo de Engenheiros na
Virgínia para cancelar a data e determinar outra. En
quanto eu esperava que a ligação se completasse,
parecia-me que o Senhor dizia: Por que não vai você,
Hill?
Como consertar com rapidez ... 159
“Senhor” , eu disse, “bem . . . bom . . . isto é . . .”
tratando de tirar o corpo.
Ele disse: Você uem-se blasonando acerca de como
pode descobrir e corrigir qualquer problema, não é
mesmo?
“É isso isso mesmo” , eu disse.
Bem, por que você não vai até lã a verifica se eu
realmente posso fazê-lo?
Ora, isso é aproximar-se bastante do alvo, não é
verdade? Mas então comecei a sentir-me entusiasmado
com a perspectiva. Assim, quando a ligação se comple
tou, eu disse:
— Estou chamando para solicitar uma mudança de
pessoal nos passes que emitiram para a viagem amanhã.
Mudem o nome de fulano de tal para o meu nome,
porque nosso técnico não poderá estar aí.
— Quem é o senhor? — perguntou ele
— Bem, sou o presidente — . Isso abre todas as portas,
quer você saiba alguma coisa, quer não.
— Oh, muito bem — disse ele. Não parecia muito
entusiasmado, porque a maioria dos presidentes pode
não conhecer muitos pormenores técnicos, e eu sou um
deles. Sei muito pouco acerca das coisas intrincadas da
micro-onda. Mas eu iria representando o Chefe Técnico
do universo, aquele que é todo-sabedoria e conhecimen
to. Seria algo realmente grandioso ver como Jesus ia
livrar-me dessa.
Cheguei a Alexandria, na Virgínia, no posto do Corpo
de Engenheiros, e me deram três técnicos.
— Provavelmente este será um processo demorado e
complexo. Providenciaremos para que o senhor volte às
oito da noite — disseram eles. Calcularam um dia todo
para a viagem, mais o tempo de trabalho para localizar e
corrigir a falha.
Isto era razoável, segundo os padrões humanos.
Pòrém não sabiam que eu estava sintonizado com o
160 Aprenda a viver como um filho do Rei
Chefe do universo. E a caminho do posto, enquanto eu
orava em línguas, vi no espírito o que estava errado no
equipamento. Isto supera a tentativa de diagnosticar uma
falha de funcionamento por processos normais.
Deus sempre tem ao seu alcance imediato informações
que nunca podemos obter por meios comuns. Ele
sempre conhece um fato mais acerca das coisas que
jamais saberemos. Eu tinha orado em línguas. A interpre
tação me veio por intermédio de uma palavra de
conhecimento e de um quadro claro — discernimento do
problema.
— Já que estamos preparados para passar aqui várias
horas, não seria bom a gente almoçar primeiro e depois
vamos verificar o que há? — disseram eles.
— Bem — disse eu — se para os senhores não faz
diferença, vamos entrar no ar imediatamente e voltamos
para Alexandria. Não gostariam de voltar cedo?
— Sim, mas como o senhor vai fazer isso? Primeiro é
preciso localizar o defeito ;— disseram.
— Oh, já sei onde está o defeito. Levará cinco minutos
para consertá-lo — disse-lhes eu.
— Cinco minutos! Senhor Hill, sabe que já tivemos
peritos do Pentágono aqui? Já tivemos técnicos do
fabricante. Já examinamos essa coisa de ponta a ponta, e
toda vez que comprimimos o botão, lá se perdem mil e
quatrocentos dólares de válvulas do transmissor de
micro-onda de alta potência.
Eles estavam sobremodo nervosos, porque tinham de
verificar as novas válvulas às suas próprias expensas. E o
preço daquela estação era mais elevado do que qualquer
outra no mundo todo; um barril de válvulas toda vez que
se queimavam. Não era de admirar que estivessem
nervosos. ,
Não havia como eu pudesse garantir-lhes o que lhes
dizia. De modo que tornei a repetir-lhes:
— Cinco minutos me bastam.
Como consertar com rapidez ... 161
Ficaram a olhar-me como se estivessem duvidando de
minha sanidade mental.
— Tem certeza de que sabe o que está fazendo?
— Os senhores me trouxeram aqui para brincar?
— Não, senhor.
— Se fizerem o que lhes digo, estaremos fora daqui em
menos de quinze minutos, com tudo funcionando.
Bem, isso parecia bom demais para ser verdade, e
resolveram descobrir que tipo de maluco eu era. E assim
prosseguiram com a piada. Era a atitude deles. Entreo-
lharam-se, e um deles disse:
— Está bem, Que devemos fazer?
— Retire a cobertura.do alternador principal.
— Senhor Hill, já examinamos tudo aí. Tudo fo i. . .
— Retirem a cobertura. Os senhores querem brincar
ou desejam ver os resultados?
Eles retiraram a cobertura.
— Agora soltem esse parafuso de ajuste. Girem aquela
escova aí atrás vinte e cinco milímetros para a esquerda.
— Mas Sr. Hill, ela está na posição indicada pelo
fabricante. Pagaremos multa por tocar nisso porque a
fábrica . . .
— Girem vinte e cinco milímetros para trás, ou eu o
farei. Querem que eu o faça? — disse-lhes.
Seus pomos-de-adão subiam e desciam enquanto
tentavam engolir suas apreensões.
— Não senhor — disseram em coro. — Nós somos os
técnicos.
— Bem, então girem-no para trás.
— Sim, senhor.
— Apertem-no bem.
— Sim, senhor
— Recoloquem a cobertura.
— Sim, senhor.
— Agora apertem o botão.
— Não, senhor!! Não vamos apertar nenhum botão.
162 Aprenda a viver como um filho do Rei |
Essa coisa estoura em nosso rosto!
— Então fiquem fora da porta — disse-lhes eu.
E ficaram. Estavam contentes com isso. Apertei o
botão. A coisa acendeu. A estação entrou no ar. E eu
disse:
— Vamos voltar para Alexandria.
E eles estavam ali em pé, inteiramente perplexos, com
a menina dos olhos a girar freneticamente.
Entramos no carro, e eles tragaram em seco; um deles
cutucou o outro e eu sabia que estavam reunindo
coragem para perguntar-me como foi que fiz o trabalho.
Eu aguardava as perguntas.
Finalmente, um deles disse:
— O senhor se importaria se lhe fizéssemos uma
pergunta?
— Não. De maneira nenhuma; não sei se posso
responder — . Eu sabia o que vinha.
— Podería contar-nos, por favor, conte-nos como
pôde o senhor chegar aqui, pôr o dedo no defeito,
corrigi-lo, quando vimos suando com essa coisa durante
semanas? Tínhamos ordens superiores para fazer essa
estação entrar no ar e mantê-la no ar, e simplesmente
não o conseguíamos. Estava além da nossa capacidade.
Como foi que o senhor fez?
Acomodei-me no banco.
— Cavalheiros, estou contente que me hajam feito a
pergunta, porque a caminho daqui eu orei a esse respeito
e Deus mostrou-me exatamente o que fazer.
Durante o trajeto de volta a Alexandria, uma vigem de
duas horas ou mais, falei-lhes acerca de Jesus. Haviam
feito uma pergunta e tinham direito a uma resposta.
Dei-lhes a resposta conforme o Espírito me guiou. E
não tive de preocupar-me ou surpreender-me como a
recebiam. Isto era responsabilidade do Espírito Santo, e
não minha.
Algo que os filhos do Rei precisam aprender acerca do
Como consertar com rapidez ... 163
testemunho, acerca de orar pela cura ou por qualquer
outra coisa, é que o poder é de Deus, não nosso. Ele é o
responsável pela colheita. Nós não temos de julgar por
nossa conta a sabedoria ou a falta de sabedoria do que
dizemos quando nos estamos movimentando pelo Espíri
to Santo, porque seus caminhos não são os nossos, e
seus pensamentos estão muito acima dos nossos. Nossa
confiança deve estar na Palavra de Deus, nunca em
nossos sentimentos a respeito dela. E quando deixamos
tudo nas mãos dele, ele alcançará a vitória sempre.
