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Esta dicotomia entre pesquisa X ensino implica necessariamente na dicotomia entre teoria X
prática.
Cabe aqui uma observação importante, o professor pesquisador além de ser um ator social
também o é um ator político. Portanto, é impossível tentar desvincular o professor pesquisador
do âmbito social e político, pois a produção do conhecimento está sempre necessariamente
ligada aos interesses sociais.
A pesquisa tida como instrumento de reflexão e crítica apresenta uma estreita relação com a
prática pedagógica dos professores, com isso o professor por intermédio da pesquisa consegue
ter uma atitude reflexiva e crítica sobre sua própria prática pedagógica.
Portanto, a pesquisa deve atuar como princípio educativo, enfim, presente em todo e qualquer
processo educativo. Nesse sentido, o que faz da aprendizagem algo criativo é a pesquisa, porque
a submete ao teste, à dúvida, ao desafio, desfazendo tendência meramente reprodutiva.
Ainda para Demo (2201), prática pedagógica é o processo que envolve a atuação do professor
desde a pesquisa inicial para a preparação da aula até a etapa final desse complexo e amplo
processo, que corresponde ao aprendizado do aluno. Portanto, a prática pedagógica corresponde
a um conjunto de etapas formuladas pelos professores para o exercício de suas funções
profissionais.
A pesquisa tida como instrumento de reflexão e crítica apresenta uma estreita relação
com a prática pedagógica dos professores, com isso o professor por intermédio da pesquisa
consegue ter uma atitude reflexiva e crítica sobre sua própria prática pedagógica.
Assim, pode-se afirmar que a pesquisa é tida como um instrumento fundamental para
uma prática reflexiva.
Em texto publicado em 2011, Agripa Alexandre trata da pesquisa acadêmica e sua relação
com a prática educativa como um problema sociológico.
CONCEPÇÃO COMPLEMENTAR:
A concepção complementar contém a peculiaridade de expressar um dado adicional
para a prática educativa, assim como a mesma prática educativa funciona como objeto para a
pesquisa acadêmica. A pesquisa é vista aqui como uma informação que agregamos à prática de
ensino.
Por sua vez, a prática educativa também impulsiona a pesquisa acadêmica, oferecendo a
ela elementos para a reflexão. Nesse sentido, concebe-se que a prática educativa e a pesquisa
acadêmica são complementares uma da outra.
CONCEPÇÃO CRÍTICA
A pesquisa acadêmica e a prática educativa constituem fenômenos políticos. Independente da
prática profissional de pesquisa e independente da prática formal educativa, qualquer atividade é
atividade política. Partindo dessa linha, tem-se uma postura crítica.
Como formas políticas, a pesquisa científica e a educação apresentam seus valores
próprios, mas não deixam de receber influências advindas de suas articulações exteriores.
Nas sociedades capitalistas, as decisões políticas estão influenciadas fortemente por
conteúdos da lógica de reprodução do capital. Nesse sentido, observam uma inversão da lógica
societária.
A ciência restringe-se ao saber tecnológico destinado à sofisticação da produção,
desumanizando as relações sociais. Estão a serviço da produção e do desenvolvimento
científico, o papel reservado à pesquisa e à educação é alienado e disciplinador, objetivando à
simples capacitação para o mercado de trabalho.
Para a concepção crítica, essa violência se manifesta na forma do fetichismo,
principalmente aquele que o mercado divulga como inovação. Nessa cultura, o importante é
sentir e manifestar o prazer da dominação. Seu princípio constitutivo pressupõe o domínio da
natureza e de conhecer tecnicamente mais e mais, sem se importar com as consequências.
É pertinente notar que a concepção crítica articula um entendimento entre educação e
pesquisa científica como um misto de desconfiança e potencialidades históricas desejáveis.
A corrente niilista representa a desconfiança sobre qualquer concepção de educação e
pesquisa como positividades absolutas.
CONCEPÇÃO DE RISCO
Em oposição à concepção crítica, na concepção de risco entende-se que a realidade
social hoje não se exprime unicamente por meio de uma clara divisão de classes, cujas relações
e conflitos explicitamente se manifestavam tendo em vista a distribuição da riqueza.
Um elemento novo, muitas vezes imperceptível e implacável, criado pelo avanço
científico sem limites, parece se impor como norteador das condutas sociais: o risco
O que definiria a sociedade seriam exatamente a produção e a distribuição dos riscos sociais e
ambientais. A sociedade contemporânea pode ser definida pela incontrolabilidade da produção
do conhecimento científico e pela desorientação ou reflexividade que essa falta de controle
provoca em todas as práticas sociais existe uma radicalização da modernidade, no sentido de
que as práticas sociais estão mais recorrentes a novas informações científicas, o que faz com
que haja uma instabilidade bem maior de referenciais sociais.
