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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

2002-2009
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da

Moradia Popular Brasileira


dissertação de mestrado
Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio
Orientadora: Professora Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos
são paulo
dezembro 2009

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 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009
Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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” or importante que tenha sido o desenvolvimento das

P classes sociais na história, as distinções de classe no


design estão longe de ser fáceis de traçar. Em parte,
isso se deve ao fato de que, até recentemente, as distinções de
classe eram tão marcadas pelos vários padrões de consumo
que as diferenças de design teriam sido irrelevantes.”

(Adrian Forty, 1986)

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Agradecimentos

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Deus, criador do Universo e da Natureza, fonte de

A toda inspiração e beleza, sabedoria e entendimento,


pelo dom da vida, coragem e entusiasmo, sem os
quais não seria possível a realização deste trabalho.
Aos meus pais Italo e Célia, eternos incentivadores do meu
sucesso.
Aos meus irmãos, Maria Elisa e Sergio Augusto, com os
quais comemoro cada conquista.
À minha querida avó Alvira (in memoriam), pelo seu amor
incondicional e o incentivo constante no fortalecimento da
minha fé.
À professora Maria Cecília, por nunca deixar esmorecer o
amor à pesquisa e sobremodo à Arquitetura e ao Design e
pela orientação constante, segura, inovadora e fiel.
Aos professores Dra. Helena Ayoub e Dr. Rafael Antonio da
Cunha Perrone pelo ensino preciso, simpatia, cordialidade e
paciência.
A todo o corpo docente e funcionários da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, pela
instrução, subsídio basilar da formação profissional advinda
desta tradicional Instituição.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo,
pelo incentivo à iniciação científica e o despertar para o
mundo da descoberta.
À Editora Abril e aos meus companheiros de trabalho, pela
compreensão e ensinamentos profissionais cotidianos diários.

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Resumo

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presente trabalho objetiva o delineamento do perfil

O da mobília popular brasileira e a sua respectiva


inserção no interior da habitação popular. Trata-se
de um levantamento acerca das possibilidades de atuação
do arquiteto/designer como profissional responsável
pelo projeto da moradia e dos equipamentos destinados
às populações que habitam os grandes centros urbanos
brasileiros. Através de visitas às unidades habitacionais e
pontos de venda de mobiliário, análise de peças publicitárias
destinadas ao grupo social escolhido como objeto de
pesquisa, estudo do funcionamento dos cômodos, projeto
de adaptação de uma sala de estar e análise de conteúdo
editorial de publicação voltada ao grupo social estudado,
compôs-se esta dissertação de cunho histórico-científico.

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Abstract

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he present production objectified the delineation

T of the profile of the brazillian furniture and its insertion


in popular habitations. It exposes the possibilities
of interaction of an architect/designer as a professional
responsible for the habitation and equipments projects for
low-income populations of large brazillian urban centres.
A historical and scientific document was composed
according to the results of visits at the habitations and
furniture commercial points, analysis of advertisement and
editorial data extracted from popular magazines focusing
the social group chosen as object of research, study of the
operation system of the rooms and project of adaptation for
a living room.

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Resumé

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e present travail propose la définiton du profil du

L meuble populaire brésilien et ça respective insertion


dans l’interieur de l’habitation populaire. La recherche
discute les possibilités de travail du designer et architect
come professionel responsable par le projet de l’habitation
et des objects destinés à la population des grands centres
urbains au Brésil. Un document historique et scientifique a été
composé selon les résultas des visites dans les habitations et
aussi dans le commerce de meubles, l’analyse des pièces de
publicité et contenu éditorial extrait des journaux populaires
pour le groupe choisi come object de recherche et les études
du système d’exploitation des chambres.

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Sumário

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Introdução 14
Metodologia 20
1. A Teoria Social do Design 22
2. A Estética da Interesse Social 24
3. Referências para o Projeto de Mobiliário Popular 29
4. Achilina Bardi e a Manufatura de Móveis no Brasil 45
5. O Sistema de Fabricação de Móveis no Brasil 50
6. A Matéria-prima do Mobiliário Popular no Brasil 54
7. Panorama da Indústria de Móveis 58
8. O Interior da Habitação Popular 66
9. 2002 à 2009: a Evolução da Estética do Móvel Popular no Brasil 82
10. Conclusão 152
Bibliografia 156
Índice de figuras 161

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Introdução

A organização dos
objetos e a relação com
o espaço construído
complexidade das relações que O bom funcionamento da moradia

A configuram a sociedade brasi-


leira contemporânea coloca em
evidência alguns fatores relevantes para
depende de diversos fatores, incluindo a
organização dos objetos em relação ao
espaço construído. O fenômeno obser-
uma análise do design e da arquitetura vado no Brasil diz respeito à escassez de
na atualidade. As tradições culturais so- projetos eficientes de unidades habita-
frem uma metamorfose concomitante cionais de qualidade e adaptadas à de-
ao processo de modernização das téc- manda sócio-cultural imposta pela po-
nicas construtivas e à industrialização pulação dos grandes centros urbanos do
cada vez mais acelerada em busca de país. Somado a este importante aspecto,
edifícios inteligentes e informatizados. amplamente discutido e estudado in-
Paralelamente a esta revolução tecno- clusive por acadêmicos desta mesma
lógica da construção civil presente nas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
grandes metrópoles brasileiras, agrava- da Universidade de São Paulo, tem-se o
se ainda mais a problemática referente
às moradias de interesse social cada vez
mais precárias em qualidade e raciona-
O arranjo quase
lidade espacial. Neste sentido, a análise intuitivo proposto
dos objetos que configuram o espaço
interno da habitação popular no Brasil pelos próprios
se faz necessária e indispensável para o
entendimento do sistema estético-fun- moradores dificulta
cional da moradia de baixa renda num
contexto metropolitano.
a circulação entre
O presente trabalho expõe os resul- os cômodos e a
tados de uma pesquisa iniciada no ano
de 2002, ainda como iniciação científica, funcionalidade
sempre sob a orientação da Professora
Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos
da habitação
e financiada durante quatro anos pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Es- atual panorama da produção de mobili-
tado de São Paulo. A etapa final deste ário de baixo custo no país, inadequado
levantamento acadêmico constitui esta às características locais e principalmen-
Dissertação de Mestrado, uma compila- te à realidade da habitação proletária
ção dos dados referentes à pesquisa bi- metropolitana brasileira. Entretanto, o
bliográfica, entrevistas e visitas à campo, arranjo quase intuitivo proposto pelos
adaptação de sala de estar no bairro de próprios moradores dificulta em muitos
São Miguel Paulista em São Paulo e aná- casos a circulação entre os cômodos e a
lise de peças publicitárias referentes ao funcionalidade da habitação tão carente
mobiliário de baixa renda. de espaço e racionalidade na organiza-

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sofás e rack casa bahia O show-room é 3 vezes maior que a sala do consumidor

ção dos objetos. mercado. Paralelamente ao fenômeno


Este trabalho se caracteriza pela inter- de desenvolvimento industrial, tornou-
disciplinaridade, pois aborda questões se complexa também a configuração
referentes ao Urbanismo, à Arquitetura dos centros urbanos brasileiros, que en-
e ao Desenho Industrial, todos inter-re- frentam, até os dias de hoje, um processo
lacionados no contexto da produção da contínuo de esgotamento dos espaços e
moradia popular e mobiliário adequa- periferização da população.
dos às exigências da população metro- Cada vez mais os problemas relativos
politana brasileira de baixa renda. ao crescimento urbano desenfreado
O pensamento racionalista da concep- surgem como algo complexo e de difícil
ção do design se deve à real necessida- compreensão. No campo do design, este
de de elaboração de instrumentos que fenômeno constitui um importante ele-
auxiliam o homem no desempenho de mento de pesquisa e torna premente a
suas atividades. Tais ferramentas têm necessidade de se propor soluções para
sido elaboradas ao longo da história da promover a racionalidade espacial dos
humanidade de forma cada vez mais interiores da habitação popular.
complexa. Desta atividade resultou o A partir da década de setenta, os va-
conceito do design, que trata do projeto lores modernos foram gradativamente
de um determinado instrumento, procu- suprimidos por uma política econômica
rando a pureza da forma e a plena fun- inovadora, que submeteu a concepção
cionalidade, de modo a atender às reais do objeto às regras impostas pelo mer- * Notas e
observações
necessidades do ser humano. cado global. A este fenômeno, o geógra-
À medida que avançaram os anos, no- fo David Harvey chama de pós-moder- Na página seguinte,
vas tecnologias foram surgindo e o em- nidade (post-modernity). A sociedade show-room deco-
prego das mesmas nos processos pro- pós-moderna, moldada de acordo com rado com proposta
dutivos industriais proporcionou grande as tendências do mercado, exige, mais de dormitório
diversidade de objetos disponíveis no do que nunca, uma grande preocupação Casas Bahia.

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Objetivos

com o lado social. A ocupação informal não organizada dos espaços projetados
de terras impróprias para o estabeleci- com o objetivo de abrigar uma popula-
mento de habitações gera edificações ção de baixa renda evidenciam a real ne-
precárias e desprovidas de qualquer in- cessidade do projeto do móvel voltado
fra-estrutura. Analisando-se este tipo de para as classes mais baixas. Mas a dispo-
imóvel, pode-se imaginar a baixíssima
qualidade dos objetos que se encon-
tram no interior destes espaços impro-
Tão importante se faz,
visados. entretanto, a forma
A discussão sobre o projeto de uma
habitação e um mobiliário de boa qua- de ocupação interior
lidade a fim de atenderem às necessida-
des desta população, depende de estu- quanto a forma
dos a serem realizados com o objetivo
de desenvolver os objetos apropriados,
exterior e a divisão
de forma a solucionar o problema de for- das dependências
ma econômica e prática.
O projeto da habitação popular tem internas à edificação.
sido amplamente estudado e discutido
no Brasil. As mais diversas tentativas de sição e má escolha de objetos por parte
soluções têm sido projetadas e execu- dos usuários acabam por agravar ainda
tadas. Dá-se, no entanto, pouca atenção mais o problema da ocupação desorga-
aos objetos que ocuparão estes espaços nizada dos espaços. A qualidade de vida
depois de executado. A configuração do desta população depende inclusive dos
interior da habitação popular depende objetos com os quais se relacionam
da organização proposta pelo morador constantemente dentro de seus lares. A
através da disposição dos equipamen- articulação dos espaços através da in-
tos por ele utilizados. Tão importante serção do móvel no espaço construído
se faz, entretanto, a forma de ocupa- determina de maneira direta a qualida-
ção interior quanto a forma exterior e de de aproveitamento do mesmo.
a divisão das dependências internas à O papel do arquiteto (responsável pelo
edificação. O principal objeto de análi- projeto da moradia em si) e do designer
se a ser considerado neste trabalho se (responsável pelo projeto dos equipa-
define pelo projeto de unidades habi- mentos) é o de organizar o ambiente a
tacionais comprometidas com o resul- ser ocupado por tal população. As difi-
tado final da configuração interna das culdades com relação à falta de espaço
mesmas através de uma eficiente arti- físico e as verdadeiras necessidades a se-
culação entre edifício e equipamentos rem consideradas, constituem os princi-
de mobiliário. pais desafios do profissional responsável
Os resultados analisados da ocupação pela configuração interna da habitação.

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A inserção do objeto no
contexto interno: uma
análise sócio-cultural
sta pesquisa tem como meta Para uma melhor compreensão do

E contribuir socialmente com o


trabalho de arquitetos e desig-
ners no que diz respeito aos problemas
panorama atual da mobília encontrada
na habitação popular, explicita-se o per-
fil desta, de forma a confirmar ou não
crônicos enfrentados pela população a adequação do objeto ao uso para o
brasileira com relação à precariedade qual foi projetado. Essa análise foi feita
da moradia e seu interior. através do estudo dos anúncios veicula-
Neste trabalho realizou-se uma aná- dos em mídia impressa pelas principais
lise dos produtos de mobiliário que o fábricas e revendedoras de mobiliário
mercado oferece à população de baixa popular. Apresenta-se, no entanto, um
renda e a sua respectiva inserção no in- enfoque do objeto em si, analisando sua
terior dos cômodos. constituição, condições para aquisição, o
O estudo do móvel voltado às cama- material utilizado na construção da peça
das mais populares implica também no e a sua durabilidade, mesmo estando ex-
conhecimento da vida e dos costumes posto às condições adversas da habita-
destes indivíduos, de maneira a auxiliar ção cada vez mais compacta e precária.
nas propostas que visam solucionar os Estabelece-se então uma discussão
problemas encontrados no cotidiano referente às relações existentes entre
destas pessoas. a habitação popular e os objetos nelas
Um trabalho deste cunho, desenvol-
vido numa Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, deverá contribuir para a for-
O estudo do
mação de cidadãos diferenciados, preo- móvel voltado
cupados com o desenvolvimento de toda
a sociedade brasileira, utilizando todo o às camadas mais
conteúdo obtido ao longo de sua forma-
ção universitária e programa de mestra- populares implica
do também para um bem comum.
Sabe-se que a produção industrial de-
também no
mocratizou o consumo, deixando acessí- conhecimento da
vel às massas produtos consumidos até
então pelas elites. Entretanto, com este vida e dos costumes
trabalho, pretende-se explicitar a dife-
rença qualitativa entre os produtos con-
destes indivíduos
sumidos por cada uma destas classes
sociais. Este trabalho se trata, portanto, dispostos, dando-se ênfase à deficiência
também de uma pesquisa histórica, já no processo de produção do mobiliário
que busca encontrar justificativas para o e às falhas encontradas no produto final.
modelo de habitação e móveis popula- Assim, pode-se analisar a organização de
res encontrados atualmente. tais objetos no contexto da habitação.

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Metodologia

A pesquisa,
seus métodos e
aplicações práticas
proposta de um estudo das ha- Sabe-se que as unidades habitacionais

A bitações mínimas, do perfil das


camadas chamada Classe C e
da qualidade do mobiliário utilizado por
de Classe C têm sofrido com a redução
do seu espaço interno ao longo dos
anos. Nota-se, entretanto, que o mobili-
estes indivíduos, reafirma a real necessi- ário disposto nestes ambientes não se
dade de um arquiteto/designer preocu- adapta devidamente à configuração do
pado com as questões ligadas ao social. tal. Deve-se atentar o olhar do designer
A busca por soluções de problemas para a produção de um equipamento
tão urgentes numa sociedade como a que supra satisfatoriamente às necessi-
brasileira deve ser cultivada por todo dades impostas pela nova configuração
tipo de profissional. Desta forma, procu- da moradia popular brasileira.
rou-se levantar as várias possibilidades Por isso, optou-se pela publicação se-
de um designer atuar socialmente, no manal de conteúdo editorial voltado à
campo do mobiliário. decoração conciente dos espaços da
Os resultados da pesquisa apresenta-
da foram obtidos através da relação en-
tre o trabalho acadêmico que vêm sen-
Pode-se executar
do desenvolvido desde 2002 e a atuação uma aplicação prática
profissional como arquiteto/designer
na Editora Abril. Ao longo dos últimos 3 das teorias estudadas
anos pode-se aplicar em âmbito prático
uma série de conceitos obtidos como re- nessa pesquisa
sultados parciais da pesquisa desenvol-
vida. Tal experiência pode ser executada habitação e respetica organização dos
graças à oportunidade de inter-relacio- objetos pré-existentes visando uma ra-
namento entre as atividades desenvolvi- cionalização do espaço e, consequente-
das pelo pequisador tanto na academia mente, um melhor aproveitamento dos
quanto no ambiente profissional. cômodos.
Desde abril de 2006, após convite da A base metodológica para desenvol-
Editora Abril, tem-se desenvolvido um vimento e aplicação dos conceitos foi a
trabalho de atualização e enriquecimen- entrevista direta com usuários de mó-
to dos titulos destinados à Classe C no veis populares, a publicação de conteú-
campo do Design de Interiores e organi- do educativo sobre o tema (organização
zação espacial do lar. Desta forma, pode- espacial dos ambientes) e a análise do
se executar, paralelamente, uma aplica- grau de satisfação dos usuários após a
ção prática das teorias estudadas nessa aplicação do conteúdo aplicado no espa-
pesquisa, tendo-se como instrumento ço da moradia.
de análise de satisfação dos usuários O crescimento desgovernado e caótico
o sistema de atendimento aos leitores das metrópoles brasileiras influencia de
desta mesma instituição. maneira decisiva no comportamento de

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toda a população, incluindo os indivíduos mente e ter uma concepção de como deve
que habitam moradias auto-construídas ser o desenvolvimento urbano, a idéia é a
ou produzidas por programas governa- seguinte, é de não criar vazios, ocupar com
mentais. As necessidades humanas de prioridade os vazios urbanos se não con-
cada população devem ser supridas in- seguir ocupar vazios, ocupar próximo à
clusive através do uso dos objetos que trama urbana, encostado na trama urba-
compõem o seus respectivos lares. Neste na. Quer dizer, dando continuidade a pe-
sentido, cabe a esta proposta de trabalho, riferia, mas nunca criando vazios”. (trecho
a análise da essência do pensamento de extraído de entrevista realizada pelo
concepção de projeto intrínseco à ativi- autor no ano de 2005)
dade projetual do designer. A continuidade ou descontinuidade de
Neste sentido, Francis Beaucire (La um trecho urbano construído indica tam-
Forme des Villes et le développement bém uma mudança de estado no âmbito
durable, 1999) discute a conformação cultural. Há nestes casos, mudança social,
da metrópole e afirma que: “... la ville écla- mudança de costumes, mudança de vida.
tée qui s`est construite sur le terrain tourne Na maioria deles, este fenômeno indica
le dos à la ville dense et diverse souhauitée segregação urbana, e delimita duas ou
par la plupart des urbanistes” . mais concentrações populacionais de na-
A colocação de Beaucire abre uma dis- tureza sócio-econômicas distintas. Desta
cussão para a existência de um paralelo forma, pode-se facilmente entender a
interessante entre a constituição física conseqüência deste aspecto urbanístico
da metrópole como objeto de suposta no mobiliário utilizado por tais popula-
unidade e a produção de objetos para ções nos diferentes casos.
as então definidas partes que compõem Como forma de relacionamento entre
este único organismo funcional. As me- o contexto urbano e as relações que de-
trópoles brasileiras, ilustrando-se a tese terminam o arranjo do interior da mora-
principalmente com fenômenos pecu- dia de Classe C, visitou-se uma série de
liares à extrema zona leste da cidade de apartamentos decorados no perímetro
São Paulo, caracterizam-se dentre outras urbano da cidade de São Paulo. As fotos
coisas pela criação de imensos condomí- que ilustram o conteúdo editorial que
nios verticais dispostos à margem do te- constitui a parte prática deste trabalho
cido urbano já existente, gerando assim foram realizadas nessas unidades pa-
uma segregação desta porção de cidade drão, decoradas nos show-rooms junto
em detrimento ao todo já definido como aos canteiros de obra. Paralelamente, fo-
perímetro urbano. Segundo a professo- ram realizadas visitas à unidades ocupa-
ra Marli Namur, do departamento de das por moradores reais, para verificação
Planejamento Urbano e Regional da Fa- do arranjo espacial das unidades já ocu-
culdade de Arquitetura e Urbanismo da padas. A aplicação prática e os conceitos
Universidade de São Paulo, tem-se que: desenvolvidos durante a pesquisa estão
“.... Uma coisa é você escrever teorica- expostos nessa dissertação.

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Capítulo 1

1. A Teoria social
do Design

indústria de móveis é uma in- produção industrial moveleira no seg-

A dústria tradicional, cuja dinâmi-


ca produtiva e de desenvolvi-
mento tecnológico é determinada por
mento dos móveis populares, com merca-
do já implantado, e dentre as suas muitas
deficiências está a ausência de design in-
máquinas e equipamentos utilizados dustrial na concepção dos móveis”. Desta
no processo produtivo, introdução de
novos materiais e aprimoramento do
design. É neste último que se insere a
“Há uma estrutura
Teoria Social do Design. de produção
Observa-se que o fator de inovação
primordial à indústria se trata do de- industrial moveleira
sign, e este, bem aplicado e preocupa-
do com a sua eficácia, traz aos produtos
no segmento dos
finais da linha de montagen caracterís- populares, e dentre
ticas que contribuem para um compro-
metimento social positivo. as suas deficiências
Define-se por Teoria Social do Design
a produção de um projeto do objeto
está a ausência de
comprometido com o interesse social. design industrial
Segundo Victor Margolin (Designer
as Producer, 2002), “We badly need new na concepção dos
products to address pressing social needs
that are not being met by large manufac- móveis” Rosana Folz, 2002
turers” .
Este se caracteriza pela relação har- forma, torna-se impossível um com-
moniosa de satisfação tanto por parte prometimento destas indústrias sem
do usuário como por parte daquele que que haja um pensamento prévio desta
fabrica o objeto a ser desenvolvido. No relação usuário-objeto, no momento
caso dos móveis trata-se da busca por da concepção do mesmo. Sem projeto,
uma adequação deste à configuração não há comprometimento social. Nes-
da moradia popular brasileira, propor- te sentido, ainda segundo os concei-
cionando ao usuário uma combinação tos desenvolvidos por Folz, “... pode-se
entre baixo custo, qualidade do mate- abordar o móvel como um produto inde-
rial empregado, durabilidade, conforto pendente da habitação”.
e eficiência, além do fato de ser um ob- Para se obter um resultado satisfató-
jeto compacto. rio ao se produzir uma linha de móveis
Segundo Rosana Rita Folz (Mobi- populares, deve-se levar principalmen-
liário na Habitação Popular, 2002), te em conta a opinião do usuário para
pesquisadora no campo do design de o qual está sendo projetado. Isto pode
móveis populares, “há uma estrutura de ser feito através de duas maneiras, sen-

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do a primeira a entrevista direta com de certas comunidades. Sabe-se ainda


um número significativo de moradores que a realidade do morador de uma ha-
de habitações classificadas como popu- bitação popular em metrópoles como
lares, e a segunda um levantamento de São Paulo e Rio de Janeiro se caracteri-
pesquisa avançada referente aos dados za por trabalho constante, fora de suas
característicos desta população e a aná- residências. A criação de tais coopera-
lise de pesquisa já realizadas como é o tivas se torna praticamente impossível
caso do trabalho aqui apresentado. em conjuntos habitacionais onde pra-
Uma das hipóteses para a produção ticamente toda a população residente
de um móvel popular adequado à re- trabalha durante o dia todo.
alidade brasileira seria a da criação de Deve-se portanto promover o conci-
cooperativas locais para a produção do liar entre o projeto consciente e a pro-
móvel na própria comunidade para a dução de móveis populares em larga
qual este é produzido. Esta possível so- escala, através de propostas concisas
lução, entretanto, geraria um gasto ex- de um móvel que traga vantagens não
cessivo com equipamentos para manu- só ao usuário (objetivo principal) como
faturta dos objetos que posteriormente para a indústria responsável pela sua
à utilização teriam de ser revendidos ou produção. �
até mesmo descartados. [3]
Deve-se prever um sistema de relação
entre a indústria de móveis e o usuário,
não apenas o surgimento de pequenas
comunidades auto-suficientes de pro-
dução moveleira. Sabe-se que o projeto
do móvel depende da configuração da
habitação para a qual este é produzido,
entretanto, um projeto mais amplo de
concepção da habitação já comprome-
tida com os equipamentos está longe
de ser realizado. Além disso, mesmo
que este seja um dia executado, o que
fazer com as inúmeras habitações de
interesse social já construídas, senão
tentar propor uma linha de móveis ade-
quada a esta realidade.
A Teoria Social do Design assegura
a possibilidade da existência do proje-
to voltado à indústria, e não apenas à
dormitório bartira
cooperativas, que podem, em alguns O superdimensionamento difulta a
casos menores, resolverem a situação inserção do móvel na habitação

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 2

2. A estética
de interesse social

Q uando se pensa num estudo da


estética do Desenho Industrial
voltado para as massas, deve-se
recorrer às definições teóricas referen-
mesmo que inconscientes dos objetos
e ferramentas que utilizam no cotidiano.
Segundo Potter, “... the design work should
be discussed in an art-school “. O autor
tes à prática projetual e concepção do completa ainda: “... architects also are de-
objeto. Para isso, pode-se encontrar no signers, drawing upon the resources of a
talvez principal teórico estudioso da es- cultivated visual imagination balanced by
sência do design, Gui Bonsiepe (Teoria e other and more technical áreas of capabi-
Practica del Disegno Industriale, 1978), lity”. Se o objeto deve ser concebido por
autor estudado no primeiro período de um designer, e este tem estreita relação
levantamento bibliográfico desta pes- com as academias de arte, obtém-se
quisa, cujo trabalho foi apresentado no como resultado um projeto a ser definido
primeiro relatório científico apresenta- artisticamente como erudito, reprovável
do à FAPESP (ainda em fase de iniciação aos olhos de uma pessoa inculta ou ig-
científica). Faz-se necessária, entretanto, a norante com relação ao mundo das artes
retomada de alguns conceitos principais plásticas. A professora e designer Virginia
da origem do trabalho do designer para Kistmann da Universidade Federal do Pa-
a determinação de parâmetros de análise raná, durante entrevista, questiona a esté-
do conceito estético das camadas menos tica do design voltado às classes menos
favorecidas economicamente. favorecidas quando discute a questão
Como complementação às idéias de dos sofás e poltronas.
Bonsiepe, muito mas do que uma sim- Potter coloca dentro do contexto de
ples contraposição, estudou-se o teórico concepção do objeto, um aspecto “ines-
e estudioso do Design Norman Potter1, tético” (neologismo criado pelo autor),
(“What is a Designer: education and o qual é indispensável ao produto, in-
practice, a guide for students and tea- dependente do seu caráter formal. Este
chers, 1969)”2 . Nesta obra, um manual
que dita regras para a prática do design,
o autor coloca uma série de parâmetros
“... architects also are
para a atividade do profissional desenhis- designers, drawing
ta industrial, juntamente com possíveis
* Notas e
observações aspectos relevantes a serem considera- upon the resources
dos no tocante à adaptação do objeto ao
1. Norman Potter looks espaço no qual deve ser inserido e, sobre-
of a cultivated visual
at the possibilities tudo, em relação ao usuário do mesmo. imagination balanced
and limits of design, Neste sentido, o autor coloca a posição
considers the designer de todo e qualquer ser humano como by other áreas of
um designer, já que todos possuem senso
as artisan and as artist,
and asks: “What is good crítico acerca dos objetos que os cercam capability”.
design?” e, além disso, desenvolvem adaptações, Norman Potter, 1969

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

[4]

“El disegno industrial


se puede definir como
el estúdio prévio de
la forma (en su triple * Notas e
observações
significado de figura, 2. Combining a wide-
color y textura)” ranging discussion
of the major issues
Paolo Tedeschi, 1966
of design with
como definição do próprio design. “El detailed and practical
disegno industrial se puede definir como information, Norman
el estúdio prévio de la forma (en su triple Potter looks at the
significado de figura, color y textura) de possibilities and limits
objetos, aparatos, máquinas y vehiculos of design, considers
destinados a ser fabricados en lotes o en the designer as artisan
serie, y consiste en procedimientos en los and as artist, and
dormitório casa bahia A aparência cuales concurren, en proporción relativa asks: “What is good
é mais importante que a funcionalidade variable en los distintos casos, factores design?” What is a
antropométricos, técnológicos, económi- Designer prompts its
coloca como exemplo o design de um cos, psicológicos, sociales, para conciliar readers to think and
semáforo como um elemento de difícil las exigencias funcionales con la estética act for themselves.
adaptação estética. Segundo o autor, del producto y para tomar en cuenta las The work adds up to a
em todo estágio do design haverá um relaciones entre el producto y el hombre, powerful and endlessly
discussão, um argumento. O produto fi- en su concicion de comprador e usua- rewarding resource
nal tem de ser demonstrado e testado rio...”. Nesta definição pode-se perce- for designers wanting
pelo designer junto ao cliente, e este ber que o autor coloca o fator estético to reevaluate their
provavelmente não compreenderá a como principal, já que coloca todos os profession and for
aparência do mesmo. O usuário tende a outros aspectos do design em segundo students of all ages.
assumir que sabe mais sobre suas pró- plano, devendo-se relacioná-los com a First published in 1969,
prias necessidades que o próprio com- aparência do produto. Como justifica- this classic book is now
prador e este possui, em certo sentido, tiva para esta definição do design, Te- reissued to present
razão (pelo menos quando se discute o deschi coloca o homem como, acima de the enduring core of
padrão estético). tudo, um espectador frente ao objeto. Potter’s arguments. An
Um outro autor que estuda a questão Segundo o pesquisador, sem dúvidas afterword by Robin
estética do design é Paolo Tedeschi (La o homem raciocina sobre o funciona- Kinross sets the work
Génesis de las Formas y el Disegño In- mento, a utilidade e a conveniência, and its author in their
dustrial, 1966) , e este coloca a estética entretanto, a impressão e sensibilidade contexts

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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[5]

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

* Notas e
observações
Modelo decorado
de Cozinha das Casas
Bahia. Design muito
próximo àquele
comecializado em
lojas de móveis de
alta renda.