24
COM O VENCER NUMA
D ISC U SSÃ O COM
INTELECTUAIS
Todos nós sabemos que Deus sabe muito mais do que
podemos jamais sonhar saber ou chegar a saber. Mas a
maior parte do tempo somos um tanto lentos em dar a
Deus uma oportunidade de que seu conhecimento
chegue até nós de modo que seu nome possa ser
glorificado. Toda vez, porém, que lhe pedi sabedoria ou
conhecimento para que seu nome seja glorificado, ele
nunca deixou de concedê-la.
Não faz muito tempo recebi um convite para falar a um
grupo de cientistas em Trenton, no estado de Nova
Jersey. Todos estes homens tinham seu título de douto
rado em suas profissões, cientistas de primeira linha, a
maior parte deles trabalhando em física ou química em
alguma universidade ou laboratórios de pesquisa. Todos
os meses eles convidam um conferencista para falar-lhes
sobre qualquer assunto. Como as pessoas que Paulo
encontrou no Areópago, estavam interessados em ouvir
qualquer coisa nova. A filosofia era uma matéria muito
interessante para eles e ocorria o mesmo com a religião.
Excetuando-se dois ou três homens, a maioria era
166 Aprenda a viver como um filho do Rei
constituída de pagãos dos mais devotos.
Havería uns quinze cientistas reunidos em uma sala de
recepção, nesta noite. Ao começar a falar-lhes de minhas
experiências, dois deles pareciam especialmente interes
sados no que eu tinha para dizer. Não soube o por quê
até que havia falado durante uns dez minutos, e então
um deles me desafiou dizendo:
— Os senhores cristãos falam muito bem, tenho de
reconhecê-lo, mas isso é tudo, visto que não fazem nada
com respeito ao que crêem. Sou pacifista, e pelo que
posso ver, os senhores cristãos são uma tropa de
farsantes. Se têm o poder de mudar as circunstâncias que
afirmam ter, por que não vão e não fazem algo para
terminar as guerras, por exemplo?
Então seu amigo do outro lado da sala, que revelou
comungar de suas idéias, intrometeu-se na conversa,
dizendo:
— Claro, se os senhores, os assim chamados cristãos,
vivessem em vez de falar até morrer, não teríamos todos
estes problemas, guerras, e todo esse tipo de coisas.
Eles continuaram com a conversa entre si e eu podia
ver que toda a oportunidade fora perdida no que se
referia ao Senhor, porque eu não era capaz de discutir
com eles. Eram gigantes intelectuais em comparação
comigo. O homem que falou em segundo lugar era
professor de filosofia. Obviamente, teria sido perda de
tempo de minha parte tratar de persuadi-lo, porque teria
sido ele que me havería persuadido a mim em dois
minutos, se tanto.
Enquanto eles trocavam de argumentos ateístas e
pacifistas entre si, comecei a orar: “Senhor, esta reunião
está perdida, a menos que intervenhas.” Eu podia ver
que meus outros amigos cristãos estavam em comunica
ção direta com o céu, como eu estava, orando em
línguas.
Do ponto de vista do senso comum, devíamos ter
Como vencer numa discussão com intelectuais 167
arrumado nossas malas e voltado para casa. Liquidados.
Mas os filhos do Rei não sabem de derrotas. Tudo o que
eles sabem é de vitórias. Sabemos que sempre estamos
confrontando um adversário que já foi derrotado e
somos especialistas em lidar com ele. Satanás não pode
interceptar nossa oração em línguas. Para ele é incom
preensível.
De modo que, uma oração perfeitamente não interferi
da, uma oração no Espírito Santo, subiu rapidamente ao
trono da graça e Deus respondeu com uma palavra de
conhecimento, uma missiva que veio tão clara como uma
fotografia. De repente vi algo acerca do pacifista que
falava tão enfaticamente, tão seguro de si mesmo, e tão
dono da situação. Vi algo a respeito dele que ninguém
mais na sala sabia, com exceção dele próprio. Deus me
havia sintonizado com respeito à informação de modo
sobrenatural, havia-me dado uma palavra de conheci
mento. Isto me deu a supremacia, mas Deus parecia
dizer: Espere um pouco. Primeiro deixe que ele declare
sua posição. Então você entra.
Foi muito emocionante enquanto eu permanecia ali
sentado e procurei conter o riso esperando o momento
exato. Assim, deixei que o pacifista corresse sua marato
na verbal enquanto pudesse, e quando parou para tomar
fôlego, eu disse:
— Perdoe-me, senhor. Podería fazer-lhe uma per
gunta?
Ele mostrou-se muito magnânimo, pronto para conce-
der-me qualquer desejo que meu coração anelasse. Ele e
seu amigo estavam confiantes de que haviam levantado
um formoso caso contra os cristãos, e contra mim em
particular.
— O senhor afirma ser pacifista em todo o sentido da
palavra, não é verdade? — perguntei.
— Ah, sim, é isso mesmo; isso mesmo.
— Não há nenhuma dúvida a esse respeito? Não existe
168 Aprenda a viver como um filho do Rei
nenhuma área na sua vida na qual o senhor não seja
pacifista, certo?
— Inteiramente certo.
— Senhor, é certo que o senhor tem uma arma de
fogo carregada, em sua casa?
Eu vi essa arma, no Espírito. Deus me havia deixado
olhar no armário do corredor do pacifista e ele me
mostrou um rifle carregado que havia ali.
O homem ficou tão pálido como cera, e começou a
vociferar. Isso nada tem que ver com o assunto.
— Oh, não, senhor. Não se pode dizer que não tenha
nada que ver com o assunto, pois isso está exatamente
relacionado com o ponto. Estávamos falando acerca de
pacifismo. Pacifismo significa que não deve haver armas.
Nenhuma arma.
E voltei a fazer-lhe a pergunta:
— Senhor, tem o amigo uma arma carregada em sua
casa, no armário do corredor?
Ele tinha de responder, e respondeu, porém não em
voz alta.
— Sim.
Ufa! Eu podia sentir como o poder de Satanás se
encolhia.'
— Amigo, o senhor não é pacifista. O senhor é como
nota falsa, tão falsificada quanto possível. Um farsante,
falando de pacifismo com uma arma carregada em sua
casa.
O homem encolheu-se em sua cadeira. Não pronun
ciou uma palavra sequer naquela noite. Falei de Jesus, e
ouviram, impressionados por esta óbvia invasão da
reunião pelo próprio Deus.
Mas este não é o fim da história.
No dia seguinte, o pacifista zombador telefonou para
um casal de Princeton que me havia acompanhado à
reunião. Disse ele:
— Deus estava naquela reunião ontem à noite.
Como vencer numa discussão com intelectuais 169
— Essa é uma afirmativa muito extraordinária por
parte de uma pessoa que não crê nos dons sobrenaturais
de Deus — foi a resposta.
— Bem — disse ele, — eu não cria, mas agora estou
seguro de que Deus estava ali, porque sou mestre em
manter uma conversação. Ninguém pode caçar-me a
palavra, especialmente esse estúpido engenheiro' Hill.
— Isso é absolutamente certo. Não gostaria de conhe
cer mais intimamente esse tipo de Deus? — foi a
pergunta.
Pouco tempo depois, esse filósofo e professor encon-
trou-se com Cristo como seu Batizador pessoal no
Espírito Santo.
Ele se havia encontrado anteriormente com Jesus
como seu Salvador pessoal, mas seu cérebro instruído o
impedira de experimentar o poder de Jesus em sua vida
para suprir as necessidades de outros.
Esse zombador chegou a ser um dos irmãos mais
amorosos em Cristo que tenho conhecido, e da próxima
vez que o vi ele me deu um forte abraço e disse: “Dou-te
graças, Jesus.”
Contender em nível intelecutal teria sido infrutífero.
Ninguém teria sido salvo ou transformado. Alguém podia
ter dito: “Que mensagem maravilhosa.” E eu teria sabido
que tudo fora posto a perder fazendo-me eu o centro de
atração.
Mas quando, depois de minha palestra, alguém diz:
“Que maravilhoso Salvador!” sei que Jesus foi levantado
para atrair a todos.
