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Medição de Perdas em Transformadores


Trifásicos do Tipo Seco Suprindo Cargas Não-
Lineares
C. R. dos Santos, L. R. Lisita e P. C. M. Machado

elétrico, destaca-se o transformador de potência, o qual opera


Resumo--Transformadores que suprem cargas não- como uma “interface” entre o sistema elétrico e as cargas a
lineares sofrem perdas adicionais, que elevam suas serem supridas. Transformador que supre carregamentos não-
temperaturas comprometendo a isolação e a vida útil dos lineares apresenta sobreaquecimento e consequentemente
mesmos. Os fatores usados internacionalmente e diminuição de sua vida útil [2]. Neste sentido, para evitar
recomendados na UL 1561-1994 (Fator-K) e na IEEE Std efeitos danosos, o transformador é submetido a uma potência
C57.110-2008 (Fator de Perda Harmônica - FHL) para menor que a nominal para que seu aquecimento seja
cálculo de potência máxima de transformador trifásico equivalente àquele apresentado sob carga linear de potência
operando nestas condições serão objetos de comparação. nominal.
Este trabalho, realizado em laboratório para dois Recomendações sobre a estimação das perdas adicionais
transformadores trifásicos conectados na configuração (cargas não-lineares) e o redimensionamento do transformador
back-to-back, tem por objetivo realizar um levantamento estão disponíveis nas normas UL 1561-1994, UL 1562-1994 e
real das perdas em transformadores submetidos a cargas pela IEEE Std C57.110-2008 [3]-[5]. Porém, alguns trabalhos
lineares e não-lineares. As medições e tratamento de dados publicados [6][7] apresentam índices menores dessas perdas.
são realizados nas baixas tensões dos dois transformadores Isto pode levar por partes das normas, a um maior
e utilizam transdutores de tensão e de corrente de alta dimensionamento do transformador.
precisão e programação em LabVIEW. Tendo este questionamento, este trabalho visa comparar as
perdas obtidas pela utilização de dois métodos, o Linear
Palavras Chave—Fator-K, Fator de Perda Harmônica, (Modelo L de transformador) e o Temporal (Modelo T de
Harmônicos em Transformadores, Perdas em Transformadores, transformador) com os métodos referenciados (FHL e o Fator
Dimensionamento de Transformadores.
K). O método temporal é o mais preciso, pois as perdas são
obtidas através do tratamento de sinais de tensão e de corrente
I. INTRODUÇÃO
no domínio do tempo através de transdutores de tensão e de

D EVIDO à crescente evolução tecnológica da eletrônica de


potência e consequentemente da grande utilização de
cargas não-lineares a presença de distorções harmônicas de
corrente de alta precisão. As medidas são realizadas nos
terminais de tensão inferior de dois transformadores
conectados back-to-back. Neste trabalho o método temporal é
tensão e principalmente de corrente em sistemas de energia tomado como referência.
elétrica tem crescido substancialmente. Pesquisas realizadas
indicam que atualmente as cargas não-lineares são II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
responsáveis por cerca de 70% da demanda dos consumidores
residenciais, comerciais e industriais [1]. Os efeitos devido aos A. Perdas em Transformadores
conteúdos harmônicos presentes nos sinais de tensão e de Transformadores sob carga dissipam potência por efeito
corrente podem gerar perdas adicionais, aquecimento e Joule nos enrolamentos devido às correntes que neles
redução da vida útil de equipamentos elétricos. circulam: correntes de cargas e correntes parasitas [8][9]. Há
Dentre os vários equipamentos que compõe o sistema outras perdas de dispersão presentes nas estruturas fora do
enrolamento, tais como núcleo, união de núcleo, estrutura
Agradecemos ao suporte financeiro da Escola de Engenharia Elétrica e de metálica e tanque [10][11].
Computação da Universidade Federal de Goiás, da Fundação de Apoio à
Pesquisa FUNAPE-UFG e da CAPES.
Equações apresentadas em diversos trabalhos [6]-[11]
C. R. dos Santos – Escola de Engenharia Elétrica e de Computação, indicam que as perdas em transformadores aumentam com o
Universidade Federal de Goiás, CP: 131, 74001-970, Goiânia, GO, Brazil (e- aumento da frequência. Dependendo do modelo adotado, a
mail: cairorezende@hotmail.com). perda no núcleo e a perda por correntes parasitas nos
L. R. Lisita – Escola de Engenharia Elétrica e de Computação,
Universidade Federal de Goiás, CP: 131, 74001-970, Goiânia, GO, Brazil (e- enrolamentos são proporcionais ao quadrado da frequência do
mail: lrlisita@gmail.com). fluxo induzido pelas correntes dos enrolamentos [6][9][10].
P. C. M. Machado – Escola de Engenharia Elétrica e de Computação, Desta forma, pode-se verificar que há uma grande influência
Universidade Federal de Goiás, CP: 131, 74001-970, Goiânia, GO, Brazil (e-
mail: pcmmachado@gmail.com). das correntes harmônicas nas perdas do transformador,
2