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Capítulo 2 / Capítulo 3

estéticas definem e podem determinar projeta. Se as populações de baixa ren-


a aquisição do produto. Mesmo quando da buscam no mobiliário de aparência
se trata de um objeto utilitário, Tedeschi “burguesa” uma falsa inserção num
afirma que o comprador sempre colo- contexto social ireal, deve-se cultivar a
ca o seguinte comentário: “É feio, não estética por eles desejada. Cabe ao de-
gosto” ou “É bonito, eu gosto”. Com esta signer adaptar, dentro dos limites que
simples análise, pode-se perceber que o preservem este ideal, os móveis criados
indivíduo é levado à compra, segundo o para este setor da sociedade.
autor, movido por um caráter emotivo
[6]
despertado pelo objeto.
Tedeschi coloca como um dos fins do
desenho industrial justamente a con-
ciliação entre os aspectos funcionais e
utilitários e os padrões estéticos. Define,
em seguida, “... em um objeto deben es-
tar armónicamente presentes, em su tota-
lidad, los multiples y multiformes factores
que he citado em forma enterada, pero
tanto al crear como al examinar esse ob-
jeto se puede cometer el error de exaltar
algunos de esos factores em detrimento
de los otros, o incluso de magnificar o
menospreciar el diseño em su conjunto”.
Neste sentido pode-se apreender do
trecho que mais uma vez o caráter do
estético é evidenciado pelo autor, de-
vendo este ser o fator mais ponderado
e minucioso do processo de concepção sofá casas bahia O fator estético é o
do produto do desenho industrial. principal na hora da compra
Todos estes conceitos formais rela-
tivos à concepção estética do objeto
industrial, incluindo-se o design de mo-
Tedeschi afirma que
biliário, devem ser levados em conta e o comprador sempre
adaptados à realidade do usuário para
o qual se propõe um determinado ob- coloca o seguinte
jeto. O padrão estético deve variar se-
gundo o nicho social para o qual se pro-
comentário: “É feio,
jeta, não pelo arbítrio do designer, mas não gosto” ou “É
pela opção a ser levantada em pesquisa
de cada um dos perfis para os quais se bonito, eu gosto”.

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

3. Referências
para o projeto de
mobiliário popular
3.1 Costa, Corbusier e Bardi sadora vanguardista do pensamento da
estética popular brasileira.
ara um melhor entendimento do

P processo de produção de propos-


tas para o mobiliário, buscou-se
entender especificamente a incumbên-
Os equipamentos
que compõem uma
cia deste profissional na concepção de
objetos. Sabe-se que a presente pesqui- habitação, como já foi
sa tem sido desenvolvida numa facul-
dade de Arquitetura e Urbanismo e, por
dito anteriormente,
isso, torna-se inevitável o estabeleci- não se definem
mento de paralelos entre as duas áreas,
ambas relacionadas com a produção de apenas por si, mas
artigos a serem utilizados pelo homem.
Os equipamentos que compõem uma por um conjunto
habitação, como já foi dito anterior- de características
mente, não se definem apenas por si,
mas por um conjunto de características espaciais que
espaciais que limitam o processo criati-
vo do designer, dentro de uma perspec- limitam o processo
tiva de adaptação do objeto ao meio,
trazendo satisfação ao usuário. Isso im-
criativo do designer,
plica num comprometimento entre os dentro de uma
dois profissionais, designer e arquiteto,
às vezes representados por uma mesma perspectiva de
figura, como são aqueles formados pela
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
adaptação do objeto
da Universidade de São Paulo, na qual ao meio, trazendo
se formam profissionais capazes de
projetar desde a escala do objeto até a satisfação ao usuário
escala da metrópole.
Analisando esta perspectiva de enten- Embora possa parecer numa primei-
dimento do papel do profissional liga- ra análise que Le Corbusier não tenha
do à produção do móvel, buscou-se ins- se destacado no campo do mobiliário,
piração nos trabalhos de Le Corbusier e apresentar-se-á a percepção do arqui-
Lúcio Costa, ambos relacionados à área teto no que diz respeito aos padrões
de planejamento urbano, mas intima- por ele lançados acerca da modulação
mente ligados à questão do mobiliário. e das características segundo ele rele-
Da mesma forma, buscou-se entender a vantes numa discussão relativa aos ob-
obra de Lina Bo Bardi, importante pen- jetos dispostos no interior da habitação

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 3

mínima, foco desta pesquisa. pelo trabalho do arquiteto não se faz


Seguindo esta perspectiva de traba- possível a elaboração de um bom tra-
lho, justifica-se novamente tal inter- balho. Le Corbusier, neste caso, desem-
relacionamento com o pensamento penha estas duas importantes funções
de Norma Potter (What is a designer: de maneira eficiente, dado que explora
education and practice, 1969) onde o potencial da habitação mínima atra-
se discute a essência do design como vés da concepção de objetos multifun-
forma de atuação, acima de tudo, que cionais e versáteis. Nota-se que a pers-
todo ser humano atua como designer pectiva corbusiana deve ser analisada
ao conceber todo e qualquer instru- no sentido de incitar discussões acerca
mento que auxilia no seu cotidiano. do objeto, mas não pode ser aplicada
Deve-se, no entanto, estar atento para ao panorama brasileiro da habitação
conclusões precipitadas acerca do mínima, muito diferente do francês
design, classificando-se design como para o qual o arquiteto projetou.
aquilo que é concebido com uma de- Retoma-se então o paralelo entre a
terminada intenção, através da ela- concepção de um móvel com a produ-
boração de uma ferramenta. Neste ção de um semáforo de trânsito, por
caso, pode-se considerar a produção exemplo. O design de um equipamen-
arquitetônica como fruto de um pen- to destes consiste genericamente num
samento relativo ao design, quando se elemento esteticamente questionável,
produz um determinado espaço que mas incontestavelmente indispensá-
carrega consigo característica discuti- vel para o funcionamento de uma me-
das intencionalmente com o objetivo trópole que contém grandes avenidas.
de se promover a construção de um Discute-se então a adaptação da me-
edifício que apresente pormenores a lhor forma para o equipamento, já que
principio detalhistas que asseguram este deve existir obrigatoriamente. Ain-
um bom desempenho final. Assim, sur- da neste sentido, Fernando Campana,
ge uma subdivisão da produção do de- um dos irmãos Campana3 , afirmou no
sign em três grandes categorias, assim encontro Holanda Hoje: Arte, Design,
denominadas: Design de produtos, De- Urbanismo e Responsabilidade Social,
sign de ambiente e Design de comuni- realizado no Auditório do Hotel Paulis-
cação. Para este trabalho, torna-se in- ta Plaza São Paulo em 27 de março de
dispensável uma discussão acerca das 2003 que “Design não é só mobiliário.
duas primeiras categorias, importantes Tudo que tem projeto é design”.
no processo de composição do mobi-
liário. Cabe ao designer o desenvolvi- 3.2 a anti-referência
mento do projeto do mobiliário e dos A chamada Cadeira Favela, criada pe-
equipamentos internos à habitação, los Irmãos Campana foi amplamente
entretanto, sem o parecer e o estudo difundida pelo mundo pelo seu falso
do espaço (ambiente) proporcionado apelo social. O nome da obra dá a co-

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

* Notas e uma indústria nacional. Estela (produzida pela pretende organizar o público poderá ver
observações Foi a Cia. de Tapetes O Luce, de Milão), uma mostra com criações mais antigas
Ocidentais a primeira serão mostrados trabalhos de designers da dupla, ao lado de
3. “Os irmãos Campana e, até agora, a única a trabalhos que fazem jovens, ainda sem nen- outras como um colar
seduziram a indústria reproduzir a criação referência aos objetos hum nome definido. de Nazareth Pacheco e
italiana de design, dos dois irmãos. A cotidianos, mas, ao “O design com o qual um letreiro de Waltér-
sobretudo a de Milão, próxima exposição contrário das criações queremos trabalhar cio Caldas. São peças
onde estrearam com dos designers tenta dos Campanas, não é aquele envolvido de mobília, luminárias
uma luminária bati- exatamente chamar têm qualquer função no universo da arte”, e até esculturas, que os
zada de Estela, nome a atenção para esse utilitária. É o caso do reforça ele. Segundo o curadores decidiram
do tecido emborrach- problema de identi- Conteiner e da Escada, curador, a mostra que aproximar das criações
ado com o qual a peça dade que o design tem de Ana Maria Tavares: inaugura a nova fase dos artistas plásti-
é feita - material que no País: de um lado, as o primeiro, uma estru- do museu diz respeito cos. Nessa fase da
os italianos até hoje indústrias deixam de tura de aço vazado, ou à forma com a qual exposição, o que se vê
importam do Brasil, produzir criações de seja, impossibilitado de o design se desen- são testemunhos de
para depois revender talentos por entender guardar qualquer coisa, volveu no Brasil e, mais um período menos fes-
por aqui o produto que o teor artístico e a segunda, uma uma especificamente, em tejado da trajetória dos
final a preços pouco encarece a peça; escada na qual não São Paulo. “Esse tipo de Campanas, feitos no
simpáticos. Em 1998, do outro, o circuito se pode subir.Limite atividade sempre teve início da carreira, uma
Fernando e Humberto expositivo abre pouco - “Nossa aproximação representantes que fase experimentalista
ganharam uma ret- espaço para os objetos com o design vai se atuam nos extremos que legou alguns tra-
rospectiva no Museu de natureza utilitária. dar por meio das artes da criação, como balhos únicos.” Texto
de Arte Moderna de “Depois da época visuais, que é o campo Geraldo de Barros”, extraído de http://
Nova York (MoMA), de ouro do Masp, o de atuação do museu”, exemplifica. A primeira www.art-bonobo.com/
graças ao convite da design ficou excluído observa Tadeu Chiarelli, parte da exposição, na artes/irmaoscampana/
curadora de Design do circuito artístico diretor do MAM e cura- chamada grande sala welcome.html
e Arquitetura do no Brasil”, comenta dor da exposição ao do MAM, reunirá os tra-
museu, a italiana Paola umberto Campana, lado de Rejane Cintrão. balhos mais recentes
Antonelli, que veio ao ressalvando o esforço “A idéia é colocar lado dos irmãos Campana,
País pela primeira vez de museus como a a lado o design e a a maioria comerciali-
há dois anos, também Casa Brasileira. Entre arte com criações que zada na Itália e vista no
seduzida pela criação o Design e a Arte vai operam no limite.” Daí MoMA, como é o caso
da dupla. Os Campanas reunir, a partir do dia o título da exposição. A da Cadeira de Discos
tornaram-se em pouco 30 de março, 48 peças mostra marca o início (1992), da Poltrona
tempo uma referência dos irmãos Campana de uma nova política Vermelha (1993), do
do design brasileiro e, e obras de artistas do museu. “Além de Sofá de Papelão (1993),
ainda assim, tiveram plásticos contemporâ- exposições, planeja- da Mesa Inflável (1995)
de esperar dez anos neos do acervo do mos abrir o acervo e da Cadeira de Aguar
para ter a primeira MAM. Ao lado de peças para peças de design”, Jardim (1995). Ao cam-
peça produzida por como a luminária comenta o diretor, que inhar pela exposição,

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Capítulo 3

[7]
notação de um objeto comprometido
com as populações e o ambiente das
favelas brasileiras. Entretanto, nota-se
uma mera inspiração visual no projeto
desenvolvido pelos designers. Embo-
ra traga um alto valor estético-visual,
apesar dos problemas ergonômicos, a
Cadeira Favela acabou por atingir, de
certa forma, as camadas populares da
sociedade brasileira. A trama, original-
mente desenvolvida em OSB (madeira
prensada produzida a partir de refugo
industrial) influenciou na criação de
embalagens de calçados e até no dese-
nho de uma linha de sapatilhas.
Ainda relacionando o designer com discurso X Realidade O forte apelo
o arquiteto, tem-se a levantar a ques- não reflete o processo de produção
[8]

no contexto original Campanha publicitária: a “Cadeira Favela” na Favela

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

dos casos, mas em ambientes pensados


de maneira aleatória, desprovidos de
A chamada um estudo das possibilidades de dispo-
Cadeira Favela, sição dos objetos no espaço. A realida-
de brasileira da habitação de interesse
criada pelos social está muito longe da adaptação
do espaço aos objetos disponíveis no
Irmãos Campana, mercado, portanto, cabe também ao
foi amplamente designer uma discussão com os profis-
sionais arquitetos durante a concepção
difundida pelo de projetos de tal natureza.
Tomando-se o fato de todo o ser hu-
mundo graças ao seu mano ser um designer (Potter), pode-se
falso apelo social. ainda pensar que o profissional atuan-
te nesta área, não informalmente, mas
aplicado a este fim, lida primordial-
[9] mente com a satisfação das fraquezas
humanas, já que constrói objetos e
dispositivos capazes de desenvolve-
rem tarefas impossíveis ou trabalhosas
para o homem em sua constituição
física e intelectual. Com base neste
pensamento pode-se pensar no de-
sign como objeto social, comprome-
tido com uma realidade econômica
singular como a brasileira. Pensar o
móvel brasileiro é, acima de tudo, con-
ceber cultura brasileira, já que este fará
parte do cotidiano do indivíduo. Ao
utilizar objetos inadequados o homem
tão referente à responsabilidade desse define características organizacionais
profissional. Corriqueiramente atribui- do seu dia-a-dia, determinando assim o
se ao arquiteto o sucesso ou a desgra- seu perfil de comportamento. A respon-
ça de uma dada unidade habitacional. sabilidade da produção de um móvel
Deve-se, no entanto, pensar na impor- adequado se faz ainda maior quando
tante responsabilidade dos equipa- se discute a função deste no conceito
mentos no bom desempenho da habi- de habitação. O projeto de mobiliário,
tação. Não se coloca à parte o fato de como qualquer fruto de criação é criti-
equipamentos de diferentes naturezas cável e certamente não satisfaz a todos
serem mal combinados em determina- os usuários, entretanto, deve-se buscar

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Capítulo 3

* Notas e 3.3 Parâmetros de análise da Moreira e Ernani Vasconcelos.


observações arquitetura de le corbusier Ao se pensar na arquitetura proposta
4. Por uma por Le Corbusier, tanto em seu Vers une
ara Le Corbusier (Vers une Archi- Architecture4 quanto no artigo A Arqui-

P
Arquitetura é a obra
mais completa de tecture, 1923), como para Lúcio tetura e as Belas Artes5 , pode-se notar
Le Corbusier. Costa, (Razões da Nova Arquite- que um dos principais objetivos do ar-
Discutem-se os prin- tura, 1936) a arquitetura se apóia neces- quiteto se trata da tese da máquina de
cipais aspectos das sariamente na definição racional do pro- morar6.
edificações. blema social e econômico a enfrentar, isto Deve-se atentar, ao se analisar a arqui-
5. Neste artigo, é, no programa e na utilização rigorosa da tetura proposta por ele, principalmente
L’Architecture et técnica e do cálculo. Deve-se discutir, en- para o aspecto ligado à funcionalidade
les Arts Majeurs, Le tretanto, a divergência de visões quando existente em sua obra. Através da eli-
Corbusier procura se observa o meio através do qual se faz minação do supérfluo, (apesar de não
discutir “les tend- a arquitetura que atenda às necessidade se deixar a importância da arquitetura
ences de l’architecture humanas. Para Costa, a arquitetura está clássica da antiguidade), Le Corbusier
rationaliste en raport muito além do “cálculo”; trata-se de uma propõe uma arquitetura sempre preo-
avec la collaboration intervenção movida pelo sentimento, cupada com a relação entre a mesma
de la peinture et de la que representa a intenção plástica do e as artes figurativas. Trata-se de uma
sculpture”. autor. Para Corbusier, a arquitetura está, convivência entre a produção do edifí-
6. Em Vers une depois do “cálculo”, armada de paixão e
Architecture, Le
Corbusier discute a
de lirismo. Apesar de divergirem no senti-
do da atuação do arquiteto frente a uma
Através da eliminação
produção de uma ar- problemática a ser resolvida, ambos esta- do supérfluo, (apesar
quitetura em série, re- belecem uma estreita relação entre o ato
lacionada à habitação. de projetar e a produção através de uma de não se deixar
Entende esta como
um equipamento a ser
intenção plástica.
Esta inter-relação existente entre es-
a importância da
utilizado pelo homem tes dois arquitetos mostra a real preo- arquitetura clássica
apresentando pratici- cupação dos mesmos com as mudan-
dade e funcionalidade. ças proporcionadas pelo movimento da antiguidade), Le
moderno. Para a interpretação feita em
7. Traduzindo o trecho
escrito por Le Corbusi- território nacional vale ressaltar a pre-
Corbusier propõe
er em L’Architecture et sença de Le Corbusier também no Bra- uma arquitetura
les Arts Majeurs sil, já que, como afirma Costa, foi neces-
“ornamentar ou não sário “chamar Le Corbusier para elaborar sempre preocupada
ornamentar, deco- um projeto para o edifício sede do novo
rar ou não decorar, Ministério da Educação”, antes de res- com a relação entre
enriquecer ou não
enriquecer, enobrecer
ponsabilidade de um grupo formado
por importantes arquitetos, tais como,
a mesma e as artes
ou não enobrecer”. Niemeyer, Reidy, Carlos Leitão, Jorge figurativas.

34 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

cio e os elementos que serão responsá- ruptura com a arquitetura até então
veis pela sua respectiva representação. desenvolvida, não deixa de valorizar a
Na foto abaixo, a Villa Savoye, em Poissy. importância da arquitetura clássica ou
Nota-se a alusão à obra de Mondrian renascentista. Trata-se da valorização, e
(foto) no reticulado do caixilho e a es- não da imitação. Este aspecto levanta a
colha das cores. seguinte indagação: “... orner ou ne pás
Le Corbusier, apesar de propor uma orner, décorer ou ne pas décorer, enrichir
[10]
ou ne pas enrichir. Ennoblir ou ne pas en-
nolir”7 .
Siegfried Giedion, em seu prefácio ao
livro de Henrique Midlin (Modern Archi-
tecture in Brazil, 1956), afirma que, sem
dúvida, “... a vinda de Le Corbusier para
o Brasil em 1936, ajudou as vocações
brasileiras a encontrar os seus próprios
caminhos” mas também adverte que “...
Le Corbusier tinha visitado muitos ou-
tros paises sem que nada resultasse, sal-
vo manchetes hostis nos jornais, como
aconteceu certa vez em Nova Iorque”.
Fato é que Le Corbusier não veio ao
Brasil para instituir um movimento, mas
[11]

artes x design Le Corbusier recria o reticulado de Mondrian nos caixilhos da


Ville Savoye Poissy, em Paris

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 35


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 3

sim para fortalecê-lo. Vem instituir sim perene. Através deste binômio “máqui-
conceitos novos no contexto ainda con- na-beleza” a estética corbusiana pro-
turbado da arquitetura moderna na- cura relacionar a “máquina de habitar”
cional. Trata-se do estabelecimento do com a “máquina de emocionar”.
conceito de purismo, no qual a beleza Corbusier defende, acima de tudo,
se trata de uma tentativa de identificar uma arquitetura cheia de intenção, com
aquilo que permanece no tempo, quan- propósito definido. O consumidor bra-
do a obra de arte (ou arquitetura) não sileiro de mobiliário popular, nada mais
mais corresponde a sua função social, quer do que emocionar as pessoas que
ou quando se perdeu o próprio conhe- freqüentam sua casa, numa tentativa de
cimento das condições técnico-constru- se posicionar socialmente a partir dos
tivas ou sociais que lhe deram origem objetos que possui. Deve-se ter sem-
e sentido: a capacidade de emocionar. pre em mente, ao projetar, que se está
Pode-se utilizar como exemplo ilustra- criando um ambiente a ser utilizado
tivo a esta idéia, sempre se levando em por homens e, desta forma, este deve

O consumidor brasileiro de mobiliário


popular, nada mais quer do que emocionar
as pessoas que freqüentam sua casa, numa
tentativa de se posicionar socialmente a
partir dos objetos que possui.
conta o fato de Le Corbusier valorizar a atender de maneira rápida e eficiente
arquitetura clássica, o dilema estabele- às necessidades apresentadas por este.
cido pelo arquiteto em relação ao Par- Trata-se do criar no sentido de satisfa-
tenon. O arquiteto, ao tentar descrever zer, sabendo-se sempre que o objetivo
esta importante obra emblemática da final desta Arquitetura produzida é o
antiguidade grega, defini-a como “uma de atender às necessidades humanas.
terrível máquina de emocionar”. Nesta discussão, Le Corbusier critica a
Pode parecer difícil uma associação relação clássica da arquitetura com o
do emocionar do Partenon com a ha- homem. Ele propõe uma produção ar-
bitação proposta por Le Corbusier, en- quitetônica atenta à escala humana do
tretanto, deve-se ater à relação descrita edifício para que o usuário possa ter a
pelo próprio arquiteto que trabalha os melhor percepção possível do espaço
conceitos de beleza mecânica e beleza que permeia.

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A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

[12]

máquina de habitar X máquina de emocionar Unidade de Habitação com


fachada decorada em cores primárias, Marselha, França
[13]

aproveitamento de espaço e cores primárias Sala de estar e de jantar da


“Casa A” de Le Corbusier em Neully-sur-Seine, França - 1955

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Capítulo 3

3.4 Le Corbusier: arquitetura e possibilidade da democratização da ha-


design pela funcionalidade bitação. Neste sentido, surge a seguinte
indagação, palavras do próprio, “... depois
alvez mais importante aspecto de se ter produzido nas fábricas tantos

T do pensamento corbusiano seja


a percepção de “... como são dife-
rentes os climas, diferentes as raças, dife-
canhões, aviões, caminhões, vagões, dize-
mo-nos: Não se poderia fabricar casas?”.
(Le Corbusier, 1960). Em continuidade,
rentes as culturas... e os homens, espalha- completa o arquiteto: “Se arrancarmos do
dos por todas as partes...”. (Le Corbusier, coração e do espírito os conceitos imóveis
1960). Neste trecho, proferido por Le da casa, e se encararmos a questão de um
Corbusier em 4 de junho de 1960 em ponto de vista crítico e objetivo, chegamos
Paris, pode-se notar a preocupação do à casa instrumento, casa em série acessível
arquiteto com a diversidade do mundo, a todos...”.
e, portanto, a necessidade da criação
também diversa, adaptada à realidade 3.5 A proposta de Le Corbusier
à qual será exposta. para o mobiliário
O pensamento de Corbusier que re-
laciona a arquitetura (de edifícios e ob- o pensar a habitação mínima,
jetos) às artes não se manifesta apenas
com relação à pintura e à escultura,
evidentemente as mais próximas. O de-
A Le Corbusier faz análises pa-
ralelas ao sistema biológico e
anatômico de funcionamento do corpo
nominador comum das manifestações humano. Traça então um perfil da mes-
artísticas propostas por Corbusier nasce ma através das seguintes ferramentas
da apreciação da música como elemen- de análise: um esqueleto para susten-
to proveniente de um pensamento artís- tar, enchimentos musculares para agir
tico de alta precisão. Segundo o arquite- e vísceras para alimentar e fazer fun-
to, a arquitetura e a música constituem cionar. Neste sentido, deve-se observar
as principais manifestações instintivas os croquis que o arquiteto compõem
da dignidade humana. Trata-se de uma como ilustração desta analogia.
analogia com o binômio matéria e espi- Aliado ao conceito biológico da habi-
ritualidade. Uma está contida na outra, e tação, Le Corbusier se preocupa ainda
vice-versa. Em meio a este contexto de com o conceito plástico, já discutido
artes e arquitetura ligadas intrinseca- quando exposta a influência das artes
mente surgem a funcionalidade e a in- em sua obra. Segundo ele, o biológico,
dustrialização como elementos respon- (entende-se biológico como o aspecto
sáveis pela possível deturpação deste relativo ao bom desempenho da habi-
conceito. A arquitetura proposta por Le tação), afeta o bom senso do homem,
Corbusier se define pela adaptação à in- enquanto que o plástico, estético, afe-
dustrial da produção da construção civil. ta a impressão captada pelos sentidos
O arquiteto vê na produção em série a humanos. Reunidos estes dois aspectos,

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A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

[14]

analogia da habitação com o sistema biológico humano


Esqueleto, músculos e vísceras são análogos à estrutura, cômodos e usuários

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Capítulo 3

[15]

tabela das áreas mínimas Le Corbusier perseguiu o ideal do espaço mínimo


de cada cômodo, e chegou à medida padrão de 57 m2

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A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

obtém-se o que o arquiteto chama de espaciais, definidores e cerceadores de


“emoção arquitetônica”. Tal emoção, no ambientes. Discute-se neste caso uma
entanto, não é formada na mente do ob- proposta de móveis como organizado-
servador e usuário apenas com relação res da habitação mínimas, pensados e
à constituição física do ambiente (pare- aprimorados intermitentemente, num
des, portas, caixilhos...), mas pelo con- processo de evolução contínua, através
junto formado pelo ambiente somado da avaliação do uso dos mesmos. O mó-
aos objetos que compõem efetivamen- vel, como qualquer elemento de consu-
te o espaço que o cerca. Le Corbusier mo constitui parâmetro de avaliação dos
chega ainda a propor cifras relativas às próprios homens em sua posição social.
áreas mínimas que cada ambiente que Para Corbusier (Précision, 1930), o mó-
integra o conjunto da habitação deve vel nada mais é que “... o meio pelo qual
apresentar. (na figura, croquis de estudo fazemos conhecer a nossa posição social”.
do arquiteto). Entretanto, deixa-se de lado a verdadei-
Ainda sobre a configuração da ha- ra vocação do objeto, discutida como a
bitação, indispensável para o enten- essência do trabalho do designer que
dimento do espaço sobre o qual será é a de fornecer ao usuário instrumento
incorporado o mobiliário, tem-se a cir- que transforme e facilite sua vida. Nesta
culação como um dos elementos que, busca, deve-se ter em mente primordial-
segundo Le Corbusier, determinam a mente o saciar da necessidade, seguido
boa ou má qualidade do espaço. Nes- de uma qualidade constitutiva satisfa-
te sentido, em um de seus croquis o tória. O mobiliário consiste em “... mesas
arquiteto expõe divisórias que seriam para trabalhar e comer, cadeiras para co-
aplicadas posteriormente à constru- mer e trabalhar, poltronas de diversas for-
ção, as quais comporiam no espaço de mas para descansar de diversas maneiras
apenas um dormitório tradicional, um e prateleiras para guardar os objetos de
conjunto formado por dois quartos e nosso uso”. As necessidades dos homens
um banheiro, como pode ser observa- evoluem, mas se mantém essencialmen-
do no croqui ao lado. te as mesmas. Os objetos e utensílios que
Tem-se assim um panorama geral do acompanham tais indivíduos devem ca-
pensamento corbusiano acerca da con- minhar em evolução paralela àquela das
figuração do espaço interno de uma ha- necessidades.
bitação de dimensões mínimas. Segundo Le Corbusier (Précision,
Le Corbusier contribuiu de maneira 1930), é possível encontrar um parâ-
bastante relevante com o pensamento metro médio dimensional para o dese-
de concepção do móvel aplicado ainda nhar de objetos de mobiliário. Sabe-se
hoje nos sistemas de fabricação em série. da existência de inúmeros catálogos er-
Segundo o arquiteto, não seria possível gonômicos que colocam padrões sobre
discutir a configuração do espaço inter- todo e qualquer objeto a ser projetado,
no da habitação apenas com elementos mas isto foi explorado por Corbusier

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Capítulo 3

[16]

relação entre cômodos Nesse croqui, Le Corbusier estuda a intersecção dos


usos entre os cômodos, e a circulação de usuários entre eles.