Porque não é por força nem poder mental, nem por
um esboço de três pontos e mais um poema, mas “por
meu Espírito” , diz o Senhor, que ele convence os
incrédulos e os transforma em filhos do Rei.
25
COM O CURAR P O R
M EIO D E UM
SUBSTITUTO
Uma das coisas que aprendi a agradecer é minha
própria ignorância nas áreas de problemas que me são
trazidos. Se pensasse que sabia alguma coisa a respeito
de um problema, eu podería ter receitado remédio
errado. Mas quando em minha fraqueza, em minha total
ignorância, eu me vejo forçado a confiar no conhecimen
to de Deus, seu poder se aperfeiçoa em minha fraqueza.
Ele demonstra que a loucura de Deus é. muito melhor do
que a sabedoria do homem.
Faz alguns anos, um grupo de médicos, enfermeiras e
técnicos auxiliares de medicina, em Baltimore, a Comu
nhão Médica Cristã, pediu-me que fosse falar a seu
grupo. Eles tinham ouvido dizer que eu possuía alguma
experiência com curas. Suponho que haveria umas
quinze ou vinte pessoas ali, entrando e saindo, porque
alguns deles estavam de plantão ou sujeitos a algum
chamado de emergência. Mas havia um médico que,
segundo pude observar, não arredou pé dali durante a
reunião toda, sem interrupção.
Narrei algumas de minhas experiências em curas,
172 Aprenda a viver como um filho do Rei
como eu havia sido curado, e como tinha visto curas em
outras pessoas. Mas pelo fim da tarde, aquele que havia
estado tão atento durante o tempo todo, disse:
— Tenho uma paciente que está muitíssimo mal. Acha
o senhor que Deus podería curá-la à distância?
Examinamos o “Manual do Fabricante” e verificamos
que Jesus curou o servo do centurião à distância, sem
mesmo vê-lo. E Jesus havia dito que faríamos as mesmas
coisas que ele fez, e coisas maiores ainda porque ele
tinha ido para o Fai, e desse modo tomamos essas
palavras como nossa autoridade para crer que Jesus
ainda cura à distância hoje. Ele diz: “Eu sou o mesmo
ontem, hoje e para sempre. Eu não mudo.”
Ora, Satanás estava presente na reunião com o fito de
desanimar-nos, de instilar temor de fracasso. “Você vai
perder esta parada agora” , sussurrou ele. “Você está no
meio de um grupo de gente da medicina. Que direito tem
você de vir aqui e falar sobre cura? Essas pessoas são
todas profissionais.” Eu podia sentir que ele zombava de
mim.
Disse-lhe, como sempre o faço: “Tudo o que você
disse é verdade” . Concordei imediatamente com o meu
adversário. “Não tenho qualificações para vir e falar a um
grupo do campo da medicina, mas Jesus é o grande
Médico, e ele está em mim. Agora dê o fora, Satanás.
Não me aborreça. Estou ocupado nos negócios do meu
Pai.”
— Sim, naturalmente Jesus ainda cura à distância —
assegurei ao médico.
— Então eu gostaria de assentar-me na cadeira de
oração como substituto de uma paciente minha que está
gravemente enferma.
Foi tudo o que ele nos disse, e isso era tudo o que
precisãvamos saber.
Ele não revelou sua posição, se ele próprio era cristão
ou não. Simplesmente havia mostrado sua preocupação
Como curar por meio de um substituto 173
por uma paciente muito enferma, e isso bastava. Jesus
curou incrédulos. Ele curou muita gente que nem sequer
sabia que ele as estava curando.
O médico assentou-se, na cadeira e tomamos o “Ma
nual do Fabricante” e começamos em Romanos 8:14,
colocando-nos a nós mesmos em condição de ser
guiados pelo Espírito de Deus. Reconhecemos que não
sabíamos como orar ou o que pedir ém oração. Tudo
estava à disposição do Senhor. “Senhor, tu te incumbes
da situação daqui para a frente.”
Começamos a orar em línguas, e no instante em que
impus as mãos sobre o médico, recebi uma revelação na
forma de um quadro completo do sistema nervoso de
uma pessoa, como uma radiografia, exceto que esta não
revela os nervos. Este quadro, porém, os mostrava.
Revelava que o sistema nervoso estava completamente
fora de equilíbrio. Em um lado do corpo se mostrava
como um violino invertido, com todas as cordas sob
tremenda tensão, esticando, retorcendo, distorcendo. No
outro lado, todas as cordas estavam pendentes, desenro
ladas, completamente dasafinadas.
Ouvi-me orando: “Senhor, por favor, cura esta pessoa
de seu desequilíbrio nervoso.” Tão-logo as palavras me
saíram da boca, fiquei embaraçado. Que coisa mais
amalucada era esta — desequilíbrio nervoso. Nunca eu
tinha ouvido falar de tal coisa.
Satanás chegou sem demora ao meu ouvido. “Hill,
você realmente deu uma mancada. Desequilíbrio nervo
so! Não existe tal coisa.” Suas gargalhadas de escárnio
soavam alto em meus ouvidos, e nunca me esquecerei
do olhar de grande desgosto na face do médico. Podia
ver que ele se sentia completamente perturbado com
esse assunto.
Mas os filhos do Rei não devem impressionar-se com
atitudes negativas, porque nosso Deus é um Deus que
opera milagres. E ele nunca comete erros. Assim, o
174 Aprenda a viver como um filho do Rei
Espírito de louvor veio em meu socorro. Deus nos
promete o manto de louvor em lugar do espírito de
opressão. E assim eu disse: “Senhor, eu te louvo. Dou-te
graças. Se pus isto a perder, tu ainda és o Deus redentor.
Se interpretei mal os sinais e orei erroneamente, esse
problema é teu. Tu me puseste neste negócio. Tu vais ter
de redimi-lo. Aleluia!” E fui libertado de condenar-me a
mim mesmo.
Logo depois disto, recebi um pedido para assistir a
outra sessão. Aconteceu que eu estava livre de compro
misso, de modo que fui. Naquela noite estava ali um
jovem formado, com seu diploma de filosofia, e ele
estava muito interessado em tudo o que eu tinha para
dizer-lhe. Mas não estava de acordo comigo.
— Posso facilmente provar que Deus está morto, assim
como vocês, cristãos, podem provar que ele vive — disse
ele.
Com isso, o médico que esteve assentado como
substituto para que orássemos a favor de sua paciente
gravemente enferma, tomou a palavra, dizendo:
— Jovem, acontece que eu tenho um relatório para o
grupo aqui esta noite, que prova que Deus vive. Na
semana passada assentei-me na cadeira de oração, em
lugar de uma paciente minha que estava muitíssimo
enferma. Três dos nossos médicos havíamos realizado
uma junta médica no dia anterior. Dissemos a essa
paciente que tínhamos feito tudo o que estava em nossas
forças. Clinicamente, não podíamos fazer mais nada,
exceto retirar todos os seus órgãos internos e instalar
tubos artificiais. Ela teria simplesmente de esquecer-se de
que era uma jovem mulher, porque a operação lhe
arruinaria o corpo. Era o melhor que podíamos oferecer-
-lhe porque ela tinha a bexiga espástica. Isso é clinica
mente incurável.
Então o médico voltou-se para mim, e continuou:
— Quando o senhor orou pela cura de um desequilí
Como curar por meio de um substituto 175
brio nervoso, pensei que isso era tão fora de propósito
quanto podia ser, porque todo médico sabe que os
órgãos espásticos não têm nada que ver com desequilí
brio nervoso. Mas quando examinamos essa paciente na
manhã seguinte, descobri que todos os sintomas desse
órgão espástico haviam desaparecido. Não se apresenta
ram por toda uma semana. Ela está completamente sã.
Entretanto, comecei a examinar a relação entre os órgãos
espasmódicos, e descobri que eu havia ignorado total
mente uma área de investigação médica. Presentemente
estou iniciando esta investigação.
Confiar no conhecimento de Deus em vez de confiar
em nossa própria inteligência — ou falta dela — é um
caminho seguro para a bênção. Isto faz parte do viver
como filho do Rei.
