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A Aparição de La Salette e suas Profecias

Venerável Bartolomeu Holzhauser ▼


Venerável Bartolomeu Holzhauser

La Salette e o Apocalipse: Luis Dufaur


Escritor, jornalista,
conferencista de

paralelismos entre o Segredo


política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

e a interpretação do venerável Pe.


Holzhauser
Ouvimos falar com frequência das profecias do
Servo de Deus Pe. Bartolomeu Holzhauser (1613-
1658).

Por vezes o preclaro sacerdote é tratado de Beato


Holzhauser, tal vez por um equívoco proveniente da
inicial de seu nome. Assim, a B. do Pe. B.
Holzhauser foi lida como abreviando Beato em
lugar do correto Bartolomeu.

Esta confusão tira proveito da fama de santidade


do sacerdote, já grande durante sua vida. Ele foi
um apóstolo incansável pela restauração moral,
disciplinar, doutrinal e material do clero católico,
muito decaído no tempo das guerras de religião na
Alemanha.

Ele também foi objeto de fenômenos místicos


extraordinários e ficou célebre pelo seu dom de
profecia. Nessa linha, sua interpretação do
Apocalipse ficou célebre.

Les Petits Bollandistes, a grande autoridade em


matéria de hagiografia, colocam a interpretação do
Pe. Holzhauser muito por cima das demais.

“Holzhauser, escreveram os Bollandistas,


deixou entre outras obras uma interpretação
do Apocalipse de São João (...) que
apresenta uma concordância tão admirável
dos tempos e dos acontecimentos, que os
outros comentários desse livro sagrado em
comparação com o dele não passam de
brincadeira de crianças”. (Les Petits
Bollandistes, sétima edição, 1878, tomo 6,
página 229).

A Sociedade dos Bolandistas é a mais antiga


sociedade científica, formada quase
exclusivamente por sacerdotes jesuítas, que vem
estudando há quatro séculos a vida dos santos.
Cfr.: Société des Bollandistes)

Não visamos aqui tratar de todos os inúmeros,


densos e imensos problemas ligados a essa
interpretação.

Procuramos, isso sim, pôr em destaque as


afinidades entre os escritos sobrenaturalmente
inspirados do venerável sacerdote alemão com as
Túmulo do Servo de Deus Pe. Bartholomeu Holzhauser,
partes correspondentes do Segredo de La Salette.
igreja de São Martinho, Bingen, Alemanha

Faremos isso numa série de posts.

Em La Salette, Nossa Senhora desvenda o Segredo seguindo uma ordem histórica cronológica. Em
primeiro lugar fala da época dos videntes – que é a nossa época – e para a qual prevê grandes
calamidades.

Nela manifestar-se-iam os Apóstolos dos Últimos Tempos que anunciaram tantos e tão grandes
santos como São Luis Maria Grignon de Montfort.

Essa época se encerraria com uma estrondosa intervenção divina que redundará num triunfo de
Nossa Senhora, a rainha dos Apóstolos dos Últimos Tempos, que serão seus escravos modelares.
Saltam aos olhos as afinidades entre a interpretação
inspirada do venerável Pe. Holzhauser dois séculos antes da aparição da La Salette e da
mensagem de Nossa Senhora a Melania e Maximino.

Nenhum desses personagens conheceu ao outro: 1º) pela diferência no tempo e 2º) porque
Melania e Maximino eram iletrados e não poderiam ter lido qualquer escrito que mencionasse ao
Pe. Holzhauser e suas interpretações.

Entretanto, as semelhanças são tantas e em pontos tão essenciais que dispensam qualquer
comentário. De onde poderiam vir essas semelhanças senão de Deus?

Há, obviamente, coisas que estão ditas em La Salette e não se encontram em Holzhauser, e vice-
versa. Isto é comum nos escritos proféticos.

Acontece entre os profetas do Antigo Testamento, onde um diz uma coisa que não diz o outro, mas
todos convergem em harmonia admirável no anúncio do Redentor.

Os espíritos avisados não terão dificuldade em identificar esses aspectos convergentes mais
dissímeis entre La Salette e o venerável Holzhauser.

Introduzimos a série de posts com um breve resumo da biografia do insigne religioso que poderá
ser de utilidade a nossos leitores.

Vida do Servo de Deus Bartolomeu Holzhauser (1613-1658)

Bartolomeu Holzhauser nasceu na pequena aldeia de Laugna, no sul da Alemanha, em 1613.

Desde seus primeiros anos foi favorecido por visões celestiais. Grande devoto de Nossa Senhora,
foi por inspiração d'Ela que resolveu seguir a carreira eclesiástica. Celebrou sua primeira missa em
Ingolstadt.

Logo tornou-se conhecido como confessor, a ele recorrendo grande número de penitentes. Em
1640 convenceu três outros padres mais antigos a seguir certas regras que eles próprios se
impuseram e fundou em Salzburg, Áustria, o primeiro de seus institutos.

Dedicou-se a estabelecer seminários para formar padres exemplares por sua fé e virtudes.

A fim de formar padres virtuosos, vivendo segundo as


regras canônicas e a disciplina eclesiástica, prescreveu ele três coisas: coabitação e conversa
fraterna; afastamento das mulheres e comunidade de bens.

Após dez anos de atividades no vale do Tirol, transferiu-se para a diocese de Mainz, na Francônia.
A convite do eleitor de Mainz tornou-se cura e deão em Bingen, no Reno.

O rei Carlos II da Inglaterra, que se encontrava exilado na Alemanha, teve uma conversa com
Holzhauser para ouvir dele as previsões que fizera sobre a Inglaterra.

A saber: que aquele país passaria pelos maiores infortúnios; nem o rei seria poupado; a paz só viria
com a conversão dos ingleses à fé católica romana, quando fariam pela Igreja ainda mais do que
fizeram após a primeira conversão.

Holzhauser desejou muito ir à Inglaterra para iniciar essa obra de conversão, mas seu trabalho
continuou sua obra pastoral em Bingen, sobre o rio Reno, até sua morte, ocorrida em 20 de Maio de
1658, antes de completar 45 anos de vida.

Seu corpo repousa na igreja paroquial de Bingen, diante do altar da Santa Cruz.

Por uma simbólica coincidência, na mesma localidade – porém do outro lado do rio Reno, em
Eibingen – se encontra a urna com os restos de Santa Hildegarda, abadessa da Idade Média.

Ela também ficou famosa pelos seus dons proféticos e suas visões sobre o Fim do Mundo e dos
acontecimentos históricos que devem precede-lo.
Significado das sete igrejas do Apocalipse

Holzhauser escreveu sua interpretação do Apocalipse


quando se encontrava no Tirol, em meio às maiores
provações, passando dias inteiros no jejum e na
oração, afastado de todo o contato com os homens.

Como essa interpretação ficou interrompida no


versículo 4 do capítulo XV, seus discípulos lhe
perguntaram a razão disso. Ele respondeu que não se
sentia mais inspirado para continuar a obra, mas que
outro viria depois para completá-la e coroá-la.

As previsões que faz para o futuro da humanidade


não são fruto de visões ou revelações particulares,
mas exclusivamente de uma interpretação inspirada
do livro de São João.
São João contempla as Sete Igrejas do Apocalipse.
Vital da catedral de York, Inglaterra As sete igrejas, símbolo das sete épocas históricas 
que precederão o fim do mundo

De acordo com a interpretação do Pe. Holzhauser, no século VII as forças do mal no terreno
temporal, instrumentos do demônio para combater a Igreja, estavam representadas pelo rei
Chosroes da Pérsia, ao qual se seguiu Maomé e o império islamita.

Este deverá ser o grande inimigo da Igreja até o advento do Anticristo, seu grande restaurador e
último dirigente.

A Igreja grega ficou cada vez mais dominada pelas heresias, que acabaram por levá-la ao
rompimento definitivo com Roma.

Como a Igreja Católica não tivesse mais condições de sobrevida digna no Oriente, Deus propiciou
seu florescimento em regiões ainda dominadas por povos bárbaros: a Alemanha e outras regiões
da Europa Ocidental.

Suscitou então grandes santos, pregadores e apóstolos, que evangelizaram os povos da Alemanha,
das Ilhas Britânicas e das outras regiões da Europa Ocidental, fazendo desse conjunto de povos e
nações um abrigo para a Igreja que deverá durar 1260 anos, contra as investidas cada vez mais
furiosas do império do mal.

Deus também estabeleceu um Império Romano Católico no Ocidente, tendo sido Carlos Magno o
primeiro imperador da Alemanha.

O demônio, furioso com


o florescimento da Igreja
na Europa Ocidental,
tentou exterminá-la,
suscitando cismas e
heresias em seu interior.

Segundo Holzhauser, as
sete igrejas do
Apocalipse, do ponto de
vista indicam sete
idades, ou eras
históricas, em que vai se
dividir a história da Igreja Besta do Apocalipse. Ottheinrich-Bibel, Bayerische Staatsbibliothek,Cgm 8010, Folio296r
até o Fim o Mundo.

Nossa época: a V igreja

A quinta igreja – Sardes – é a figura da idade atual estendendo-se desde o advento do


protestantismo até a futura derrota do império do mal.

É uma época de calamidades, tanto no campo espiritual como no temporal. A Europa é devastada
por sangrentas guerras de religião, os católicos são oprimidos por hereges e maus cristãos.

Porém a heresia é combatida em discussões, escritos e pela força das armas. E Deus manifesta de
modo admirável sua assistência especial à Igreja nessa época de provações:

1) Opondo a Lutero e à sua funesta heresia Santo Inácio de Loiola e a Companhia de Jesus.

2) Convocando, por inspiração do Espírito Santo, o Concílio de Trento, para esclarecer os dogmas
da Fé e restabelecer a disciplina eclesiástica, sobretudo o celibato.

3) Concedendo à Igreja, em outras partes do mundo, tantos fiéis quanto os que ela perdia na
Europa, por meio da evangelização dos povos da América, Ásia, Índia, China e Japão.

4) Suscitando soberanos zelosos, entre os quais o mais notável foi o Imperador Fernando II [Nota:
imperador do Sacro Imperador Romano-Germânico de 1619 a 1637, a totalidade do seu reinado
desenrolou-se durante a guerra dos Trinta Anos que opôs católicos e protestantes].

Porém isso não será suficiente para por fim, ou mesmo para impedir o progresso do mal nessa
idade.

Ao final da mesma o demônio gozará de uma liberdade quase absoluta e universal, e uma grande
tribulação devastará a terra.

Os poucos servidores fiéis, unidos entre si pelos mais fortes laços, se conservarão puros no meio
do mundo. Passarão por vís aos olhos deste, serão desprezados e repelidos.

Eles levarão uma vida humilde, sem


procurar dignidades nem poder.
Serão desprezados e ignorados
pelos grandes e nisso se rejubilarão.

Sacrificarão seus proventos em


benefício dos pobres e para a
edificação e propagação da Igreja
Católica, a qual eles amarão como
sua própria mãe.

Ruínas de Sardes, cidade histórica, também prefigura da V idade da Igreja


Sua vida retirada será considerada
como loucura, pois desprezarão os
bens e as honrarias mundanas; e se preservarão de se corromperem com mulheres. Sua conversa
será conforme a santidade de sua vocação.

Mas Nosso Senhor Jesus Cristo terá olhares de complacência para com sua paciência, ação,
constância e perseverança.

Terão pouca força material mas grande ajuda de Deus, que os recompensará na sexta idade com a
conversão de pecadores e hereges.

Só uma transformação assustadora e inimaginável, feita pela mão de Deus, poderá por fim a essa
época de tribulações.

A sexta idade da Igreja,


o Grande Monarca, o
Pontífice Santo e o Reino de
Maria

Segundo o exegeta, nossa época corresponde


simbolicamente à igreja de Sardes, a quinta igreja
do Apocalipse.

Essa época, segundo Holzhauser, será continuada


As Sete Igrejas do Apocalipse. pela época prefigurada pela igreja de Filadélfia, a
Basílica e Colegiata de São Isidoro, Leão, Espanha sexta igreja da revelação do livro de São João.

Eis como prossegue a inspirada interpretação do venerável Pe. Holzhauser:


A VI idade da Igreja: igreja de Filadélfia

Também chamada de época de “consolação” da Igreja, ela se estenderá desde o advento do


Grande Monarca e do Pontífice Santo, até a tomada do poder pelo Anticristo. Corresponde à igreja
de Filadélfia.

Quando maior for a pressão exercida pelos infiéis contra os cristãos, ao final da quinta idade, Deus
suscitará um Grande Monarca que, pelas suas virtudes, pela força das armas e pelo apoio que
receberá de Deus, derrotará o império do mal e extirpará as heresias.

O Grande Monarca será grande por suas vitórias e solidamente estabelecido no trono de seu
império. Reinará por muitos anos, humilhará os hereges e as repúblicas.

Nascerá no seio da Igreja Católica e será especialmente enviado por Deus, segundo os decretos da
Providência Divina, que o terá escolhido para a consolação e exaltação da Igreja latina em meio à
aflição e à humilhação.

Seu reinado se constituirá no mais sólido apoio à Igreja Católica e continuará a sê-lo em sua
posteridade, até o aparecimento da apostasia e do Anticristo.

Também será suscitado um Santo Pontífice, que vai estimular, incentivar e auxiliar o Grande
Monarca na luta para exterminar o império do mal.

Este Pontífice formará um grande exército com os Estados da Igreja e seus aliados, para o qual
nomeará um grande general que irá com suas tropas em auxílio do Grande Monarca.

Este então, com tais reforços, fará uma grande matança entre os turcos e seus aliados, a ponto do
sangue que jorrar dos infiéis se elevar até o freio dos cavalos.