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[17]

* Notas e
observações

Legenda dos objetos:


1. Máquina de lavar
2. Varal
3. Baldes
4. Geladeira
5. Microondas
6. Fogão
7. Armário
8. Armário elevado
9. Mesa
circulação Unidade habitacional do conjunto Teotônio Vilela, no bairro de 10. Cadeira
Sapopemba, São Paulo. A proximidade das camas dificulta a passagem 11. Sofá
12. Estante
de maneira específica sobre o móvel e Le Corbusier critica a conformação 13. Poltrona
o equipamento interno à casa de tama- padronizada de um dormitório forma- 14. Cama
nho mínimo. Tendo todos os homens, em do por uma cama e um grande guarda- 15. Guarda-roupa
qualquer parte do mundo “... os mesmos roupa, combinado a uma imensa cômo- 16. Beliche
membros, em número, forma e proporção” da. Define este conjunto como um mau 17. Aparador
(Précision, 1930) torna-se possível a arranjo ineficaz. Na habitação mínima, 18. Planta
elaboração de uma parâmetro dimen- grandes móveis acabam por congestio- 19. Bicicleta
sional. Segundo o arquiteto, funções nar os espaços, dificultando o uso dos 20. Mesa de costura
padronizadas geram objetos padroniza- equipamentos e a circulação. Isto pôde 21. Carrinho bebê
dos, o que desencadeia uma reprodução ser verificado em unidades habitacio- 22. Berço
de dimensões padronizadas. nais mobiliadas pelos próprios usuários 23. Bicho de pelúcia

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Capítulo 3 / Capítulo 4

onde isto acontece. sição exposta por Le Corbusier, promo-


O arquiteto classifica os móveis, com vendo “rasgos” nas paredes, permitindo
exceção das cadeiras e mesas, como ar- aberturas para ambos os lados, alturas
mários. Ainda em 1929 Corbusier afirma diferentes. Nas fotos abaixo, exemplos
que “... os móveis dos marceneiros e dos de unidades habitacionais com moveis
comerciantes se opõem a uma solução de alvenaria.
econômica eficaz, pois obrigam a cons- Quando discute os aspectos envol-
truir casas grandes demais e complicam vidos na concepção de uma mesa, Le
a existência, impedindo a administração Corbusier, propõe uma solução versátil,
racional do ambiente doméstico”. (Pré- na qual se pode montar ou desmontar
cision, 1930) Este conceito pode ser o equipamento à medida que se neces-
aplicado de maneira bastante evidente sita. Trata-se de um conjunto de mesas
no contexto da habitação mínima bra- desmontáveis, as quais são constituídas
sileira, principalmente em metrópoles de tubos metálicos soldados em pontos
como São Paulo e Rio de Janeiro. Le Cor- estratégicos. Monta-se ou desmonta-se
busier apresenta uma série de croquis um módulo, à medida que surge a real
de móveis, explicitando suas funções necessidade de ampliação da mesa. Nes-
e pormenores. Estas análises em muito te caso, torna-se interessante notar que
contribuem no entendimento do estu- numa habitação mínima, o equipamento
do do desempenho de um objeto. retrátil pode representar uma diferente
Através da observação e do estudo caracterização de um mesmo espaço .
de móveis, Le Corbusier chega numa
modulação para ele eficaz, constituí- Através de seus
da de módulos de 75 centímetros de
largura e profundidade que varia em estudos, Le Corbusier
torno de 37,5 a 50 centímetros. O arqui-
teto sugere a construção de móveis de
chega à segmentação
alvenaria, que fariam parte da própria dos móveis para ele
parede, concebidos concomitantemen-
te à construção da moradia. Cabe neste eficaz, constituída
momento uma posicionamento crítico
em oposição a este conceito de Le Cor-
de módulos de
busier: o móvel de alvenaria, por ser fixo 75 centímetros
e inadaptável, acaba certamente por
cercear o livre arbítrio de ocupação por de largura e
parte do usuário, que deve opinar pelo
menos na forma de ocupação do espa- profundidade que
ço interno de sua moradia, de acordo
com as suas necessidades. Nota-se nos
varia de 37,5 a
croquis ao lado a tentativa de compo- 50 centímetros

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A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

4. Achilina Bardi
e a manufatura de
móveis no Brasil
” móvel no Brasil assume particu- entretanto, obteve-se um conjunto de

O lar importância a partir dos anos


30 com o assentamento das
idéias e polêmicas sobre os novos concei-
peças que em muito se assemelham ao
estilo art-deco.
A primeira experiência efetiva de uma
tos acerca da arquitetura moderna”. Com proposta inovadora de produção de mo-
esta afirmação, Percival Brosig situa o biliário em série no Brasil se deu através
momento no qual a produção brasileira da criação da Indústria Langenbach e
de objetos de mobiliário começa a ser Tenreiro8, marcenaria pioneira de artesa-
objeto relevante no conceito de explo- nato em série criada pelo artista plástico * Notas e
ração de uma proposta de design com português Joaquim . A grande revolução observações
características nacionais. A preocupa- causada pela loja revendedora dos arti-
ção moderna com uma nova configu- gos fabricados por Tenreiro se caracteri- 8. Tenreiro iniciou
ração do espaço arquitetônico, seguida sua trajetória no
de uma tentativa de se traçar caminhos
para se obter uma proposta concisa de
As propostas de design moderno em
Cataguases, uma
habitação que conciliasse os conceitos mobiliário como pequena cidade do
de áreas mínimas associadas a um bom interior, na Zona da
desempenho funcional, se faz bastante a de Warchavchik, Mata mineira. Declarou,
evidente no trabalho de Lina Bo Bardi.
Dentro de uma proposta de estudo e contribuíram em depoimento a
professora Dra. Maria
percepção da produção artesanal bra-
sileira, Lina consegue, aliando os con-
pouco para uma Cecília Loschiavo
dos Santos: (Móvel
ceitos extraídos de suas pesquisas, sub- mudança efetiva Moderno no Brasil,
sídio para a elaboração de um projeto 1995) “O meu móvel só
modular de mobiliário. nas características começou mesmo em
Deve-se notar que propostas de mo-
biliário como a de Warchavchik, arquite-
vernáculas do 1942, quando consegui
fazer por inteiro a
to responsável pelo projeto da primeira equipamento minha Poltrona Leve.
casa modernista brasileira, contribuíram Ela foi concebida
muito pouco para uma mudança efe- mobiliário. obedecendo a um
tiva nas características vernáculas do princípio que eu
equipamento mobiliário. Nota-se ainda zou pelo público que passou a consumir achava que deveria ser
que tal proposta se fez dentro de um seus móveis, não uma clientela de alto seguido pelos móveis
conceito de habitação de alto padrão, padrão como a de Gregori Warchavchik, modernos brasileiros:
repleta de salas e dormitórios, os quais mas um grupo de funcionários públicos a leveza. Leveza que
conservavam as características funcio- de nível médio, aberto à entrada de ino- não tem nada a ver
nais de um móvel característico de uma vações. Segundo Brosig (Mobiliário na com o peso em si, mas
residência de alto padrão da época. Habitação Popular, 1983), “... Tenreiro com a funcionalidade
Houve de certo modo uma tentativa de especializa-se em móveis modernos e só e graciosidade do
modificação estética e formal do objeto, então, tem-se a possibilidade de especu- espaço”.

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Capítulo 4

lar com liberdade o móvel contemporâ- veis modulados criada por Lina, a qual
neo brasileiro. Era uma firma artesanal, e se destaca por possuir características
até o seu fechamento, em 1968, Tenreiro bastante relevantes para o estudo do
mantém-se distante da indústria, uma vez mobiliário. O desenho destes móveis
que põe em dúvida a maneira como esta e foi elaborado no final da década de
o desenho industrial se colocam no Brasil”. 1950, com a finalidade de se disputar
O sistema de Tenreiro não caracterizava um concurso em Cantu. Segundo Bro-
efetivamente uma produção de caráter sig, “... apesar da proposta estar funda-
industrial, mas a reprodução artesanal mentada a nível cultural, ergonômico
de um mesmo objeto com o objetivo de e técnico-construtivo, as preocupações
revenda. acerca da industrialização encontra-se
Apenas com Lina Bo Bardi efetiva-se a num estágio muito preliminar”. Nota-se,
manufatura de móveis no Brasil. Entre- entretanto, que havia por parte de Lina
tanto, como no Brasil não existia uma a intenção de se produzir esta linha em
cultura de respeito à autoria de um de- série por meio de processos industriais.
terminado projeto, não se pode levar a A linha de móveis tem como elemen-
firma de Lina adiante, já que seus mo- to-base uma espécie de bumerangue
delos foram indiscriminadamente re- de madeira compensada. Na figura ao
produzidos e disseminados. lado arranjo das tais peças numa placa
Apresentar-se-á uma linha de mó- de compensado.

cadeira três pernas, de


joaquim tenreiro, 1954 Apenas com Lina
Feita a partir de pedaços de
madeira maciça. Bo Bardi efetiva-se
a manufatura de
móveis no Brasil.
[18]
Este foi estudado a partir da observa-
ção de caboclos que ficavam horas de
cócoras, sem se moverem. Esta tradição
vem dos índios, e acabou por gerar o
desenho de um banquinho, muito co-
mum nas fazendas de café do interior
paulista. Lina observou a relação exis-
tente entre a curvatura formada pelo
corpo sentado e a curva inferior da
perna correspondente ao joelho. Além

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[19]
“... apesar da
proposta estar
fundamentada a nível
cultural, ergonômico
e técnico-construtivo,
as preocupações com
a industrialização
encontram-se num
estágio preliminar”.
Persival Brosig, 1983 Chapa bem aproveitada Arranjo das
peças bumerangue em uma placa de
compensado de 1,20m por 1,60m
de desenhar a peça base, Lina fez ainda
[20]
um arranjo de corte de uma série de-
las em uma única prancha de madeira
compensada de 2,20m por 1,60m. A
partir desta peça, surge uma combi-
nação infinita de objetos compostos
a partir do módulo de compensado.
Pode-se verificar, no entanto, uma série
de problemas relativos à adaptação dos
móveis propostos à realidade industrial
de reprodução. Em alguns casos, como
por exemplo nos armários, Lina utilizou
o chamado elemento-base como pé, o
que não se faz recomendável quando
se trata de uma peça em madeira com-
pensada. Além disso, o estudo de apro-
veitamento da chapa de compensado
proposto seria muito mais adequado a
uma oficina artesanal que propriamen-
te à indústria.
Nas figuras a seguir, as primeiras com-
encaixe pouco trabalhado
binações geradas pela articulação dos O projeto de Lina, embora pioneiro,
módulos base. não chegou à etapa executiva

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Capítulo 4

[21]

linha completa ambientada As perspectivas de Lina exemplificam a aplicação


do módulo “bumerangue” em diversas peças de mobiliário.

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[22]

todas as vistas Os desenhos acima constituem vistas frontais e laterais de um


guarda-roupa e uma escrivaninha, dentro da proposta modular de Lina.

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Capítulo 5

5. O Sistema de
Fabricação de Móveis
Populares no Brasil
s linhas de mobiliário popu- siste no impacto visual da peça. Sem

A lar produzidas no Brasil têm


apresentado um rápido desen-
volvimento juntamente com o setor
entrar na discussão da eficiência ou não
do design das peças apresentadas ao
mercado, existe pelo menos uma pre-
industrial, estando cada vez mais au- ocupação por parte da indústria com
tomatizadas e equipadas eletronica- relação ao móvel produzido. A seguir
mente. Atualmente, o móvel artesanal a transcrição de um informativo da
se reduz a um inexpressivo setor de Fenavem9, acerca da preocupação dos
produção moveleira, vendido por altos designers das grandes fabricantes de
preços. Entretanto, apesar da automati- móveis no Brasil.
zação do processo industrial ter aumen- Para Fernando Cecchetti, designer da
tado a precisão, a rapidez e a qualidade Dellanno Móveis10, o cuidado com o
de execução, as indústrias de pequeno
e médio porte ainda utilizam métodos
convencionais, que dependem direta-
As máquinas mais
mente da ação do operário. modernas são
As grandes indústrias de móveis po-
* Notas e
observações pulares produzem, de maneira seria- importadas da Itália
da, grande quantidade de peças que
9. Feira Internacional apresentam alta precisão e velocidade, e Alemanha,
de Venda e Exportação
de Móveis
através do uso de máquinas semi-auto-
máticas. A nova geração de máquinas
principais fabricantes
10. A Dell Anno iniciou automatizadas e robotizadas está revo- de tecnologia.
suas atividades em 2 lucionando o setor. As máquinas mais
de setembro de 1985, modernas são importadas da Itália e Estes equipamentos
e ocupa hoje, uma
posição de destaque
Alemanha, principais fabricantes de tec-
nologia. Estes equipamentos auxiliam
auxiliam numa
no cenário moveleiro numa maior liberdade de projeto, já que maior liberdade
nacional. A empresa conseguem realizar cortes irregulares
tem uma política de antes impossíveis com equipamento de projeto
investimentos maciços convencional. Normalmente este tipo
nas áreas de pesquisa de dispositivo necessita de poucos ope- acabamento é uma estratégia eficiente
e desenvolvimento, radores, o que reduz expressivamente a para que as empresas possam conquis-
marketing, qualidade quantidade de empregos gerados pela tar novos nichos de mercado. “Buscamos
e atendimento ao con- indústria moveleira nacional. criar soluções flexíveis, considerando as
sumidor. Seu parque Nota-se, entretanto, que as empresas diversas situações econômicas existentes
industrial localiza-se do campo moveleiro buscam cada vez no país. O custo vai oscilar de acordo com
na cidade de Bento mais aprimorar o desenho dos móveis, a matéria-prima empregada, mas o con-
Gonçalves, no Rio já que o primeiro fator que influencia a ceito de modulação é mantido em todas
Grande do Sul. compra por parte do consumidor con- as peças”, diz.

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Marcelo Castro, coordenador de mar ao produto nacional são os Estados


keting da Movelar11 , explica que a intro- Unidos. De acordo com Barros, mesmo
dução do design no móvel popular não com a exigência dos consumidores as
aumenta seu custo de produção. “O gasto indústrias brasileiras têm se destaca-
é o mesmo. Em contrapartida, o cliente do. “Os americanos são conservadores
ganha uma opção incrementada por um
preço acessível.”
As exportações são mais uma realida-
“A falta de produtos
de para os fabricantes de móveis brasi- gira em torno
leiros. Os últimos 3 anos têm se mostra-
do melhor lá fora do que no mercado de materiais
interno. Para a Associação das Indústrias
de Móveis do Estado do Rio Grande do como chapas de * Notas e
observações
Sul (Movergs12), o bom desempenho aglomerados. Esse
das empresas nacionais é tão significa- 11. O parque industrial
tivo que já há uma pequena defasagem fator tem motivado Movelar ocupa uma
no abastecimento de matérias-primas. área de 300.000 m2,
“Ainda temos como trabalhar, mas a abertura de outras sendo 47.000 m2 de
houve uma movimentação que surpreen-
deu os fornecedores. A falta de produtos
empresas que área construída. Possui
35 anos de experiên-
gira em torno de materiais como chapas poderão fortalecer cia na fabricação dos
de aglomerados. Por outro lado, esse fa- móveis.
tor tem motivado a abertura de outras nosso setor” Paulo Barros 12. Associação das In-
empresas que poderão fortalecer ainda dustrias de Móveis do
mais nosso setor e melhorar a concor- e tivemos que nos adequar a isso. Os Estado do Rio Grande
rência”, afirma o presidente da Movergs, móveis seguem o estilo country enve- do Sul. A sede da
Paulo Renato Paes de Barros. lhecido e detalhadamente trabalhados”, MOVERGS localiza-se
Apesar das boas notícias vindas do afirma. A Movergs, além do incentivo em Bento Gonçalves,
mercado exterior, Barros ressalta que à exportação, também investe em tra- região serrana do Es-
na Europa, um dos principais focos da balhos junto aos fabricantes para que tado, a 120 Km da capi-
indústria brasileira, ocorreram alguns o produto destinado ao consumidor tal, Porto Alegre. Este
problemas pelo fato da desvalorização brasileiro tenha qualidade compatível município é o principal
da euro (moeda local) e, conseqüente- com o exportado. “Os 260 associados da fabricante de móveis
mente, os móveis nacionais ficaram ca- entidade, em sua maioria das cidades do do Rio Grande do Sul. A
ros. “Mesmo com esta oscilação, a Europa alto da serra gaúcha, já empregam um entidade surgiu devido
é um bom mercado e por isso devemos trabalho diferenciado para o mercado a uma necessidade de
buscar a especialização para oferecer o nacional. Hoje temos mais preocupação buscar soluções para
material diversificado aos consumidores”, com o design, durabilidade e com o mate- problemas comuns,
diz o presidente. rial utilizado. Mesmo o consumidor mais que afetavam diversos
Outro país que tem sido receptivo humilde, atualmente pode comprar um fabricantes de móveis.

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Capítulo 5

móvel popular com qualidade superior”, pre visando um menor desperdício. As


completa Barros. dimensões usuais destas superfícies
Com estes depoimentos acima ex- giram em torno de 1,83m X 2,75m. Já
postos, pode-se entender a preocupa- existem softwares específicos para a ela-
ção dos designers ligados à indústria boração de esquemas de corte das pe-
de móveis com relação à aparência das ças gerando um maior aproveitamento.
peças produzidas. Este fato, entretan- Através deste trabalho surgem os prin-
to, não assegura ao móvel produzido cipais componentes do móvel popular:
uma eficiência com relação ao uso para laterais, bases, prateleiras, tampos e fun-
o qual este se propõe, sendo o móvel dos. Em seguida, as peças idênticas são
muitas vezes agradável aos olhos do agrupadas para que o acabamento dos
consumidor, mas inadequado ao uso cantos seja feito também em larga es-
numa habitação característica de baixa cala, através da pintura ou revestimen-
renda. to de grupos de peças, unidas proviso-
riamente. As peças são fixadas entre si
através do uso de parafusos ou cavilhas.
O projeto de Somente os fundos, último componen-
móveis populares te a ser fixado, tem a sua adesão feita
por pregos ou grampos, já que não ne-
se baseia, cessitam de uma resistência tão grande
quanto a de outros dispositivos estru-
primeiramente, num turais. A fixação do fundo dada por tais
aproveitamento elementos dificulta a desmontagem do
móvel e geralmente impede que estes
quase que absoluto apresentem qualquer modulação. Em
ambientes reduzidos como os da ha-
das placas de bitação popular este aspecto dificulta
bastante a adaptação do objeto com
aglomerado, MDF relação ao espaço. Muitas vezes o fundo
ou chapas duras dos móveis populares, como medida de
redução de custos, é feito com chapas
de fibra de madeira. duras de fibra de madeira sem qualquer
tipo de revestimento ou proteção, o que
O projeto de móveis populares se acelera a deterioração do móvel.
baseia, primeiramente, num aproveita- A fixação das portas é feita através do
mento quase que absoluto das placas parafusar de dobradiças, geralmente
de aglomerado, MDF ou chapas du- metálicas na lateral do móvel. O maior
ras de fibra de madeira. Para que haja problema, entretanto, consiste na fixa-
tal aproveitamento, estuda-se o corte ção destes dispositivos em placas de
destas placas em outras menores, sem- aglomerado, inadequado para conten-

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ção de acessórios sob pressão. As do- constitui o principal fator de deprecia-


bradiças, quando não fixadas por para- ção do mesmo. A junção de peças de
fusos, são colocadas em orifícios pouco aglomerado, por exemplo, deveria ser
menores que o diâmetro da mesma, feita através do uso de parafusos com
simplesmente sob pressão. Com o tem- buchas, entretanto, geralmente como
po, à ação da umidade e o uso constan- medida de redução de custos, utiliza-se
te a dobradiça se desprende da porta diretamente o parafuso desprovido das
tornando o móvel descartável.
Outro importante componente
que apresenta diversos problemas na A junção de peças
composição de móveis populares é
o tampo. Principalmente em móveis
de aglomerado
de cozinha, raramente apresentam a deveria ser feita com
resistência esperada. No caso de bal-
cões, a ação da umidade (comum nas parafusos e buchas
áreas molhadas da habitação, como
a cozinha) danifica rapidamente esta especiais, entretanto,
peça, muitas vezes desprovida do re-
vestimento adequado, resistente a
geralmente utiliza-
riscos, umidade, abrasão e calor. Estes se diretamente o
dispositivos, quando executados em
aglomerado, apresentam desempenho parafuso desprovido
ainda pior.
No caso das gavetas, o painel frontal
da proteção, o que
geralmente é executado em aglome- diminui a resistência.
rado, sendo os laterais constituídos de
madeira maciça ou MDF. Atualmen-
te, tornou-se comum o uso de trilhos buchas. Cavilhas e parafusos auto atarra-
deslizantes nas laterais, fator bastante chantes atribuem ao móvel o caráter de
explorado na publicidade como sinôni- imutabilidade, sendo estes impossíveis
mo de alta qualidade. A vulnerabilida- de serem desmontados. A imagem do
de, entretanto, se faz no próprio painel móvel popular é muitas vezes compro-
frontal, geralmente de aglomerado. A metida pela sua incorreta fixação e ina-
fixação do puxador (na maioria das ve- dequada industrialização. Lamentavel-
zes centralizado) através de parafusos mente, por falta de informações sobre as
acaba por ser o primeiro dispositivo a matérias-primas empregadas e tentativa
inutilizar a gaveta. O aglomerado resis- de barateamento dos custos de produ-
te pouco a perfurações, estando o pu- ção, a baixa qualidade do produto é as-
xador rapidamente “frouxo”. sociada ao material, criando uma rejeição
A fixação das peças no móvel popular por parte dos lojistas e consumidores.

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Capítulo 6

6. A matéria-prima
do mobiliário
popular no Brasil
esta etapa do trabalho, anali- eram aglomerados e refundidos dan-

N sam-se os principais materiais


que compõem o móvel po-
pular brasileiro, com o objetivo de se
do origem a novas placas do metal. Da
mesma forma, descobriu-se que a ser-
ragem, pó resultante do corte da ma-
compreender os processos produtivos deira, poderia desde que submetida à
das peças. Neste capítulo, explorar-se-á alta pressão, ser reduzida em madeira
o processo de fabricação dos três prin- sólida ou fibra de madeira. O processo
cipais elementos constitutivos do mó- utilizado na produção das placas de
vel popular brasileiro: as chapas duras aglomerado segue a seguinte ordem:
de fibra de madeira, o aglomerado e o picar, reaglutinar, adicionar elemen-
MDF (medium density fiberboard). tos químicos, obter uma pasta, resfriar,
Por possuir um grande potencial flo- moldar e beneficiar. A produção deste
restal, talvez o maior do mundo, o Bra-
sil tem como característica específica
da sua indústria moveleira a utilização
As principais espécies
da madeira como principal fonte de utilizadas são o
matéria-prima.
Entretanto, a partir de 1965, com o có- pinus, o eucalipto,
digo florestal, o governo federal iniciou
uma política de incentivo à criação de e, em menor escala,
áreas de reflorestamento, utilizando
principalmente espécies de crescimen-
o pinheiro-do-
to rápido, sendo estas nem sempre as paraná. No Estado
mais adequadas para a produção de
móveis, mas sim para a produção de de São Paulo, o
celulose. As principais espécies utiliza-
das são o pinus, o eucalipto, e, em me-
reflorestamento pelo
nor escala, o pinheiro-do-paraná. plantio do eucalipto
No Estado de São Paulo, o reflores-
tamento pelo plantio do eucalipto tem sido o principal.
tem sido o principal. Com ele se pro-
duz celulose, chapas duras de fibra tipo de matéria-prima moveleira se
de madeira, madeira aglomerada e deu através do período de expansão
outros derivados. Iniciou-se então, a econômica mundial de mercados com-
partir a década de 60, a produção das preendida entre as décadas de 1970 e
chamadas chapas de fibras de madei- 1980. A fabricação da chapa dura é ob-
ra, denominada internacionalmente tida, segundo a Associação Brasileira
de hardboard. Esta técnica teve início de Normas Técnicas (ABNT), através da
através da observação do reaprovei- “... prensagem a quente sob certas con-
tamento dos resíduos do ferro. Estes dições de temperatura e pressão, que

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reativam os aglutinantes naturais da de gavetas e armários, bem como em


madeira.” outros locais que exigem pouca espes-
Para um melhor entendimento do sura. Este material não possui caracte-
processo de produção da chapa dura, rísticas estruturais para o móvel, sendo
descrever-se-á o mesmo seqüencial- utilizado apenas no preenchimento de
mente. Em primeiro lugar, abatem-se as
árvores cortadas em comprimento fixa-
do como medida de transporte, sendo
O uso das chapas
estas levadas em seguida para as fábri- duras de fibra em
cas. Lá, permanecem ao ar livre para a
secagem natural das toras. Em seguida, fundos de armários
são levadas até o picador, onde são re-
duzidas e transformadas em cavacos. apresenta um
Este passa por um processo de desfi- bom desempenho,
bramento, de forma mecânica, através
da utilização de grandes discos de mo- diferentemente
agem. Ocorre então a homogeneização
das fibras, tanto em tamanho como da colocação em
na forma. O aglutinamento ocorre em
grandes tanques onde são misturadas
prateleiras ou
as fibras com alta proporção de água. O qualquer dispositivo
aglutinante esta naturalmente presen-
te na composição original da madeira, horizontal.
sendo este denominado lignina. Em
seguida esta pasta é espalhada sobre vazios que exigem pouca resistência,
um esteira contínua onde é realizada somente a título de vedação. O aca-
uma prensagem à quente, sobre uma bamento destas chapas de pouca es-
tela especial. Esta prensagem é feita a pessura geralmente é feito através de
uma temperatura aproximada de 200oC. pintura ou revestimentos melamínicos
Após a eliminação de toda a água con- (lâmina de madeiras específicas que
tida nas chapas devolve-se ao material apresentam espessura bastante redu-
uma umidade relativa de 7%, corrigin- zida, em torno de 0,5 a 1 mm). O uso
do assim a quantidade de água contida deste tipo de material em fundos de
no material. Posteriormente realiza-se armários apresenta um bom desempe-
o corte nas dimensões desejadas pelos nho, diferentemente da colocação des-
fabricantes de móveis. Estas placas re- tas chapas em prateleiras ou qualquer
cebem, como acabamento, revestimen- dispositivo horizontal que deva apre-
tos plásticos, pinturas ou fórmicas. sentar maior resistência.
A chapa dura de fibra é geralmen- A indústria moveleira utiliza estas
te utilizada na composição de fundos chapas para a produção dos chamados

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Capítulo 6

painéis semi-ocos, compostos por uma pinturas (tintas e vernizes).


moldura em madeira íntegra (geral- O aglomerado, diferentemente das
mente pinus) e centro em chapa dura, chapas duras de fibra de madeira, é
muito utilizados em móveis populares. utilizados em todas as partes que com-
Nas partes estruturais dos móveis, uti- põem o móvel: laterais, fundos, portas,
lizam-se as chamadas chapas compos- bases e prateleiras.
tas, resultado de uma intercalação de O MDF, medium density fiberboard,
duas chapas de fibra de madeira e uma é o que existe de mais novo em mate-
tábua interna de pinus. riais utilizados na fabricação de moveis
Outro importante elemento de cons- populares no Brasil. A qualidade e a re-
tituição dos móveis populares são as sistência deste material surpreendem,
famosas chapas de aglomerado, distin- quando comparado ao aglomerado e
tas daquelas de fibra de madeira. Este
material tem um processo de produção
bem antigo, iniciado em território nor-
A madeira utilizada
te-americano em 1933. No Brasil esta na fabricação do
técnica surge em 1965, no Rio Grande
do Sul. O aglomerado utiliza também MDF também é
madeira de reflorestamento como
fonte de matéria-prima. Utiliza-se para proveniente de áreas
esta produção, além do eucalipto e do
pinus, a acácia e a bracatinga. O pro-
reflorestadas, sem
cesso de produção do aglomerado em a casca da árvores.
muito se assemelha àquele das chapas
duras de fibra de madeira. Entretanto, Pode ser fabricado
no momento da constituição da pasta
adiciona-se cola, para a aglutinação. A
também a partir de
resistência do aglomerado é definida resíduos de serrarias
justamente pelo tipo de resina sintética
aglutinante (cola), utilizada. Adiciona-se e cavacos.
juntamente com esta cola substância
que dificultam a proliferação de fungos, às chapas duras de fibra de madeira.
muito comuns em móveis que possuem A madeira utilizada na fabricação do
este material como principal elemento MDF também é proveniente de áreas
constitutivo. reflorestadas. Pode ser fabricado tam-
Os revestimentos para aglomerado bém a partir de resíduos de serrarias e
mais utilizados no Brasil são semelhan- cavacos. As madeiras são geralmente
tes àqueles das chapas de fibra de ma- descascadas para diminuir a quantidade
deira. São eles: fórmicas, chapas de ma- de silício contida no material. Depois de
deiras nobres, revestimentos plásticos e triturada a madeira é submetida à alta

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pressão e temperatura, antes do proces- material uma propriedade antifogo. Para


so de prensagem. Desta forma, reduz- aplicar a mistura sobre a fibra da madei-
se o índice de contrações mecânicas, ra aplica-se a mesma em forma de gotí-
amolecendo a madeira. Desta forma, a culas misturada a quantidade significati-
placa de MDF resistira melhor a ação da va de vapor d`água sob pressão. Depois
umidade. A mistura colante que promo- de colada a placa passa por um secador.
ve o aglutinamento, diferentemente do Em seguida passam por uma prensa ou
aglomerado e da chapa dura de fibra de calandra, sendo posteriormente e subi-
madeira, é feita antes de se colocar em tamente resfriados. O MDF proporciona
contato com os cavacos. Depois de ela- um grande avanço para a indústria mo-
borada a mistura, (cola mais aditivos), veleira, pois apresenta características de
adiciona-se substância com uma baixa trabalho muito semelhantes àquelas da
taxa de formaldeido, o que confere ao madeira maciça.
MDF (medium density fiberboard osb (oriented strand board)
[23] [24]

chapa de aglomerado chapa de compensado


[25] [26]

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Capítulo 7

7. Panorama da
indústria de móveis

7.1 aspectos principais entretanto, que as dimensões destes


conjuntos de móveis disponíveis no
abe-se que o setor moveleiro mercado dificilmente se adaptam ao

S internacional tem passado por


mudanças de extrema impor-
tância para o entendimento das carac-
modelo de habitação proletária exis-
tente nos principais centros urbanos
brasileiros.
terísticas intrínsecas no móvel resulta-
do do processo da linha de montagem.
A incorporação e a imposição das no-
A incorporação e
vas tecnologias que ao mesmo tempo a imposição das
dinamizam e restringem a capacidade
criativa do profissional ligado à ativi- novas tecnologias
dade projetual, constituem interessan-
te paradoxo a ser analisado ao se bus-
que ao mesmo
car entender a problemática referente tempo dinamizam
à queda da qualidade do móvel apre-
sentado ao mercado consumidor nos e restringem a
últimos anos.
A introdução de equipamentos que
capacidade criativa
aceleram a produção das peças que do profissional
virão a constituir os móveis a serem
produzidos acaba por gerar uma gran- ligado à atividade
de fonte matriz reprodutora indiscri-
minada de peças padrão que gerarão projetual, constituem
por sua vez móveis também padroni-
zados desprovidos de criatividade. Por
interessante
este motivo, muitas vezes os móveis paradoxo a ser
comercializados são inadequados ao
contexto das mais diversas formas de analisado ao se
habitação existentes no Brasil.
A indústria moveleira movimenta
buscar entender
atualmente cerca de 400 milhões de a problemática
dólares anualmente em todo o mer-
cado mundial. Diante deste panora- referente à queda da
ma, pode-se começar a entender os
motivos pelos quais existe hoje no
qualidade do móvel.
mundo um pequeno grupo de objetos
extremamente parecidos entre si que Segundo Ana Paula Fontenelle Go-
contribuem para uma padronização rinni (Panorama do Setor Moveleiro
do layout da habitação. Deve-se notar, no Brasil, 1998), em seu A Indústria de

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Móveis do Brasil, “a indústria de móveis tes constitutivas da peça de mobiliário


se caracteriza pela reunião de diversos fornecidas por diferentes indústrias
processos de produção, envolvendo di- especializadas à montadora efetiva do
ferentes matérias-primas e uma diversi- produto. Nota-se que com a escassez
dade de produtos finais, e pode ser seg- de madeira de boa qualidade na natu-
mentada, principalmente, em função dos reza, tornou-se muito comum a prática
materiais com que os móveis são confec- do reflorestamento voltado à produção
cionados (madeira, metal e outros), assim do móvel, antes praticado apenas pela
como de acordo com os usos a que são industria de celulose.
destinados. Além disso, além de aspectos A etapa final da produção do móvel,
técnicos e mercadológicos, as empresas, entretanto, não se trata de algo tão de-
em geral, são especializadas em um ou senvolvido. Nota-se que apesar de ha-
dois tipos de móveis, como, por exemplo, ver um alta tecnologia empregada no
de cozinha e banheiro, estofados, entre processo de fabricação de cada uma
outros”. A autora separa os móveis de das peças que serão utilizadas na pro-
madeira (maioria) em dois grandes gru- dução do móvel, o processo de monta-
pos sendo estes, respectivamente, reti- gem do mesmo ainda permanece preso
líneos e torneados. Os primeiros, lisos, a um processo artesanal de realização.
apresentam desenho bastante simples Prontas as partes constitutivas do obje-
dotados de linhas retas constituídos, to, cabe a um funcionário a montagem
principalmente, por placas de aglome- do móvel, muitas vezes realizada inclu-
rado, compensado, ou medium-density sive no local de instalação do mesmo.
fiberboard (MDF). Os segundos reúnem
detalhes mais elaborados no sentido
de apresentarem conformação híbrida Com a escassez
onde coexistem formas curvas e retas e
é utilizada a madeira maciça provenien-
de madeira de
te de áreas reflorestadas. boa qualidade na
Além da desenfreada automatização
dos equipamentos industriais das prin- natureza, tornou-
cipais partes que compõem o móvel,
existe ainda o importante fator da seg-
se comum a prática
mentação da linha de montagem. Este do reflorestamento
compreende uma divisão, muitas vezes
internacional, das etapas de produção voltado à produção
de cada um dos elementos que consti-
tuem o objeto. Dobradiças, puxadores, do móvel, antes
cabideiros, canaletas corrediças, supor-
tes para prateleiras, espelhos, dentre
praticado apenas pela
outros, se tratam de exemplos de par- indústria de celulose.