COM O TO RN A R-SE
ENDEMONINHADO —
COM O LIVRAR D E
D EM ÔNIOS
Um tópico freqüente de discussões no meio da renova
ção carismática é a possessão demoníaca. Talvez você
seja um daqueles que não creem que estas coisas
aconteçam hoje. Não tenho nenhuma teoria a respeito
desta matéria, mas tenho tido algumas experiências que
coincidem com o que tenho lido na Bíblia. Quando um
filho do Rei vê a Palavra de Deus confirmada no mundo,
nenhuma teologia vai persuadi-lo de que seus olhos
vêem puramente imaginação.
Faz muitos anos, antes que eu me convertesse, minha
esposa foi possuída por demônios. Ela havia sido mé
dium espírita durante anos. Eu freqüentava a faculdade
quando a conheci, e ela vivia profundamente envolvida
em fazer psicografia. Ela podia segurar um lápis sobre
uma folha de papel e começava a escrever palavras.
Pensávamos que isto era formidável. Ela havia estado
envolvida no ocultismo por um longo tempo; era diplo
mada em tábuas de Ouija desde os dez anos de idade.
178 Aprenda a viver como um filho do Rei
Casamo-nos uns dois anos depois de minha formatu
ra. Eu era um jovem engenheiro que começava minha
carreira no mundo industrial. Tinha a cabeça cheia de
instrução, e logo percebi quão pouco eu sabia.
Costumava chegar a casa à noite, completamente
frustrado. Meu trabalho era demasiado grande para mim.
De repente cheguei ao posto de engenheiro-chefe quan
do meu superior foi transferido. Faltava-me o conheci
mento e a experiência necessários para resolver proble
mas de engenharia. De modo que eu estava à beira de
um colapso.
Uma noite minha, esposa disse:
— Por que não consultamos alguns de meus “amigos”
e obtemos algumas respostas?
A princípio não percebi do que ela estava falando.
— Que pretende você dizer com isso? — perguntei.
Ela disse:
— Assentar-nos-emos na sala de estar depois da
refeição e realizaremos uma sessão com os meus “ami
gos” , você sabe, os espíritos.
Ela nem mesmo precisava de entrar em transe, tal era
o grau a que havia chegado. Ela via espíritos e se
comunicava verbalmente com eles.
— Aí vêm eles — disse ela.
— Onde? — perguntei.
— Não os vê? — disse-me ela.
— Certamente que não.
— Não os ouve?
— Não, não os ouço.
Porém ela os via e ouvia; e disse:
— Faça sua pergunta.
Fiz a pergunta, meu problema de engenharia, em
termos técnicos de engenharia.
E minha esposa disse:
— Não sei do que você está falando.
Depois ela se virou para seus amigos e disse:
Como tomar-se endemoninhado ... 179
— Vocês sabem o que ele quer dizer?
A seguir ela me disse:
— Sim, eles dizem que sabem o que você quer dizer.
Esperamos durante alguns minutos, e voltaram com
uma resposta, e fui ao escritório no dia seguinte, fiz a
prova, e funcionou! De sorte que se tornou isto uma
prática habitual para mim o levar meus problemas de
engenharia para casa e fazer que minha esposa pergun
tasse a seus “amigos” a solução. Nunca vi os “amigos”,
nunca pude ouvi-los, porque tive uma mãe cristã que me
colocou sob o sangue de Jesus. Isso estabeleceu a
diferença. Minha esposa, por estar envolvida no ocul
tismo, havia-se deixado a si mesma totalmente aberta à
ação do poder satânico em sua vida.
Depois que nasceu nossa filha, minha esposa começou
a agir de forma muito estranha. Logo adquiriu tendências
suicidas. Um dia seu psiquiatra me disse:
— Chegará o dia em que ela ameaçará destruir um ou
dois membros da família, e podería ser você. Quando
isto acontecer, chame-me imediatamente. Terei feito os
preparativos necessários.
Chegoú o dia, e por um ano não tive esposa. Tive uma
pessoa demente encerrada em um asilo de loucos. Ela
não estava em verdade demente; estava possuída pelo
demônio, mas naquele tempo não sabíamos destas
coisas. O psiquiatra não o sabia. Os médicos tampouco o
sabiam, porque eram simples idiotas instruídos. Sem
Jesus, o mais brilhante, o mais altamente preparado
indivíduo não passa de um idiota instruído.
Foi uma coisa horrível e cruel ter um bebê recém-
-nascido e sem mãe para ela. A mãe estava encerrada,
possivelmente para toda a vida, porque ela havia brinca
do com fantasmas. Isso é o que Satanás faz à sua gente
para destruí-la.
O tempo passou. A vida era uma nódoa dolorosa.
Então um médico usou de hipnose em minha esposa e a
180 Aprenda a viver como um filho do Rei
trouxe de sua “insanidade” para um estado um pouco
mais normal. Na clínica disse-me um médico ser muito
possível que mais para a frente a enfermidade viesse a
repetir-se. Creio que esse médico sabia acerca de
demônios, mas não sabia como dizer-mo.
Não éramos cristãos. Os cristãos estão sob a proteção
de Jesus. O capacete da salvação protege-lhes a mente
contra o vodu e contra a invasão de espíritos maus em
suas almas, a menos que as deixem abertas para a
invasão satânica mediante deliberada intromissão na
bruxaria e no ocultismo. E muitos cristãos o fazem, por
ignorarem a Palavra de Deus.
“Não vejo nada de errado com horóscopos, com a
quiromancia, com adivinhos, ou com sessões espíritas” ,
dizem, porque o cérebro instruído não tem meios de
perceber a presença de demônios até que seja tarde
demais.
Nada víamos de errado com as abominações ocultistas
também, nunca havendo lido o capítulo 18 de Deutero-
nômio para entender o problema. Eu havia feito estudos
de pós-graduação, inclusive havia patenteado alguns
inventos. Meu cérebro idiota instruído estava em pleno
controle de minha vida, e embora eu pudesse apontar
para meus êxitos mundanos, levava uma vida idiota e
tinha a mente estúpida e vazia. Nunca eu tinha convida
do Jesus para entrar. Diploma de doutor, sem Jesus, é o
mesmo que cavar buracos; não leva a parte alguma.
Sem Jesus, e com seu envolvimento no ocultismo,
minha esposa estava na linha de fogo de Satanás. Não
sabíamos disso, naturalmente, e ignorar o inimigo é
exatamente o que ele quer. Na Ciência Cristã ensinaram-
-me que Satanás não. existe. É o truque dele para fazer a
gente crer que ele não existe, que você é bom, que não
existe pecado, e que você não necessita de salvação. Fui
à Unidade, e a Swedenborg, ao voduísmo, à ioga, e a
todas as deprimentes e lânguidas religiões e cultos, e
Como tomar-se endemoninhado ... 181
nenhuma delas podia salvar minha esposa da insanidade
como não puderam tirar-me do pântano em que caí
quando era menino.
Uma dia, cerca de dezessete anos depois de receber
alta do sanatório para doentes mentais, notei que minha
esposa estava agindo novamente de forma estranha. A
violência ainda não se havia manifestado, mas eu sabia
que estava a caminho, porque ela estava seguindo o
mesmo padrão de comportamento que havia demonstra
do quando nossa filha nasceu na década dos anos trinta.
Certo dia, enquanto a olhava, vi de repente um rosto
sobre a face de minha esposa, tão real em cada
pormenor como seu próprio rosto, porém era a face de
um demônio horrível vindo diretamente do abismo do
inferno. Não havendo sido ensinado nestas coisas, levei-
-a a um assim chamado psiquiatra cristão em Baltimore.
Mas ele nunca tinha ouvido falar dos dons do Espírito ou
de demônios. Quando lhe disse o que eu tinha visto, ele
se esqueceu de minha esposa e passou a examinar-me.
Pensei que ia mandar prender-me ou expulsar-me dali.
Os psicanalistas não tinham resposta alguma. Para
onde ir? Para um único lugar. Para o Senhor.
Nos começos de 1954 encontrei Jesus, e ele me
batizou e me concedeu os dons do Espírito Santo.
Lidamos com esse demônio, atamo-lo, e o expelimos de
minha esposa, e hoje ela é perfeitamente normal.
