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Apresentação
“O exato momento em que rio seco volta à vida após as chuvas”. Assim é descrito o momento que
mostra o leito seco de um rio na Inglaterra preenchido por uma corrente de água após fortes
chuvas.
Apesar do encanto sobre o reavivamento do rio, precisamos nos questionar sobre os impactos
deste fenômeno em nosso dia a dia e como afeta a vida de uma cidade após uma grande chuva.
Será que ainda haveria encanto se esta situação ocorresse em maiores proporções em um canal de
drenagem urbana após uma chuva intensa?
Objetivos
Descrever os tipos de escoamento em canais;
Discutir os aspectos ligados ao projeto e dimensionamento hidráulico de canais abertos e
galerias;
Examinar a eficiência das seções hidráulicas.
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Fluxo de água
É comum nos perguntarmos sobre a capacidade de transporte de água dos canais naturais
ou artificiais. Essa dúvida é corrente, pois ao observarmos o fluxo de água nos canais a céu
aberto percebemos que, dependendo da época do ano, o nível da água estará mais alto ou
mais baixo.
Rio<https://www.youtube.com/watch?
seco volta à vida após chuva (Fonte: Youtube
v=o7LlywJ8nno&feature=youtu.be> ).
No vídeo percebemos a turbulência da água escoando pelo leito do rio, o fundo do canal, e
o modo como a água se comporta ao encontrar obstáculos a sua frente. O som provocado
pelo escoamento também é característico desse turbilhonamento, assim como a formação
da espuma sobre a superfície da água devido à aceleração.
Comentário
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Qual deve ser sua forma geométrica? Qual deve ser sua profundidade?
Dica
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Para tanto, alguns outros fatores serão agregados a este estudo, como a rugosidade das
paredes do canal e a declividade do fundo do canal, que implicam diretamente no
balanceamento entre a força que move a água e a resistência oferecida pelo atrito com a
estrutura do canal.
Atenção
Para que seja mantido um balanceamento no fluxo, a rugosidade deverá ser aumentada, a
fim de equilibrar as forças atuantes no sistema, por exemplo.
2
V
HT = Z + y + α
2g
Onde:
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V = velocidade do fluido
g = aceleração da gravidade
He = carga específica
A maior parte dos canais artificiais é calculada levando em consideração esse tipo de
escoamento, sendo suficientemente longo.
Saiba mais
O fluido percorre o canal movido pela força gravitacional, que provoca uma aceleração no
escoamento, sofrendo influência da força de atrito, que causa uma força restritiva.
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Uma análise criteriosa do fluxo deve ser feita, de modo a verificar em quais pontos do canal
o regime de escoamento uniforme poderá se alterar, passando a ser variado, em
consequência de mudanças de declividade, variação de seção ou presença de obstáculos.
Exemplo
Verifica-se que as forças atuando sobre o corpo livre na direção do fluxo incluem as forças
de pressão hidrostática F1 e F2 atuando sobre o volume de controle (volume no trecho
analisado, de extensão L), o peso do corpo de água nesta extensão, W e a força de atrito,
Fat, exercida pelo canal em seu fundo e laterais no fluxo.
F 1 + Wsenθ − F 2 − F at = 0 /p>
Como não há alterações na profundidade da água quando se trata de fluxo uniforme, essa
equação pode ser simplificada, pois F1=F2.
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Uma das condições assumidas é a de que a declividade do fundo do canal deve ser mínima
ou até mesmo igual a zero em uma situação ideal. Partindo desta premissa, entende-se que
o ângulo Θ é tão pequeno que:
Quanto ao peso do corpo de água, W, é correto dizer que seu valor pode ser determinado
por:
W = A m × L × γ
Onde:
L= extensão do trecho
A força de atrito exercida pelo fundo e paredes do canal também pode ser escrita em
função da força de resistência por unidade de área, ou seja, em função da tensão e da área
total do leito do canal que está em contato com a água que escoa.
Essa área de contato do canal com a água é conhecida como área molhada, Am. Já o
perímetro molhado, Pm, é a linha que limita a área molhada junto às paredes e o fundo do
canal, não abrangendo, portanto, a superfície livre das águas.
Atenção
Não se deve confundir a área de seção transversal de um canal com a área molhada,
que trata da seção de escoamento.