Juntamente com os infiéis serão exterminados também os hereges, e a todos o Grande Monarca
precipitará no inferno, pelo poder que Deus lhe concedeu.
Esta será a primeira queda da Babilônia citada no livro
sacro, ou seja, o fim da opressão corruptora que os turcos exerciam sobre os cristãos.

Pelo poder do Grande Monarca e pela autoridade do Santo Pontífice será então convocado um
concílio geral, que será o maior e o mais célebre de todos.

O Grande Monarca empregará todo o seu poder para fazer executar as sentenças e decretos dessa
magna assembleia.

Por seus editos imperiais ordenará a execução, com todo o rigor, das decisões do concílio em favor
da Fé católica e ortodoxa. E tais editos atingirão todas as nações.

Porém seu império e a propagação da verdadeira Fé não serão assegurados sem luta. Haverá
protestos e brados daqueles que vão querer resistir ao Monarca.

Os príncipes e os grandes que se insurgirem contra ele farão ouvir suas vozes por ocasião do
concílio. A resistência a este por parte dos maus será muito grande, chegando a haver mártires na
obra de sua propagação.

Essa contestação será tanto de potências seculares como da parte dos maus sacerdotes.

A Igreja deverá sofrer amarguras, tribulações e dificuldades para a execução desse concílio.

Porém os maus não prevalecerão e ela pregará a Fé católica a todas as nações, mesmo às pagãs e
àquelas que dela se haviam separado pelo cisma ou pela heresia.

E ela se expandirá por quase todo o universo, em todas as partes do mundo.


Na sexta idade todas as nações se converterão à Fé católica, o sacerdócio florescerá mais que
nunca e a Igreja terá bons pastores.

Os homens viverão à sombra das asas do Grande Monarca e de seus sucessores.

O espírito de sabedora reinará nas ciências – sacras e profanas – e na interpretação das


Escrituras.

O ateísmo, as heresias e as falsas doutrinas serão banidos.

A Igreja Católica será elevada ao apogeu de sua glória temporal e não haverá controvérsias nem
discussões para saber qual é a verdadeira Igreja, como existe atualmente na quinta idade.

Porém, no fim dessa sexta idade a caridade vai se arrefecer, os pecados se multiplicarão e, pouco a
pouco, será formada uma geração perversa e infiel.

Os justos, os santos, os bons prelados e pastores serão levados por Deus, em grande número, por
morte natural. Em seu lugar virão homens tíbios e carnais, que só cuidarão de si mesmos.

Este estado de espírito da população em geral é que marcará a passagem gradual da sexta para a
sétima e última idade da Igreja.

A sétima idade da Igreja, o Anticristo e o Fim do


Mundo

A sétima idade da Igreja: a igreja de Laodicéia

Ela se estende desde o aparecimento do Anticristo até


o fim do mundo e o Juízo Final. Seu tempo de duração
será curto em comparação com as outras idades.
Corresponde à igreja de Laodicéia.

Será uma época de desolação e de defecção total da


Fé: abominação da desolação.

No início, enquanto o Anticristo não estiver ainda no


poder, será uma continuação do estado de espírito
observado no fim da sexta idade: perda do amor de
Deus e da Fé, reinos perturbados por agitações e
divididos entre si, raça de homens egoístas, indolentes
e tíbios. Os pastores, prelados e príncipes serão
velhacos e impostores.

Um dos vícios morais dessa idade será uma presunção


de espírito fundada na própria ciência.

Não reconhecerão seus pecados nem seus erros;


ficarão empedernidos nos próprios vícios, volúpias e
mentiras, a ponto de se justificarem a si próprios.

Outro vício será a vã confiança nas riquezas, nos


tesouros, nos objetos preciosos, nos ricos ornamentos,
na magnificência dos edifícios e dos templos, no
esplendor externo das coisas espirituais e temporais.

E como tudo isto não estará unido ao amor de Deus,


não será do agrado de Nosso Senhor Jesus Cristo e se
tornará presa do Anticristo.

Então Nosso Senhor Jesus Cristo começará a vomitar a


Igreja de sua boca e permitirá que Satanás e o
Anticristo estendam seu poder a tudo, inclusive dentro
da própria Igreja. Será o resultado da tibieza do período
de decadência da sexta idade.

O Anticristo

Por permissão de Deus, o filho de perdição [Anticristo]


terá com o demônio uma completa união de posse
desde o momento de sua concepção, ainda no seio de
sua mãe.
Jazigo do Servo de Deus Bartolomeu Holzhauser.
Igreja de São Martinho, Bingen, Alemanha
O Anticristo com a ajuda do demônio, vai restaurar o
antigo poder e extensão do império do mal, derrotando
os cristãos e os submetendo ao seu poder tirânico e despótico.

Sempre por obra do demônio, ele terá uma grande capacidade de realizar prodígios, não só em
obras como em palavras, dizendo coisas que parecerão a todos muito boas e sensatas,
persuadindo assim grande número entre os próprios cristãos, exceção feita dos eleitos.

Ele se apresentará como sendo Cristo, o Messias


prometido e só então vindo à terra, acusando Nosso
Senhor Jesus Cristo de ter sido um impostor.

Ele se fará adorar como Deus, não só em pessoa como


em suas imagens, as quais terão o poder de falar e
convencer.

Seu poder sobre povos e nações será o maior que


jamais houve na história, e sua perseguição a mais
cruel.

Seu reino será o da luxúria, da concupiscência e da


crueldade. Abolirá o Santo Sacrifício, espezinhará o
Santíssimo Sacramento, nascerá para fazer o mal.
Alcançará o poder por meio de fraudes e artifícios, com
a ajuda do demônio.

Possuirá tesouros escondidos revelados a ele pelo


demônio e se apossará dos tesouros das igrejas, dos
reis, dos príncipes e dos grandes.

E calcará aos pés tudo o que for santo e sagrado,


queimará os templos mais magníficos e tudo o que for
sagrado será consumido pelo fogo e reduzido a cinzas
e ruínas.

Todos os que aderirem ao Anticristo serão obrigados a


trazer sua marca impressa na fronte ou na mão direita,
e que será o nome “cristo” escrito em letras hebraicas.

Os que não tiverem essa marca serão presos e


conduzidos a uma de suas imagens para adorá-la,
sendo martirizados se não o fizerem.

Na sua tarefa de perseguir os cristãos o Anticristo será O Anticristo aconselhado por Satanás.
auxiliado pelo falso profeta e antipapa, um cristão Luca Signorelli, basílica de Orvieto
apóstata que, apoiado pelos judeus, invadirá os Estados
da Igreja e matará o Papa legítimo, ficando em seu lugar.

Este antipapa vai induzir todos os cristãos a adorar o Anticristo e sua imagem, e também receberá
poderes do demônio para fazer coisas prodigiosas, perseguindo cruelmente os que persistirem na
verdadeira Fé.

A apostasia será generalizada, à exceção dos poucos eleitos, aos quais nada mais restará que a
glória do martírio, pois qualquer luta armada contra as forças do Anticristo será inútil, e mesmo
desaconselhada por Nosso Senhor Jesus Cristo.

O último Papa legítimo – que, como o primeiro, também se chamará Pedro – increpará os
seguidores do Anticristo, ameaçando-os com as penas do inferno.

Antes mesmo que o Anticristo entre na plenitude de seu poder, tal Papa já terá condenado a
heresia do falso messias.

A grande maioria dos mártires dessa época será constituída por eclesiásticos de diversas ordens
da hierarquia: bispos, pregadores, pastores, doutores, padres em geral, e também por grande
número de leigos.

Todos estes confessarão sua fé no verdadeiro Deus e em Jesus Cristo como tendo sido o Messias,
praticarão a virtude da pureza, a castidade e o celibato sacerdotal, completamente abandonados
então.

Nessa época Elias e Enoch serão enviados como


testemunhas de Deus contra o Anticristo. Eles
pregarão e farão grandes prodígios, em nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo, contra as imposturas
e os falsos milagres do Anticristo.
Pregarão às nações e aos judeus o fim do mundo,
o juízo final, a penitência, a divindade de Nosso
Senhor Jesus Cristo e que Ele virá para julgar os
vivos e os mortos.

O que foi feito nos dias de Faraó e de Acab, em


matéria de milagres e castigos, se renovará.

O Anticristo, por permissão de Deus, tentará imitá-


los. Haverá uma guerra de milagres e uma guerra
de tormentos.

E passada a época de sua pregação o Anticristo


os matará.

Seus corpos ficarão expostos em praças públicas


de Jerusalém, que nessa época será uma cidade
grande, rica e poderosa, para onde afluirão
homens de todos os povos.

Santo Elias, Convento de La Encarnación, Ávila, Espanha Pois o Anticristo anunciará a morte dos dois
santos profetas para que todos possam crer que
ele está acima de toda virtude e poder.

Junto aos corpos de Elias e Enoch ficarão corpos de muitos outros mártires, especialmente padres
e doutores. Haverá grande regozijo dos ímpios durante as três semanas e meia em que os corpos
ficarão expostos.

Serão o tempo de gozo do Anticristo pela sua vitória. Ele se fará adorar como deus no alto do
Monte das Oliveiras, e os ímpios seus adoradores se entregarão a uma alegria frenética e cheia de
volúpias.

Os poucos fiéis que resistirem serão obrigados a fugir para lugares desertos. Não haverá sinais de
Deus no céu, será a paz dos maus.

Decorridos esses dias, Deus ressuscitará Elias e Enoch e os elevará ao céu em corpo e alma à vista
de todos.

O Anticristo, enraivecido, tentará vingar-se fazendo-se elevar nos ares pelo poder do demônio.

Mas será precipitado vivo no inferno, entrando por uma abertura na terra que se formará em
conseqüência do grande terremoto que haverá na ocasião.

Seu número – 666 – foi deduzido da soma dos


números representados por cada letra da palavra grega
escrita por São João, e que significa “contrário”.

O número 666 não está no escrito de São João, mas na


versão latina. Esse número representa em meses o
tempo de vida do Anticristo, que assim terá um período
de vida de 55 anos e meio, dos quais os últimos três
anos e meio serão de seu maior poder e furor contra a
cristandade. Juízo Final, Cremona

Ele será morto pelo sopro da boca de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja, por Sua palavra.

Após a morte do Anticristo poucos dias serão concedidos aos homens para fazer penitência, com
os terríveis sinais que precederão a segunda vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e o juízo final.

Os judeus se converterão e se unirão aos cristãos para cantar louvores à glória, bondade e
misericórdia de Deus Padre e de Seu Filho Jesus Cristo.

Então serão melhor conhecidas as vias de Deus para a criação, conservação e governo do gênero
humano ao longo dos séculos, conhecimento este que será bem mais completo por ocasião do
juízo Final, o qual ninguém sabe exatamente quando se dará, somente Deus.

Tanto o dia do juízo Final como a questão da predestinação constituem um grande mistério
reservado só a Deus. Nessa ocasião todos os segredos serão manifestados. Os homens não
crerão nesse dia até que ele venha.

O Grande Monarca e o Grande Concílio


Após resumirmos em linhas gerais a
interpretação do livro do Apocalipse segundo
o Venerável Servo de Deus Pe. Bartolomeu
Holzhauser, apresentaremos excertos de
comentários relevantes.

Apresentamos esses comentários


sintetizados precedidos pelo versículo do
livro sagrado que o inspirado autor comenta.

Como dizemos em “O venerável Pe.


Holzhauser e La Salette: significado das sete
igrejas do Apocalipse” a obra do Pe.
Holzhauser ficou incompleta.
Solicitado por sacerdotes amigos para
concluí-la, o autor respondia tê-la escrita sob
inspiração, e essa tendo cessado, ele parou.

Mas, acrescentava, que alguém viria no futuro


completá-la.

Não ousamos acrescentar observação ou


glosa alguma. Percebemos os aspectos
nebulosos do assunto até para os maiores
exegetas da Igreja.

Admiramos a grandeza do tema e a beleza do


comentário do Pe. Holzhauser, tirando
proveito espiritual desta admiração e ficamos
na paz de alma dentro dos limites que nos
impõem as nossas limitações.

Livro Quinto – Capítulo X - Versículos 1-11

V.1 - “E vi outro anjo forte que descia do céu,


vestido de uma nuvem, e com o arco-íris sobre a
cabeça, e seu rosto era como o sol, e seus pés
como colunas de fogo”.
Poliptico do Juízo Final, painel central.
É o anjo tutelar e protetor do império romano.
Roger van der Weyden.
Beaune, Musée de l’Hôtel-Dieu Representa duas pessoas: o Grande Monarca e o
próprio anjo, que anuncia algo oposto ao que
anunciavam os anjos precedentes.

Pleno de força: é o poder do Grande Monarca. Descendo do céu: ele nascerá dentro da Igreja
Católica. Vestido de uma nuvem: a humildade do Monarca. Um arco-íris sobre a cabeça: paz de
Deus com a terra. Rosto como o sol: esplendor da justiça, glória, inteligência, sabedoria, caridade e
zelo do Monarca; é como o sol no meio dos outros astros. Pés como colunas de fogo: poder e
extensão do império do Monarca.

V.2 - “E ele tinha em sua mão um pequeno


livro aberto; e pôs o pé direito sobre o mar e
o esquerdo sobre a terra”.

O livro é o concílio geral realizado por obra do


Monarca. Está aberto devido à clareza de suas
sentenças e definições. Pés sobre o mar e sobre a
terra: extensão do império do Monarca sobre a
terra e as ilhas.
V.3 - “E gritou com alta voz, como um leão Tapeçarias do Apocalipsis, Angers
quando ruge. E após ter gritado sete trovões
fizeram ouvir seus ruídos”.

Voz como a do leão: terror que vai inspirar aos povos da terra e das ilhas; editos imperiais para a
execução do concílio. Sete trovões: murmúrios, protestos e gritos contra o Monarca e o concílio.

