IT603 A / EE889 A

Cálculo de Curto-circuito em Sistemas de Energia

Elétrica

SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

Prof. Fujio Sato

– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

1. Definições
Sobretensão:Tensão variável com o tempo, entre uma fase
e terra ou entre fases, cujo valor de crista excede o valor
de crista deduzido da tensão máxima do equipamento. As
sobretensões são sempre fenômenos transitórios. Pode
ser feita uma distinção aproximada entre sobretensões
fortemente amortecidas de duração relativamente curta,
causadas por surtos de manobras ou surtos atmosféricos,
e sobretensões não amortecidas ou fracamente
amortecidas de duração relativamente longa, causadas
por alívio súbito de cargas ou curtos-circuitos à terra e as
sobretensões causadas por fenômenos não lineares
(ferroressonância, harmônicos).

– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

As sobretensões relativamente longas são denominadas de

sobretensões temporárias, nas quais a frequência se mantém
próximo ao valor nominal e são conhecidas como sobretensão
de frequência industrial. Neste texto será tratada somente a
sobretensão de frequência industrial, causada por curto-circuito
fase-terra.
Fator de falta para terra: Também conhecido como fator de
sobretensão, é a relação, num determinado ponto de um
sistema e para uma dada configuração desse sistema, entre o
valor máximo eficaz da tensão fase-terra à frequência industrial
de uma fase íntegra durante um curto-circuito a terra (afetando
uma ou mais fases em um ponto qualquer do sistema) e o valor
eficaz da tensão fase-terra à frequência industrial no mesmo
ponto, com o curto-circuito removido.
– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

a. Este fator é normalmente utilizado na

avaliação das sobretensões temporárias
causadas pelos curtos-circuitos à terra;
b. O fator de falta para a terra é uma relação
puramente numérica e caracteriza em termos
gerais, as condições de aterramento de um
sistema elétrico em uma dada localização;
c. O referido fator é calculado a partir das
impedâncias de sequências de fase do
sistema, vistos de uma dada localização e
usando, para as máquinas girantes, as
reatâncias subtransitórias.

– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

Sistema cujo neutro não

Sistema de neutro isolado:
tem ligação condutora intencional com a terra,
podendo, entretanto, ter ligações de alta
impedância para a terra, para fins de medição,
proteção e sinalização.
Sistema com aterramento ressonante: Sistema de
neutro aterrado através de um reator (bobina de
supressão de arco), cuja reatância indutiva é de
valor tal que, durante uma falta fase-terra, a
corrente indutiva de frequência nominal que
circula no reator neutraliza praticamente a
componente capacitiva de frequência nominal da
corrente de falta para a terra.
– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

Sistema cujo neutro é ligado à terra,

Sistema de neutro aterrado:
seja diretamente (solidamente), seja através de impedância
(resistência ou reatância) de valor suficientemente baixo para
reduzir substancialmente as oscilações transitórias do sistema,
permitindo a passagem de uma corrente suficiente para
assegurar uma proteção seletiva contra faltas à terra.
O sistema eficazmente aterrado é
Sistema eficazmente aterrado:
aquele em que o fator de falta para terra é menor do que 1,4, o
que implica nas condições:

Xo
(1) ≤ 3, 0
X+

Ro
(2) ≤ 1, 0
X+
– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

2. Aterramento do neutro
O aterramento do neutro influi sobremaneira nos
valores das sobretensões e também, é claro, nos
valores das correntes de curtos-circuitos à terra.
Os sistemas de neutros solidamente aterrados
apresentam baixas sobretensões nas fases sãs,
mas por outro lado, as correntes de
curtos-circuitos à terra atingirão valores
extremamente elevadas. Os sistemas de neutros
isolados ou sistemas de neutros aterrados
através de impedâncias (reatâncias ou
resisistências) de valores elevados apresentam
sobretensões temporárias de valores elevados e
correntes de faltas à terra muito pequenas.
– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

Neutro solidamente aterrado: Não é comum em geradores, que têm a

impedância de sequência zero muito menor do que a de sequência
positiva. A ocorrência de um curto-circuito fase-terra submeteria a
máquina a esforços superiores aos impostos por um curto-circuito
trifásico. Nos transformadores e autotransformadores, utilizados em
sistemas de potência, este tipo de aterramento é muito difundido.

25 MVA
G 6.600 kV

R = 0,4 Ω , 375 A e 1,0 min.