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Am
Rh =
Pm
1 2∕3 1∕2
V = × R h × Se
n
Observe na tabela a seguir, em que o coeficiente de Manning pode ser analisado de acordo
com as condições do canal:
Condições
Natureza das paredes
Muito boa Boa Regular Má
Alvenaria de pedra argamassada
Alvenaria de pedra aparelhada
Alvenaria de pedra seca
Alvenaria de tijolos
Calhas metálicas lisas (semicirculares)
Canais abertos em rocha (irregular)
Canais c/ fundo em terra e talude c/ pedras
Canais c/ leito pedregoso e talude vegetado
Canais com revestimento de concreto
Canais de terra (retilíneos e uniformes)
Canais dragados
Condutos de barro (drenagem)
Condutos de barro vitrificado (esgoto)
Condutos de prancha de madeira aplainada
Gabião
Superfícies de argamassa de cimento
Superfícies de cimento alisado
Tubo de ferro fundido revestido c/ alcatrão
Tubo de ferro fundido sem revestimento
Tubos de bronze ou de vidro
Tubos de concreto
Tubos de ferro galvanizado
Córregos e rios limpos, retilíneos e uniformes
Igual anterior porém com pedras e vegetação
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<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgs3QAA/estudo-caso-secao-canalizada-bacia-corrego-botafogo-
na-cidade-goiania-go?part=2> ).
1 2∕3 1∕2
Q = V × A m → Q = × R h × S0 × A m
n
A área de água e o raio hidráulico são funções da profundidade da água, yn, que também é
conhecida como profundidade uniforme ou profundidade normal, quando o fluxo é
uniforme.
Comentário
Isto quer dizer que, embora o canal tenha uma altura pré-dimensionada, a altura da
lâmina-d’água é que influenciará no dimensionamento da velocidade e da vazão. Ao
observarmos a figura onde o canal está preenchido com água, é possível perceber
essa diferença.
Dimensionamento hidráulico
Tanto os canais a céu aberto como os canais fechados apresentam características
geométricas particulares que permitem seu dimensionamento, ainda que de modo
preliminar.
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Apesar de se apresentar nas mais variadas formas, busca-se aproximar sua seção
transversal de uma área de uma figura geométrica já conhecida, ou pelo menos uma
combinação dessas áreas, onde seja possível desmembrá-las e associá-las.
Para cada tipo de seção é estabelecida uma fórmula para a determinação dos parâmetros
do canal. As formas geométricas de seções mais usuais são:
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Retangular
Trapezoidal
Triangular
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A transposição do Rio São Francisco, por exemplo, é uma obra em que podemos observar
área de seção transversal trapezoidal e paredes e fundo revestido com concreto.
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Exemplo
“Você foi contratado por uma empresa do ramo de agronegócio para apresentar um
laudo técnico, onde consta o dimensionamento um canal de irrigação, em uma área
onde o abastecimento contínuo de água é prejudicado durante o inverno, devido à
estiagem. Após vistoriar a área, você propôs que fosse construído um canal retangular
com largura de 3,000m e uma profundidade uniforme de 1,20m.
A empresa que o contratou pediu que o canal não fosse feito de concreto, pois há
abundância de pedras na região e sugeriu que você, como engenheiro, desse uma solução
alternativa. A solução apresentada por você e aceita pela empresa, foi utilizar gabião nas
paredes e no fundo do canal.
Sabendo que a declividade do canal medida por você, em sua vistoria, é de 0,041 m/m,
qual foi a vazão de escoamento determinada no laudo técnico apresentado?”
Podemos calcular três parâmetros, baseados na geometria do canal, que são a área
molhada, Am, o perímetro molhado, Pm e o raio hidráulico, Rh.
2
A m = b × y → A m = 3,00 × 1,20 = 3 ,60 m
n
Am 3,60
Rh = → R h = → Rh = 0,667 m
Pm 5,40
Como o fluxo é uniforme, é correto dizer que a declividade do fundo do canal S0 é igual a
declividade da linha de carga, Se, logo, é possível determinar a velocidade média de
escoamento, assim como a vazão.
3
Q = V × A m → Q = 7,03 × 3,60 → Q= 25,31 m ∕s
Quando resolvemos algum exercício que envolve cálculos, é comum nos preocuparmos com
números, entretanto, o dimensionamento hidráulico envolve mais que isso. É necessário
analisarmos as condições do entorno da obra a ser implantada.
Se optássemos por utilizar outra seção transversal, o resultado obtido seria diferente. Se
optássemos por utilizar outro tipo de revestimento no canal, que mudasse a sua
rugosidade, o resultado também seria diferente. Teríamos vazões diferentes e velocidades
diferentes de escoamento.