!
"# 
 
provocando sobreaquecimento no mesmo e podendo
!
(3)
comprometer seu isolamento e sua vida útil. "#
A importância de quantificar as perdas em transformadores $     (4)
sob cargas não-lineares vem do fato de ser possível fazer com
que o transformador supra uma potência menor que a nominal, Além da perda por correntes parasitas nos enrolamentos, a
de forma que ele apresente o mesmo aquecimento (mesma perda fora dos enrolamentos (POSL) também é alterada. Para
perda) se suprisse carga linear nominal. Neste caso o esta perda, o fator (%& ) é dado por (5) e a perda fora dos
isolamento, a capacidade condutora e a vida útil do enrolamentos por (6).
!
"# 
'(
transformador não seriam comprometidas. %&  !
(5)
Os métodos de cálculos para perdas em enrolamentos de "#

transformadores sob cargas não-lineares apresentados pelas )%  %&  )% (6)
normas referenciadas (FHL e o Fator K) baseiam-se no Onde, POSL-R é a perda fora dos enrolamentos em condição de
somatório do produto do espectro harmônico da corrente de carga linear nominal.
carga ao quadrado pela harmônica ao quadrado, dividido por D. Derating
uma corrente de base. Para o Fator-k esta corrente de base é a
Para o dimensionamento do transformador, considera-se
nominal e para o FHL a corrente de base é a corrente total.
que todas as perdas são transformadas em calor. O
Outro fator utilizado é o Fator de Perda Harmônica Fora dos
aquecimento do transformador não deve ser superior à
Enrolamentos (FHL-STR), mostrado na norma IEEE Std
temperatura para a condição de carga linear nominal. Desta
C57.110-2008, que diferencia da perda nos enrolamentos pelo
forma, a perda total deve ser a mesma que o transformador
expoente da harmônica, que neste caso é igual a 0,8. As
teria suprindo carga linear nominal. Isto implica o uso de uma
normas das UL 1561-1994 e UL 1562-1994 não contemplam
potência menor que a nominal, quando suprir cargas não-
variação da perda no Núcleo devido às harmônicas de
lineares. Esta potência reduzida é chamada Derating [14].
correntes [3]-[6].
No caso de transformadores suprindo cargas não-lineares,
Estes métodos são bastante utilizados para
o derating é a potência máxima que o transformador deve
dimensionamento e classificação de transformadores. Alguns
suprir, para que os efeitos de aumento de temperatura devido
trabalhos práticos confirmam a validade destes métodos
às perdas por correntes harmônicas não comprometam sua
[12][13]. Entretanto, outros trabalhos verificam diferenças
vida útil [7][10].
entre a perda medida e a calculada através deles [6][10].
B. Fator-K III. METODOLOGIA
Definido pelas normas UL 1561-1994 e UL 1562-1994 Para dimensionar um transformador suprindo cargas não-
para cálculo de perdas em transformador tipo seco, o Fator-K lineares devem ser consideradas as perdas nos enrolamentos e
é amplamente utilizado para dimensionamento de no núcleo. Para o cálculo destas perdas, as recomendações
transformadores. A definição do Fator-K é conforme (1) [3]- internacionais apresentam equações aproximadas, que
[5]. dependem do espectro harmônico da corrente de carga e da