V.4 - “E depois que os sete trovões fizeram ouvir suas vozes, eu me dispunha a
descrevê-las; mas ouvi uma voz do céu que me dizia: Sela as palavras dos sete trovões
e não as escrevas”.

V.5 - “E o anjo que eu vira de pé sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu”.

É o anjo representando a si mesmo, revelando os segredos divinos sobre o fim dos tempos, como
guardião e protetor do império.

V.6 - “E ele jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, que criou o céu e tudo o
que nele há, e a terra e tudo o que há nela, e o mar e tudo o que nele há, que não haveria
mais tempo”.

Testemunho apoiado por um juramento. O tempo para os réprobos havia terminado.

V.7 - “Mas que nos dias da voz do sétimo anjo, quando começasse a soar a trombeta,
se cumpriria o mistério de Deus, como ele o anunciou pelos profetas, seus servos”.

É o anúncio do fim dos tempos e do juízo final, a ressurreição dos mortos, o prêmio e o castigo. Os
profetas são Moisés, Enoch, Elias e todos os do Antigo Testamento, os apóstolos, doutores e
pregadores do novo.

V.8 - “E ouvi a voz do céu que novamente me falava, e que dizia: Vai e toma o livro
aberto da mão do anjo, que está de pé sobre o mar e sobre a terra”.

V.9 - “E fui ter com o anjo, dizendo-lhe que me desse o livro. E ele me disse: Toma o livro
e devora-o; e ele fará amargar o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel”.

V.10 - “E tomei o livro da mão do anjo e o devorei; e na minha boca era doce como o
mel; mas depois que o devorei tornou-se amargo do meu ventre”.

V.11 - “E ele me disse: É necessário que ainda profetizes a muitas nações, povos,
homens de diversas línguas e reis”.

São João representa aqui a pessoa moral de toda a Igreja e nos instrui sobre a qualidade e os
efeitos daquele livro.

Era na boca doce como mel: contém uma


doutrina sadia, unânime e santa em matéria de fé
e costumes. Será doce na boca de toda a Igreja
por ser obra do Espírito Santo, recebida com
aclamação e unânime consentimento.
Mas também produzirá uma grande comoção,
pois o mundo, o demônio e a carne sempre
resistiram e resistirão às obras de Deus.

Esta sublevação será feita primeiramente pelos


poderes temporais, que resistirão pelas armas ao
Grande Monarca e perseguirão aqueles que
empreenderem a conversão dos povos à Fé
católica por ordem do Monarca. A execução dos
decretos do concílio também enfrentará uma
grande oposição da parte dos maus padres.

Todas essas dificuldades são expressas pelas


palavras: “mas depois que o devorei ele tornou-se
amargo no meu ventre”.

A Igreja deverá sofrer amarguras, tribulações e


dificuldades na execução desse concílio, porém
esses males não prevalecerão e seus inimigos
Túmulo do Pe. Bartolomeu Holzhauser, Bingen, Alemanha não poderão impedir que se realize a grande obra
de Deus.

“Que ainda profetizes a muitas nações, povos, etc” significa a pregação do Evangelho e da Fé
católica nos países que o islamismo, o cisma, o protestantismo ou qualquer outra seita haviam
separado da Igreja. Esta pregará pela voz daqueles que ela enviará aos povos que já haviam
conhecido a luz da Fé católica, mas apostataram: “ainda”.

Isto acontecerá na sexta idade, que será uma época de consolação, enquanto a sétima será a
idade da consumação.

Glorificação da Igreja antes do Fim do Mundo

Capítulo XI – Versículos 1-8


V.1 - “E uma cana semelhante a uma vara me foi dada, e me foi dito: Levanta-te e mede
o templo de Deus, o altar e aqueles que nele adoram”.

Estas palavras indicam que imediatamente antes dos últimos tempos a Igreja será imensa, como
que novamente edificada e consagrada a Nosso Senhor Jesus Cristo. O templo do Senhor
aumentará imensamente e a casa de Deus será edificada nos quatro cantos do mundo.

“Templo” significa a imensa extensão da nova Igreja que se reunirá à Igreja latina pela conversão de
nações na América, África, Ásia e Europa.

“Altar” significa a honra e exaltação do Santo Sacrifício da Missa, que será celebrado em toda a
superfície da terra.

“Aqueles que nele adoram” significa primeiramente os padres, que se espalharão pela terra em
grande número, e também os leigos, pelo zelo que terão respectivamente em celebrar e assistir o
Santo Sacrifício.

V.2 - “Mas deixa o átrio que está fora do templo e não o meças, pois ele foi dado aos
gentios que calcarão a cidade santa durante quarenta e dois meses”.

É a instrução dada por Nosso Senhor Jesus Cristo a respeito da permissão de reservar um
pequeno território para o reino de Maomé e do Anticristo. O átrio significa a Palestina e Jerusalém.
O templo é a Igreja e a cristandade.

É uma rejeição do judaísmo ainda não convertido. Quarenta e dois meses será o tempo de seu
domínio sobre a Terra Santa.

V.3 - “E darei às minhas duas testemunhas o poder de profetizar, revestidas de saco,


durante mil duzentos e sessenta dias”.

As duas testemunhas são Elias e Enoch, que receberão


de Deus grande sabedoria e poderosa virtude contra o
Anticristo, os falsos profetas e os falsos cristãos. A
incumbência é a pregação, o traje o saco, o tempo 1260
dias e a meta é a conversão de judeus e gentios.

V.4 - “São duas oliveiras e dois castiçais de pé


diante do Senhor da terra”.

Oliveiras e castiçais: ungidos com o óleo da santidade,


da caridade e da sabedoria celeste. Derramarão o óleo
da salvação sobre as feridas dos judeus e gentios, aos
quais abrandarão os corações e farão cessar a
dispersão de Israel. De pé: conservados vivos por
vontade de Deus para a penitência e conversão das
nações e dos judeus.

V.5 - “E se alguém lhes quiser fazer mal, sairá de


suas bocas um fogo que devorará os seus
inimigos; e se alguém os quiser ofender, do
mesmo modo deverá morrer”.

Isto significa a virtude e o poder de realizar grandes


milagres e prodígios de modo público e frequente. E
farão recair toda espécie de mal sobre a cabeça
daqueles que ousarem atacá-los.

V.6 - “E têm o poder de fechar o céu para que não


chova durante os dia que profetizarem; e têm
poder sobre as águas para convertê-las em
sangue, e de ferir a terra com toda espécie de
pragas, todas as vezes que quiserem”.

Será uma repetição do que foi feito por Moisés e Elias


nos tempos do Faraó e de Acab.

V.7 - “E quando tiverem terminado seu


testemunho, a besta que se eleva do abismo fará
guerra contra eles, os vencerá e matará”.

Será uma vitória corporal do Anticristo após a derrota


espiritual que sofreu. O tempo do testemunho é de
1260 dias. Besta que se eleva do abismo: o Anticristo
A Igreja triunfante.
que conseguiu o poder a custa de fraudes, embustes e
Fachada da catedral Notre Dame, Paris. da ajuda do demônio. Permissão de Deus para vencê-
los e matá-los.

V.8 - “E seus corpos ficarão estendidos nas praças da grande cidade, chamada
espiritualmente Sodoma e Egito, onde também o Senhor deles foi crucificado”.

A grande cidade é a Jerusalém moderna, de grande população, rica e poderosa. Chamada


espiritualmente, ou alegoricamente, Sodoma pela prática de todos os vícios que aí chegarão ao
cúmulo.

Chamada Egito pela semelhança da luta empreendida pelo Anticristo com luta do Faraó contra
Deus: de milagre a milagre, de prodígio a prodígio. A última frase é para não deixar dúvida que a
cidade é Jerusalém.

Sobre a segunda vinda de Cristo

Capítulo XI – Versículos 9-19


V.9 - “E os homens das diversas
tribos, povos, línguas e nações
verão seus corpos por três dias e
meio; e não permitirão que sejam
sepultados”.

O dia deve ser tomado por semana: três


semanas e meia.

V.10 - “E os habitantes da terra se


alegrarão por causa deles, e farão
festas, e mandarão presentes uns
aos outros, porque estes dois
profetas tinham atormentado os
que habitavam sobre a terra”.
As duas testemunhas. Ottheinrich-Bibel, Bayerische Staatsbibliothek
Grandes massas humanas afluirão a
Jerusalém para ver os cadáveres, manifestando sua alegria de modo frenético, exaltando e
glorificando o Anticristo, julgando que sua paz de ímpios não será mais perturbada pelos
pregadores da penitência.

[Nota: a imposição de limites num blog nos constrange à síntese. Gostaríamos fazer chegar
ao leitor o comentário textual, por exemplo deste versículo. O autor escreve:]

“Estas palavras permitem perceber a ebriedade da alegria levada até o frenesi, que os ímpios
manifestarão durante o tempo que durará seu triunfo.

“E na sua cegueira eles exaltarão e glorificarão o Anticristo; e como ele terá tomado o cuidado
de fazer publicar sua vitória sobre dois profetas tão célebres, a massa dos homens que
cobrem a superfície da Terra se agitará como ondas do mar.

“E as tribos, as nações e os homens de diversas línguas afluirão nesses dias a Jerusalém para
ver esses cadáveres tão famosos e contemplar a seu rei deificado em todo o esplendor de sua
majestade.

“Então os homens dançarão de alegria pela morte dos dois profetas e de outros justos que
terão sido martirizados por ódio ao santo Nome de Jesus, assim como Herodíade bailou e se
regozijou pela degolação de São João Batista.

“Eles erigirão por toda a Terra troféus e estátuas


magníficas ao Anticristo, eles queimarão
incenso sobre seus altares e adorá-lo-ão como
seu deus e seu messias.

“Todos os homens que acreditarão nele serão


convidados a festins, a banquetes, a bailes, a
casamentos e a voluptuosidades de todo
gênero.
Adoração da imagem da besta. Tapeçaria de Angers.
“Eles procurarão satisfazer todos os desejos da
carne, porque eles acharão que atingiram a
plenitude da distensão, depois da qual sua paz não será mais perturbada pelos dois
pregadores da penitência. (pp. 496-497)

“Pois após a morte dos dois profetas será concedido poder à besta sobre todos os homens
poderosos em obras e palavras, e esses serão entregues à morte em todas as regiões da
Terra, ou serão forçados a se embrenhar pelas montanhas e locais desertos, e se esconder
nas gretas dos rochedos e em cavernas obscuras. Pois ninguém ousará se declarar cristão de
público. (p. 497-498)

“Dessa maneira, nos últimos dias, os homens verdadeiramente adorarão a besta, inclusive os
cristãos – excetuados os eleitos. Eles verão ao mesmo tempo a morte ignominiosa de seus
profetas, a paz dos malvados, a vitória do Anticristo, o silêncio e o abandono aparente de
Deus, escandalizar-se-ão e apostatarão.

“Eles queimarão também seu incenso diante do altar da besta, e após terem recebido sua
marca na mão ou na testa, eles adorarão sua imagem”. (p. 498)

V.11 - “Mas após três dias e meio o espírito de vida entrou neles da parte de Deus. E
eles se levantaram em pé e um grande temor se apoderou daqueles que os viram”.

V.12 - “E ouviram uma voz forte que lhes dizia do céu: Subi aqui. E eles subiram ao céu
numa nuvem, à vista de seus inimigos”.

Testemunho público e solene da parte de Deus sobre a verdade da pregação dos dois profetas.

V.13 - “E naquela mesma hora se produziu um grande terremoto; a décima parte da


cidade caiu e sete mil homens pereceram no terremoto; os restantes foram tomados de
pavor e deram glória ao Deus do céu”.

Morte do Anticristo, castigo dos ímpios e conversão do que restou de judeus e gentios.

V.14 - “Passou o segundo ai; e eis que o terceiro ai virá em breve”.

É o anúncio do fim do mundo e do juízo final.

V.15 - “E o sétimo anjo tocou a trombeta


e ouviram-se no céu grandes vozes que
diziam: O reino deste mundo passou a
ser o de Nosso Senhor e de seu Cristo, e
ele reinará pelos séculos dos séculos.
Amém”.

É o anúncio do grande dia do Senhor, após a


vitória sobre o Anticristo e o mundo.
Um anjo toca a trombeta. Tapeçaria de Angers, França.

V.16 - “E os vinte e quatro anciãos,


sentados sobre seus tronos diante de Deus, se prosternaram sobre seus rostos e
adoraram a Deus dizendo:
V.17 - Nós te damos graças, Senhor Deus onipotente, que és, que eras e que hás de vir,
porque assumiste o teu grande poder e reinaste.

V.18 - As nações irritaram-se mas chegou a tua ira e o tempo de julgar os mortos e de
dar recompensa aos profetas teus servos, e aos santos e aos que temem o teu nome,
pequenos e grandes, e de exterminar aqueles que corromperam a terra”.

Os vinte e quatro anciãos


representam a universalidade dos
juízes no juízo final. A prosternação
significa a submissão perfeita no
culto de adoração que os santos
prestam a Deus no céu.

Rendem graças a Deus Padre:


alegria da Igreja triunfante. Nações
irritadas por não poder mais
praticar o mal. Tempo da ira:
castigo dos maus. Alegria dos
Deus rodeado pelo coro dos 24 anciãos. Wallraf-Richartz Museum, Colônia.
santos pela vingança de Deus.
Recompensa dos bons. Extermínio
geral dos ímpios.

V.19 - “Então abriu-se no céu o templo de Deus e apareceu a arca do seu testamento no
seu templo e houve relâmpagos, vozes e um terremoto, e uma grande chuva de pedra”.

É a segunda vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo para o Juízo Final. Ressurreição dos mortos e
precipitação dos maus e dos demônios no inferno.