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Capítulo 7

Este aspecto encarece de maneira dias empresas eram responsáveis pela


decisiva o preço final do objeto. Para produção de 80% de todo o móvel fa-
solucionar este problema, nota-se a bricado no Brasil. Hoje, entretanto, este
presença, principalmente nos Estados quadro se encontra em ligeira mudança.
Unidos, do sistema “do it yourself” (faça Com a difusão das grandes redes de lo-
você mesmo) no qual o próprio consu- jas por todo o território nacional estas,
midor recebe as partes do móvel e o por utilizarem fornecedores exclusivos,
monta em sua casa, o que barateira de acabam por determinar também os fa-
forma visível o valor final do produto. bricantes destes móveis em todo o país.
No sentido de suprir a necessidade de A tendência do momento é q especiali-
um móvel adequado, acessível e de fácil zação de algumas empresas que prova-
uso, Elvira de Almeida Alquéres propôs velmente formarão cartéis de indústrias
em 1974 um “Sistema Integrado de
Pré-Fabricação e Auto-Construção de
Móveis”. Neste sistema é criada uma sé-
Para solucionar
rie de produtos que podem ser monta- este problema,
dos pelo próprio usuário. Desta forma,
o custo da mercadoria diminui sensivel- nota-se a presença,
mente. Estes móveis seriam modulados
abrindo a possibilidade de adaptação principalmente nos
em qualquer ambiente, simplesmente
adicionando ou subtraindo módulos de
Estados Unidos,
uma estante, por exemplo. Este projeto do sistema
foi baseado no sistema norte-america-
no “Do it yourself” . “do it yourself”
Nesta pesquisa, optou-se por analisar
principalmente o sistema de produção
(faça você mesmo).
de móveis verificado no Brasil. Deve-se
observar, no entanto, a necessidade de moveleiras, como se verifica em países
se comparar características exclusivas desenvolvidos, como Alemanha e Itália.
do processo brasileiro em relação aos Por serem as redes varejistas poucas e
demais paises que produzem móveis estas espalhadas por todo o país, nota-
em larga escala. A indústria moveleira se que há uma tendência destas centra-
no Brasil se caracterizava inicialmente lizarem fornecedores específicos, que
por um conjunto de fábricas de peque- caracterizarão, provavelmente, as gran-
no e médio porte localizadas em pontos des empresas moveleiras de um futuro
estratégicos próximos a fontes de ma- não muito distante. Produz-se ainda
téria-prima e mercado consumidor. Por numa única região do país, entretanto,
este motivo, estão próximas ao sudeste. distribui-se estes móveis por todo o Bra-
Até o ano de 1996, estas pequenas e mé- sil. Este fato, além de contribuir com a

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padronização do móvel e a reprodução resina sintética para formar um colchão


indeterminada de modelos repetitivos que, pela ação controlada de calor, pres-
pelas diferentes regiões do país, acaba são e umidade, transforma-se na placa.
por gerar uma grande demanda sobre Encontram-se também algumas peças
um número restrito de empresas. Fez-se executadas em compensado, estas mais
então necessário, também no Brasil, o escassas e de maior qualidade. Este se
emprego de novas tecnologias no setor trata de um conjunto de placas de ma-
moveleiro de baixo custo. Na década de deira coladas sucessivamente alternan-
90 foram trazidos equipamentos de alta do-se o sentido das fibras. Atualmente,
tecnologia provenientes da Alemanha seguindo uma tendência mundial, está
e da Itália que aceleraram a produção sendo empregada uma nova técnica de
de móveis de maneira bastante eficien- fabricação de placas, estas denomina-
te. Nota-se ainda que o Brasil, em detri- das, medium-density fiberboard, obtida
mento dos demais países produtores a partir de fibras de madeira aglutina-
de móveis em larga escala, ainda sofre das com resinas sintéticas submetidas
com a ineficiência das indústrias forne- a um calor e pressão específicos, resul-
cedoras atrasadas tecnologicamente, tando numa rigidez equiparada a de
que acabam por aumentar o custo dos uma placa de madeira maciça. Esta, ao
componentes do móvel, o que encare- contrário do aglomerado, apresenta
ce o produto final. boas condições de durabilidade, pois
não sofre diretamente com a ação da
7.2 localização da indústria umidade.
Durante a análise das peças de mo-
A indústria de móveis no Brasil se lo- biliário disponíveis no mercado, veri-
caliza, principalmente, junto à região ficou-se que a grande maioria de mó-
Sudeste. O principal Estado produtor de veis destinados aos dormitórios são
móveis é Minas Gerais, sendo a cidade fabricados em aglomerado. Estas placas
de Ubá aquela que apresenta o maior são revestidas posteriormente por fil-
número de empresas concentradas. mes plásticos ou celulósicos que, com
As difundidas Cozinhas Itatiaia, líderes a ação do tempo, umidade relativa do
no seguimento de móveis populares, ar e uso acabam por não mais aderirem
são produzidas nesse município desde à superfície sobre a qual foram coloca-
1965. Pode-se dizer que a produção na- dos originalmente. Sobre estas placas
cional é suficiente para suprir às neces- de aglomerado revestido costuma-se
sidades do país. ainda adicionar adornos de plástico
A grande maioria do móvel popular que buscam uma aparência de madei-
brasileiro é produzida a partir do uso de ra, pregados ou parafusados às placas.
placas de aglomerado, painel formado Por ser o aglomerado pouco resistente
através da redução da madeira em partí- à parafusos e pregos, rapidamente pe-
culas que são depois impregnadas com ças como dobradiças, cabideiros, puxa-

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Capítulo 7

dores e carretilhas começam a se soltar. ficadas ao se percorrer qualquer uma


Este aspecto acaba por inutilizar o móvel das bastante difundidas lojas de móveis
popular brasileiro pouco tempo depois populares no Brasil. Com relação às co-
deste ter sido adquirido. Existem alguns zinhas nota-se que além das opções em
exemplares no mercado, estes possuin- aglomerado ou MDF existem móveis
do um valor mais elevado em relação aos disponíveis em aço. Esta se trata de uma
de aglomerado, feitos em placas de MDF. interessante solução, indicada a locais
Nota-se que o mais comum de se en- onde não há umidade excessiva. Muito
contrar se tratam dos móveis mistos, nos mais resistente que placas de aglome-
quais se alternam placas de aglomerado rado, as placas de aço são destruídas
e MDF. No local onde deve ser afixado um apenas pela oxidação. Estas recebem,
espelho, por exemplo, opta-se pela placa entretanto, um tratamento através de
de MDF, já que esta resiste mais à ação do óxido de ferro e tinta esmalte, que pro-
parafuso. tegem o móvel da água. Além disso, so-
No caso das camas, muitas vezes a luções de projeto com pés que mantém
cabeceira é feita em tubos metálicos o corpo do móvel elevado solucionam
ou madeira maciça. Nota-se, entretan- problemas como o contato da parte
to, que na maioria dos casos o estrado inferior do móvel com a água utilizada
é feito a partir de ripas de pinus. Esta para a higienização do piso da cozinha.
madeira, apesar de ser usada de forma
maciça, não apresenta a resistência de-
sejável já que além de mole, é cortada
Muito mais
em placas de um centímetro de espes- resistente que placas
sura. Este fator também pode ser verifi-
cado em cabideiros, na parte interna de de aglomerado, as
guarda-roupas. Geralmente, estes apre-
sentam peças de plásticos parafusadas
placas de aço são
à parede interna do móvel (geralmente destruídas apenas
de aglomerado) e sobre estas peças é
apoiada uma peça cilíndrica tornea- pela oxidação. Estas
da em pinus maciço. Ambas as peças,
tanto o cilindro quanto aquelas que o
recebem, entretanto,
sustentam (plásticas) não suportam o um tratamento
peso das roupas dependuradas. Caso
este conjunto resista, este pode ainda através de óxido de
romper no local onde são parafusadas
as peças de fixação do cabideiro, pois ferro e tinta esmalte
estas estão sobre uma placa de aglo-
merado.
que protegem o
Estas características podem ser veri- móvel da água.

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[27]

parque industrial da itatiaia móveis O complexo está localizado na cidade


de Ubá, em Minas Gerais, e ocupa uma área de 350.000 m2
[28]

funcionário operando aparelho A tecnologia de cortes e beneficiamento


das chapas vem da Alemanha e Itália

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* Notas e
observações

Conjunto de
estofados Casas Bahia.
A tradicional dupla
de sofás 2 e 3 lugares
tem a estrutura de
madeira reflorestada
do tipo pinus.

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009
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Capítulo 8

8. O interior da
habitação popular

8.1 o grupo de análise nização dos objetos dentro do espaço


habitacional.
grupo de consumidores dos Um grupo de 431 leitores foi analisa-

O móveis populares vendidos em


larga escala no Brasil é princi-
palmente formado pela chamada Clas-
do e através dele uma série de questões
foi levantada com objetivo de melhor
entender as necessidades desses indi-
se C. Ao longo dos últimos anos, com a víduos. O canal estabelecido para a ex-
ascenção social e o enriquecimento da posição dos problemas foi o Serviço de
população brasileira, o mercado tem se Atendimento ao Leitor. Através dele, os
preocupado cada vez mais com essa leitores enviam perguntas que são res-
fatia de consumidores em potencial. pondidas pelo arquiteto responsável
Fábricas de produtos de beleza, per- pela Editoria de Casa e Decoração.
fumaria, automóveis e muitos bens de
consumo tem desenvolvido projetos
específicos para essa faixa social, em
Um grupo de 431
pleno fortalecimento nos dias de hoje. leitores foi analisado
Para a análise dos móveis populares e
da inserção dos objetos no contexto da e através dele uma
habitação, toma-se por análise tal gru-
po, que possui renda familiar que oscila série de questões
entre os R$ 726,26 a R$ 1194,53 mensais,
segundo o IBGE (2008).
foram levantadas com
o objetivo de melhor
8.2 dados relativos
ao grupo de análise aproveitar os espaço
sta pesquisa teve sua aplicação
em que habitam.
E prática através do trabalho da
Editoria de Casa e Decoração do
Núcleo das Revistas Semanais de Alto
Ao longo dos meses (o trabalho tem
sido desenvolvido desde 2006) perce-
consumo da Editora Abril S/A, uma das beu-se que a necessidade ou principal
maiores casas de edição do mundo. O queixa desse grupo está ligada exata-
grupo para o qual se destinam essas mente à organização dos objetos nos
publicações é especificamente femini- cômodos. Assim, paralelamente às res-
no e de Classe C, seguindo os padrões postas diretas aos leitores, criou-se uma
de renda colocados acima. Através de sessão dentro da publicação AnaMaria
pesquisas sucessivas, visitas de campo (voltada para mulheres de 35 a 45 anos,
e um projeto de “Invasão à domícilio”, de Classe C). Nesse espaço, expoe-se
pode-se delinear o perfil desse merca- uma série de soluções voltadas, prin-
do e analisar especificamente a orga- cipalmente, ao melhor aproveitamen-

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A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

to dos espaços. Algumas das matérias São Paulo.


publicadas com conteúdo produzido O ponto culminante da proposta de
exclusivamente para essa faixa social, uma “Educação” dos leitores com rela-
fato inédito dentro das publicações ção à decoração de espaços reduzidos
periódicas brasileiras, serão anexadas a foi a criação de um Curso de Decoração
este trabalho. publicado em 10 fascículos que ensi-
Num segundo momento, começou-se nou, passo-a-passo, como aproveitar e
um projeto de transformação de cômo- decorar os espaços de maneira racio-
dos. Essa iniciativa teve como resultado nalizada. A repercussão do curso foi
a prova de que a boa organização dos extremamente positiva, com relatos de
objetos orientada por um profissional completa satisfação após os resultados
da área (arquiteto ou designer) mesmo dos novos arranjos de móveis e objetos.
que dependa das peças disponíveis no As aulas foram organizadas segundo
mercado de móveis populares, pode as necessidades registradas através do
produzir arranjos muito eficientes. serviço de atendimento ao leitor.
A seguir, será exposto um “Antes e De- Elaborou-se uma pesquisa com o
pois” de uma sala localizada no Bairro grupo de 431 leitores para melhor en-
de São Miguel Paulista, na periferia de tender à habitação dessa população.

8.3 resultados da pesquisa

Qual o tamanho da sua casa?* * Notas e


observações
Muitos respondem
à pergunta relativa à
área somando células
* pesquisa realizada com 431 pessoas em dezembro de 2008

habitacionais com-
glomeradas. Ex: “Moro
nos fundos da casa da
minha mãe” ou “Moro
sobre a casa da minha
cunhada”. Esse cenário
é muito comum em
bairros de periferia. Em
muitos casos, não há
uma subdivisão legal
das casa.

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Capítulo 8

* Notas e Quantos banheiros tem a sua casa?*


observações

A informação da
quantidade de

* pesquisa realizada com 431 pessoas em dezembro de 2008


banheiros por
residência é muito
utilizada por
pesquisadores como
indicadores de faixa
social. A população
de Classe C possui
1 ou 2 banheiros
por residência,
predominantemente.

* Notas e Quantos dormitórios tem a sua casa?*


observações

A quantidade de
dormitórios também
* pesquisa realizada com 431 pessoas em dezembro de 2008

é indicativo social.
Neste caso, repete-se
o resultado do item
anterior, o número
de banheiros por
habitação.

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Para você, qual o cômodo mais importante da casa?* * Notas e


observações

Culturalmente e
levados pela falta de
* pesquisa realizada com 431 pessoas em dezembro de 2008

espaço, os brasilei-
ros têm o hábito de
transformar a cozinha
no principal ambiente
social da casa. Exibir
eletrodomésticos e
móveis bem conser-
vados nesse ambiente
constituem elementos
de afirmação social.

Há quanto tempo você tem o seu jogo de sofás?* * Notas e


observações

O jogo de sofás é
peça emblemática na
* pesquisa realizada com 431 pessoas em dezembro de 2008

habitação de Classe
C. A resposta ao ques-
tionário mostrou que
há uma importante
preocupação com o
estado de conservação
desse móvel.

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Capítulo 8

O investimento da
indústria na Classe C

8.4 características situações observáveis e frequentemente


do grupo de análise exploradas por discursos oportunistas ou
miserabilistas, mas também de fenôme-
ma ampla pesquisa de mercado nos sociopsicológicos mais sutis, como o

U foi realizada pela Editora Abril


com o objetivo de comprovar
a importância econômica relativa ao
impacto da democratização do consumo
ou da banalização das marcas na defini-
ção da identidade e do auto-conceito dos
crescimento da chamada Classe C como indivíduos.”
mercado consumidor potencial. Como A presença do micro-computador
resultado desse trabalho verificou-se no interior da habitação de Classe C
que a classe C é considerada a faixa so- evidencia a compra desconectada à
cial que mais cresce no Brasil atualmen- necessidade. Na maioria das habita-
te. Nos últimos dois anos, ganhou 20 ções visitadas para a realização desse
milhões de brasileiros. Ela foi a grande trabalho não há um espaço destinado
responsável pelo aumento do acesso à ao computador de maneira organizada.
* Notas e
observações internet em 2007. Tomou-se por exem- Entretanto, o crescimento de vendas no
plo o micro-computador como objeto setor da informática no Brasil tem sido
Paco Underhill is de análise. O objeto, até então restrito às verificado principalmente nesse nicho
an environmental camadas mais abastadas da populaação, social. Evidências desse crescimento
psychologist, the é uma evidência da democratização do são as seguintes:
author of the books consumo. a) O preço do computador chegou a
Why We Buy: The Segundo Paco Underhill (Why we ficar cerca de 20% mais barato em 2007
Science of Shopping buy: the Science of Shopping, 2000), b) Segundo a Associação Brasileira da
and Call of the Mall: “Numa óptica de justiça social e equida- Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE),
The Geography de, ao mesmo tempo que se apontam mais de 10,1 milhões de computadores
of Shopping, and desigualdades gritantes entre espaços foram vendidos no Brasil em 2007
the founder of a ou categorias geográficas, demográficas, c) Segundo pesquisa realizada pela
market research and culturais, econômicas ou outras, assiste- Revista Veja, cerca de 40% dos novos
consulting company se também a uma crescente democratiza- compradores são da classe C
called Envirosell. He ção e facilitação do consumo, permitindo d) Segundo a Anatel, até 2010, todos
employs the basic o acesso a bens e serviços de relevante os municípios brasileiros devem ter
idea of environmental valor social ou pessoal, por parte de seg- acesso à Internet banda larga
psychology, that mentos de consumidores antes excluídos. Em artigo escrito pelo jornalista Már-
our surroundings Este paradoxo capitalista, mais ou me- cio de Chiara, do Estado de São Paulo,
influence our behavior, nos liberal e regulado pelas leis naturais tem-se o resultado de uma pesquisa
to find ways of do mercado, revela-se hoje mais pujante realizada pela financeira francesa Cete-
structuring man-made do que nunca, originando, no limiar da lem com o instituto de pesquisas Ipsos
environments to make Nova Economia, novos desequilíbrios Public Affairs.
them conducive to econômicos e sociais que importa iden- “De acordo com o estudo, ‘o bem-estar
retail purposes. tificar e superar. Não se trata apenas de da sociedade brasileira passa por uma pe-

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quena revolução’ Com o grande número isso ocorreu porque normalmente quan-
de pessoas que migrou da classe D/E para do as pessoas ingressam numa outra
a classe C, quase dobrou a renda média classe a entrada ocorre pelas faixas sala-
mensal familiar dessa população no últi- riais mais baixas, o que puxa a média de
mo ano, de R$ 580 para R$ 1.062. Apesar renda do estrato social para baixo.
disso, a renda média familiar da classe C Outro dado positivo da pesquisa foi o
no último ano teve um ligeiro recuo, de aumento da renda disponível das classes
R$ 1.162 para R$ 1.062. Segundo Rosez, C e D/E nos dois últimos anos. Em 2005,
faltavam R$ 17 para o consumidor da
1 classe D/E pagar as contas no fim do mês.
No ano passado, sobraram R$ 22. Na clas-
se C também houve ganho de renda. Em
2007, sobraram R$ 147, ante uma folga
de R$ 122 em 2005. Já para a classe A/B a

Celulares, * Notas e
computadores, observações

itens de decoração As fotos ao lado foram


obtidas durante visitas
e a busca pela casa às habitações de
[30]
própria são os Classe C na cidade
de São Paulo e Rio
[31]
2 principais elementos de Janeiro. Acima,
exemplo de móvel de
que caracterizam o chapas de MDF próprio
para computador.
aumento do poder de Nessa casa, havia um

compra da Classe C. espaço destinado ao


equipamento. A foto
número 2 exemplifica
fôlego diminuiu de R$ 632 em 2005 para o cenário mais comum
R$ 506 em 2007. A renda disponível é a nas habitações. O
que sobra após os gastos obrigatórios. A computador divide
enquete mostra que o ritmo acelerado de espaço com outros
consumo deve continuar este ano. Celu- objetos e usos. Nesse
lar, computador, itens de decoração e a caso, na sala de estar
espaço comprometido Poucas
moradias de Classe C possuem móveis casa própria tiveram os maiores acrésci- da habitações, sobre
e locais adequados para o computador. mos na intenção de compra. “ um pufe de tecido.

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[32]

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* Notas e
observações
Rack ambientado
da rede Ponto Frio,
recém incorporada
ao Grupo Pão de
Açúcar. A televisão de
tela plana LCD está
presente na habitação
de Classe C através do
financiamento e dos
crediários.

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Capítulo 8

Antes e depois de sala


em São Miguel Paulista

Antes

[33]
[34]

Depois

apresenta

* Notas e
observações

A transformação Claudia Correia Moura da Silva


venCedora

Pratique
a terapia
do cômodo foi do sorriso...
Sorria para todos e para
você, com sinceridade,

publicada em e transmita a energia


positiva desse gesto...
olhe-se no espelho e
dê um belo sorriso para
você... diga “bom dia!”

5 revistas voltadas
Se dê aquele abraço, bem
apertado! Feche os olhos

LdXjXcXdl`kf
aSeCtetue
e diga: “Como eu gosto
quisit alisim
euisim iure enisissi de você!”Se puder, vá até
o seu jardim e olhe para

dX`j=i\j_
blandrem do ese

ao publico de
dolute dolobor sum o verde; se não puder,
nonse doloborem
imagine você nesse
vent volor asectetue
feugiat. Iquisit jardim... respire, relaxe,
alisim euisim iure coloque uma música suave
e pratique... Pratique o

Classe C e atingiu
sorriso... as pessoas bem-
humoradas defendem-
se melhor das doenças
físicas e emocionais,

N
pois o estado de espírito
atua diretamente sobre a

quase 1 milhão
er Quem não gostaria de levar uma vida mais leve, idéia mais bacana concorria a uma transformação completa da sala
Conum veraestrud molorerat descomplicada e gostosa? Qualquer pessoa, com certe- de casa. A psicóloga Claudia Correia Moura da Silva faturou o prêmio imunidade... então invista
wissisl illa feuguerostie za. Mas de que maneira podemos transformar o nosso com uma dica que ressalta a importância do sorriso, a maneira mais nas virtudes do sorriso e
abra o seu universo, porque
vullam ilit ip essi tie do core cotidiano e torná-lo mais Fresh, sem precisar de uma
varinha de condão? Foi para despertar esse questionamento que em
singela - e eficaz - para transmitir e receber sensações boas. “O sorriso
abre portas”, acredita a moça, que tem um astral lá em cima e aplica o universo responde...
odio er augue modit ilisl fevereiro o detergente em pó Surf lançou o concurso cultural Sua Casa na prática aquilo que escreveu na dica campeã. Com a sala novinha em

de leitores. Mais Fresh. Para participar, era preciso enviar dicas de como aprovei-
tar melhor cada momento da vida de um jeito simples. A autora da
folha, Claudia não cabe em si de tanta alegria: “Ficou maravilhoso, não
consigo nem descrever o que estou sentindo com tudo isso”, afirma.

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om móveis adquiridos em lojas proposto pelos moradores. Os padrões

C de mobiliário popular, troca de


cores e reforma no guarda-corpo
da escada, a sala que era um típico exem-
estéticos da decoração do cômodo fo-
ram escolhidos segundo a vontade dos
próprios usuários que, orientados pelo
plo de mau aproveitamento de espaço arquiteto, opinaram na seleção dos ob-
ganhou boa circulação e mais assen- jetos. O resultado foi aprovado pelos
tos nos sofás do que o modelo original usuários e o custo foi de R$ 4100,00.

* Notas e
observações

O tradicional jogo
de sofás modelo
“Casas Bahia” deu
lugar à cadeiras
avulsas estofadas,
duas poltronas
individuais em
um sofá de dois
lugares. Sem os
braços robustos
dos modelos
tradicionais, que
podem chegar
até 50 centímetros
de largura, a sala
ganhou mais
espaço e pôde
receber uma mesa
de centro e uma
luminária
para leitura.

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Capítulo 8

Antes

Depois
[36]

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[35]

* Notas e
observações

O vermelho vivo foi


uma escolha dos
proprietários. As
cores fortes ainda
estão presentes de
forma marcante
no imaginário
da Classe C.
E é justamente
da combinação
equivocada dos
tons vibrantes
que surgem os
maiores “erros”
de decoração. Há
uma dificuldade
na combinação de
cores e estampas.

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Capítulo 8

Depois
[37]

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* Notas e
observações

A inversão da
televisão, que foi
colocada sobre o
rack de costas para
a escada fez com
que não mais hou-
vesse reflexo de
luz proveniente da
porta envidraçada
e liberou a maior
parede da sala, que
recebeu uma nova
estante e os sofás.
O espaço sob a
escada foi aprovei-
tado com uma
poltrona e mesa de
canto. A iluminação
dá sensação de
aplitude.