    

 
 perda para condição de carga linear nominal. Ensaios em
(1)
vazio, em curto-circuito e de resistência dos enrolamentos em
Onde dc são realizados para a obtenção da perda em vazio e da
perda em carga sob excitação senoidal. Destes ensaios, obtêm-
IR - valor rms da corrente nominal se os parâmetros para o modelo L do transformador. Com
Ih - valor rms da corrente harmônica de ordem h estes parâmetros e com a aquisição de dados de tensões e de
h- ordem da harmônica correntes são calculadas as perdas para condição de carga
hmax máxima ordem de harmônica de potência significativa linear nominal. O Método Temporal programa o tratamento
dos dados adquiridos de tensões e de correntes no domínio do
Multiplicando-se o Fator-K (1) pela perda por correntes tempo pelo uso das equações do modelo T de circuito
parasitas nos enrolamentos sob condição de carga linear equivalente por fase do transformador. Portanto é tido como o
nominal (PEC-R), obtém-se a perda por correntes parasitas nos mais preciso e é tomado como referência neste artigo.
enrolamentos para uma carga não-linear (PEC-K), conforme Um sistema de aquisição e processamento dos sinais de
apresentado em (2). tensões e de correntes no domínio do tempo, permite que
      (2) sejam obtidos os valores exatos das potências de entrada e de
C. Fator de Perda Harmônica saída e o espectro harmônico das correntes de carga no
transformador T2, possibilitando o cálculo dos fatores de
A IEEE Std C57.110-2008 determina o Fator de Perda
multiplicação e das perdas sob cargas não-lineares, obtida
Harmônica (FHL) como um fator a ser multiplicado pela perda
através dos métodos referenciados.
por correntes parasitas nos enrolamentos para condição de
O protótipo montado para simulação prática contém dois
carga linear nominal (PEC-R), para obter a perda por correntes
transformadores conectados na configuração back-to-back.
parasitas nos enrolamentos para condição de carga não-linear
Esta forma de conexão permite medições no lado de tensão
( PEC-FHL) [3], conforme (3) e (4).
3

inferior, eliminando o uso de TP’s e TC’s, que são comuns em Para o modelo L de transformador, a resistência equivalente
outras pesquisas, mas podem influenciar no resultado das é a soma das resistências dos lados de tensão superior e
medições. A Fig. 1 mostra as medições sendo realizadas pelos inferior. A resistência equivalente referida para o lado da
lados de tensão inferior, através de transdutores de tensões e tensão inferior (Rdc) é dada por (8).

>?@A
*+,  *+,7 89 : *+,7%;< = E
de correntes ligados a uma placa de aquisição de dados e esta,
(8)
por sua vez, ligada a um computador [10]. >BCD
Onde:
Rdcinf - resistência em dc do lado da tensão inferior.
Rdcsup - resistência em dc do lado da tensão superior
Vinf - tensão de linha do lado da tensão inferior.
Vsup - tensão de linha do lado da tensão superior.

