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Arcadismo

Período artístico que coincide com o “Século das luzes” (século XVIII), que se refere aos
ideais iluministas, marcados pela racionalidade (revolução intelectual) e pelo conhecimento
científico, em contraposição às correntes religiosas que imperavam no Barroco. O Iluminismo
gera o aparecimento dos filósofos iluministas, formando um novo quadro sócio político-cultural,
que necessita de outras fórmulas de expressão e não mais o Barroco, já desgastado e decadente
a esta altura. Essa nova postura traz o lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, o que influencia
os pensamentos artísticos da época na Europa e fundamenta, principalmente, a Revolução
Francesa, a independência das colônias inglesas da América Anglo-Saxônica e, no Brasil, a
Inconfidência Mineira.
O contexto histórico em que se desenvolve o Arcadismo é marcado assim por
transformações econômicas, políticas e históricas na Europa, como o descrédito das monarquias,
a decadência da aristocracia, o crescimento do poder da burguesia, a Revolução Industrial, entre
outros.
Em oposição às temáticas conflituosas do Barroco, ao luxo e ostentação da nobreza, o
Arcadismo ou Setecentismo (1700) constitui uma tentativa de resgate da tranquilidade,
simplicidade e centralidade da razão na vida social e cultural. Também denominado
Neoclassicismo, esse movimento resgata elementos da Antiguidade greco-romana, dos autores
renascentistas.
O próprio nome do movimento revela essa influência, pois remete à Arcádia, uma lendária região
na Grécia antiga, habitada por pastores e transformada em recanto ideal para os poetas, repleto
de simplicidade e felicidade.
O escritor, assim, assume a
característica de um homem ideal,
simples, envolto às atividades da
vida campesina (note-se o eu-lírico
representado pela figura do
pastor), mas também polido e
erudito. A imagem do escritor já não
é mais marcada por contrastes e
conflitos, mas por equilíbrio e
intelectualidade, que desprezava os
valores do clero e da nobreza.
Desse modo, há o
pensamento da simulação pastoral e do ambiente campestre, ideais de uma vida simples e natural
que vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação – a burguesia –
que historicamente lutava pelo
poder e denunciava a vida luxuosa Disponível em:
https:<//upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/Friedrich_August_von
da nobreza nas cortes. _Kaulbach_-_In_Arcadia.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2017.
Por isso, o novo modo de
analisar a cientificidade e a racionalidade do período árcade foge das convenções artísticas da
época, já que os escritores retomam características clássicas, como: Carpe Diem (Aproveite o
dia), Fugere Urbem (volta ao campo), Aureas Mediocritas (vida simples desapegada de bens
materiais; na poesia uso, de linguagem simples) e o fingimento poético (uso de pseudônimos).

• Alguns autores e obras

→ Cláudio Manuel da Costa: introdutor do arcadismo no Brasil com a obra “Obras”.


Pseudônimo Glauceste Satúrnio. Sua musa inspiradora chamava-se Eulina, pseudônimo:
Alceste.
→ Basílio da Gama: Escreveu “O Uraguai”, poema épico composto para exaltar os portugueses
e satirizar os jesuítas do Brasil. O livro trata da luta que portugueses e espanhóis moveram
contra indígenas e jesuítas em Sete Povos das Missões, no Uruguai (hoje Rio Grande do Sul).
→ Tomás Antônio Gonzaga: Nome mais marcante do arcadismo brasileiro. Apresenta traços
pré-românticos em seu texto. Pseudônimo: Dirceu Musa inspiradora Maria Dorotéia Joaquina
de Seixas (pseudônimo: Marília). Escreveu “Marilia de Dirceu”.
→ Santa Rita Durão: Escreveu o Caramuru, feito à imitação direta de Os Lusíadas, de Camões.
Narra, o naufrágio de Diogo Álvares Correia e suas aventuras amorosas com as índias,
sobretudo com Paraguaçu e Moema.

Realismo

Em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de


Assis) e O mulato (Aluísio de Azevedo), tem-se o marco inicial do Realismo no Brasil. Em
oposição ao sentimento exacerbado dos românticos, o Realismo prioriza a objetividade e a razão.
Como forma de evitar o individualismo e o subjetivismo extremos, os escritores realistas buscam
uma representação distanciada da realidade e, por conta disso, menos idealizada, construindo-
se, desse modo, uma visão crítica da natureza, dos regimes políticos, das manifestações culturais,
assim como da sociedade e de suas instituições, como o casamento e a igreja, por exemplo
(SCHAEFER, 2014, p. 106). O personagem-narrador Brás Cubas (“defunto-autor”), o qual escreve
suas memórias póstumas, pode ser lido como a representação desse distanciamento da realidade
presente na obra machadiana.
O romance realista assume, logo, a característica de instrumento de análise social,
diferenciando-se do romance romântico, que desempenhava a função de “entreter” o público-
leitor. No romance realista, tem-se um sujeito que olha para si e ao mesmo tempo para o mundo
que o cerca. O narrador deixa, portanto, de ser um sujeito isolado e individualista, preso ao
subjetivismo cego, e passa a ser um observador do mundo do qual faz parte, analisando os
detalhes desse. “Machado é um escritor realista e, como tal, procura narrar os fatos assim como
estes se dão numa dada realidade – aqui, a sociedade carioca do século XIX. O recurso
carnavalizante que usa – um defunto narrador – facilita essa tarefa, uma vez que as coisas podem
ser ditas às claras, ‘sem temer mais nada’” (SCHAEFER, 2014).

Contexto histórico

→ II Revolução Industrial.
→ Correntes filosóficas como Positivismo (ciência como único conhecimento válido),
Determinismo, Evolucionismo.
→ Enriquecimento da burguesia.
→ Aumento do proletariado.
→ Proclamação da República do Brasil.

Características

→ Verossimilhança (o romance realista não necessariamente aborda um fato verdadeiro, mas o


que é narrado precisa parecer real, ou seja, deve convencer o leitor da veracidade interna do
texto).
→ Objetivismo (linguagem direta, caracterizada pela impessoalidade, ou seja, um
distanciamento do narrador em relação ao que está narrando). Esse recurso é usado com a
finalidade de tornar o texto crítico, eliminando a subjetividade exacerbada do narrador, como
acontecia no Romantismo.
→ Crítica Social (o texto realista busca criticar a sociedade burguesa e suas instituições –
casamento por interesse, adultério, falsidade, egoísmo, impotência do ser humano diante dos
poderosos)
→ Cuidado estilístico (destaque para o trabalho de construção da linguagem, a criação de
personagens densos, ou seja, trabalhados psicologicamente, herói com fraquezas, incertezas,
imagem da mulher não idealizada, com defeitos e contradições.)
→ Universalismo (temas que ultrapassam tempo e espaço, como o ciúme, o amor, a traição, a
solidão, etc.) (ABAURRE, 2015; CEREJA; COCHAR, 2013).

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