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[38]

[40]

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Capítulo 9

2002 à 2009: a evolução


da estética do móvel
popular no Brasil
[42]
Curso de decoração
lição 1
Curso de decoração

◗ Na cozinha,
o preto-e-branco
é um clássico
que nunca sai
de moda.
◗ Para ter um

Um mundo Harmonizar as cores faz


toda a diferença em
um ambiente. Para não
ambiente leve,
pinte de branco

de cores 2
perder o tom, use e abuse
delas nos detalhes as paredes
Edição Gustavo Curcio
Reportagem Daniela Almeida
e os móveis (1).
◗ O preto aparece
D
ecorar uma casa pode explicadas passo-a-passo, para
ser um grande prazer, que você entenda cada etapa
mas não é tarefa fácil do processo.
nos objetos que
1. A SELEÇÃO DE CORES
— principalmente quando fala- Junte todos os fascículos. No
mos de ambientes reais, longe final, você pode encadernar seu
da fantasia dos mostruários de guia. Faça isso numa pasta ou vão compor
lojas de móveis. mande passar uma espiral. O
Nas próximas dez sema-
nas, você vai acompanhar em
caderno com as dez lições vai
ajudar você a dar aquela muda-
a decoração,
AnaMaria um curso de deco-
ração. Cada aula terá quatro
da no seu cantinho.
Este primeiro fascículo fala
◗ Comece pela escolha de um como o lustre (2)
páginas, que vão transformar da base da decoração: o estudo
sua casa num espaço ainda das cores. Fique atenta aos tons conjunto de cores. Você pode optar e a louça (3).
mais especial. São aulas fáceis, e deixe seu lar mais gostoso.
por dois ou três tons em um ambiente. ◗ Uma boa idéia
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◗ Na foto acima, por exemplo, o roxo, é usar o preto
o lilás e o rosa estão presentes tanto em detalhes dos
nas almofadas quanto na bandeja. móveis, como
◗ Misturar listras e estampas nas portas (4)
é possível. Basta respeitar o grupo e no assento das
* Notas e de cores escolhido no início. banquetas (5).
observações
1
3
Na aula número 1
do curso de deco- 4
ração, explorou-se
o conceito das
cores, como uma
5
pequena car-
tilha que ensina
as combinações
mais lógicas entre 2. SUPERFÍCIES LISAS
as cores primárias ◗ Eleja uma cor principal para
e secundárias. A a decoração. Isso evita muitos erros
e traz elegância ao ambiente.
principal “lição” é ◗ Ao escolher o verde (foto acima),
a de escolher um acrescente um sobretom (verde-claro)
e combine-os com o branco. As
tom predominante almofadas respeitam os três tons.
para cada ambi- ◗ Cores neutras — como branco, bege,
marrom e preto — são verdadeiros
ente, para que o re- curingas nas combinações.
sultado visual seja
mais harmônico.
625P25.indd Sec1:34-Sec1:35

82 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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ste trabalho de pesquisa tem cresce também o acesso à informação.

E sido desenvolvido desde o ano


de 2002. Ao longo desses 7 anos,
com o enriquecimento da população
Nesse sentido, Adrian Forty (Objetos de
Desejo, 1986) afirma que “Por importan-
te que tenha sido o desenvolvimento das
brasileira e consequentemente do po- classes sociais na história, as distinções de
der de compra, os padrões estéticos da classe no design estão longe de ser fáceis
mobília popular tem se transformado de de traçar. Em parte, isso se deve ao fato
forma significativa. Isso porque, paralela- de que, até recentemente, as distinções
mente ao aumento do poder de compra, de classe eram tão marcadas pelos vários

Curso de decoração

lição 1 Jantar num único tom


U ma boa maneira de renovar sua mesa
de acordo com a ocasião é manter
a louça de jantar branca e ousar com as
cores dos outros objetos. Para comemorar
um aniversário em família, por exemplo,
escolha um jogo americano de uma única
cor, bem forte. Combine com taças no
mesmo tom e talheres de madeira. Flores
frescas dão o toque final. Datas comemo-
rativas como Natal e Ano-Novo merecem
um tratamento especial. Que tal combinar
taças pretas com um jogo americano cinza
e talheres de inox? Um vaso de vidro com
maçãs verdes dá o toque final.
O significado
das cores
Cada tonalidade desperta
no observador uma sensação
diferente. Confira o sentimento
causado por cada uma delas
◗ BRANCO
traz harmonia
e paz

◗ A idéia de usar ◗ VERMELHO

FOTOS: ANDRE GODOY / AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO
dá sensação de
a base branca nas calor e vitalidade.
Abre o apetite.

louças (1) e nos ◗ LARANJA


traz alegria,
azulejos funciona entusiasmo,
esperança e
muito bem no disposição.

◗ AMARELO
banheiro e no proporciona bom
humor. Ideal
lavabo. para ambientes
de estudo, pois
◗ O verde-limão, ativa o sistema
nervoso.

que é uma forte JANTAR EM FAMÍLIA A composição acima é perfeita para ocasiões informais ◗ ROXO
representa
tendência, combina sofisticação.
Estimula a
1 perfeitamente com espiritualidade
e a observação.
Acalma o
o branco (neutro). ambiente.

◗ Toalhas (2), ◗ VERDE


reduz a tensão

portas de armários e transmite


equilíbrio.

5 (3) e tapetes (4) 3. TONS NEUTROS ◗ AZUL aumenta


a sensibilidade
completam o das pessoas
no ambiente,

visual moderno. ◗ Optar por cores neutras dá proporcionando

2 tranqüilidade.
Relaxa os
◗ Para fechar ótimos resultados em ambientes músculos e ajuda
DIA DE FESTA O inox, o preto e o cinza conferem um ar de sofisticação a meditar.
a decoração com onde você e sua família passam
3 chave-de-ouro, muito tempo. 625P25.indd Sec1:36 26.09.08 16:38:20

use e abuse de ◗ Móveis com madeira clara ajudam


sabonetes, copos a dar a sensação de amplitude
e porta-sabonete em cômodos com pouco espaço.
4 líquido pouco ◗ Complemente a decoração
detalhados (5). com almofadas estampadas.

◗ Para tornar mais


aconchegante
e moderno o quarto
das crianças, você
2 não precisa pintar
uma parede inteira
de um tom forte.
◗ Abuse das cores
5 nos lençóis (1),
colchas (2) e tapetes
(3). Quando quiser
mudar a decoração,
é só trocar a cor
desses objetos.
◗ Móveis 4. CORES FORTES
transparentes,
como essa cadeira ◗ Quando usadas com equilíbrio,
4 de plástico (4), as cores fortes aquecem o ambiente
1
são perfeitos para e fazem as pessoas se sentirem
espaços pequenos. mais confortáveis.
◗ Que tal a cama em ◗ O laranja e o amarelo são bons
cima da escrivaninha exemplos. Outras opções são
(5), em vez de um o vermelho, o roxo e o verde-limão.
3 beliche? Assim, você ◗ Use os tons em toalhas, mantas
não sufoca quem de sofá, jogos americanos, almofadas,
está embaixo. velas, vasos, taças e copos.

26.09.08 16:24:03

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 83


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

padrões de consumo que as diferenças de sumo”. Este se define pela preocupação


design teriam sido relevantes”. direta com aparências superficiais que
A publicidade de móveis populares ocultam significados subjacentes evi-
mudou sua estratégia de venda diante dentes, que servem para ocultar deli-
da mudança estética que os objetos do beradamente, através dos domínios da
lar sofreram ao longo da última déca- cultura e do gosto, a base real das distin-
da. As cores chamativas e vibrantes dos ções econômicas.
anúncios, alternando amarelo vivo e ver- O móvel, como qualquer elemento de
melho com fundos carregados e propos- consumo, constitui parâmetro de avalia-
tas de crediário deram lugar à uma valo- ção dos próprios homens em sua posição
rização do produto e dos seus atributos social. Para Corbusier (Précision, 1930)
qualitativos. o mobiliário nada mais é que “... o meio
As Casas Bahia, mais importante re- pelo qual fazemos conhecer a nossa posi-
vendedora de móveis populares no Bra- ção social”. Entretanto, deixa-se de lado a

As cores chamativas Para Corbusier, o


dos anúncios mobiliário nada
deram lugar à uma mais é que “... o meio
valorização do pelo qual fazemos
produto e dos seus conhecer a nossa
atributos qualitativos. posição social”.
sil, recorreu à Editora Abril e ao arquiteto verdadeira vocação do objeto que é a de
responsável pelas mudanças editoriais fornecer ao usuário instrumentos para
na Revista AnaMaria para a criação de otimizar a rotina de atividades diária.
uma campanha que expõe os novos Os meios de comunicação são respon-
conceitos do móvel popular. O chamado sáveis pelo despertar do objeto como
“design clean” invade a Classe C. desejo. A tentativa de aproximação do
Mas o novo padrão de design de mó- grupo social estudado com as classes
veis chegou, sem dúvida, às camadas de maior poder aquisitivo acontece atra-
mais populares graças ao instinto aspi- vés da compra de objetos com padrões
racional das populações menos favore- estéticos de caráter burguês. É o que
cidas ecomicamente, através da mídia. pode ser verificado na chamada Classe
Segundo Mike Featherstone (Des- C brasileira (vide anúncio ao lado). Esse
manche da Cultura, 1995), a queda na mercado representa 43% do potencial
qualidade dos produtos se dá, dentre de compra do país e movimenta 600 bi-
outros fatores, pelo “fetichismo de con- lhões de reais por ano (IBGE, 2007).

84 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

[44

O anúncio explora o “Design Clean” cores do design da peça publicitária. Pra-


não só como elemento do móvel mas, de ticamente monocromático, ele contrasta
forma subjetiva, na escolha das próprias como o modelo de 2003, ao lado.
[43]

* Notas e
observações

O próprio varejo
incentiva a busca
pelo chamado
“Design Clean”, livre
de ornamentos e
detalhes exces-
sivos. Essa talvez
seja a principal
mudança nos pa-
drões estéticos dos
últimos anos.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 85


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

A série de anúncios, que contempla  Prefira o design clean


sala de estar, dormitório de casal e cozi- Para conseguir uma cozinha de novela,
nha dá lições de como escolher o móvel escolha móveis com poucos detalhes. Por-
ideal, com design elegante e qualidade, tas e gavetas de vidro dão uma sensação
segundo os padrões do fabricante. Para de amplitude, o que faz a sua cozinha pa-
isso, enaltece as qualidades da matéria- recer bem maior. Detalhes na cor alumínio,
prima empregada na fabricação e dá como o acabamento dos puxadores dessa
conselhos de manuntenção. O sistema cozinha, dão um toque de classe e muito
de fabricação dos móveis desse seg- bom gosto. E, o melhor: você pode escolher
mento pouco evoluiu nos últimos anos. o padrão dos revestimentos - nogueira ou
As técnicas e materiais empregados no branco.
processo produtivo continuam os mes-
mos, ao contrário do design das peças.  Acabamento e dobradiças:
“A única coisa que mantivemos foi o aca- opte pelos resistentes
bamento em alto-brilho das chapas, que é Os móveis da cozinha ficam expostos à
exigência número 1 da Classe C”, diz Michel umidade e gordura. Além disso, utilizamos
Klein, dono da rede Casas Bahia à Revis- produtos abrasivos na hora de limpá-los.
ta Veja, em entrevista de 2008. A seguir, a Para garantir móveis duráveis, fique atenta
transcrição dos textos publicitários. à qualidade do revestimento das portas e
gavetas. Exija folhas de fórmica de alta re-
9.1 cozinha Bonita e funcional sistência. Para as gavetas, escolha modelos
com corrediças metálicas autodeslizantes
Módulos inteligentes, design arrojado e com travas. Elas facilitam a abertura e o
e um quê de sofisticação. Você pode con- fechamento e ajudam a prevenir acidentes.
quistar a cozinha dos seus sonhos A Cozinha Aline reúne tudo isso. As portas,
fixadas com buchas de náilon, proporcio-
As Casas Bahia têm os móveis perfei- nam uma durabilidade ainda maior. Ga-
tos para tornar sua cozinha uma obra de ranta já a sua!
arte!
Já se foi o tempo em que tínhamos ho-  Aproveite bem o espaço dos móveis
ras e horas para dedicar à cozinha. Por Deixe os objetos do dia-a-dia sempre à
isso, hoje, ter móveis inteligentes e práticos mão. O ideal é colocá-los ao seu alcance,
é fundamental para preparar os alimentos sem que precise subir em escadas para
com prazer. Veja como conseguir os seus! pegá-los. Separe os compartimentos in-
feriores e superiores para objetos que usa
 Escolha módulos bem divididos menos.
As casas estão cada vez menores. Isso Conserve a bancada livre. Você vai pre-
é fato. E para aproveitar muito bem cada cisar desse espaço quando chegar em
cantinho da sua cozinha, nada melhor do casa cheia de sacolas de supermercado.
que módulos bem desenhados e multifun- Deixe sobre ela apenas os eletrodomésti-
cionais. A Cozinha Aline possui mais de 30 cos de uso constante, como liqüidificador
ítens diferentes à sua disposição, e batedeira.

86 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

Portas de vidro com abertura vertical, visualização de tudo o que está guardado.
como aquela sobre a geladeira, facilitam a O garrafeiro completa o conjunto e traz
organização. Quando abertas, permitem a muito requinte à composição.
[45]
apresenta

LINDO e
CONFORTÁVEL
Veja algumas dicas infalíveis para deixar ter um quarto aconchegante

Pense no dormitório do seus sonhos. As Casas Bahia tem.

E Detalhes que
specialistas do sono afirmam que dormir bem traz saúde e disposi-
ção. E alguns detalhes na decoração do seu quarto ajudam bastante
na hora de descansar. Nós reunimos aqui alguns deles. Confira! fazem a diferença
resistência maior para cores, que vão do mar- Você dormirá bem mais tranqüila se
✔ Não deixe
poder pendurar muito fim ao tabaco. Um luxo! souber que o seu dormitório vai acom-
objetos espalhados
A bagunça atrapalha mais calças e camisas. panhá-la por muitas e muitas noites.
o relaxamento. Evite ✔ Design clean Veja o que não pode faltar nos móveis
deixar roupas, bolsas e ✔ Cores sutis Já se foi a época em do seu quarto:
acessórios jogados pelo A escolha dos tons que ter móveis rebus- Gavetas com corrediças metálicas
quarto. Por isso, é funda- certos do dormitó- cados era sinônimo de que garantem um deslizar fácil e pro-
mental que você tenha rio influencia muito na sofisticação. Para ter tegem as crianças de acidentes.
móveis espaçosos e bem hora de dormir. Não uma noite tranqüila, evite Dobradiças metálicas (com mais
divididos. O dormitório deixe que cores quentes objetos muito cheios de 25 mil aberturas) e fixadas com
Monterey reúne o que fiquem à mostra na hora de detalhes. Escolha buchas de náilon, que garantem por-
há de mais moderno no em que estiver deitada. móveis com desenho tas mais firmes e seguras.
design de móveis inteli- Faça como este quar- moderno, livres de Acabamento em verniz UV de alto
gentes: 5 gavetões inter- to. Pinte a parede da “rococós”. As portas brilho, que torna a limpeza muito
nos no guarda-roupa, cabeceira de vermelho centrais avançadas de mais fácil e faz o seu móvel durar
cômoda com sapateira, (que não é vista enquan- vidro tornam o guarda- bem mais.
compartimentos inter- to você está na cama). roupa acima perfeito: Dica: fique de olho na qualidade do
nos independentes e um Além disso, a linha de charmosas e elaboradas, estrado da cama: exija madeira de lei,
cabideiro de alumínio móveis Monterey possui elas são trabalhadas na segura para acomodar o colchão.
frisado, que garante uma diversas combinações de medida certa.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 87


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

9.2 quarto lindo e confortável de detalhes. Escolha móveis com desenho


moderno, livres de “rococós”. As portas cen-
Pense no dormitório do seus sonhos. As trais avançadas de vidro tornam o guar-
Casas Bahia tem. da-roupa acima perfeito: charmosas, elas
são trabalhadas na medida certa.
Especialistas do sono afirmam que dor-
mir bem traz saúde e disposição. E alguns  Detalhes que fazem a diferença
detalhes na decoração do seu quarto aju- Você dormirá bem mais tranqüila se
dam bastante na hora de descansar. Nós souber que o seu dormitório vai acompa-
reunimos aqui alguns deles. Confira! nhá-la por muitas e muitas noites. Veja
o que não pode faltar nos móveis do seu
 Não deixe objetos espalhados quarto:
A bagunça atrapalha o relaxamento.
Evite deixar roupas, bolsas e acessórios jo- Gavetas com corrediças metálicas que
gados pelo quarto. Por isso, é fundamental garantem um deslizar fácil e protegem as
que você tenha móveis espaçosos e bem crianças de acidentes.
divididos. O dormitório Monterey reúne
o que há de mais moderno no design de Dobradiças metálicas (com mais de 25
móveis inteligentes: 5 gavetões internos mil aberturas) e fixadas com buchas de
no guarda-roupa, cômoda com sapateira, náilon, que garantem portas mais firmes
compartimentos internos independentes e seguras.
e um cabideiro de alumínio frisado, que
garante uma resistência maior para poder Acabamento em verniz UV de alto bri-
pendurar muito mais calças e camisas. lho, que torna a limpeza muito mais fácil e
faz o seu móvel durar bem mais.Dica: fique
 Cores sutis de olho na qualidade do estrado da cama:
A escolha dos tons certos do dormitório exija madeira de lei, segura para acomo-
influencia muito na hora de dormir. Não dar o colchão.
deixe que cores quentes fiquem à mos-
tra na hora em que estiver deitada. Faça O último dos anúncios da série é o da
como este quarto. Pinte a parede da ca- sala de estar, que apresenta um conjun-
beceira de vermelho (que não é vista en- to de sofás com dimensões exageradas.
quanto você está na cama). Além disso, a A adaptação deste móvel ao perfil da
linha de móveis Monterey possui diversas moradia popular ocorre através da ven-
combinações de cores, que vão do marfim da modulada, que passou a ser mais
ao tabaco. Um luxo! comum no segmento de Classe C. Ante-
riormente, a modulação era encontrada
 Design clean apenas na cozinhas, com modelos que
Já se foi a época em que ter mó- são vendidos à décadas, como as Cozi-
veis rebuscados era sinônimo de so- nhas Itatiaia. Ao lado, o “Home Theater
fisticação. Para ter uma noite tran- dos sonhos”, que pode ser montado com
qüila, evite objetos muito cheios móveis e objetos de decoração das Ca-

88 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

sas Bahia. Nota-se que o arranjo propos- e da mesa de centro não interferem no
to é praticamente bicolor, nos tons bran- conjunto de sofás, que possui encosto
co e preto. A tonalidade clara da estante reclinável e porta-copos.
[46]
apresenta

DEsIgN e
bom gosTo
Confira alguns truques para ter ambientes práticos e lindos

Você pode ter o home-theater dos seus sonhos

P ✔ Conforto
ara isso, basta escolher móveis de qualidade e cheios de estilo. Esta
sala de TV esbanja elegância na forma e nas cores. Veja o que levar
em conta ao montar a sua: e qualidade
✔ Estofados tos que a tornam mais ✔ Agradável se você quer um móvel que deixe
multifuncionais útil. o tampo de vidro, aos olhos sua sala mais bonita e que dure bas-
Este conjunto de esto- ultra-resistente, dá char- Ao planejar a deco- tante, fique atenta a alguns pontos:
fados é um ótimo exem- me e leveza à peça, assim ração da sala, selecione
plo de móvel curinga. como os pés cromados. um grupo de cores-base. © No caso dos estofados, a espuma
Na posição vertical, a Elas podem ser até qua- usada no enchimento de encostos e
poltrona é ótima para ✔ Muitos espaços tro. No caso desta sala, assentos precisa ter alta densidade e
receber visitas. Quando A última tendência o sofá escuro e a estante ser de fibra siliconizada. É o caso des-
reclinada, transforma-se em design de móveis clara definiram o restan- tes sofás.
num ninho superconfor- junta funcionalidade, te da composição – ou © A madeira deve ser protegida con-
tável para assistir aquele subdivisões e ornamen- seja, a escolha do tapete, tra fungos e cupins. É essencial, tam-
filme. E você ainda pode tos na medida certa. da mesa de centro e dos bém, que ela tenha certificação e seja
contar com os apoios Esta estante é dividida objetos decorativos. fruto de reflorestamento, como a utili-
laterais para acomodar a de maneira simples e Quanto maior o zada neste conjunto.
bebida e a pipoca. inteligente: pode receber número de cores, mais © Os móveis não devem ser apenas
uma TV de plasma de até difícil fica combiná-las. bonitos, mas fabricados com matéria-
✔ Mistura 50 polegadas, além de Duplas como preto e prima de qualidade e com tecnologia
de elementos DVD player, aparelho de branco, bege e verme- de ponta. Só assim poderão acompa-
A mesa de centro tem som e os enfeites que lho ou creme e marrom nhar você e sua família por um bom
nichos e compartimen- você quiser. sempre dão certo. tempo.

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Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 89


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Capítulo 9

[47]

90 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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[48]

02_CAD
-
14:34
28/08/08
-
ERGOMES
-
Composite
-
ANAMARIA - ANAMARIA - 32 - 05/09/08
-
ANAMARIA

* Notas e
observações

As Cozinhas Itatiaia
investiram numa
nova linha de
móveis modulados
com flashes de
cores fortes. Os
tons vibrantes con-
tinuam presentes,
mas o design se
mostra bem mais
contemporâneo. O
consumidor pode
escolher quantos
módulos coloridos
vai inserir na sua
cozinha

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 91


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

[49]

Casa

Decore com CORES


GXiXjX`i[fYfd
[1]
F[1]

^fjkf\ZX`ieX
ZX]fe`Z\#„ld
glcfGfikXekf#
gi\jk\dl`kX
Xk\eƒf~j
efjjXjc`ƒ‘\j
gXiXhl\j\l
\jgXƒfef
]`hl\ZXii\^X[f
[\dX`j[\k`ekX
>ljkXmf:liZ`f

T
9
oque pessoal é tudo c`
na hora de decorar. [1]
E o segredo para não
exagerar na dose é escolher
um único tom vibrante que
domine todo o espaço.
Mas qual é a cor adequa-
do para isso? A resposta é
muito simples: aquela de
que você mais gosta.
Faça como se o cômo-
do fosse um desenho em
preto-e-branco, pronto para
receber pequenas pincela-
das de cor. E anote os tons
que são a última tendência:
verde-limão, lilás, laranja e
amarelo. J?FN;<<HL@Cà9I@FFjdm\`jgi\kfjj\[\jkXZXdjfYi\XgXi\[\m\i[\$c`df#ld[fjkfej[Xdf[X J
[1] [1] [1]

Festa em grande estilo


GfiXc^ldXj_fiXj#mXc\Xg\eX\oX^\iXi
ldgflhl`e_feX`ek\ej`[X[\[XjZfi\j
G`ekXikf[XjXjgXi\[\j[f ldgflZffm`jlXc#`em`jkX
hlXikfZfdldXZfiZ_XdXk`mX \dfYa\kfje\lkifj#YiXeZfj#
ef„Yfd%8]`eXc#f\oZ\jjf kiXejgXi\ek\jflgi\kfj%
[\Zfi`dg\[\Xjg\jjfXj[\ EXd\jX[X]fkfXfcX[f#f
i\cXoXi%Gfi`jjf#lj\XjZfi\j af^fXd\i`ZXef\fjgiXkfj
ZfdZXlk\cX% ;liXek\ldX m\i[\jjfZfdY`eX[fj
fotos dreamstime

]\jkXmfZ†gf[\XYljXi ZfdgiXkfjYiXeZfj\kXƒXj
[\kfejm`mfj#gfihl\ kiXejgXi\ek\j%:fdY`e\X
XZ\c\YiXƒfmX`[liXi cflƒXZfdXc`d\ekfj[\d\jdX
gflZfk\dgf% GXiXhl\YiXi ZfiÇefZXjf#dXƒjm\i[\j%
*- AnaMaria ))[\X^fjkf[\)''/

92 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

S FORTES
[1]

[1] [1]

JF=@JK@:8xÂF8i\e[\Zfcfi`[XZfdY`eXZfdXXcdf]X[X

Objetos especiais
J\mfZ†k\dd\[f
[1]
[\fljXi#Zfd\Z\
Zfcfi`e[fXg\eXj
98E?<@IF9I8E:F<c\]`ZX G8I<;<@CLD@E8;8FYa\kfj fj[\kXc_\j
c`e[fZfdfYa\kfjZfcfi`[fj YiXeZfjjXckXdefm\i[\$ZcXif
8c^lejkfhl\j[\Zfi]Xq\d
[1]
kf[XX[`]\i\eƒXeld\jgXƒf
* Notas e
j\dm`[X% GXiXi\efmXi observações
fYXe_\`ifflXZfq`e_X#
`em`jkX\dg\hl\efj
d`dfjZfdZfi\jY\d Numa mistura de
[1]
]fik\j% Gfi\o\dgcf1kifhl\ conteúdo editorial
[3]
kf[fjfjlk\ejˆc`fj[\gc}jk`Zf
[XZfq`e_XgfifYa\kfj[\ com material
d\jdXZfi%Fc\dX„kl[f publicitário, uma
m\i[\6@em`jkXe\jj\kfd%
<c\dYi\$j\1mfZ†gf[\kifZXi série de idéias
hlX[ifj#kXg\ƒXi`Xj\Zfik`eXj para decorar
j\d]Xq\ihlXchl\ik`gf[\
i\]fidXeXZXjX%Gfi`jjf# com cores fortes
mXc\Xg\eX`em\jk`iefj surgem como
df[X J8C8DF;<IE8M\i[\jefj[\kXc_\j1kXg\k\j\gfikXj df[\cfjZfcfi`[fj%
[2]
orientação para os
[1]

usuários de Classe
Equilíbrio no ambiente
C. O vermelho, o
D`jkliXiZfi\j\k\okliXjkfieXfXdY`\ek\
dl`kfjf]`jk`ZX[f%@em`jkXe\jjX`[„`X lilás, o verde e o
fotos: [1] dreamstime, [2] darcio tutak, [3] xico buny

GXjk`c_Xj\Xqlc\afj dX`jfljX[X%:fdffm\i[\ amarelo são os


Zfcfi`[fj[fZ_Xid\X [XjgXjk`c_Xj„c\m\#fg`jf tons mais pedidos
Zfq`e_Xj\YXe_\`ifj% GXiX g[\j\ikiXYXc_X[fZfdX
XZ\ikXi\dZ_\`f#Xgc`hl\X k\okliX\dgi\kf$\$YiXeZf% nas lojas de varejo.
 ZfiXg\eXjjfYi\Xg`X\fj 8g`XYiXeZX\fjdm\`jZcXifj A produção de
YXcZ‘\j#efZXjf[XZfq`e_X# [f_Xidfe`XXfXdY`\ek\%
j \efYfo\[fYXe_\`if%8j J\mfZ†hl`j\iljXikfej]fik\j conteúdo editorial
[\dX`jgXi\[\j[\m\dj\i Zfddm\`j\jZlifj#Xgc`hl\$fj deve ser cautelosa,
 e\lkiXj#Xjj`dZfdffjdm\`j% Xg\eXj\dfYa\kfjg\hl\efj#
8Zfq`e_XXfcX[f„X`e[X ZfdfmXjfjfl^lXi[XeXgfj%
respeitando a
))[\X^fjkf[\)''/AnaMaria *. preferência e o
gosto dos leitores.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 93


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

[50]

Casa

Dê um toque pessoal
à decoração do seu lar
Que tal mudar
a cara de uma
só parede?
Com listras,
cores fortes ou
um foco de luz,
o cômodo ganha
personalidade
Gustavo Curcio

C
ansou do visual da
sala? Você pode
resolver isso sem
gastar rios de dinheiro.
O segredo para renovar o
cômodo pode estar em uma
única parede.
Para transformá-la, basta
um pouco de tinta, um
revestimento bacana ou um
papel de parede original.
Isso tudo, somado à sua
criatividade, pode lhe ren-
der mil elogios da família e
das visitas.

Listras e cores fortes


A última moda em deco-
ração é usar listras e cores
fortes. Porém, esses deta-
lhes devem ser aplicados
com cuidado, sem exage-
ros. Outra tendência é apli-
car papéis de parede. Eles
podem ser encontrados em
grandes lojas de decoração
e trazem desenhos alegres e
bem modernos!
Se você gosta de trabalhos
manuais, escolha uma das
paredes do cômodo e faça
FOTOS ANDRÉ GODOY

listras verticais com tintas


de três cores diferentes. Use
fita crepe e um rolinho de
or espuma, para não borrar.
20 AnaMaria 6 de março de 2009

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94 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
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5 maneiras
incríveis de
personalizar
ar sua parede
Siga o exemplo das
fotos e renove os
cômodos da casa
1. Cores fortes
Pintar uma parede de uma cor
diferente pode levantar o astral
do cômodo. Lembre-se de que * Notas e
o tom escolhido deve combinar observações
com os outros objetos. Escolha
a parede que recebe menos
luz para aplicar cores escuras.
Durante as visitas
O lado ensolarado deve ser à campo, notou-se
pintado com tons claros.
que muitas casas
2. Revestimentos possuem como
Paredes cobertas por pastilhas,
pedras, cerâmicas ou tijolos
efeito decorativo
à vista (foto à esquerda) a pintura de uma
deixam o ambiente com ar
sofisticado. Fuja de superfícies
das paredes da sala
muito ásperas, como as tintas de uma tonalidade
texturizadas. Elas acumulam
poeira e dão trabalho!
constrastante com
as cores das demais
3. Madeira
A cozinha fica mais bonita
paredes. Nesse
se algumas partes da parede caso, aplicam-se
forem revestidas com painéis
de madeira semelhantes aos
tintas texturizadas
móveis. A dica vale também e tons mesclados.
para a sala e os quartos.
Muitas dúvidas de
4. Papéis de parede leitores interes-
Eles estão na moda! O xadrez
e o listrado fazem sucesso.
sados em mudar a
Verifique se há vazamentos decoração da casa
na parece e elimine-os antes
de aplicar o papel.
deram origem ao
conteúdo edito-
5. Iluminação rial da matéria ao
Uma simples parede branca
pode ganhar um ar especial lado, que orienta o
se for iluminada com lâmpadas
coloridas. Cúpulas desenhadas
usuário a escolher
também projetam reflexos o revestimento
interessantes sobre paredes
lisas. Experimente!
e a parede ideal
6 de março de 2009 AnaMaria 21
para aplicar o tom
diferenciado.
27.02.09 17:00:06

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 95


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

9.3 as estampas na res atualmente, nota-se a predominân-


habitação de classe C cia de sofás lisos, que ainda preservam
as cores fortes. Abaixo, um jogo de sofás
té 2005, as estampas eram pre- comercializado na Rede Ponto Frio, com

A sença obrigatória no mostruário


das lojas de mobiliário. Os jogos de
sofás exibiam padrões floridos ou xadrez,
“revestimento liso e design arrojado”. A
boa adaptação do móvel ao contexto da
habitação é duvidosa, mas os três mó-
e opções revestidas de tecidos lisos eram dulos são vendidos separadamente. Ao
bastante raras de serem encontradas. lado, padrão tradicional de sofá que vem
Ao visitar uma loja de móveis popula- sendo substituído ao longo dos anos.
[51]

96 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

[52]

* Notas e
observações

O complemento
do sofá é vendido
separadamente, e
pode ser adquirido
segundo o espaço
disponível na
habitação do
consumidor. O erro
comum é a compra
do conjunto tal
como está no
mostruário sem
a verificação do
espaço disponível
no destino final
do móvel. Desses
equívocos,
resultam arranjos
que dificultam a
circulação entre os
objetos.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 97


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

A vitrine virtual das Casas Bahia mos-


tra 100% dos modelos de sofás livres de
estampas ou motivos florais. Os revesti-
mentos de couro ecológio (sintético) são
os mais comuns. Nota-se que a ambien-
tação dos conjuntos de estofados é feita
seguindo o padrão estético do público-
alvo, com paredes de cores fortes e con-
trastantes com a cor dos sofás.
Embora o mercado de móveis popula-
res esteja num movimento de eliminação
de elementos decorativos e florais, uma
das queixas mais recorrentes no sistemas
de atendimento ao leitor do núcleo das
revistas de alto consumo da editora abril
é referente à combinação das estampas
com os demais objetos. Produziu-se en-
tão conteúdo editorial que, através de
um método próprio, ajuda os usuários
à combinar motivos decorados e mul-
ti-coloridos com os demais objetos do
mesmo ambiente. A regra criada ajuda a
deixar os espaços mais leves, mantendo
as estampas.