Em seguida, através do ensaio em curto-circuito, é


determinada a resistência para a condição de carga linear
nominal (Rac).
Através das tensões e das correntes obtidas no domínio do
Fig. 1. Configuração back-to-back de dois transformadores trifásicos Y–Y. tempo, calcula-se a potência ativa durante o ensaio em curto-
circuito (Pcc), conforme (9).
 &
,,  6H FK G,,H .5 I,,H .5 J
Os transdutores utilizados são de malha fechada do tipo C,
(9)
que compensam a própria corrente de magnetização, &
500V/10V para os transdutores de tensões e 50A/5V para os Onde:
transdutores de correntes. Os transdutores de tensão possuem vcc-i (t) - tensão na fase i, no ensaio de curto-circuito
uma largura de faixa de 0 a 300 kHz com precisão de ± 0,2 % icc-i (t) - corrente na fase i, no ensaio de curto-circuito
e os de correntes possuem uma largura de faixa de 0 a 500
kHz com precisão de ± 0,1 %. Outro componente do sistema A resistência equivalente para o modelo L em corrente
de aquisição de dados é o software. É através dele que é feito alternada (Rac) é dada por (10).
 L
o tratamento de sinais e a exibição dos resultados *,  00 (10)
6 00
O software implementado realiza as aquisições dos dados Onde:
de tensões e de correntes de fases e é através destas variáveis Icc - valor rms médio entre as três fases da corrente de linha, no
que são determinadas as perdas totais calculadas para todos os ensaio de curto-circuito.
métodos utilizados. Também são apresentadas pelo programa
as comparações entre estas perdas e, consequentemente, entre A resistência que representa a perda por correntes parasitas
as reduções da potência aparente. (REC) é a diferença entre as resistências em ac (Rac) e em dc
A. Obtenção dos parâmetros (Rdc) conforme (11).
Os parâmetros dos transformadores são obtidos de acordo *  *,  *+, (11)
com o modelo de transformador. Inicialmente estes A perda por correntes parasitas em enrolamentos para as
parâmetros são calculados para o modelo linear (modelo L) e, três fases é determinada através de (12).
a posteriori, para o modelo temporal (modelo T).   M *  I (12)
Para calcular as perdas através dos métodos do Fator-K e Onde:
do FHL são necessários conhecer a corrente nominal, o IR - Corrente nominal para carga linear nominal.
espectro harmônico da corrente de carga e a perda para
condição de carga linear nominal: perda por correntes Quando transformadores suprem cargas não-lineares
parasitas nos enrolamentos (PEC-R) e perda fora dos aumenta a circulação de correntes parasitas nos enrolamentos,
enrolamentos (POSL-R). Para os cálculos destas perdas, o que acarreta uma maior resistência em ac, chamada
considera-se o modelo L equivalente por fase. Para isto, resistência efetiva dos enrolamentos por fase (Racefi). Durante
primeiramente obtêm-se a resistência dos enrolamentos em os ensaios com carga, esta resistência é obtida de acordo com
corrente contínua (Rdc), através do ensaio de resistência dos (13) e reescrita em forma de potência, conforme (14) [5][13].
enrolamentos em dc. Para enrolamentos em Y, a resistência
+H#R +H R
equivalente por fase (Rdcy) é determinada através de (7). NH  NH  *,O9H  PH : Q,  : *,O9H  PH : Q, (13)
+S +S

 ./0123 4/0130 4/0102 5


*+,-   (7) U U/VR#R WR R X
F' .T#R T R 5.H#R 4H R 5+S20 F' .H#R 4H R 5+S
 6
*,O9H  U
/Y
(14)
Onde: .H
F' #R 4H R 5.H#R 4H R 5+S
Rdc-ab - resistência em dc entre os terminais a e b.
Rdc-bc - resistência em dc entre os terminais b e c . O valor da indutância de dispersão (Lac) é considerado
Rdc-ac - resistência em dc entre os terminais a e c . constante durante o processo de simulações práticas com
cargas não-lineares e possui o valor de 1,030 mH. Este valor
4

médio de indutância de dispersão é obtido pelo ensaio de potência aparente máxima (Smax) pela equação (23) [10].
L_B`1 4La1 L_B`
I  ^
rotina de curto-circuito [15].
(22)
A resistência efetiva por correntes parasitas (RECefi) pode 620bA
ser obtida utilizando-se (14). Assim, a equação (11) pode ser c  Idef7.<;5  c (23)
reescrita conforme (15). Onde, SR é a potência aparente nominal.
*O9H  *,O9H  *+, (15)
As perdas por correntes parasitas do transformador T2 para IV. RESULTADOS EXPERIMENTAIS
o modelo T por fase e total são definidas conforme (16) e (17). Os transformadores utilizados na simulação prática
 & H 4H 
H  F Z*O97 89H  PH