O enigma da mulher coroada de estrelas

Observação do Pe. Holzhauser


“Após São João ter recebido a revelação geral dos
acontecimentos principais de todo o percurso da
Igreja até a consumação dos séculos, Deus lhe fez
conhecer com pormenores alguns mistérios
especiais, secretos e escondidos, tão terríveis
quanto surpreendentes, que Ele permitirá que se
verifiquem nas diversas eras da Igreja militante.

“Esses mistérios dizem respeito sobretudo aos


reinados de Maomé e do Anticristo, e muitas
outras coisas que estão contidas nos capítulos
seguintes, sob diversas figuras e enigmas. (pág. 1)

“A guerra descrita nos capítulos seguintes é a


A mulher coroada de estrelas, imagem da Igreja.
mais cruel, a mais violenta, a mais encarniçada e
Vitral de Notre Dame de Joinville, França.
a mais longa que Lúcifer, o príncipe das trevas,
jamais empreendeu para destruir a Igreja de Deus, se isso fosse possível.

“Mas as portas do inferno não prevalecerão contra Ela.

“Esta luta encarniçada começou com o horrível tirano Cosroes (*) que, vencido por Heráclio,
suscitou em seu lugar um monstro ainda mais horrível na pessoa de Maomé, que se apoderou
do trono dos Persas e estendeu consideravelmente seu império.

[*] N.T.: Cosroes II, o sempre vitorioso, rei da Pérsia de 590 a 628, saqueou
Jerusalém e levou como espólios a Verdadeira Cruz e o patriarca Zacarias de
Jerusalém. Heráclio, imperador de Bizâncio, recuperou tudo o que havia sido
pilhado.

“O reinado deste inimigo hereditário e implacável, que fez derramar rios de sangue dos
cristãos, dura até hoje; e embora deva ser consideravelmente diminuído na era da consolação
da Igreja pelo braço do Monarca aguardado, um resto dele ficará apertado em limites
estreitos, até que venha o filho da perdição.

“Este, por meio de tramas obscuras, ascenderá ao trono desse império do mal que fará reviver,
e o restaurará até o ponto de submeter quase tudo ao seu poder.

“Lúcifer se servirá então desse último e mais poderoso soberano, para levar ao cúmulo seu
furor contra a Igreja de Deus”. (págs. 2-3)

Livro Sexto - Capítulo XII – Sobre a guerra que a estirpe da serpente fez e fará ainda à Igreja

V.1 - “E um grande sinal apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, e a lua sob seus
pés, e uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça”.

V.2 - “E estando grávida, clamava em dores de parto e sofria tormentos para dar à luz”.

Comentário do Pe. Holzhauser:


“Pela imagem da mulher aqui descrita se entende a Igreja militante de Cristo sobre a terra.

“É com razão que o profeta a representa com a


figura de uma mulher, pois Ela é a esposa de Jesus
Cristo, e nossa mãe no sentido de que ela nos
torna filhos de Deus pelo batismo.

“E um grande sinal apareceu – quer dizer, a Igreja,


que é um grande sinal, visível em todos os tempos
e por toda a terra. É contra esse sinal que se
insurgirá acima de tudo o filho da perdição por
ódio ao Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo,
contra quem blasfemará e que poucos homens
ousarão confessar sob seu reinado de horrível
tirania. (...)

“Pois Deus jamais está tão perto dos seus, que Ele
protege, como quando eles estão sujeitos aos
maiores perigos e aos maiores males. (...)

“São João A anuncia sob a figura de uma mulher


vestida de sol, porque no fim dos tempos, e nos
dias de suas maiores tribulações, a Igreja será A Virgem do Apocalipse, Miguel Cabrera (1760)
mais especialmente assistida por Jesus Cristo,
que inspirará e fortificará seus eleitos, na verdade pouco numerosos, de medo que eles
sucumbam.

“[Tendo] a lua sob seus pés, quer dizer, o globo terrestre, que cresce e decresce como a lua à
medida que os cristãos que fazem parte dele diminuem ou se multiplicam no transcurso das
épocas. (págs. 3-5)

“(...) É apontado especialmente que essa lua está sob os pés da Igreja; pois nos últimos dias
seus pés apenas tocarão a terra, e Jesus Cristo, o Sol de Justiça, e a Igreja, que reflete a Sua
luz, serão eclipsados pelos habitantes do globo terrestre.

“Porque, naquela época, haverá poucos homens que confessarão seu Santo Nome. Os
príncipes da terra e quase todos os povos que se oporão à luz desse sol, cobrirão a superfície
do globo como outros tantos gafanhotos, como a areia do mar, ou as folhas das árvores; e
eles serão precipitados no inferno pela cólera do Cordeiro.

“E uma coroa de doze estrelas sobre


sua cabeça. Essas doze estrelas
simbolizam todos os santos que se
levantarão contra a torrente dos
ímpios, e que combaterão pela
Igreja e por Cristo, como fizeram os
Apóstolos e os demais santos dos
primeiros séculos nas grandes
perseguições.

“É a respeito desses santos que


Daniel, XII, 3, diz: ‘aqueles que serão
sábios, brilharão como estrelas do
firmamento, e aqueles que terão
instruído muitos na via da justiça,
brilharão como estrelas durante a
eternidade’.

“Assim, esses santos que


combaterão pela Igreja no fim dos
tempos, serão sua coroa e seu
ornamento sobre a terra, como as
estrelas são o ornamento do céu.
(págs. 5-6). (...)

“2º Mais ou menos até esse dia, a


Igreja e o Sacro Império continuarão
submersos na dor, nos perigos e nas
angústias, pelo império de Maomé.
Quer dizer, o império dos turcos, que
os cristãos devem considerar como
uma besta ferocíssima por causa de
O dragão tenta inutilmente destruir a Igreja. seu instinto diabólico, não cessará
Ottheinrich-Bibel, Bayerische Staatsbibliothek, Cgm 8010, Folio295r de perseguir a Igreja até o último
ponto.

“3º Esse perigo e essas angústias tornar-se-ão extremos nos dias do Anticristo, que será o
último representante dessa potência infernal. Mas também o mais temível e o mais terrível,
porque a antiga serpente o inspirará a levar até o fim seu ódio e sua vingança.

“Assim, o enigma da mulher em dores de parto não se refere apenas a uma época, mas a
diversas circunstâncias nas quais Deus lhe dará sempre filhos varonis, fortes e robustos.

“Quer dizer, imperadores, reis e príncipes que a defenderão e a protegerão, a Ela e ao Sacro
Império, para impedir que Ela seja devorada por essa besta cruel.

“Embora o império turco seja apresentado na História com algumas modificações, no seu
conjunto ele forma na realidade uma só monarquia, desde Cosroes até o Anticristo, porque
seus soberanos têm um fim comum, que é o extermínio da Cristandade e do Sacro Império”.
(pág. 8)
Descrição de todas as abominações

V.3 - “E foi visto um outro sinal no céu: era um


grande dragão vermelho que tinha sete
cabeças e dez cornos, e nas suas cabeças
sete diademas”.

V.4 - “E a sua cauda arrastava a terça parte


das estrelas do céu, e as precipitou na terra; e
O ancião no trono. Vitral da catedral de York, Inglaterra
o dragão parou diante da mulher que estava
para dar à luz a fim de lhe devorar o filho logo
que nascesse”.

Comentário do Pe. Holzhauser:

“E as atirou à terra, porque a Igreja grega foi dispersa, e ficará assim em seu triste estado sob
a dominação do império turco até o tempo do filho da perdição.

“É verdade que na sexta época, quando esse império turco terá sido comprimido dentro dos
limites os mais estreitos, a Igreja grega voltará a se reunir com a Igreja latina.

“(...) no fim dos tempos essa Igreja grega será quase a primeira de todas a aderir ao filho da
perdição e a seus falsos profetas, e se voltará contra a mulher vestida de sol, quer dizer,
contra a verdadeira Igreja de Jesus Cristo.

“Então ela se aplicará, seguindo seu velho costume diabólico, a reproduzir seus erros sobre a
natureza do Filho e sobre a procedência do Espírito Santo, e adorará e fará adorar sobre a terra
um falso salvador do mundo e o mais criminoso dos impostores: o Anticristo. (págs. 12-13)

“(...) Todo o mundo deve, portanto, saber que sob o


enigma do dragão, o grande chefe e o grande diretor
dos ímpios, e sob os enigmas das bestas e dos
chifres, das cabeças, das águas e das mulheres,
estão descritas por São João todas as
abominações.

“Ele próprio manifesta sua surpresa porque as


tribulações serão de fato grandes e verdadeiramente
surpreendentes, arruinando mais ou menos a Igreja,
e durante elas os eleitos serão provados como que
pelo fogo.

“Isso porque o dragão, Cosroes, Maomé, todos os


sucessores da seita do império turco, e também o
filho da perdição, que será seu complemento, são
todos inimigos declarados do Santo Nome de Jesus
e de sua Igreja, e constituem um só corpo moral que
é a besta ou o dragão. (pág. 16)

“(...) O povo cristão e a Igreja de Cristo terão sempre


a nação turca e todos os povos bárbaros da seita de
Maomé como adversários até o fim dos tempos.

“Esta besta receberá na verdade um grande golpe e


uma ferida profunda do grande Monarca, que lhe
arrancará o império de Constantinopla e uma grande
parte de seu território.

“Mas, o Anticristo, que será o oitavo chifre da besta,


cicatrizará sua ferida e fortificará de modo tão
considerável esta besta, que ela vai ocupar quase
todos os Estados, e chegará até mesmo a um grau
supremo de elevação entre todos os reinos.

“Eu disse que ela vai ocupar quase todos os Estados;


na verdade, o Anticristo subirá ao trono da
monarquia turca na região onde o grande Monarca a
terá relegado, restaurará seu império e o tornará
mais poderoso do que nunca”. (págs. 22-23)

V.5 - “E ela deu à luz um filho varão, que havia


de reger todas as gentes com vara de ferro; e o O dragao, símbolo de todas as abominações.
Beatus de Facundus: Livro do Apocalipse
seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu
para Ferdinando de Castela e a rainha Sancha
trono”.

Vara de ferro: grande poder conferido por Deus. Arrebatado...: grande proteção de Deus, desde que
fosse fiel.

V.6 - “E a mulher fugiu para o deserto, onde tinha um lugar que Deus lhe havia
preparado, para aí ser sustentada durante mil duzentos e sessenta dias”.

Deus então transportou a Igreja, levando-a para terras habitadas ainda por povos bárbaros, como a
Alemanha e outras regiões da Europa ocidental.

Os 1260 dias indicam a duração do refúgio da Igreja no Ocidente, que será de 1260 anos, a partir
da origem do império turco e da conversão das nações ocidentais.
Decadência do cristianismo oriental
e missão providencial da Cristandade ocidental

Livro Sexto - Capítulo XII – igrejas


cismáticas, ou “ortodoxas”, são punidas por
Deus

V.7 - “E houve uma grande batalha no


céu: Miguel e seus anjos pelejavam
contra o dragão, e o dragão com seus
anjos pelejavam contra ele.

V.8 - Porém estes não prevaleceram, e


o seu lugar não se achou mais no céu”.

Foi um combate a propósito do


estabelecimento da Igreja no Ocidente.
Apesar dos esforços do dragão e seus
“E houve uma grande batalha no céu”. São Miguel Arcanjo. sequazes, não foi possível impedir a
Gérard David  (1460 — 1523), Kunsthistorisches Museum, Viena conversão da Alemanha e das nações
ocidentais.

E não houve mais lugar para o demônio na Igreja do Ocidente, pois a Fé católica foi estabelecida e
difundida em toda a Europa pelo poder e piedade de Carlos Magno.

V.9 - “E aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama Demônio e
Satanás, que seduz todo o universo, foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos”.

Terra significa a igreja e o império do Oriente. Tendo sido rejeitado e expulso da Igreja do Ocidente,
foi-lhe permitido continuar a exercer seu furor no Oriente, por causa da malícia do pecado dessas
nações, e para punir, por meio de Maomé e do império turco, o orgulho, a avareza, a ambição, as
heresias e o cisma da igreja grega.

V.10 - “E ouvi uma grande voz no céu que dizia: Agora foi estabelecida a salvação, a
força e o reino de nosso Deus, e o poder de seu Cristo; porque foi precipitado o
acusador de nossos irmãos, que os acusava dia e noite diante de nosso Deus”.

Alegria no céu pela conversão da Alemanha e das regiões ocidentais da Europa.


V.11 - “E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro, e pela palavra de seu testemunho, e
desprezaram suas vidas até a morte”.

Vitória dos servidores de Cristo com o auxílio da graça sobre Satanás e seus anjos, trazendo pouco
a pouco as nações da Alemanha e das regiões ocidentais ao redil do Bom Pastor.

V.12 - “Por isso alegrai-


vos, ó céus, e os que
habitais neles. Ai da terra
e do mar, porque o
demônio desceu a vós
com grande ira, sabendo
que lhe resta pouco
tempo”.

Estas palavras anunciam


grande desgraça para a Igreja
grega e para todo o Oriente.
Tribulações, perseguições,
tirania e servidão sob o jugo da
seita de Maomé.

Males permitidos por Deus


para punir o empezinhamento
da igreja grega e os pecados A mulher foge do dragão para o Ocidente. Bamberg Apocalypse Folio 031.
das nações do Oriente. A
cólera de Satanás é devida à sua derrota e fuga frente à Igreja do Ocidente.

V.13 - “Mas o dragão, vendo-se precipitado sobre a terra, perseguiu a mulher que havia
dado à luz um filho varão”.

Este foi Carlos Magno, posto no mundo pela Igreja em 800, elevando-o a Imperador, o primeiro dos
imperadores da Alemanha. Vendo que não podia impedir a conversão da Alemanha e das nações
ocidentais, o demônio perseguiu a Igreja latina.

V.14 - “E foram dadas à mulher duas asas de uma grande águia, a fim de voar ao
deserto, lugar de seu retiro, onde é sustentada por um tempo, e por tempos, e pela
metade de um tempo, fora da presença da serpente”.