Louvado seja Deus.
Desta vez ela continuará neste estado, porque não
biincamos mais com fantasmas em nossa casa.
Sem os dons do Espírito Santo, minha esposa seria no
dia de hoje um violento ser irracional. Isso é o que o
médico disse que seria: um violento animal. Em outras
palavras, não um ser humano. Se eu tivesse sido um
batista do sul, do tipo comum, teria tido de acomodar-me
a essa situação e isso é satânico. Quando nossos
seminários privam nossos jovens pregadores do conheci
182 Aprenda a viver como um filho do Rei
mento das atividades de Satanás e também do poder dos
dons do Espírito Santo para lidar com essas atividades, é
algo diabólico. E nossos seminários — cemitérios, é
como deveriamos chamá-los — estão fornecendo infor
mação morta.
Não encontro nada na Bíblia acerca de ministérios
especializados de livramento, mas encontro cristãos nor
mais ministrando livramento, ministrando cura e minis
trando os dons do Espírito para trazer plenitude e
perfeição ao povo de Deus. Sem a caixa de ferramentas
de Deus, os dons do Espírito Santo, somos cristãos
retardados, caindo de vólta naquela oração de descren
ça, “Senhor, cura-o se for da tua vontade” , e a seguir
chamando a empresa funerária. Os filhos do Rei sabem
que a perfeita vontade de Deus conforme se encontra em
3 João, ver. 2, é prosperidade e saúde; não existe o
condicional “se” a respeito.
Uma das maiores ações do Espírito Santo hoje entre os
jovens em Baltimore veio por intermédio do exercício
dos dons do Espírito Santo em nossa sala enquanto
minha esposa e eu ministravamos a Palavra de Deus a
um psicólogo.
Eu havia testemunhado a este homem cerca de dez
anos antes, e ele nada desejava do que eu ihe estava
falando. Disse ele:
— Isso está muito bem para o senhor, mas eu estou
trabalhando para obter minha licenciatura e logo terei
meu doutorado, e meu preparo na psicologia e na
psiquiatria é mais do que suficiente para minhas necessi
dades.
Sendo assim, eu lhe disse:
— Não vou chamar mais o senhor; o senhor é que terá
de chamar-me quando estiver a ponto de desintegrar-se.
Como podia eu saber que isso iria acontecer? As
tabelas das companhias de seguro garantem a desinte
gração do mecanismo humano por volta de cinquenta
Como tomar-se endemoninhado ... 183
anos. De acordo com as estatísticas das companhias de
seguro, se você ocupa na vida um posto executivo, aos
cinqüenta e dois anos e meio você deverá sofrer seu
primeiro colapso nervoso ou seu primeiro ataque cardía
co, ou ambos. E eu seguia o padrão, até que me
encontrei com Jesus.
Hã cerca de três anos, o psicólogo me chamou uma
noite e disse:
— Tenho um problema.
— Tem um o quê? — perguntei. — Pensei que os
psiquiatras resolviam problemas. Pensei que o senhor
tinha as respostas, não os problemas.
— Bem — disse ele, — também pensei assim. Mas
tenho um problema.
— Qual é?
— Medo. Faz alguns anos o senhor me disse coisas
que me levaram a crer que o senhor tinha alguma
influência com Deus. Podería ajudar-me?
— Não, eu não podería ajudá-lo, mas Jesus podería se
o senhor estivesse disposto a ser ajudado por ele, ou o
seu temor é um passatempo? — perguntei.
— Não, não é um passatempo. Eu gostaria de
desfazer-me dele. Ele mantém-me acordado já vai para
um ano.
Bem, é preciso saber que eu o tinha em minha lista
especial de oração a fim de que ele não tivesse paz
enquanto não se encontrasse com o Príncipe da Paz.
Concordou em dispor-se a chegar a um entendimento
nos termos que Deus impusesse. Ele não tinha alternati
va, senão piorar.
Assim, ele veio à minha casa e minha esposa e eu
falamos com ele sobre o que havíamos encontrado em
Jesus: libertação do tormento e da culpa. Libertação da
vaidade da vida, e do fastidioso tédio da existência sem o
Salvador vivo.
Bem, a dor e a miséria eram em seu rosto indício claro
184 Aprenda a viver como um filho do Rei
do tormento que lhe ia por dentro.
— Está o senhor disposto a que Jesus o livre deste
temor?
— Eu não sabia que ele pudesse fazer isso — disse-me.
— Tampouco eu o sabia, até que o experimentei —
respondí.
— Que é que tenho de fazer?
— Peça a Jesus que entre em seu coração para ser seu
Salvador — disse-lhe eu.
Ele o fez, e foi salvo ali mesmo.
Isso o candidatou a receber os dons que Deus concede
aos filhos do Rei.
De modo que impusèmos as mãos sobre ele e oramos
em línguas. Esse é o dom de telefone. “Senhor, não
sabemos como orar por esta pessoa. Por favor, ajuda-
-nos.” Vi o espírito de temor amarrado. Ali em seu
interior, vi um quadro claro, e soube que o temor vinha
do diabo.
“Satanás, em nome de Jesus Cristo, nós te amarramos
e te lançamos de volta ao abismo de onde vieste. Tira
tuas mãos de sobre o povo de Deus e mantém-nas longe.
Em nome de Jesus. Amém.” Essa foi nossa ordem.
Fred endireitou-se na cadeira e se apalpou por todos
as partes. E disse:
— Foi-se embora!
— Bem, isso era o que desejãvamos, não é verdade?
Não desejava você que ele se fosse?
— Sim — disse ele, — mas foi . . . .
— Bem, claro que foi, porque os filhos do Rei estão
ministrando aos filhos do Rei.
No correr da tarde, Fred tocava em si mesmo de vez
em quando para ver sé a coisa tinha voltado. Mas não
tinha, porque havíamos dito: “Senhor, sela-o em teu
Santo Espírito.”
Na noite seguinte Fred me chamou e disse:
— Ainda se foi! Não voltou!
Como tomar-se endemonínhado ... 185
— Bem, não foi isto o que solicitamos que aconteces
se? Não foi isto que dissemos ao maligno? Vai-te e fica-te
por lã. E claro. Os filhos do Rei fazem isso.
— Desejo conhecer melhor este tipo de Deus — disse
ele. — Desejo poder ministrar mediante esse tipo de
poder.
Convidamo-lo, e ele voltou à nossa casa. Minha
esposa e eu lhe impusemos as mãos, e Jesus o batizou no
Espírito Santo; ele falou em uma nova língua e conver
teu-se em um poderoso filho do Rei.
Ele tinha esposa e onze filhos, e todos se converteram.
Receberam o batismo, deixaram as drogas e os demais
aditivos químicos necessários a quem não possui Jesus.
Lbgo começaram a infiltrar-se na vida de outros rapazes
ao derredor. Começaram um pequeno grupo de oração
e de estudo bíblico no porão de seu clube, e os outros
rapazes começaram a comparecer. No dia de hoje, este
grupo já conta com várias centenas que se reúnem no
local da igreja de São José, nas terças-feiras à noite,
repleto de jovens que deixaram as drogas e se uniram a
Jesus. Nos últimos anos, literalmente milhares têm aceita
do a Jesus Cristo porque Fred foi libertado do medo.
Este é o poder do Espírito Santo para fortalecer
cristãos comuns a fim de saírem pelo mundo e atuarem
como povo de Deus em preparação para algo melhor no
além. Não sei como podería ser maior, mas ele diz que
será. O melhor ainda está por vir. Aleluia!
,27
COM O PER D O A R
Amiúde digo: “Senhor, mostra tua suficiência para
esta ocasião; mostra-te capaz de lidar com esta confusão.
Senhor, isto me parece terrível, e se devo julgar pelas
aparências, eu desistiría agora mesmo. Mas estou julgan
do por tua Palavra de que estás operando dentro de
mim, tanto o querer como o fazer por tua boa vontade.”
E quando entrego tudo a ele, ele dá o poder para fazer a
nova vida operar por meu intermédio a fim de ministrar
vida em qualquer situação.