: *O97%;<H 
#R R [  J7 (16) apresentam números sequenciais de série 32709 e 32710,
& K 
conexão Y-Y, potência nominal de 5 kVA e tensões do lado
  6H H
superior 2000 V e inferior 380 V. A corrente nominal para
(17)
carga linear é 7,6 A para o lado de tensão inferior e 1,44 A
Onde, RECef Infi e RECef Supi equivalem à metade de RECefi.
para o lado de tensão superior.
A experimentação é dividida em três etapas. A primeira é
A perda fora dos enrolamentos para condição de carga
referente aos ensaios de rotina: resistência dos enrolamentos
linear nominal é obtida através do ensaio em vazio. Este
em dc (Rdc), ensaio em curto-circuito e ensaio em vazio. Na
ensaio é realizado pela aplicação de tensão nominal senoidal
segunda etapa o transformador T2 supre carga linear. Na
do lado de tensão inferior do transformador. Para a condição
terceira e última etapa são utilizas cargas não-lineares. As
de carga linear nominal, a perda fora dos enrolamentos (POSL-
cargas analisadas com seus respectivos fatores de potência
R) é igual à perda no núcleo (PNL).
estão apresentadas na Tabela I.
O cálculo da perda fora dos enrolamentos para o
transformador T2 considerando-se o modelo T baseia-se na TABELA I
tensão de excitação (vo2) [5]. Para o valor da corrente de CARGAS UTILIZADAS
excitação assume-se cinquenta por cento da diferença entre as Cargas Descrição FP
correntes de entrada e de saída para a configuração back-to- Carga linear resistiva
C1 1,000
back [10]. A perda no núcleo total para o transformador T2 é Carga linear resistiva + Ponte retificadora monofásica com
C2 filtro capacitivo de 430 µF na saída 0,906
determinada pela equação (18).
 &
)%  6H FK N\H  .PH  PH 5 J
Lâmpadas eletrônicas + Computadores + Ponte
(18) C3 0,854
& retificadora monofásica com filtro capacitivo de 430 µF na
saída
B. Cálculo das perdas totais Carga linear resistiva + Lâmpadas eletrônicas +
C4 Computadores + Ponte retificadora monofásica com filtro 0,913
O software implementado, que utiliza instrumentação
capacitivo de 430 µF na saída
virtual, calcula as perdas totais do transformador T2 para os Ponte retificadora monofásica com filtro capacitivo de
dois métodos (Fator K e FHL), conforme (19) e (20). C5 430 µF na saída 0,845
&\S]  +, :  : )% (19) Carga linear resistiva + Ponte retificadora trifásica com
C6 filtro capacitivo de 1080 µF na saída 0,956

&\S]$  +, : $ : )%$ (20) C7


Lâmpadas eletrônicas + Computadores + Ponte
0,938
retificadora trifásica com filtro capacitivo de 1080 µF na
Onde: saída
PTotal2-K - Perda total, calculada através do Fator K Carga linear resistiva + Lâmpadas eletrônicas +
PTotal2-FHL - Perda total, calculada através do FHL C8 Computadores + Ponte retificadora trifásica com filtro 0,962
Pdc2 - Perda calculada através da resistência dc capacitivo de 1080 µF na saída
Ponte retificadora trifásica com filtro capacitivo de
C9 1080 µF na saída 0,924
A perda em dc (Pdc), para condição de carga linear ou não-
linear, é determinada por (21).
A. Determinação dos parâmetros
+,  M *+,  I (21) Os cálculos para a determinação dos parâmetros são
Onde, I2 é a corrente de carga no transformador T2. referentes ao modelo L de transformador: resistência dos
C. Cálculo da Corrente e Potência Aparente Máxima enrolamentos em ac (Rac) e em dc (Rdc) e a perda em vazio
(POSL-R). Do ensaio de resistência dos enrolamentos obtém-se o
O cálculo da corrente máxima do transformador T2 leva em
valor da resistência em dc (Rdc), conforme Tabela II.
conta o balanço das perdas relativas ao suprimento pelo
transformador com carga linear e cargas não-lineares. Esta TABELA II
equação baseia-se na teoria da conservação de energia, ou DADOS OBTIDOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DOS ENROLAMENTOS
seja, a soma da perda no núcleo nominal (POSL-R) com a perda
Resistências (Ω)
no cobre nominal (PW-R) para carga linear deverá ser igual a Transformador
perda no núcleo (POSL) mais a perda no cobre (PW) em Superior Ref. Inferior Equivalente
condição de cargas não-lineares. O cálculo da corrente 32709 10,5 0,379 0,335 0,714
32710 10,5 0,379 0,335 0,714
máxima para o transformador T2 utiliza a equação (22) e a Média 10,5 0,379 0,335 0,714
5