De maneira didática coloca-se o se-


guinte procedimento:

1. Escolha um único elemento para ser


multi-colorido: a cortina, por exemplo.

2. Verifique quais são os tons que com-


põem a estampa deste elemento.

3. Com o tom mais claro, pinte as pare-


des do cômodo e recubra as grandes su-
perfícies, como tapetes e sofás.

4. Com os tons mais vibrantes, decore


os detalhes. Se a estampa possui verme-
lho, prefira aplicá-lo em objetos pequenos,
como vasos ou quadros.

98 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

[53]

* Notas e
observações

A vitrine virtual
com os jogos de
estofados das Casa
Bahia exibe 100%
dos modelos lisos,
sem estampas.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 99


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

[54]

Casa

Arrase ao decorar
com estampas!
V
Aprenda a o
combinar padrões d
diferentes e deixe t
seu cantinho e
mais moderno c

Gustavo Curcio 1
l
V
ocê merece uma
casa alegre, e o U
segredo para mudar e
o astral da decoração pode c
estar nos detalhes. Um jeito s
superfácil de conseguir um c
espaço gostoso é enchê-lo E
de objetos floridos e estam- d
pados. Então, que tal inves- te
tir em cortinas, almofadas e
colchas diferentes? 2
A última tendência em T
decoração é combinar d
estampas diversas. Mas c
tome cuidado com os exa- m
geros! Nós ajudamos você a d
deixar sua casa ainda mais d
especial — sem excessos. e
c

Como escolher 3
as estampas O
ideais d
e
Tente memorizar a seguinte e
regra, porque ela é essencial: d
as estampas pequenas ficam a
ótimas em objetos pequenos. re
Já as estampas grandes devem o
ser aplicadas em objetos de
superfícies maiores. Outra 4
boa dica para guardar é esta: s
escolha sempre um trio de C
FOTOS ANDRÉ GODOY

cores. Daí, todos os tecidos d


de um cômodo devem seguir s
o padrão de cores que você m
selecionou. Depois disso, pode m
soltar a sua imaginação! CHIQUE E SURPREENDENTE O quarto do casal ficou lindo com estampas diferentes na mesma cor d
30 AnaMaria 13 de fevereiro de 2009

100 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

4 regras para Aprenda a combinar uma ou mais estampas


decorar com Ao colocar dois padrões O primeiro é observar se os combinar estampas com objetos
estampas e diferentes de estampa num tons que formam as estampas lisos. Assim, os ambientes ficam
bom gosto mesmo ambiente, você precisa são os mesmos ou muito mais leves. O segredo é manter
tomar dois cuidados básicos. próximos. O segundo truque é sempre o equilíbrio.

Veja como aplicar MESMOS TONS


os elementos Aqui não tem
erro! A estampa
decorativos para miúda tem as
tornar modernos mesmas cores
das ondas que
e criativos os formam a outra
cômodos da casa
COM E SEM COR
1. Cúpulas de Para não ter
lustres ou abajures perigo de errar, a
mesma estampa
Um ótimo truque para não aparece em
exagerar na hora de decorar preto-e-branco
e em cores
com estampas é aplicá-las
sobre objetos menores,
como abajures ou lustres. ARRISCADAS
Nesse caso,
Experimente revestir a cúpula as duas
de uma luminária com um estampas são
tecido vivo e bem detalhado. bem diferentes,
mas têm os
mesmos tons
2. Painéis e quadros
Telas, quadros e cortinas LISTRAS DE
devem ser decorados com MESMA COR
critério. Estampas e motivos Outro segredo é
combinar listras
muito carregados podem da mesma cor,
deixar o ambiente pesado mas de larguras
demais. Prefira cores leves e diferentes
estampas com pouca mistura de
cores, para não cansar a vista.

3. Mantas de sofá
O sofá ocupa grande parte
do espaço da sala. Por isso,
evite comprar modelos
estampados. Prefira aplicar os
detalhes decorados em mantas, * Notas e
almofadas ou em uma poltrona, observações
respeitando as cores dos
outros objetos.
Conteúdo editorial
4. Almofadas com método
sortidas
Combinar almofadas de de combinação
FOTOS ANDRÉ GODOY

diferentes estampas é fácil


se você comprar todas das
de estampas. O
mesmas cores. E mais: misture quadro ao lado
modelos estampados com lisos,
de cores fortes. Fica ótimo! ALMOFADAS EM DESTAQUE O segredo é escolher três cores predominantes para todas elas
exemplifica como
13 de fevereiro de 2009 AnaMaria 31
combinar estampas
diferentes.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 101


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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[55]

* Notas e
observações

Rack ambientado
das Lojas Americanas.
Este modelo pode
ser comprado
pela internet.

102 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 103


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Capítulo 9

A iluminação como
aliada na decoração
de espaços pequenos
[56]
Curso de decoração
lição 2
Curso de decoração

◗ Veja como
a cor do teto
e das paredes
(1) influencia
na iluminação!
A regra é assim:
quanto menor

A luz certa é Abajures, arandelas,


lustres pendentes...
Para iluminar um
o espaço, mais
claro ele deve

fundamental
ambiente você precisa
de técnica e bom senso ser. Isso ocorre
Edição Gustavo Curcio
Reportagem Daniela Almeida
porque tons 3
claros, como o 5
A
iluminação é a maior As sensações causadas pela
responsável pelo cli- claridade são várias. Lâmpadas
ma de um ambien-
te. Ela pode dar a sensação
amarelas, por exemplo, criam
um aconchego parecido com
branco e o bege,
de aumentar ou diminuir um aquele provocado pelo fogo
espaço, dependendo de como é que aquecia nossos antepassa- ajudam a refletir
distribuída. Os lustres, as lâm- dos. Por isso, ela é perfeita para
padas e as cortinas regulam a
intensidade da luz que entra na
ambientes de descanso, como
quartos e salas. Já as lâmpadas
as luzes e dão
sua casa. E a cor desses objetos
também influencia na qualida-
brancas dão concentração para
trabalhar ou estudar.
uma sensação
de da iluminação. Uma cortina Os segredos que você vai
verde exposta ao sol deixa o aprender nesta aula vão valori- de aumentar
espaço esverdeado. zar sua casa — para sempre.
o espaço. Para
626P33.indd 33 03.10.08 15:40:58
dar alegria ao
ambiente, pinte
uma das paredes
de uma cor
* Notas e diferente,
observações como o lilás (2).
◗ Atenção:
O forro de gesso lustres
pendentes (3)
invadiu as casas só vão bem
de Classe C. em salas com
pé-direito acima
Comumente de 2,40 metros.
empregado nos ◗ Escolha móveis
claros (4). Eles
show-rooms de ajudam a refletir
lançamentos dos a luz do lustre.
Já o espelho (5)
apartamentos na parede reflete
novos, eles a luz solar que
entra pela janela.
chamam a atenção
pelo aspecto 1. AMBIENTES PEQUENOS
contemporâneo ◗ Escolha lâmpadas brancas e
e moderno. Como fluorescentes. Elas não esquentam.
◗ Se o seu banheiro não recebe luz
custam em média natural, invista em um forro de gesso
R$ 30,00 o metro rebaixado, com vários pontos de luz.
◗ Se você tem pouco espaço em seu
quadrado, eles banheiro, capriche na iluminação
têm aparecido próxima ao espelho. Faça uma
linha de pontos de luz sobre
nas habitações ele, como na foto acima.
do grupo social
estudado.
626P33.indd Sec1:34-Sec1:35

104 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

disseminação de lâmpadas aplicadas em determinados ambientes

A fluorescentes compactas tem


contribuído com a economia de
energia nos grandes centros urbanos.
específicos. “Devo aplicar luz branca na
cozinha?” , “Qual a melhor lâmpada para
a sala de estar?”. Perguntas como essas
Entretanto, desde que chegaram às ca- comumente são lançadas no sistema de
madas mais populares, causaram uma atendimento ao leitor das revistas sema-
confusão na escolha da tonalidade da nais de alto consumo da Editora Abril.
luz (temperatura de cor) e têm causado A aula 2 do curso de decoração ensinou
estranhamento aos usuários quando como escolher a lâmpada ideal.

Curso de decoração

lição 2 A lâmpada ideal


A escolha do tipo de lâmpada depende
de quais atividades serão desenvol-
vidas em cada ambiente. Espaços de uso
social, como salas, quartos e bibliotecas,
exigem luz amarelada. Cozinhas, banhei-
ros e escritórios devem receber luz bran-
ca — geralmente fluorescentes tubulares
(longas ou circulares). Se a preocupação
é economizar energia, esses modelos flu-
orescentes são a melhor opção. Troque as
lâmpadas incandescentes convencionais
por fluorescentes de coloração amarelada.
O efeito visual é o mesmo, e elas consomem
bem menos energia.
Onde aplicar
os pontos de luz
Cada tipo de iluminação
proporciona um resultado
diferente. Veja a opção que
mais se adapta ao seu espaço

2. LUZ FOCADA

FOTOS: ANDRE GODOY / AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO
1
◗ A luz focada é aquela que vem
de um ponto único. Ela dá a sensação
de aumentar o espaço quando ◗ INDIRETA Nesse caso, quase toda
a luz é direcionada para o teto.

colocada nas laterais de um cômodo. O efeito é obtido com luminárias


de parede e sancas (1), as canaletas
de gesso instaladas perto do teto.
◗ No quarto abaixo, o espelho
substitui a cabeceira da cama ◗ DIRETA
Entre 90%

e também ajuda a refletir a luz, e 100%


da luz é
direcionada
fazendo o quarto parecer maior. para baixo,
com uma
◗ Substituir abajures tradicionais luminária
pendente.
Tulipas
por lustres pendentes libera o espaço de vidro
cobrem as
do criado-mundo. Fica um luxo! lâmpadas.

◗ SEMI-INDIRETA 60% da luz


volta-se para o teto, valorizando
o ambiente como um todo. Os outros
40% atingem o plano de trabalho,
destacando mesas e quadros. Eles
são objetos especiais — por isso,
LUZ BRANCA Ambientes como a cozinha precisam de bastante iluminação merecem uma luz direta.

626P33.indd Sec1:36 03.10.08 15:45:55

* Notas e
observações

Outra dúvida
freqüente dos
4
leitores das revistas
de alto consumo
é referente à
aplicação de
espelho na
decoração. Para os
usuários, o objeto é
sinônimo imediato
de apliação dos
espaços. A aula
de iluminação
ensinou alguns
truques para a
sensação óptica
de “aumento” do
cômodo ser real.
03.10.08 16:24:23

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 105


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

O fluxo de circulação na
habitação de Classe C:
móveis no lugar certo
[57]
Curso de decoração
lição 3
Curso de decoração

◗ O gabinete
1 com rodinhas
(3) facilita a
1 faxina: ele torna
possível deslocar
o móvel.
◗ Portas em vidro

Móveis no As casas estão cada vez


menores. Por isso, ocupar
o espaço com bom gosto
e inteligência é essencial
translúcido (4)
transmitem uma

lugar certo na hora de decorar


Edição Gustavo Curcio
Reportagem Daniela Almeida
sensação de
espaço ampliado.
◗ Use prateleiras
O
abre-e-fecha constan- sões dela devem ser medidas
te de portas e gave- quando ela estiver aberta. Sim,
tas é um dos prin-
cipais problemas quando se
às vezes nós nos esquecemos
de que os móveis abertos são
de vidro no
tem pouco espaço. Por isso, é bem maiores do que fecha-
fundamental organizar bem os dos! E mais: evite encostar a boxe para
móveis e objetos no ambiente. mobília em portas e janelas, e
Você deve pensar a casa como
um espaço que muda a toda
fique atenta ao espaço reser-
vado à circulação de pessoas.
apoiar xampu,
hora, assumindo diferentes for-
mas durante o dia e durante
Ele deve ser de, no mínimo,
45 centímetros. Quanto menos
condicionador
a noite. Por exemplo: quando entulhados estiverem os am-
você vai comprar uma bicama, bientes, melhor será a qualida- e outros
precisa lembrar que as dimen- de de vida da sua família.
produtos de
627P25.indd 25 08.10.08 17:21:35
beleza. Detalhe:
garanta uma boa
fixação, para
evitar acidentes.

* Notas e
observações
4
No curso de
2
decoração,
incentivou-se o
uso de móveis
1. O QUARTO IDEAL
com rodízios, que
facilitam o re- ◗ Para aproveitar melhor o espaço,
use criados-mudos fixados na parede,
arranjo espacial ao lado da cama. Quando o espaço
3
dos objetos. Nas sob o móvel fica livre, é mais fácil
conservar a limpeza dos cantinhos.
Lojas Marabrás, ◗ As camas de casal tamanho padrão
outra importante têm 1,38 x 1,88 metro. Se você optar
por modelos maiores, abra mão
rede varejista do das mesinhas laterais.
setor de móveis ◗ Luminárias de parede, como as da
foto acima (1), liberam o criado-mudo
populares, já e deixam o espaço livre para colocar
existem poltronas porta-retratos, livros e outros objetos.
◗ Em vez de pendurar os quadros, use
com rodízios a uma prateleira para apoiá-los (2).
preço acessível, em
torno de R$ 150,00.
627P25.indd Sec1:26-Sec1:27

106 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

super-dimensionamento dos pelos objetos que melhor se adaptam a

O móveis ainda é um problema


que os compradores de mobili-
ário popular enfrentam ao dispô-los na
cada unidade habitacional facilitariam
significamente o bom uso dos espaços.
Nas páginas a seguir, apresenta-se um
habitação. O incentivo do uso dos cha- proposta de projeto de decoração para
mados “móveis híbridos”, como os sofás- uma apartamento de 70 metros quadra-
cama, soluciona parte desses problemas. dos, utilizando-se apenas objetos dispo-
Entretanto, o arranjo racional do con- níveis em lojas de mobiliário popular. O
junto de móveis já existentes e a busca resultado é bastante satisfatório.

Curso de decoração

lição 3 Mobília que é curinga


E m espaços pequenos, é bom recorrer
a objetos que possam ser usados de
várias maneiras diferentes. Experimente
comprar uma mesa de centro mais alta do
que as usuais. Ela servirá de aparador para
pequenas refeições (foto abaixo) quando a
cozinha ficar apertada. Quer dividir uma
sala de estar em duas? Use bancos de
madeira ou banquetas coloridas. Ao rece-
ber as visitas, eles servirão de assento. Já
uma estante para livros mais baixa pode
funcionar também como aparador. Instale
rodinhas na base e você conseguirá movê-
la para outro cômodo.
Pesquise antes
de comprar
Objetos caros não significam
boa qualidade. O importante
é trazer para casa um móvel
que realmente faça a diferença.
◗ Com fita crepe e jornal, marque
o espaço disponível para os móveis
no chão. Com isso, você visualiza

2. PEQUENOS TRUQUES o lugar ocupado pelo objeto.

FOTOS: ANDRE GODOY / AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO
◗ Reserve um corredor de pelo
menos 80 centímetros de largura
para as passagens principais.

◗ Os nichos embaixo da mesa (5)


escondem os assentos e garantem
a livre circulação.
◗ Bancos de madeira permitem
maior mobilidade e a reorganização
do espaço em dias de festa. Eles
podem servir de aparador, descanso
de pés ou até de mesinha de centro. ◗ Móveis com dois tons de madeira
facilitam a combinação com outros
◗ Se você enjoar da decoração, basta objetos decorativos.

◗ Não preencha com móveis


trocar a cor das almofadas e espalhar as quatro paredes de um cômodo,

5 6 pelo ambiente objetos do mesmo


para não abafar o ambiente.

◗ O guarda-

tom, como velas, flores e vasos. roupa pode


ser em padrão
marfim ou
◗ O carrinho com rodinhas (6) tem laqueado em
branco, pois
vários usos: pode ser mesa de canto e ocupa grande
parte do

ajudar na hora de servir algum prato. espaço.


Nessas cores,
ele não
entulha
MESA DE CENTRO Se ela for um pouco mais alta, dá até para um jantarzinho! o quarto.
◗ Quando
o quarto das 627P25.indd Sec1:28 08.10.08 17:25:38

crianças tem
7 espaço reduzido, * Notas e
a solução observações
é colocar todos
os móveis junto
às paredes. Na
Desenvolveu-se
9
foto ao lado, um método para
as camas foram
dispostas junto
que o usuário
às paredes acerte na medida
laterais. A
prateleira acima
do móvel que vai
da cama (7) comprar: “depois
foi pendurada
a 1,20 metro
de visitar a loja,
da cabeceira, escolher o modelo
para não sufocar
8 quem estiver
do sofá e tirar as
na cama. medidas, reproduza
◗ O criado-
mudo móvel (8)
as dimensões do
(com rodinhas) móvel no chão da
facilita na hora
da limpeza.
sala com fita crepe
A parede de e jornal. Se couber,
cor forte (9)
(azul-marinho)
pode comprar o
fica atrás da móvel!” Além disso,
cabeceira da
cama, para não
lembrou-se que
cansar a visão as medidas dos
de quem estiver
deitado.
armários devem
ser feitas com as
portas abertas.
08.10.08 17:24:52

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 107


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

DISSERTAÇÃO.indd 107 3/11/2009 21:26:29


Capítulo 9

9.3 estudo de fluxos e projeto de


decoração para apartamento de
70 metros quadrados

Os conjuntos modulados disponí-


veis no mercado de móveis populares
facilitaram a adaptação dos objetos às
diferentes configurações da habitação
popular. No projeto ao lado, propôs-se
um arranjo ideal de objetos e, posterior-
mente, recorreu-se a uma loja de móveis
populares para a possível compra dos
objetos.

108 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 109


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Capítulo 9

A sala contaria com 5 assentos, os


quartos, com uma cama de solteiro e
uma de casal. O fluxo de circulação en-
tre os cômodos foi pensado de maneira
“principal” e “secundária”. Um grande cor-
redor de circulação foi criado próximo à
parede cega e o espaço mínimo entre os
móveis é de 45 centímetros.

110 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Capítulo 9

Elaborou-se um programa de neces-


sidades para os objetos da habitação e,
proposto o arranjo levando-se em conta
fluxos de circulação e necessidades dos
usuários, recorreu-se à segunda maior
rede de varejo de móveis populares de
São Paulo, as Lojas Marabrás. Cada ob-
jeto foi listado, com as dimensões ideais
para o espaço disponível.

112 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Capítulo 9

Detalhe do arranjo proposto para a


sala de estar, com a dimensão ideal de
cada um dos móveis necessários.

114 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 115


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Capítulo 9

Mais uma vez o chamado “Design Cle-


an” tomou conta das pessas disponíveis
para a compra, semelhantemente ao
que ocorre nas Casas Bahia.
A mesa de canto, com tampo de vidro
e detalhes cromados, apresenta vão cen-
tral vazado e superfícies transparentes,
indicadas para ambientes pequenos, já
que não obstruem a visão dos objetos
que estão atrás ou arredor do móvel.
Para o projeto, optou-se por colocar duas
mesas de canto idênticas, uma de cada
lado do sofá principal, de dois lugares.

116 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 117


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

A mesa de centro, peça obrigatória se-


gundo os critérios do grupo social ana-
lisado, segue o mesmo padrão da mesa
de canto, com o tampo em vidro trans-
parente e detalhes cromados. As dimen-
sões se adaptaram satisfatoriamente ao
arranjo proposto originalmente no pro-
jeto de decoração de interior.

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

Os sofás revestidos de couro sintético


(popularmente e comercialmente cha-
mado de couro ecológico) são muito
comuns nos catálogos das lojas de mo-
biliário popular. De fácil limpeza e livre
de padrões estampados, são boa opção
para a sala de estar. Os braços não apre-
sentam superdimensionamento, o que
colabora com o bom aproveitamento do
espaço disponível.

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

Móveis suspensos sob rodízios são


cada vez mais comuns no universo dos
móveis populares. A poltrona que divide
a sala da cozinha possui dois suportes fi-
xos de madeira e dois rodízios deslizan-
tes na parte da frente. Além de facilitar
na limpeza, o móvel com rodinhas pode
ser deslocado à medida que necessário.
Isso facilita o re-arranjo dos objetos, co-
mumente verificado em habitações de
Classe C.

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Capítulo 9

O aparador segue o padrão das mesas


de canto e centro. Encostado na parede
cega, serve de apoio e complemento
para a mesa da cozinha. O tampo tam-
bém é de vidro, o que facilta a limpeza
e aumenta a resistência do objeto à gor-
dura da cozinha e a eventuais marcas ca-
sadas pelo uso.

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Capítulo 9

O rack foi dispostos na mesma linha


do aparador. Esses dois objetos delimi-
tam a área de fluxo principal, formando
uma espécie de corredor no apartamen-
to. Alinhado no mesmo eixo da mesa de
centro, ele conta com 5 nichos e duas
portas. Nota-se que embora a qualidade
da matéria-prima empregada nos obje-
tos não seja a ideal, pode-se verificar a
presença de alguns objetos que se adap-
tam de forma satisfatória à configuração
interna das habitações. Para isso, deve-
se fazer uma escolha cautelosa e precisa
do móvel eleito para a compra. Nesse
sentido, é papel do designer/arquiteto
orientar o usuário que deseja equipar a
sua casa.

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

A mesa da cozinha também possui


tampo de vidro. As cadeiras são revesti-
das do mesmo couro ecológico do jogo
de sofás, em outra tonalidade.

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Capítulo 9

A modulação das cozinhas esta pre-


sente no mercado de móveis populares
há décadas. A novidade é que a modula-
ção agora se estenda às outras linhas de
móveis, para dormitórios, por exemplo.
Dessa forma, cada usuário pode adqui-
rir a quantidade de módulos necessária,
segundo o espaço disponível em cada
cômodo. O principal erro verificado nas
habitações decoradas pelo proprietário
é a compra de módulos já acoplados,
segundo a proposta do mostruário de
móveis nas lojas. Muitas vezes o usuário
acaba por comprar módulos a mais, que
às vezes atrapalham na circulação dos
cômodos ou são simplesmente despre-
zados posteriormente.

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

A maior variedade de móveis popu-


lares está concentrada exatamente no
segmento das cozinhas. Inúmeros são
os fabricantes e os acabamentos dispo-
níveis. As tradicionais cozinhas de aço
ainda são as mais procuradas, embora os
modelos de MDF conquistem a cada dia
uma fatia maior do mercado.

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Capítulo 9

Banheiros e lavanderias:
os cômodos menos
valorizados da casa
[66]
Curso de decoração
lição 4
Curso de decoração

◗ Boa idéia: faça


seu banheiro
todo em branco!
Assim, fica muito
mais fácil acertar
as cores na hora

Banheiros e Se as casas estão cada


vez menores, aproveite
melhor os espaços!
Descubra nossa regra
de decorar.
◗ A principal cor

lavanderias de ouro para decorar.


Com ela, você poderá
criar cantinhos pra
lá de especiais...
Edição Gustavo Curcio
escolhida para
o ambiente da
foto foi o lilás.
N
a primeira lição desse Na lavanderia, a decoração Reportagem Daniela Almeida
curso, você aprendeu deve ser o mais simples possí-
que o ideal é escolher
apenas duas ou três cores para
vel. Afinal, esse espaço é onde
você vai trabalhar e, quanto
◗ O preto (cor
cada ambiente. Essa regrinha menos informação, melhor.
de ouro também vale para o A seguir, confira alguns neutra) ficou
banheiro e a área de servi- exemplos de decoração de
ço. Nesses ambientes, o ideal
é evitar azulejos com muitos
banheiros e áreas de serviço de
até 3 metros quadrados. Adote
ótimo nos
desenhos. No banheiro, para
dar o seu toque pessoal, invista
os segredinhos de AnaMaria
e transforme esses espaços,
detalhes, como
nos detalhes, como vasinhos de às vezes muito apertados, em
flores, pequenos objetos, e até locais confortáveis e muito a toalha de
mesmo a cor das toalhas. bem aproveitados.
rosto (1).
628P25.indd 25 17.10.08 15:44:07
◗ O tapete rosa
(2) trouxe um
toque especial
ao ambiente. Ele
* Notas e tornou o local
observações mais alegre e
aconchegante.

Embora o usuário
de Classe C não
tenha recursos
para a compra de 1
cubas ou pias mais
incrementadas, as
1. PEQUENO E CHARMOSO
soluções universais
de aproveitamento ◗ Para driblar a falta de espaço,
instale prateleiras abaixo da pia,
de espaço como como na foto acima. Assim, você 2
prateleiras e tem onde guardar toalhas e papel
higiênico, por exemplo, à vontade.
o emprego Deixá-los à mostra ajuda a manter
de superfícies o banheiro sempre em ordem.
◗ Ponha prateleiras multifuncionais
transparentes dentro do boxe. Evite modelos de
são facilmente vidro. Eles podem ser perigosos,
principalmente se o banheiro é usado
aplicáveis nessa por crianças. Prefira os de plástico. ◗
faixa social. ◗ Faça as portas do boxe o
transparentes. Jamais use vidro ou ◗
O aspiracional acrílico fumê em banheiros pequenos. e
confere
credibilidade.
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134 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

penas 7% dos entrevistados res- os banheiros não resta dinheiro o sufi-

A ponderam que o banheiro é o


principal cômodo da casa. Mui-
tas unidades habitacionais apesentam
ciente para uma reforma. Na aula 4 do
curso de decoração foram apresentadas
soluções para o melhor aproveitamento
esse cômodo ainda interminado, sem desse cômodo de dimensões tão reduzi-
revestimentos ou repleto de trincas e das, além de orientações acerca da esco-
vazamentos. Isso porque os recursos são lha dos revestimentos e móveis. Os mo-
comumente direcionados às áreas no- delos apresentados não ultrapasassam
bres da casa, como sala e cozinha. Para uma área de 2 metros quadrados.

Curso de decoração

lição 4 Lavanderias arejadas


E las podem até ser pequenas, mas com
as dicas de decoração que ensinamos
nesse curso você vai fazer milagres! Na
hora de escolher o varal, por exemplo,
prefira os modelos que podem ser fixados
na parede. Fuja de varais sanfonados, por-
que eles entortam com o uso. Outra ótima
opção é instalar algumas barras metálicas.
Assim, você pode pendurar as roupas em
cabides, evitando que elas deformem. Para
deixar os produtos de limpeza sempre à
mão, prefira organizá-los em prateleiras. Se
tiver espaço, instale armários com portas,
para esconder a bagunça.
1

2. ESPELHE-SE NESSAS DICAS

FOTOS: ANDRE GODOY / AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO
◗ Aposte nos espelhos (3), porque eles 2

ampliam o ambiente. No banheiro,


◗ Na falta de espaço para estender
quanto maior o espelho, melhor. as roupas, uma barra de alumínio ou
inox (1) pode ser uma ótima solução.

◗ Os revestimentos claros, como as Basta pendurar as roupas nos cabides.