Por que isto não acontece mais freqüentemente? Por
que os cristãos são menos do que vitoriosos? Existem
razões, impedimentos para que recebamos tudo quanto
Deus tem para nós. Chamo a esses impedimentos de
bloqueios do caminho.
Deus mostrou-me três barricadas no caminho que
impedem o derramamento de seu poder — falta de
perdão, impaciência e incredulidade. Esses bloqueios no
caminho podem operar no sentido de deter o poder de
Deus na vida de um ministro ou na vida daqueles a quem
ele deseja ministrar.
Não muito tempo depois que comecei a crer, e depois
que eu havia recebido o batismo no Espírito Santo,
queixava-me porque Deus não usava meu ministério de
188 Aprenda a viver como um filho do Rei
modo mais poderoso. Quando lhe pedi que me mostras
se qual era a dificuldade, ele apontou para o texto em
Mateus onde Jesus disse que se trouxeres tua oferta ao
altar e ali te lembrares de que teu irmão tem algo contra
ti, deves deixar tua oferta e reconciliar-te com teu irmão
antes que possas apresentar tua oferta a Deus.
Eu sabia que havia uma relação interrompida que
deveria ser concertada em minha vida. E esse problema
que eu havia criado interrompia minha comunhão com
Deus. Eu não podia ouvir o que Deus dizia, porque havia
muita estática que eu mesmo provocava.
Certa manhã, depois de uma bebedeira — antes de
converter-me — eu me havia levantado em um estado
calamitoso, como de costume, e vi uma conta do médico
sobre minha cômoda. Era uma ocasião inoportuna.
Minha esposa não a deveria ter posto ali. Porém eu a abri
e isso me deixou ressentido. Peguei o telefone e disse ao
médico que ele não passava de um charlatão, e uma
porção de coisas mais, nenhuma delas no sentido de
elogiá-lo ou à sua profissão. Realmente, disse-lhe umas
boas verdades, terminando com estas palavras:
— Se o senhor viver mil anos e eu viver dez mil, nunca
vou pagar-lhe essa conta . . .
E bati o fone, queimando todas as pontes atrás de
mim.
O tempo passou. Fui salvo. Encontrei-me com Jesus.
Comecei a andar esta vida no Espírito.
O médico morava apenas cinco ou seis casas além da
minha, numa rua de mão única. Eu não podia ir a parte
alguma sem ter de passar diante de sua casa. Do outro
lado da rua havia um lote vago, e eu virava o rosto e
olhava para lã. Realmente dei um mau jeito no pescoço
de tanto virar a cabeça para aquele lado. Eu não queria
ver o médico, se acontecesse de ele estar fora, porque ele
me causava asco. Não queria enfrentá-lo pelo fato de
haver-me portado como um verdadeiro pagão com ele.
Como perdoar 189
Eu havia sido o culpado de tudo isto, mas procurava
recionalizar.
Quando o Senhor me mostrou o texto bíblico, eu
disse: “Bem, Senhor, esse é um erro de imprensa. Ele é
que deve procurar-me. Eu sou o ofendido. Além do
mais, isto é algo do passado, água que jã foi derramada.
Nada de bom resultará de voltarmos a discutir o assun
to.” Mas não importava o quanto eu racionalizasse, Deus
não mudou a Escritura para conformá-la à minha
maneira de pensar, e me sentia cada vez mais e mais
miserável.
Certa noite, senüa-me tão culpado, que tudo o que eu
podia pensar era o nome do médico. Deus trazia-o à
minha mente toda vez que eu procurava orar. Eu estava
morrendo espiritualmente. Quando trouxeres tua oferta
ao altar, quando vieres em uma atitude de oração e
adoração, o primeiro nome que aparece em tua mente é
de alguém que te molesta, esse é teu maior problema,
bloqueando o reino do céu de modo que não possa ser
evidente em tua própria vida. O sentir-se consciente de
que há um bloqueio no caminho envolve a responsabili
dade de fazer algo a respeito.
Assim, uma noite eu me sentia tão culpado, que disse:
“Muito bem, Senhor, eu irei. Por tua graça vou à casa
dele e resolverei este assunto.” E andei diante dessas
cinco casas. Pareciam ser cinqüenta quilômetros. Era
uma distância muito curta para ir de carro. Tive de andar,
e eu sabia que todos os vizinhos me estavam olhando,
dizendo: “Lá vai o culpado.”
Eu estava tão cônscio desta culpa, que tinha certeza de
que todos cochichavam: “Ali vai o pecador. Ele está
subindo e vai confessar.”
E Satanás lançava acusações contra mim. “Você não
deseja ir e pedir-lhe desculpas. Você não tem de fazê-lo.”
“Naturalmente, não tenho de fazê-lo” , concordei com
ele. “Posso morrer e não pedir desculpas. Tenho a
190 Aprenda a viver como um filho do Rei
oportunidade de preferir secar-me. Tenho a oportunida
de de ver minhas orações sem resposta. Sim,, tenho
muito que escolher, são coisas de valor secundário, e de
terceira e quarta categorias. Elas não são o melhor. Os
filhos do Rei desejam as coisas melhores. E Deus deseja
que eu tenha o melhor de tudo, mas não vou obtê-las
senão pelo caminho de Deus.” Batí à porta da casa do
médico, mas não houve resposta. Dei um grande suspiro
de alívio e me deslizei envergonhado para minha casa.
Levou-me várias semanas para reunir coragem bastante
e acumular graça suficiente para ir pela segunda vez.
Desta vez sua esposa abriu a porta e disse:
— O médico não está em casa. .
Pela terceira vez, em meu trajeto para lã, orei:
“Senhor, eu vou, mas tu vais ter de fazer a coisa.”
Bati à porta outra vez. E quando ele abriu a porta
nesse dia, tremi. Ele era vários centímetros mais alto do
que eu, e me olhou de cima para baixo, como se eu fosse
um verme importuno. Ele era mais jovem do que eu,
mais rápido para agir. E eu esperava receber um soco no
nariz.
“Senhor”, disse comigo mesmo, “não sei o que dizer a
este homem. Dá-me tua palavra de sabedoria.”
O homem me olhou de alto a baixo e disse:
— Que deseja?
Eu sabia que era exatamente isso que ele diría.
— Doutor — disse-lhe eu — , gostaria de entrar e falar
com o senhor.
— Não tenho nada que conversar — disse ele, e
começou a fechar a porta. Coloquei o pé na abertura
como um vendedor desses insistentes. Eu tinha de entrar
nessa casa. E foi então que o Senhor colocou palavras na
minha boca.
— Doutor — disse-lhe eu — , não sou do tipo de
pessoa que viría aqui para pedir desculpas, mas este é
um assunto entre mim e Deus, e ambos gostaríamos que
Como perdoar 191
o senhor me deixasse entrar — . O homem quase
desmaiou e eu quase caí de bruços.
Essas palavras não eram minhas. Tratava-se de uma
palavra de sabedoria vinda diretamente do céu, as únicas
palavras que poderíam ter-me introduzido naquela casa.
Tivemos uma boa conversa, paguei-lhe a conta que
devia, confessei-lhe como havia estado completamente
dominado pelo álcool, numa espécie de estupor, e havia
dito muitas coisas impertinentes às pessoas. Eu não sabia
o que eram. Porém eu estava ali porque me tornara
cristão, havia-me encontrado com Jesus. Desfrutava de
uma nova forma de vida que se relacionava com livrar-
-me de toda a lama e lixo que eu mesmo havia criado no
passado, consertando as relações interrompidas e tudo
mais. Essas coisas eram duas fases que formavam nosso
programa dos Alcoólicos Anônimos.
— Bem, suspeitei que o senhor teve dificuldades por
causa de sua embriaguez — diss’e ele — e se os médicos
fossem dar ouvidos a todas as coisas que as pessoas lhes
dizem, teriam de renunciar à profissão ou ingressar num
manicômio.
Então ele me olhou de frente, mas sem ira, desta vez, e
disse:
— No que se refere ao perdão, tudo está esquecido — .
Então nos demos as mãos.
Quando saí da casa do médico, eu estava em boas
relações com Deus, porque estava em boas relações com
as pessoas. Minha vida de oração, minha vida espiritual
subiu às alturas. Estivera bloqueada, impedida, até que
fui e me reconciliei.