Comentário textual do Pe. Holzhauser:

“Essa grande águia foi Carlos Magno e todos seus sucessores no Sacro Império, pois Carlos
Magno transladou o império para o Ocidente. (pág. 34)

“(...) A Igreja de Cristo, que nunca foi estável no Oriente, fincará pé no Ocidente, quer dizer, no
deserto, e ali fixará sua residência ou sua Sé, que Ela conservará durante mil e duzentos e
sessenta anos”. (pág. 35)

V.15 - “E a serpente lançou de


sua boca, atrás da mulher,
água como um rio para que ela
fosse arrebatada pela
corrente”.

São as grandes tribulações que


Lúcifer suscitou contra a Igreja
latina, como os cismas e as heresias
dos séculos XI, XII e XIII, e para fazer
desaparecer a fé na Alemanha e no
Ocidente.

V.16 - “Mas a terra ajudou a


mulher: abriu suas entranhas e
engoliu o rio que o dragão
havia lançado de sua boca”.

Os cismas e heresias não


Busto-relicário de Carlos Magno na catedral de Aachen, Alemanha. prevaleceram.

V.17 - “E o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra aos outros filhos dela que
guardam os mandamentos de Deus e retêm a confissão de Jesus Cristo. E parou sobre
a areia do mar”.

Irritado contra a Igreja latina do Ocidente, o demônio voltou-se contra os poucos cristãos fieis da
Igreja grega. E foi esperar a besta que deveria sair do mar.

Sobre a guerra que o demônio fez e que ainda vai


fazer
Comentários do Pe. Holzhauser:

“Sobre a guerra que o demônio fez através de Maomé, e que ainda vai fazer por meio do
Anticristo

“Satanás pode comunicar sua força e poder de duas maneiras: em primeiro lugar, por sua
ajuda, por seus maus conselhos, e produzir efeitos acima dos naturais: tal foi o poder que deu
a Maomé e seu império. Essa primeira forma é extrínseca.

“A segunda é intrínseca e terá lugar quando Satanás se revestir por assim dizer do corpo e da
alma do Anticristo, tornando-se um só com ele. (págs. 43-44)

“Ora, esta forma, que até agora Deus nunca permitiu a Satanás, será concedida ao filho da
perdição.

“É por isso que Lúcifer, a criatura mais arrogante que existe, e que está sempre tentando imitar
a Divindade em todas as coisas movido pela sua inveja, entrará no Anticristo, o formará, o
possuirá, e se revestirá de alguma maneira de seu corpo e de sua alma a partir do primeiro
momento de sua concepção no ventre de sua mãe.

“Ele permanecerá nele de uma maneira intrínseca e o habitará corporalmente, de maneira que
o Anticristo, de acordo com Daniel, VII, 7, será uma terrível e maravilhosa besta, operará
prodígios incríveis pelo poder e pela alta potência de Lúcifer, por quem estará possuído.

“E assim como o Verbo de Deus se uniu


verdadeira e hipostaticamente à natureza
humana, e que por meio desta união a
Divindade comunicou à humanidade a força e
o poder de realizar milagres para provar que
Ele é verdadeiramente o Filho Deus, assim
Satanás procurará demonstrar com grandes
prodígios que a divindade habita
espiritualmente no Anticristo, e conseguirá
persuadir quase todos os homens, exceto
aqueles cujos nomes estão escritos no Livro
da Vida.

“É por isso que está dito: O dragão lhe dará


sua força e seu grande poder. Ninguém deve
imaginar que eu estou falando de maneira
inconsistente, confundindo a besta com o
Anticristo; porque os profetas em seus
O demônio comunicará seu poder ao anticristo. enigmas têm o costume de apresentar e
Beatus de Facundus, Iluminuras para os reis de Castela. incluir numa única figura várias coisas que
vão acontecer em momentos diferentes,
quando elas têm alguma relação entre si. (págs. 44-45)

“(...) No entanto, como Maomé e seus sucessores, e especialmente o Anticristo, que será a
plenitude derradeira de toda prevaricação, têm um objetivo comum, que é o de negar e destruir
o Santo Nome de Jesus, é coerente dizer que eles formam um conjunto que é um corpo moral
e uma só besta.

“E convém, sobretudo e com propriedade ao Anticristo o nome da besta, porque ele vai ser o
mais celerado e o mais poderoso de todos os monarcas turcos, e seu império será o último, o
mais vasto e o mais poderoso; porque seu reinado tirânico resumirá todos os outros.

“Ele vai devastar e rugir como um leão contra o Santo Nome de Jesus; e calcará o Santo dos
Santos como um urso.

“Finalmente, quem quer negue que Jesus Cristo, Filho de Deus, veio à terra e se fez carne
como nós, é um anticristo, e todos aqueles que agem da mesma forma constituem um único
corpo, do qual o Anticristo, o filho da perdição, é a cabeça e a cauda.

“Daí estas palavras: I. Jo, II, 18 “assim como vós ouvistes que deve vir o Anticristo, agora há
vários Anticristos”, isto é, que ele veio em seus membros e seus precursores, aguardando o
momento em que ele virá em pessoa para consumar a prevaricação”. (págs. 45-46)
A besta ferida de morte e a besta do mar:
significados

Livro VI – Cap. XIII – A besta que sai do


mar

V.1 - “E vi levantar-se uma besta do


mar, que tinha sete cabeças e dez
chifres, e dez diademas sobre os
chifres, e nomes de blasfêmia
sobre as cabeças.

V.2 - E a besta que vi era


A besta que sai do mar. Biblioteca de Toulouse, anos 1220-70 aprox.
semelhante a um leopardo, e seus
pés eram como pés de urso e a sua boca como boca de um leão. E o dragão deu-lhe
sua força e um grande poder”.

V.3 - “E vi uma de suas cabeças como ferida de morte; mas esta ferida mortal foi
curada. E toda a terra, na admiração, seguiu a besta”.

Comentário textual do Pe. Holzhauser:

“Estas palavras encerram um sentido oculto e difícil.

“1º Diz-se que uma de suas cabeças estava como ferida de morte, ou seja, o animal receberá
uma ferida mortal porque isso vai acontecer, de fato.

“Porque o império turco ou o império de Maomé vai experimentar uma grande derrota e sua
ruína será quase total, a ponto de que ele será como que aniquilado; porém, ficará uma parte
dele num pequeno reino.

“Mas o Anticristo reerguerá este império; porque ele vai ocupar seu trono e reparar todas as
suas perdas. Ele vai até aumentá-lo imensamente, muito mais do que foi antes.

“O Anticristo nascerá e terá suas origens nos restos desse império em ruínas. Pode-se ver, nas
profecias mencionadas acima, que Daniel disse a mesma coisa quando falou com grande
admiração do chifre pequeno, que surgiu entre os dez chifres.

“E ele acrescenta que tinha olhos como os de um


homem e uma boca que proferia grandes coisas, e
que esse chifre era maior do que os outros.

“2º São João continua: mas esta ferida mortal foi


curada. Isto realmente será realizado pelo
Anticristo, que restabelecerá o reino caído das
nações, previamente arruinado de modo quase
total.

“E esse reinado do Anticristo será maior do que


todos os outros reinos da terra desde o princípio
do mundo.

“É o que também disse Daniel, VII, 23: “o quarto


reino será maior do que todos os reinos, ele
devorará toda a terra, e pisará aos pés”.

“3º É por isso que São João acrescenta: E toda a


terra, na admiração, seguiu a besta.

“O significado dessas palavras é que o universo


inteiro, vendo o poder da besta passar por cima de
todas as potências terrestres, suscitará a maior
das admirações; os homens ficarão tão
Anticristo sendo adorado. encantados e em êxtase por causa de seus
Igreja de Santa Maria. Frankfurt, Alemanha. prodígios; e eles vão seguir a besta, ou seja, a
doutrina do Anticristo. Eles farão ainda mais:”

V.4 - “E adoraram o dragão que deu poder à besta. E adoraram a besta dizendo: Quem é
semelhante à besta e quem poderá pelejar contra ela?”

Comentário textual do Pe. Holzhauser ao vers. 4:

“Estas palavras se ligam de maneira admirável com as precedentes; porque todas as nações
adorarão Lúcifer corporizado no Anticristo, porque o considerarão como a divindade, e
acreditarão que a divindade existe nele, por causa de seu poder e dos grandes prodígios que
operará com a ajuda de Lúcifer.

“E também por causa da ciência, dos conhecimentos e das grandes maravilhas que sairão de
sua boca, e que lhe vão ser sugeridas pelo príncipe dos demônios. (págs. 47-48)

“O verdadeiro Deus criador do céu e da terra permitirá estas maravilhas para punir os homens
que naqueles últimos dias atingirão o cúmulo da prevaricação.

“Então, quando as pessoas virem esses grandes prodígios do Anticristo, todas as nações vão
lhe render culto, e vão adorá-lo como Deus e o Messias. (pág. 48)

“Assim o império turco vai durar o mesmo número de anos que o número de dias que durará o
Anticristo, incluindo nisso o tempo em que a besta estará como que mortalmente ferida”.
(pág. 51)

V.5 - “E lhe foi dada uma boca que proferia coisas arrogantes e blasfêmias; e lhe foi
dado o poder de fazer guerra durante quarenta e dois meses”.

Comentário textual do Pe. Holzhauser:

“Esta passagem e as seguintes expressam o poder que Deus permitirá à besta de exercer, e
por causa do qual todas as nações vão obedecê-lo e adorá-lo como deus.

“Está dito: E lhe foi dada uma boca que proferia coisas arrogantes e blasfêmias. Aqui o profeta
designa a causa instrumental como sendo a principal, e essa causa é a grande sabedoria e a
ciência surpreendente que o dragão comunicará ao Anticristo, de modo que vão sair de sua
boca coisas grandes, admiráveis, plausíveis na aparência, misteriosas e acima de toda
inteligência humana.

“E é sobretudo por causa disso que ele seduzirá todas as nações e vai levá-las a acreditar que
ele é Deus e o Messias.

“E lhe foi dada uma boca que proferia coisas arrogantes e blasfêmias contra os mistérios da
Santíssima Trindade e da Encarnação, contra a doutrina de Jesus Cristo e contra todo o Novo
Testamento”. (pág. 50)

A adoração da besta e a grandeza do mártires

Livro VI – Cap. XIII – Extensão e poder do império do


Anticristo

V.6 - “E abriu a boca em blasfêmias contra Deus,


seu nome e seu tabernáculo, e contra aqueles que
habitam no céu”.

Três verdades contra as quais serão dirigidas essas


blasfêmias: o nome de Deus, a união hipostática em
Nosso Senhor Jesus Cristo, a Igreja triunfante e a Igreja
militante que se opõe à besta.
V.7 - “E lhe foi permitido fazer guerra aos santos e
os vencer; e lhe foi dado poder sobre toda a tribo,
povo, língua e nação”.

“Isto se entende, antes de tudo, a respeito de todos


aqueles que resistirão ao Anticristo, seus falsos
profetas e falsos apóstolos. Finalmente, estas
palavras aplicam-se a todos aqueles que pregarão
e confessarão o Nome de Nosso Senhor Jesus
Cristo crucificado. (...)

“Mas a vitória da besta que surgirá dos abismos


contra os santos, isto é, contra os homens justos,
piedosos e tementes de Deus, será apenas
temporária e limitada a esta vida mortal.

“Ela consistirá em:

“a) nos mais refinados prodígios e imposturas, e


no aplauso da doutrina e da grande sabedoria do
Anticristo, nos quais os judeus e todas as nações
acreditarão unanimemente. Os homens preferirão
A besta do mar, figura do falso-profeta essa doutrina à de Enoque e Elias que com todos
que se apossa do Papado e vira antipapa. os santos pregarão em mútuo acordo.
Tapeçaria do Apocalipse, Angers, detalhe.

“b) Essa vitória consistirá no poder e no nervo da


guerra na imensa extensão do império do Anticristo. E também na impiedade e na perfídia das
nações e dos judeus, que fornecerão todas as ocasiões e toda a assistência necessária para
fazer imolar os fiéis como se fossem ovelhas.

“Pois, naquele tempo, ninguém poderá confessar e pregar impunemente o nome de Nosso
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus.

“3º e lhe foi dado poder sobre toda a tribo, povo, língua e nação. Estas palavras mostram
ainda o poder desse reino. Esse poder será tal, que nunca houve igual desde que o mundo
começou”. (53-54 págs.)

V.8 - “E a adoraram todos os habitantes da terra, cujos nomes não estão escritos no
livro da vida do Cordeiro, que foi imolado desde a origem do mundo”.

“Este versículo confirma que todos os réprobos renderão culto de adoração à besta, e se
separarão de Deus seu Criador, e de Cristo. Aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da
Vida são os eleitos.

“E o Livro da Vida é a presciência de Deus, perscrutador dos corações; presciência com que
Deus dispôs seu reino desde a eternidade, e quer premiar a cada um segundo suas obras.

“É por isso que o apóstolo Paulo disse aos Romanos, VIII, 30: “Aqueles a quem havia
conhecido em sua presciência, também os predestinou para ser conformes à imagem de seu
Filho, a fim de ele ser o primogênito entre muitos irmãos. E aqueles que Ele predestinou, eles os
chamou; e aqueles que chamou, Ele justificou; e aos que justificou, Ele glorificou”. (pág. 56)

“(...) Deus também permitirá que os


ímpios e os tiranos prevaleçam contra
sua Igreja e contra nós mesmos, uma vez
que as perseguições não terão outros
resultados para nós senão o de nos
corrigir, nos justificar, e fazer-nos chegar
mais rápido à felicidade suprema da vida
eterna.

