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O perigo da caridade sem a verdade

Prof. Felipe Aquino | Mar 19, 2019

Há hoje uma forte tentação de se colocar a caridade sem viver a verdade; e isso a desvirtua

A verdade e a caridade são duas virtudes fundamentais para a nossa salvação. Uma não pode ser
vivida sem a outra, desprezando a outra, pois uma perde o seu valor se não observar a outra. Sem
verdade não há verdadeira caridade e não pode haver salvação.

São Paulo disse que “a caridade é o vínculo da perfeição” (Col 3, 14); “A ciência incha mas a
caridade edifica” (1Cor 8,1); “A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é
o pleno cumprimento da lei” (Rom 13, 10); “Tudo o que fazeis, fazei-o na caridade” (1 Cor 16, 14);
“Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça,
Cristo” (Ef 4, 15).

Jesus disse: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6). O Antigo Testamento atesta: Deus é fonte de toda
verdade (Pr 8,7; 2Rs 7,28). Sua Palavra é a verdade. Deus é “veraz” (Rm 3,4). Em Jesus Cristo, a
verdade de Deus se manifestou plenamente. “Cheio de graça e verdade” (Jo 1,14).

São Paulo disse a S. Timóteo que “Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao
conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da
verdade. O nosso Catecismo afirma com todas as letras: “A salvação está na verdade” (Catecismo n.
851).

“A Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3,15). Sem a Igreja o edifício da verdade
não fica de pé.

São Paulo recomenda a São Tito: “…firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada,
para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem” (Tito 1,9). “O teu
ensinamento, porém, seja conforme à sã doutrina” (Tito 2,1). “…e mostra-te em tudo modelo de
bom comportamento: pela integridade na doutrina, gravidade” (Tito 2,7).

Os discípulos viviam segundo esta verdade de Deus. “Perseveravam eles na doutrina dos Apóstolos,
na reunião em comum, na fração do pão e nas orações” (At 2, 42).

Jesus mostrou toda a força da verdade. “Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se
assim claro que as suas obras são feitas em Deus” (Jo 3, 21).

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,23).

Jesus mostrou aos discípulos na última Ceia, que o Espírito Santo é a fonte da Verdade; e é Ele que
conduzirá a Igreja `a “plenitude da verdade” em relação à doutrina. “Quando vier o Paráclito, o
Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16, 13).

A verdade de Jesus santifica: “Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade” (Jo 17,17).
“Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade” (Jo 17,19). Por tudo
isso, Jesus veio ao mundo para dar testemunho da verdade: “Perguntou-lhe então Pilatos: És,
portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim
ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18,37).
Muitos querem apenas o “Deus que é Amor”, mas se esquecem do Deus que é também a Verdade.
Esta é uma “porta estreita” que muitos não querem entrar, mas é a “porta da vida” (Mt 7,13). A
Igreja é muitas vezes criticada exatamente porque não abre mão da verdade. Não aceita fazer a
caridade sem observar a verdade. Paulo VI disse que o mal do mundo é “propor soluções fáceis para
problemas difíceis”. São soluções que não resistem a uma análise ética e moral porque não
respeitam a verdade revelada.

Santo Agostinho recomendava com sua sabedoria e santidade: “Não se imponha a verdade sem
caridade, mas não se sacrifique a verdade em nome da caridade”. Muitos querem ser bonzinhos e
sacrificam a verdade em nome da caridade; é o relativismo moral, que passa por cima do que a
Igreja ensina no Catecismo.

A caridade sem observar a verdade é ser maquiavélico; isto é, aceitar que “os fins justificam os
meios”. São Tomás disse que a base da moral é esta: “Não é lícito fazer o bem por meios maus”.
Bento XVI disse na sua encíclica “Caritas in veritate” que: “a caridade sem a verdade é
sentimentalismo”.

Não posso, por exemplo, querer fazer caridade com dinheiro roubado, ou tirado do narcotráfico.
Não posso ajudar os pobres usando da corrupção. Não posso, “por caridade” dizer a um casal de
segunda união que podem comungar, ou dizer a uma dupla de homossexuais que o amor deles
justifica a sua vida sexual. Não se pode dizer aos jovens que namoram que o amor deles justifica o
sexo antes do casamento. Não se pode recomendar o uso da “camisinha” para evitar a AIDS, porque
é um meio é mau, imoral, que estimula o sexo fora do casamento. Não se pode promover a justiça
através da luta de classes, e do desrespeito às leis. Não se pode invadir terras e casas dos outros para
promover a justiça. Os fins não justificam os meios. E isto acontece quando a caridade é vivida sem
observar a verdade. E assim por diante, vemos hoje muitos sacrifícios da verdade de Deus em nome
de uma “falsa caridade”.

A verdade norteia o bom uso da caridade, para que ela não se desvirtue. Não se pode “fazer o bem
através de um fim mal”. Sem a verdade a caridade é falsa, e não pode haver salvação.

Prof. Felipe Aquino

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Tags:
caridade | salvacao | verdade

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