Através do ensaio em curto-circuito


circuito obtém
obtém-se a resistência Verifica-se
se que as curvas de perdas totais para os métodos
dos enrolamentos em ac (Rac), apresentada na Tabela III. FHL e Fator-K são próximas entre si e ambas sobre s
Também nesta tabela são mostradas a resistência em dc (Rdc) e dimensionam
onam as perdas no transformador quando suprem
a diferença entre elas, que é a resistência que representa a cargas não-lineares.
lineares. A curva referente ao método temporal se
perda por correntes
es parasitas nos enrolamentos ((REC). encontra acima da curva obtida pelo
lo método Linear.
A Tabela V apresenta enta as potências máximas que o
TABELA III transformador deve suprirr (potências nominais depreciadas),
RESISTÊNCIAS
calculadas através dos métodos Temporal, FHL e do Fator-K .
Resistências Valor (Ω)
Corrente contínua (Rdc) 0,714 Também é mostrada nesta tabela a Distorção harmônica Total
Corrente alternada (Rac) 0,730 de corrente (THDi).
Corrente parasita (REC) 0,016
TABELA V
POTÊNCIAS MÁXIMAS REFERENTES AO TRANSFORMADOR T2.
Potência Máxima (%) – T2
B. Resultados obtidos
Cargas Método
THDi
A Tabela IV apresenta as perdas totais nos enrolamentos do Temporal FHL Fatork
transformador T2 obtidas pelos diversos métodos, para cada C1 2,07 99,49 100,23 99,77
tipo de carga, bem como a diferença percentual em relação ao C2 39,04 95,67 85,73 89,19
método temporal. C3 45,88 94,22 80,51 87,18
C4 36,38 94,50 87,41 91,54
TABELA IV C5 50,16 95,62 80,79 89,88
PERDAS TOTAIS PARA O TRANSFORMADOR T2. C6 24,93 96,72 88,32 90,62
Método C7 29,88 96,11 88,29 90,81
Cargas Temporal Modelo L FHL Fator K
C8 23,64 95,62 93,38 95,11
PTotal PTotal Dif. PTotal Dif. Ptotal Dif.
(W) (W) (%) (W) (%) (W) (%) C9 31,64 97,72 81,13 85,19
T2
C1 185,83 183,52 -1,24 183,72 -1,13 1,13 183,99 -0,01
C2 203,93 190,83 -6,42 223,64 9,66 215,29 5,57
C3 192,42 176,32 -8,36 221,23 14,97 206,48 7,30
Para as maiores THDi ocorreram as maiores reduções de
C4 194,99 179,04 -8,18 209,41 7,39 199,34 2,23 potências máximas (cargas C2, C3, C4, C5 e C9),
C9 para ambos
C5 179,08 167,08 -6,70 212,12 18,45 192,04 7,23 os métodos. Na verdade, a Potência maxima não é
C6 194,90 184,64 -5,26 212,47 9,01 206,53 5,96 proporcional ao THDi, pois depende também do tipo de carga.
C7 190,23 179,00 -5,90 207,38 9,01 200,94 5,63
C8 193,21 180,57 -6,54 197,38 2,16 192,51 -0,003
O gráfico da Fig.3 apresenta as potências máximas que o
C9 191,59 184,29 -3,81 227,22 18,6 218,03 13,8 transformador T2 deve suprirr (potências nominais
depreciadas), calculadas através dos três diferentes métodos
Para a carga linear (C1), o maior erro encontrado entre as apresentados: Temporal, Fator de Perda Harmônica (FHL)
( e
perdas totais (5,4%) esta entre os métodos Linear e Temporal
Temporal. Fator-K.
Para as cargas não-lineares, o maior erro encontrado para as
perdas totais esta entre os métodos Temporal e FHL (carga C9)
e vale
le 18,6%. Neste tipo de carga não há corrente de neutro,
ou seja, ausência de terceiro harmônico e seus múltiplos.
A Fig. 2 apresenta as curvas das perdas totais para o
transformador T2.