“Eis por que Deus permite que os ímpios


prevaleçam nesta vida, enquanto os
justos e aqueles que mostram zelo pela
Adoração da besta. Tapeçaria do Apocalipse, Angers, França.
causa de Deus são oprimidos e
sucumbem nas mãos dos ímpios.

“Isto é, o que Deus vai permitir, especialmente no tempo do Anticristo, em relação a quem quer
que combata pelo nome de Jesus Cristo.

“Seja pelas armas, por exemplo, tomando parte no exército dos cristãos, seja pela palavra, ou
por qualquer outro meio; porque então o justo sucumbirá diante do poder da besta e será
imolado. (pág. 58)

“(...) Naqueles tempos, o fim do mundo ter-se-á aproximado muito, e Deus permitirá que todos
esses santos e bravos soldados que combaterão pela justiça e pela verdade sejam vencidos e
imolados como vítimas para completar o número de mártires.

“Assim, nesses dias de dor, não se deve esperar nenhum poder e nenhuma vitória, senão a
mais bela de todas as vitórias, o triunfo do martírio. (pág. 59)

“(...) Assim, a única vitória possível para os cristãos naqueles dias tão terríveis, consistirá em
serem vencidos, perseguidos, torturados e condenados à morte mantendo-se fiéis, constantes
e firmes, esperando contra toda a esperança na fé em Nosso Senhor Jesus Cristo”. (pág. 59)

Vs. 9 e 10 - “Quem tiver ouvidos, ouça. Aquele que levar outros para o cativeiro irá para
o cativeiro; aquele que matar pela espada deverá morrer pela espada. Aqui está a
paciência e a fé dos santos”.

Todo aquele que quiser resistir à besta pela força das armas sucumbirá. Deus permitirá que
aqueles que combaterem pela justiça e verdade sejam vencidos e imolados como vítimas para
acumular o número dos mártires. Não haverá vitória a esperar que não seja a do martírio.

O falso profeta antipapa e o Anticristo


V.11 - “E vi outra besta
que subia da terra, que
tinha dois chifres
semelhantes aos do
Cordeiro, e que falava
como o dragão”.
A besta da terra, o falso profeta, "vai ter dois chifres semelhantes aos de cordeiro,
porque vai ser um cristão apóstata"

“Sobre o abominável Antipapa e idólatra celerado que dilacerará a Igreja e fará adorar a besta

“Esta besta que subirá da terra é um falso profeta que vai anunciar o filho da perdição como
sendo Cristo, e será o braço com cujo auxílio o Anticristo operará coisas surpreendentes por
meio de sinais e pelo poder de suas armas.

“É por isso que Daniel, XI, 42, diz: “Ele estenderá a sua mão sobre as terras”.

“Está dito que essa outra besta subirá da terra, porque o Anticristo com os seus exercerá sua
tirania no Oriente e sobre os mares; enquanto que o falso profeta se levantará, prevalecerá e
devastará a terra firme, que beira os mares e sobre a qual hoje se encontra o Sacro Império
contendo em seu interior os Estados da Igreja.

“Está dito que esta besta vai ter dois chifres semelhantes aos de cordeiro, porque vai ser um
cristão apóstata, que será educado secretamente e de forma fraudulenta. Ele vai reunir todos
os judeus que por toda parte serão muito numerosos naqueles dias, e eles vão se unir
unanimemente a seu partido.

“Ele invadirá os Estados da Igreja com um grande exército, ocupará a Sé pontifícia, matará o
último Papa legítimo sucessor de São Pedro, e derramará o sangue dos cristãos,
especialmente o dos prelados, como se fosse água em volta de Jerusalém.

“Então a Igreja ficará dispersa pelas


solidões e pelos lugares desertos,
pelas florestas e pelas montanhas, e
nas fendas das rochas, pois o pastor
foi atingido e as ovelhas foram
dispersas. Porque vai acontecer igual
ao momento da Paixão de Nosso
Senhor. (...)

“A Igreja Latina será então dilacerada


e, com exceção dos eleitos, haverá São João vê o falso profeta pregando em favor das bestas.
uma defecção total na fé. Este falso De suas bocas saem rãs, símbolo de sua impureza e heterodoxia.
‘Welles Apocalypse’, Inglaterra, início siglo XIV, British Library.
profeta proclamará o filho da perdição
como sendo Cristo.
São João também destaca que essa outra besta tinha dois chifres semelhantes aos do
Cordeiro por causa do poder que ela terá de dizer e fazer coisas maravilhosas e
surpreendentes, como está escrito com verdade a respeito de Jesus de Nazaré, Lucas XXIV,
19: “Ele foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo”.

“Ora, esses dois poderes de Jesus Cristo para falar e operar eram como dois chifres, como
dissemos no cap. V, e é com esses dois chifres que Ele combateu e venceu os judeus e os
gentios.

“O falso profeta terá, pois, um poder mais ou menos semelhante na aparência, mas falso na
realidade; porque ele receberá esse poder não de Deus, mas do dragão do abismo, e se servirá
dele para seduzir e enganar os habitantes da terra.

“É por isso que é acrescentado: e falará como o dragão; isto é, o dragão irá comunicar-lhe tal
sabedoria e tal astucia na arte de falar e de seduzir os homens que será como se ele próprio
em pessoa conversasse com o mundo.

“Finalmente, esses dois chifres simbolizam a lei e os profetas; e assim como eles contêm os
mais belos e mais numerosos testemunhos da verdade de Jesus Cristo de Nazaré
Crucificado, pelo quais o próprio Senhor convenceu os discípulos de Emaús de que é Cristo, o
Filho de Deus.

Segundo São Lucas XXIV, 27: “Como a partir de Moisés e continuando por todos os profetas,
explicava-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras”, assim também esse
idólatra, o maior celerado possível, vai usar essas duas testemunhas, a lei e os profetas, e as
porá por assim dizer sobre sua cabeça, como dois chifres, com os quais vai lutar por ele e
pelos seus.

“Ele demonstrará com provas capciosas que Cristo só veio naqueles tempos, e não antes.
Cristo, dirá ele, é o redentor da nação judaica, o Deus das nações, Cristo é o rei de Jerusalém.

“E ele confirmará suas asseverações com tais prodígios, que a grande maioria dos cristãos
será seduzida por esse escândalo; e quase todos desertarão, com exceção dos eleitos que
serão poucos numerosos em relação à massa, e renegarão o Nome de Jesus Cristo de Nazaré
crucificado.

“Mas, previamente, os principais pastores de almas terão sido arrancados a seu rebanho pela
perseguição e pelo martírio, segundo Daniel, IX, 32 ss”. (págs. 61-63)
O caráter da besta e o 666

Livro VI – Cap. XIII – A adoração da besta e a perseguição dos fiéis

V.12 - “E ela exercia todo o poder da primeira besta na sua presença. E fez que a terra e
os que nela habitam adorassem a primeira besta, cuja ferida mortal havia sido curada”.

Tal como o Anticristo, esta besta poderá, pelo poder das trevas, operar prodígios e seduzir as
nações. Os homens crerão que o Anticristo é Cristo que veio ao mundo.

O falso profeta será animado pelo mesmo espírito do Anticristo e lhe será submisso, sustentando
sua honra e sua glória, fazendo com que seja adorado por todos, por meio da força e da persuasão.

V.13 - “E operou grandes prodígios, e até fez descer fogo do céu sobre a terra à vista
dos homens.

V.14 - E seduziu os habitantes da terra com os prodígios que lhe foram permitidos fazer
diante da besta, dizendo aos habitantes da terra que fizessem uma imagem da besta, a
qual tinha recebido um golpe de espada, mas conservara a vida.

V.15 - E foi-lhe concedido dar espírito à imagem da besta, de modo que esta falasse, e
fazer com que fossem mortos os que não adorassem a imagem da besta”.

“Todas essas coisas serão cumpridas ao pé da letra. Serão verdadeiramente assustadores


todos os prodígios que Deus vai permitirá naquele tempo em castigo pelos pecados dos
homens e para provação de seus eleitos!

“Além disso, esse apóstata operará


essas maravilhas, em grande parte pelo
poder oculto do diabo. (pág. 65)

“(...) Quanto à imagem da besta, eis o


que vai acontecer: o sacrifício diário será
eliminado em toda a terra, procurar-se-ão
meticulosamente quaisquer hóstias
consagradas para calcá-las, jogá-las ao
fogo, ou lhes fazer sofrer ultrajes ainda
A adoração da imagem da besta. Tapeçaria de Angers, França
mais escandalosos.

“E os principais autores destes escândalos serão sobretudo os judeus, que prevalecerão por
toda parte. Eles destruirão os altares; entregarão às chamas os paramentos sacerdotais e os
ornamentos das igrejas.
“As relíquias dos santos também serão pisoteadas, os vasos preciosos serão coletados e
fundidos para se fazer a imagem da besta, ou seja, do Anticristo, rei de Jerusalém.

“O diabo morará nos altares erigidos em sua homenagem e para seu culto. E essas imagens
falarão e darão sinais como se estivessem vivas! Essa será a abominação da desolação. (pág.
66)

“ (...) Todos os que se recusarem adorá-lo serão atormentados e mortos pelos suplícios mais
refinados e horríveis. Porque a besta estará por cima em toda parte.

“O poder de suas armas


será tal, que para os
cristãos não haverá
nenhuma outra esperança
de salvação nem de
vitória, senão aguardar a
tortura e a morte de
mártir. (pág. 66)

“ (...) Esta perseguição


diferirá das precedentes, A perseguição do Anticristo. Apocalipse 1220-70. Biblioteca de Toulouse, França.
sobretudo pelo fato que
será a mais cruel e mais generalizada, e que haverá uma sedução incrível dos homens por
meio de prodígios capazes de surpreender até os próprios eleitos, se possível fosse.

“Mais ainda, ela superará todas as anteriores pela deserção de quase todo o universo; e isto
por causa das torturas mais refinadas, mais longas e mais dolorosas que se possa imaginar.
Os homens estarão aterrorizados e para evitá-las sacrificarão suas vidas adorando a besta”.
(pág. 67)

Vs. 16, 17, 18 - “E fará que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos,
tenham um sinal em sua mão direita ou em sua fronte. E que ninguém possa comprar
ou vender, exceto aquele que tiver o sinal ou o nome da besta, ou o número do seu
nome. E aqui está a sabedoria. Quem tem inteligência calcule o número da besta.
Porque é número de homem; e o número dela é seiscentos e sessenta e seis”.

O número 666 é formado pela soma dos números representados por cada letra da palavra grega
escrita por São João e que significa “contrário”.

“Estas palavras contêm:

“1º o suplício da fome, pelo qual os cristãos se


verão condenados a morrer. Porque eles não
poderão comprar ou encontrar os alimentos
necessários para a vida, a menos que
concordem em adorar o ídolo ou a imagem da
besta. (...)

“2º Estas palavras ainda indicam a cessação


de todo tráfego e de todo negócio para aqueles
que se recusarão a realizar este ato de
idolatria. E esse meio pode ser contado entre
os mais poderosos, que agem sobre o coração
e sobre a vontade do homem, como nos
mostra claramente a experiência diária,
especialmente na classe média. Porque não há
nada que os homens não tentem ou
sacrifiquem para obter sucesso em seus
negócios e em seu comércio. (págs. 68-69)

“(...) Quanto ao caráter da besta, eis o que ele


será: os reis e os príncipes, por ocasião e
como lembrança de seu nascimento, de sua
ascensão ao trono, ou qualquer outro fato
notável, fazem cunhar medalhas de ouro, prata
ou bronze, onde gravam seu nome, os anos de
seu reinado e as insígnias de seu reino.

“Ora, o Anticristo fará algo semelhante, mas de


A marca da besta. Walters Manuscript W.917, fol 136v.
uma maneira ainda mais cruel, pois todos
aqueles que aderirão à sua doutrina deverão portar sua marca: os homens da classe alta na
mão direita, e os populares na testa.

“Esta marca será impressa na pele por meio de tatuagens, mais ou menos como se vê nos
braços de alguns mercenários.

“E todo aquele que se apresentará livremente ou pela força para oferecer incenso ao ídolo da
besta, deverá sofrer logo esta cirurgia para receber na mão ou na testa, de acordo com sua
condição, a impressão da figura do ídolo.

“A partir do momento em que a receba, bastará mostrá-la para desfrutar de total liberdade
para vender, comprar, viajar, dedicar-se a seus negócios, etc.

“Enquanto aqueles que não possuirão esse sinal, não se atreverão a aparecer em público, ou
mesmo cuidar das coisas mais necessárias da vida. (pág. 69)

“(...) Ora, esse sinal é chamado de caráter, porque ele será impresso na pele e contêm certas
letras de uma determinada língua. Além disso, esse sinal é chamado de nome, e este será o
nome da besta. (pág. 73)

“(...) Esse caráter da besta, portanto, consistirá em certas letras hebraicas que serão
impressas na mão direita ou na testa dos homens, e significarão Cristo em grego, Christus em
latim”. (pág. 75)
Grandes milagres contra o Anticristo

“Sobre a glória e o triunfo dos santos mártires que


morrerão com intrepidez na perseguição derradeira, pelo Nome de Jesus e de seu Pai

“Pois tais serão os efeitos da pregação dos ministros de Jesus Cristo, nos últimos dias.

“1º Ela brilhará por meio de grandes milagres contra o Anticristo e seus falsos profetas.

“2º Ela será forte e poderosa como o rugido do leão.

“3º Ela destruirá e esmagará o prestígio das maravilhas da besta.

“4º Ela inspirará um grande temor de Deus e dos males que pairarão sobre a multidão dos
homens”. (p. 83)

Livro VI – Cap. XIV – Lutas contra o Anticristo e Apóstolos dos Últimos Tempos

V.1 - “E olhei; e eis que o Cordeiro estava de pé sobre o monte Sion, e com ele cento e
quarenta e quatro mil que tinham o seu nome e o nome de seu pai escritos sobre suas
frontes”.