Obs.:
O valor do resistência
Relé de
6.000/240 V transferido para o lado
R sobretensão de alta do transformador:
20 kVA
(59 N) 250 Ω

– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

No aterramento do neutro dos

Neutro aterrado por resistor:
geradores o valor da resistência do resistor empregado é
elevado, de modo a se conseguir uma corrente de curto-circuito
fase-terra da ordem de 1,5 pu da corrente nominal. Por vezes
utiliza-se o aterramento do neutro por intermédio de um resistor
no secundário de um transformador monofásico de distribuição,
como mostra a Figura anterior.
A utilização do relé de sobretensão permite uma alta
sensibilidade na detecção da falta à terra, cobrindo os
enrolamentos quase na sua totalidade, ainda que o corrente de
curto-circuito fase-terra seja na ordem de 15,0 A. Nas
subestações industriais o neutro do transformador
frequentemente é aterrado através de um resistor.

– p.
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

3. Determinação do fator de falta para a terra

0,36 + j2,04 A 1,00 + j2,53 B j57,87 10,66 + j21,97 D j1000,00 E

C
i+
eA v+

A 1,00 + j2,53 B j57,87 E

0,36 + j2,04 10,66 + j21,97 D j1000,00

C
i−
v−

B
0,55 + j3,09
A
2,32 + j9,16 j57,87 24,42 + j103,86 D j1000,00 E

C
io
vo

– p. 1
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

As correntes das sequências são calculadas pela Equação (3):

eA
(3) iA+ = iA− = iAo =
Z+ + Z− + Zo + 3zn
As tensões das sequências são calculadas pelas Equações (4),
(5) e (6):

e A Z+
(4) vA+ = eA −
Z+ + Z− + Zo + 3zn

e A Z−
(5) vA− =−
Z+ + Z− + Zo + 3zn

eA (Zo + 3zn )
(6) vAo =−
Z+ + Z− + Zo + 3zn

– p. 1
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

As tensões das fases são calculadas pelas

Equações (7), (8) e (9):

(7) vA = vA+ + vA− + vAo

(8) vB = a2 vA+ + avA− + vAo

2
(9) vC = avA+ + a vA− + vAo

– p. 1
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

A tensão da fase A será zero e as tensões nas outras duas

fases deverão aumentar em relação ao valor nominal,
dependendo do tipo de aterramento do neutro. Assim, as
tensões da fase B e da fase C são obtidas substituindo-se as
Equações (4), (5) e ( 6) respectivamente nas Equações (8) e (9),
e para simplificar considerando-se:

(10) ΣZ = Z+ + Z− + Zo + 3zn

a 2Z aZ− Zo + 3zn
2 +
(11) vB = eA (a − − − )
ΣZ ΣZ ΣZ
ou

2 (a2 Z+ + aZ− + Zo + 3zn )

(12) vB = eA (a − )
ΣZ
– p. 1
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

Analogamente para a tensão da fase C

obtém-se:

(aZ+ + a2 Z− + Zo + 3zn )
(13) vC = eA (a − )
ΣZ
Finalmente, os fatores de falta para a terra são
dadas pelas Equações (14) e (15):
vB 2 (a2 Z+ + aZ− + Zo + 3zn )
(14) F STB = | | = |a − |
eA ΣZ

vC (aZ+ + a2 Z− + Zo + 3zn )
(15) F STC = | | = |a − |
eA ΣZ

– p. 1
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

As Equações (14) e (15) acima podem ser

simplificadas considerando-se:
eA = 1,0 pu
e
Z− = Z +
Assim tem-se:

2 (Z+ − Zo − 3zn )
(16) F STB = |vB | = |a + |
ΣZ
(Z+ − Zo − 3zn )
(17) F STC = |vC | = |a + |
ΣZ

– p. 1
SOBRETENSÃO DE FREQÜÊNCIA INDUSTRIAL

1. zn = 0,0 % (aterramento sólido):

• F STB = 1,13307
• F STC = 1,13788

2. zn = 367,54 % (aterramento através de um resistor):

• F STB = 1,56401
• F STC = 1,76673

3. zn = j367,54 % (aterramento através de um indutor):

• F STB = 1,59154
• F STC = 1,57054

4. zn = infinito (neutro isolado):

• F STB = 1,72610
• F STC = 1,72968
– p. 1