◗ O chão branco (2) reflete a luz
do sol. Isso deixa o ambiente mais
3 pastilhas de vidro ou as cerâmicas claro e combate a umidade.

brancas, ajudam a refletir a luz. Isso


também contribui para trazer aquela
sensação de espaço mais amplo.
◗ O armário embaixo da pia deve
sempre ser instalado a, pelo menos, 3

25 centímetros do chão.
◗ Se quiser pôr plantas no banheiro,
prefira as artificiais. As naturais
só resistem longe do vapor e são ◗ O espaço sobre a máquina de lavar

boas opções para os lavabos. ou secar (3) pode ser usado para abri-
gar a roupa a ser passada mais tarde.
◗ Não use cortinas no ambiente.
Elas impedem a circulação de ar
BEM ORGANIZADA Prateleiras ajudam a manter a área sempre arrumada e atrapalham a secagem das roupas.

628P25.indd Sec1:28 17.10.08 15:46:13

3 4

7
5

◗ Se a ordem é economizar, aplique azulejos ◗ Prefira a caixa de descarga (6) à válvula hidra. Com
ou pastilhas apenas no boxe do chuveiro (4). ela, você economiza muita água. Abuse de cestos (7) na
◗ O cinza da pia e o grafite do tapete (5) dão organização. Eles deixam o ambiente um charme e, na
estilo e ajudam a destacar as paredes brancas. hora da faxina, podem ser mudados de lugar facilmente.

17.10.08 15:45:28

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 135


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

A importância
social da cozinha

[67]
Curso de decoração
lição 5
Curso de decoração

Quer a receita da

Cozinha: o
cozinha ideal? Basta
misturar móveis
adequados, uma
pitada de cor e

coração do lar
objetos charmosos
Edição Gustavo Curcio
Reportagem Daniela Almeida
Designer Cinthia Behr

D
ecorar bem a cozi- Se você não consegue, de
nha significa unir jeito nenhum, deixar o armá-
organização, praticida- rio arrumado, prefira portas de

1. MÓVEIS SEM PORTA


de e beleza. Nesta aula você vidro. Assim, você será obriga-
vai ver que essa é uma tarefa da a pôr tudo no lugar!
possível, não importa o tama- O segundo passo é planejar
nho do cômodo.
O primeiro passo é escolher
os móveis certos, de acordo com
o lugar ocupado por cada ele-
trodoméstico. Fogão e refrige-
rador devem ficar distantes no
2
seu perfil. Espaços pequenos
pedem armários claros e lisos.
mínimo 20 centímetros: o calor
pode danificar a geladeira.
◗ Ao decorar com móveis abertos (1),
você terá de manter tudo em ordem,
Portas escondem a bagunça, e Por fim, escolha pequenos
as prateleiras ajudam a manter objetos de cores vibrantes para
tudo na mais perfeita ordem. completar a decoração.
para que a bagunça não apareça.
629P29.indd 29 24.10.08 12:11:32
◗ Prateleiras são perfeitas para ter
sempre à mão aquilo que você mais
usa no dia-a-dia da cozinha.
◗ Lembre-se: os objetos que ficarem
à vista farão parte da sua decoração. ◗ Pastilhas (2)
Por isso, é importante que não fujam são a última
do conjunto de cores escolhido. tendência em
decoração e
facilitam a
limpeza diária
do ambiente. Por
serem miudinhas,
são perfeitas
para cômodos
pequenos.
◗ Se você
vai reformar
a cozinha,
procure opções
DREAMSTIME

de azulejos
que simulam
pastilhas. Além
2. HORTA NA COZINHA de serem mais
em conta,
◗ É possível cultivar temperos, mesmo barateiam
em apartamentos. Basta colocar a colocação.
os vasinhos perto de uma janela ◗ Se o dinheiro
para que recebam bastante luz. da reforma está
◗ Faça uma lista dos temperos que contado, instale
você mais usa — manjericão, tomilho, as pastilhas
alecrim etc. Compre as mudinhas apenas em cima
em feiras ou supermercados. da pia e do
◗ Evite as plantas artificiais. Plásticos fogão.
e tecidos acumulam gordura.

629P29.indd Sec1:30-Sec1:31

136 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

papel da cozinha na habitação minimização dos espaços, apresentam

O popular brasileira ultrapassa os


limites de um simples espaço
de cocção. Trata-se de um cômodo de
cozinhas reduzidas, com áreas que não
ultrapassam os 5 m2. Por isso, torna-se
difícil a adaptação dos objetos às confi-
grande função social, que é responsável gurações do espaço construído. Na aula
por reuniões familiares e recepção de número 5 do curso de decoração, foram
convidados. Entretanto, os novos aparta- apresentadas dicas de melhor aprovei-
mentos lançados em bairros periféricos tamento e integração dos espaços como
de São Paulo, seguindo a tendência de solução para os cômodos pequenos.

Curso de decoração
lição 5
lição 5 Cozinha e sala de
jantar integradas
A s refeições mais prazerosas acabam sempre na cozinha.
Afinal, nada melhor do que preparar os alimentos com
familiares e amigos ao seu lado. Mas se a família é grande e o
espaço é pequeno, a solução é integrar cozinha e sala de jan-
tar. “Além de dar uma sensação de espaço maior, a cozinha se

GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO
torna uma continuidade da sala. Isso proporciona um convívio
maior entre as pessoas”, diz a arquiteta Teresinha Nigri.

FOTOS: ANDRE GODOY / AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY,
◗ Alguns truques de lâmpadas amarelas,
◗ Quer facilitar a decoração ajudam você
a separar visualmente
que deixam tudo mais
aconchegante. Abuse

vida na hora do os dois ambientes.


Use móveis claros, tanto
de cores vivas na louça,
em fruteiras, arranjos de
para a sala quanto para flores e outros detalhes.
café-da-manhã? a cozinha. Eles unificam o ◗ Tapete debaixo da
visual e funcionam como mesa, não! É sujeira
Instale em sua a base da decoração.
◗ As cores, a iluminação
na certa. Alimentos
que caem durante

cozinha um e outros elementos (como


os móveis) ajudam a
as refeições entram
no tecido e aumentam
identificar cada cômodo. a quantidade de ácaros.
balcão (3) para Faça um balcão para ◗ Ao receber armários

refeições rápidas. 6 separar a cozinha da sala.


Ele pode funcionar como
novos, veja se há pontos
de ferrugem ou tinta
aparador quando você descascada em móveis de

Assim, você não for servir a comida.


◗ Na sala de jantar, use
aço. Teste os puxadores
e as dobradiças. CORES À MESA Elas decoram e ajudam a dividir os ambientes

vai perder tempo SEGREDOS PARA TORNAR A COZINHA AINDA MAIS GOSTOSA
arrumando
a mesa para
um lanchinho
simples.
◗ Gavetões (4) 3. ESPAÇO BEM APROVEITADO
são ótimos para
guardar panelas ◗ Atualmente, muitos apartamentos ◗ Utensílios de inox pendurados ◗ Está na moda misturar madeiras ◗ Eletrodomésticos de inox costumam
funcionam como objetos decorativos, de cores diferentes nos móveis da durar mais. Mas eles exigem cuidados
e potes plásticos. são projetados com cozinha e área além de estarem sempre à mão. cozinha. Porém, fuja de tons muito especiais: nada de palha de aço
Instale-os fora do alcance das crianças. fortes, para não enjoar. na hora de limpar!
Já os talheres de serviço integradas. Nesse caso,
devem ficar em a solução para aproveitar melhor 629P29.indd Sec1:32 24.10.08 12:15:20

gavetas com o espaço é fazer um balcão único


altura menor. para pia e máquina de lavar (6).
◗ Se você gosta ◗ Acomode produtos de limpeza
de piso claro, e a roupa seca em cestos de vime
opte por tons com tampa. Isso evita que a roupa
de bege ou pegue o cheiro dos alimentos.
areia (5). O
branco, com o
3
tempo, mancha
e fica encardido. * Notas e
observações

7
Verificou-se
durante as visitas
à campo que a
DREAMSTIME

4
chamada Classe
C possui grande
4. TEMPEROS MIL quantidade de
◗ Azeites e vinagres aromatizados
eletrodomésticos
com ervas ou pimentas caseiras ficam e equipamentos
lindos em galheteiros (7) de vidro.
5 ◗ Um belo galheteiro funciona como
eletrônicos na
objeto de decoração tanto na cozinha cozinha, alguns
quanto na mesa, durante as refeições.
◗ Para fazer em casa, reserve galhos
de alto valor
de alecrim e folhas de louro (todos comercial, vendidos
bem secos) e misture ao seu azeite
ou vinagre preferido.
inclusive através
de programas de
televisão.
24.10.08 16:40:49

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 137


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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[69]

138 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

* Notas e
observações

Cozinha modulada
Casas Bahia. Móveis
brancos sobre parede
de cor forte. Tendência
visual verificada nas
habitações de Classe C.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 139


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 9

Dormitórios: uso
misto e espaço ainda
mais reduzido
[70]
Curso de decoração
lição 6
Curso de decoração
[2] [1] [1]

[1] [2]

[2] [1] [2]


FOTOS: [1] DREAMSTIME, [2] ANDRÉ GODOY

Quarto de rainha!
Você não precisa de um dormitório enorme para
ter uma noite confortável e tranqüila. A escolha
correta dos objetos e da iluminação faz milagres!
Edição Gustavo Curcio Reportagem Daniela Almeida Designer Cinthia Behr

1
A
decoração dos quartos ela nunca fique encostada na pare-
deve transmitir a sensação de ou abaixo da janela. Esse móvel
de paz. Afinal, é nele que é o protagonista na decoração do

1. CENTRO DAS ATENÇÕES


recarregamos nossas energias após dormitório. Então, é importante
um dia cheio de trabalho. Por isso, acertar não só na escolha do mode-
a regra número 1 é não abusar dos lo, mas também nas cores da roupa
detalhes. Use cores claras e decore de cama. Elas devem respeitar o
o cômodo com o mínimo de obje- conjunto de cores do ambiente.
tos possível. E lembre-se: nada de Como vimos na aula sobre ilu-
encher todas as paredes do quarto
com guarda-roupas!
minação, os espelhos são curingas
para fazer o espaço parecer maior,
◗ Fique atenta ao posicionamento
Nas próximas páginas, você verá mas devem ser usados com cautela.
os melhores exemplos de como Depois, é só curtir o seu cantinho da cama no quarto. Com pouco
posicionar a cama — o ideal é que com quem você ama.
espaço, ela vira o foco da decoração.
630P29.indd 29 31.10.08 15:52:21
◗ As janelas nas laterais tiram
proveito da luz natural. Mas cuidado:
nunca coloque a cama sob a janela. 2
◗ O ideal é que você enxergue a porta
quando estiver deitada. Não é bom
* Notas e ser surpreendida no próprio quarto.
observações
[1]

3
Os guarda-roupas
ocupam muito
espaço nos 2
dormitórios. ◗ Se quiser decorar uma das
Muitas vezes, paredes, pintando ou aplicando
papel de parede, escolha
a abertura e sempre aquela que fica atrás
fechamento das da cabeceira da cama (1).
Assim, você não vai ficar
portas é dificultada olhando para cores vivas
por essa falta de 2. ROUPA IMPECÁVEL ou detalhes muito chamativos
enquanto estiver deitada.
espaço entre os ◗ Cabides de madeira são a melhor ◗ Cortinas, almofadas, roupa
objetos. Existem opção para o guarda-roupa, pois de cama e mantas (2) devem
FOTOS: [1] DREAMSTIME, [2] ANDRÉ GODOY

conservam as peças bem passadas. sempre respeitar o conjunto


hoje muitos ◗ O problema é espaço? Prefira de cores escolhido.
modelos de os cabides de plástico. Quanto mais ◗ Se o seu quarto é pequeno,
grossos, menos vincos surgirão invista em espelhos na parte
armários com nas suas roupas. da frente dos móveis. Nos
portas de correr, ◗ Os cabides de arame, por serem criados-mudos (3), ele dá
muito fininhos, acabam marcando sensação de amplitude.
o que facilita o o tecido. Então, é melhor evitá-los!
manuseio e a
abertura do móvel.
630P29.indd Sec1:30-Sec1:31

140 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

principal problema encontrado um dos lados da cama, a limpeza e ar-

O nos dormitórios das habitações


visitadas para esta pesquisa
foi a má circulação. A cama de casal é
rumação do cômodo. Em contrapartida,
libera mais espaço de circulação do lado
oposto àquele encostado na parede.
um móvel de dimensões generosas (a Na aula 6 do curso de decoração, além
menor mede 1,40 m X 1,90). Por isso, de arranjos de dormitórios de casal, fo-
muitos usuários optam por encostar um ram montados quartos infantis, que são,
as das laterais em uma das paredes do na Classe C, marcados por móveis multi-
quarto. Isso dificulta, além do acesso a funcionais, como bicamas e beliches.

Curso de decoração
lição 6
lição 6 Faz de conta que...
A palavra de ordem é diversão. Com um
pouco de criatividade você pode ani-
mar o quarto das crianças. A primeira dica
é reservar as cores fortes para os detalhes.
Assim, você pode trocá-los à medida que

[2]
seus filhos crescem. Desenhos na parede
dão ao ambiente a descontração típica da
infância. Invista em almofadas divertidas e
um mural de fotos. Papel de parede colori-
do dá um toque especial ao cômodo!

[2]
[1]
PARA OS ADOLESCENTES

[2] [1]

◗ Temas que representem o

AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO
gosto juvenil são importantes
— essa é a fase em que eles
querem ser diferentes! Invista
nas cores fortes.
[2]

6 [1]

4 5 REINO ENCANTADO Invista em detalhes divertidos para animar seu filho

[2] [2]

◗ Use luz focada e branca


na escrivaninha. Ela garante
atenção na hora dos estudos.

[1]

◗ Quartos pequenos pedem móveis de


madeira clara (4) — mais leves, eles 3. ILUMINAÇÃO SEGURA

FOTOS: [1] DREAMSTIME, [2] ANDRÉ GODOY


criam a ilusão de um espaço maior.
◗ O mesmo truque vale para a cortina ◗ Quarto é lugar de descanso. Por ◗ Os móveis com rodinhas são
grandes curingas: práticos, eles
permitem mudanças constantes
de voile (5), que mantém o clima suave. isso, a iluminação mais indicada para na decoração do cômodo.
QUADROS E PRATELEIRAS Troque os enfeites à medida que seus filhos crescem
◗ Tons pastel, como o lilás, transmitem esse ambiente é a de cor amarela.
paz ao ambiente e não enjoam. ◗ A lâmpada do abajur no 630P29.indd Sec1:32 31.10.08 15:54:12

◗ Quem não abre mão de uma TV deve criado-mudo deve ser fraquinha:
optar pelo modelo LCD ou plasma (6). 25 watts são mais que suficientes.
Práticos e de fácil instalação na parede, ◗ No quarto das crianças, por
eles estão cada vez mais baratos. segurança, prefira as lâmpadas
fluorescentes, que não esquentam. * Notas e
[1]
observações
[1]

Como recurso
de decoração,
9
9 orientou-se
aplicar tons fortes
na parede da
cabeceira da cama
7
e nos demais
objetos, como
4. QUARTO AMPLIADO colchas ou cortinas.
◗ Os adesivos de parede (7) chegaram ◗ Quer ganhar espaço? Coloque
Dessa forma, o
com tudo ao Brasil e já desembarcaram um espelho (9) ao lado da cama ou na espaço se torna
FOTOS: [1] DREAMSTIME, [2] ANDRÉ GODOY

com precinho camarada nas grandes lojas. sua cabeceira — nunca aos seus pés.
◗ Para não errar, escolha o clássico ◗ Uma boa dica para aproveitar
mais dinâmico e
8
preto no branco, com motivos a luz natural é instalar um espelho uma mudança de
abstratos. Desenhos de animais, na parede oposta à parede da janela.
por exemplo, pesam na decoração. ◗ Para conferir o look antes de sair,
cor não implica em
◗ O criado-mudo vazado (8) valoriza pendure um espelho vertical na parte pintura ou reforma
o adesivo e evita a bagunça. interna da porta do guarda-roupa.
Ele não ocupa espaço algum!
do cômodo. Basta,
neste caso, trocar os
objetos coloridos.
31.10.08 15:53:21

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 141


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

DISSERTAÇÃO.indd 141 3/11/2009 21:27:21


[71]

142 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

DISSERTAÇÃO.indd 142 3/11/2009 21:27:25


Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

* Notas e
observações

Rack de chapas de
MDF com fórmica,
das Casas Bahia. Todo
branco, tem puxadores
de plástico.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 143


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

DISSERTAÇÃO.indd 143 3/11/2009 21:27:27


Capítulo 9

A habitação popular é
marcada pela presença
de vasos e muitas plantas
[72]
Curso de decoração
lição 7
Curso de decoração

◗ É bom lembrar
que o conjunto
de cores da
2 varanda deve
ser semelhante
àquele usado
na sala. Assim,

Varandas As plantas certas, objetos de


madeira e pequenos toques de
criatividade transformam esse
os ambientes
ficam integrados.

e jardins
ambiente na estrela da sua casa
Edição Gustavo Curcio
Reportagem Daniela Almeida
◗ Invista em
Designer Cinthia Behr
móveis de vime

de cinema 1. PAREDE CHARMOSA


(1). Para lugares
abertos, prefira
N as opções
ada mais gostoso do que ou numa almofada. Móveis de fibras
ter um jardim para admirar naturais, como vime, trazem um
ou uma varanda para sentar clima de cidade do interior. Painéis de
ao ar livre, depois de um dia agitado.
E não é difícil manter ou criar a sen-
madeira servem para apoiar vasos de
plantas ou decorar paredes.
em material
sação de aconchego nesse ambiente.
Basta ficar atenta a alguns detalhes.
Antes de escolher uma planta para
o ambiente, avalie se ele recebe muita
◗ É fácil deixar a varanda com clima 1 sintético, que
de jardim. Na parede, o painel feito não estragam
Em primeiro lugar, prefira os tons ou pouca luz. Se você tem um jardim
claros. Use as cores com cuidado, espaçoso, dê um ar romântico com um
em pequenas peças, como num vaso caramanchão e algumas trepadeiras.
de sarrafos de madeira dá o tom! com a umidade.
631P29.indd 29 07.11.08 13:54:55
◗ Pendure vasinhos com seus ◗ A hera artificial
temperos prediletos plantados (2), aplicada na
e tenha sua própria horta em casa. parede, completa
◗ Plantas que crescem e se a decoração com
esparramam, como o brinco-de- praticidade. O
* Notas e princesa, deixam a varanda linda! resultado é ótimo!
observações
BURITI PAISAGISMO, WWW.PAISAGISMOBURITI.BLOGSPOT.COM

◗ O bonsai (3)
O show-room dos é a escolha
ideal para quem
apartamentos quer enfeitar
novos visitados varandas.
◗ Respeite
fazem da varanda a proporção:
uma extensão quem tem pouco
espaço deve
das salas. Sabe-se optar por plantas
que na prática o pequenas.
◗ A samambaia
uso da varanda é uma boa opção
3
recebe usos 2. CHURRASCO COM ESTILO se você mora
abaixo do quarto
bem diferentes. ◗ Nos apartamentos mais modernos, andar (ela não
Na maioria das é comum encontrar varandas com resiste ao vento).
churrasqueira. Elas são bem práticas. ◗ Criatividade
habitações ◗ Churrasco chama visita. Por isso, nunca é demais. 4
visitadas verificou- o ideal é escolher uma mesa pequena, Na varanda ao
que libere o caminho das pessoas. lado, o regador
se a presença de ◗ O candelabro de ferro, pendurado, (4) ganhou furos
varais e cestos confere um charme à decoração no fundo e virou
e é ótimo para jantares especiais. um lindo cachepô.
de roupa-suja na
varanda das salas
dos apartamentos.
631P29.indd Sec1:30-Sec1:31

144 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

e acordo com os relatórios re- (térreas ou sobrados) possuem grande

D gistrados pelo Serviço de Aten-


dimento à leitora da Editora
Abril, leitoras de Classe C “têm paixão
quantidade de vasos. Da mesma forma,
em apartamentos de 70 m2 ou 80 m2, as
varandas são repletas de espécies, que
por todos os assuntos ligados à jardi- dividem espaço com máquinas de lavar
nagem e cultivo de plantas em locais e tanquinhos. Na aula 7 do curso de de-
com espaços reduzidos”. Esse aspecto coração, explorou-se o espaço ideal para
também ficou clarto durante as visitas se cultivar plantas, a quantidade de va-
à campo. Usuários que moram em casas sos e as espécies mais indicadas.

Curso de decoração
lição 7
lição 7 Para cada planta, um
tratamento diferente
N ão adianta comprar aquela planta
que você tanto ama se ela não se
adapta bem à sua casa. Escolher a espécie
ideal diminui bastante os esforços com
manutenção e aumenta as chances de
exigem poda nem muitos cuidados. Alguns
exemplos são a azaléia, a abélia e a bér-
beris. Se você mora em apartamento, pode
comprar uma árvore-da-felicidade (vai bem
na sombra) ou uma areca-bambu (gosta de
COMO MONTAR SEU VASO

sucesso no cultivo. Para jardins, por exem- luminosidade direta). As opções são muitas
plo, há uma variedade de arbustos que não — pesquise antes de escolher.

◗ Quanto mais
clara a madeira
dos móveis (5)
da varanda, 1 Confira se o vaso tem
furos, para que a água
possa drenar após a rega.

melhor. Como o 2 Faça uma camada de


5 centímetros com cacos
de telha ou pedras. Isso permite
espaço costuma SAMAMBAIA ANTÚRIO
que a água passe, e impede que
a terra saia pelos buracos.

ser pequeno, SOMBRA E ÁGUA FRESCA Deixe-a


longe de ventos fortes e sol direto.
LUZ INDIRETA E ADUBO Outra planta
que vive bem na sombra. Uma vez 3 Coloque a muda de modo
que ela fique de 1 a 2
centímetros abaixo da borda

6 você não pode A regra é deixá-la sempre úmida, mas


não encharcada. Aumente as regas
por semana, regue bastante e adube.
Uma colherinha (café) de adubo do vaso. Complete com terra.

correr o risco de
no verão e diminua no inverno. por litro de água é o suficiente.
4 Cubra com uma camada
de terra e termine com
pedriscos ou cascas de árvore.

que ele pareça AS FERRAMENTAS CERTAS

entulhado.
◗ Uma boa
maneira
de ganhar 3. TREPADEIRAS
FOTOS DREAMSTIME

◗ Uma pazinha de jardim


privacidade na MARIA-SEM-VERGONHA CACTOS
é o suficiente para cuidar
de vasos pequenos e médios.
AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO

varanda unida ◗ Elas dão charme e romantismo a FÁCIL DE CUIDAR! Ela floresce o
ano todo e vive bem com pouco sol
SOL, SOL E MAIS SOL Existem muitas
variedades dessa planta, que exige
◗ Já os vasos maiores pedem
o kit completo (acima, com pá,
— ótima para apartamentos. Precisa pouca manutenção. Ela precisa estar rastelo e colher), encontrado
à do vizinho qualquer jardim ou varanda. Servem apenas de terra úmida e bem exposta diretamente à luz do sol nas lojas de construção.
adubada com matéria orgânica. e receber água uma vez por mês.
é instalar uma também para separar ambientes.
divisória (6) de ◗ A grande vantagem dessas plantas 631P29.indd Sec1:32 07.11.08 13:56:19

5 plástico. Além de é que, com a poda, você pode


discreta e neutra, controlar o tamanho dos galhos.
ela se integra ◗ Escolha uma estrutura de madeira,
à decoração. como uma cerca, onde ela possa cres-
cer e se fixar. * Notas e
observações

◗ Se na sala a 8
tendência é pintar Propôs-se
uma parede
de outra cor,
como uso de
na varanda o 7 vasos e plantas
moderno é forrar
uma parede com
a construção de
madeira (7). anteparos com
◗ O toldo de
plástico (8) é fácil
trepadeiras e
de comprar e de espécies que
instalar. Mas a
maior vantagem
chegam à
é que ele 4. LUGAR AO SOL 1,50 m de altura.
bloqueia a chuva
e o vento. Assim, ◗ Por uma questão de espaço,
Esses dispositivos,
você pode “jantar as plantas altas devem ser colocadas colocados
fora” sempre junto às paredes da sua varanda.
que quiser. ◗ Faltou parede? Plante-as junto
na lateral das
◗ Coloque algumas à grade, como no exemplo acima. varandas ou
almofadas a mais Pode-as na mesma altura.
na sala. Quando ◗ Se você tem na varanda uma mesa
sacadas, conferem
usar a varanda, com tampo de vidro, lembre-se de maior privacidade
leve-as para fora! fixá-lo com parafusos. Assim, você
impede que o vento cause estragos.
do morador
em relação
aos vizinhos.
07.11.08 13:55:51

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 145


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

DISSERTAÇÃO.indd 145 3/11/2009 21:27:35


Capítulo 9

Sala de jantar:
um cômodo raro na
habitação de Classe C
[73]

* Notas e
observações

Para o usuário de
Classe C instalar
um espelho numa
parede é a chave
para aumentar
visualmente um
cômodo. Nessa
aula, foi ensinado
como posicionar
corretamente o
objeto para obter o
resultado desejado.

146 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

sse cômodo existe apenas nos ração. Para os usuário que não dispõem

E apartamentos decorados em
lançamento. Na prática, poucas
habitações de Classe C possuem uma
do cômodo, foi exposta um série de dicas
de decoração que podem ser aplicadas
em outros cômodos da casa. Nesse caso,
divisão entre sala de jantar e cozinha. explorou-se a colocação e posiciona-
Entretanto, como estão presentes tanto mento corretos de espelhos grandes e a
na mídia como no show-room das lo- posição correta da mesa em relação ao
jas de mobiliário popular, optou-se por cômodo. Além disso, apresentou-se um
explorá-las também no curso de deco- guia de arrumação de louças e objetos.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 147


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

DISSERTAÇÃO.indd 147 3/11/2009 21:27:51


Capítulo 9

A sala: junto da cozinha,


foi eleita pelos usuários o
cômodo mais importante
[74]
Curso de decoração
lição 9
Curso de decoração

◗ Os sofás de
couro ecológico
(2) são bem
práticos na hora
de limpar. Um
pano úmido,
água e sabão

Sala de estar de coco deixam


o móvel novinho

cheia de estilo em folha!


◗ A manta
Descubra como deixar muito mais charmoso
o ambiente que é o cartão de visita da sua casa
colorida (3) deixa
Edição Gustavo Curcio Reportagem Daniela Almeida Designer Cinthia Behr
a sala moderna 4
1. PARES PERFEITOS
DREAMSTIME

À
primeira vista, montar uma A arquiteta Teresinha Nigri reve-
sala de estar exige apenas la alguns segredos: “Costumo usar e aconchegante.
a escolha de um sofá, uma cerâmica clara no chão, porque ela
TV e um rack. Porém, para decorar
esse espaço de maneira adequada,
amplia o espaço e facilita a limpe-
za. E para criar ambientes acon-
◗ A luminária
AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO

não basta cuidar da beleza do


ambiente. É preciso levar em conta
chegantes e personalizados, recorro
ao papel de parede, que hoje é
◗ Para tornar a sala mais moderna, no canto (4) dá
dois outros fatores: a praticidade facilmente encontrado em lojas de
do dia-a-dia e o conforto para rece- material de construção”. Veja como escolha um sofá grande de cor a sensação de
ber as visitas. transformar esse cômodo.
clara e poltronas de cores fortes. que o ambiente
633P25.indd 25 19.11.08 15:38:04
◗ Fuja dos tradicionais conjuntos é mais amplo.
de dois e três lugares. Escolha ◗ Mesa de
modelos de formatos alternativos! centro, baú ou
◗ Use tecidos com padrões diferentes: pufe (5)? É você 2
se os sofás forem lisos, escolha quem escolhe
* Notas e mantas e almofadas estampadas. a função desse
observações móvel-curinga. 5

Na sala de estar
torna-se ainda
mais evidente 3
a tentativa de 1
aproximação da
Classe C ao design
das faixas sociais
de maior poder
aquisitivo. Por isso,
faz-se importante 2. CONTRASTE CHIQUE
ressaltar que ◗ Quadros escuros vão bem
a quantidade em paredes claras — e vice-versa.
Esse é o melhor jeito de destacá-los.
de móveis e a ◗ Outra dica é usar a iluminação
dimensão deles direta e focada, bem em cima
do quadro ou objeto exposto (1).
deve respeitar o ◗ Quadro claro na parede clara?
espaço disponível Use a moldura no tom oposto: para
destacar a gravura ou pintura, invista
no cômodo. Caso em uma moldura marrom ou preta.
contrário, o arranjo
será ineficiente.
633P25.indd Sec1:26-Sec1:27

148 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

sala, assim como a cozinha, é forma, em muitas habitações, opta-se

A para os usuários objeto de afir-


mação social. Segundo Adrian
Forty, (Objetos de Desejo, 1986) “... o de-
pela reforma e acabamento da sala de
estar (no caso de orçamento insuficiente
para o término da construção da casa)
sign dos artigos que usam ajudam a defin- em detrimento aos demais cômodos e
ir seu status e a natureza de suas relações até mesmo ao revestimento externo das
uns com os outros.” A decoração da sala, paredes. É comum encontrar na periferia
como cartão de visitas da casa é essen- de São Paulo casas finalizadas no interior
cial na definição do status social. Dessa com alvenaria exposta na parte exterior.