O Cordeiro é Cristo e o monte Sion a Igreja. O número designa a universalidade dos mártires que
serão imolados, uma grande multidão.

Esses mártires serão os doutores, pregadores e pastores, sobretudo eclesiásticos das diversas
ordens hierárquicas da Igreja militante, que resistirão ao Anticristo e aos seus falsos profetas.

Vs. 2-5 - “E ouvi uma voz do céu, como rumor de muitas águas, e como o estrondo de
um grande trovão; e a voz que ouvi era como de tocadores de cítara que tocavam suas
cítaras. E cantavam como que um cântico novo diante do trono, e diante dos quatro
animais e dos anciãos. E ninguém podia cantar este cântico senão aqueles cento e
quarenta e quatro mil, que foram resgatados da terra. Estes são aqueles que não se
contaminaram com mulheres, porque são virgens. Estes seguem o Cordeiro para onde
quer que ele vá. Estes foram resgatados entre os homens como primícias para Deus e
para o Cordeiro, e na sua boca não se achou mentira, porque estão sem mácula diante
do trono de Deus”.

Estas palavras se aplicam muito mais à Igreja militante que à Igreja triunfante. A voz é a dos
pregadores e confessores do nome de Jesus Cristo e de seu Pai nos dias do Anticristo.

Efeitos dessa pregação: grandes milagres contra o


Anticristo e seus profetas, eliminando assim o seu prestígio; confirmar os povos na fé e encorajá-
los para o martírio.

Só os 144 mil resistirão à fúria do Anticristo. Sua castidade e celibato serão como que um cântico
novo, pois muitos eclesiásticos calcarão aos pés seus deveres mais sagrados, serão apóstatas e
se casarão.

A face da cristandade será lívida e horrível como nunca. Mistério do silêncio de Deus. Resgatados
da terra: os eleitos. Não se contaminaram com mulheres: celibato sacerdotal.

Serão mansos como o Cordeiro que é levado ao matadouro. Os mártires serão principalmente
eclesiásticos - doutores, pregadores, pastores - e também grande número de leigos. Livres de toda
a sujeira no meio do século que será a borra da corrupção de todas as idades.

Vs. 6 e 7 - “E vi outro anjo voando pelo meio do céu, que tinha o Evangelho eterno para
pregar aos que têm domínio sobre a terra, e sobre toda nação, tribo, língua e povo,
dizendo em alta voz: Temei o Senhor e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu
juízo; e adorai aquele que fez o céu e a terra, o mar e as fontes das águas”.

“Finalmente a pregação deste anjo deve acontecer em duas épocas diferentes. A primeira será
quando as nações, os povos, as pessoas de diferentes línguas e muitos reis vão voltar para o
seio da Igreja Católica na sexta idade, como vimos no capítulo X, ver. 11 (...)

“Então, a voz do sacerdócio, ou do anjo que é seu representante, será verdadeiramente uma
voz forte e muito eficaz. A conversão dos pecadores será antes que a besta (império turco)
receba a ferida mortal e antes da queda da primeira Babilônia, que é o reino das nações, como
veremos a seguir.

“A segunda época da pregação deste anjo será a dos últimos tempos, nos quais a caridade de
muitos esfriará, a fé desaparecerá e o filho da perdição se manifestará. Então o anjo (o
sacerdócio) levantará sua voz com força, em nome de Jesus Cristo e de seu Pai.

“Ele pregará corajosamente por toda a terra, e dirá a todos os homens que a habitam: Temei a
Deus, e dai-lhe glória, porque é chegada a hora do seu julgamento. Adorai aquele que fez o céu
e a terra, o mar e as fontes.

“Porque naquela época, disse Daniel, XI, 33: “os sábios do povo instruirão muitas pessoas”.

“Será nessa época que os últimos apóstolos percorrerão a terra, levando o Evangelho eterno, e
fazendo maravilhas pela virtude do Todo-Poderoso, e não pelo poder deste mundo.

“Esta segunda época será a do fim dos tempos, quando a Babilônia, que é o reino deste
mundo, cairá e será consumida pelo fogo, como nós veremos mais adiante”. (págs. 98-99)

A queda de Babilônia

V.8 - “E outro anjo o seguiu dizendo: Caiu, caiu


aquela grande Babilônia, que fez beber a todas as
gentes o vinho da cólera de sua fornicação”.

“Babel e Babilônia são sinônimos e significam


A queda de Babilônia, Tapeçaria de Angers.
confusão e mistura. Babilônia contém neste livro
do Apocalipse um grande mistério que São João
descreve em sua figura e seu enigma.
“Ela tem dois significados. O primeiro é do reino que foi sempre inimigo e adversário da casa
de Israel no Antigo Testamento, como o foi e sempre será oposto ao cristianismo no Novo, até
o fim dos tempos.

“No entanto, o reinado atual das nações é o império turco fundado por Maomé, cujo último e
mais poderoso governante será o Anticristo.

“É com razão e verdade que São João lhe dá o nome de Babilônia, porque esse império está
formado por uma mistura de diversos povos e diferentes nações, e que sua seita é uma
fusão de paganismo, de judaísmo e de cristianismo, que ensina dogmas ou melhor os erros
mais bizarros, segundo se pode ficar convencido pelo Corão. (...)

“2º Babilônia também representa o mundo com todas suas delícias e voluptuosidades, como
sendo a associação de todos os malvados coligados juntos contra os bons, sob a condução
de seu chefe Lúcifer. (págs. 99-100)

“(...) Caiu, caiu aquela grande


Babilônia. A primeira queda se refere
à ruína do império turco, e a segunda
está ligada à ruína do reino deste
mundo, como veremos a seguir.

“E outro anjo o seguiu dizendo, etc.


Este anjo também representa duas
pessoas: uma que anuncia a queda
de Babilônia a São João, e a pessoa
representada.

“1º Este anjo é São Miguel, que


anunciava acima a queda do império
turco e a ruína final deste mundo.

“2º Este anjo representa ao mesmo


“E outro anjo o seguiu dizendo: Caiu, caiu aquela grande Babilônia”.
tempo o Monarca poderoso sob cujo
império o reino das nações será destruído e o império dos turcos que será mortalmente
ferido. (...)

“(...) Está dito que esse outro anjo seguiu ao primeiro. A diferença provém do fato de que o
anúncio de um evento precede naturalmente a sua realização.

“De fato, no espaço de tempo que separará o anúncio do acontecimento propriamente dito,
Deus suscitará um Monarca poderoso entre os príncipes da terra, para derrubar o grande
chifre da besta, ou seja, o império de Constantinopla, ou o império do Oriente, e para ocupar
sua sede”. (101-102 págs.)

Vs. 9-12. “E um terceiro anjo os seguiu, dizendo em alta voz: Se alguém adorar a besta e
sua imagem, e receber o sinal dela na fronte ou na mão, também este beberá do vinho
da ira de Deus, lançado puro no cálice de sua ira, e será atormentado em fogo e enxofre
diante dos santos anjos e na presença do Cordeiro. E o fumo de seus tormentos se
levantará pelos séculos dos séculos, sem que tenham descanso algum, de dia ou de
noite, aqueles que tiverem adorado a besta e sua imagem, e o que tiver recebido a
marca de seu nome. Aqui está a paciência dos santos, que guardam os mandamentos
de Deus e a fé de Jesus”.

V. 13 - “E ouvi uma voz do céu que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que
morrem no Senhor. Diz o Espírito que desde já descansem de seus trabalhos porque
suas obras os seguem”.

“Este anjo é o último pontífice romano. Ele é


chamado de terceiro anjo porque será o terceiro
em importância depois de Jesus Cristo, de quem
será o predecessor imediato da segunda vinda,
como São Pedro foi o sucessor imediato na
primeira; e também porque um e outro serão os
únicos Papas a levar o nome de Pedro.

“Porque, segundo a profecia de São Malaquias,


primaz da Irlanda, não terá havido pontífice com
esse nome em toda a cadeia de Papas, exceto o
primeiro e o último.

São João contempla a queda de Babilônia.


“Esse pontífice governará a Igreja nas derradeiras e
Inglaterra século XIV. Royal 19 B. British Library.
maiores tribulações, quando aparecerá pouco a
pouco a questão e a heresia horrível da pretensa
vinda de Cristo e do Messias que é a besta que sobe da terra, e que se anunciará como rei de
Jerusalém; isto é, quando o filho da perdição se manifestará.

“Então este papa ou terceiro anjo bradará em alto e bom som contra o Anticristo e seus
adeptos, contra os judeus, contra os cristãos e as nações apóstatas, por meio de suas
definições apostólicas e de suas encíclicas, que ele dirigirá a todos os príncipes, a todos os
povos e a toda a Cristandade. (pág. 106)

“(...) Enquanto isso, ao contrário, aquele que adorará a besta e sua imagem, e portará consigo
sua marca sobre a testa ou na mão, será atormentado no fogo e no enxofre, pelos séculos dos
séculos.

“Porque Deus não aceitará quaisquer desculpas da demasiada crueldade e dos enganos
sedutores da besta. É por isso que Jesus Cristo teve o cuidado de informar com antecedência
toda a Cristandade, para fortalecer os fiéis e instá-los a morrer corajosamente, e a suportar
com paciência os suplícios que Ele permitirá para provar seus eleitos”. (págs. 111-112)
O reinado do Grande Monarca e do Grande Papa

Livro VI - Capítulo XIV: o Grande


Monarca e a era da consolação

V.14 - “E eis que eu vi uma


nuvem branca e alguém
sentado sobre ela,
semelhante ao Filho do
Homem, tendo em sua
cabeça uma coroa de ouro e
em sua mão uma foice
cortante”.

“A descrição da colheita e da
vindima em questão neste
capítulo contém uma espécie
de enigma difícil e obscuro,
O grande Monarca: Deus consolará sua Igreja antes do reinado do Anticristo.
no qual é descrita a futura
Tapeçaria do Apocalipse, Angers, França.
extirpação das heresias e da
seita das nações ou do
império turco, extirpação que será realizada sob o poderoso Monarca e o Pontífice santo.

“Porque Deus consolará mais uma vez sua Igreja antes que venha a noite tenebrosa do
reinado do Anticristo.

“Eis aqui a interpretação deste enigma: aquele que São João viu sentado sobre a nuvem
branca é o grande Monarca, que já foi mencionado mais de uma vez.

“Está dito que ele está sentado sobre uma nuvem branca porque seu reinado, designado com
a expressão estar sentado, vai ser santo e estável, apoiado pela proteção de Deus Todo-
Poderoso.

“O Monarca é chamado de semelhante ao Filho do homem por causa de suas grandes


virtudes, pelas quais ele imitará seu Salvador Jesus Cristo.

“Pois ele será humilde, suave, amoroso da verdade e da justiça, poderoso nas armas,
prudente, sábio e zeloso pela glória de Deus.

“Ele realizará de alguma forma a profecia de Isaías sobre Jesus Cristo, XI, 2 ss:

2. Sobre ele repousará o Espírito do


Senhor, Espírito de sabedoria e de
entendimento, Espírito de prudência e
de coragem, Espírito de ciência e de
temor ao Senhor.
3. (Sua alegria se encontrará no temor
ao Senhor.) Ele não julgará pelas
aparências, e não decidirá pelo que
ouvir dizer;
4. mas julgará os fracos com equidade,
fará justiça aos pobres da terra, ferirá o
homem impetuoso com uma sentença
de sua boca, e com o sopro dos seus
lábios fará morrer o ímpio.
5. A justiça será como o cinto de seus
rins, e a lealdade circundará seus
flancos.
6. Então o lobo será hóspede do
cordeiro, a pantera se deitará ao pé do
cabrito, o touro e o leão comerão
juntos, e um menino pequeno os
conduzirá;
7. a vaca e o urso se fraternizarão, suas
Visão do Trono de Deus
crias repousarão juntas, e o leão
comerá palha com o boi.
8. A criança de peito brincará junto à toca da víbora, e o menino desmamado
meterá a mão na caverna da áspide.
9. Não se fará mal nem dano em todo o meu santo monte, porque a terra estará
cheia de ciência do Senhor, assim como as águas recobrem o fundo do mar.
10. Naquele tempo, o rebento de Jessé, posto como estandarte para os povos,
será procurado pelas nações e gloriosa será a sua morada.
11. Naquele tempo, o Senhor levantará de novo a mão para resgatar o resto de seu
povo, os sobreviventes da Assíria e do Egito (de Patros, da Etiópia, de Elão, de
Senaar, de Emat e das ilhas do mar).
12. Levantará o seu estandarte entre as nações, reunirá os exilados de Israel, e
recolherá os dispersos de Judá dos quatro cantos da terra.
13. A inveja de Efraim abrandar-se-á, e os inimigos de Judá se desvanecerão.
(Efraim não mais invejará Judá, e Judá não será mais inimigo de Efraim.)
14. Eles voarão para o lado dos filisteus ao Ocidente e, juntos, saquearão os filhos
do Oriente. Estenderão a mão sobre a Iduméia e Moab, e os amonitas lhes serão
submissos.
15. Assim como o Senhor pôs a seco o braço de mar do Egito com seu sopro
ardente, ele estenderá a mão sobre o rio e o dividirá em sete braços, de sorte que
se poderá atravessar a vau.
16. O caminho se abrirá para o resto de seu povo que escapar da Assíria, como se
abriu para Israel no tempo em que ele saiu da terra do Egito”.

“O que foi dito de Jesus Cristo nesta profecia pode se aplicar de alguma forma e por via de
semelhança a este Monarca poderoso que São João diz que será semelhante ao Filho do
Homem, que tinha sobre sua cabeça uma coroa de ouro.

“Isso quer dizer que ele vai ser um grande


Monarca, rico e poderoso, e o dominador dos
dominadores. Ele vencerá os reis das nações e
estará cheio da caridade de Deus.