Mas tive de aprender a lição do perdão mais de uma
vez. Deus continuará a dar-nos lição após lição até que
afinal aprendamos o que devemos saber para funcionar
mos com eficiência total como filhos do Rei.
Há questão de quatorze anos, Deus enviou-me à
conferência de uma importante organização leiga de
192 Aprenda a viver como um filho do Rei
renovação ao leste da Pensilvânia para apresentar-lhes o
batismo de Jesus, o batismo no Espírito Santo. Os
participantes eram em sua maioria gente denominacional
que nunca tinha ouvido falar de tal coisa, assim como eu
tampouco quando me fiz membro da igreja batista.
Durante anos, centenas de pessoas haviam conhecido
a Jesus como o Batizador, em algumas de nossas
reuniões realizadas à meia-noite. Mas então o Sinédrio, a
hierarquia eclesiástica me alcançou.
Creio que foi no sétimo ano de minha participação
quando me ordenaram que não freqüentasse mais essas
reuniões, exceto as programadas pelo Sinédrio. Apresen
tei minhas objeções como um pagão devoto, e depois fui
para casa e me sentei descontente sob minha aboboreira.
E disse: “Senhor, envia fogo do céu e queima essa
cambada de hipócritas.” E ali realizei minha sessão de
queixas! Eu estava ardendo de raiva. Enviei-lhes uma
carta que teria feito justiça a qualquer acampamento do
diabo. Algumas manhãs mais tarde, o Senhor parecia
dizer-me: Realmente eles feriram seus sentimentos, não é
verdade?
“Senhor, certamente feriram”, disse eu. Pensei que
ele ia animar-me a realizar uma sessão maior de queixa.
Mas não; em vez disso, era como se o Senhor dissesse:
Na verdade eles lhe deram um mau tratamento, hein?
“Senhor, tu não sabes” , disse eu.
Bem, disse o Senhor, eu sei realmente; eles me
trataram dessa maneira. Deveria o servo esperar melhor
tratamento do que o dispensado ao seu Senhor?
Aí fiquei um tanto envergonhado, e disse: “Não. Não,
Senhor.”
Pareceu-me haver dito o Senhor: Você foi espancado
e dado por morto?
“Não.”
Já sofreu naufrágio?
“Não.”
Como perdoar 193
Foi serrado ao meio?
“Não, Senhor, não senti nada disso.”
Foi lançado na prisão?
Todas as coisas que haviam acontecido a Paulo
começaram a passar-me pela mente, e nenhuma delas
havia acontecido comigo. E parecia-me que o Senhor
dizia: Você está servindo a eles ou a mim?
“A ti, Senhor.”
Bem, então volte para lá e deixe que o expulsem de
novo.
Na segunda vez, não me doeu tanto. Então ele me
deixou ir livre por uns dois anos. Mas há questão dp um
ano tive a sensação de que devia voltar porque ainda me
sentia magoado. Uma ferida tem de ser tratada no lugar
onde se produziu. A chaga contra meus irmãos em Cristo
constituía um bloqueio em meu crescimento espiritual.
Era preciso fazê-la desaparecer. Eu não podia corrigi-la
somente orando por eles. Tinha de voltar à fonte do
problema.
Isto é básico na vida toda. Temos de reparar danos
passados no local onde se verificaram. Em Apocalipse
2:5, o Espírito diz: “Lembra-te, pois, dé onde caíste,
arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras.”
Quando estamos orando junto do altar, e pensamos em
alguém que tem algo contra nós, devemos deixar ali
nossa oferta, reconciliar-nos com essa pessoa, e então
voltar e oferecer nossa dádiva, nosso sacrifício. As
possibilidades são que seremos curados em nosso regres
so, porque é então que a cura se produz, quando nos
reconciliamos.
Eu sabia que tinha de voltar, mas não queria fazê-lo.
De modo que coloquei um velo: “Muito bem, Senhor,
voltarei se eles me enviarem um convite pessoal, por
escrito, para fazer parte de uma equipe.” Ora, eu sabia
que isso não podia acontecer, porque eu estava na lista
dos eliminados.
194 Aprenda a viver como um filho do Rei
Mas alguém se enganou e recebi um convite para fazer •
parte da equipe.
Não havia desejado que o Senhor honrasse meu velo.
Agora tinha o dever de voltar. Não havia como escapar.
E não gosto de ser despedido de uma comunidade cristã
na presença de quinhentos ou seiscentos irmãos. Isto
magoa meu orgulho quando já não me prezam. Mas
meus gostos ou desgostos tinham de ser pisados. A
vitória tinha de ser obtida ali onde se havia apresentado a
dificuldade.
Assim, conduzi meu automóvel ao refúgio na monta
nha onde se realizava a conferência, numa sexta-feira à
tarde. Havia um registro prévio de cerca de oitocentos, e
por isso haviam feito planos para ter cerca de seiscentos,
considerando certa proporção de cancelamentos. Mas o
tempo estava tão convidativo que praticamente todos
vieram, inclusive eu.
Quando chegüei ao setor de inscrição, a pessoa
encarregada olhou a lista de -reservas e disse:
— Bem, sinto muito, mas o seu nome não consta da
lista.
Pensei que alguém havia percebido o engano cometi
do e então apagaram meu nome da lista para terem o
lugar de que necessitavam.
“Bem, louvado seja o Senhor” , disse eu em voz alta.
— Que foi que o senhor disse? — perguntou.
Era algo novo esta coisa, e quando lhe repeti o que
havia dito, ele pensou que havia captado a mensagem. E
disse:
— Sim, louvado seja o Senhor por nada.
— Não — disse eu, — louvado seja ele pelo quarto
invisível. Deus vai prover um quarto se ele desejar que eu
fique aqui.
E fui para um lado a fim de esperar e ver o'que o
Senhor ia fazer. E continuei dizendo a ele como isto me
parecia.
Como perdoar 195
I “Pois bem, estarei encantado de ir-me, Senhor, a
menos que providencies algo para mim.” Isto me
permitiría escapar em boa forma, pensei eu. E tive certa
esperança de que não havería nenhum quarto.
Isto é, novamente, o que significa desligar. O que
desligamos na terra é desligado no céu. “Senhor, para
mim tanto faz que aconteça uma coisa ou outra. Se fosse
fazer de acordo com as minhas preferências, preferiría
não estar aqui. Porém me conformo. Faze o que
quiseres. Simplesmente esperarei.”
E assim esperei, louvando o Senhor ali mesmo, no
meio de toda aquela confusão de gente contrariada no
setor da assim chamada ala de inscrição. Havia seis filas
de cristãos clamando por acomodações. Não havia
acomodação em número suficiente nem mesmo para os
que tinham seus nomes na lista. Ouvi-os, e pareciam-me
pagãos, brigando, reclamando, queixando-se, indigna
dos, prontos para explodir.
— Viajei novecentos quilômetros, e eles não têm
quarto para mim . . .
— Não podem fazer isso comigo . . .
— Vou dar um jeito neles . . .
Conversa de pagãos.
Continuei em pé ali no meio de toda aquela confusão,
dizendo: “Graças te dou, Jesus. Louvado sejas tu,
Senhor. Não sei onde está meu quarto, mas tu o sabes.
Não preciso de cama neste momento. Ela me estorvaria.
Eu cairía sobre ela às três da tarde, precisaria dela logo
mais à noite, mas neste instante não preciso dela.
Gostaria, porém, de ter meu quarto, porque me agrada
ria entrar ali e dar-lhe uma arrumada. Vou ficar em pé
aqui e louvar-te até que algo aconteça. Ou me expulsam,
ou consigo um quarto. Não importa o que seja. Importa é
a tua vontade, Senhor.”
Sabe quanto tempo me levou? Marquei — vinte
minutos. Ali permanecí em pé no meio daquela ativa
196 Aprenda a viver como um filho do Rei
multidão de cristãos que atuavam como pagãos, e não
ouvi uma só palavra de louvor, exceto a minha. Todos
me olhavam como se eu tivesse três cabeças. Rodearam-
-me; desprezaram-me. E esses eram cristãos nascidos de
novo! Mas procediam de acordo com seu senso comum,
enquanto eu agia de modo espiritual, como Deus queria.