Curso de decoração
lição 9
lição 9 Salas de jantar e
estar integradas
H á muitas vantagens em
unir a sala de jantar à sala
de estar — você ganha, prin-
cipalmente, espaço. Cômodos
de estar usando um tapete.
Um sofá sem encosto ou um
aparador são ótimos objetos
para fazer a separação entre
integrados (sem paredes) tor- os dois ambientes. Assim, as
nam-se mais amplos. Ou seja: visitas terão certeza de onde
são ideais para casas e aparta- termina a sala de jantar e
mentos onde cada centímetro onde começa a de estar.
faz toda a diferença. Use e abuse das cores em
Outra vantagem é que a pequenos detalhes na deco-
circulação das pessoas entre ração. Vale jogar uma manta
os ambientes fica mais fácil. bem alegre no sofá, pendurar
Além disso, num ambiente um quadro ou trocar as capas
sem paredes a luz natural é das almofadas. Mas tome cui-
mais bem aproveitada. dado com o conjunto de cores
Para criar a união perfeita, escolhido.
crie uma base comum, com Para finalizar, ajuste a ilu-
móveis e paredes seguindo um minação. A luz amarela nos
mesmo tom (bege ou branco). dois ambientes garante o con-
Depois, use alguns recursos forto das pessoas. E lembre-se:
que ajudam a delimitar cada mesa de jantar pede ilumi-
um dos cômodos. nação direta. Não se esque-
Quanto menor for o espaço, ça de combinar as cores da
maior será a necessidade de louça com os demais objetos
usar o mesmo piso nos dois da sala. Por fim, invista em
ambientes. Demarque a sala tapetes escuros. UM SÓ AMBIENTE Assim, você ganha espaço e praticidade

TELEVISÃO NO LUGAR CERTO

8 3. MENOS É MAIS
◗ Escolha bem os objetos que ◗ Para evitar reflexos na TV, o ideal ◗ Cuidado com o tamanho da ◗ A estante (ou rack) também deve
é posicioná-la de costas para a janela. TV. Um aparelho enorme, com ser proporcional à televisão da sala.
você irá colocar na estante. Libere Se for impossível, ponha uma cortina 42 polegadas (como o da foto), pede Afinal, o aparelho também funciona
de tecido grosso e bloqueie a luz. uma distância de 3 metros até o sofá. como um objeto decorativo.
o espaço perto do televisor.
◗ Procure objetos que tenham a ver 633P25.indd Sec1:28 19.11.08 15:09:05

com o gosto da sua família, mas fuja


de bibelôs muito empetecados.
6 ◗ Os vasos na foto acima são bons
exemplos. Por serem finos e altos,
* Notas e
funcionam como moldura para a TV.
observações
9 A solução
◗ Aqui, os tons
da “cozinha
de marrom e americana” (sala
bege formam
o conjunto de
de estar conjugada
cores e estão à cozinha) é
distribuídos de
modo harmônico
cada vez mais
— dos móveis comum em
às almofadas (6),
contrastando
apartamentos
com o sofá. voltados à classe
◗ A mesa de
vidro (7) deixa a
C. Mas a proposta
sala mais ampla. 4. AS CORTINAS IDEAIS é eficiente no
7 ◗ Instalado na
parede lateral, ◗ A grande vantagem de usar cortinas
sentido de ferar
o espelho (8) não claras é iluminar o ambiente. maior conforto
incomoda quem ◗ O tamanho da cortina deve ser
senta na sala. proporcional ao espaço e à janela
estético-funcional.
◗ O móvel branco em que ela será instalada. Salas A sensação de
(9) pode ser mesa pequenas pedem cortinas menores.
de canto, mesa ◗ Se quiser brincar com cores e
amplitude é
de centro ou estampas, evite outros objetos maior do que
porta-almofadas. chamativos por perto. Invista em
almofadas com o mesmo padrão.
em cômodos
separados por
paredes.
19.11.08 15:08:12

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 149


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

DISSERTAÇÃO.indd 149 3/11/2009 21:27:58


Capítulo 9

O sonho dos
usuários de Classe C:
ter um casa maior
[75]
Curso de decoração
lição 10
Curso de decoração

Amplie sua casa


Confira os segredos que ajudam você a
decorar espaços de qualquer tamanho. E
transforme sua casa num verdadeiro palácio!
Edição Gustavo Curcio Reportagem Daniela Almeida Designer Cinthia Behr

N
ão adianta comprar aque- em mente numa folha de jornal
la mesa de jantar enorme e colocar os desenhos no chão,
que está em oferta se a exatamente onde vai ficar cada
sua sala de jantar é pequena para móvel. Assim, você vê se sobra
comportar o móvel. Nem uma tele-
visão de 42 polegadas para um
espaço para as pessoas passarem.
Para sofás-camas e armários, meça 1. CAMA NO LUGAR CERTO
quarto de 2 X 2 metros. Depois de o ambiente imaginando o móvel
um tempo, em vez de solução, eles
podem se tornar um problema.
aberto — esse é o espaço que ele
realmente ocupa. 1
Para garantir o espaço de circu-
lação entre os móveis, tire todas
E evite entulhar o espaço com
muitos enfeites e penduricalhos. É
◗ Não encoste a lateral da cama
as medidas de cada ambiente importante que cada detalhe seja
antes de ir à loja. Uma ótima dica pensado: sempre que possível, fuja de casal na parede. De preferência,
é desenhar as peças que você tem dos improvisos.
ela deve estar no centro do quarto.
634P29.indd 29 28.11.08 15:24:56
◗ É importante deixar um espaço
de circulação com, pelo menos,
60 centímetros ao redor da cama.
◗ Se o cômodo for pequeno, abra mão
dos criados-mudos. Uma prateleira
pode abrigar abajur e livros.

* Notas e
observações 3
2
Basicamente,
explorou-se a
preocoupação que
o usuário deve ter
com o tamanho
dos móveis
que adquiri. A
indústria de móveis 2. QUADROS IDEAIS
populares, nesse ◗ Fique atenta ao espalhar quadros
sentido, evoluiu ao pelos cômodos. O exagero pode ◗ Os espelhos nas duas paredes (1) refletem
dar uma sensação de sufocamento. a luz no ambiente e enganam o olhar, porque
longo dos últimos ◗ Quando o espaço é pequeno, dão a impressão de que o espaço é mais amplo.
5 anos. Mais a melhor saída é usar quadros nos ◗ Móveis em acrílico transparente (2) são uma
mesmos tons da parede. Assim, tendência forte em decoração. E eles são ideais
opções de objetos eles chamam menos atenção. para deixar mais limpo o visual do cômodo.
modulados podem ◗ Prefira molduras finas e claras ◗ A bancada branca (3) funciona tanto como
às mais pesadas. Paredes pequenas escrivaninha quanto como aparador.
ser encontradas pedem modelos discretos.
nas lojas da rede
varejista.
634P29.indd Sec1:30-31

150 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

última e mais esperada aula do curso de decoração, existe um canal de

A curso de decoração caracterizou-


se por um compêndio de truques
de decoração que aumentam a sensação
perguntas e respostas na internet através
do qual os usuários podem entrar em
contato diretamente com o arquiteto e
de espaço dos cômodos, e, com isso, sua terem suas dúvidas atendidas. O maior
eficiência. Constantemente usuários de número de ocorrências é referente ao
móveis populares enviam perguntas de melhor aproveitamento dos espaços.
como aproveitar mais e melhor o espaço Por isso, o tema tem sido recorrente nas
de suas residências. Paralelamente ao publicações voltadas a este público.

Curso de decoração
lição 10
lição 10 Espelhos que fazem mágica
O tamanho das casas e dos apartamen-
tos é cada vez menor. Nesse sentido,
o banheiro é sempre o cômodo mais afe-
tado. Os seis banheiros abaixo são ótimos
exemplos de como vencer o problema da
falta de espaço.
O segredo número 1 para um banheiro
transparente no box. E nada de economizar
em espelhos: lembre-se de que eles são
nosso maior aliado para conseguir a sensa-
ção de mais espaço. Em vez de instalar um
pequeno espelho emoldurado sobre a pia,
prefira modelos grandes, fixados direta-
mente na parede. Você economiza azulejo
da decoração. Pastilhas coloridas não são
caras e podem ser aplicadas apenas no box
ou em cima da pia — elas dão um charme
especial ao banheiro. Toalhas, tapetes e
objetos decorativos também devem respei-
tar o conjunto de cores que você escolheu.
Esses itens serão os responsáveis por ale-
arejado é escolher uma base neutra — ou e aumenta a sensação de espaço. grar o espaço.
seja, louça e paredes brancas ou em tons Depois disso, capriche em todos os deta- Por fim, fuja das cortinas, que impedem
claros, como o bege. Opte sempre por vidro lhes. Primeiro, escolha o conjunto de cores uma boa circulação de ar no ambiente.

◗ Quanto mais
claro, mais

AGRADECIMENTO: TIBERIO CONSTRUÇÕES, TECNISA, ESSER E GENERAL REALTY, GOLDFARB INCORPORAÇÕES, PDG REALTY / PROJETOS ARQUITETÔNICOS: TEREZINHA NIGRI E VIVIAN NASCIMENTO
amplo! Uma
dica valiosa
para acertar na
decoração de
cômodos com
pouco espaço é
fazer a base do
ambiente em
uma cor neutra,
como o branco.
◗ Unir a cozinha
à sala de jantar 3. MISTURA DE ESTAMPAS
é uma boa saída
para quem tem ◗ Usar estampas e listras em um
espaço reduzido. só ambiente é possível, desde que
JOGO DE REFLEXOS Louças claras e espelhos fazem milagre quando o objetivo é ampliar espaços pequenos
◗ Prefira mesas os tons das duas estampas sejam
com tampo de exatamente os mesmos. 634P29.indd 32 28.11.08 15:28:07

vidro e cadeiras ◗ Lugares pequenos pedem estampas


com encosto menores. Cuidado com os exageros!
baixo e assento ◗ Se você escolheu um sofá
em tom claro. estampado, mantenha as cortinas
e as paredes lisas. * Notas e
observações

A dose certa
de paredes e
grandes superfícies
coloridas também
é responsável
pela sensação
de amplitude
dos cômodos.
4. CÔMODOS SEPARADOS Nesse sentido a
◗ A divisória acima mantém livre
aproximação das
o espaço de circulação, separa os características dos
dois ambientes e ainda abriga a TV.
◗ Outra opção para separar cômodos
design de Classe
sem recorrer a obras são os biombos. A e Classe C tem
Procure modelos discretos e que
combinem com os outros móveis.
contibuído para
◗ A cortina deve ser proporcional a a aceitação de
ao tamanho do cômodo — ela não
precisa cobrir uma parede inteira.
tons neutros pelos
usuários de menor
poder aquisitivo.
28.11.08 15:29:20

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Capítulo 10

Conclusão: a velocidade
da informação e o
design de Classe C
10.1 O Projeto de Mobiliário voltado para esse nicho social em cres-
Como Elemento Essencial cente expansão. A qualidade de vida
para a Configuração da desta população depende diretamente
Habitação Popular dos objetos com os quais se relacionam
constantemente dentro de seus lares.
projeto da habitação popular O papel do designer de mobiliário po-

O tem sido amplamente estuda-


do e discutido no Brasil. As mais
diversas tentativas de soluções têm
pular é o de organizar o ambiente a ser
ocupado. As dificuldades com relação à
falta de espaço físico e as verdadeiras
sido projetadas e executadas. Há, no necessidades a serem consideradas,
entanto, uma falta de preocupação com constituem os principais desafios do
os objetos que ocuparão esta habitação profissional responsável pela configu-
depois de executada. A configuração do ração interna da habitação mínima.
interior da habitação popular depende
da organização proposta pelo morador. 10.2 a Conservação da
Tão importante se faz, entretanto, a for- Individualidade no Projeto
ma de ocupação interior quanto a for- de Mobiliário para as Massas
ma exterior e a divisão das dependên-
cias da edificação. Um dos principais problemas quando
Os resultados analisados da ocupa- se projeta para a Classe C é a possível
ção não organizada dos espaços pro- perda da personalidade do indivíduo
jetados com o objetivo de abrigar uma no sentido de obrigá-lo a possuir algo
população de Classe C, evidenciam a idêntico àquilo que os outros membros
real necessidade do projeto do móvel da mesma comunidade utilizam. A for-
ma de mobiliar pode constituir certa
As dificuldades personalidade ao indivíduo que vive em
um conjunto habitacional, por exemplo.
com relação à falta A existência de inúmeras células repeti-
das torna o ambiente monótono e tira
de espaço físico a liberdade do indivíduo de atribuir ao
local que habita suas próprias caracte-
e as verdadeiras rísticas.
necessidades a Cabe ao designer elaborar o projeto
de tal forma que permita a adaptação
serem consideradas, do usuário com relação à utilização do
objeto. Esta tarefa, no entanto, constitui
constituem os algo a principio paradoxal: um móvel
principais desafios que atenda a toda uma população e
que ao mesmo tempo preserve a per-
do designer sonalidade de cada um. Esta solução

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Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

depende da articulação com a qual o resse de grandes indústrias moveleiras.


usuário poderá lidar com os objetos Com um menor consumo de energia
criados pelo designer. e uma maior eficiência em termos de
qualidade e número de produtos no
10.3 A Sustentabilidade do final da linha de montagem podem sur-
processo Industrial como gir alternativas que viabilizem a difusão
fator indispensável de um mobiliário adequado à realidade
econômica e social da população brasi-
Pôde-se observar ao longo dos quase leira de Classe C.
7 anos de pesquisa a real necessidade Durante a análise dos padrões estéti-
de um projeto comprometido ambien- cos apreciados pela Classe C chegou-se
talmente que seja não apenas viável ao seguinte resultado: os usuário bus-
economicamente, mas que esteja inse- cam através do mobiliário, uma auto-
rido num contexto que gere o mínimo satisfação como cidadãos inseridos
de resíduos e que prime pelo reuso e na sociedade, no sentido de buscarem
reaproveitamento de materiais. Sabe-se um móvel que se assemelhem aos pa-
que existe hoje no mercado de maté- drões julgados por eles como burgue-
rias-primas para o mobiliário uma série ses. A problemática do superdimen-
de chapas e placas, bem como acessó- sionamento dos móveis evidencia o
rios que já são produzidos a partir de aspecto de busca por uma identidade
sistemas sustentáveis de reciclagem da por parte desta população. Sofás com
madeira (como apresentado no capí- grandes braços, estofamentos avelu-
tulo referente à matéria-prima empre- dados, estampas floridas e com cores
gada nos móveis), entretanto, busca-se exuberantes refletem apenas um gosto
aqui a proposta que considere não ape- que é gerado pela tentativa de inser-
nas o aspecto de reuso, mas a criação ção no mundo burguês por parte das
de um processo produtivo sustentável, classes menos favorecidas. Entretanto,
conciliando todos os aspectos envolvi- tem-se verificado que a velocidade da
dos na produção do móvel voltado às informação e a explosão dos meios de
classes menos favorecidas da popula- comunicação são fatores responsáveis
ção brasileira. pela aproximação de pádrões estéticos
Tem-se então como aspiração a gera- entre as Classes A e B e a Classe C. O
ção de um ciclo autônomo de produção contato direto com usuários de mobi-
de mobiliário de interesse social, obten- liário através do trabalho desenvolvido
do-se desta forma uma cadeia produti- na Editora Abril possibilitou um melhor
va auto-sustentável que consiga dentro entendimento dos padrões estético-
de sua própria organização obter um funcionais exigidos por esse nicho so-
grau de eficiência tal que justifique o cial.
seu financiamento com o menor orça- Deve-se, no entanto, buscar ao mes-
mento possível, atraindo assim o inte- mo tempo o saciar desta estética e a

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Capítulo 10

A velocidade da vel depende essencialmente do partido


adotado pelo projetista na concepção
informação e a do produto. O Desenho Industrial deve
explosão dos meios trazer inovações tecnológicas de forma
a proporcionar um melhor aproveita-
de comunicação são mento dos materiais em abundância e
o reaproveitamento daqueles já utiliza-
fatores responsáveis dos, sempre buscando solucionar, atra-
vés da escolha dos mesmos, o problema
pela aproximação do custo.
de pádrões estéticos O arquiteto/designer, além de estar
constantemente buscando novas solu-
entre as Classes A e B ções para os projetos a serem desen-
volvidos, deve estar sempre atento às
e a Classe C. inovações tecnológicas provenientes
dos centros de pesquisa. Desta forma, o
viabilidade do projeto no sentido de profissional desta área poderá se man-
minimizar custos e promover a fabrica- ter sempre atualizado com relação |às
ção de um móvel durável. Esta função técnicas que podem otimizar a produ-
está intrínseca à atividade do designer, ção. As pesquisas na área da produção
já que este deve promover o ponderar do Mobiliário Popular devem sempre
destes fatores no momento da concep- levar em conta os aspectos sociais das
ção de um móvel para a população da populações, que estão em constante
habitação de área mínima. evolução. Este trabalho contribui, den-
Através das mais diferentes defini- tre outras coisas, com a integração do
ções de design estudadas, importante
se mostra a responsabilidade social que O Curso de Decoração,
o designer tem em suas mãos com rela-
ção a cada um dos objetos produzidos desenvolvido como
pelo setor industrial.
A preocupação com a criação de um
laboratório junto à
mobiliário acima de tudo adequado Classe C, constituiu
às exigências de uma população que
ocupou nos últimos 5 anos papel im- base sólida para
portante no cenário econômico deve
nortear o pensamento do profissional a implementação
responsável pela criação de objetos e
ferramentas. O desenvolvimento de um
de uma “Educação
projeto que seja economicamente viá- Arquitetônica”

154 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

meio acadêmico, representado pela Fa- te, um melhor aproveitamento do espa-


culdade de Arquitetura e Urbanismo da ço e, por conseqüência, melhor qualida-
USP e o setor privado, representado pela de de vida.
Editora Abril. A aplicação dos conceitos Deve-se preocupar, portanto, com
desenvolvidos ao longo da pesquisa no a produção de objetos que atendam
contexto real do mercado coinsumidor a todos os aspectos importantes para
de Classe C contribuiu para a coleta de uma concepção eficiente. A menção es-
informações bem próximas à realidade pecífica destes aspectos deve ser então
desta população. analisada e cada um deles deve consti-
tuir uma diretriz para a idealização do
10.4 a racionalização do produto de Mobiliário Popular.
espaço como instrumento de A forma, a funcionalidade, a plastici-
qualificação da moradia dade, a estrutura, a ergonomia, a via-
bilidade econômica, o perfil do consu-
O Curso de Decoração, desenvolvido midor e principalmente a busca pela
como uma espécie de laboratório jun- solução de problemas sociais através da
to ao grupo social estudado, constituiu atividade projetual do designer, devem
base sólida para a implementação de ser os conceitos básicos para a orienta-
uma “Educação Arquitetônica” voltada ção do profissional da área de Desenho
às massas, que determinará, diretamen- Industrial.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 155


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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160 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

1. Conjunto de móveis para sala, Casas Bahia. Imagem cedida pela assessoria de
imprensa das Casas Bahia em dezembro de 2008.
2. Conjunto de móveis para quarto de casal, Casas Bahia. Imagem cedida pela
assessoria de imprensa das Casas Bahia em dezembro de 2008.
3. Conjunto de móveis para quarto de casal da marca Bartira. Imagem cedida pela
assessoria de imprensa das Casas Bahia em agosto de 2008.
4. Conjunto de móveis para quarto de casal, Casas Bahia. Imagem cedida pela
assessoria de imprensa das Casas Bahia em dezembro de 2008.
5. Registro de showroom das Casas Bahia com conjunto de móveis para cozinha
e eletrodomésticos Bosch, Brastemp, Arno e LG. Imagem cedida pela assessoria de
imprensa das Casas Bahia em agosto de 2008.
6. Conjunto de móveis para sala, Casas Bahia. Imagem cedida pela assessoria de
imprensa das Casas Bahia em dezembro de 2008.
7. Cadeira Favela, projeto dos Irmãos Campana. Imagem extraída em outubro de
2008 de http://edsm.blogspot.com/2005/03/edra-cadeira-favela-e-outras-legais.
html
8. Cadeira Favela em peça publicitária. Imagem extraída em outubro de 2008 de
http://edsm.blogspot.com/2005/03/edra-cadeira-favela-e-outras-legais.html
9. Sapatos inspirados em projeto dos Campana – artigo Ecletismo e Hibridismo
entre MODA e DESIGN – Transposição estética entre moda e design, escrito por
Queila Ferraz e publicado em março de 2009. Imagem extraída em abril de 2009
de http://www.fashionbubbles.com/2009/ecletismo-e-hibridismo-entre-moda-e-
design-transposicao-estetica-entre-moda-e-design-parte-23/
10. Piet Mondrian, Abstract. MOMA, 1924
11. Villa Savoye, Paris, projeto de Le Corbusier em Poissy, França, 1928-1929.
Imagem extraída de http://hiyvonnelu.blogspot.com/2007/11/le-corbusier.html
em março de 2009
12. “Unité d’habitation”, Marselha, França, 1950s. Projeto de Le Corbusier. Imagem
extraída de http://theurbanearth.wordpress.com/2008/08/09/le-corbusier-le-
grand/ em março de 2009
13. Interior de unidade de habitação em Neully sur Seine, França, 1955.
Projeto de Le Corbusier. Imagem extraída de http://theurbanearth.wordpress.
com/2008/08/09/le-corbusier-le-grand/ em março de 2009
14. Croqui “Analogia da habitação com o sistema biológico humano”. feito por Le
Corbusier. Imagem extraída de Précision sur un État Présent de l’Architecture et de
l’Urbanisme, Paris, Crès, 1930.
15. Croqui “Tabela das áreas mínimas” feito por Le Corbusier. Imagem extraída de
Précision sur un État Présent de l’Architecture et de l’Urbanisme, Paris, Crès, 1930.
16. Croqui “Relação entre cômodos” feito por Le Corbusier. Imagem extraída de
Précision sur un État Présent de l’Architecture et de l’Urbanisme, Paris, Crès, 1930.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 161


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Índice de figuras

17. Unidade Habitacional do Conjunto Teotônio Vilela, Sapopemba, São Paulo.


Planta extraída da tese de doutorado de Aida Pompeu Nogueira, Fau-usp, 2005
18. Cadeira três pernas, de Joaquim Tenreiro, 1954. Imagem extraída de Móvel
Moderno no Brasil, Maria Cecília Loschiavo dos Santos, São Paulo, Studio Nobel/
EDUSP, 1995
19. Chapa de compensado com divisão das células “bumerangue”, projeto de Lina
Bardi. Extraído de Mobiliário da Habitação Popular, Persival Brosig, 1983.
20. Exemplo de encaixe de peças, projeto de Lina Bardi. Extraído de Mobiliário da
Habitação Popular, Persival Brosig, 1983.
21. Linha completa ambientada, projeto de Lina Bardi. Extraído de Mobiliário da
Habitação Popular, Persival Brosig, 1983.
22. Vistas frontal e lateral de guarda-roupas e escrivaninha, projeto de Lina Bardi.
Extraído de Mobiliário da Habitação Popular, Persival Brosig, 1983.
23. Chapa de MDF. Imagem extraída de http://www.madeiraspinheiro.com.br/
compra.php/COSB0018
24. Chapa de OSB. Imagem extraída de http://www.madeiraspinheiro.com.br/
compra.php/COSB0018
25. Chapa de aglomerado. Imagem extraída de http://www.madeiraspinheiro.com.
br/compra.php/COSB0018
26. Chapa de compensado. Imagem extraída de http://www.madeiraspinheiro.
com.br/compra.php/COSB0018
27. Parque industrial da Itatiaia Móveis. Imagem extraída de www.itatiaiamoveis.
com.br em janeiro de 2009
28. Funcionário da Itatiaia Móveis operando maquinário. Imagem extraída de
www.itatiaiamoveis.com.br em janeiro de 2009
29. Conjunto de móveis para sala, Casas Bahia. Imagem cedida pela assessoria de
imprensa das Casas Bahia em dezembro de 2008.
30. Mesa de computador. Foto tirada pelo autor em visita a campo, São Paulo, abril
de 2008
31. Sala de estar. Foto tirada pelo autor em visita a campo, São Paulo, abril de 2008
32. Rack para sala, Ponto Frio. Imagem cedida pela assessoria de imprensa do
Ponto Frio em dezembro de 2008.
33. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
34. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
35. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /

162 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

Campanha publicitária
36. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
37. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
38. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
39. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
40. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
41. Foto de antes e depois de sala de estar em São Miguel Paulista, São Paulo.
Tirada pelo fotógrafo André Godoy em março de 2008. Parceria com Unilever /
Campanha publicitária
42. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
625, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
43. Reprodução de campanha publicitária elaborada pelo autor dessa dissertação
às Casas Bahia, veiculada em revistas semanais de alto consumo.
44. Reprodução de campanha publicitária das Casas Bahia, veiculada em revistas
semanais de alto consumo em dezembro de 2003.
45. Reprodução de campanha publicitária elaborada pelo autor dessa dissertação
às Casas Bahia, veiculada em revistas semanais de alto consumo.
46. Reprodução de campanha publicitária elaborada pelo autor dessa dissertação
às Casas Bahia, veiculada em revistas semanais de alto consumo.
47. Reprodução de campanha publicitária das Cozinhas Itatiaia, veiculada em
revistas semanais de alto consumo em dezembro de 2008.
48. Reprodução de campanha publicitária das Cozinhas Itatiaia, veiculada em
revistas semanais de alto consumo em dezembro de 2008.
49. Reprodução de página editorial, Decore com cores fortes, Revista AnaMaria,
agosto de 2008, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
50. Reprodução de página editorial, Dê um toque pessoal à decoração do seu lar,
Revista AnaMaria, março de 2009, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor
dessa dissertação.
51. Jogo de sofá com design arrojado da Rede Ponto Frio. Imagem cedida pela
assessoria de imprensa do Ponto Frio em dezembro de 2008.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 163


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Índice de figuras

52. Modelo de sofá comercializado na década de 1990. Foto retirada do acervo


fotográfico da Editora Abril.
53. Reprodução de página de compras online das Casas Bahia. Extraído de www.
casasbahia.com.br
54. Reprodução de página editorial, Arrase ao decorar com estampas, Revista
AnaMaria, fevereiro de 2009, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa
dissertação.
55. Rack ambientado, Lojas americanas. Imagem cedida pela assessoria de
imprensa das Lojas americanas em outubro de 2008.
56. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
626, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
57. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
627, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
58. Mesa lateral, padrão tabaco, com tampo de vidro, Lojas Marabrás. Reprodução
de imagem do site www.lojasmarabras.com.br
59. Mesa de centro, padrão tabaco, com tampo de vidro, Lojas Marabrás.
Reprodução de imagem do site www.lojasmarabras.com.br
60. Sofá de três assentos, Ponto Frio. Reprodução de imagem do site www.
pontofrio.com.br
61. Poltronas com rodízios vermelha e branca, Lojas Marabrás. Reprodução de
imagem do site www.lojasmarabras.com.br
62. Aparador ou console, padrão tabaco, com tampo de vidro, Lojas Marabrás.
Reprodução de imagem do site www.lojasmarabras.com.br
63. Rack para TV e DVD, Ponto Frio. Reprodução de imagem do site www.pontofrio.
com.br
64. Mesa com 4 cadeiras, padrão tabaco, com tampo de vidro, Lojas Marabrás.
Reprodução de imagem do site www.lojasmarabras.com.br
65. Cozinha modulada, Casas Bahia, Reprodução de imagem do site www.
casabahia.com.br
66. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
628, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
67. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
629, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
68. Conjunto de móveis para sala, Casas Bahia. Imagem cedida pela assessoria de
imprensa das Casas Bahia em dezembro de 2008.
69. Cozinha Modulada, Rede Ponto Frio. Imagem cedida pela assessoria de
imprensa do Ponto Frio em dezembro de 2008.
70. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
630, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
71. Cômoda laqueada, Rede Ponto Frio. Imagem cedida pela assessoria de

164 Dissertação de Mestrado - Maio de 2009


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da moradia popular brasileira / 2002-2009

imprensa do Ponto Frio em dezembro de 2008.


72. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
631, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
73. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
632, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
74. Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
633, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.
75.Reprodução de página editorial, Curso de Decoração, Revista AnaMaria, edição
634, Editora Abril,escrita e diagramada pelo autor dessa dissertação.

Dissertação de Mestrado - Maio de 2009 165


Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio / Orientadora: Prof. Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos

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Universidade de São Paulo - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

2002-2009
A evolução do design nos padrões estético-funcionais da

Moradia Popular Brasileira


dissertação de mestrado
Autor: Gustavo Orlando Fudaba Curcio
Orientadora: Professora Dra. Maria Cecília Loschiavo dos Santos
são paulo
dezembro 2009

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