Fig. 3. Potencias máximas para o transformador T2.

se que as potências máximas


Pela Fig.3, verifica-se m (potência
nominal depreciada) calculadas pelos métodos do Fator-K e
do FHL são menores do que as obtidas utilizando-se
utilizando o método
temporal, ou seja, sobre dimensionando o transformador no
suprimento de cargas não-lineares.
Fig. 2. Perdas totais no transformador T2. Não foi calculada a potência máxima para o modelo Linear,
pois este modelo não considera a influência das harmônicas
na corrente de carga do transformador.
6

V. CONCLUSÕES [8] J. C. Oliveira, J. R. Cogo, J. P. G. Abreu, Transformadores - Teoria e


Ensaios, Escola Federal de Engenharia de Itajubá - EFEI, Brasil, Itajubá-
Este trabalho estabelece uma comparação entre as perdas MG, 1983.
medidas e as calculadas através dos quatro métodos [9] V. Del Toro,, Fundamentos de Máquinas Elétricas, Prentice-Hall
Prentice do
Brasil, Rio de Janeiro, 1994.
apresentados para dimensionamento
mensionamento de transformador do tipo [10] L. R. Lisita, “Determinação de Perdas, Eficiência e Potência Máxima de
seco. São utilizadas diversas cargas equilibradas, lineares e Transformadores Alimentando Cargas Não-Lineares”,
Não Dissertação de
não-lineares,
lineares, permitindo a verificação das perdas para Mestrado – Universidade Federal de Goiás, Fevereiro 2004.
[11] S. P. Kennedy, C. L. Ivey, “Application, design and rating of
diferentes conteúdos harmônicos nas correntes de carga cargas. As
transformers containing harmonicc currents”, Pulp and Paper Industry
potências utilizadas são sempre próximas às nominais do Technical Conference, in Conference Record of 1990 Annual , pp. 19-
transformador T2, uma vez que as recomendações 31, June 1990.
internacionais
nacionais demonstram que a preocupação com o [12] E. F. Fuchs, D. Yildirim, W. M. Grady, “Measurement of eddy-current
eddy
loss coefficient PEC-R, R, derating of single phase transformers, and
sobreaquecimento ocorre quando a perda é maior que a perda comparison with K-factor
factor approach”, IEEE Transactions on Power
sob condição de carga linear de potência nominal. Delivery, vol 15, no 1, pp 148-154,
154, January 2000.
Para cargas lineares, os valores de perdas obtidos pelos [13] L. W. Pierce, “Transformer design and application considerations for
nonsinusoidal load currents”, IEEE Transactions on Industry
diferentes métodos são próximos entre si, umuma vez que isto é o Applications, vol. 32, no. 3, pp. 633 – 645, May-June
May 1996.
ponto de partida para o cálculo das perdas em transformadores [14] IEEE Standard Dictionary of Electrical and Electronics Terms, 2nd ed.,
suprindo cargas não-lineares.. As diferenças percentuais Wiley-Interscience, IEEE Std 100-1977.
1977.
[15] NBR 5380-1993,
1993, Transformador de Potência, Método de ensaio.
calculadas para as perdas totais pelos diversos métodos
apresentados pelas referências (Fator-k e FHL) em relação ao
Método Temporal mostram evidências de sobre perdas perdas. Nos
resultados de perdas totais para o transformador T2 a maior VII. BIOGRAFIAS
FIAS
diferença percentual em relação ao Método étodo Temporal é
relativa ao método do FHL, e vale 18,6% para carga C9 C9. Para o C. R. dos Santos Possui graduação em
método do Fator-k, o maior erro é de 13,8%13,8%, também para a Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de
Goiás (2010). Atualmente é mestrando em