Tudo o que eu fazia era louvar: “Graças te dou, Jesus.
Aleluia! Glória a Deus. Eu sou filho do Rei.”
Enquanto estive ali, uma mulher procurava abrir
caminho pela multidão tendo na mão um envelope. Ela
se dirigiu diretamente a mim como uma pomba que vai
ao seu pombal. Eu não a conhecia. Nem ela me
conhecia. Porém ela levantou o envelope, e me per
guntou:
— O senhor podería usar a reserva que fiz?
— Não vai usá-la? — perguntei?
Abanando a cabeça negativamente, ela disse:
— Meu marido acaba de telefonar-me e diz que não
vai poder estar aqui. Havíamos reservado um quarto de
casal, porém vou dormir em outro lugar com uma amiga.
Aqui está um quarto de casal, se o senhor puder usá-lo.
Bem, aleluia! Glória a Jesus! Eu havia pedido ao
Senhor um quarto de solteiro. Ele deu-me um quarto de
casal. Ele sabia que naquela noite, à meia-noite, havería
vinte e três pessoas acotovelando-se naquele quarto para
receber o batismo no Espírito Santo. Isso foi na noite de
sexta-feira.
No sábado à noite, o grupo disse:
— Bem, poderiamos ter outra reunião hoje à noite?
— Claro que sim — respondi-lhes.— Estou sempre
pronto para gloriar-me em Jesus.
E assim nos preparamos a fim de transferir-nos para a
sala de TV de onde estávamos hospedados. Comportava
cerca de cento e cinqüenta pessoas assentadas. Quando
eu me dirigia para lá, por volta da meia-noite, um casal
dos membros do Sinédrio disse:
Como perdoar 197
— Estão planejando fazer uma daquelas reuniões esta
noite?
Disse-lhes que não, e eu estava sendo perfeitamente
honesto com eles. Em absoluto não planejo reuniões.
Mas às vezes o Senhor as organiza e me pede que esteja
lá.
Bem, eles ainda alimentavam alguma suspeita, de
sorte que me fizerem outra pergunta:
— O senhor vai a uma dessas reuniões?
— Sim, estou a caminho para lá agora — disse-lhes.
— Já não lhe dissemos que não realizasse mais dessas
reuniões?
— Oh, sim, disseram. Disseram-me exatamenfe isso.
Uma mulher, membro do Sinédrio, fingiu um sorriso,
como se ela fosse provar o poder do pensamento
positivo sobre mim.
— Bem, o senhor não vai realizá-la, pois não?
Seu sorriso desapareceu depressa quando lhe respon
dí:
— Claro que vou. Toda vez que alguém me pede que
fale de minha experiência com Jesus, ali é onde podem
encontrar-me. Por que a senhora não vem comigo?
— Bem, o senhor vem aqui todos os anos e deixa os
restos de naufrágios espirituais que temos de limpar.
— Irmã, por que não vem e verifica por si mesma
como fazemos naufrágios espirituais?
— Oh, não, eu não podería fazer tal coisa.
Esta irmã era cheia do Espírito. Ela e o marido” pastor
ali na localdade, receberam o batismo e foram amorda
çados pelos membros do Sinédrio. Estão negando o
poder. Mas esse problema é deles, e de Deus; não meu.
Minha parte é regozijar-me, servir a Jesus, e não ao
Sinédrio em parte alguma.
De modo que se reuniram uns cento e cinqüenta, e
creio que havia outros cem que receberam aquilo que
buscavam, porque Jesus sempre cumpre suas promes
198 Aprenda a viver como um filho do Rei
sas. Quando vamos à fonte, ele sempre dessedenta as
ovelhas. Aleluia!
Na manhã seguinte, à hora do café no grande
refeitório, o Sinédrio enviou uma comissão de uma
pessoa para pedir-me que fizesse o favor de retirar-me.
Mas era tarde demais; o dano já estava feito. Aleluia! E o
Senhor alcançou sua vitória. Já não havia nenhuma
amargura em mim.
“Estou pronto, Senhor. Tu fizeste tua obra aqui.
Passemos para outro lugar.”
Quando me pus a caminho em direção de minha
cabana a fim de fazer minha mala e partir, vi duas das
irmãs, ainda jubilosas, ainda louvando a Deus em todos
os tipos de línguas, subindo o caminho. Ao aproximar-
-me delas, o Espírito do Senhor disse: Eu te darei os
pagãos por tua herança.
“Aleluia! Louvado seja Deus. Não preciso de nada
mais, contudo, Senhor, começa a tua obra.” Os filhos do
Rei são glutões de glória — sempre estão preparados
para mais. E Deus sempre dá mais para seus filhos.
Louvado seja Deus!
Então parei, e nós três nos regozijamos. Uma das duas
irmãs que haviam recebido o batismo na noite anterior —
elas nem foram dormir — apontou para baixo, para o
caminho, e disse:
— Ali vem minha companheira de quarto, uma hindu.
O Senhor disse: Aí está a pagã.
Conversamos com ela um bocadinho, e revelou-se o
fato de que ela nunca soube que Deus tinha um primeiro
nome: Jesus. Ela deleitou-se em ouvir que podemos
conhecer a Deus pelo seu primeiro nome.
Quando me retirei, alguns minutos depois, a glória do
céu lhe iluminava o rosto, e ela louvava a Jesus.
Os pagãos por tua herança. Deus sempre é fiel à sua
palavra.
Com Deus, é sempre ação e mais ação onde os filhos
Como perdoar 199
do Rei se mostram dispostos a permitir que Deus os use
para produzir o impossível. Isto faz a vida uma aventura
palpitante, e não um enfado. “Regozijai-vos sempre.
Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a
vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”
Levemos a Deus continuamente o sacrifício de louvor.
Este é fruto de nossos lábios. Quando você não sentir o
mínimo desejo desse teor, diga: “Senhor, eu te louvo.
Dou-te graças, Jesus, por uma única razão — porque tu o
disseste.” Não pare de dar-lhe graças. Nunca deixe de
louvá-lo.
Que acontece se você for expulso? Volte e seja expulso
outras vezes. Jesus disse: Se você estiver na minha
equipe, você nunca vencerá num concurso de populari
dade, mas as recompensas bem que valem a pena.
Volte-se para ele naquele dia e ouça-o dizer: Bem está,
servo bom e fiel — não servo realizado, não servo sábio,
não servo importante, mas servo fiel. Foste fiel numas
poucas coisas — ousaste louvar-me em face da adversi
dade. Agora estás condicionado, estás treinado, de sorte
que posso encarregar-te de umas poucas coisas mais, ou
talvez muitas coisas. Tudo isso se relaciona com nosso
treinamento para andar pela fé.
Quanto tempo você tem de estudar uma lição? Até
que a aprenda. Quanto tempo você tem um problema
particular? Até que deixe de ser problema. Então,
quando o problema se for, você achará falta dele, porque
ele foi um verdadeiro amigo. Quanto tempo você tem de
aturar sua sogra desagradável? Só enquanto necessitar
dela. Quando já não precisar de seu ministério e ela se
for, então você a convidará a voltar. Louvado seja o
Senhor!
Precisamos uns dos outros no estado em que nos
encontramos. E quando tivermos aprendido a regozijar-
-nos sempre, a orar sem cessar, a dar-lhe graças em tudo,,
então nossas vistas se erguem para ver o que Deus tem
200 Aprenda a viver como um filho do Rei
em mente para seus filhos. Temos de olhar acima do
modo comum e corriqueiro de ver as coisas, e deixar que
a mente divina comece a funcionar em nossa caixa
pensante, para ver as coisas da perspectiva de Deus. Em
toda situação, temos de dizer: “Senhor, que há nisso
para ti?”, e não “Que há nisso para mim?”
“Que há nisso para ti, Senhor? Sei que nisso há glória
para ti, livramento para mim, e bênçãos para teus filhos.”
Vamos. Entremos e possuamos a terra. Herdemos o
Reino preparado para nós. Vivamos como um filho do
Rei. Aqui e agora.