“Percebe-se então o que foi dito sobre ele no


capítulo III, na sexta idade da Igreja. E na sua mão
uma foice afiada. Esta foice que o grande Monarca
terá na mão é o seu grande e forte exército, com o
qual traspassará os reinos das nações, repúblicas
e fortalezas que ele perfurará de lado a lado.

“E está dito que sua foice é cortante, porque ele


não vai se engajar em combate algum que não
resulte na vitória para suas armas, ou em grandes
perdas e grande carnificina para o inimigo.

“É narrado de Jonas e de Saul no Velho


Testamento, que II. Sam, I, 22: “com o sangue de
feridos, com a gordura de guerreiros, o arco de
Jonas jamais recuou, a espada de Saul jamais
brandiu em vão!”.

“Ora, assim será o exército desse grande e


poderoso Monarca. Está dito que ele segura a
foice em sua mão, porque seu exército não
empreenderá nada sem seu conselho, e ele
próprio o dirigirá com seus conselhos, como se diz
O Grande Monarca ceifa a Terra com seu exército.
Tapeçaria do Apocalipse, Angers, França. de Alexandre Magno.

“Está dito também que ele segura a foice em sua mão porque seu exército vai obedecê-lo na
perfeição, estará unido a ele e o amará de tal maneira, que ele vai manipulá-lo como um
cajado e obrará por meio dele coisas grandes, surpreendentes e admiráveis”.

(Excertos traduzidos e/ou resumidos de: “Interprétation de l'Apocalypse par le Vénerable Serviteur
de Dieu Barthélemy Holzhauser traduit du latin par le Chanoine de Wuilleret”, Librairie de Louis
Vives, Éditeur, Paris, 1856).
Os anjos que mandam segar a terra

V.15 - “E um outro anjo saiu do templo,


gritando em alta voz para o que estava
sentado sobre a nuvem: Mete a tua foice e
sega, porque é chegada a hora de segar,
pois a seara da terra está seca”.

“Esta voz é a de alguém que exorta com


veemência à guerra e a ceifar a cizânia dos
hereges e dos turcos. Esse anjo, que sairá do
templo e bradará assim, é o grande e santo
Anjo sai do Templo e manda segar e vendimiar.
Pontífice de que já falamos e que Deus suscitará Ottheinrich-Bibel, Bayerische Staatsbibliothek, Cgm 8010.
naqueles dias.

“E esse Pontífice, impulsionado por uma inspiração divina, exortará e engajará esse Monarca
a empreender essa guerra sagrada. Ele vai lhe dizer: mete a tua foice e sega, ou seja, corta,
arranca e extirpa os hereges e os bárbaros, porque chegou o tempo de colher, pois a seara da
terra está seca.

“Esse Pontífice usará essa linguagem por revelação e é com estas palavras que incitará o
coração dos príncipes e os engajará a trabalhar em conjunto para empreender essa guerra.

“E Deus tocará o coração dos soldados, de modo que eles aderirão de mente e de coração à
empresa de seu poderoso Monarca.

“Porque a seara está seca, ou seja, é hora de segar a cizânia para jogá-la no fogo. É uma
metáfora que significa o aniquilamento e a ruína das heresias e da barbárie”.

V.16 - “E o que estava sentado sobre a nuvem meteu sua foice na terra e a terra foi
segada”.
“Todas essas palavras exprimem o feliz efeito obtido pelas palavras do Santo Pontífice. E a
terra foi ceifada, porque o grande Monarca exterminará ou submeterá a seu poder as nações
dos turcos e dos hereges, e ocupará suas terras”.

V.17 - “E outro anjo saiu do templo que há no céu, tendo ele também uma foice
cortante”.

“Essa foice é outro exército que


os Estados da Igreja e seus
aliados forte e estreitamente
unidos reunirão e enviarão em
auxílio do grande Monarca.

“É por isso que está dito que


esse outro anjo saiu do templo,
isto é, dos Estados da Igreja de
que o templo é a figura, que
está no céu, ou seja, na Igreja
militante representada pela
palavra céu.

“Aquele de quem está dito: e


outro anjo saiu do templo, será o
grande general em chefe que
esse mencionado santo
Pontífice constituirá ou
Anjo manda ceifar e vendimiar o mundo. Jacobello Alberegno (... – 1397)
nomeará para comandar este
forte exército, que se incumbirá
de arruinar e esmagar o poder dos turcos e dos hereges”.

V.18 - “E um outro anjo saiu do altar, que tinha poder sobre o fogo. E gritou em alta voz
para o que tinha a foice aguda, dizendo: Mete tua foice aguda e vindima os cachos da
vinha da terra, porque as suas uvas estão maduras”.

“Trata-se ainda aqui de outra voz que exorta com zelo ardente a agir e combater com força
para arrancar a vitória sobre os inimigos da Igreja que A tinham de tal maneira oprimida.

Porque a besta, que é o império turco, vai ocupar antes de tudo a Itália, e se estenderá
consideravelmente por toda parte. Ela apertará de tão perto a Cristandade, que esta, tendo
ficado reduzida à mais extrema necessidade, também tentará e obterá in extremis um enorme
sucesso.

“Ela rasgará o assento ou o reino da besta, ou seja, o império turco, e precipitará no inferno a
perfídia dos hereges.

“É por isso que São João designa duas espécies de inimigos, que ele distingue pelas
palavras safra e vindima. A primeira palavra significa as nações dos turcos, e a segunda
designa os hereges.

“Porque por feixes de palha entendem-se as nações bárbaras, e por cachos de uvas selvagens
os hereges que se gabam de ser cristãos. É desses últimos que se fala por alegoria no
Evangelho, Jo, XV, 1-7:

“1. Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der
fruto em mim, ele o cortará;
2. e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto.
3. Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado.
4. Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por
si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis
tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim.
5. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6. Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará
e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á.
7. Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós,
pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito”.

“As palavras colheita e vindima de que fala o Apocalipse encerram uma grande e difícil
metáfora. Porque Deus sempre deu grandes reinos às nações da terra, enquanto encerrou seu
povo escolhido dentro de limites estreitos, apertados e desvantajosos, como uma terra
cercada por uma sebe de espinhos.

“E é nesse estado que se encontra hoje a Igreja, que é a vinha do Deus dos exércitos.

“Assim, pois, pela colheita – ou melhor, pelos feixes de palha seca, ou pela cizânia – são
representadas as nações da terra, e pelas uvas que crescem nos galhos selvagens da videira
que é a Igreja de Cristo, são designados ao pé da letra os hereges.

“Porque Jesus Cristo é a videira, e na sua vinha que é a Igreja crescem dois tipos de uvas: os
cachos bons, que são os verdadeiros cristãos, e os selvagens, que são os hereges,
representados de outra forma pelos ramos secos”.

O lagar da ira de Deus


V.19 - “E o anjo
meteu sua foice
aguda na terra,
vindimou a vinha
“O Senhor despertou como de um sono, como se fosse um guerreiro dominado pelo vinho.
da terra e lançou
E feriu pelas costas os inimigos, lhes infligindo eterna ignomínia”.
Tapeçaria do Apocalipse, Angers, França. no grande lagar
da ira de Deus”.

“Estas palavras insistem novamente na prosperidade da Igreja e na certeza e evidência


do testemunho dado por São João de que essas coisas acontecerão no seu devido
tempo, para a consolação da Santa Igreja Romana.

“Porque o Senhor falou e cumprirá sempre sua palavra. E Ele jogou as uvas no grande
lagar da ira de Deus. Esse grande lagar da ira de Deus é a bacia ou a prensa em que a
justiça divina executará suas vinganças contra os hereges e as nações bárbaras.

“É neste grande tanque que o Senhor sempre jogou uns e outros para consolação do
povo de Israel e da Igreja de Cristo, para que as nações não possam dizer: “onde então
está o seu Deus etc.?”

“Nas Escrituras está dito sobre esta cólera ou sobre esta vingança de Deus (Salmo
LXXVII, 65 ss): “o Senhor despertou como de um sono, como se fosse um guerreiro
dominado pelo vinho. E feriu pelas costas os inimigos, lhes infligindo eterna ignomínia”.

“Este tanque será o extermínio e a ruína das nações bárbaras e dos hereges; e será o
poderoso Monarca quem, pela permissão e colaboração da justiça, da vingança e da
cólera do Todo-Poderoso, os precipitará lá.

“Porque Deus é a causa principal, e os homens agem como instrumentos de seu braço
todo-poderoso”.

V.20 - “E o lagar foi pisado fora da cidade, e do lagar saiu sangue até os freios dos
cavalos, num espaço de mil e seiscentos estádios”.

“Estas
palavras
significam
uma efusão
muito grande
de sangue,
que Deus na
sua ira e
indignação
fará derramar
a seus
inimigos por
meio dos
exércitos
cristãos.

“E o lagar foi “Será o extermínio e a ruína das nações bárbaras e dos hereges pelo poderoso Monarca”.
pisado fora da The DouceApocalypse, Bodleian Library, 180_roll196T
cidade. Ou
seja, Deus vai fazer sentir os efeitos de sua cólera sobre as nações fora da cidade santa
e da Palestina, que ficará reservada para os gentios até que venha o filho da perdição.

“E saiu sangue até os freios dos cavalos. Esta expressão é hiperbólica e significa um tão
grande derramamento de sangue que os cavalos quase nadarão no sangue dos mortos e
feridos. Pois, quando os cavalos nadam, eles afundam na água até as narinas.

“Num espaço de mil e seiscentos estádios. É ainda uma hipérbole que representa a
imensa carnificina que os cristãos imporão a seus inimigos”. (págs. 114-125)

Lances finais da História

Livro VI – Capítulo XV –
(versículos 1 a 4)
V.1 - “E vi no céu outro
sinal grande e admirável:
sete anjos que tinham as
sete últimas pragas;
porque com elas é
consumada a ira de
Deus.

V.2 - E vi como um mar


de vidro misturado com
fogo; e os que venceram
a besta, a sua imagem e
o número de seu nome
estavam sobre o mar de
As sete últimas pragas. Ottheinrich-Bibel, Bayerische Staatsbibliothek, Cgm 8010.
vidro, tendo cítaras
divinas”.

Os que vencerão a besta são:

1) O que restou dos cristãos que se esconderam durante a perseguição do Anticristo e


sobreviveram após a queda deste no inferno.

2) O que restou dos judeus, que tendo presenciado o julgamento e a morte horrível do Anticristo,
lhe sobreviveram e darão glória a Deus e a seu Filho Jesus Cristo, e serão salvos.

O mar de vidro significa o batismo, e o fogo o Espírito Santo, onde os cristãos ainda não batizados
e os judeus serão batizados. Cítaras divinas são os louvores que os neófitos cantarão ao Senhor,
pela misericórdia de que foram objeto.

V.3 - “E cantavam o cântico de Moisés, servo


de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo:
Grandes e admiráveis são as tuas obras, ó
Senhor Deus onipotente; justos e
verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos
séculos”.

Cântico de Moisés: confissão do único Deus


verdadeiro, criador do céu e da terra. Cântico do
Cordeiro: confissão de Jesus Cristo, Filho de
Deus. São as duas verdades banidas pelo
Anticristo.

V.4 - “Quem não te temerá, ó Senhor, e quem


não glorificará o teu nome? Porque só tu és
misericordioso, e todas as gentes virão e
adorarão em tua presença, porque teus
juízos foram manifestados”.
As vias de Deus são espantosas e admiráveis em
sua manifestação, desde a criação do primeiro
homem até o último. Essas vias, embora nos
pareçam surpreendentes, são fundadas em sua
admirável sabedoria, justiça e verdade.

Elas nos são pouco conhecidas atualmente e


parecem veladas aos nossos olhos; mais ainda o
serão na época do Anticristo. Mas após a morte
deste, e sobretudo no juízo final, elas serão
manifestas de forma evidente.

Os juízos de Deus, mesmo nas obras exteriores


que dizem respeito à criação, conservação e
governo do gênero humano, são abismos
admiráveis e impenetráveis que só serão bem
conhecidos nos últimos dias e, mais
especialmente, no juízo final.

(Excertos traduzidos e resumidos de:


“Interprétation de l'Apocalypse par le Vénerable
Serviteur de Dieu Barthélemy Holzhauser traduit
du latin par le Chanoine de Wuilleret”, Librairie de Segunda vinda de Cristo em pompa e majestade.
Louis Vives, Éditeur, Paris, 1856). Ottheinrich-Bibel, Bayerische Staatsbibliothek.

FIM DA SÉRIE DE EXCERTOS E RESUMOS

5 comentários:

Aldo Medeiros 20 de janeiro de 2016 09:38


Ótimo trabalho, deixa-nos pensativos, pelos acontecimentos atuais no mundo, estamos bem
próximos. Paz e bem em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Amém.
Responder

Unknown 9 de junho de 2016 09:36


Muito forte.
Responder

†Senhorita Helga 23 de julho de 2016 23:59


Teria como trazer à baila o restante das sete igrejas/idades?

O Venerável Holzhauser já começou na quinta igreja/idade?

Graça e Paz.
Responder

Maria Lara 9 de setembro de 2016 14:35


Vinde Espírito Santo de Deus enchei nosso espírito de luz e nosso coração de amor.

Responder

Kátia da Silva e Oliveira 21 de novembro de 2016 12:19


O único que pode abrir os selos e revelar o conteúdo do Livro Selado é o Cordeiro sem mancha, o
Filho do Homem, JESUS CRISTO, e Ele já o revelou no Livro da Verdade, a Maria Divina Misericórdia,
que foi silenciada pela maçonaria eclesiástica infiltrada dentro da Igreja Católica. Eu não sei se o meu
comentário vai se tornar visível! Mas pelo menos eu fiz a minha parte! MARANATHA, VINDE SENHOR
JESUS!
Responder

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