Na sociedade de risco, lidar com ansiedade e insegurança se torna uma qualificação
cultural indispensável, e cultivar as habilidades demandadas se torna também uma missão
essencial das instituições pedagógicas.
Prática educativa é o fato de que a educação é questionada por um processo de intensa
reflexividade social.
Educar-se passou a ser arriscado. A questão é que não são apenas concepções
epistemológicas que são rivalizadas entre educadores, mas os efeitos sociais de suas práticas de
ensino. A pesquisa acadêmica e a prática educativa não despertam senão uma orientação de
risco e de desconfiança.
Os processos de discussão sobre avaliação, currículo, condutas e regras sociais da escola
estão submetidos a inúmeros estudos de interpretação, o mesmo ocorrendo com a legislação
educacional e a lei de proteção às crianças e aos adolescentes
A maior dificuldade parece ser a perda de prestígio epistemológico do conhecimento
científico quando o assunto é a funcionalidade ou a eficiência da informação discutida.
O ensino superior privado no país parece configurar outro caso emblemático que
sinaliza também para a existência de rotinas arriscadas. As faculdades de direito das instituições
privadas foram as primeiras a serem consideradas pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB
– e, logo depois, pelo Ministério da Educação, em 2005, um caso de deficiência estrutural das
práticas de ensino e pesquisa.
O ritmo de produção de conhecimento muitas vezes não é acompanhado pelas práticas
de ensino e de pesquisa institucionalizadas. Não raro, as novas informações científicas são
primeiramente difundidas pela imprensa eletrônica, para somente depois serem absorvidas pelo
sistema formal de ensino e pesquisa.
A avalanche de informações produzidas pela ciência tem provocado um fenômeno
curioso em termos de repercussão social do papel da ciência, que é a descrença no seu poder
explicativo.
Conclusões:
As demais concepções científicas educacionais estão apoiadas no mito referente a uma garantia
de sucesso do processo de ensino da ciência. Todos os clássicos modernos da educação
detinham o alfa e o ômega para o processo individual e social que conduziam aos
procedimentos indispensáveis para a boa educação científica.
Conforme Giddens e Beck, os processos de alta reflexividade demonstram haver uma
desorientação nos sistemas de confiança criados pela ciência. Entre esses sistemas de confiança,
estão as instituições pedagógicas. Elas são as porta-vozes dos riscos epistemológicos da alta
modernidade.
Deve-se salientar que as demais concepções de pesquisa e de prática educativa perdem
em credibilidade e poder de explicação, embora, como foi postulado, elas detenham ainda uma
grande aceitação no imaginário social dentro e fora das comunidades científicas.
Algumas observações:
Nos textos que eu li, percebi que os autores da educação fazem essa relação direta entre
prática educativa e pesquisa científica como algo indissociável dos processos de ensino
e aprendizagem;
Alguns consideram que a prática educativa só será realmente transformadora e
emancipatória se incorporar a pesquisa;
No entanto, há alguns enfoques para essa abordagem que acho que ficou bem
explicitado pelas quatro perspectivas concorrentes. Mas percebi
Também percebi a relação entre prática educativa e pesquisa é tratada a partir de lugares
distintos, alguns autores discutem essa relação na formação de nível superior,
principalmente na formação de professores fazendo distinção entre pesquisa na prática
pedagógica entre os professores do ensino superior, como processo formativo dos
professores e a pesquisa na cotidiano do professor da escola básica.
Contudo, o texto de Agripa Alexandre mostra esse processo de intensa produção
científica, que a partir da perspectiva de risco, difunde-se rapidamente por meios de
comunicação e são incorporados lentamente pelas práticas pedagógica, mas que acabam
criando um clima de desconfiança com os feitos da ciência. Acredito que pelo fato das
descobertas científicas terem rápida difusão nos meios sociais acabam influenciado um
processo de reflexividade e tomada de decisão por parte de governos e pela população
de modo geral, causando desconfiança sobre o processo científico.
Achei o texto do Demo e da André interessante, mas é uma perspectiva meio romântica
da relação entre pesquisa e prática pedagógica como se fosse resolver todos os
problemas da educação. Vale destacar, que o livro da André é referência para o
concurso.