carga C9 (retificador trifásico com filtro capacitivo). Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de
Para os maiores valores de Distorção ção Harmônica Total de Goiás.
corrente (THDi) aconteceram as maiores reduções de potências
máximas (C2, C3, C4, C5 e C9), para ambos os métodos. Na
verdade, a potência máxima
xima não é proporcional ao THDi, pois
depende também do tipo de carga.
Para o cálculo da potência máxima que o transformador T2
deve suprir sob condições de cargas lineares e não-lineares, o
método do Fator-k é o que mais se aproxima do método L. R. Lisita Possui graduação em Engenharia
Temporal. De um modo geral, para as cargas analisadas, a Elétrica pela Universidade Federal de Goiás
potência nominal depreciada (Derating) para o Fator-K e o (1980), Especialização em Sistema de Potência
pela Universidade Ferderal de Uberlândia (1988) e
Fator de Perda Harmônica (FHL) sugerem a utilização de mestrado em Engenharia Elétrica pela
potência menor que a permitida pelo métodoétodo Temporal, o que Universidade Federal de Goiás (2003). Atualmente
levaria a um sobre dimensionamento do transformador T2. é professor adjunto I da Universidade Federal de
Goiás. Tem experiência
experiê na área de Engenharia
Elétrica, com ênfase em máquinas elétricas,
Dimensionamento de transformador Suprindo
VI. REFERÊNCIAS Cargas Não-Lineares,
Lineares, Comportamento Harmônico
das Cargas Não-Lineares
Lineares e Medição de Energia
Elétrica.
[1] edição e faturamento de
R. J. Port,.”Uma análise aplicada sobre medição
potências e energias não ativas”. 2006. Dissertação de Mestrado –
Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2006.
P. C. M. Machado Possui graduação em
[2] M. S. Dalila, M. N. Khalid, M. Md Shah, “Distribution
Distribution transformer
Engenharia
nharia Elétrica e em Física pela
losses evaluation under non-Linear load”.. Power Engineering
Conference, 2009. AUPEC 2009. Australasian Universities
Universities, p 1 – 6, Universidade Federal de Goiás (1979),
September 2009. especialização em Engenharia Elétrica pela
[3] Type General Purpose and Power Transformer”, 1994.
UL 1561, “Dry-Type Universidade Federal de Uberlândia (1987),
[4] UL 1562, “Transformers, Distribution, Dry-TypeType – Over 600 Volts”, mestrado em Física pela Universidade Federal de
1994. Goiás (1996) e doutorado em Engenharia Elétrica
[5] IEEE Recommended Practice for Establishing Transfonner Capability pelaa Universidade de Leeds, Inglaterra (2001).
when Supplying non-sinusoidal Load Currents,, IEEE C57.110-2008, Atualmente é Professor Titular da Escola de
New York, USA, 2008. Engenharia Elétrica e de Computação da
[6] S. N. Makarov, A. E. Emanuel, “Corrected harmonic loss factor for Universidade Federal de Goiás. Tem experiência
transformers supplying nonsinusoidal load currents”, Ninth International na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em
Conference on Harmonics and Quality of Power - Proceedings, vol. 1, Materiais Elétricos, atuando principalmente
almente nos seguintes temas: Modelagem
p. 87- 90, October 2000. e simulação de dispositivos semicondutores e microeletrônica.
[7] E. F. Fuchs, D. J. Roesler, M. A. S. Masoum, ”Are Harmonic
Recommendations According to IEEE and IEC Too Restrictive?” IEEE
Transactions on Power Delivery, vol. 19, no. 4, p.. 1775
1775-1786, 2004.

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