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Atividade
1. Você pode praticar esse exercício! Qual seria a vazão de escoamento determinada
no laudo técnico apresentado, caso o revestimento do canal fosse de concreto
(n=0,012)?
Seções compostas
Quando projetamos um canal, é comum pensarmos que em relação à seção transversal
teremos uma situação ótima, ou seja, o canal não terá nenhuma irregularidade e será
possível manter a mesma seção durante todo o trajeto. Entretanto, não é isso o que
acontece na prática.
É comum que a seção do canal seja adaptada às condições do relevo do fundo e laterais do
canal, ou que sejam feitas otimizações da área da seção transversal de modo a se
manipular a velocidade ou a vazão de escoamento, em determinados trechos.
Dica
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Desse modo, pode acontecer de termos de analisar não uma seção transversal tabelada,
mas uma combinação de formas geométricas, ou uma aproximação deste perfil a figuras
geométricas conhecidas, que nos leva a facilitar o cálculo da velocidade e da vazão de
escoamento, que ocorrerá da mesma forma que em canais de forma geométrica única.
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Mas, pode haver uma grande variedade de combinações de seções de canais, como por
exemplo:
Podemos calcular três parâmetros, baseados na geometria do canal, que são a área
molhada, Am, o perímetro molhado, Pm e o raio hidráulico, Rh.
b × y n 0,30×0,30
2
A mtotal = (b × y ) + ( ) → A mtotal = (1,00 × 0,30) + ( ) = 0,345 m
n 2 2
Am 0,345
Rh = → R h = → Rh = 0,2 m
Pm 1,724
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3
Q = V × A m → Q = 0,51 × 0,345 → Q = 0,175 m ∕s
Percebe-se neste caso uma velocidade muito baixa, que está associada diretamente à
pequena declividade do fundo do canal. Uma declividade maior, por uma questão de
gravidade, mantendo-se a mesma rugosidade de “n”, consequentemente proporcionaria
uma velocidade de escoamento maior.
Como o conceito de raio hidráulico envolve a divisão da área molhada pelo perímetro
molhado, a seção de mesma área molhada e menor perímetro molhado será considerada a
melhor seção hidráulica, ou seja, a seção mais eficiente.
Por uma questão geométrica, o semicírculo possui o menor perímetro para uma
determinada área e é a seção mais eficiente hidraulicamente comparada às demais seções,
entretanto, ao otimizar a altura de lâmina-d’água em sua plenitude, fazemos com que suas
bordas sejam curvas nas margens, o que torna cara sua execução e dificulta sua
manutenção.
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Após a análise numérica das propriedades geométricas dos canais conclui-se que as seções
mais eficientes hidraulicamente são:
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A seção mais usual em canais artificiais é o trapezoidal em meio hexágono, que pode ser
inscrito em um semicírculo com seu centro na superfície livre da água. Mas essa condição
depende do alcance do nível da água no topo da seção (borda livre do canal).
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Atividades
2. Tanto os canais a céu aberto como os canais fechados apresentam características
geométricas particulares que permitem seu dimensionamento, ainda que de modo
preliminar. Apesar de se apresentar nas mais variadas formas, busca-se aproximar sua
seção transversal de uma área de uma figura geométrica já conhecida, ou pelo menos
uma combinação dessas áreas, em que seja possível desmembrá-las e associá-las.
Sendo assim, qual o valor do raio hidráulico de um canal a céu averto de seção
retangular que possui uma profundidade normal de 3,00m e uma largura de 12,00m?
a) 0,50m.
b) 18,0m.
c) 12,0m.
d) 2,0m.
e) 20,0m.
a) Raio hidráulico.
b) Gravidade.
c) Vazão.
d) Rugosidade.
e) Chuva.
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a) Aumenta-se a velocidade.
b) Aumenta-se a vazão.
c) Diminui-se a velocidade.
d) Diminui-se a profundidade crítica.
e) Diminui-se a declividade.
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Notas
1
Equação de Bernoulli
2
Remansos e ressaltos no escoamento da água
Remanso e ressaltoPress
de escoamento (Fonte: Word
<https://engucm.wordpress.com/2015/05/19/hidraulica-
excoamento-permanente–gradualmente-variado/> ).
Referências
AZEVEDO NETO, J.M. Manual de Hidráulica. 9.ed. São Paulo: Blucher 2015.
HOUGHTALEN, R. J.; AKAN, A.O.; HWANG, N.H.C. Engenharia Hidráulica. 4.ed. São
Paulo: Pearson, 2012.
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